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METODOLOGIA DO ENSINO DE FILOSOFIA Professora Esp. Flávia Lugokinski Garcia de Morais ● Especialista em Estética Avançada e Terapia Bioortomolecular pela UNIPAR (Universidade Paranaense). ● Tecnóloga em Estética e Cosmética (UNIPAR). ● Docente do curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética da UniFatecie. Link para acesso à Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/7702095384203406 http://lattes.cnpq.br/7702095384203406 Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) estudante, vamos trilhar juntos(as) a partir de agora um caminho de conhecimentos sobre o melhor recurso da estética! Nossas MÃOS! Elas são instrumentos poderosos que têm a capacidade de proporcionar, através do toque terapêutico, diversas reações sensoriais e inúmeros benefícios ao indivíduo. Esta apostila de estudos está dividida em quatro unidades, ela irá fornecer subsí- dios para construirmos nosso conhecimento acerca dos fundamentos principais da mas- soterapia, o que ela pode proporcionar, quais as suas finalidades e aplicações. Além de aprendermos a respeito das boas condições para a execução das técnicas, vamos explorar também recursos manuais alternativos e a ergonomia do profissional. Na unidade I vamos aprender o conceito de massoterapia, conhecer a história da massagem e as suas transformações ao longo dos anos, os diversos benefícios da mas- sagem para o bem-estar físico e mental das pessoas, bem como os efeitos terapêuticos e fisiológicos, como eles atuam nos processos funcionais do corpo humano. Esta noção é necessária para que possamos trabalhar a segunda unidade da apostila, que irá abordar a sua aplicabilidade. Na unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos a respeito de cada componente da massagem, quais as manobras e técnicas utilizadas. Para depois, tratar do contato com o cliente, como obter uma visão global sobre o organismo a ser trabalhado, como realizar uma boa avaliação, identificar a queixa principal e adequar as técnicas a cada necessidade do indivíduo, de acordo com as indicações e contra indicações da massoterapia. Depois, na unidade III trataremos especificamente de cada tipo de massagem, como a relaxante por exemplo, a modeladora e a drenagem linfática manual. Além disso, vamos entender também como preparar o ambiente para um atendimento de qualidade e quais as posições ergonômicas adequadas ao terapeuta a fim de evitar distúrbios muscu- loesqueléticos relacionados ao trabalho. E por fim, na unidade lV veremos alguns recursos manuais complementares, como a quick massage, a shantala e a massagem epicrania. Todo este material será um companheiro indispensável durante sua preparação e desenvolvimento para a vida profissional. Cuide dele com carinho e aproveite ao máximo! Muito obrigada e bons estudos! APRESENTAÇÃO DO MATERIAL UNIDADE I ................................................................................................................... 3 Introdução e História da Massoterapia UNIDADE II ................................................................................................................ 19 Requisitos Importantes para a Realização da Massoterapia UNIDADE III ............................................................................................................... 41 Diferentes Tipos de Massagem UNIDADE IV .............................................................................................................. 64 Recursos Manuais Complementares SUMÁRIO UNIDADE I Introdução e História da Massoterapia Professora Esp. Flávia Lugokinski Garcia de Morais Plano de Estudo: 1. Conceito e história da massagem; 2. Fisiologia do toque; 3. Efeitos fisiológicos e benefícios no organismo. Objetivos da Aprendizagem: ● Definição do histórico e dos fundamentos da massagem; ● Compreensão dos efeitos fisiológicos gerados no organismo; ● Estabelecimento e percepção dos seus benefícios. 3 UNIDADE I Introdução e História da Massoterapia 4 Você está prestes a conhecer um pouco da história da massagem pelo mundo, prática que já é desenvolvida há milênios, e há séculos é referida na história, sendo assim, uma das formas mais antigas no tratamento de doenças humanas. O intuito dessa unidade é fornecer informações para a compreensão dos efeitos fisiológicos no organismo através do toque terapêutico e os diversos benefícios gerados pela aplicação da técnica. Todo esse conhecimento é de extrema importância para qualquer estudante da área estética. Vamos começar? INTRODUÇÃO UNIDADE I Introdução e História da Massoterapia 11 1. CONCEITO E HISTÓRIA DA MASSAGEM A massagem é mencionada na literatura há muito tempo, por inúmeros autores que conceituaram ao longo dos anos esse termo. Vejamos alguns deles: William Murrell (1853-1912) citado por Wood e Becker (1984), definiu a massagem como uma forma de tratar doenças, através da manipulação sistêmica do indivíduo. Wood e Becker (1984) também citam Douglas Graham (1848-1928), este caracte- rizou a massagem como um novo termo aceito pelos médicos,o qual se utiliza de manobras realizadas com as mãos, como por exemplo o amassamento, nos tecidos externos do organismo, tendo vários objetivos, entre eles: higiênicos, paliativos e curativos. Gertrude Bear (1887-1971) citada também por Wood e Becker (1984) relatou que a massagem tem como característica manipulações manuais de tecido mole do corpo, com o intuito de promover efeitos sobre os sistemas: circulatório, sanguíneo, nervoso, muscular, respiratório e linfático. Em 1988, Austregésilo relata que um conjunto de toques realizados sobre o corpo juntamente com a linguagem do tato proporcionam ao organismo benefícios terapêuticos, emocionais, estéticos, desportivos e lúdicos. Segundo o Dicionário Aurélio (2010), massagem é definida como: “compressão metódica do corpo, ou de parte dele, para melhorar a circulação ou para que se obtenham outras vantagens terapêuticas” UNIDADE I Introdução e História da Massoterapia 6 No geral, podemos dizer que a massagem representa um conjunto de manobras e manipulações compostas por movimentos de pressões variadas, de acordo com o objetivo e necessidade almejados. Após definir seus conceitos iremos conhecer um pouco da sua perspectiva histó- rica. Faremos uma viagem agora às civilizações antigas, para entender a interpretação da massagem em cada uma delas. Ao longo dos anos, foram encontradas ao redor do mundo numerosas referências históricas, transmitidas através de culturas distintas (PEREZ; LEVIN; 2014). Os nativos em cada região utilizavam termos locais para referirem-se às técnicas de massagem, o que indica a existência de diferenças significativas entre as culturas. Na Tabela 1, logo abaixo, você poderá observar a origem do termo “massagem” em alguns lugares do mundo. TABELA 1 – ORIGEM DO TERMO “MASSAGEM” ORIGEM SIGNIFICADO CULTURA Anma Acalmar, pressionando, friccionando Chinesa Anatripsis Friccionar Grega Kampo “O caminho chinês Japonesa Mass Pressionar levemente Árabe Massa Tocar, manipular, apertar Latina Masser Massagear com as mãos Francesa Mordan/Samvahana Friccionar Indiana Fonte: BRAUN; SIMONSON, 2007. Na maioria das civilizações primitivas, a medicina era aplicada por meio de rituais misteriosos e práticas permanentes de massagens que abrangiam gerações, pois acredita- va-se que muitas doenças eram ocasionadas devido à presença de pecados e a presença de espíritos impuros ou energias espirituais do mal. Além disso, geralmente as massagens eram associadas à terapia de purificação com água, em fontes termais, saunas e banhos. Ainda hoje, essacultura está em prática. Os primeiros e mais antigos relatos encontrados na história têm ascendência chine- sa, a técnica de massagem era denominada como Anma ou Tui-na. De acordo com alguns escritos o método Anmo consiste no diagnóstico e tratamento, composto de manobras com o intuito de relaxar, sendo realizados com as mãos no corpo inteiro, aplicando uma leve pressão e tração (FRITZ, 2002). UNIDADE I Introdução e História da Massoterapia 7 Esse mesmo método foi visto como uma completa abordagem de tratamento do corpo humano, era muito conhecido e indicado pelos médicos e curandeiros, por ser sim- ples e seguro (LIDELL; THOMAS, 2002). Os registros do manuscrito mais antigo encontram-se na China, é conhecido como “O Livro de Medicina do Imperador Amarelo”. Alguns autores afirmam que o período que ele foi escrito foi por volta de 475 a 220 a.C., já outros autores relatam que foi por volta de 1500 a 2600 a.C. (CASSAR, 2001). Seu autor chamava-se Nei Ching, além de ter estabe- lecido os fundamentos da medicina chinesa tradicional, descreveu também a teoria das cinco fases ou cinco elementos (madeira, fogo, terra, metal, água), e a teoria do Yin e Yang (equilíbrio entre os dois pólos da energia vital). (BRAUN; SIMONSON, 2007). Por conta do comércio, os chineses viajaram para Índia, local onde surgem os en- sinamentos da medicina ayurvédica, suas técnicas de massagem tinham como finalidade a prevenção do aparecimento de doenças, ou seu tratamento, buscando o equilíbrio entre o corpo e a mente e procurando manter um estilo de vida saudável (BRAUN; SIMONSON, 2007). Foi lá também que se deu origem a massagem para bebês, chamada de “shantala’’, criada no século XX, pelo Dr. Fréderick Leboyer (DONATELLI, 2015). Alguns anos depois, na Grécia, além de serem comuns os cuidados com a saúde, principalmente a realização de exercícios e banhos, era costume realizar massagem nos atletas que participavam dos Jogos Olímpicos, ela servia como tratamento para evitar a fadiga e a exaustão. Era realizada com unção, areia e movimentos de fricção. É na Grécia que surge o termo “ginástica” (FRITZ, 2002). O médico grego Cláudio Galeno (129–199 d.C.), utilizava as técnicas de manipu- lação em lesões de gladiadores, usava fricções, amassamentos e uma técnica de tração que ficou conhecida como aphoterapia, que mais tarde tornou-se massoterapia. Galeno foi responsável por escrever mais de dez livros referentes à prática da massagem, classificou e descreveu com detalhes várias técnicas e seus respectivos efeitos (FRITZ, 2002). A massagem chegou até Roma através dos gregos. O imperador romano, Júlio César, acometido de epilepsia era beliscado diariamente com o intuito de aliviar suas dores de cabeça, nevralgia e para prevenir ataques epiléticos (FRITZ, 2002). Mais tarde, no século XIX, Peter Henrik Ling através da associação dos seus conhecimentos das técnicas tanto Ocidentais quanto Orientais, desenvolveu um sistema de massagem por meio do aprimoramento dos movimentos, técnica conhecida como mas- sagem sueca, utilizada até os dias atuais. A técnica mostrou-se capaz de tratar tensão muscular, melhorar desempenho atlético, melhorar problemas em órgãos, como o intestino, e tratar distúrbios psicológicos. A primeira faculdade a oferecer massagem como parte de sua grade curricular foi em Estocolmo, na Suécia (KAVANAGH, 2006; BRAUN; SIMON- SON, 2007). Logo depois, devido a disseminação da técnica, foram sendo criados outros institutos por toda a Europa (FRITZ, 2002). Johann Mezger também teve participação especial na história da massagem, ele foi o primeiro médico a levar a massagem para a comunidade científica, expondo a outros médicos como forma de tratamento, o doutor holandês denominou também alguns termos UNIDADE I Introdução e História da Massoterapia 8 para os toques da massagem, como o deslizamento, amassamento e percussão, utilizados até hoje (FRITZ, 2002; BRAUN; SIMONSON, 2007). Já nos Estados Unidos, doutor Jorge e seu irmão Charles Taylor trazem por volta de 1850, a técnica da Suécia um pouco mais aprimorada, na qual durante a sessão a pessoa deveria ficar deitada sobre uma mesa, espaço equivalente à sessão de massagem realizada nos dias atuais. Publicaram vários artigos sobre as técnicas utilizadas (BRAUN; SIMONSON, 2007). O médico John Harvey Kellogg (figura 1), também contribuiu escrevendo inúmeros artigos e dois livros didáticos sobre massagem e sobre hidroterapia, um deles chamado “A Arte da Massagem”, além de colaborar analisando e definindo efeitos reflexos, mecânicos e metabólicos da massagem (FRITZ, 2002; BRAUN; SIMONSON, 2007). Por volta do início do século XX a massagem foi trazida ao Brasil pelos orientais e o termo “massagem” passou a ser substituído por massoterapia (DONATELLI, 2015). Existem, atualmente, em vários países, escolas para formar massagistas, além de universidades que incluíram em seu currículo a massagem, como, por exemplo, a medicina, a enfermagem, a fisioterapia, a psicologia, a educa- ção física e a estética. Muitos periódicos específicos, livros, artigos, entre ou- tros materiais, passaram a ser editados e muitas reportagens sobre a prática da massagem foram realizadas pela mídia. A massoterapia foi popularizada, passando a ser ofertada por clínicas, hospitais, escolas, clubes desportivos, centros comerciais e até em praças públicas. Com a expansão da Internet, também foram criados sites com informações, discussões e comércio de pro- dutos da massagem. (SIMÃO, D. et al., 2019, p.16) Dados os fatos, compreende-se que a massagem conquistou grande espaço em várias partes do mundo e até os dias de hoje é uma das técnicas mais procuradas e am- plamente difundidas no mundo, visando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas. FIGURA 2 – DR. JOHN HARVEY KELLOGG Fonte: Braun; Simonson, 2007. UNIDADE I Introdução e História da Massoterapia 9 2. FISIOLOGIA DO TOQUE Utilizamos a todo momento nosso sentido do tato, ao pegar objetos, sentir o peso e a textura de um material, sentir a temperatura da água, etc. Entretanto é comum que passe despercebido o quão importante ele é e quantos benefícios pode nos transmitir. Por isso, va- mos conhecer agora um pouco sobre a fisiologia da pele, para assim podermos compreender a ação do toque em nosso organismo e as diversas reações ocasionadas por ele. A pele faz parte do Sistema Tegumentar, esse sistema pode ser definido como um conjunto de estruturas que formam o revestimento dos seres vivos, juntamente com seus anexos: unhas, cabelos, pelos, glândulas e receptores sensoriais (GRAAFF, K. M. V; 2003) Ela é a estrutura responsável pela ligação tato-expressão, servindo de proteção e comunicação dos meios externo e interno. É considerada o maior órgão do corpo humano, equivalente a aproximadamente 15% do seu peso total. Constitui-se de duas principais camadas, a epiderme e a derme, fundamentais para nossa saúde e bem-estar (GRAAFF, K.M.V; 2003). A pele exerce inúmeras funções, vamos conhecer as principais logo abaixo. A função protetora é primordial, tem o objetivo de proteger o organismo do ser humano contra agressões mecânicas/traumatismos, por conta da sua textura e compo- sição, sendo bastante resistente, densa e elástica, capaz de permitir que a água penetre lentamente por meio da epiderme evitando a desidratação. Protege também contra a pe- netração de substâncias indesejadas, como as substâncias químicas por exemplo, agentes invasores bacterianos e fungos, tudo isso por conta da camada mais externa da epiderme, que se chama extrato córneo, ela forma um manto protetor, servindo como barreira. (AZU- LAY, 2017) UNIDADE I Introdução e História da Massoterapia 10 Porém, mesmo com toda esta proteção, a pele não deixa de ser permeável, têm a capacidade de absorver substâncias, por essemotivo que as técnicas de massoterapia podem ser realizadas com auxílio de cosméticos específicos, ricos em princípios ativos. Outra função básica é a excretora, serve basicamente para excretar as toxinas e os resíduos do metabolismo através de secreções sebáceas e sudoríparas. A função termor- reguladora permite estabilizar a temperatura do corpo, que gira em torno dos 37ºC, ou seja, assegura a luta contra o frio ou o calor. Por exemplo: Se a temperatura do corpo aumenta, ocorre um processo que chamamos de vasodilatação, ativando o suor. Se a temperatura do corpo diminui é porque ocorreu o processo de vasoconstrição, ativando o mecanismo da termogênese, gerando calor. (AZULAY, 2017) Podemos citar também a função metabólica, a qual realiza a síntese de vitamina D e a reserva de energia, através da hipoderme (camada de gordura) (AZULAY, 2017). E por fim, temos a função de relação, ela nos permite captar e gerar sensações do meio externo, através dos estímulos nervosos dos receptores sensoriais (AZULAY, 2017). Como por exemplo uma massagem, essas estruturas transmitem informações diretamente ao sistema nervoso, permitindo que o corpo interprete os estímulos. Na tabela abaixo estão citados os receptores sensoriais presentes em nossa pele e as funções exercidas por cada um, podendo compreender que são fundamentais para a interpretação das técnicas de massoterapia. Vejamos: TABELA 2 – RECEPTORES CUTÂNEOS E SUAS FUNÇÕES Receptores Cutâneos O que interpreta Terminações nervosas Dor e alteração da temperatura Corpúsculos de Paccini Pressão, toque e vibração Corpúsculos de Ruffini e dis- cos de Merkel Pressão e deslocamento da pele Mecanorreceptores da pele Toque, movimento, vibração e cócegas Termorreceptores Calor e frio Nociceptores Dor e qualquer estímulo que possa causar danos aos tecidos Fonte: SIMÃO et al., 2019, p. 37. Até aqui pudemos conhecer um pouco da história da massagem, seu conceito e informações milenares, compreendemos que o toque é instintivo e essencial para receber e transmitir sensações e informações, tudo isso devido às diversas funções da nossa pele. UNIDADE I Introdução e História da Massoterapia 11 SAIBA MAIS Devemos estar sempre atentos(as) e observando a sensibilidade de cada pessoa na hora de aplicar a massagem, pois é relativa em cada indivíduo. A análise da tolerância da pressão de um toque em cada cliente é fundamental para um bom resultado . (O autor). REFLITA A pele de um idoso e de uma criança têm maior capacidade de absorção. Fique aten- to(a) na hora de aplicar um cosmético de massagem! Se for necessária a utilização, ele deve ser específico para cada caso (O autor). Sendo assim, ao tocar a pele do paciente promovemos vários efeitos e benefícios. Falaremos sobre eles logo em seguida. UNIDADE I Introdução e História da Massoterapia 12 3. EFEITOS FISIOLÓGICOS E BENEFÍCIOS NO ORGANISMO 3.1 Efeitos da massagem na circulação sanguínea e linfática Segundo Fritz (2002), a melhora da circulação sanguínea e linfática são os maiores efeitos fisiológicos ocasionados na terapia da massagem. Gonçalves (2006) relata que devido ao estímulo do fluxo sanguíneo a massagem também ocasiona por consequência a hiperemia dos tecidos, e algumas manobras, como a de deslizamento, por exemplo, facilita a troca de líquidos teciduais, aumentando assim a nutrição tecidual. 3.2 Efeitos da massagem no sistema nervoso Já vimos que em nossa pele há inúmeros receptores sensoriais, por meio da massagem eles são estimulados, desencadeando sensações, devido a ação do sistema nervoso. O alívio da dor e a melhora do humor são benefícios ocasionados pela liberação de substâncias, como a endorfina, a serotonina e a dopamina, por exemplo (FRITZ, 2002). Cassar (2001) também relata que a massagem atua nas terminações nervosas sensitivas, gerando a diminuição da hipersensibilidade e alívio da dor. A massagem também promove a diminuição do cortisol na corrente sanguínea, o cortisol é considerado o hormônio do estresse e um dos hormônios causadores da insônia, consequentemente um indivíduo que sofre com a mesma e é exposto a uma massagem, terá como benefício a melhora da qualidade do sono, além do relaxamento e do bem-estar (FRITZ, 2002). UNIDADE I Introdução e História da Massoterapia 13 3.3 Efeitos da massagem no tecido muscular De acordo com Gonçalves (2006), a massagem auxilia na diminuição da fibrose presente em músculos lesados ou imobilizados e busca manter os músculos funcionando da melhor forma possível, bem nutridos e flexíveis. Kavanagh, (2010) também relata que a massagem auxilia na melhora da nutrição, da vitalidade e flexibilidade do tecido muscular, além de promover seu desenvolvimento e ajudar a melhorar diversos problemas musculares, como atrofias, espasmos, distensões e fibromialgia. (KAVANAGH, 2010). 3.4 Efeitos da massagem na dor A massagem proporciona o que chamamos de efeitos bioquímicos, gerando alívio de dores e melhora do humor, através da liberação de endorfinas e outras substâncias me- diadoras, como a serotonina, gerando sensação de prazer, e a oxitocina, proporcionando sensação de bem-estar e relaxamento (KAVANAGH, 2010). Segundo Gonçalves (2006) vários médicos valorizaram a massagem e as técnicas manuais, por conta da prática utilizada em consultório, onde o massagista realizava técni- cas de pressão em locais de dor, identificando o local específico, provocando relaxamento e melhorando a função do membro. Por isso se faz tão importante o conhecimento acerca da massagem e da sua execução para redução da dor. 3.5 Efeitos da massagem no sangue A massagem auxilia na eliminação de toxinas, redução da pressão sanguínea, melhora da circulação e aumento da contagem de células no sangue. (KAVANAGH, 2010). De acordo com Gonçalves (2006, p. 131): “Tanto em estados saudáveis como em casos de anemia, a massagem aumenta indiscutivelmente a hemoglobina e os glóbulos vermelhos em circulação, proporcionando um melhor transporte de oxigênio aos tecidos”. 3.6 Efeitos da massagem na pele Como visto anteriormente, a epiderme é a primeira camada da pele, Cassar (2001) afirma que a massagem apresenta capacidade de aumento da permeabilidade cutânea, pois potencializa a microcirculação, melhora da resposta fisiológica das glândulas sudorí- paras (responsáveis por secretar suor) e das glândulas sebáceas (responsáveis por secre- tar sebo), melhora a hidratação da pele e favorece também a mobilização de aderências cicatriciais, com a aplicação de técnicas específicas. UNIDADE I Introdução e História da Massoterapia 14 Confira na tabela abaixo os efeitos fisiológicos gerais provocados no organismo através de determinadas manobras: TABELA 3 – EFEITOS FISIOLÓGICOS DA MASSAGEM Efeito Descrição Exemplo Mecânico Os tecidos do cliente permanecem passivos enquanto o terapeuta aplica pressão ou manipulação para alterar a forma física ou a condição dos tecidos do cliente. Toques em direção ao co- ração estimulam o fluxo sanguíneo venoso. Reflexo O terapeuta estimula os neurônios sensitivos do cliente, que mobilizam o sistema nervoso para alterar a forma em ambas as áreas abordadas e em outras áreas relacionadas. Toques leves na sola do pé provocam uma contração reflexa do reto femoral, flexionando o quadril e retirando o pé da fonte de estimulo. Metabólico Combinação de efeitos mecânicos e respostas reflexas, em que o corpo todo é afetado. Sustentação do toque de massagem ativa a resposta do sistema nervoso pa- rassimpático, que reduz a frequência cardíaca e esti- mula a digestão. Fonte: Braun; Simonson, 2007. UNIDADE I Introdução e História da Massoterapia 15 REFLITA Aimportância do toque nunca foi tão relevante como nesses tempos de pandemia. O toque corporal é fundamental para a saúde, bem-estar e o conforto do ser humano em todas as fases da existência, desde o seu nascimento até a velhice (O autor). SAIBA MAIS “Nos últimos anos, vem crescendo a taxa de prematuridade no Brasil, assim como pes- quisas com o intuito de traçar melhores condutas, aumentar a sobrevida, diminuir co- morbidades, favorecer o desenvolvimento mais adequado desses bebês e, sobretudo, proporcionar melhor qualidade de vida para essa população. A estimulação tátil-cinesté- sica parece favorecer o ganho de peso de bebês prematuros estáveis, sem causar pre- juízos, e, sobretudo, pode ser um instrumento de humanização nos centros de terapia intensiva neonatal e de fortalecimento de vínculo dos pais com o bebê.” (FIGUEIREDO, A. C; MüLLER, A.B. Estimulação tátil-cinestésica em bebês prematuros. Temas sobre Desenvolvimento, 2011; 18(103):139-42). UNIDADE I Introdução e História da Massoterapia 16 Nessa primeira unidade, conhecemos um pouco sobre a história da massagem, desde sua origem, seus primeiros registros na China, até chegar aos dias atuais. Pudemos compreender que ela corresponde à manobras e técnicas empregadas com finalidades terapêuticas, como por exemplo, a promoção do relaxamento, atuando sobre diversos processos orgânicos funcionais do corpo humano. Uma técnica milenar que foi difundida em vários países, utilizada por vários povos com culturas diferentes, para alcançar diversos benefícios. Mesmo com o passar do tempo, outros profissionais continuam estudando, aprofun- dando e aprimorando os conhecimentos acerca da massagem e de seus efeitos, por isso, ainda hoje, devido aos seus inúmeros benefícios no organismo, é amplamente utilizada para tratamentos de variadas disfunções. CONSIDERAÇÕES FINAIS UNIDADE I Introdução e História da Massoterapia 17 ARTIGO: OS EFEITOS DA MASSAGEM RELAXANTE ASSOCIADA A AROMATERAPIA NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO Dabiani Carolini do Amaral Ellen Maira da Silva Profª Ma. Luciana Marcatto Fernandes Lhamas RESUMO: A depressão é considerada a doença do século XXI, pode-se chamá-la de ‘doença da alma’, pois ela causa o sofrimento humano, destruindo toda vontade de viver. O presente estudo tem como objetivo verificar a eficácia da associação das técnicas, Mas- sagem Relaxante e Aromaterapia para o tratamento de depressão grau leve em mulheres. Trata-se de uma pesquisa experimental de caráter exploratório e abordagem qualitativa, onde foram necessárias quatro voluntárias diagnosticadas com quadro clínico de depres- são grau leve. As voluntárias formaram um único grupo onde foi realizada uma anamnese corporal, conseguinte aplicação do protocolo. Tal protocolo foi realizado duas vezes por semana, com duração de uma hora, durante quatro semanas totalizando oito sessões. Os benefícios do tratamento foram avaliados através de uma entrevista semiestruturada feita com as voluntárias, onde os dados qualitativos obtidos através das entrevistas foram transcritos e submetidos à técnica de análise de conteúdo de Bardin, onde se pode concluir que a associação das técnicas de Massagem Relaxante e Aromaterapia foram eficaz e benéfica no tratamento da depressão grau leve em mulheres. Fonte: Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 6, n.13, jul-dez de 2015. pg 209 à 224. LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE I Introdução e História da Massoterapia 18 LIVRO Título: A linguagem do toque – Massoterapia Oriental e Ocidental Autor: Sidney Donatelli. Editora: Roca, 2015. Sinopse: “Este livro é o resultado do estudo e da prática do autor desde 1980, é um compêndio (compilação de informações) da mas- soterapia que resgata e valoriza o toque como elemento essencial aos cuidados terapêuticos e linguagem inerente à interpessoalida- de. Aborda desde o histórico e os fundamentos da massoterapia até o perfil do profissional, com conteúdo focado na prática das primícias da massagem: a sensibilidade, o toque e a linguagem tátil. Também descreve as técnicas de massagem nas camadas do corpo, com detalhes e fotos dos movimentos, da mecânica corporal e das sequências de manobras, além de apresentar as estruturas do sistema musculoesquelético e sua funcionalidade. Apresenta, inclusive, os conceitos da visão energética do Oriente, por meio da Medicina Tradicional Chinesa e dos chakras.” FILME/VÍDEO Título: Sistema Tegumentar Ano: 2019. Sinopse: Playlist composta por 4 vídeo aulas sobre Sistema Tegu- mentar. Canal do You Tube: Anatomia e etc. com Natalia Reinecke. Na primeira aula, Natalia Reinecke aborda as funções do sistema e organização nas camadas Epiderme e Derme. A segunda aula da playlist trata sobre a camada mais superficial da Pele: a Epiderme, suas células e suas camadas. Na terceira aula o assunto é a Der- me, suas camadas, fibras, células e receptores de sensibilidade. Por fim, na quarta aula da playlist é possível conhecer as estruturas anexas da pele: os pêlos, as glândulas e as unhas. “Natália Reinecke é Fisioterapeuta, especialista em Fisiologia do Exercício (UNIFESP), mestre em Ciências da Saúde (UNIFESP) e atualmente cursa Doutorado em Ciências da Saúde (UNIFESP). Atua como Docente em Anatomia e Fisiologia do corpo humano.” Link da Playlist: https://youtube.com/playlist?list=PLEA6hux- 1DeW0BKgsB-NaBA-B669FH4zcd MATERIAL COMPLEMENTAR UNIDADE II Requisitos Importantes para a Realização da Massoterapia Professora Esp. Flávia Lugokinski Garcia de Morais Plano de Estudo: 1. Anamnese; 2. Indicações e contraindicações; 3. Técnicas e manobras empregadas na massoterapia; 4. Componentes da massagem. Objetivos da Aprendizagem: ● Apropriar-se do conhecimento sobre a avaliação prévia antes da realização prática das técnicas; ● Reconhecer as indicações e contraindicações da massoterapia; ● Compreender as diferentes técnicas, manobras e componentes da massagem UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 20 Após compreendermos os fundamentos da massoterapia, viajarmos pela sua his- tória e compreendermos seus efeitos fisiológicos no organismo, vamos agora aprofundar nossos estudos, abrangendo outros requisitos importantes que devemos conhecer para aplicação da massoterapia. Daremos início a essa unidade falando a respeito da anamnese, vamos compreender o que é essa ferramenta, qual sua importância, o que a compõe e o porquê se faz necessário a realização de uma boa avaliação antes da aplicação prática das massagens no cliente. Na sequência, trataremos sobre as indicações e contra indicações da massagem, e por fim quais são as manobras empregadas e os seus componentes principais. INTRODUÇÃO UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 21 1. ANAMNESE Antes de efetuarmos qualquer procedimento, se faz necessário coletar algumas informações cruciais a respeito do histórico e dos hábitos de vida do indivíduo a ser aten- dido, isso serve para qualquer área de atuação estética, pois estaremos interferindo no funcionamento do seu organismo, com o propósito de promover conforto e bem-estar. Para tanto, é necessário que o profissional utilize o recurso da anamnese, palavra que deriva do grego e significa trazer à memória, recordação, através dela é que se pode ter um conhecimento detalhado do cliente, buscar entender sua insatisfação, seu histórico de doenças, se faz uso de algum medicamento, possíveis alergias, alterações de pressão, e muito mais, possibilitando dessa forma, realizar seu trabalho com a devida responsabili- dadeque ele requer. Deve ser sempre o ponto inicial para o tratamento pretendido. É por meio dessa etapa que será definido o procedimento mais adequado a ser realizado, tendo em vista que cada indivíduo tem suas particularidades, que podem ser ou não um empecilho à determinado tratamento, devido ao fato de que existem contra indicações para realização das técnicas. Falaremos sobre elas em breve. Simão et al., (2018, p. 174) sugere que: Para a realização da entrevista e da avaliação, primeiramente se sugere que o paciente, enquanto espera na recepção, já preencha o formulário de anam- nese com seus dados de apresentação, permitindo que o terapeuta tenha um resumo dos dados do paciente, bem como o estado geral de saúde, para saber como será a abordagem da avaliação e se a procura é por motivos terapêuticos ou estéticos. UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 22 Clay e Pounds (2008) orientam que a coleta dos dados deve ser feita de maneira sucinta e proveitosa, sem parecer tediosa e irrelevante, deve haver todas as informações necessárias ao profissional. Acrescentam ainda que é por esse motivo que a abordagem com o paciente deve ocorrer de forma confortável e acolhedora, e não de forma mecânica ou com descaso. Manter um diálogo que transmita conforto e segurança é de suma impor- tância para ter um ambiente descontraído e relaxado, fazendo com que o cliente sinta-se bem e à vontade. É fundamental que o profissional escolha um local que seja adequado para o procedimento. Necessita-se que ele seja privado — naturalmente, na sala onde ocorrem os atendimentos convencionais que exigem mais privacidade —, além de pedir a outros colaboradores da clínica que não interrompam a conversa. Antes de iniciar as etapas da ficha, explique detalhadamente para aquela pessoa o motivo de fazer a ficha de anamnese, qual é a sua importância e como será a elaboração daquele material. Explique, também, que é necessá- rio que ele seja sincero em suas respostas para que o sucesso do tratamento e a garantia de que tudo ocorrerá bem para a sua saúde. (Blog Gestão de Estética, 2019). Durante a avaliação o profissional poderá passar orientações e instruções ao clien- te de acordo com sua atividade ocupacional. Como por exemplo, alertar sobre movimentos repetitivos em seu ambiente de trabalho, posição ergonômica correta ao atender o telefone, caso ele tenha costume de apoiar o telefone entre o ombro e o pescoço enquanto atende uma ligação, alertar também sobre a realização de exercícios físicos sem supervisão de um profissional, trabalhar em uma mesa de computador com postura mal adequada, ficar sentado muitas horas do dia, tudo isso a fim de preservar seu sistema muscular e evitar dis- túrbios no organismo como um todo, relacionados a esses hábitos e práticas inadequadas (Simão et al., 2018). Simão et al., (2018, p. 173 - 174) orienta que para aplicar as técnicas de massoterapia é fundamental o conhecimento e domínio a respeito da anatomia e da fisiologia dos tecidos moles, dos ossos e das articulações. Podendo dessa maneira reconhecer as indicações e contraindicações para cada caso e evitar lesões ou dores indevidas. Sendo importante tam- bém, relacionar o organismo como um todo, pensando em como tudo está interligado. Os questionamentos presentes na ficha de avaliação devem ser sempre realizados preferencialmente de maneira focada e/ou aberta, e nunca dirigida ou composta, pois, não devemos induzir a pessoa a concordar conosco, precisamos da real transparência dos fatos, e nem podemos correr o risco de fazer uma pergunta muito longa, que aborda vários questionamentos, pois podemos acabar não obtendo todas as respostas do cliente. Abaixo podemos observar uma lista de questões, proposta por Simão et al., (2018, p. 174 e 175), que o profissional pode abordar em sua avaliação: UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 23 O que o motivou a procurar os recursos da massoterapia? Em que região, especificamente, sente desconforto? Há quanto tempo começaram os sintomas? Realizou automedicação? Esses eventos já ocorreram anteriormente? Como é sua saúde em geral? Sofreu alguma lesão ou passou por alguma cirurgia recentemente? Tem histórico de problemas cardíacos ou neurológicos? Está em tratamento médico para alguma doença e usa medicação? Qual doença? Pratica atividade física? Tem alguma atividade recreativa? Como está sua alimentação atualmente? Qual é a quantidade média de água ingerida diariamente? Quais são suas principais fontes de estresse? Qual profissão exerce? Quanto tempo do dia permanece sentado ou em pé? Exerce movimentos repetitivos? Já sofreu alguma doença ocupacional? Além dessas sugestões podem ser incluídas inúmeras outras, inclusive, no mo- mento da conversa com o cliente podem estar surgindo novos questionamentos por parte do profissional ou do cliente, e também relatos do mesmo, diferentes daqueles que você programou em sua ficha para perguntar, sendo assim, não hesite em incluir todas as in- formações fornecidas, a ficha de avaliação serve justamente para isso, anotar todas as informações necessárias e relevantes do seu paciente. Braun e Simonson (2007) esclarecem que antes de efetuar qualquer tipo de massagem ou iniciar um tratamento, o profissional precisa observar na hora da avaliação se há a neces- sidade de requerer um diagnóstico médico ou um exame mais detalhado de outro profissional. Para cada tipo de massagem, que iremos conhecer na próxima unidade, se faz necessária uma avaliação por palpação. Dessa forma o profissional será capaz de perceber a temperatura do local, o estado geral da pele, sua coloração, presença de alterações circulatórias, entre outros sinais e sintomas. (FRITZ, 2002). Iremos tratar especificamente dos métodos palpatórios aplicados à cada massagem, na unidade lll. Finalizado todo o processo da anamnese deverá ser tomada uma decisão acerca de qual tipo de massagem será realizada conforme a queixa e a necessidade, ou qual o plano de tratamento que será elaborado para o cliente. Esse plano servirá como um guia, caso haja necessidade poderá ser modificado ao longo das sessões. Para traçá-lo deve ser levado em consideração alguns aspectos, como por exemplo: duração do tratamento; frequência das sessões; técnicas que serão empregadas; recomendações e orientações. Kavanagh (2010) frisa a importância de sempre realizar reavaliações no decorrer dos atendimentos, com o intuito de atualizar as queixas e observar possíveis alterações que podem ocorrer naquele organismo com o tempo, para assim poder proporcionar melhores resultados. UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 24 SAIBA MAIS “Ainda é possível incluir no questionário perguntas sobre seus hábitos diários, como, por exemplo, qual é a modelagem das roupas que ela/ele usa regularmente, se utiliza cosméticos drenantes ou lipolíticos diariamente, como funciona o trânsito intestinal e, se já realizou algum procedimento estético anteriormente, que resultados obteve” (SIMÃO et al., 2018, p. 175). REFLITA É interessante questionar como o cliente ficou sabendo da sua clínica ou dos seus serviços e quais motivos ou queixas o levaram a procurar os seus serviços, a fim de direcionar melhor seu marketing e poder cumprir as expectativas desejadas pelo cliente (O autor). Sugere-se que o questionário da entrevista de anamnese seja anexado a uma ficha de avaliação física e a um Termo de Consentimento Livre e Es- clarecido (TCLE), com espaçamento para assinatura do paciente e a data de avaliação, assim ficará claro que o paciente é responsável pelos dados pessoais que forneceu e que conhece e está de acordo com o tratamento proposto. (SIMÃOet al., 2018, p. 176). Lembrando também que realizar uma documentação fotográfica é indispensável para acompanhar a evolução do tratamento. A autorização da mesma também deve ser anexada à ficha de avaliação. Não deixe de assistir a playlist de vídeo aulas, sugerida no final desse material para aprender mais sobre a fotodocumentação! UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 25 2. INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES As massagens são benéficas para quase todas as pessoas, entretanto, existem ressalvas que devem ser observadas, as quais a realização da massagem é inadequada. Muitas vezes o cliente espera que o profissional realize a massagem, mas não tem o entendimento de que seu problema é extenso e contraindicado à receber o procedimento naquele momento, pois mesmo a massagem sendo benéfica, apresenta contraindicações. Dessa forma, cabe ao profissional, ter pleno conhecimento das técnicas e estar bem prepa- rado para identificar as necessidades do paciente e solicitar auxílio médico para diagnóstico de alguma patologia, quando julgar necessário. As massagens atuam proporcionando aos indivíduos diversos benefícios, como por exemplo, alívio da dor, correções do sistema músculo-esquelético, diminuição da retenção de líquidos, melhora das funções orgânicas, promoção da homeostase, entre muitas outras. Devido ao fato da terapia manual englobar várias técnicas, as indicações e contra indicações variam de acordo com a escolha delas e com o quadro clínico do cliente. (SALGADO, 2010). Fritz (2002) afirma que as indicações baseiam-se nos efeitos fisiológicos gerados pelas técnicas e seus benefícios. Existem contraindicações sistêmicas e locais. As locais, como o próprio nome se refere, ocorrem quando o cliente tem alguma alteração na área específica de massagem, como uma ferida aberta ou hematoma, não podendo assim ser realizada. As sistêmicas estão relacionadas com o organismo como um todo, como por exemplo, febre e resfriados, impossibilitando o profissional de aplicar a massagem, por correr o risco de agravar o qua- dro. (BRAUN; SIMONSON, 2007). UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 26 Fritz (2002, p. 631) cita algumas contraindicações sistêmicas e locais: Sistêmicas: Pneumonia aguda; Insuficiência renal avançada. Insuficiência respiratória avançada; Diabetes com complicações (gangrena, doença renal ou cardíaca, hipertensão); Eclâmpsia-toxemia na gravidez; Hemofilia; Hemor- ragia; Insuficiência hepática; Pós-acidente cerebrovascular (AVC, derrame não estabilizado); Pós-infarto do miocárdio (não estabilizado); Aterosclerose grave; Hipertensão instável; Choque; Febre superior a 38°; Síncope (des- maios); Determinados cânceres altamente metastáticos não julgados como terminais; Condição sistêmica contagiosa e/ou infecciosa. Locais: Artrite inflamatória aguda (em alguns casos pode ser considerada contra indicação geral); Neurite aguda. Aneurisma (por exemplo, da aorta abdominal); Gravidez ectópica; Varizes esofágicas; Congelamento; Condi- ção contagiosa local; Condição local da pele irritável; Malignidade; Ferida ou ferimento aberto; Flebite, flebotrombose, artrite (em alguns casos pode ser considerada contra indicação geral); Queimadura recente; Sépsis (organis- mos patogênicos na corrente sanguínea); Artrite temporal; Diarreia crônica; Fratura e/ou contusão; De 24 a 48 horas depois de tratamento com anti-infla- matório; Caroço não diagnosticado. De acordo com Cassar (2001), algumas medidas de precaução devem ser conside- radas para que o profissional consiga adequar a massagem ao tratamento e as finalidades desejadas. Sendo elas: - A condição é aguda, subaguda ou crônica? - Qual é a finalidade da massagem - por exemplo, a melhora na circulação, o relaxamento ou a remoção de toxinas? - Que regiões do corpo precisam ser trabalhadas? A massagem deve ser aplicada em determinada área ou deve ser sistêmica? - Que função orgânica ou sistema corporal a massagem deve influenciar? - Que técnicas de massagem podem ser aplicadas com segurança?” (CAS- SAR, 2001, p. 161 - 162). A massagem pode ser administrada juntamente com outras abordagens médicas e complementares, quando houver indicação, tendo em vista que ela é benéfica para inúme- ras condições patológicas, entretanto, em muitos casos deve ser executada somente com autorização médica. Por isso, é importante levar em conta os diferentes tipos de condição para escolha e aplicação da massagem, de acordo com suas indicações. - Nos distúrbios constitucionais mais generalizados, o papel da massagem é estimular a eliminação de toxinas e resíduos - substâncias oriundas de infecções, inflamações, espasmos musculares e alterações similares. A mas- sagem atinge seus objetivos pela influência sobre a circulação, em particular a do retorno venoso e linfático. Benefícios adicionais ocorrem com o relaxa- mento dos músculos e, igualmente significativo, com o relaxamento do pa- ciente. Um efeito indireto mas relevante é a estimulação do sistema nervoso autônomo, que, por sua vez, melhora a produção de secreções glandulares e o funcionamento orgânico. - Todos os movimentos de massagem têm um efeito de normalização sobre as zonas reflexas, quer sejam áreas de dor referida direta, relacionada a uma disfunção orgânica, quer seja uma mudança tecidual indireta. Além disso, algumas técnicas de massagem (como a técnica neuromuscular) podem ser aplicadas a zonas específicas, relacionadas com determinado distúrbio ou órgão. - Nas condições mais específicas, como alterações patológicas, a massagem é aplicada para ajudar a aliviar alguns dos sintomas associados ao problema. (CASSAR, 2001, p. 162). UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 27 SAIBA MAIS “No momento do atendimento ao público, deve ser considerada, além dos requisitos de saúde e segurança, a idade legal. Pessoas com idade abaixo de 18 anos poderão reali- zar o tratamento apenas com a autorização dos pais ou responsáveis.” Fonte: Métodos e técnicas de avaliação estética, ANDRADE, G. et al., 2018, p. 14. É importante salientar que deve-se manter sempre o diálogo e a transparência não só com o cliente, mas com seu médico responsável também, pois em caso de dúvidas é acon- selhável uma conversa prévia com o mesmo, evitando assim qualquer tipo de intercorrência. UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 28 3. TÉCNICAS E MANOBRAS EMPREGADAS NA MASSOTERAPIA São diversos os movimentos e técnicas disponíveis, sendo classificadas em dois gru- pos principais: as estimulantes e as relaxantes, e se diferem quanto a sua forma de aplicação. É essencial compreendermos que independente dessas duas funções principais, todas as técnicas têm ação terapêutica no tecido, facilitando permeação de ativos e agindo de forma a prevenir disfunções ou tratar e promover o bem-estar. (KAMIZATO; BRITO, 2014). Abordaremos a seguir alguns movimentos básicos gerais da massoterapia. Na próxima unidade falaremos da sua aplicação em cada tipo de massagem. Deslizamento: Pode ser empregado de maneira superficial ou profunda, ou uma em seguida da outra, com as mãos e os dedos em contato com grandes superfícies da pele. As mãos podem deslizar de forma alternada ou juntas na mesma direção. Geralmente é a manobra de primeiro contato do profissional com o cliente. Esse movimento gera aumento da temperatura da pele e favorece o retorno venoso. Observe a Figura 4 (SIMÃO et al., 2019). UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 29 FIGURA4 – DESLIZAMENTO Fonte: SIMÃO et al., 2019, p. 26. Amassamento: Essa técnica é realizada de forma alternada e constante, mo- vendo o tecido de maneira profunda, entre os dedos de uma mão e o polegar da outra. O amassamento favorece o incremento da circulação sanguínea, oxigenação da pele e dos músculos, além do relaxamento muscular e mobilização do tecido adiposo (gordura), conforme a pressão e ritmo aplicados. Observe a Figura 5 (SIMÃO et al., 2019). FIGURA 5 – AMASSAMENTO Fonte: SIMÃO et al., 2019, p. 27. UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 30 Fricção: Realizada com as mãos ou com os polegares, com movimentos de deslizamento e também movimentos circulares, com pressão suficiente para mobilizar apenas o tecido superficial ou pressão mais profunda para estimular a liberação de tensões musculares por exemplo, além de outras estruturas profundas, como os tendões. O atrito ocasionado pelo movimento provoca hiperemia (vermelhidão) e aquecimento tecidual na área massageada. Observe a Figura 6 (SIMÃO et al., 2019). FIGURA 6 - FRICÇÃO Fonte: SIMÃO et al., 2019, p. 27. Vibração: Movimento executado com as mãos abertas e os dedos relaxados, exercendo um tremor rápido, também chamado de impulso vibratório, sobre toda a super- fície. A vibração atinge as terminações nervosas presentes na pele, contribuindo para o relaxamento. Observe a figura 7 (SIMÃO et al., 2019). FIGURA 7 – VIBRAÇÃO UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 31 Percussão: Normalmente esse movimento é empregado no final de uma massa- gem, deve ser aplicado de maneira leve e com os punhos relaxados, o tecido é submetido a pequenos golpes chamados de tapotagem, realizado com as mãos fechadas em formato de concha, ou abertas com suas laterais. Também pode ser executada com as pontas dos dedos realizando pinçamentos rápidos. Essa técnica ocasiona um maior fluxo nos capila- res sanguíneos, melhorando a oxigenação do tecido e relaxando a musculatura. Também provoca um efeito sonoro devido aos movimentos, mas não deve causar dor ou desconforto ao paciente. A frequência deve ser rítmica e constante. Observar Figuras 8 e 9 (BORGES; SCORZA, 2016). FIGURA 8 – PERCUSSÃO – MÃOS EM FORMATO DE CONCHA Fonte: SIMÃO et al., 2019, p. 132. FIGURA 9 – PERCUSSÃO – COM AS LATERAIS DAS MÃOS Fonte: SIMÃO et al., 2019, p. 28. UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 32 Rolamento ou pinçamento: Nessa manobra segura-se o músculo realizando o rolamento com a ponta dos dedos. Se aplicado em um ritmo rápido produz um efeito revigo- rante, já em ritmo lento há um efeito relaxante. Pode ser associada também a manobra do pinçamento, segurando firme o músculo por alguns segundos, mas sem pressão excessiva para não provocar dor ou lesionar o tecido. Essa técnica é eficaz para realizar a mobilização de fibroses e melhorar a circulação. Observar Figura 10 (BORGES; SCORZA, 2016). FIGURA 10 – ROLAMENTO Fonte: SIMÃO et al., 2019, p. 125. UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 33 4. COMPONENTES DA MASSAGEM Antes ainda de abordarmos sobre os tipos de massagem na próxima unidade, precisamos levar em conta alguns fatores que são fundamentais e necessitam ser conside- rados na hora de realizar a massagem, independente da técnica escolhida. O primeiro deles é a DIREÇÃO do movimento. Ela pode ser centrífuga, quando o mo- vimento se afasta do coração, ou seja, do centro do corpo para “fora”, ou centrípeta, quando os movimentos ocorrem das extremidades do corpo em direção ao coração (FRITZ, 2002). Outro é a PRESSÃO, que pode ser leve, moderada, profunda ou variável. (FRITZ, 2002). Conforme a técnica utilizada e a finalidade pretendida. A pressão leve normalmente é aplicada sobre tecidos finos ou em regiões com proeminências (saliências) ósseas. Já o movimento aplicado com intensidade profunda é geralmente utilizado em áreas com maio- res proporções musculares ou maior densidade de gordura (GONÇALVES, 2006). No entanto, deve-se ter muita cautela na hora de realizar maior pressão, devido à tolerância individual de cada cliente, deve-se preferencialmente iniciar com movimentos leves e ir aumentando a pressão aos poucos. Temos também o RITMO, ele se refere à harmonia da massagem, deve se adequar ao seu objetivo, por exemplo, se a intenção é provocar um estímulo na região o ritmo das manobras deve ser rápido, porém, se a intenção é proporcionar relaxamento, os ritmos devem ser lentos (KAVANAGH, 2010). UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 34 A DURAÇÃO da massagem é outro fator muito importante, ela pode se referir ao tempo de duração da sessão, 30 ou 60 minutos por exemplo, ou ao tempo completo do tratamento, 1 mês, 2 meses, etc (BRAUN; SIMONSON, 2007). A FREQUÊNCIA é um fator que também deve ser levado em consideração, ela se reporta ao número de vezes que o método se repete em um determinado período de tempo, podendo ser duas vezes por semana por exemplo, isso irá depender do tipo de massagem, dos efeitos e resultados desejados (FRITZ, 2002). Podemos citar também o MEIO, que indica os produtos cosméticos que podem ser utilizados para facilitar o deslizamento das mãos do profissional na pele do cliente, mas nem sempre devem ser utilizados. Há manobras que necessitam do contato direto. Os meios mais utilizados são os óleos e os cremes. De acordo com Fritz (2002, p. 292), “os óleos e cremes podem ser vegetais, mi- nerais ou à base de petróleo (…) dê preferência aos produtos que sejam mais naturais e evite usar substâncias petroquímicas e talco, porque muitas pessoas são alérgicas a essas substâncias”. UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 35 Aprendemos no início da unidade a importância da avaliação prévia do cliente, com o intuito de prevenir o risco de intercorrências, como uma lesão por exemplo, e reduzir a possibilidade de agravamento de alguma patologia. Também se pôde compreender que a realização de uma criteriosa anamnese norteará a escolha das ações a serem seguidas, vi- sando oferecer um tratamento de qualidade e eficácia ao cliente. Além de percebermos que ela é um documento extremamente indispensável para registro de todas as informações e dados pertinentes ao caso, sendo composta também pelo plano de tratamento e pelo termo de consentimento. Depois reconhecemos que há diversas indicações para massagem e elas variam conforme os benefícios desejados, entretanto, também observamos que existem contra indicações, as quais devem ser consideradas na hora de avaliar, por isso a relevância do conhecimento técnico-científico do profissional, sendo fundamental para que o mesmo tenha a capacidade de avaliar o paciente e identificar suas necessidades, podendo assim, definir sua conduta profissional adequadamente. Em seguida, compreendemos as principais técnicas e movimentos empregados na massoterapia de forma geral, bem como a maneira de aplicação e a finalidade de cada um(a), levando em conta os cinco componentes principais da massagem, que são: direção, pressão, ritmo, duração e frequência. Através desses fatores é possível aplicar as técnicas com precisão, conforme o caso. CONSIDERAÇÕES FINAIS UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 36 Quando falamos de anamnese corporal é importante que se tenha conhecimento também sobre o recurso da consciência da autoimagem. Realize a leitura do artigo sugerido e conheça mais sobre esse instrumento,isso lhe ajudará na hora de elaborar e colocar em prática uma avaliação. Introdução A autoimagem corporal diz respeito à percepção da imagem que uma pessoa tem do seu próprio corpo e dos sentimentos gerados por esta percepção 1. Trata-se de um constructo que envolve crenças, representações, sentimentos, sensações, atitudes e comportamentos relativos ao corpo. É fortemente condicionada por padrões sociais e esta influência se prolonga por toda a vida, interferindo no comportamento, particularmente nas relações interpessoais 1,2,3. Nas últimas décadas, o expressivo aumento dos valores do índice de massa cor- poral (IMC) parece ter contribuído para a insatisfação com a percepção do peso ou forma corporal 1,3. Os resultados de um estudo realizado entre mulheres brasileiras sugerem que a percepção do peso corporal influencia fortemente o comportamento alimentar, sobre- pondo-se ao efeito do IMC medido 4. A imagem corporal também está relacionada com a adoção de práticas de autocuidado, controle de peso, atividade física e com os transtornos alimentares 1,3,4. A escala de figuras de silhuetas 1,2,5 é uma das técnicas de avaliação da imagem corporal, e é considerada bastante eficaz para avaliar o grau de satisfação com o próprio corpo, definido a partir da diferença entre a percepção da forma e peso corporal atual, e daquele que a pessoa gostaria de ter idealmente 2. Tem como vantagens adicionais o baixo custo, a facilidade, rapidez no manuseio e a boa aceitação 1,5. Trabalhos que avaliem adequadamente as qualidades psicométricas da escala de silhuetas têm sido defendidos 6. A confiabilidade é etapa importante dessa avaliação, reflete a qualidade da mensuração e a variabilidade do evento investigado, e deve ser medida de acordo com a dinâmica ocorrida no processo de coleta dos dados de cada estudo 7. Quan- do um mesmo instrumento utilizado em diferentes situações apresenta consistentemente boa confiabilidade, tem sua “imanente qualidade” atestada 7. A confiabilidade da escala de silhuetas foi medida em amostra de voluntários de 18 a 59 anos, da região de Ribeirão Preto e Mococa, interior do Estado de São Paulo, e LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 37 apresentou resultados apenas de acordo com o sexo e estado nutricional em suas análises 1,5. A avaliação psicométrica, considerando pessoas com mais de 60 anos de idade e de acordo com estratos de idade e níveis de escolaridade, um dos indicadores mais importantes de posição socioeconômica, não foi avaliada anteriormente. Assim, o objetivo deste artigo é apresentar as estimativas de confiabilidade teste-reteste da escala de silhuetas de avaliação da autoimagem corporal segundo sexo, idade e escolaridade em uma subamostra dos parti- cipantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) em seis capitais do país. Métodos O ELSA-Brasil 8 (aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa; CONEP nº 13065) é um estudo multicêntrico envolvendo seis instituições de pesquisa, e tem como objetivos principais determinar a incidência de doenças cardiovasculares e seus determinantes biológicos e sociais. Fizeram parte da linha de base (2008-2010) 15.105 funcionários públicos de 35 a 74 anos, que deverão ter o estado de saúde acompanhado por cerca de 15 anos. O estudo de confiabilidade teste-reteste foi realizado em subamostra de participan- tes do ELSA-Brasil que eram convidados a responder novamente ao questionário, aplicado pelo mesmo entrevistador, no período de 7 a 14 dias após ter respondido pela primeira vez. Foram estimados tamanhos amostrais que variaram entre 224 e 287 participantes (para o conjunto dos Centros de Investigação), considerando-se cotas previamente estabelecidas segundo sexo, idade e categoria profissional, definidas no ELSA-Brasil. A amostra final do trabalho foi constituída por 281 participantes dos seis centros ELSA-Brasil. A escala de silhuetas incluída no ELSA-Brasil, desenvolvida e validada por Kakeshi- ta 1,5, é composta por duas perguntas: (1) Qual a figura que melhor representa o seu corpo hoje?, e (2) Qual a figura que melhor representa o corpo que gostaria de ter? As respostas eram fornecidas pela escolha de uma entre 15 silhuetas apresentadas em cartões indivi- duais, dispostas em série ascendente, com variação progressiva na escala de medida da figura mais delgada à mais larga, às quais correspondiam o IMC médio variando entre 17,5 e 47,5kg/m 1,5. Consideraram-se valores médios de IMC correspondentes a cada figura proposta 1,5, cujas diferenças no teste e reteste foram testadas por meio de análise de variância (ANOVA). Para as análises da confiabilidade dos escores das perguntas foi utilizado o coeficiente de correlação intraclasse (CCI) estratificado por sexo, idade e escolaridade, e respectivos intervalos de 95% de confiança. Os critérios de Landis & Koch 9 foram consi- derados na avaliação dos níveis de estabilidade temporal: pobre < 0; fraca, de 0 a 0,20; provável, de 0,21 a 0,40; moderada, de 0,41 a 0,60; substancial, de 0,61 a 0,80; e quase perfeita, de 0,81 a 1,00). UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 38 Os dados foram digitados de forma dupla e independente no programa Epi Info (Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, Estados Unidos) e após a correção de inconsistências as análises foram realizadas no programa SPSS, versão 18 (SPSS Inc., Chicago, Brasil). Resultados A amostra abrangeu proporção semelhante de homens e mulheres: 15,3% tinham entre 35 e 44 anos; 37,4% entre 45 e 54; 35,2% entre 55 e 64; e 12,1% entre 65 e 74 anos. Mais da metade deles tinham nível superior completo ou mais (54,4%); 31,3% tinham nível médio completo e 13,5% dos participantes tinham nível fundamental. As médias de IMC correspondentes às figuras em cada pergunta foram semelhan- tes no teste e no reteste, tanto no cômputo geral quanto nos estratos de sexo, idade e escolaridade (Tabela 1). No entanto, em cada estrato, as médias foram mais baixas na pergunta relativa à representação do corpo que gostariam de ter quando comparadas às médias de IMC do corpo atual, tanto no teste quanto no reteste (p < 0,001). Todos os CCI ficaram acima de 0,80 (corpo atual e corpo que gostariam de ter). De maneira geral, os valores foram mais baixos para a escala das figuras da representação do corpo que gostariam de ter do que para o corpo atual. Não foram observadas variações consistentes da confiabilidade segundo os estratos de escolaridade. Por outro lado, a con- fiabilidade da informação fornecida pelas mulheres foi maior do que a dos homens. No item “corpo atual”, a confiabilidade diminuiu na medida em que a idade aumentou. Além disso, no item “corpo que gostaria de ter” identificou-se confiabilidade mais baixa entre os mais velhos (65 a 74 anos de idade) e entre aqueles com idades entre 45 e 54 anos. Discussão Neste estudo, as informações a respeito da representação da autoimagem corporal apresentaram níveis de confiabilidade quase perfeitos. Resultados semelhantes, utilizando o mesmo instrumento, foram estimados em população do interior do Estado de São Pau- lo 5, assim como, de forma semelhante aos nossos resultados, os autores identificaram confiabilidade mais elevada entre as mulheres, refletindo entre elas maior regularidade na preocupação com o próprio corpo, conforme já relatado em trabalhos anteriores 6. Para ambos os sexos foram identificadas médias de IMC mais baixas no item que se refere à representação do corpo desejado, comparado ao corpo atual. Esse resultado confirma a extensa literatura da área 6 sobre o componente atitudinal da imagem corporal que reflete a insatisfação corporal generalizada. UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaaçãoda Massoterapia 39 Entre os idosos a confiabilidade foi mais baixa, no entanto, o instrumento não foi delineado especificamente para esta faixa etária, cuja morfologia corporal pode ser diferen- te. Assim, estudos adicionais sobre a confiabilidade da escala nesse grupo são desejáveis. Análises que considerem diferentes estratos de gênero e cada centro de pesquisa poderiam enriquecer os resultados. No entanto, não puderam ser realizadas em função de limitações do tamanho amostral. Estudos em andamento complementarão a avaliação psicométrica no que se refere aos aspectos da validade das informações sobre a imagem corporal dos participantes. Considerando-se a magnitude e amplitude do ELSA-Brasil e a importância dos coe- ficientes de confiabilidade dos instrumentos utilizados, este trabalho contribui para a avalia- ção da qualidade dos dados coletados. Além disso, apresenta pela primeira vez resultados da confiabilidade da imagem corporal de acordo com estrato de idade e de escolaridade, inclui população entre 60 e 74 anos de idade de seis cidades diferentes do país. Portanto, amplia a avaliação da qualidade do instrumento, tanto geograficamente quanto em relação à faixa etária e posição socioeconômica, tendo a escolaridade como seu indicador. Nesse sentido, os resultados deste trabalho preenchem lacunas importantes na validação inicial de um instrumento novo, dando mais garantia a outros pesquisadores brasileiros para que possam utilizá-lo. As mudanças ambientais e socioculturais das últimas décadas influenciaram o quadro atual de prevalência da obesidade. Investigar o universo simbólico e os aspectos subjetivos que ajudam a condicionar hábitos de vida, com destaque para os comportamen- tos alimentares, é essencial para entender o complexo fenômeno da obesidade 1. Do ponto de vista da confiabilidade, os altos coeficientes identificados no presente estudo sugerem que a escala de figuras de silhuetas é um bom instrumento para essas investigações. Assim, a incorporação desse instrumento em um estudo longitudinal como o ELSA-Brasil representa um grande potencial de produção de conhecimentos em âmbito nacional para o controle da obesidade, o que é particularmente relevante em um contexto de aumento da sua prevalência. Fonte: GRIEP, R. H, et al. Confiabilidade teste-reteste de escalas de silhuetas de autoimagem corporal no Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto. Cadernos de Saúde Pública, v. 28, n. 9, p. 1790-1794, 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102- 311X2012000900017. Acesso em: 15 Jul 2021. UNIDADE III IRnetqroudisuitçoãsoIemHpoisrttóarniatedsapMaraasasoRteearalipziaação da Massoterapia 40 LIVRO Título: O corpo fala, a linguagem silenciosa da comunicação não verbal Autor: Pierre Weil e Roland Tompakow. Editora: Editora Vozes; 74ª edição, 2015. Sinopse: O livro tenta desvendar a comunicação não-verbal do corpo humano, primeiramente analisando os princípios subterrâ- neos que regem e conduzem o corpo. A partir desses princípios aparecem as expressões, gestos e atos corporais que, de modos característicos estilizados ou inovadores, expressam sentimentos, concepções, ou posicionamentos internos. Acompanham 314 ilustrações. FILME/VÍDEO Título: Tutoriais em Estética Ano: 2020. Sinopse: Playlist composta por 3 videoaulas sobre FOTODOCU- MENTAÇÃO. Canal do Youtube: Instituto Ricco Porto. Na primeira aula Ricco Porto explica o que é fotodocumentação, quais são as finalidades e os requisitos para a realização. A segunda aula da playlist trás orientações e sugestões de como montar e organizar o ambiente para a realização da documentação fotográfica, além de dicas práticas sobre: Iluminação, posicionamento do cliente e da câmera, enquadramento da foto, ângulo, elementos de distra- ção, montagem, termo de uso da imagem e armazenamento. Na terceira aula o professor sugere um programa para a montagem da fotodocumentação e ensina como utilizá-lo. “Ricco Porto é Esteticista e Cosmetólogo. Pós Graduado em Estética Facial e Corporal, Gestão e Docência em estética, Educador, Pós gradua- do em Docência do Ensino Superior. Mestrando em Educação. Membro representante da Federação Mundial de Massoterapia (World Massage Federation) desde 2014. Sendo a primeira es- cola Brasileira com esse título. Docente em cursos de Estética e Massoterapia, atuando como profissional dessas áreas há mais de 17 anos. Palestrante Internacional em Workshops, Simpósios e cursos. Diretor do Instituto Ricco Porto desde 2007.” Link da Playlist: https://youtube.com/playlist?list=PLpxxx7R1N- zpZ6h164IlVOAJkmY-sjVwhr https://youtube.com/playlist?list=PLpxxx7R1NzpZ6h164IlVOA- JkmY-sjVwhr MATERIAL COMPLEMENTAR UNIDADE III Diferentes Tipos de Massagem Professora Esp. Flávia Lugokinski Garcia de Morais Plano de Estudo: 1. Massagem Relaxante; 2. Massagem Modeladora; 3. Drenagem Linfática Manual; 4. Ambientação; 5. Ergonomia. Objetivos da Aprendizagem: ● Identificar tipos de massagem que podem ser realizadas com a associação das técnicas, manobras e componentes; ● Compreender a organização do ambiente adequado para realização de cada massagem; ● Reconhecer as posições ergonômicas específicas do terapeuta. 41 UNIDADE III Diferentes Tipos de Massagem 42 Agora que sabemos o que é anamnese, e como realizar uma boa avaliação, vamos estudar especificamente sobre os tipos mais comuns de massagens utilizadas na área da massoterapia. Depois, iremos aprender o que é necessário para um atendimento de qualidade, como preparar o ambiente para receber o cliente e conseguir pôr em prática as técnicas aprendidas. Além de entendermos sobre as posições ergonômicas adequadas ao profissional. INTRODUÇÃO UNIDADE III Diferentes Tipos de Massagem 43 1. MASSAGEM RELAXANTE A massagem relaxante possui como objetivos principais o alívio de dores, dimi- nuição da tensão, diminuição do stress e relaxamento de forma geral. O relaxamento se inicia pelo corpo e logo em seguida é possível relaxar a mente. Já sabemos que através do toque, toda a superfície do corpo recebe estímulos e através das terminações nervosas proporcionam reações de relaxamento a quem recebe. Essa técnica vem sendo buscada há muito tempo e cada vez mais, como um meio de auxílio para o equilíbrio físico e psicológico, pois ajuda o indivíduo a resgatar sua autoes- tima através do autocuidado (BRAUN; SIMONSON, 2007). Lessa et al. (2016) afirmam que a massagem relaxante ameniza tensões de mús- culos sobrecarregados ou rígidos e provoca também um estado benéfico para o sono, por isso recomenda-se fazer antes de dormir, trazendo benefícios para quem sofre de insônia. De acordo com Kavanagh (2006) os movimentos são realizados de forma coorde- nada e rítmica, podendo ser profundos ou superficiais, aliviam tensões ocasionadas pela má postura e sedentarismo por exemplo e promovem a melhora da circulação, bem-estar e qualidade de vida. Esse estilo de massagem através de algumas manobras é capaz de reduzir e até eliminar contraturas musculares, como os nódulos de tensão e os pontos gatilhos, que podem ser decorrentes da má postura ou muito esforço físico (KAVANAGH, 2006). No sistema circulatório a massagem relaxante favorece o retorno do sangue ao coração, facilitando a oxigenação tecidual (KAVANAGH, 2006). UNIDADE III Diferentes Tipos de Massagem 44 REFLITA Há casos de pessoas que têm muita sensibilidade e cócegas na planta dos pés, tenha sutileza e firmeza ao mesmo tempo para realizar os movimentos, eles podem ser reduzi- dos até o cliente ir se acostumando no decorrer das sessões, pois deve-se priorizar um toque agradável e relaxante (O autor). Recomenda-se que a prática seja iniciada com movimentoslentos e superficiais e de forma gradativa se acrescenta maior pressão e velocidade. A harmonia entre uma manobra e outra é fundamental para obter os resultados (KAVANAGH, 2006). O profissional deve deixar o cliente o mais confortável possível, induzindo o mesmo ao silêncio, para que o momento seja de profunda calma e tranquilidade. Geralmente a dura- ção da sessão pode variar entre quarenta minutos à uma hora e meia. (LESSA et al., 2016). Logo abaixo você encontrará uma sugestão de sequência para aplicação da técnica de massagem relaxante, descrita pela própria autora. O cliente pode ser posicionado em decúbito dorsal (barriga para cima), iniciando a mas- sagem pelos pés, um de cada vez. Indica-se manter o cliente coberto com lençol durante o tempo da sessão, descobrindo aos poucos, somente as regiões que serão trabalhadas no momento. O primeiro movimento é o de deslizamento suave, depois, com uma mão ligeira- mente fechada fazer movimentos para cima e para baixo na planta do pé, deixando a outra mão no dorso do mesmo, como apoio. Outro movimento sugerido é o de “abertura”, segurando o centro dos pés com as duas mãos, com os polegares localizados na parte superior, deslizando em lados opostos, para as laterais. No terceiro passo pode ser feito um alongamento, empurrando o pé para frente, segurando por alguns segundos e depois empurrando para baixo, também por alguns se- gundos, depois pode-se realizar o movimento de rotação com o pé, para um lado e para o outro, finalizar com deslizamento superficial novamente. UNIDADE III Diferentes Tipos de Massagem 45 Depois disso, seguir com a massagem para as pernas, podendo iniciar com desli- zamento superficial do tornozelo até a coxa, subindo com as mãos no centro e descendo com as mãos nas laterais, depois, posicionar as mãos em formato de C, subir de forma alternada, realizando uma pressão suave, até a coxa, e descer deslizando com as mãos nas laterais do membro. Outra sugestão é realizar movimentos circulares grandes com as mãos, na perna inteira. Na coxa pode ser realizado o movimento de amassamento, com pressão leve a moderada e movimentos suaves para relaxamento. Depois repetir todos os movimentos na outra perna. Após finalizar a massagem nos membros inferiores em decúbito dorsal, a próxima área é do abdômen. Com as duas mãos, de forma alternada, promover grandes círculos em toda a região, depois, posicionar uma mão sobre a outra e realizar movimentos de pequenos círculos em volta do umbigo, sempre em sentido horário, acompanhando o funcionamento do intestino. Finalizar com movimentos suaves de deslizamento em toda a extensão do abdômen, iniciando abaixo do umbigo, subindo até o início do esterno (osso localizado no centro do peito), descendo pelas laterais do abdômen, passando pela cintura e finalizando no ponto inicial. A próxima região a ser massageada é dos membros superiores (braços), iniciando pela mão, depois antebraço e braço, até chegar ao ombro, os movimentos podem ser de deslizamento, circulares e amassamento. Na região do pescoço deve-se ter atenção especial, movimentos de alongamento são importantes, mas sempre com cuidado, deve-se posicionar a cabeça do cliente lateral- mente, apoiar uma mão na face e outra no ombro, empurrando-o para baixo, respeitando o limiar de dor do indivíduo. Repetir o passo do outro lado. Logo em seguida, massagear a região do pescoço e uma parte do trapézio, finalizando na face, com deslizamentos por todo o rosto em sentido ascendente. O couro cabeludo também pode ser massageado com movimentos circulares. Após finalizar a primeira etapa, deve-se massagear a região posterior do corpo, decúbito ventral (costas para cima), iniciando nos membros inferiores, pode-se massagear novamente os pés e subir para o tornozelo realizando movimentos circulares e desliza- mento até a coxa, podem ser empregados também os movimentos de amassamento e percussão. Na área do glúteo, caso deseje, uma sugestão de movimento é realizar uma pressão moderada com a mão fechada, seguida de pequenos círculos por toda a área. UNIDADE III Diferentes Tipos de Massagem 46 SAIBA MAIS Antes de iniciar a sequência da massagem, lembre-se da avaliação prévia e da pré- -massagem: momento da explicação das etapas do procedimento e instruções gerais, como por exemplo, a maneira como cliente deve subir na maca. É importante para que o paciente se sinta seguro e confiante. Lembre-se também de deixar exposta apenas a área que será trabalhada no momento, e o restante coberta (O autor). Por fim, massageia-se as costas, normalmente é a região com mais queixa de dor, devido ao maior acúmulo de tensão muscular. Deve ser muito bem trabalhada, assim como as outras áreas. Iniciar com deslizamento da lombar até os ombros; com os polegares realizar movimentos circulares de fricção, por toda a extensão das laterais da coluna, com pressão leve. Também pode ser empregado o movimento de rolamento nessa área. Depois, massagear toda a região das costas com movimentos circulares; contornar as escápulas massageando suavemente com movimentos ascendentes. No trapézio e nos ombros pro- mover amassamento e tapotagem. Finalizar com movimento de vibração. O estímulo na região do trapézio é fundamental para o relaxamento, normalmente onde se acumulam maiores cargas de tensão (LESSA et al., 2016). Cada manobra pode ser repetida em torno de cinco vezes, conforme observar a necessidade. Quando houver uma área mais tensa, como as costas por exemplo, ou outra área de queixa do paciente, dar mais atenção. Lembrando que essa sequência é apenas uma sugestão, caso achar necessário podem ser retirados ou incluídos outros movimentos. Vale salientar que para realizar essa técnica deve-se utilizar algum creme ou óleo de massagem específico, em quantidade certa, para facilitar o contato e a realização adequada de cada movimento. UNIDADE III Diferentes Tipos de Massagem 47 2. MASSAGEM MODELADORA Na unidade l aprendemos que nossa pele é dividida em duas camadas principais, a epiderme e a derme. Há uma camada adjacente à elas, chamada de hipoderme, camada adiposa, ou tela subcutânea. É nessa camada que se encontram as células de gordura, co- nhecidas como adipócitos (figura 3), eles têm a função de armazenar energia, proporcionar amortecimento e funcionam como isolantes térmicos (BORGES; SCORZA, 2016). A hipoderme é altamente vascularizada e a quantidade de células adiposas em seu interior depende da região do corpo. Há uma atividade constante nessa camada. Quando ocorre a transformação dessas células de gordura em moléculas menores, pela ação de hormônios, chamamos esse processo de lipólise, ou seja, a metabolização da gordura, ou a sua “quebra” (GRAAFF, 2003). FIGURA 3 – ADIPÓCITO (CÉLULA DE GORDURA) UNIDADE III Diferentes Tipos de Massagem 48 Entretanto, esse mecanismo não é possível de ser alcançado apenas com o recurso da massagem modeladora, embora seja comum ouvirmos falar desse efeito que a massa- gem supostamente promoveria, ela não realiza a “quebra” de gordura e sim o aumento da circulação sanguínea e a acomodação de adipócitos de maneira reorganizada, levando o cliente a ter um contorno remodelado de sua silhueta (BORGES; SCORZA, 2016). Através de seus movimentos vigorosos e rápidos ocorre o processo chamado de hiperemia (vermelhidão), pois eles estimulam os capilares, as artérias e os vasos sanguí- neos aumentando a circulação (velocidade, volume e fluxo) e a oxigenação tecidual. Esse efeito pode ser chamado de ação mecânica, tendo como benefício o favorecimento da permeação de ativos cosméticos (PEREZ, E; VASCONCELOS, M. G; 2014). Cassar (2001) também afirma que essa pressão mecânica exercida pela massa- gem, principalmente no tecido adiposo, ocasiona além da hiperemia, aumento do calor
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