@import url(https://fonts.googleapis.com/css?family=Source+Sans+Pro:300,400,600,700&display=swap); TESTE DE ANSIEDADE EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO.Entre os transtornos psiquiátricos, a ansiedade é aquele que conta com o maior número de modelos animais já desenvolvidos, com respeitável grau de credibilidade. O que se pode entender por modelos animais de ansiedade são tentativas de se reproduzir em animais de laboratório determinados aspectos da sintomatologia, da etiologia ou do tratamento da ansiedade.De forma a se compreender melhor tanto suas bases neurobiológicas quanto auxiliar no desenvolvimento de fármacos para o tratamento da ansiedade e seus subtipos.Um modelo animal considerado ideal deve seguir um critério de semelhança fenomenológica, ou seja, reproduzir todas as características do fenômeno que procura investigar, desde os sintomas apresentados até o tratamento adequado.Quase toda a base neurobiológica não só da ansiedade como de outros quadros psicopatológicos somente pôde ser conhecida, e ainda continua sendo, em função de investigações utilizando modelos animais. Apenas há relativamente pouco tempo, com o aumento da tecnologia biomédica, é que essas bases neurobiológicas também passaram a ser estudadas com o auxílio de técnicas de neuroimagem em humanos.Mais de 30 modelos animais para a investigação da ansiedade encontram-se atualmente em uso e, enquanto alguns consideram respostas fisiológicas (como por exemplo, a elevação da temperatura, ou hipertermia) ou endócrinas (como o nível de corticosterona plasmática) ao estresse, uma grande parte é comportamental por natureza. Modelos comportamentais podem ser convenientemente classificados como respostas condicionadas (baseadas no aprendizado) ou incondicionadas (consideradas inatas ao animal) a estímulos, os quais são capazes de causar ansiedade em humanos e medo em animais.As pesquisas farmacológicas obtiveram importantes avanços, principalmente em meados das décadas de 50 e 60, a partir da utilização de modelos baseados na aprendizagem associativa e, como conseqüência, em respostas condicionadas.Diferentes pesquisadores, entre eles importantes pesquisadores brasileiros, classificam os modelos animais de ansiedade em dois tipos, de acordo com a natureza do estímulo que utilizam: Modelos animais baseados em estímulos neutros, os quais adquirem propriedades aversivas através de condicionamento, E aqueles que se baseiam em estímulos inatamente aversivos, os chamados modelos etologicamente fundamentados.Além de atenderem de maneira satisfatória ao critério de semelhança fenomenológica almejado nas investigações atuais de ansiedade.Os modelos etologicamente fundamentados apresentam a vantagem de serem baseados nas respostas inatas de medo de diferentes espécies animais frente a situações e/ou estímulos naturalmente aversivos, tais como lugares novos e/ou intensamente iluminados,presença de co-específicos e confronto com predadores.Ademais, não empregam estímulos nocivos aos animais, tais como choques elétricos e privação de água ou alimento, os quais geram estados motivacionais que podem interferir no comportamento que será avaliado. A despeito dessa diferença de característica, os testes baseados em aprendizagem associativa continuam a ser amplamente utilizados no mundo todo, em função de gerarem informações importantes não só para a elucidação dos processos neurobiológicos, como também para a descoberta de novos fármacos para diferentes condições psicopatológicas.Os testes de ansiedade em animais de laboratório são baseados na perspectiva evolutiva instituída por Charles Darwin, discutida mais detalhadamente no primeiro módulo desta apostila. Isso significa que, considerando-se a perspectiva evolutiva e o fato de que tanto os animais de laboratório quanto os seres humanos pertencem ao grupo dos mamíferos, possuímos estruturas cerebrais e comportamentos associados muito semelhantes, com funcionamento também semelhante.Lembrando que a ansiedade tem suas raízes nas reações de defesa dos animais a perigos normalmente encontrados em seu ambiente, é compreensível que a maioria dos testes sejam baseados em estímulos os quais representem perigo aos animais e que, conseqüentemente, eliciem respostas comportamentais de medo.Considerando, também, que a ansiedade e o medo possuem raízes neurobiológicas comuns, como foi visto também no primeiro módulo, os pesquisadores consideram que os comportamentos estudados nesses testes também estejam relacionados ao comportamento de ansiedade. No entanto, como saber se o que está sendo observado no animal é semelhante ao quadro patológico observado em humanos? A resposta para esta indagação está na utilização da farmacologia.Isso quer dizer que, com o auxílio de medicamentos já disponíveis no mercado e empregados para o tratamento das diferentes condições de ansiedade, é possível saber se determinado teste está reproduzindo uma condição equivalente.Em outras palavras, quando um animal de laboratório é tratado com uma droga já utilizada na clínica como um ansiolítico, é de se esperar que o seu comportamento de medo produzido por testes específicos apresente-se reduzido.Assim, e com o auxílio de outros parâmetros, esse modelo pode ser considerado um teste para a avaliação de possíveis compostos ansiolíticos, bem como ser empregado para a investigação das bases neurobiológicas da ansiedade.Este módulo da apostila apresenta aspectos referentes a alguns dos principais testes animais desenvolvidos para a investigação da ansiedade, tanto de sua base neurobiológica como para a avaliação de compostos com perfis ansiolíticos de ação.Serão apresentadas as principais características dos seguintes testes: 1.Teste do sobressalto potencializado pelo medo;2.Teste de pressão à barra;3.Teste do beber punido;4.Teste da hipertermia induzida por estresse;5.Labirinto em cruz elevado;6.Labirinto em T elevado;7. Teste da transição claro-escuro.Grande parte dos compostos farmacêuticos, disponíveis hoje para o tratamento dos diferentes tipos de ansiedade, foram primeiramente avaliados, em sua fase pré- clínica, com o auxílio de alguns dos testes a seguir apresentados.