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I PREFÁCIO Na última publicação da Organização Mundial da Saúde sobre as principais causas de óbito que data de 2015, a pneumonia foi, entre todas as causas. a tercei- ra mais importante causa de morte, ficando atrás apenas das doenças coronaria- nas e acidentes vasculares cerebrais. Atualmente, a resistência aos antibióticos é uma das maiores preocupações de saúde pública no mundo, especialmente den- tro do ambiente hospitalar. A despeito das várias estratégias traçadas no sentido de promover a prescrição responsável de antibióticos, o número de infecções por micro-organismos resistentes cresce a cada dia, enquanto nosso arsenal terapêu- tico ainda caminha a passos curtos. Apesar de parecer um problema distante. reservado ao interior das UTis. infe- ções por formas resistentes de Klebsiella, Pseudomonas e enterococos se tornam cada vez mais prevalentes em enfermarias comuns. Recentemente. a Inglaterra passou por uma profunda crise de saúde pública diante de uma epidemia de gonorreia gerada por gonococo multirresistente; no Brasil, o tratamento de ITUs com ciprofloxadno já não é mais a primeira linha em diversos estados; a amoxici- lina vem perdendo espaço no tratamento de otites e sinusites ao longo dos anos. Os tempos estão mudando. Durante o internato e a residência médica. várias gerações têm entrado em serviços hospitalares com dificuldades com relação aos antibióticos. Tenho lhes perguntado: qual a classe de determinado antibiótico? Qual sua dilu ição? Qual o tempo da duração da infusão? Há interação com outros medicamentos? Posso es- calonar? Venho preocupado com as respostas pra tais questões e em como posso contribuir para a formação de médicos capazes de responde-las. Buscando preencher essas lacunas que observei, surge a ideia de formular um material didático, o qual espero que consiga contribuir para a formação de vocês. Boa leitura. Herivaldo Ferreira da Silva Professor de Semiologia e de Hematologia do Curso de Medicina da UECE Médko do Serviço de Hematologia do Hospital Universitário Walter Cantldlo Médico hematologista do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Ceará Preceptor do Internato e da Residência Médica do Hospital Geral César Cals de Oliveira I INTRODUÇÃO Desde a primeira célula que nasceu da sopa inicial da vida na Terra, muito apren- demos sobre os fantásticos e ubíquos micro-organismos. A percepção do potencial patogênico desses seres foi um dos grandes passos no desenvolvimento da Ciên- cia. Deixamos de acreditar em humores, em influências espirituais, castigos divi- nos e perturbações demoníacas. Nesse contexto, a relação entre bactérias e outros germes microscópicos e as doenças humanas foi uma revolução nunca antes vista. O surgimento de substâncias capazes de controlar o crescimento de bactérias, inicialmente através da antibiose de fungos contaminantes, foi o passo primordial para proporcionar controle e cura de doenças até então fatais, como endocardite infecciosa, sífilis, erisipela, celulite, tuberculose, etc. A popularização e até mesmo banalização dos conceitos microbiológicos invadiram a vida social das pessoas, o mundo comum. Todos temos mães ou avós, ou até mesmo aquela professora da escola, que nos mandam retirar da boca objetos que estavam outrora no solo contaminado por"micróbios~ Quando Darwin propôs a poesia da evolução, vociferou que o mais adaptado ao ambiente seria o mais evoluído, com melhores chances de permanecer. A vida é uma luta diária pela continuidade, pela perpetuação das espécies. Egocentrica- mente, nós, os humanos, entendemo-nos como seres mais adaptados, mais ap- tos, mais evolufdos. Ledo engano! Esse mundo é das bactérias! Por onde quer que possamos olhar, tocar, andar e respirar, em todos os lugares há bactérias. No mais profundo solo oceânico, voando pelos ares do nosso céu, lá há de haver bactérias. Muitas vezes nós e as bactérias estamos do mesmo lado, na indústria alimentí- cia, na produção de bebidas, roupas e no nosso organismo. Quando essa relação não é harmônica, nascem as doenças infecciosas. Com isso em vista, é importante que o médico esteja apto para enfrentar esses pequenos e ardilosos inimigos. As mais importantes armas contra os patógenos infecciosos são o entendi- mento de sua biologia e ecologia; dos medicamentos que podem ser utilizados e sua adequada indicação. Vivemos a ascenção de cepas cada vez mais resistentes de bactérias, muito pela incapacidade de assimilação das armas citadas. Esse livro se propõe a facilitar a compreensão dos principais medicamentos com atividade antimicrobiana e antifúngica da prática médica. Ressaltamos a im- portância de se apoderar das fermamentas farmacológicas utilizáveis no contex- to de infecções, pela melhor acurácía na indicação, melhor cobertura e desconti- nuamento precoce. Deivide de Sousa Oliveira - Residente de Hematologia e Hemoterapia do Hospital Universitário Walter Cantidio - Residência em Clfnica Médica pelo Hospital Geral César Cais de Oliveira I SUMÁRIO 1. Meanismo de ação dos antibióticos··-··························-··························-·········-··· 19 2. Resistência bacterlana ..................................................................................................... 23 3. Penicilinas naturais .......................................................................................................... 27 4. Amoxlcilina ....................................................................................................................... 31 s.oxaclllna ............................................................................................................................ 35 6, Amoxicilina-cla·vula.nato •••••~••·••uoouoo•·••••-••·•"·•••.,._,,,,,.,,,, .. , ... ,,_,,,,,,,.,,,,.,,,.,,.,,,, ... ,.,,_,,,.,.,.,,, .. ,,,, 39 7. Amplclllna-sulbactam ..................................................................................... - .............. 43 8. Piperacilina·ta.tobactam ................................................................................................. 47 9. Cefalosporlnas .................................................................................................. - ••.....••••••. 51 1 O. Cefalexlna ............................................................................................ , .......................... 55 11. Cefalotina ....................................................................................................................... 59 12. Cefuroxlma ..................................................................................................... - ••.....••••••. 63 13. Ceftrlaxona ..................................................................................................................... 67 14. Cefepime ............................................................................................................................. 71 15. Ceftarolina ...................................................................................................................... 75 16. Ceftaridima~vlbactam ................................................................................................. 79 17. Carbapenêmlcos ................................. - ....................................................... - .............. 83 18. E.rtapenem ..................................................................................................... - .............. 87 19.1mipenem ........................................................................................................................ 91 20. Mero penem .......................................................................................................................... 95 21.Aztreonam ..................................................................................................................... 99 22. Vancomicina .................................................................................................................103 23. Telcoplanlna .................................................................................................................. 107 24. Aminoglicosídeos ........................................................................................................ 1 1 1 25. Amicacina ..................................................................................................................... 1 15 26. Gentamicina ......................................................................................................................... 1 19 27. Tobramicina .................................................................................................................. 123 28. Doxlclcllna ............................................................................................................................. 127 29. Minociclina ................................................................................................................... 131 30. Tigeciclina •. - ...................................... - ...................................................................... 135 31. Azltromidna ................................................................................................................. 139 32. Claritromicina ............................................................................................................... 143 33. Clindamicina ................................................................................................................. 147 34. Cloranfenicol ................................................................................................................ l 51 35. Linezolida ..................................................................................................................... 1 55 36. Daptomlclna ................................................................................................................. 1 59 37. Pollmlxínas ................................................................................................................... 163 38. Sulfametoxazol·trimetoprim ...................................................................................... 169 39. 5ulfadíazlna .................................................................................................................. 173 40. Dapsona ........................................................................................................................ 177 41 . Ciprofloxadna .............................................................................................................. 181 42. Levofloxadna ............................................................................................................... 185 43. Moxifloxadna ............................................................................................................... 189 44. Metronldazol ................................................................... - .......................................... 193 45. Clofazimína ................................................................................................................... 197 46. Etambutol ........................................................................................................................ 201 47.1sonlazida ...................................................................................................................... 205 48. Pirazinamída ................................................................................................................. 209 49. Rifampldna .................................................................................................................... 213 50. Antlfúnglcos ................................................................................................................. 217 51. Anfotericlnas ................................................................................................................... 221 52. Nistatina ........................................................................................................................ 225 53. Agentes azólicos .......................................................................................................... 229 54. Cetoconazol .................................................................................................................... 233 55. Fluconazol ..................................................................................................................... 237 56.1traconazol .................................................................................................................... 241 57. Míconazol ...................................................................................................................... 245 58. Voriconazol ................................................................................................................... 249 59. Equinocandinas ........................................................................................................... 253 60. Griseofulvlna ................................................................................................................. 257 I ABREVIATURA DOS MAPAS MENTAIS MIC: Mínima/ inhibitory concentration PBP: Penicil/in biding protein PAC: Pneumonia adquirida da comunidade OMA: Otite média aguda DRESS: Drug reaction with eosinophilía and systemic símptoms ESBL: Extended spectrum betalactamase BGNE: Bacilos Gram-negativos entéricos MRSA: Meticillin resistant Staphylococcus aureus MSSA: Meticillin sensitive Staphylococcus aureus PBE: peritonite bacteriana espontânea PRP: Pneumococos resistente a penicilina VISA: Vancomycin-intermediate Staphylococcus aureus VRSA: Vancomycin-resistant Staphylococcus aureus ITU: Infecção do trato urinário CPK: Creatinofosfoquinase VRE: Vancomycin-resistant Enterococcus PABA: Ácido paraminobenzoico LPS: lipopolissacarídeos Mecanismo de ação dos antibióticos lsabelle Lima Pontes Os mecanismos de ação das principais classes de antibióticos utilizados na prática clínica são: Bloqueio da síntese da parede celular As bactérias Gram-positivas e Gram-negativas possuem paredes celulares constituídas de formas diferentes, tendo em comum a presença de peptidogli- cano. Nas Gram-positivas, encontramos uma parede espessa formada de pepti· doglicano acima da membrana citoplasmática. Nas Gram-negativas, o peptido- glicano corresponde apenas a 10% da parede celular. Acima dessa existe outra camada de fosfolipídeos, lipopolissacárides e proteínas, denominada membrana externa, separada da fina parede de peptidoglicano pelo espaço periplasmático. Sem uma parede celular estruturada, a bactéria acaba por sofrer llse osmótica. Medicamentos que agem dessa forma possuem ação bactericida. Ação na permeabilidade da membrana citoplasmática A integridade da membrana cltoplasmátlc.a é fundamental para a sobrevi- vência, devido ao seu papel em vias metabólicas importantes, além da sua ca- pacidade de barreira seletiva. Os antibióticos que agem na membrana podem desorganizar a seletividade. Infelizmente, pela semelhança entre as membranas plasmáticas, esses medicamentos também são tóxicos às células humanas. As po- limixinas são exemplos dessa classe de drogas. Bloqueio da síntese protelca Os antibióticos que inibem a síntese proteica possuem diversos mecanismos de ação. A rifampicina inibe a ação da RNApolimerase. Ligam-se a porção 50S do ribossomo o cloranfenicol, o tianfenicol e as lincosamidas; na subunidade 305 agem as tetraciclinas e os macrolídeos. Os aminoglicósides sao acoplados na ca- deia polipeptídica em formação pelo RNAm, possuindo ação bactericida. 19 Bloqueio da síntese de ácidos nucleicos Os antibióticos que atuam na síntese dos derivados do ácido fólico são as sul- fonamidas e as diamínopirímidinas, representadas pela trimetoprima e pirimeta- mina. Geralmente usadas em associação. Inibir a replicaçãodo DNA cromossômico O bloqueio das enzimas topoísomerases do DNA 11 e IV ocorre com as quinolo- nas. A bactéria não consegue se replicar e ocorre morte celular. 20 Mecanismos de ação dos antibióticos PU n o: c ., .... _....,... MAPA MENTAL u.urur.a m.. sintpks I·~ .. .-.wd.t • prp!k!f'Jiuno OlltfN ~ ~ dklpl.....-., .... , .... REFERÊNCIAS 1. Lagacé-Wiens P. Rubinstein E. Adverse reactions to ~-Jactam antimicroblals. Expert opinion on drug safety, 2012;11 (3):381-399. 2. lmani S et ai. Too much of a good thing: a retrospective study of ~-Jactam concentration- toxicíty relatíon ships. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, 2017;72(1 0):2891-2897. 3. SALOMÃO, Reinaldo. lnfectologia: bases clínicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.598 p. 4. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto - Tratado de lnfectologia - 2 Volumes - 4• Edição, Editora Atheneu, 2010. 22 Resistência bacteriana Francisco Eliézio Tomaz Filho A resistência bacteriana é um fenômeno que remete à introdução dos primei- ros antimicrobianos na pr~tica clfnica. Contudo, a cada ano se torna mais relevan- te, à medida que surgem novas cepas resistentes aos medicamentos disponíveis, afetando diretamente o uso terapêutico dessas drogas, bem como o desfecho associado às infecções causadas por essas bactérias. As bactérias possuem diversos mecanismos de resistência a ação dos antibió- ticos. Os principais são: lnativação enzimática: penicilinases, betalactamases e carbapenemases são exemplos de enzimas produzidas por bactérias para inativar antimi- crobianos. Enzimas modificadoras de aminoglicosídeos também estão envolvidas na inibição de antibióticos; Alterações do sítio de ligação: modificação do local de ação do antibió- tico, tornando o microrganismo resistente, como ocorre na alteração da proteína girase do DNA e alvo das quinolonas; Alterações no sistema de transporte celular/porinas: ocorre mod ificação qualitativa ou quantitativa nos canais de entrada de antibióticos, espe- cialmente em bactérias Gram-negativas; Bomba de nuxo: retira a droga de dentro da célula ativamente, impedindo que atue sobre o microrganismo, como ocorre com bacilos Gram-negati- vos resistentes às tetraciclinas. Além da forma como se seleciona cepas resistentes, é de suma relevância en- tender como esses padrões de resistência se propagam entre as bactérias, tor- nando cada vez mais frequentes as cepas resistentes em uma região geográfica especifica. Temos, nesse sentido, os seguintes mecanismos: Mutações espontâneas: surgem de forma aleatória e, por meio de pressão seletiva, as bactérias que adquiriram tais mutações conseguem se proli- ferar; Transformação: ocorre quando uma bactéria engloba parte do DNA de outra que possui genes associados à resistência, incorporando-os. 23 Transdução: transferência de material genético mediada por bacteriófa- gos; Conjugação: transferência de material genético plasmidial após contato entre células bacterianas; ou por fímbrias sexua is. Transposição: por meio de transpósons, há a transferências de pequenos fragmentos de DNA plasmidial ou não plasmidial. Principais padrões de resistências em bactérias Gram-positivas: MSSA: são estafi lococos (S. aureus e coagulase-negativos) sensíveis a me- ticilina, droga semelhante à oxacilina, mas não disponível no Brasil. MRSA: estilococos que adquirem mutações na PBP. São sensíveis à vancomi- cina, teicoplanina, daptomicina, linezolida e cefalosporinas de s• geração. VISA e VRSA: estafilococos que começaram a apresentar MIC cada vez mais elevado à medida que sofriam espessamento de sua parede celu- lar. No geral, a grande maioria dos estafilococos conseguem adquirir de forma espontânea apenas resistência intermediária à vancomicina (VISA). Todavia, quando ocorrem por mecanismos de transferência genõmlca, adquirem genes de maior resistência, podendo se tornar resistentes à vancomicina (VRSA). fato que depende da presença de enterococos resis- tentes à vancomicina (VRE). VRE: diferentemente dos estafilocos, os enterococos podem apresentar, facilmente, resistência total à vancomicina, sendo denominados nesses casos de VRE. Contudo, são bactérias pouco virulentas que não costumam causar infecções graves, tornando-se preocupantes pela capacidade de transferir tais genes de resistências aos estafilococos, associados a infec- ções de pior prognóstico. Padrões de resistência associados às bactérias Gram-negatlvas: ESBL: Enterobacterlaceae (E.coli; Klebsiella spp.; Aclnetobacter baumannil) pro- dutoras de beta-lactamases de espectro expandido (ESBL) com resistência às ce- falosporinas e penicilinas de espectro estend ido, muitas vezes com associação a inibidores de beta-lactamase. Nesses casos, a principal opção são os antibióticos da classe dos carbapenêmicos. Bactérias resistentes a carbapenêmicos: os microrganismos Gram-negativos possuem características que os tornam capazes de desenvolver mecanismos de resistência múltiplos aos carbapenêmicos, sendo o mais relevante a produção de carbapenemases (enzima que inativa carbapenêmicos). As principais bactérias são a E. co/i, Klebsiel/a spp. Acinetobacter baumann/1 e Pseudomonas aeurugínosa. Quando presentes, os antibióticos de escolha são as polimixinas em monoterapia ou em associação a outros fármacos. 24 cMtwpc.na~s ~OSicltool e lnZIJNS n~~ Ahrr..,;lo di p r-.atot' e AkY'-..ç~ do , ftio .. :.,;lO Modirta((ln n..s PfOin;ls e ~Oes no sist<'fN <k ~ c..nal~ 6t dlu:w \1ccJ.nt .. mm. de re'\istênda t.lft,..pcntn•k:OJ e fnle•boc•ó:\(as ((lm btLJ.b(a:wn,jS(:S de e~IJO C~~:padllo f!OIIml\hl djo:cldN I """éobs ~' d< a •b'f"""'""" \õJncon*N 1dt.(~nfno~ )e-1 TR.o\t~ME._TO , , I ' ' ' ' ' I , t.tt~t.l(lln (~11(- fr.ln~lorrn.-çon Resistência sactcriana I I I I I I ' ' ' ... ... ....... ..... ' \ I I Resistência em Gr.•m·po,ili"\a~ REFERÊNCIAS 1. LEVY, Stuart 8.; MARSHALL, Bonnie. Antibacterial resistance worldwlde: cau- ses, challenges and responses. Nature medicine, v. 1 O, n. 12s, p. S 122, 2004. 2. MENICHETTI, Francesco; TAGLIAFERRI, Enrico. Antimicrobial resistance in in- ternai medícine wards. Internai and emergency medicine, v. 7, n. 3, p. 271 - 281,2012. 3. SALOMÃO, Reinaldo. lnfectologia: bases clínicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.598 p. 4. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto - Tratado de lnfectologia - 2 Volumes - 4• Edição, Ed itora Atheneu, 2010. 26 Penicilinas naturais Mateus Cordeiro Batista Furtuna Silva As penicilinas são antibióticos beta-lactãmicos, d ivididas em natu rais ou sinté- ticas, existindo dois tipos de penicilinas naturais: a benzilpenicilina ou penicilina G e a penicilina V. Sendo ambas produzidas a partir do fungo Penicil/ium chryso- genum, tendo a penicilina G sido descoberta por Alexander Fleming, em 1928. Seu mecanismo de ação é a in ibição das proteínas ligadoras de penicilina, ocorrendo lise celular, caracterizando, assim, a ação bactericida desses antibió- ticos. A penicil ina G pode se apresentar na forma cristalina. mantendo os níveis terapéuticos por 4h; forma procaína que pode manter nível por 12-24h; forma benza tina que pode manter nível por até 21 d ias. O espectro antimicrobiano inclui estreptococos beta-hemolíticos do grupo A de Lancefield, estreptococos do grupo Viridans, pneumococos, enterococos, me- ningococo, Clostridium spp, actinomicose, sífilis e leptospirose. Quanto à farma- cocinética, a penicil ina G não é bem absorvida por via oral, sendo administrada por via parenteral. A penicilina cristalina é a ún ica das penicil inas que pode ser administrada por via intravenosa. Os tipos benzatina e procafna são preferíveis em Infecções le- ves ou moderadas, sendo de uso intramuscular. Possuem boa distribuição para a maioria dos tecidos, mas não penetram bem ossos e liquor. Porém, em situações de inflamação, conseguem atingir bons nfveisnesses tecidos. A ligação a proteínas plasmáticas é de 50%, permitindo que a maior parte da droga esteja na forma ativa. A excreção se dá por via renal. A eficácia das penici- linas é diretamente relacionada ao tempo em que a concentração p lasmática da porção l ivre da droga permanece acima da concentração inibitória mínima (MIC). Apesar de ter perdido espaço no tratamento de muitas infecções pela resistência às penici linas, pode-se utilizar atualmente no tratamento de sífilis, meningite me- ningocócica, profilaxia de erisipela de repetição, dentre outras. Incluem efeitos colaterais bastante conhecidos, as reações no local da injeção IM (dor, flebite), reações de hipersensibilidade e anafilaxia. ( importante atentar, nesses casos, para reações cruzadas com outros beta-lactâmicos. A penicilina V possui espectro de ação similar aos das formas benza tina e pro - caí na, di ferindo pela forma oral de administração. 2 7 uso tncb.enoso k\1 """"'"'.-. h.llnll.O<- 9 UtrJ~ bandR h~nuülu - li~ em aso ck mmin,;ws / ho ~o muito comum l'SO pot ,1 .. e>n11 tto• 10 m M~~o ~ Jl(-nkiliN c-.. pnx::!na ):f ..... wc \tc1.ani,mn' de .a1.Jo AÇ30 Nctcridcb ê liw ('1.'~ ~ Wtrffttm fU iWit~ Nl paredr u lubr r J 11 crolotilll \ l I I I \ \ I I , I I Penk:Uinas Naturais .. I I I \ ' \ I ........ _ - v pf..&. - I ~"cft w~ ~ nun~~tm por "'"1'> pm.ldo J !e -..!!!:. tndlc.lcões c~e uso e rMinfl;c):IINcbHres ~ lltt'Uf'L.Itk.a lpeolU;.U l-10 (m .,'fr<:(O<'-. fl.ltt'ptocódJS n.10 f'OM1 l.W I~ - uuraç~ de: cfdkl mcoor do que d~ 1'1.-nlc.lfln..t Co-lk'ni.Jlln.t REFERÊNCIAS I. BALL, A. P.; GRAY, J. A.; MURDOCH, J. Mcm .. The Natural Penicilllns - Benzyl- penicillin (Penicillin G) and Phenoxymethylpenicillin (Penicillin V). Antibac- terial Drugs Today, [s.l.), p.6-18, 1978. Springer Netherlands. http://dx.doi. org/10.1007/ 978-94-011 -8004-7 _3. 2. BARKER, Charlotte I; GERMOVSEK, Eva; SHARLAND, Mike. What do I needto know about penicillin antibiotics? Archives Of Disease In Childhood - Edu- cation & Practice Edition, [s.l.), v. 102, n. 1, p.44·50, 13 jul. 2016. BMJ. http:// dx.doi.org/10.1136/archdischild-2015-309068. 3. SALOMAO, Reinaldo. lnfectologla: bases cHnicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.598 p. 4. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto · Tratado de lnfectologia • 2 Volumes • 4• Edição, Edi tora Atheneu, 2010. 29 Amoxicilina Gabriel Moura Frota A amoxicilina é uma aminopenicilina, fazendo parte do grupo dos ~-lactâmi cos. Esses fármacos têm ação bactericida, já que eles se fixam às proteínas ligado- ras de penicilina, e inibem, assim, a síntese da parede celular. Possuem ação, prin- cipalmente, contra bactérias Gram·positivas e Gram·negativas, excetuando-se aquelas que expressam ~-lactamases. Ut iliza-se a amoxicilina associada ao ácido clavul3nico com intuito de aumentar o espectro de cobertura contra bactérias produtoras dessas enzimas. A administração é principalmente por via oral. uma vez que possui uma exce- lente absorção pelo trato gastrointestinal quando comparada à ampicilina. Con- tudo. no tratamento de meningoencefalites. ainda é preferível a ampicilina. pois as concentrações l iquóricas atingidas pela amoxicilina são inferiores. Apresenta meia-vida de 60 minutos. mas. devido ao seu potencial de produzir níveis séricos mais elevados, ela se torna capaz de manter os efeitos terapêuticos por 8, ou até 12 horas. A eliminação se faz. principalmente, pela via urinária, por meio da secre- ção tubular e somente 5% são eliminados pela bile. A amoxicilina tem boa ação contra Streptococcus pneumoniae, S. pyogenes e algumas espécies de estafilococos, sendo, desse modo, indicada no tratamento de infecções que acometem tanto o trato respiratório superior (sinusite. faringite. o t i· te), quanto do trato respiratório inferior. além de ser usada em casos de infecções cutâneas. como na erisipela. a qual é causada, frequentemente, pelo S. pyogenes. Esse fármaco também é utilizado no tratamento de infecções do trato urinário de- vido a sua ação contra Escherichio co/i, Klebsiella pneumoniae, Enteracoccus faecalis, Proteus mirabilis. Embora tenha eficácia não universalmente aceita, a amoxicilina é usada no tratamento da Chlamydia spp. e Mycoplasma pneumoniae. A dose é geralmente de 20 a 40 mg/ kg/dia, sendo a dose em adultos 1,5 g/dia, fracionando-se de 8 em 8 horas. Esse valor pode ser alterado para 12 em 12 horas em infecções respiratórias em adultos, geralmente na dose de 500 mg de 8/8h ou 1 g de 12/12h. Entre os mais frequentes efeitos adversos, destacam-se as rea· ções de hipersensibilidade (exantema, eritema, rash, eosinofilia, febre e prurido). gastrointestinais (alteração do paladar, pirose. diarreia, náusea e dor abdominal), neurológicas (cefaleia) e micose vulvovaginal. 3 1 ... -do ......... \ ' Wtuw "'wocll*= ~&:kl r ' ; ..... __ .... Amoxicilina I , , , 1; cw ' \ ' ,,- (cw;:"" )~I ....... ___ _ .a..a.......~ t.l ~.,., ... ~n,nd l pt"l'lkiLI.,.. ~ ;.b!iol{!lo 0011 REFERÊNCIAS I . https://www.drugs.com/pro/ amoxicillin.h tml 2. Walter Tavares; Antibióticos e Quimioterápicos para o Clínico; 3• ed .• Editora Atheneu, São Paulo, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Belo Horizonte, 201 S. 3. Revisao sobre antibióticos da Escola de Medicina de Standford. http://errolozdalga.com/ medicine/ pages/OtherPages/ Anti bioticReview.Cha- nuRhee.html 4. SALOMÃO, Reinaldo. lnfectologia: bases clínicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.598 p. S. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto - Tratado de lnfectologia • 2 Volumes - 4• Edição, Editora Atheneu, 2010. 33 Oxacilina Renato Soares Gadelha Oxacilina é um antibiótico beta·lact~mico, da classe das penicilinas semissin· téticas. Assim como os outros fármacos desse grupo, a oxacilina age inibindo as proteínas ligantes de penicilina (PBP • penicillin binding protein), que sao respon· sáveis pela síntese da camada de peptideoglicano das bactérias. Ao inibir essas estruturas, há o rompimento da parede celular bacteriana, levando à lise desses microrganismos. Além disso, a estrutura molecular da oxacilina é responsável pela resistência que essa droga apresenta contra as beta·lactamases produzidas pelos estafilococos, tornando-a uma excelente escolha nas infecções por esses agentes. Juntamente com a meticilina, a nafcilina e outros fármacos resisten tes a essas enzimas, a oxacilina compõe o grupo das penicilinas antiestafilocóccicas. O espectro de ação da oxacilina é basicamente constituído por cocos Gram-posit~ vos aeróbios, prioritariamente Staphylococcus aureus e Staphylococcus epidermidis. Suas limitações são relacionadas aos estreptococos;. já que o fármaco é menos eficaz contra esses germes do que outras dassesde penicilinas (como penicilinas naturais e aminope- nicilinas); e aos estafilocos resistentes à meticilina. A resistência que alguns 5. auta~s e S. epidermidis apresentam contra a metidlina é cruzada com a oxacilina, e geralmente ocorre por alterações qualitativas e quantitativas nas PBPs e por diminuição na pennea· bilidade do envoltório bacteriano, impedindo o antibiótico de atingir seu local de ação. A oxacilina, apesar de ser absorvida por via oral. apresenta apenas 30% de bio- disponibilidade por essa via, atingindo concentração sérica insuficiente. Assim, esse fármaco é administrado por via parenteral (intramuscular e intravenosa), dis· tribuindo·se pelos tecidos e fluidos org~nicos de forma satisfatória. Sua eliminação é renal, principalmente, e biliar, em menor parte. A oxacilina não sofre acúmulo em pacientes com lesão renal, logo, não é necessário ajuste de dose nesses pacientes. As principais indicações terapêuticas são as infecções estafilocócckas graves;. tais como impetigo bolhoso, celulite, síndrome da pele escaldada estafilocóccica, osteo· mielite, meningites, entre outras. Em casos desepse, aconselha-se associação desse fármaco com outros antibióticos, como aminoglicosídeos. A dose indicada de oxaci· li na é de 250 a 500 mg para infecções leves a moderadas e de um a dois gramas para infecções graves;. ambas no intervalo de 4 a 6 horas. A dose máxima é de 12 g/dia. A administração costuma não causar efeitos adversos, mas o paciente pode apresentar febre, náuseas, võmitos, prurido, exantema e outros sintomas irritati· vos ou alérgicos. 35 tdull~ ~. n&Jiloc:Onil..t d~ (Ide' t'IIC:*I.MI.J I I \ ~ ~l<nphdko ~; I I ; oxacilina .. , I llct.1l.u.: L1mll.o ar-. .\--Ga- ·=---' ... ' 11 I I I I ,_.;;;;== I I I REFERÊNCIAS I. Hauser AR. Antibióticos na pr,tica clínica: fundamentos para escolha do agente antibacteriano correto. Porto Alegre: Artmed; 2009. 2. Tavares W. Antibióticos e Quimioterápicos para o clínico. 3. ed. São Paulo: Atheneu; 2014. 3. SALOMÃO, Reinaldo. lnfectologia: bases clinicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.598 p. 4. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto · Tratado de lnfectologia • 2 Volumes • 4• Edição, Editora Atheneu, 2010. 37 Amoxicilina-clavulanato Paulo Esrom Moreira Catarina Em 1981, a amoxicilina, beta-lactâmico previamente conhecido por sua boa absorção oral comparada a outras da mesma classe, como a ampicilina, foi esco- lhida para ser combinada ao ácido clavulânico, um inibidorde beta-lactamase, fa- zendo com que ampliasse sua cobertura para alguns estafilococo produtores de beta-lactamase, E. co/~ H. influenzae e Moraxeffa catarrhafis. Houve ainda extensão de atividade contra Klebsielfa spp. e Bocteroides frogifis. Sua atividade contra es- treptococo e pneumococo foi mantida, fazendo com que se tornasse uma droga amplamente utilizada na prática médica. Sua ação envolve a inibição da formação da parede celular bacteriana, por inativaçâo das proteínas l igantes de penicilinas (PBP. do inglês, peniciffin-binding proteins), potencializado pela inibição de bata·lactamase de bactérias que pos· suem esse mecanismo de resistência. Trata-se de uma droga de excreção imi· nentemente renal, que possui como efeitos adversos mais frequentes diarreia (9-26,7%), rash (2, 1%) e febre (0,5·0,9%), com casos raros de anafilaxia. Somente 5· 1 0% dos pacientes com história prévia de alergia a penicilinas irão apresentar reação quando expostos à amoxilina-clavulanato, no entanto, nesta situação, de· ve-se ainda optar por medicação alternativa pela p resença desse risco. Possui boa tolerabilidade e segurança, possibilitando erradicar mesmo in- fecções com S. pneumonioe resistentes (MIC penicilina < 2 mg/l), por meio de formulações com altas doses de amoxicilina, mantendo ainda boa cobertura para bactérias produtoras de beta· lactamase (como H. influenzoe e M. catarrha· tis). Atualmente, permanece sendo utilizada em infecções do trato respiratório, como PAC, exarcebações de b ronquite crônica, rinossinusites bacterianas agudas e OMA, estando disponível em formulações orais e intravenosas. 39 ~(' mna, UJ,.b f(\J L*móld\"11 W«<Oo de- pde t ~ n"*" t\moxicilina- clawlanato I .,.---, Rdactámi<:o + rnlbidor d~: llt"talarl.lma'C' REFERÊNCIAS 1. Geddes AM.; Klugman KP.; Rolinson GN. Introduction: historical perspective and development of amoxicillin/clavulanate. lnternational journal of antimi· crobial agents, v. 30, p. 109· 112, 2007. 2. Richardson WL; Hammert WC. Adverse effect.s of common oral antibiotics. Journal of Hand Surgery, v. 39, n. 5, p. 989-991, 2014. 3. White AR. et ai. Augmentin"(amoxicillin/clavulanate) in the treatment o f community·acquired respiratory tract infection: a review of the continuing development of an innovative antimicrobial agent. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, v. 53, n. suppl_1, p. l3-120, 2004. 4. SALOMÃO, Reinaldo. lnfectologia: bases clinicas e tratamento. Rio de Janei· ro: Guanabara Koogan, 2017. 598 p. 5. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto - Tratado de lnfectologia - 2 Volu- mes • 4• Edição, Edi tora Atheneu, 201 O. 41 Ampicilina-sulbactam Daniel Girão Britto Ampicilina-sulbactam, também denominada sultamicili na, é uma combinação bactericida de uma aminopenicilina e um inibidor betalactâmico de betalactama- se, composta, respectivamente, pela ampicilina, a qual age ligando-se à proteína ligadora de penicilina, inibindo a síntese da parede celular, ocasionando líse; e pelo sulbactam, o qual tem est rutura similar à das penicilinas e se líga por compe- tição às betalactamases do microorganismo, inibindo-as irreversivelmente. O espectro de ação é ampliado pela ação do sulbactam, atingindo grande par- te das bactérias Gram-positivas (alguns Stophylococcus oureus, S. epidermidis, S. soprophyticus, Srreptococcus pneumonioe, S. pyogenes, S. viridans, Enterococcus fae· colis e Listeria manocytagenes), algumas das Gram-negativas (Hoemaphilus influen- zoe, Moraxella catarrhalis, Escherichia cali, Klebsiella spp, Proteus mirabilis, e Neisse- ria gonorrhoeoe) e muitas das anaeróbias (Bacteraides, Clostridium, Peptococcus, e Peptostreptococcus). As exceções ao seu espectro de ação incluem as SPICE (Ser- raria, Pseudomonas, Providencia, Proteus indol-positivo, Citrobacter, Enterobacter), MRSA e Clostridium difflcile. A administraç~o pode ser via intramuscular ou intravenosa, sendo preferível a última opção por alcançar rapidamente maiores taxas séricas e ter melhor efi- cácia, especialmente contra infecções graves. Seu pico sérico é obtido logo após 15 minutos do começo da infusão, l igando-se pouco a proteínas plasmáticas. A com binação se distribui amplamente pelos tecidos e líquidos corporais, incluindo o lfquor e placenta, atingindo níveis de 53%-1 00% aos níveis séricos. A eliminação é via urinária (75%-92% em 8 horas), devendo-se ajustar a dose pela função renal do paciente. A sultamicil ina tem bons resultados em infecções intra·abdominais (apendi- cite, abscesso intra e retroabdominal, abscesso subfrênico, peritonite bacteriana e colangite), infecções ginecológicas e obstétricas (endometrite, aborto séptico, abscesso tubovariano, pelviperitonite e infecção puerperal), pneumonias hospi- talares, celulites e outras infecções do tecido celular subcutâneo, osteomielite/ artrite séptica, infecção urinária complicada, endocardite por enterococo e es- tafilococo, colecistite e colangite, meningite, sepse por bacilos Gram-negativos 43 entéricos e profilaxia pré-cirúrgica (procedimento abdominais e ginecológicas). Possui cobertura contra as infecções por Acinetobacter spp. (pneumonia, bactere- mia e infecções de feridas operatórias), pela sensibilidade particular do germe ao componente sulbactam da fórmula. As doses empregadas de amplcilina-sulbactam (na relaçao de 2: I) podem ser de 1,5 a 3,0 g, de 6 em 6 horas, com máximo de 12 g por dia, para os adultos. Nas doses pediátricas, se recomenda de 1 00 a 1 50 mg!kg/dia de ampicílina, poden- do-se aumentar a dose, sem que passe do máximo de 8 g de ampicilina por dia. O uso deve ser cuidadoso em gestantes (categoria B), em lactantes, em idosos e em pacientes com insuficiência renal. 44 - ' \ I I I I , ; ; , .. -; ( ....... ' # ~~ I ........ g-..w.•-·,....(~ ....... ......... . , ,....._ • ..._...,. ( ........ h ...... ,.... .. ~..,. ...... ~0(- 1 ... ~ ......... -:rr~ ~====c. ---· i\rnpicilina-sulbactam .. IPI .... \JII'I,I Cn· vN t•rw. •I _.e r s:: Jlo "11 Jlo s:: '" z ;: ,.. REFERÊNCIAS: 1. Tavares W. Antibióticos e Quimioterápicos para o Clinico. 3• ed. Editora Athe- neu. São Paulo, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Belo Horizonte, 201 S. 2. Hauser AR. Antibióticos na Prática Clfnica: Fundamentos para Escolha do Agente Antibacteriano Correto. Artmed. Porto Alegre, 2009. 3. SALOMÃO, Reinaldo. lnfectologia: bases clinicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.598 p. 4. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto-Tratado de lnfectologia- 2 Volumes-4' Edição, Editora Atheneu, 2010. 46 Piperacilina-tazobactam Francisco Eliézio Tomaz Filho Os beta-lactâmicos correspondem a um grande grupo de antibióticos que possuem um grupamento químico heterociclico, denominado de anel beta-lac- tâmico. Um dos constituintes desse grande grupo é a piperacílína, uma ureido- penicílína semissintétíca, derivada da 0{-)-a-aminobenzil-penicílína {ampicilina), pela adição de um grupo químico hidrofílico. A piperacilina é um antibiótico bactericida, que, assim como os outros beta- ·lactâmicos, atua inibindo o cruzamento dos polímeros de peptideoglicano. Tal substância é fundamental para a constituição da parede celular bacteriana, a qual impede a líse osmótica, dá forma à célula, além de ser importante para o cres- cimento e a divisão bacteriana. Tal fármaco atua ao se l igar no sitio O-ala-O-ala das proteínas ligadoras de penicilina {PBP's), enzimas importantes para as últimas etapas de cruzamento dos polímeros de peptideoglicano, e inibindo de forma irreversível essas enzimas. Por não possuir absorção pelo trato gast rointestinal e pela necessidade de uma vasta quantidade de fluidos para solubl lização e, consequente, adminis- tração intramuscu lar, a piperacílina é administrada por via parenteral, possuin· do capacidade de ligação a proteínas de 20% a 30%. No tocante à distribuição, a p iperacílína possui elevada penetração na pele e no pulmão, moderada em outros tecidos, como o trato gastrointestinal, e baixa penetração no tecido adi- poso e cerebral, pela baixa capacidade de atravessar a barreira hematoencefá- lica, possuindo menos de 10%de penetração em ambos sítios. A principal for- ma de excreção desse fármaco ocorre pela via renal, eliminando-se 49,8% de uma dose de 4,5 g de piperacilina/tazobactam em 24 horas, sendo importante ressaltar que até 80% dessa dose é eliminada sem nenhum t ipo de metaboli- zaçáo, o que demonstra a pequena relevância da degradação da piperacílina a compostos menos ativos para sua excreção. Ademais, ressalta-se em relação à farmacocinétlca, a elevada concentração da droga na bile e sua Influência da excreção do tazobactam, diminuindo em cerca de 7% sua eliminação renal em 24 horas. 47 Como d ito anteriormente, a piperacilina deriva da adição de um grupo hetero- cíclico hidrofílico à ampicilina, fato que amplia o espectro de ação dessa droga para Gram-negativas, permitindo, assim, seu uso como antibiótico de amplo espectro, ou seja, possui boa atividade contra bactérias Gram-negativas e Gram-positivas, aeróbias e anaeróbias, como Pseudomonas aeruginosa, Streptococcus pneumoniae e Enterococcus faecolis. A adição do tazobactam aumenta o espectro de atividade para bactérias produtoras de beta-lactamase da classe A, o que pode incluir Sto- phylococcus oureus, Haemophilus influenzoe, Moraxella catorrhalis, Enterobacterio- ceoee Bacteroides fragilis. Em decorrência de tal espectro de ação, a piperacilina em associação com tazobactam é indicada como primeira linha de tratamento para infecções hospitalares graves, como pneumonia associada à ventilação mecânica, neutropenia febril, infecções intra-abdominais e infecções de pele. No geral, consiste em uma droga bem tolerada pelos pacientes, sendo que os efeitos adversos mais comuns são associados ao trato gastrointestinal e reações cut~neas. Dentre os sintomas apresentados, diarreia, náusea, vômitos, rosh e rea- ções no local da infusão são os mais prevalentes. A p rincipal contraindicaçao para seu uso é alergia a penicílínas, cefalosporinas ou imipenem. Ê importante o ajuste de doses em casos de disfunções renais, que pode se tornar uma contraindicação. Como outros beta-lactâmicos, a toxicidade associada a doses excessivas é res- ponsável por causar convulsões e alterações do estado de consciência, nefrite in- tersticial e elevação de gama-glutamiltransferase. Desse modo, é importante uma maior atenção em caso de uso de dosagens mais agressivas para tratamento de certas infecções causadas por organismos menos susceptlveis. É importante a monitoração da função renal e hepática, além do monitora- mento dos parametros hematológicos, pelo risco de lesao renal, principalmente quando em associação com vancomicina, e hepática, além de complicações he· matológicas, como sangramentos, leucopenia e neutropenia. Em caso de surgi- mento de qualquer tipo de rash, monitorar atentamente, uma vez que já foram reportados casos de reações cutâneas graves, como necrose epidérmica tóxica, Steven-Johnson e reação à droga com eosinofilia e sintomas sistêmicos (ORES$). 48 .. ' I ( .. ki.:: ) ' , ..... }-- I I , ~ .... - ~" Pipcracilina Tazobactam I I I I I I I I I "'"""""" REFERÊNCIAS 1. LAGAa-wlENS, Philippe; RUBINSTEIN, Ethan. Adverse reactions to ~-lactam antimicrobials. Expert opinion on drug safety, v. 11, n. 3, p. 381 -399,2012. 2. IMANI, Sahand et ai. Too much of a good thing: a retrospective study of (l-lac- tam concentration- toxicity relationships. Journal of Antimicrobial Chemo- therapy, v. 72, n. 10, p. 2891 -2897,2017. 3. HAYASHI, Yoshiro et ai. Pharmacokinetic evaluation of piperacillin-tazobac- tam. Expert opinion on drug metabolism & toxicology, v. 6, n . 8, p. 1017-1031, 201 0. 4. GIN, Alfred et ai. Piperacillin- tazobactam: a ~-lactaml~-lactamase inhib ltor combination. Expert review of ant i-infective therapy, v. 5, n. 3, p. 365-383, 2007. 5. SALOMÃO, Reinaldo.lnfectologia: bases cl fnicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 598 p. 6. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto - Tratado de lnfectologia - 2 Volumes - 4' Edição, Editora Atheneu, 2010. 50 Cefalosporinas Francisco Eliézio Tomaz Filho As cefalosporinas foram descobertas a partir de extratos de culturas de fungo chamado de Cephalosporium acremonium e fazem parte do grupo de antibióticos beta-lactâmicos juntamente com penicilinas, carbapenêmicos e monobactans. Como outro medicamento desse grupo, age inibindo as proteínas ligantes de penicilina (PBP • penicillin binding protein), que são responsáveis pela síntese da camada de peptideoglicano das bactérias. Ao Inibir essas estruturas, há o rompi· mento da parede celular bacteriana e consequente lise desses microrganismos, sendo, por isso, considerados medicamentos bactericidas. t um grupo de antibióticos dividido em cinco gerações, contendo alguns re· presentantes que compartilham espectro de ação e estruturas químicas seme· lhantes. Nesse sentido temos: 1•geração: possuem resistência à penicilinase estafilocócica, mas são bas- tante sensíveis às beta-lactamases produzidas por Gram-negativas. Desse modo, cobrem adequadamente S. aureus e estreptococos, além de terem certa atividade contra S. pneumonioe e bacilos Gram-negativos entéricos. Cefalotina, cefazolina, cefalexina e cefadroxil são seus representantes. 2• geração: possuem melhor ação cont ra S. pneumonioe e Hoemophi/us, além de manterem espectro de aç~o semelhante para estreptococos e bacilos Gram-negativos entéricos, todavia têm menor ação contra estafi- lococos. Vale ressaltar que a cefoxitina possui ação contra anaeróbios e é resistente à hidrólise pela ESBL. Cefuroxima, cefaclor e cefoxitina consti· tuem esse grupo. 3• geração: nesse grupo estão as principais cefalosporinas de uso clíni· co, sendo antibióticos de amplo espectro ao aumentarem sua atividade contra Gram·negativos (cobertura para meningococos, gonococos, Hae· mophilus, BGNE), manterem atividade contra os Gram-positivos cobertos pela segunda geração, além de alguns representantes terem atividade antipseudomonas (ceftazidima). Ceftriaxona, ceftalozane, cefotaxima e ceftazidima são as drogas constituintes dessa geração. 4• geração: possuem cobertura de amplo espectro que se assemelham às cefalosporinas de terceira geração, tendo melhor cobertura para estafilo· cocos e P. aeruginosa. O principal representante é o cefepime. 5 1 s• geração: possuem espectro semelhante à quarta geração, todavianão cobrem bem P. aeruginosa. Além disso, uma grande mudança é sua ação anti·MRSA, sendo considerada uma revolução na época de seu lançamen· to, por ser o único beta·lactâmico a cobrir tais germes. A posologia, farmocinética e farmacodinâmica dependem de cada droga e serão abordadas nos capítulos/mapas dos principais representantes das cefalos· porínas. Além disso, apesar de diferentes perfis de efeitos adversos, podem ser consideradas drogas bem toleradas, sendo, muitas vezes, 1' linha para pacientes alérgicos a peniclllna.s. Kit'ii r;'i ........ ~OM; fOonl)c()(n 1(,'1,1 <;'! CõQn ~~ "' ~. _,., ~ ,., ......... ' .. .. ... ' ' ' \ ~ I I \ I ccfalosporinas ' ~ .... i 1 I I I 1 I 1 I I I I I I I I I I I I I I I Cdôlll'6u ~,..,.. r:lfl.nw!Jri.., tréocJo de pdr ~ .... ~ Mnle~ ............. "'r _ ... ........,~ REFERÊNCIAS 1. PAGE. M.G. Cephalosporins in clinicai development. Expert oplnion on inves- tigational drugs, v. 13, n. 8, p. 973-985, 2004. 2. SALOMÃO, Reinaldo. lnfectologia: bases clinicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 598 p. 3. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto - Tratado de lnfectologia - 2 Volumes - 4' Edição, Editora Atheneu, 2010. Cefalexina Daniel Girão Britto A cefalexina é um antibiótico betalactâmico da primeira geração de cefalos- porinas, que, assim como outros medicamentos da classe, tem ação bactericida, já que ele se fixa nas proteínas ligadoras de penicilina, e inibe a síntese da parede celular. havendo consequente li se osmótica no processo de divisão binária da bac- téria. Seu espectro de ação abrange várias bactérias aeróbicas Gram-positivas e Gram-negativas. não atingindo bactérias anaeróbicas. fungos e vírus. No entanto, grande parte das bactérias aeróbicas desenvolveu resistência à cefalexina, haven- do atualmente ação mais efetiva contra infecções estafilocócicas e estreptocócicas. A administração é feita por via oral, havendo excelente absorção intestinal, e uma meia-vida de aproximadamente uma hora. Seu pico sérico ocorre dentro de uma hora, mas pode ser atenuado junto com a ingestão de alimentos. A excreção é, em grande parte, por via renal, assim, deve ter sua dose ajustada em pacien tes com doença renal crônica. Está indicado no tratamento de infecções agudas, dependendo do agente etiológico, como: infecções extra-h ospitalar estafilocócicas, especialmente infec- ção de pele e partes moles (hordéolo, furúnculo e celulite) e ferimentos infecta- dos; infecção urinária não complicada, especialmente em gestantes; otite média aguda; faringite; amigdalites; osteomielite; artrite; e infecção do trato respirató- rio. Também serve de alternativa ao tratamento de faringoamigdalite purulenta, após haver falha no tratamento com penicilina. A dose é geralmente de 30 a 50 mg/ kg/dia. sendo a dose em adultos entre 2 a 3 g/dia, fracionando -se de 6 em 6 horas, em todo caso. Em infecções pediátrícas graves, a dose vai de 75 a 100 mg/kg por dia. Os efeitos adversos são incomuns, mas podem incluir reações gastrointesti· nais (náuseas. vômitos, dor abdominal e diarreia) ou reações de hipersensibillda- de (exantema, eosinofilia, febre, prurido e edema). 55 f'iodcormks , , , I I ; """'- I , I ' ,.._"'"' inle<'i] 0 ""'""" lnfe«6<> p 0 11\i , lndlcaçll.-. t \ uw lmlpfulko \ I , cefalexina adrinl~lrõl(.}Q e \La uul ~~o e at:n;~l REFERÊNCIAS 1. Monografia da AHFS na Drugs.com sobre cefalexina. Disponível em: <https://www.drugs.com/monograph/Cephalexin.html>. 2. Walter T. Antibióticos e Quimioterápicos para o Clínico. 3. ed. São Paulo: Edi- tora Atheneu; 2015. 3. Revisão sobre antibióticos da Escola de Medicina de Standford. Disponível em: <http://errolozdalga.com/medicine/ pages/OtherPages/ Anti bioticRe- view.ChanuRhee.html>. 4. SALOMÃO, Reinaldo. lnfectologia: bases clínicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.598 p. S. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto - Tratado de lnfectologia - 2 Volumes - 4• Edição, Editora Atheneu, 2010. 57 Cefalotina Hannah Parente Auad A cefalotina é uma cefalosporina de primeira geração, semissintética e de am- plo espectro. Assim como as outras cefalosporinas, a cefalotina age inibindo pro- teínas lígantes de penicilina, impedindo a síntese do peptidog licano e, portanto, inibindo a síntese da parede celular bacteriana. Ela atua principalmente contra bactérias Gram·positivas, como Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae e Streptococcus pyogenes. Atua também contra Gram-negativos incluindo Escheri- chia co/i, Klebsiella sp. e Proreus mirabilis. Esse fármaco é utilizado em infecções do trato respiratório, em infecções da pele e partes moles e em profilaxia cirúrgica, na dose de SOOmg IM ou IV de 6 em 6 horas. Deve-se ajustar a dose pela função renal Há evidência de reação alérgica cruzada entre penicilinas e cefalosporinas, de- vendo haver cautela no uso em pacientes com histórico de alergia a penicilinas. As reações adversas incluem hipersensibilidade, podendo ocorrer erupções cu taneas maculopapulosas, u rticária, reações semelhantes às da doença do soro e da anafilaxia. Efeitos hematológicos são neutropenia, trombocitopenia e ane- mia hemofílica autoimune por drogas. A cefalotina é excretada no leite materno, apesar de não terem sido docu- mentados reações adversas graves nesse contexto. Pertence à categoria de risco B, não devendo ser utilizada por grávidas sem orientação médica ou do cirurgião- -dentista. 59 ... ... ' ' ' ' ' I lfN.icotn. ·~ " p.~mk c.dut.-. b.iltl~ mdo dt lnhcJo cb ptoduçJo d~ ~\ cefalou-·n_a.....,. Y[ ~c.Ciir8~~5ii•~••] I \ .. [ ) '....... . .._ _____ ..,..., ............... ~()(_ ............. '%' f ·~ '"'-· ~ I I I , (Fa I I I I I ::~ e:u )4 rwwdo 8 \1.llntr.l\o'~~ ej ,,._....,... - ... ... ' ' ' ' ' I lfN.icotn. ·~ " p.~mk c.dut.-. b.iltl~ mdo dt lnhcJo cb ptoduçJo d~ ~\ cefalou-·n_a.....,. Y[ ~c.Ciir8~~5ii•~••] I \ .. [ ) '....... . .._ _____ ..,..., ............... ~()(_ ............. '%' f ·~ '"'-· ~ I I I , (Fa I I I I I ::~ e:u )4 rwwdo 8 \1.llntr.l\o'~~ ej ,,._....,... - REFERÊNCIAS 1. HAUSER, Alan R. Antibióticos na prática cllnlca: Fundamentos para escolha do agente antibacteriano correto. Porto Alegre: Artmed, 2009. 2. TAVARES, Walter. Antibióticos e Quimioterápicos para o clínico. 3. ed. São Pau- lo: Atheneu, 2014. 3. SALOMÃO, Reinaldo. lnfectologia: bases clínicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. S98 p. 4. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto - Tratado de lnfectologia - 2 Volumes - 4• Edição, Editora Atheneu, 2010. 61 Cefuroxima Lucas lessa de Sousa A cefuroxima é uma cefalosporina de segunda geração com efeito bactericida devido a inibição da síntese de parede celular. Além disso, ela inibe a proteína lígante de penidlína (PBP), fazendo com que a síntese do peptídeoglícano seja comprometida. Este antimicrobiano possu i duas formas químicas comercializadas atualmen- te: axetilcefuroxima e cefuroxima sódica. A axetilcefuroxima é administrada por via oral e é indicada em casos de sinusite, faringite e/ou amigdalite, otite média, pneumonia, bronquite, infecções não complicadas do trato urinário e infecções de pele. A cefuroxima sódica, à qual é administrada por via intravenosa ou intra- muscular, abrange o mesmo espectro da axetilcefuroxima, com adição de doen- ças osteoarticulares, ginecológicas, como profilaxia cirúrgica e em casos de go- norreia, meningite e peritonite. A cefuroxíma é excretada no leite materno, portanto seu uso em mulheres lac· tantes deve ser feito com muita cautela. Em crianças, a dose de axetilcefuroxima deve ser de 1 O a 15 mg/kg duas vezes ao dia, não podendo u ltrapassar 250 mg/ dia em casos de Infecções de garganta e trato respiratório superior e até 500 mg/ dia em casos de piodermites, pneumonia e otite média. Com relaçãoaos efeitos adversos, estes costumam ser leves e passageiros. Do- ses elevadas podem causar reações no SNC, como convulsões. 63 Aurtornlo ;.,.. nl\t~ dn tn~ h~.,\ r.oMnalilb I I I ---- ~~-- cefuroxima 'ftd'' e ~- b.kwridd, \h"t .mi\oniO ' o I .,., Me "'""'"" -·· • .-.lbc polein:t!. ~. pc::;An;: I I I \ ' - Alfmlni~J() e (ri ... 'OU'IU w'ldc..a e ............ """-.... ...,., REFERÊNCIAS 1. Aurobindo Pharma Indústria Farmacêutica Ltda. Bula profissional do medi- camento axeti lcefuroxima. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/data- visa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=19749702016&pldAne- xo=3646871. Acesso em: 09110/2018 2. Aurobindo Pharma Indústria Farmacêutica Ltda. Bula profissional do med i- camento cefuroxima sôdica. Disponível em: h ttp://www.anvisa.gov.br/data- visa/tila_bula/frmVi sualizarBula.asp ?pN u T ransacao= 11 7023920 16&pldAne- xo=3047454. Acesso em: 09/ 10/2018 3. HAUSER, Alan R. Antibiôticos na Prática CHnica: fundamentos para escolha do agente antimicrobiano correto. Artmed, 2009; 2:44-72. 4. SALOMÃO, Reinaldo. lnfectologia: bases clínicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 598 p. 5. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto - Tratado de lnfectologia - 2 Volumes - 4• Edição, Editora Atheneu, 2010. 65 Ceftriaxona Gisele Nogueira Bezerra Ceftriaxona é um antibiótico beta-lactâmico bactericida do grupo das cefalosporinas de terceira geração. Bloqueia a síntese proteica por meio da ligação às proteínas ligado- ras de penicilina, apresentando atividade contra bactérias Gram-positivas e Gram·nega- tivas. mas sem ação adequada contra Pseudomonas oeruginosa e contra bactérias atíp~ cas. Entre as Gram-positivas, a droga pode ser inativa contra estreptococos com elevada resistência a penicilinas e aos estafilococos meticilinorresistentes (MRSA), mas pode ser usada contra pneumococos e estafilococos sensíveis à meticilina (MSSAJ. Entre os Gram· -negativos. é potente contra bactérias entéricas e é ativa contra gonococos e hemófilos produtores de beta·lactamase. A droga tem ainda atividade contra anaeróbios, como os Clostridium, Fusobacterium e Bocteroides melaninogenicus e contra espiroquetas. como o Treponema pallidum. Contudo, não tem ação contra Legionella, Usteria. Flavobacterium, Mycoplasma. Chlamydia. Enterococcus e Bacteroides fragilis. ~ um fármaco apresentado em forma de sal sódico para formulações com ab- sorção exclusivamente parenteral, sendo usadas as vias intravenosa e intramuscular. A sua conformação espacial determina eliminação lenta, com tempo de meia-vida aproximado de 7 horas. Distribui-se nos tecidos de forma ampla, com boa penetra· ção nas barreiras hematoencefálica e placentária. Não é contraindicado aleitamento devido às baixas concentrações no leite materno. A excreção ocorre principalmente por via renal, mas também por via biliar. Os 213 excretados pela bile podem sofrer precipitaç.\o formando sal de cálcio na vesfcula biliar, fenômeno que pode evoluir assintomático ou com quadro de cólica biliar. Esse efeito adverso é reversível, com resolução espontânea em até 2 meses após a suspensão da ceftrlaxona. As doses usuais são de 1 g ou 2 g a cada 12 ou 24 horas, de acordo com o tipo e a gravidade da infecção. A principal indicação do uso de ceftriaxona é em infecções meníngeas. com dose de 2 g a cada 12 horas por uma semana, via IV. A profilaxia para peritonite bacteriana espontânea (PBE) consiste em 1 g/dia de ceftriaxona. Já a anti- biotícoterapia para casos instalados de PBE é feita com 2 g/dia de ceftriaxona por 5 dias. A associação com metronidazol é indicada também para tratamento de infec· çôes intra·abdominais complicadas. Infecções urinárias, incluindo pielonefrites. são outra importante indicação e podem ser tratadas com dose de 1 g/dia desse fármaco. As cefalosporínas são bem toleradas, com possibilidade de reações locais as· sociadas à aplicação. No período neonatal, ou tro efeito adverso possível é odes· locamento de bilirrubina da albumina, com potencial de impregnação nos núcle· os da base e desenvolvimento de Kernicterus. 67 e .. ~ , , I NIIÂIIII14J di.II .. IIU .. , ... IV I .o:::::::;-::...:;::..:,,..:~=:c..,.:::;:""':..::': ... ::..:'::".::·~-e-=~~~-- - -, ~ , .. ~u-.do"'.....,;~"~.. 0111r0t -- ~.,., 15fn!e~f101' , .. \ b" ceftrlaxona -e""'*""" UI at!Uib li ua lllbf " " e o.otçlo ~-=.::'"":::..:.' """":::::~~~-~a tiM:b t"Mdllmo I I I I I \ ' ~- .. , ... ; ; , , , , , I I I I \ ' ~- .. \ ' ... .. REFERÊNCIAS I. Tavares, Walter. Antibióticos e qulmioterópicos para o clínico/Walter Tavares. - 3. ed. rev. e atual · São Paulo: Editora Atheneu, 2014. 2. Hauser, Alan R.· Antibióticos na prát ica cl ínica: fundamen tos para escolha do agente antibacteriano correto/Aian R. Hauser; traduçao Ivan carlquist · Porto Alegre: Artmed, 2009. 3. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Prevention and control of meningococcal disease: Recommendations of the Advisory Committee on lmmunization Practices (ACIP). MMWR Recomm Rep. 2005;54(RR-7):1 · 17. 4. Bratzler DW, Dellinger EP, Olsen KM, et ai, "Clinicai Practice Guidelines for Anti· microbia/ Prophylaxis inSurgery; Am J Health Syst Pharm, 2013, 70(3):195·283. [PubMed 23327981 ). 5. Ceftriaxone for injection (prescribing information). Lake Forest, IL: Hospira lnc; June 2017. 6. SALOMÃO, Reinaldo. lnfectologia: bases clinicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 598 p. 7. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto · Tratado de lnfectologia • 2 Volumes • 4• Edição, Editora Atheneu, 2010. 69 Cefepime Edite Carvalho Machado As cefalosporinas são antibióticos betalactâmicos quimicamente semelhan- tes às penicilinas. Sua estrutura central é formada por um núcleo bicfclico cha· mado de grupo cefém ou cefema, o 7-ACA (ácido 7-aminocefalosporânico), que possui um anel beta-lactâmico e um di·hidrotiazina. O cefepime é, atualmente, o único representante das cefalosporinas de quarta geração, caracterizadas por possuírem grande resistência à ação de betalactamases de origem plasmidial e cromossômica, exercendo pouca indução sobre essas enzimas. O espectro de ação do cefepime inclui, além de bactérias gram positivas, como MSSA e estreptococos não resistentes à penicilina, representantes gram negativos, como Pseudomonas aeruginosa. Neisseria spp. e enterobacteriáceas. Entretanto, sua atividade é limitada para microrganismos produtores de betalac- tamases de espectro expandido (ESBL), além de não ter ação contra enterococos, estafilococos resistentes à meticilina (MRSA), anaeróbios do grupo do B. fragilis e bactérias atípicas. A absorção desse antibiótico ocorre apenas via parenteral, podendo ser ad· ministrado via intravenosa ou, menos comumente, via intramuscular. A droga concentra-se nos líquidos corporais, tendo meia-vida sérica de duas horas e bai- xa ligação a proteínas, o que lhe confere atividade por cerca de 1 O a 12 horas. O cefepimeé indicado em situações cHnicas de infecções nosocomiais, sendo administrado 1g IV, de 12 em 12 horas, ou, em casos como endocardite, infec- ções graves e sepse, 2g IV, de 8 em 8 horas. Em pacientes neutropênicos, o ce- fepime pode ser ut ilizado como monoterapia, com posologia de 2g IV, de 8 em 8 horas, em adultos. Em crianças, a dose terapêutica é de 50mg/kg, de 12 em 12 horas ou de 8 em 8 horas, dependendo da gravidade da infecção. Poucos pacientes manifestam reações adversas ao uso desse antibiótico, po- dendo apresentar febre, cefaleia, reações de hipersensibilidade cutâneas, efeitos gastrintestinais e sintomas neurotóxicos, como parestesias e mioclonias. Deve- ·se lembrar da relativa contra indicação do uso desse medicamento em pacien- tes idosos e com disfunção renal (clearance de creatinina abaixo de 30 ml/min), pelo risco aumentado de encefalopatia grave associada a esse fármaco. 71 1 fdto~ ~uêntn&ln.~l" ••~>« confusàomm~al -- ... ; , ... I , ' ' \ I caaw.1tskdt• Ciaalo cefepime REFERÊNCIAS 1. HAUSER, Alan R. Antibióticos na prática cllnlca: Fundamentos para escolha do agente antibacteriano correto. Porto Alegre: Artmed, 2009. 2. TAVARES, Walter. Antibióticos e Quimioterápicos para o clínico. 3. ed. São Pau- lo: Atheneu, 2014. 3. SALOMÃO, Reinaldo. lnfectologia: bases clínicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. S98 p. 4. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto - Tratado de lnfectologia - 2 Volumes - 4• Edição, Editora Atheneu, 2010. 73 Ceftarolina Dalila Uchôa Sousa A ceftarolina pertence à classe das cefalosporinas de quinta geração, também denominadas cefalosporinas anti·MRSA, pois são os únicos betalactamicos com essa propriedade. Como outros agentes da classe, atuam bloqueando a síntese da parede celular bacteriana, sendo efetivo especialmente contra MRSA e PRP. Esse antibiótico possui atividade contra as bactérias resistentes à oxacilina, como S. aureus e S. epídermídís; os pneumococos resistentes às penicilinas e às cefalosporinas; e os estafilococos VISA e VRSA em menor efetividade. Também pode ser utilizada contra alguns Gram·negativos como Haemophílus ínfluenzae e bacilos Gram·negativos entéricos. Portanto, seu uso está indicado principalmente para o tratamento de infec· ções complicadas de pele e partes moles e de pneumonias por S. pneumoníae e H. ínfluenzae. A ceftarolina é administrada sob a forma de uma pró-droga que é convert i· da enzimaticamente no f~rmaco ativo. Sua ligação às proteínas plasmáticas é de apenas 20% e cerca de 50% da dose administrada não é metabolizada, sendo eliminada pelos rins, o que suscita ajustes importantes da dose em pacientes com insuficiência renaL As reações adversas mais frequentes que são relatadas no uso da ceftarolina são cefaleia, diarreia, náuseas, e prurido, sintomas que se apresentam geralmente em leve ou moderada intensidade. De forma mais rara, reações de hipersensibil i· dade também são descritas, o que justifica a precaução no uso em casos de rea· ções prévias a qualquer outro antibiótico beta·lactâmico. Também pode ocorrer teste de Coombs direto positivo, embora a maioria dos estudos cllnicos não tenha mostrado evidência de hemólise nesses pacientes. 75 1o'b patftler:JI Ad~ mnd(ltr~U~Çlt) ml!ilftjllc.J nof.irmxoaWo <elalo~porind de s9 ~er.a<,..lo , I I I , .. , , I r Farm;nol:inl"'il:<l c: mc:t.thull,mu I I I I I \ \ \ ' , I I r \ \ , I I I I ceftarolina .... I I I , , .. ' ' -- .. \ \ \ \ ' \ I 11 Uh coombs cirt1o posilfto ~ n.,.,Y dr ••·•C"•nw ht-nt~Mik• REFERÊNCIAS 1. BIEK, O. et. ai. Ceftaroline fosamll: a novel broad-spectrum cephalosporin with expanded anti-Gram-positive activity. Journal o f Antimicrobial Chemoterapy. v.4, n.65, p. 9-16, 201 O. 2. POON, H,; CHANG, M. H.; FUNG, H.B. Ceftarolina fosamil: a cephalosporin with activity against met hicilin-resistant Staphylococcus aureus. Clinicai Thera- peutics. v.4, n.34, p. 743-765, 2012. 3. TAVARES, W. Antibiót icos e quimioterápicos para o clínico. 3. ed. rev. e atual. - São Pau lo: Ed itora Atheneu, 2014. capítulo 12, p. 225-227. 4. SALOMAO, Reinaldo. lnfectologla: bases clfnicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.598 p. S. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto - Tratado de lnfectologia - 2 Volumes - 4• Edição, Edi tora Atheneu, 2010. 77 Ceftazidima-avibactam Gabriel Moura Frota A ceftazid ima é uma cefalosporina de 3• geração, possuindo atividade contra algumas bactérias Gram-positivas; no entanto, tem maior cobertura antimicro- biana contra Gram-negativas, especialmente Pseudomonas aeruginosa. Sua ação bactericida consiste na inibição das proteínas ligadoras de penicilina, as quais participam da síntese dos peptidoglicanos que compõem a parede celular bac- teriana. A administração é exclusivamente por via intravenosa. Pode atravessar a bar- reira hematoencefállca, sendo útil no tratamento contra meningites. Não sofre metabolização hepática nem renal. Embora seja excretada pela bile, a maior parte é eliminada via filtração glomerular. ~ ind icada em infecções de pele e partes moles, pielonefri tes, osteomielites, pneumonias, sepses e meningoencefalites causadas por germes Gram-negativos, especialmente P. aeruginosa. Esse medicamento pode ser utilizado no tratamento de infecções causadas por estafilococos sensíveis à meticilina, estreptococos, me- ningococos, hemófilos ou enterobacteriáceas (Prateus spp, Klebsie/la spp, Serratia spp, E. co/i, Enterobacter spp). Indica-se a ceftazidima em casos de abscessos cerebrais causados por otites crõnicas e no tratamento empírico da neutropenia febril, especialmente em al- guns protocolos de pacientes pediátricos, em que esse medicamento ainda é uti- lizado com frequência. Esse fármaco é utilizado ainda no tratamento da Burkhol- deria pseudomallei, bactérias associadas a infecções graves e potencialmente fatais. Para adultos, a dose varia entre 1 a 2 g em intervalos de 8/8 ou 12/ 12 h. Em crianças, utiliza-se de 60 a 100 mg/kg/dia, fracionada a cada 8 ou 12 horas. No caso de recém-nascidos, é indicado o tratamento com 60 mg/kg/dia de 12/12 h o· ras. Em pacientes adultos com insuficiência renal moderada a grave com anúria, são utilizadas as doses de I g a cada 12 ou 24 horas e 0,5 g a cada 24 horas. Entre os efeitos colaterais, os mais frequentes são diarreia, elevações de tran- saminases e de fosfatase alcalina séricas e reações de hipersensibilidade acom- panhados por febre, rash e eosinofilia. Pode haver supercrescimento de cepas resistentes ou fungos, especialmente cândida. 7 9 O avibactam é um inibidor de (3-lactamase não (3-lactâmico utilizado em con- junto com a ceftazidima no t ratamento cont ra Pseudomonas aeruginosa e ente- robacteriáceas resistentes. O avibactam atua nas (3-lactamases bacterianas das classes A e C de Ambler. Essa associação é indicada em infecções intra-abdomi· nais e urinárias graves provocadas por Gram-negativos resistentes à ceftazidima ou a outros antibióticos de espectro similar, como ceftriaxona e cefepima. A dose da associação ceftazldima-avibacta m é de 2,5g de 8/Sh. 80 f:.i*= I • lo! X -- ~--=:.=~·~·:....:-=.;•::•;;~::-=:-=:;~· I - e '*=J - l ~- ' r ... ~ ........ ... _, ~,6ft ............ ~k~~1--~· _,, _m,., ...... lttr .. -- -- ---._ ' , ccftazJdima - ~•;;.:v;.;•;;.;.• .:;;;"' , -- ·- I ... ; , ... -o bel ... ' llipt•w n··+ I .... ..... ........ (ku(»dt•=-1 ............... t ......... . ............... - ... . ~- REFERÊNCIAS 1. Walter Tavares; Antibióticos e Quimloterápicos para o CHnico; 3• ed., Editora Atheneu, São Paulo, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Belo Horizonte, 2015. 2. https://www.drugs.com/mtm/avibactam-and-ceftazidime.html 3. SALOMÃO, Reinaldo. lnfectologia: bases clínicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.598 p. 4. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto - Tratado de lnfectologia- 2 Volumes - 4' Edição, Editora Atheneu, 2010. 82 Carbapenêmicos Gabriel Pinheiro Martins de Almeida e Souza Os carbapenêmicos sao fármacos antibacterianos descobertos na segunda metade do século XX. O mecanismo de ação dessa classe é baseado na inibição da sfntese da parede celular. No entanto, os carbapenêmicos se diferenciam dos demais por atravessar os envoltórios celulares de maneira mais rápida, principal· mente nas bactérias Gram-negativas, devido à capacidade de atravessar pelos canais porfnicos. Os medicamentos da classe são o imipenem, meropenem e er· ta penem. Esses antibióticos são excretados preferencialmente por via renal, sendo ne· cessário o ajuste da dosagem conforme função renal. A via de administração é preferencialmente intravenosa, e, em casos específicos, intramuscular. O doripe· nem, carbapenêmico de última geração, é o único da classe que pode ser usadovia oral. O espectro de açao dessas drogas é amplo, abrangendo bactérias Gram-po· sitivas, Gram·negativas e anaeróbias. Desse modo, é eficaz contra estreptococos, pneumococos, MSSA. hemófilos, gonococo, meningococo, Escheríchia co/i, Kleb· siella spp, Proteus spp, Salmonella spp, Shigella spp, Pseudomonas spp., Acinetobac· ter spp. e Bacterioides fragilis. Enterococos são sensíveis, exceto os Enterococcus faecium e os E. faecalis resistentes à ampicilina. Esse grupo de antibióticos não é inativado pelas beta-lactamases de espectro expandido produzidas por bacilos Gram·negativos, como Klebsíella spp e E. co/i ESBL No entanto, sofre inativação por carbapenemases presentes, por exemplo, na Stenotrophomonas maltophilia. Embora possuam um amplo espectro de ação, esses antibiót icos não apresen· tam atividade contra MRSA. A principal indicação dos carbapenêmicos são infec· çóes graves hospitalares por microrganismos resistentes. Podem ser empregados em infecções respiratórias, urinárias, ginecológicas, osteoarticulares, intra·abdo· minais e de pele e partes moles. A presença de microrganismos resistentes aos carbapenêmicos é um grave problema de saúde. As opções para o tratamento nesses casos são l imitadas. 83 .............. .. U lf"'• "--o-~ M.tk• ~JO"" ~ ...,..-os . ...... di.-.....u ~"'::';:.' ::""::.::'"":::::·rb:::onoC):::::::::~.""':::I!:::~:.:•~~e~7--":::'::,.:c:';:;":::.m --~ (~...,;-;~\~~) ' f~·-~ Wdti? 1 ef '---,r"•- • _ _, carbapenêmicos I ( " +k ' I I 1._ .... 1 , -- ~ ..... , .... ... - - ~·· ·~ ...... L'"tt?NI .._. Mu ~ -"*<do do r.tumo ~ ..an,oo ~, .... a "*u«i-~1. ...,_il'lft.~r pal • -....._ I * -........ ~ .. REFERÊNCIAS 1. TAVARES, Walter. Antibióticos e quimioterápicos para o cHnico. - 3 ed. Athe- neu, 2014. 2. PAPP-WALLACE, Krisztina M. et ai. Carbapenems: past, present, and future. Antimicrobial agents and chemotherapy, p. AAC. 00296-1 1, 201 1. 3. HAUSER. Alan R. Antibióticos na Prática Clínica: Fundamentos para escolha do agente antibacteriano correto. Porto Alegre, Artmed, v. 328, 2009. 4. SALOMÃO, Reinaldo. lnfectologia: bases clínicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.598 p. S. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto- Tratado de lnfectologia - 2 Volumes - 4• Edição, Editora Atheneu, 2010. 815 Ertapenem Renato Soares Gadelha O ertapenem é um antibiót ico beta-lactâmico, da classe dos carbapenêmicos. Assim como outros fármacos do grupo, age inibindo as proteínas l igantes de pe- nicilina {PBP • penic/1/in binding protein), causando lise da parede celular bacteria· na. Sua estrutura química bicíclica e a ad ição da cadeia lateral hidroxietila confere ao antibiótico espectro de ação amplo e resistência à maioria das betalactamases. O ertapenem é bastante ativo contra bactérias Gram-positivas, Gram-negati· vas {especialmente enterobacteriáceas) e anaeróbias. Age, ainda, sobre microrga· nlsmos produtores de betalactamases de espectro expandido (ESBL • exrended·s· pecrrum beta-factamase). No entanto, a atividade contra MRSA. Pseudamonas spp. e Acinetobacter spp. é limitada. Outra vantagem do ertapenem é a sua administração. Esse fármaco possui meia-vida sé rica prolongada, sendo administrado apenas uma vez ao dia, por via intravenosa ou intramuscular. Ademais, não sofre inativação pelas peptidases re· nais, ao contrário do imipenem, não necessitando da associação com cilastatina para ser empregado. O ertapenem é eliminado por via renal e bílíar. As principais indicações terapêuticas do ertapenem são infecções relaciona· das a enterobacteriáceas (especialmente Escherichia co/i e Kfebsieffa pneumoniae), como ITUs complicadas, infecções intra-abdominais, pé diabético, etc. Caso sus· peita de Pseudomonas aeruginosa ou Acinetobacter spp. em infecções hospita· lares, o ertapenem não deve ser utilizado. Prefere-se esse carbapenêmlco para tratamento de ESBL pela menor chance de seleção positiva de Pseudomonas ou Ac/netobacter, tendo em vista que esse fármaco não possui cobertura contra es· sas bactérias. O ertapenem costuma não causar efeitos adversos graves, mas o paciente pode apresentar febre, náuseas e vômitos. Além d isso, como outros carbapen~· micos, esse fármaco pode causar crises convulsivas, e sua administração, portan· to, deve ser cuidadosa em pacientes com histórico de doenças neurológicas ou lesão renal. A dose util izada é de 1 g/ dia por via intramuscular ou intravenosa. Essa posolo· gia é cômoda especialmente para tratamento ambulatorial de infecções ou para desospitalização de pacientes. 87 I I I I / , ' ' \ I .,. Ulo lu .... lll~a ; ; '------...1 , \t' liwn dr l'w•udum~ r ........... ,.ll irf ,.,,,"" •• .. .. ' I I I ( Cã;;d;riiiic:.-1 - / caa**'· r -.... .. Ertapenem ' .... ~ *' ___ ,.,. fa I .iélka C ........ REFERÊNCIAS 1. Tavares, Walter. Antibióticos e quimioterápicos para o clínico. 3 ed, p. 235-236. Atheneu, 2014. 2. SALOMÃO, Reinaldo. lnfectologia: bases clfnicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 598 p. 3. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto - Tratado de lnfectologia - 2 Volumes - 4• Edição, Editora Atheneu, 2010. 8 9 lmipenem Paulo Esrom Moreira Catarina Considerado o p rimeiro carbapenêmico disponível para tratamento de infec- ções bacterianas, o imipenem tem como característica seu amplo espectro de at ividade contra bactérias Gram-positivas, Gram-negativas e germes anaeróbios, com efeito bactericida tempo-dependente. Atualmente, persiste como antibiótico uti lizado em infecções nosocomiais, principalmente em pacientes graves e/ou com suspeita de infecção por germes resistentes. Trata-se de uma droga da classe dos beta-lactâmicos, tendo como ca- racterística sua grande estabilidade contra beta-lactamases. ~uma droga suscetível à enzima desidropeptidase renal, motivo pelo qual sua formulação comercial é composta pelo inibidor dessa enzima, a cilastatina. O imi- penem consegue por meio da penetração do espaço periplasmático de bactérias Gram-negativas realizar a acetilação de PBP. estando disponível para uso em for- ma intravenosa e intramuscular. Comparado a drogas da mesma classe, o imipenem apresenta maior atividade in vitro contra Gram-positivos em relação ao meropenem, sendo mais potente contra Aclnetol>octer l>oumoníl. Possui boa atividade contra bactérias Gram-ne- gativas não fermentadoras, como Pseudomonas aeruginosa, d iferente do ertape- nem, por exemplo Também está indicado na sepse bacteriana, infecções ginecológicas, infecções intra-abdominais complicadas, pielonefrite e infecções de pele, se combinado com um agente ativo contra MRSA. Utiliza-se na dose máxima de0,5-1g de 6/6h. Esse fármaco está associado a crises epilépticas tônico-clônicasgeneralizadas, possuindo eliminação renal, com necessidade de ajuste pela função renal do pa- ciente. 91 AltanJ~~·g -O-.., d<p<p~M ~ por ~n4t' tt'\kttnlt' tl'lflt.tç6es ll'lln•:.bdomiNiil d~ aç3o .:;<""'f'fiu=::::=-"" to~'=ndk"'"'" ........ ".l{ '*' l<npfulko J ~nrttçOts rJnteolóP Jru complklKb .,~ c1c pdt ~e mo~n Ml"lll: •ao tmipenem drllo.C'GII '* , I I I t-o l REFERÊNCIAS I. Joseph J, Rodvold KA. The role of carbapenems in the treatment of severe nosocomial respiratory tract infections. Expert opinion on pharmacotherapy, 2008. 9(4):561 -575. 2. Papp-Wallace KM. et ai. Carbapenems: past. present, and future. Antimicro - bial agents and chemotherapy 201 1. 3. Shah PM. Parenteral carbapenems. Clinicai Microbiology and lnfection, 2008; 14: 175-180. 4. Sutter R, Rüegg S, Tschud in-Sutter S. Seizures as adverse events of antibiot ic drugs A systematic review. Neurology, 2015. 5. SALOMÃO, Reinaldo. lnfectologia: bases clínicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.598 p. 6. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto - Tratado de lnfectologia - 2 Volumes - 4• Edição, Editora Atheneu, 2010. 93
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