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Os 7 Critérios de Penteado para CONCAUSA (Maio 2017) pdf

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MAIO / 201770 REVISTA PROTEÇÃO
NEXO CAUSAL
Critérios sugeridos
A avaliação de concausa nas doenças ocupacionais pode ser feita de forma objetiva
José Marcelo de Oliveira Penteado
O estabelecimento ou não do nexo de 
concausa na Justiça do Trabalho tem sido 
um grande desafio e motivo de discussões 
acaloradas, angústias e frustrações em pe-
ritos, assistentes técnicos e magistrados. 
Conforme o novo Manual de Acidentes de 
Trabalho, publicado pelo INSS em maio de 
2016, configurar-se-á o nexo causal, quan-
do existir a ação direta do agente como 
causa necessária à produção do dano. O 
nexo também estará caracterizado, quando 
o agente não for a causa necessária para o 
estabelecimento do dano, mas contribuir 
para o seu aparecimento ou agravamento. 
Assim, o agente será considerado como 
concausa, sendo estabelecido um nexo de 
concausalidade.
A Lei 8213 em seu artigo 21 relata que 
“equiparam-se também ao acidente do 
trabalho, para efeitos desta Lei, o acidente 
ligado ao trabalho que, embora não tenha 
sido a causa única, haja contribuído dire-
tamente para a morte do segurado, para 
redução ou perda da sua capacidade para 
o trabalho, ou produzido lesão que exija 
atenção médica para a sua recuperação”.
O manual supracitado vai ao encontro 
do artigo “Os 5 critérios de Penteado pa-
ra análise da concausa”, divulgado desde 
2014 nas redes sociais. Esclarece o referi-
do manual previdenciário que “concausa” 
é o conjunto de fatores, preexistentes ou 
supervenientes, suscetíveis de modificar o 
curso natural do resultado de uma lesão. 
Trata-se da associação de alterações ana-
tômicas, fisiológicas ou patológicas que 
existiam ou possam existir, agravando um 
determinado processo. O manual informa 
que devem ser considerados, para estabe-
lecimento, a presença de modificação da 
história natural da doença, o fato da do-
ença ou agravo ser, de fato, multicausal, a 
existência real do fator de risco ocupacio-
nal e que este seja capaz de levar ao dano; 
e a possibilidade ou a própria existência 
de atos contrários às normas de proteção 
à saúde do trabalhador. 
DEFINIÇÃO
Pode-se dizer que concausa pré-exis-
tente é a existência de patologias ou alte-
rações funcionais prévias ao evento lesivo 
ou à exposição ao risco, que interferem 
direta ou indiretamente na doença ou na 
sequela. Estas situações podem ser co-
nhecidas, desconhecidas (estavam ainda 
em estágio assintomático), não diagnos-
ticadas (já existiam sintomas, mas ainda 
não havia diagnóstico médico efetivo) ou 
dissimuladas (o paciente sabia da doen-
ça, mas omitiu propositadamente). As 
do enças mais comuns encontradas em 
trabalhadores são, por exemplo, doenças 
discais em coluna vertebral, agravadas pela 
exposição ao risco de levantamento de pe-
so. São exemplos também doenças como 
o diabetes ou hipotireoidismo que sabida-
mente são causas de diversas patologias, 
atuando então como concausas.
As concausas concorrentes ou concomi-
tantes são aquelas que atuam de maneira 
simultânea ao agente lesivo. Exemplo clás-
sico são gestantes expostas a movimentos 
repetitivos de mãos e que apresentam sín-
drome do túnel do carpo ou tenossinovite 
de De Quervain, aumentando a possibili-
dade de adoentar-se.
Já as concausas supervenientes têm si-
do erroneamente muito pouco exploradas 
pelos peritos. São fatores que ocorrem 
após a existência do evento, alterando 
suas sequelas para pior. Trata-se de com-
plicações de tratamentos médicos, natu-
ralmente possíveis ou como consequência 
José Marcelo de Oliveira Penteado - Médico do Trabalho, 
especialista em Doenças Ocupacionais, Perito Judicial.
Membro titular da Anamt, ICOH, Sociedade Brasileira de Perícias 
Médicas, consultor em Ergonomia LER/DORT, analista certifi-
cado de Occupational Repetitives Actions pela Escola OCRA 
Internacional e membro titular da Associação Portuguesa de 
Avaliação do Dano Corporal - Pós-Graduado pela Universidade 
de Coimbra.
drjosemarcelo@uol.com.br
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REVISTA PROTEÇÃO 71MAIO / 2017
de erros médicos, infecções hospitalares, 
etc. Incluo como concausa superveniente, 
a ausência de indicação médica de trata-
mento adequado previsto na literatura ou 
ainda a não realização por parte do pacien-
te dos tratamentos médicos adequados e 
que poderiam ter melhorado ou curado o 
quadro, sendo que ambos podem ser de-
finidos por falta de diligência necessária, 
tanto de médico como de paciente, para a 
obtenção da cura. São exemplos então de 
concausa superveniente, o aparecimento 
de distrofia simpático reflexa devido à trau-
ma cirúrgico, osteomielites com ou sem 
pseudoartrose, patologias com indicação 
de cirurgia não realizada, falta de realiza-
ção de fisioterapias indicadas, entre outras.
CLASSIFICAÇÃO
Sebastião Geraldo de Oliveira, desde 
2013 informa ainda que na seara da res-
ponsabilidade civil, uma vez constatada 
concausa, no momento da fixação dos valo-
res indenizatórios, é necessário considerar 
o grau de contribuição dos fatores laborais 
e dos extra-laborais. Resumidamente, no 
caso de concausa propõe a seguinte clas-
sificação:
 Grau I - Contribuição leve do trabalho 
que seria responsável apenas por 25% do 
total dos danos;
 Grau II - Contribuição moderada do 
trabalho que seria responsável por 50% 
do total dos danos;
 Grau III - Contribuição alta do traba-
lho que seria responsável por 75% do total 
dos danos.
Temos visto, infelizmente, o emprego 
generalizado de concausa, em especial em 
doenças osteomusculares e transtornos 
mentais, tanto por profissionais técnicos 
como por magistrados, mesmo em casos 
de realização de movimentos ditos como 
normais, dentro de uma atividade labo-
ral. Afirmar que o simples fato de even-
tualmente carregar um peso de 10 quilos 
ou, às vezes, levantar o braço acima dos 
ombros pode ser danoso é acreditar na 
total imperfeição da máquina humana. O 
simples trabalho em pé não é causador de 
problemas na coluna. É de nosso conheci-
mento também que a coluna foi feita para 
flexionar, o ombro levantar, o joelho para 
dobrar e assim por diante. A ocorrência 
de um movimento ou sequência de movi-
mentos durante o trabalho não é fator iso-
lado de risco para se estabelecer um nexo 
causal ou concausal. O que caracteriza a 
possiblidade de adoecimento seria se os 
movimentos ocorressem com repetitivi-
dade ou sobrecarga suficiente para levar 
a algum dano, aliado à ausência de pausas 
reparadoras.
CRITÉRIOS
No ano de 2014 propusemos, então, que 
para se determinar uma concausalidade 
devem ser estabelecidos os critérios, assim 
como os de concausa, os quais são atuali-
zados neste artigo.
1 - Existência de uma doença multicausal
Para que exista uma concausa, por ób-
vio deve haver outras causas. Não é ne-
cessário o perito iniciar uma longa aveni-
da de investigação de todas as causas da 
doença, se baseado na literatura técnica 
podemos afirmar ou não a existência de 
outras causas. São exemplos as doenças 
degenerativas, reumatológicas, metabóli-
cas e transtornos mentais, onde sabemos 
que fatores extra laborais estão presentes 
na evolução da doença. Seguem alguns 
exemplos abaixo:
 Hérnia de disco: hérnias e protrusões 
aparecem no decorrer da vida como resul-
tado de uma degeneração natural, ocorren-
do em todas as idades, mesmo sem realizar 
esforços intensos. Tem papel também na 
sua gênese, os fatores genéticos e altera-
ções congênitas na coluna, sem contar a 
obesidade e o tabagismo;
 Tendinopatias do supraespinhoso: 
revisão bibliográfica publicada em no-
vembro de 2004 na Revista Brasileira de 
Ortopedia sobre as lesões do manguito 
rotador demonstra a importância, como 
causa da lesão, do processo degenerativo 
relacionado ao envelhecimento natural dos 
tendões (entesopatia), devido a mudanças 
na vascularização do manguito ou outras 
alterações metabólicas associadas com a 
idade, sendo comum aparecer após os 40 
anos de idade;
 Tendinopatias tem origem também 
em doenças reumatológicas e metabó-
licas: artrite reumatóide,lúpus, artrite 
gotosa entre outras, que aos poucos levam 
a uma degeneração articular com tendino-
patias associadas;
 Depressão: estudos mostram a forte 
influência genética na doença. Os fatores 
laborais podem apenas desencadear o qua-
dro e não ser a causa única;
 Síndrome do Túnel do Carpo: além 
do fator laboral, pesam como maiores 
causas da doença a idiopatia (não se con-
segue descobrir a causa), a obesidade, 
o hipotireoidismo, alterações hormonais 
(climatério) etc;
 Varizes: é necessária a existência de 
defeito básico de origem congênita que é 
a agenesia ou atrofia das válvulas;
 Hérnias inguinais: existe uma pré-
disposição inerente ao indivíduo, seja por 
persistência no conduto peritônio-vaginal 
de origem congênita (hérnia indiretas) ou 
por fraqueza da parede muscular (hérnias 
diretas).
2 - Existência de fator de risco 
ocupacional capaz de levar a um dano
Chama-se fator de risco a qualquer si-
tuação que aumente a probabilidade de 
ocorrência de uma doença ou agravo à 
saúde. Como diz o médico do Trabalho e 
ergonomista Hudson de Araújo Couto “o 
ser humano tem capacidade de fazer mo-
vimentos com as suas juntas, e não é pelo 
simples fato de se encontrar alguma flexão 
do braço acima do nível dos ombros ou 
abdução dos ombros ou mesmo flexão, ex-
tensão ou desvio ulnar do punho no ciclo, 
que será caracterizado o risco. O risco será 
caracterizado pela frequência desse tipo de 
ação (repetitividade) ou pela manutenção 
da mesma (esforço estático)”.
Deve-se, então, analisar a existência de 
um fator, risco que potencialmente seja 
capaz de agravar a doença:
a) Para doenças osteomusculares: 
verificar se na exposição a um risco er-
gonômico, possui intensidade e tempo de 
exposição diário capaz de causar ou agra-
var um dano.
b) Para transtornos mentais: identi-
ficação efetiva de fatores organizacionais 
no trabalho e assédio moral, capazes de 
MAIO / 201772 REVISTA PROTEÇÃO
NEXO CAUSAL
gerar um dano. Neste caso, inclui-se tam-
bém intensidade e tempo de exposição. É 
importante lembrar que cerca de 25% da 
população mundial sofre de algum trans-
torno emocional. Portanto, é factível en-
contrar dentro de qualquer empresa cerca 
15% a 25% de trabalhadores acometidos 
por alguma patologia mental sem qual-
quer relação causal ou concausal com o 
trabalho. Em qualquer local de trabalho, 
existem cobranças de metas e alguma 
forma de pressão, inclusive no Judiciário 
(magistrados, servidores, peritos, etc). 
Porém, na maioria das vezes, são cobran-
ças compatíveis com o trabalho de um 
homem médio. Ainda assim, em qualquer 
local de trabalho poderá ocorrer algum ti-
po de desavença, mal-estar ou dificuldade 
de relacionamento, sem necessariamente 
configurar-se assédio moral. Uma pessoa 
normal terá problemas de relacionamen-
to com aproximadamente 10% dos seus 
colegas de trabalho. O desafio do perito e 
do magistrado é analisar todas as circuns-
tâncias trazidas aos autos e identificar se 
existe ou não plausibilidade técnica para 
relacionar um transtorno mental comum 
na população mundial, independente do 
trabalho, com a presença ou não de fatores 
organizacionais da empresa, passíveis de 
coluna em flexão, apresenta um quadro 
agudo de dor lombar e uma extrusão da 
hérnia. Outro exemplo é o trabalhador com 
pré-disposição congênita para uma hérnia 
inguinal que trabalha com esforços físicos 
e tem o aparecimento da protrusão. Da 
mesma forma, pode ser classificada como 
uma concausa, um episódio depressivo, 
desenvolvido em pacientes submetidos a 
situações estressoras e constrangedoras 
no trabalho. 
Muito cuidado deve ser tomado na deter-
minação de uma concausa e em pacientes 
idosos, diabéticos, portadores de doenças 
metabólicas ou reumatológicas. É comum 
apresentarem alterações de exames de 
imagem que estão em um nível coerente 
com a idade ou com a doença de base. O 
estabelecimento generalizado de concau-
sas, nestes casos, como já disse o físico e 
matemático Isaac Newton, desencadeará 
uma reação igual em contrário, e empresas 
acabarão por adotar políticas discriminató-
rias com relação a trabalhadores de mais 
idade, diabéticos ou alérgicos, acabando, 
ao final, por desamparar o trabalhador ao 
invés de ajudá-los.
4 - Classificação da concausa
Não está originalmente nos critérios pu-
blicados em 2014, mas acreditamos ser de 
suma importância a menção deste item no 
laudo pericial. É necessário informar se se 
trata de uma concausa pré-existente, con-
corrente, bem como identificar se existiu 
ou não concausa superveniente capaz de 
alterar as sequelas da doença. 
 
5 - Definição se a concausa atuou 
apenas de modo temporário ou 
permanente na doença
Também, originalmente, não está des-
crito nos critérios publicados em 2014, 
porém é de extrema importância ser ana-
lisado. Definimos como concausa tempo-
rária aquela que, em determinado período, 
atuou agravando o estado da doença. No 
entanto, afastado do risco laboral, este 
deixa de ser fator determinante, restando 
apenas os fatores extra-laborais como cau-
sa dos sintomas ou déficits, ou como cau-
sas da manutenção ou agravo da doença. 
Confira abaixo alguns exemplos:
a) Exemplo clássico são as dermatites 
alérgicas. Exposto ao risco, existiu uma 
concausa temporária. Desligado do traba-
lho, outros fatores passam a ser responsá-
veis pelas crises.
b) Trabalhador depressivo prévio que, 
causar ou agravar esta doença.
c) Para doenças alérgicas: devemos 
identificar a existência efetiva no local 
de trabalho de um risco químico capaz 
de desencadear crises nestes pacientes, 
lembrando que fora do local de trabalho 
o trabalhador também está exposto a es-
tes riscos.
3 - Comprovação de que a exposição 
ao risco alterou a evolução da história 
natural da doença
Como princípio básico da concausalida-
de, deverá ocorrer a existência de um agra-
vamento de um dano pré-existente ou en-
tão associação de causas que concorreram 
para o resultado (concausa concorrente). 
Por tal razão, deve o expert, na análise da 
concausalidade, não apenas apontar a exis-
tência do fator de risco, mas efetivamente 
demonstrar que sua existência influen-
ciou de forma a alterar a história natural 
de evolução da doença. Portanto, deve ter 
certeza de que a doença pesquisada esta-
ria melhor caso não houvesse exposição 
ao risco laboral.
Cito, como exemplo clássico de agra-
vamento de uma doença pré-existente, 
um indivíduo portador de uma protrusão 
discal, que após um esforço físico com a 
QUESITOS NOS CASOS DE CONCAUSAS
 A doença discutida nos autos tem 
origem multicausal?
 No caso de doença multicausal foi 
encontrada efetivamente nas atividades 
laborais a existência de fator de risco capaz 
de agravar a doença ou atuar de forma con-
corrente no aparecimento do dano, conside-
rando tempo e intensidade de exposição?
 Identificado o risco há como afirmar 
que este atuou de forma a alterar a história 
natural de evolução da doença?
 Trata-se de concausa pré-existente ou 
concorrente? Identifica-se a presença de 
concausas supervenientes?
 No caso de não ter ocorrido a melhora 
ou cura da parte autora, alguns dos seguin-
tes motivos abaixo foram contribuidores da 
falha no resultado final?
a) Não indicação de tratamento adequado 
pelo médico assistente da autora.
b) Não realização de tratamentos mé-
dicos, preconizados na literatura por falha 
do SUS na oferta de tratamento adequado.
c) Não realização ou realização de pou-
cas sessões de fisioterapia.
d) Não realização ou não indicação de 
cirurgia que por ventura seja efetivamente 
indicada como método curativo.
e) Não realização por parte da autora dos 
tratamentos preconizados pelo seu médico.
f) Falta de aderência ao tratamento pela 
própria parte autora.
g) Observou o perito se os médicos que 
atenderam a autora, bem como a própria 
reclamante, atuaram de maneira conjunta 
com diligência e técnicas necessárias, 
buscando a obtenção da cura?
 O fator laboral identificado como con-
causa, ainda continua tendo influêncianas 
queixas do trabalhador ou em sua sequela 
ou atuou apenas de modo temporário, e as 
alterações atualmente encontradas relacio-
nam-se única e exclusivamente com fatores 
extra laborais? Explique.
 A empresa deixou de cumprir alguma 
norma de segurança e prevenção que con-
tribuiu para a ocorrência do dano? 
 Qual o grau de contribuição do fator 
laboral em comparação aos fatores extra 
laborais? Pode o perito classificar em leve 
(25%) moderado (50%) ou acentuado 
(75%)?
REVISTA PROTEÇÃO 73MAIO / 2017
submetido a assédio moral na empresa, 
apresentou um agravamento temporário 
da sua doença. Afastado do risco, é plau-
sível que, caso mantenha a patologia, sua 
atual causa sejam apenas os fatores ex-
tra-laborais (genéticos, bioquímicos, en-
dócrinos, etc)
c) Diabético e com idade superior a 50 
anos, trabalhando exposto à elevação e ab-
dução de ombro tem sua doença diagnos-
ticada em estágios leves. Afastado do risco 
laboral, que contribuiu com a doença, esta 
permanece agravando, evoluindo de uma 
simples tendinite para roturas. Resta-nos 
concluir que houve apenas uma concausa 
temporária, mas os fatores extra-laborais 
passam a ser os únicos responsáveis pelo 
avanço da doença, não podendo mais ser 
responsabilizada a empresa por danos 
posteriores, com os quais não tem com-
promisso algum.
d) Trabalhador, portador de uma doen-
ça degenerativa da coluna, submetido a 
trabalho com risco de postura inadequada 
de flexão e repetitividade e, consequente-
mente, desenvolve uma crise de lombalgia. 
Existiu uma clara concausa temporária, 
mas afastado do risco, a persistência das 
queixas passarão a ter como causa única 
os fatores degenerativos.
6 - Existência de atos contrários às 
normas de proteção à saúde do 
trabalhador
É importante lembrarmos que, ao con-
trário da justiça previdenciária, na esfera 
trabalhista estamos discutindo a respon-
sabilidade civil da empresa na concausali-
dade da doença.
Ao estabelecer efetivamente uma con-
causa, deve-se analisar se a empresa agiu 
contra-jus ou o resultado da doença ocor-
reu por fatos inesperados.
O homem médio pode estar exposto 
a determinados riscos sem que efetiva-
mente exista a possibilidade de adquirir 
uma doença. Sabemos que pacientes com 
doenças pré-existentes e muitas vezes 
não diagnosticadas (ou o mais comum, 
omitidas pelos trabalhadores em exame 
médico admissional) predispõe e torna a 
doença do indivíduo mais vulnerável ao 
agravamento. Tendo a empresa cumprido 
as normas regulamentadoras e não expon-
do o trabalhador a um risco maior que o 
homem médio, não podemos falar de res-
ponsabilização da empresa.
Como exemplo, podemos citar um indi-
víduo previamente alérgico (que não sabia 
ou que omitiu a doença para conseguir o 
emprego) contratado para trabalhar com 
pintura em ambiente com boa ventilação, 
quantificação dos produtos químicos abaixo 
do limite de tolerância (porém presentes), 
e com uso de proteção respiratória, que de-
senvolve um quadro agudo de alergia respi-
ratória. Obviamente, existirá uma concausa 
na crise alérgica, mas em nossa análise, não 
caberá nenhuma responsabilidade civil sub-
jetiva à empresa no desencadeamento des-
ta crise, pois as medidas protetivas sabidas 
foram todas devidamente tomadas.
7 - Classificação do grau de concausa
Conforme mencionado em linhas ante-
riores, deverá o perito classificar o grau 
de concausa em grau leve, moderado ou 
severo.
O estabelecimento de nexo concausal 
deve seguir critérios para seu real en-
quadramento. Propomos atualmente sete 
critérios, que apresentamos como uma 
evolução dos critérios iniciais propostos 
em 2014. Leia no quadro, Critérios para 
estabelecer o nexo concausal.
Não seguir critérios técnicos para esta-
belecimento do nexo de concausa gera cla-
ro subjetivismo na conclusão, não podendo 
ser considerada como forma adequada de 
ciência ou de justiça. Confira no box Que-
sitos nos casos de concausas.

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