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TCC - Gestão Ambiental

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SOCIESC DE BLUMENAU 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JAQUELINE SALDANHA 
 
 
 
 
 
OS BENEFÍCIOS E IMPACTOS DA GESTÃO AMBIENTAL EM EMPRESAS DE 
BLUMENAU 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BLUMENAU 
2021 
JAQUELINE SALDANHA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OS BENEFÍCIOS E IMPACTOS DA GESTÃO AMBIENTAL EM EMPRESAS DE 
BLUMENAU 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Centro Universitário SOCIESC de Blumenau 
– SOCIESC como requisito parcial à obtenção 
do grau de bacharel em Direito. 
 
Profª. Orientadora: Msc. Mayara Pellenz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BLUMENAU 
2021 
JAQUELINE SALDANHA 
 
 
 
 
 
 
OS BENEFÍCIOS E IMPACTOS DA GESTÃO AMBIENTAL EM EMPRESAS DE 
BLUMENAU 
 
 
 
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi 
julgado adequado à obtenção do título de 
bacharel em ciências humanas e aprovado em 
sua forma final pelo curso de Direito, do Centro 
Universitário Sociesc de Blumenau. 
 
 
Blumenau, 02 de dezembro de 2021. 
 
 
 
 
___________________________________________________ 
Profª. Orientadora Msc. Mayara Pellenz 
 
 
 
 
___________________________________________________ 
Silvia Helena Arizio, Me 
 
 
 
 
___________________________________________________ 
Edivane Brum, Me 
 
 
 
 
 
 
BLUMENAU 
2021 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço, primeiramente, a Deus por me permitir chegar até aqui com saúde, 
principalmente no cenário em que vivemos atualmente, e conseguir concretizar esse 
trabalho. 
Agradeço à minha mãe, pois é o meu maior incentivo. 
Agradeço a cada um que de alguma forma me ajudou, influenciou ou motivou 
a chegar até aqui, seja por uma simples frase de motivação ou por ajudar no dia a dia. 
Agradeço aos meus amigos que fiz durante faculdade, que foram suporte 
essencial para a jornada diária de estudos. 
Agradeço aos professores, que foram fontes de inspiração e conhecimento ao 
longo de cinco anos, e em especial à minha orientadora Mayara Pellenz, pela sua 
atenção ao longo desse trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A terra possui recursos suficientes para atender as necessidades de todos, 
mas não a avidez de alguns.” (Mahatma Gandhi) 
RESUMO 
 
A sociedade atual vive um conflito entre o desenvolvimento economico e a 
preservação do meio ambiente em que está inserida, produção e consumo 
aumentaram drasticamente nos últimos anos. Isso enseja a necessidade da 
cooperação entre sociedade, empresas e Estado, cabendo às empresas uma grande 
parcela nessa jornada, devido seu papel de extrema importânecia perante o 
desenvolvimento sustentável. O objetivo do presente é analisar como as empresas de 
Blumenau vem se adequando para contribuirem para o desenvolvimento sustentável 
e como que essas práticas adotadas, pode beneficiar as próprias empresas, a 
sociedade e o Estado. A responsabilidade ambiental das empresas enseja na gestão 
ambiental empresarial, que parte de uma iniciativa pró-ativa da empresa, onde vai 
além da legislação e se previne de mudanças de podem ocorrer. Além dessa 
obrigação de estar em dia com a legislação, a gestão ambiental propicia atender os 
interesses e necessidades dos stakeholders e agregar valor ao seu produto e/ou 
serviço, e firma uma imagem positiva perante a sociedade. Foi realizada uma pesquisa 
de campo, onde comprovou-se a preferencia da sociedade por empresas que 
contrinuam para o desenvolvimento sustentável, pois se preocupam com o local em 
que vivem. Com a Prefeitura de Blumenau foram coletados dados onde demonstram 
que quando as empresas estão regulares com e possuem uma gestão ambiental, há 
uma redução do dispêndio de verbas públicas, podendo ser investida em outras 
atividades necessárias. É inegável que a gestão ambiental gera benefícios, mas ainda 
é algo que precisa de uma disseminação mais ampla, seja do Estado ou das 
empresas. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Ambiente. Desenvolvimento sustentável. Direito Ambiental. 
Economia Verde. Empresas. Gestão ambiental. Sustentabilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Today's society is experiencing a conflict between economic development and the 
preservation of the environment in which it is inserted, production and consumption 
have increased dramatically in recent years. This gives rise to the need for cooperation 
between society, companies and the State, with companies playing a large part in this 
journey, due to their extremely important role in sustainable development. The 
objective of the present is to analyze how Blumenau companies have been adapting 
to contribute to sustainable development and how these adopted practices can benefit 
the companies themselves, society and the State. The environmental responsibility of 
companies leads to corporate environmental management, which starts from a 
proactive initiative of the company, where it goes beyond the legislation and prevents 
changes that may occur. In addition to this obligation to be up to date with the 
legislation, environmental management provides for meeting the interests and needs 
of stakeholders and adding value to your product and/or service, and establishes a 
positive image in society. A field research was carried out, which proved society's 
preference for companies that contribute to sustainable development, as they care 
about the place where they live. With Blumenau City Hall, data were collected showing 
that when companies are regular with and have environmental management, there is 
a reduction in the expenditure of public funds, which can be invested in other necessary 
activities. It is undeniable that environmental management generates benefits, but it is 
still something that needs wider dissemination, whether by the State or companies. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Companies. Environment. Environmental Law. Environmental 
management. Green Economy. Sustainability. Sustainable development. 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 – O tríplice resultado ................................................................................... 25 
Figura 2 – Elementos essenciais para o desenvolvimento sustentável ..................... 27 
Figura 3 – Ciclo de vida útil de um produto considerando os impactos ambientais em 
cada etapa................................................................................................................. 29 
Figura 4 – Medidas de bem-estar .............................................................................. 30 
Figura 5 – Tipologias de consumo em relação ao meio ambiente ............................ 31 
Figura 6 – Etapas do planejamento ambiental .......................................................... 33 
Figura 7 – Indicadores para a sustentabilidade empresarial ..................................... 34 
Figura 8 – Equilíbrio dinâmico da sustentabilidade ................................................... 36 
Figura 9 – Modelo de sustentabilidade empresarial .................................................. 36 
Figura 10 – Responsabilidade social: temas centrais e exemplos de questões ........ 38 
Figura 11 – Motivação para proteção ambiental na empresa ................................... 41 
Figura 12 – Diferenças entre a economia tradicional e a nova economia ................. 43 
Figura 13 – Benefícios econômicos e estratégicos organizacionais da gestão 
ambiental empresarial ............................................................................................... 44 
Figura 14 – As etapas do planejamento e do gerenciamento ambientais ................. 46 
Figura 15 – Logo certificação FSC ............................................................................ 49 
Figura 16 – Logo certificação LEED .......................................................................... 50 
Figura 17 – Logo certificação PROCEL ....................................................................51 
Figura 18 – Família de normas NBR ISO 14000 ....................................................... 52 
Figura 19 – Avaliação do SGA .................................................................................. 53 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5 
1 CONCEITO E NOÇÕES GERAIS DO DIREITO AMBIENTAL E SEUS 
PRINCÍPIOS ................................................................................................................ 7 
1.1 PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL .............................................................. 9 
1.1.1 Princípio do Desenvolvimento Sustentável ....................................................... 10 
1.1.2 Princípio do Poluidor-Pagador .......................................................................... 12 
1.1.3 Princípio da Prevenção ..................................................................................... 15 
1.1.4 Princípio da Precaução ..................................................................................... 16 
1.1.5 Princípio da Participação .................................................................................. 17 
1.1.6 Princípio da Informação .................................................................................... 18 
1.1.7 Princípio da Cooperação entre os Povos .......................................................... 19 
2 ASPECTOS DESTACADO SOBRE SUSTENTABILIDADE ................................ 21 
2.1 CONCEITO E PRINCIPIOLOGIA ....................................................................... 22 
2.2 SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ............................................ 26 
2.3 A RESPONABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS E SUA CONEXÃO COM A 
SUSTENTABILIDADE ............................................................................................... 35 
3 GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL .............................................................. 40 
3.1 GESTÃO AMBIENTAL INTERNA ....................................................................... 45 
3.2 CERTIFICAÇÕES ............................................................................................... 48 
3.2.1 Certificação Florestal ........................................................................................ 49 
3.2.2 Certificação LEED ............................................................................................. 50 
3.2.3 Certificação INMETRO/PROCEL ...................................................................... 51 
3.2.4 Certificação ISO 14001 ..................................................................................... 52 
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ..................................................... 55 
4.1 SEMMAS (PREFEITURA DE BLUMENAU) ........................................................ 55 
4.2 EMPRESAS QUE POSSUEM GESTÃO AMBIENTAL ....................................... 56 
4.3 SOCIEDADE ....................................................................................................... 59 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 65 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 67 
 
 
 
5 
INTRODUÇÃO 
 
A ágil forma de acesso às informações fez o ser humano se desenvolver em 
diversos aspectos. Um deles é a preocupação com o meio ambiente, que tem vindo 
cada vez mais à tona em diversos assuntos. 
O atual modo de vida, a produção e consumo acelerados, e a preocupação com 
a limitação de recursos naturais, são fatores que impactaram as mudanças de hábitos 
em grande parte de população e também a cobrança sobre o posicionamento de 
marcas e do setor empresarial. 
Não apenas a necessidade de se manterem competitivas, mas também a 
cobrança da sociedade, ensejam que as empresas passem a assumir um 
compromisso com o meio ambiente. 
Essa competitividade empresarial em que a sociedade está inserida, de certa 
forma gera dificuldades em uma implantação de gestão ambiental, que gere um valor 
agregado ao produto/serviço, já que essa competividade está atrelada a entregar 
qualidade e sustentabilidade com preço atrativo. 
A Organização das Nações Unidas em sua cartilha de metas para 2030 (2017) 
indica que é necessário criar políticas sólidas que incentivem as empresas públicas e 
privadas a reduzirem ao máximo o uso de substâncias químicas contaminantes e 
compostos orgânicos persistentes, bem como incentivar as empresas, em especial as 
grandes empresas e as empresas transnacionais, a adotarem práticas sustentáveis. 
Destarte, é nítido que a sociedade está em processo de evolução em questões 
ambientais, mesmo gritando por socorro, ainda é um processo em amadurecimento. 
Deste modo, o presente trabalho engloba em si pesquisas realizadas com 
empresas, pessoas da sociedade e poder público, a fim de identificar como o modo 
de uma empresa exercer e ter preocupações com meio ambiente inserido pode 
influenciar no consumo de seus clientes, bem como estar precavida ao que o mercado 
e âmbito jurídico podem exigir. 
Para tanto, o presente busca também estudar o contexto e evolução do direito 
ambiental e seus princípios, sustentabilidade, bem como como surgiu a necessidade 
da gestão ambiental empresarial, como se apresenta nos dias atuais e ressaltar como 
esta pode melhorar a relação empresa-meio ambiente. Assim a estruturação deste 
trabalho se dá em: introdução, desenvolvimento, apresentação de dados da pesquisa 
 
 
 
6 
e considerações finais. 
Ao final, busca-se responder: como que a gestão ambiental pode proporcionar 
um retorno lucrativo para empresas, uma melhor utilização dos recursos públicos e 
qualidade à sociedade em que estas empresas estão inseridas? 
O objetivo geral desta pesquisa é demonstrar quais são os benefícios e 
impactos gerados através da adesão da gestão ambiental em empresas de Blumenau. 
Para atingir o objetivo geral foram abordados em cada capítulo os seguintes 
objetivos específicos: apontar o princípio do Direito Ambiental e seus princípios; 
destacar aspectos sobre a sustentabilidade; demonstrar quais os benefícios podem 
ser adquiridos pela sociedade em geral com a gestão ambiental; apresentar dados 
coletados de entrevistas com o tema sustentabilidade e gestão ambiental. 
O método que será adotado para esta pesquisa será o indutivo1. As técnicas 
serão: Categoria2, Conceito Operacional3, Pesquisa Bibliográfica4 e Documental5. 
 
1 “[...] base lógica da dinâmica da Pesquisa Científica que consiste em pesquisar e identificar as partes 
de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral” (PASOLD, Cesar 
Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 12. ed. São Paulo: Conceito Editorial, 2011, 
p. 205). 
2 Nas palavras de Pasold (PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 
12. ed. São Paulo: Conceito Editorial, 2011, p. 25): “[...] palavra ou expressão estratégica à 
elaboração e/ou expressão de uma idéia”. Grifos originais da obra em estudo. 
3 Reitera-se conforme Pasold (PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e 
prática. 12. ed. São Paulo: Conceito Editorial, 2011, p. 37): “[...] uma definição para uma palavra ou 
expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que 
expomos [...]”. Grifos originais da obra. 
4 “[...] Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais” (PASOLD, 
Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 12. ed. São Paulo: Conceito Editorial, 
2011, p. 207). 
5 “[...] Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais” (PASOLD, 
Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 12. ed. São Paulo: Conceito Editorial, 
2011, p. 207). 
 
 
 
71 CONCEITO E NOÇÕES GERAIS DO DIREITO AMBIENTAL E SEUS 
PRINCÍPIOS 
 
A sociedade vive em um ambiente que decorre de seus próprios atos, e estes 
geram impacto ambiental. Diante desses atos praticados surgiu o Direito Ambiental, a 
fim de proporcionar direitos e segurança para a sociedade. 
Para Carvalho (2001, p. 126): 
 
Direito Ambiental é o conjunto de princípios, normas e regras destinados à 
proteção preventiva do meio ambiente, à defesa do equilíbrio ecológico, à 
conservação do patrimônio cultural e à viabilização do desenvolvimento 
harmônico e socialmente justo, compreendendo medidas administrativas e 
judiciais, com a reparação material e financeira dos danos causados ao meio 
ambiente e aos ecossistemas, de um modo geral. 
 
A necessidade de proteção ao meio ambiente em que está inserida a sociedade 
não é algo recente, mas ganhou notoriedade quando amparado na Constituição 
Federal (CF) de 1988 em seu artigo 225: 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para 
as presentes e futuras gerações. 
 
O artigo citado demonstra que a sociedade tem o direito de desfrutar de um 
meio ambiente de qualidade, mas também tem a obrigação de mantê-lo preservado 
para gerações futuras. Segundo Mazzaroto e Berté (2013, p. 15): 
 
É o meio ambiente que nos proporciona vida. É importante compreender que 
o meio ambiente não é um simples objeto de pesquisa ou um armazém de 
matérias-primas.[...] ele tem um significado muito maior e nós, seres 
humanos, somos apenas uma parte desse contexto. 
 
Sendo um fator essencial para a existência da vida, vem a necessidade de 
proteção para tal direito. Silveira e Berté ilustram em sua obra de 2017, um caso em 
que a deterioração do meio ambiente resultou no desaparecimento da civilização 
local. O caso ocorreu na Ilha de Páscoa, onde vivia a civilização Rapa Nui, o local 
sofreu intensa exploração do meio ambiente devido o desenvolvimento, isso gerou a 
migração da civilização devido à escassez de recursos naturais. 
Na visão de Silveira e Berté (2017, p. 37): 
 
 
 
8 
A sociedade dá significados ao meio ambiente e aos recursos naturais em 
função de sua condição histórica, porém não reconhecer o elo que tem com 
a natureza torna rarefeitos os significados que podem ser atribuídos por meio 
dessa relação. Quanto mais consciente de sua relação com o meio ambiente, 
mais consciente de si mesma e de sua cultura estará a sociedade. 
 
Diante de tudo isto, existe a necessidade de desenvolver uma relação sadia de 
sociedade, Estado e empresas com o meio ambiente. Daí surge o Direito Ambiental, 
que é um ramo jurídico que permite regulamentar esse equilíbrio. 
O Direito Ambiental se efetivou na Constituição Federal de 1988, no artigo 225, 
já mencionado, e ele abrange não só o meio ambiente, mas também assegura 
proteção aos animais, ao patrimônio cultural e atividades que norteiam as atividades 
humanas. 
A CF trouxe em si a tutela dos valores ambientais, e se destaca ao tratar de um 
direito que vai além de ser um bem público ou privado, pois vai além do direito 
tradicional e se classificando como um direito difuso. 
Direitos difusos são assim classificados por não poderem dimensionar o seu 
impacto, onde os tutelados são indeterminados. Pode-se usar como exemplo o direito 
ao ar puro, que é essencial à vida, mas não há como dimensionar sua abrangência, 
pois todo o mundo é afetado. 
Para Fiorillo (2021, p. 69): 
 
O art. 225 estabelece quatro concepções fundamentais no âmbito do direito 
ambiental: a) de que todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado; b) de que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado 
diz respeito à existência de um bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade de vida, criando em nosso ordenamento o bem ambiental; c) 
de que a Carta Magna determina tanto ao Poder Público como à coletividade 
o dever de defender o bem ambiental, assim como o dever de preservá-lo; d) 
de que a defesa e a preservação do bem ambiental estão vinculadas não só 
à presentes como também às futuras gerações. 
 
Neste ponto, é de extrema valia o compromisso e a seriedade da prática dessa 
obrigação imposta a todos, já que todos compartilham do mesmo ambiente e as 
consequências afetam a todos. 
É necessário destacar que o artigo 225 da CF usa a expressão “todos” em sua 
composição. A palavra todos não é direcionada apenas ao ser humano, mas também 
a tudo que possui vida. Assim, o ser humano tem limitações em sua exploração à 
animais e à natureza. 
Sendo todos tutelados pela própria CF, ocorre o conflito de direitos e que geram 
 
 
 
9 
entendimento contrários. Pode-se usar como exemplo a farra do boi, tema abordado 
pelo STF no RE 153.531-8, onde foi proibida sua prática por ser cruel com o animal. 
Quando uma tradição cultural é apresentada com atos que ferem o direito 
imposto no artigo 225 da CF, vem à tona o questionamento de até onde pode ir a 
tradição cultural. A artigo 225 da CF é claro em sua disposição quando informa “Todos 
têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo 
e essencial à sadia qualidade de vida[...]”, assim pode-se afirmar que tradições 
culturais geradoras de crueldade, tortura e ilegalidade não se apresentam como um 
item essencial para a qualidade de vida. 
Assim, o Direito Ambiental aborda a tutela de toda e qualquer vida, 
resguardando o essencial ao ser humano. 
O advento da CF resultou na recepção da Lei 6.938/81, que tem como objetivo 
o exposto no art. 2: 
 
[...]tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade 
ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao 
desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à 
proteção da dignidade da vida humana. 
 
A Lei 6.938/81 é de extrema relevância, já que desenvolveu o funcionamento e 
diretrizes das políticas públicas perante ao meio ambiente. 
Apesar da existência dessas diretrizes impostas em lei e do posicionamento do 
ordenamento jurídico, ainda há conflitos em entendimentos sobre este assunto. Para 
haver um equilíbrio entre esses entendimentos é que há a existência de princípios 
basilares. 
 
1.1 PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL 
 
Os princípios do Direito Ambiental, além de serem instrumentos que direcionam 
para um sistema sadio entre sociedade e meio ambiente, também tem intenção de 
orientação e promover a consolidação da tutela do meio ambiente. 
Para Fiorillo (2021, p. 87): 
 
Aludidos princípios constituem pedras basilares dos sistemas político-
jurídicos dos Estados civilizados., sendo adotados no Brasil e 
internacionalmente como fruto da necessidade de uma ecologia equilibrada 
 
 
 
10 
e indicativos do caminho adequado para a proteção ambiental, em 
conformidade com a realidade social e os valores culturais de cada Estado. 
 
Os princípios do Direito Ambiental são orientadores e reguladores da execução 
de forma correta. 
 
1.1.1 Princípio do Desenvolvimento Sustentável 
 
Este princípio abrange a utilização de recursos ambientais de forma sustentável 
de uma maneira que atendam às necessidades da sociedade, assim como das futuras 
gerações. 
O termo desenvolvimento sustentável originou-se no Relatório de Brundtland 
(Our Common Future de 1987), realizado pela Comissão Mundial sobre o Meio 
Ambiente e Desenvolvimento, onde foi definido que desenvolvimento sustentável é: 
 
Aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a 
possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias 
necessidades. Ele contém dois conceitos-chaves: 
O conceito de “necessidades”, sobretudo as necessidades essenciais dos 
pobres do mundo, que devem receber a máxima prioridade; 
A noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização socialimpõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes 
e futuras. 
 
O desenvolvimento sustentável permite sinergia entre os aspectos econômicos, 
elevada produção e intenso consumo com os recursos naturais, sem haver riscos, já 
que a sociedade depende destes recursos. 
Segundo Pereira, Silva e Carbonari (2011, p. 68): 
 
Até os anos 1980 o termo sustentável era mais utilizado por profissionais da 
área ambiental como referência a um ecossistema que permanece robusto e 
estável (resiliente), apesar de agressões decorrentes da exploração humana. 
Por exemplo, pesca sustentável é aquela que não compromete a reprodução 
dos cardumes, isto é, não afeta a sua estrutura enquanto nicho ecológico. 
 
O Relatório de Brundtland divulgou dados alarmantes e que engajaram a 
necessidade de mudança em relação ao meio ambiente, como conseguir equilibrar o 
crescimento e desenvolvimento sem resultar em sequelas ao meio ambiente. Este 
relatório se baseia em políticas públicas, ou seja, uma ação do Estado. Relata o texto 
do relatório Nosso Futuro Comum: 
 
 
 
11 
O mundo deve desenhar, rapidamente, estratégias que permitam que as 
nações saiam de seu processo de crescimento e desenvolvimento atual, 
geralmente destrutivo, em direção ao desenvolvimento sustentável. Isso vai 
exigir uma orientação das políticas [públicas] em todos os países, tanto no 
que diz respeito ao próprio desenvolvimento e a seus impactos sobre o 
desenvolvimento de outras nações. 
 
Tal estratégia desenhada para atingir o desenvolvimento sustentável é 
necessária a ação de governos, empresas e sociedade. 
O Relatório de Brundtland foi o pontapé para levar este tema a discussões 
internacionais com mais frequência e também ganhar destaque e enfoque necessário 
para executar o plano estratégico. 
Para atingir os objetivos propostos em anos anteriores, a ONU promoveu a 
Agenda 21, que foi divulgada no Rio 92. 
Segundo Pereira, Silva e Carbonari (2011, p. 72) a Agenda 21: 
 
[...] foi concebida como um plano de ação para ser adotado nos níveis 
internacional, nacional e local, envolvendo diversos tipos de atores sociais 
(governos, empresas, organismos internacionais e Organizações Não 
Governamentais) que podem cooperar para a solução dos problemas 
socioambientais. 
 
Essa conferência incentivou e provocou um compromisso em todos para 
executar o desenvolvimento sustentável. Assim, os Estados deveriam implantar ações 
que pudessem apresentar resultados de um desenvolvimento sustentável efetivo. 
O desenvolvimento sustentável para se efetivar precisa ser composto por ações 
do Estado, empresas e pessoas, pois ações pequenas como reciclagem, redução do 
desperdício e atitudes conscientes, desencadeiam resultados a longo prazo, pois 
assim, o conceito principal do desenvolvimento sustentável se concretizará. 
Em uma nova conferência realizada em 1997 pela ONU, para avaliar resultados 
dos planos traçados em 1992, constatou-se que esses resultados foram pouco visíveis 
e que seria necessário um plano que pudesse se concretizar e pôr em prática o 
desenvolvimento sustentável. 
Diante os resultados analisados, foi criada em 2015 a Agenda 2030 da ONU, 
onde 193 países se reuniram e estipularam 17 objetivos basilares para se atingir o 
real desenvolvimento sustentável, visto que cada objetivo precisa ser alcançado para 
que então o desenvolvimento sustentável possa ser considerado como alcançado, são 
eles dispostos no site da ONU: 
 
 
 
12 
Objetivo 1: Erradicação da pobreza – Acabar com a pobreza em todas as 
suas formas, em todos os lugares; 
Objetivo 2: Fome zero e agricultura sustentável – Acabar com a fome, 
alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a 
agricultura sustentável; 
Objetivo 3: Saúde e bem-estar – Assegurar uma vida saudável e promover o 
bem-estar para todos, em todas as idades; 
Objetivo 4: Educação de qualidade – Assegurar a educação inclusiva, 
equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao 
longo da vida para todos; 
Objetivo 5: Igualdade de gênero – Alcançar a igualdade de gênero e 
empoderar todas as mulheres e meninas; 
Objetivo 6: Água potável e saneamento – Assegurar a disponibilidade e 
gestão sustentável da água e saneamento para todos; 
Objetivo 7: Energia limpa e acessível – Assegurar o acesso confiável, 
sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos; 
Objetivo 8: Trabalho decente e crescimento econômico – Promover o 
crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e 
produtivo e trabalho decente para todos; 
Objetivo 9: Indústria, inovação e infraestrutura – Construir infraestruturas 
resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a 
inovação; 
Objetivo 10: Redução das desigualdades – Reduzir a desigualdade dentro 
dos países e entre eles; 
Objetivo 11: Cidades e comunidades sustentáveis – Tornar as cidades e os 
assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis; 
Objetivo 12: Consumo e produção responsáveis – Assegurar padrões de 
produção e de consumo sustentáveis; 
Objetivo 13: Ação contra a mudança global do clima – Tomar medidas 
urgentes para combater a mudança climática e seus impactos; 
Objetivo 14: Vida na água – Conservação e uso sustentável dos oceanos, 
dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável; 
Objetivo 15: Vida terrestre – Proteger, recuperar e promover o uso 
sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as 
florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e 
deter a perda de biodiversidade; 
Objetivo 16: Paz, justiça e instituições eficazes – Promover sociedades 
pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o 
acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e 
inclusivas em todos os níveis; 
Objetivo 17: Parcerias e meios de implementação – Fortalecer os meios de 
implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento 
sustentável; 
 
Esses objetivos apenas serão alcançados com a consciência de todos, desde 
o micro até macro, com a cooperação entre os povos, para que assim possa ocorrer 
o real desenvolvimento sustentável com resultados permanentes. 
 
1.1.2 Princípio do Poluidor-Pagador 
 
Tal princípio pode ser considerado com reparador do dano ao meio ambiente 
ao máximo possível. É importante ressaltar que este princípio resigna a obrigação de 
 
 
 
13 
preservar e reparar danos ao meio ambiente, mas isso não significa que é um direito 
danificá-lo. 
Para Fiorillo (2021, p. 109): 
 
É correto afirmar que o princípio do poluidor-pagador determina a incidência 
e aplicação de alguns aspectos do regime jurídico da responsabilidade civil 
aos danos ambientais: a) a responsabilidade denominada “civil” objetiva; b) 
prioridade da reparação específica de dano ambiental; e c) solidariedade para 
suportar os danos causados ao meio ambiente. 
 
A Constituição Federal de 1988 prevê este princípio em seu artigo 225, 
parágrafo 3º e artigo 170: “§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio 
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.” 
 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e 
na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme 
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: 
[...] 
VI - defesa do meio ambiente; 
 
Este tema já foi abordado pelo STF na Ação Direta de Inconstitucionalidade 
3.378-6-DF de 2008, com a seguinte decisão: 
 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 36 E SEUS §§ 1º, 2º 
E 3º DA LEI Nº 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000. CONSTITUCIONALIDADE 
DA COMPENSAÇÃO DEVIDA PELA IMPLANTAÇÃO DE 
EMPREENDIMENTOS DE SIGNIFICATIVO IMPACTO AMBIENTAL. 
INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO § 1º DO ART. 36. 1. Ocompartilhamento-compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei nº 
9.985/2000 não ofende o princípio da legalidade, dado haver sido a própria 
lei que previu o modo de financiamento dos gastos com as unidades de 
conservação da natureza. De igual forma, não há violação ao princípio da 
separação dos Poderes, por não se tratar de delegação do Poder Legislativo 
para o Executivo impor deveres aos administrados. 2. Compete ao órgão 
licenciador fixar o quantum da compensação, de acordo com a 
compostura do impacto ambiental a ser dimensionado no relatório - 
EIA/RIMA. 3. O art. 36 da Lei nº 9.985/2000 densifica o princípio usuário-
pagador, este a significar um mecanismo de assunção partilhada da 
responsabilidade social pelos custos ambientais derivados da atividade 
econômica. 4. Inexistente desrespeito ao postulado da razoabilidade. 
Compensação ambiental que se revela como instrumento adequado à 
defesa e preservação do meio ambiente para as presentes e futuras 
gerações, não havendo outro meio eficaz para atingir essa finalidade 
constitucional. Medida amplamente compensada pelos benefícios que 
sempre resultam de um meio ambiente ecologicamente garantido em 
sua higidez. 5. Inconstitucionalidade da expressão "não pode ser inferior a 
meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do 
empreendimento", no § 1º do art. 36 da Lei nº 9.985/2000. O valor da 
 
 
 
14 
compensação-compartilhamento é de ser fixado proporcionalmente ao 
impacto ambiental, após estudo em que se assegurem o contraditório e a 
ampla defesa. Prescindibilidade da fixação de percentual sobre os custos do 
empreendimento. 6. Ação parcialmente procedente. 
(STF - ADI: 3378 DF, Relator: CARLOS BRITTO, Data de Julgamento: 
09/04/2008, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-112 DIVULG 19-06-
2008 PUBLIC 20-06-2008 EMENT VOL-02324-02 PP-00242) (Grifo nosso) 
 
Essa decisão, embasada no princípio do poluidor-pagador, visa que tal princípio 
não é composto apenas na necessidade de reparação do dano, mas que existe 
também a responsabilidade de amparar os custos para preservação e conservação 
do meio que sofrerá os impactos de tal dano ambiental. 
Tal decisão também tomou proporções importantes sobre uma legítima 
interpretação desse dever imposto a todos, o que possibilitou em que tal princípio 
fosse firmado ante a Constituição Federal. 
Assim, aquele que é responsável por atividades e ações que resultem ou que 
possam resultar em algum dano ao meio ambiente, deve ser aquele que custeia os 
gatos, sejam eles para reparação ou prevenção. O único responsável por ressarcir o 
dano causado é aquele que causou o dano, sem que essa obrigação caia para 
terceiros, seja o Estado ou a sociedade. 
Para Machado (2004, p. 54): 
 
O princípio do usuário-pagador não é uma punição, pois mesmo não existindo 
qualquer ilicitude no comportamento do pagador ele pode ser implementado. 
Assim, para tornar obrigatório o pagamento pelo uso do recurso ou pela sua 
poluição não há necessidade de ser provado que o usuário e o poluidor estão 
cometendo faltas ou infrações. O órgão que pretenda receber o pagamento 
deve provar o efetivo uso do recuso ambiental ou a sua poluição. A existência 
de autorização administrativa para poluir, segundo as normas de emissão 
regularmente fixadas, não isenta o poluidor de pagar pela poluição por ele 
causada. 
 
Diante isto, pode-se afirmar que o princípio do poluidor pagador tem o propósito 
de prevenção e reparação. 
O princípio do poluidor-pagador, portanto, tem mais de um proposito, estes 
ensejam uma ação do Estado em políticas públicas, prevenção por parte do usuário e 
consciência da sociedade, pois uma ação que cause danos, não afeta apenas o 
usuário, mas todos que usufruem do meio ambiente. 
 
 
 
 
15 
1.1.3 Princípio da Prevenção 
 
Existem danos ambientais que podem ser irreparáveis ou irreversíveis, a fim de 
que não ocorra tal degradação, destaca-se o princípio da prevenção. 
A Constituição Federal garantiu em seu texto a obrigação de todos para a 
prevenção do meio ambiente, estando disposto no artigo 225 caput. 
Este princípio coloca em prática a prevenção de danos ou catástrofes que já 
são premeditados, que se sabe que pode ocorrer. Em um exemplo prático, a 
construção de um empreendimento e uma área que será desmatada, o causador 
deste dano precisa tomar medidas que supram esse dado ou que amenize ao máximo, 
e uma dessas medidas pode ser o plantio de árvores em áreas desmatadas. 
Segundo Machado (2002, p. 67) o princípio da prevenção tem como 
fundamentos: 
 
1º- identificar, inventariar espécies animais e vegetais de um determinado 
território, visando conservação e controle da poluição; 2º- identificar e 
inventariar ecossistemas, elaborando o mapa ecológico; 3º- realizar o 
planejamento ambiental e econômico integrados; 4º- ordenamento territorial 
ambiental para valorização das áreas com sua aptidão; 5º- realizar o estudo 
de impacto ambiental. 
 
Diante estes fundamentos, o princípio da prevenção protege o meio ambiente 
contra perigos já identificados e conhecidos, diante todo este avanço da tecnologia e 
aceleração do consumo. 
Ainda segundo Machado (2013, p. 123): 
 
A aceitação do princípio da prevenção não para somente no posicionamento 
mental a favor de medidas ambientais acauteladoras. O princípio da 
prevenção deve levar à criação e à prática de política pública ambiental, 
através de planos obrigatórios. 
 
Com o conhecimento do dano ou perigo que pode ser para a sociedade, fica 
fácil agir e não ter que sofrer uma necessidade de restauração. 
Nesse sentido, o Direito Ambiental tem como objetivo fundamental a prevenção 
dos danos ao meio ambiente. 
 
 
 
 
16 
1.1.4 Princípio da Precaução 
 
Apesar deste princípio ser sinônimo do princípio anterior, eles têm distinção 
entre si, sendo aplicados de formas diferentes no âmbito jurídico. 
Segundo Bonjardim e Aguiar (2010, p. 111): 
 
O princípio da precaução designa ações de proteção contra o perigo abstrato 
ambiental, ou seja, em momento anterior à identificação da lesão, em 
atividade cujos efeitos danosos ainda não estão determinados pela ciência e 
tecnologia, mas há verossimilhança da produção de tais efeitos nocivos, ou 
seja, há a potencialidade de dano, cuja ocorrência não se pretende arriscar. 
Seu conteúdo exige que as autoridades responsáveis façam a gestão 
ambiental da atividade, avaliando os riscos e deferindo sua atuação ou 
abstenção com o intuito de impedir a agressão ambiental. 
 
A Declaração do Rio em 92 trouxe em seu texto este princípio como um dos 
basilares para atingir os objetivos de tal. O princípio 15 da declaração que contempla 
este princípio, enseja a presença da ação do Estado. Diz o texto (1992, p. 5): 
 
De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser 
amplamente observado pelos Estados, de acordo com as duas capacidades. 
Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de 
absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar 
medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação 
ambiental. 
 
Analisando o texto, pode-se identificar que o princípio da precaução atua antes 
dos demais princípios, pois ele garante que não haverá a existência de algo ou alguma 
ação, que danifique o meio ambiente, já que seus efeitos são desconhecidos e não 
podem ser mensurados para medir o impacto dano. É necessário haver a certeza 
científica para garantir catástrofes. 
Diante dessa necessidade de haver uma segurança científica, é que cabe ao 
desenvolvedor de tal possível dano o ônus da prova, pois ele que precisa garantir que 
não haverá danos, ao meio ambiente e sociedade. 
Machado em sua obra Direito Ambiental Brasileiro cita a visão do autor 
Marchisiso (2011, p. 69): 
 
O princípio da precaução emergiu nos últimos anos como um 
instrumento de política ambiental baseado na inversão do ônus da 
prova: para não adotar medidapreventiva ou corretiva é necessário 
 
 
 
17 
demonstrar que certa atividade não danifica seriamente o ambiente e 
que essa atividade não causa dano irreversível. 
 
Este princípio não deve ser visto como inibidor de desenvolvimento e avanços, 
mas sim como aliado à garantia de qualidade de vida, bem como a segurança desse 
direito. 
 
1.1.5 Princípio da Participação 
 
O meio ambiente saudável e equilibrado é um direito de todos, mas também é 
uma obrigação a preservação do mesmo. Essa obrigação de todos não é implícita, 
pois está disposta no artigo 225 caput da CF, sendo uma obrigação do poder público 
e sociedade em geral. 
Este princípio encontra-se também amparado no princípio 10 da Declaração 
Rio 92, que diz (1992, p. 4): 
 
A melhor maneira de tratar as questões ambientais é assegurar a 
participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos 
interessados. No nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado 
às informações relativas ao meio ambiente de que disponham as 
autoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais e 
atividades perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade 
de participar dos processos decisórios. Os Estados irão facilitar e 
estimular a conscientização e a participação popular, colocando as 
informações à disposição de todos. Será proporcionado o acesso 
efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no que se 
refere à compensação e reparação de danos. (Grifo nosso) 
 
É evidente falar que a vida depende de um meio ambiente saudável equilibrado, 
pois sem a existência de recursos naturais, não haveria sequer a possibilidade de 
sobreviver e desenvolver-se. Assim, para a existência de todos, é necessária a 
participação de todos para cumprir-se tal princípio. 
O inciso VI do artigo 225 da CF ressalta que o Estado deve: “promover a 
educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a 
preservação do meio ambiente;” 
São pequenos atos que podem resultar em uma recuperação do meio 
ambiente, não apenas no presente, mas geram impacto para gerações futuras. O 
objetivo é manter resultados que durem para sempre. 
Para Fiorillo (2021, p. 135): 
 
 
 
18 
Ao falarmos em participação, temos em vista a conduta de tomar em 
alguma coisa, agir em conjunto. Dadas a importância e a necessidade 
dessa ação conjunta, esse foi um dos objetivos abraçados pela nossa 
Carta Magna, no tocante à defesa do meio ambiente. 
 
Diante isto, é necessária uma ação do Estado, para promover a efetivação 
deste princípio. Pode-se usar como exemplo a educação ambiental à nível nacional, 
para que assim seja cultivado desde cedo nas raízes este princípio. 
Ainda segundo Fiorillo (2021, p. 137): 
 
Educar ambientalmente significa: a) reduzir os custos ambientais, à 
medida que a população atuará como guardiã do meio ambiente; b) 
efetivar o princípio da prevenção; c) fixar a ideia de consciência 
ecológica, que buscará sempre a utilização de tecnologias limpas; d) 
incentivar a realização do princípio da solidariedade, no exato sentido 
perceberá que o meio ambiente é único, indivisível e de titulares 
indetermináveis, devendo ser justa e distributivamente acessível a 
todos; e) efetivar o princípio da participação, entre outras finalidades. 
 
É a união de cidadãos e Estado com atos geradores de recuperação e 
precaução que garantirão a garantia ao meio ambiente de qualidade. 
 
1.1.6 Princípio da Informação 
 
Este princípio caminha lado a lado ao princípio da participação, pois se 
complementam. 
No princípio 10 da Declaração Rio 92, já citado, expressa-se este princípio 
(1992, p. 4): 
 
[...] No nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado às 
informações relativas ao meio ambiente de que disponham as 
autoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais e 
atividades perigosas em suas comunidades, bem como a 
oportunidade de participar dos processos decisórios. Os Estados 
irão facilitar e estimular a conscientização e a participação popular, 
colocando as informações à disposição de todos. Será proporcionado 
o acesso efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no 
que se refere à compensação e reparação de danos. (Grifo nosso) 
 
Assim o Estado precisa ser um garantidor de que toda e qualquer informação 
pertinente ao meio ambiente, já que todos são interessados. Com as informações 
necessárias os cidadãos sabem qual medida tomar, criando mais consciência sobre 
os atos praticados. 
 
 
 
19 
Segundo Fiorillo (2021, p. 136): 
 
Ressalta-se ainda que a informação ambiental é corolário do direito de 
ser informado, previsto nos arts. 220 e 221 da Constituição Federal. O 
citado art. 220 engloba não só o direito à informação, mas também o 
direito a ser informado (faceta do direito de antena), que se mostra 
como um direito difuso, sendo, por vezes, um limitador da liberdade de 
informar. 
 
Ainda seguindo a lei, há a Lei 6.938/81 em seu parágrafo 9 e incisos VII e XV 
citam esse direito: 
 
Art 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: 
[...] 
 VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; 
[...] 
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio 
Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzí-las, quando 
inexistentes; 
 
O acesso à informação tirar a venda da ignorância dos cidadãos e permitem 
agirem antes que os danos sejam irreversíveis. 
 
1.1.7 Princípio da Cooperação entre os Povos 
 
Para haver um equilíbrio ambiental mundial, que forneça desenvolvimento 
equalitário a todos, é necessária a existência da cooperação entre os povos. 
Este princípio é extremamente enfatizado na Declaração Rio 92, conforme 
abaixo (1992, p. 2): 
 
5. Todos os Estados e todas as pessoas deverão cooperar na tarefa 
essencial de erradicar a pobreza como requisito indispensável do 
desenvolvimento sustentável, a fim de reduzir as divergências nos 
níveis de vida e responder melhor às necessidades da maioria dos 
povos do mundo. 
6. Dever-se-á dar especial prioridade à situação e as necessidades 
especiais dos países em desenvolvimento, em particular os países 
menos adiantados e os mais vulneráveis desde o ponto de vista 
ambiental. Nas medidas internacionais adotadas com respeito ao meio 
ambiente e ao desenvolvimento, também dever-se-iam ter em conta os 
interesses e as necessidades de todos os países. 
7. Os Estados deverão cooperar com espírito de solidariedade mundial 
para conservar, proteger e restabelecer a saúde e a integridade do 
ecossistema da Terra. Considerando que têm contribuído em diferente 
medida à degradação do meio ambiente mundial, os Estados têm 
 
 
 
20 
responsabilidades comuns mas diferenciadas. Os países 
desenvolvidos reconhecem a responsabilidade que lhes cabe na busca 
internacional do desenvolvimento sustentável, em vista das pressões 
que suas sociedades exercem no meio ambiente mundial e das 
tecnologias e dos recursos financeiros de que dispõem. 
 
Para que haja pleno desenvolvimento mundial, juntamente com um meio 
ambiente sadio e de qualidade para todos, é necessário que haja cooperação, auxílio 
e empatia entre os Estados, pois nem todos possuem de recursos e estrutura para 
oferecer e desfrutar. Isso não significa apenas dispor de meios físicos e sólidos, mas 
também de conhecimento, direcionamento e informação, para que todos possam 
andar lado a lado, sem o prejuízo de qualquer Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
2 ASPECTOS DESTACADO SOBRE SUSTENTABILIDADE 
 
Dentre todos os aspectos destacados com relevância sobre o conceito de 
sustentabilidade, sua origem, o desenvolvimento sustentável e a responsabilidade 
social empresarial têm um grande e visível destaque. Tais aspetos despertam instigam 
esse destaque por englobarem fatores que interferem em todos e tudo, social, 
econômico e ambiental. 
A sustentabilidade apesar de ter surgido a partir de umatemática ambiental. vai 
além de tal conceito, devendo ser vista como um meio de proporcionar soluções 
duradouras e seguras em todos fatores que esta engloba. 
Nesse contexto, coube à sustentabilidade combinar três essenciais fatores para 
uma harmonia global. 
O autor Dias (2019, p. 46), defende a o tripé da sustentabilidade, que para ele: 
 
O Triple Bottom Line é também conhecido como os 3 Ps (People, 
Planet and Profit, ou, em português, Pessoal, Planeta e Lucro). No 
Brasil é conhecido como o tripé da sustentabilidade, é um conceito que 
tanto pode ser aplicado de maneira macro, para um país ou o próprio 
planeta, como micro, numa residência, nume empresa, numa escola 
ou pequena vila. 
People – refere-se ao tratamento do capital humano de uma empresa 
ou sociedade. 
Planet – refere-se ao capital natural de uma empresa ou sociedade. 
Profit – trata-se do lucro. É o resultado econômico positivo de uma 
empresa. Quando se leva em conta o Triple Bottom Line, essa perna 
deve levar em conta os outros dois aspectos. 
 
O Triple Bottom Line é direcionador para empresas, mas ele também pode ser 
aplicado ao ambiente mais micro possível. Essa possibilidade de aplicação do TBL se 
deve ao fato de envolver exatamente todos os aspectos necessários para 
sustentabilidade, social, econômico e ambiental. 
Para Boff (2020, p. 153), além de ser composta por fatores sociais, econômicos 
e ambientais, a sustentabilidade: 
 
[...] não deve ser entendida como um produto final, mas como um 
processo que vai criando relações forjadas de sustentabilidade. Isso 
nos obriga a equacionar os tempos da natureza (longos e com ritmo 
próprio) com os tempos de produção humana (rápidos, buscando 
eficácia imediata). Eis um desafio ingente, pois não estamos 
habituados a escutar o que a natureza nos diz, nem equilibrar nossos 
ritmos aos ciclos naturais. 
 
 
 
 
22 
A sustentabilidade vai além de um conceito de preservação, pois se trata de 
uma evolução alinhada com tudo e todos. 
 
2.1 CONCEITO E PRINCIPIOLOGIA 
 
A palavra sustentabilidade parece ser um tema atual, devido ao peso da 
importância do destaque que recebeu nas últimas décadas, porém sua origem é 
distante. 
A sustentabilidade não surgiu com o conceito que é a presentando nos dias 
atuais. Boff (2020), apresenta em seu livro que começo a partir da preocupação com 
a limitação dos recursos propiciados pela natureza, que colocou em debate qual seria 
a forma ideal para utilização adequada dos recursos naturais. Por volta de 1700 
originou-se essa preocupação, devido a utilização da madeira em excesso, final era a 
matéria-prima para construção de casas e móveis, para cozinhas alimentos, aquecer 
durante os invernos intensos e intensamente utilizada para construção de barcos em 
uma época de desbravamentos dos oceanos. 
Segundo Boff (2020, p. 34): 
 
O uso foi tão intensivo, particularmente na Espanha e em Portugal, as 
potencias marítimas da época, que as florestas começaram a 
escassear. 
Mas foi na Alemanha, em 1560, na Provincia da Saxônia, que irrompeu, 
pela primeira vez, a preocupação pelo uso racional das florestas, de 
forma que elas pudessem se regenerar e se manter permanentemente. 
Neste contexto surgiu, a palavra alemã Nachhaltigkeit, que significa 
“sustentabilidade”. 
No entanto foi somente em 1713, de novo na Saxônia, como Capitão 
Hans Carl von Carlowitz, que a palavra “sustentabilidade” se 
transformou num conceito estratégico. 
 
Daí pode-se afirmar que a sustentabilidade teve sua origem, limitada apenas à 
preocupação cm o excessivo uso da madeira e degradação de florestas. 
Ainda na explicação de Boff (2020, p. 35): 
 
Foi então que Carlowitz escreveu um verdadeiro tratado na língua 
cientifica da época, o latim, sobre a sustentabilidade (nachhaltig 
wirtschaften: organizar de forma sustentável) das florestas com o título 
de Silvicultura oeconomia. Propunha enfaticamente o uso sustentável 
da madeira. Seu lema era: “devemos tratar a madeira com cuidado” 
(man muss mit dem Holz pfleglich umgehen), caso contrário, acabar-
se-á o negócio e cessara o lucro. Mais diretamente: “corte somente 
 
 
 
23 
aquele tanto de lenha que a floresta pode suportar e que permite a 
continuidade de seu crescimento. 
 
Assim surgiu o primeiro conceito sustentabilidade, que nem sempre teve seu 
lema cumprido. Diante o agravo da exploração intensa, a sustentabilidade expandiu 
seu conceito básico de preservar madeira e florestas, tema intensificado nas últimas 
décadas. 
Segundo Bosselmann (2015, p. 78): “O princípio da sustentabilidade em si é 
mais bem definido como o dever protegere restaurar a integridade dos sistemas 
ecológicos da Terra.” 
Apesar de ter se originado há muito tempo, a sustentabilidade se firmou apenas 
nas últimas décadas, pois a industrialização havia sido o foco principal de toda 
sociedade. A partir dos impactos resultados dessa intensa industrialização, surgiu um 
novo conceito para sustentabilidade, que foi abordado em eventos que ressignificaram 
a sustentabilidade, sendo eles: Estocolmo a Primeira Conferência Mundial sobre o 
Homem e o Meio Ambiente (1972), Nosso Futuro Comum (1987) e Rio 92 (1992). 
O primeiro evento promovido pela ONU em Estocolmo (1972), contou com a 
participação de 113 países, foi a primeira reunião que unia diversos Estados. Nesta 
conferência, a sustentabilidade começou a ser desenhada para o que é hoje, e já 
destacavam a importância desta em seu item 6 em sua declaração oficial: 
 
Chegamos a um momento da história em que devemos orientar nossos 
atos em todo o mundo com particular atenção às consequências que 
podem ter para o meio ambiente. Por ignorância ou indiferença, 
podemos causar danos imensos e irreparáveis ao meio ambiente da 
terra do qual dependem nossa vida e nosso bem-estar. Ao contrário, 
com um conhecimento mais profundo e uma ação mais prudente, 
podemos conseguir para nós mesmos e para nossa posteridade, 
condições melhores de vida, em um meio ambiente mais de acordo 
com as necessidades e aspirações do homem. As perspectivas de 
elevar a qualidade do meio ambiente e de criar uma vida satisfatória 
são grandes. É preciso entusiasmo, mas, por outro lado, serenidade 
de ânimo, trabalho duro e sistemático. Para chegar à plenitude de sua 
liberdade dentro da natureza, e, em harmonia com ela, o homem deve 
aplicar seus conhecimentos para criar um meio ambiente melhor. A 
defesa e o melhoramento do meio ambiente humano para as gerações 
presentes e futuras se converteu na meta imperiosa da humanidade, 
que se deve perseguir, ao mesmo tempo em que se mantém as metas 
fundamentais já estabelecidas, da paz e do desenvolvimento 
econômico e social em todo o mundo, e em conformidade com elas. 
 
Apesar de não ter apresentado resultados imediatos que possam ser 
considerados visíveis, foi o gatilho para um alerta inicial e pôde colher resultados nas 
 
 
 
24 
décadas seguintes. 
Sobre o evento de Estocolmo realizado em 1972, Pereira, Silva e Carbonari 
(2011, p. 66) explicam: 
 
O conceito de sustentabilidade explora as relações entre 
desenvolvimento econômico, qualidade ambiental e equidade social. 
Ele começou a ser delineado, quando a Organização da Nações 
Unidas (ONU) promoveu a Conferência das Nações Unidas sobre o 
Meio Ambiente Humano, em Estocolmo Suécia). 
Sustentabilidade pode ser definida como a característica de um 
processo ou sistema que permite que ele exista por certo tempo ou por 
tempo indeterminado. Nas últimas décadas, o termo tornou-se um 
princípio segundo o qual o uso dos recursos naturais para a satisfação 
das necessidades presentes não deve comprometer a satisfação das 
necessidades das gerações futuras. 
 
Em 1984 ocorreu a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, que teve a participação de muitos especialistas. Esse evento 
resultou no relatório Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório 
Brundtland. 
O Relatório Brundtland trouxe um conceito de prosperidadepara 
sustentabilidade, onde um olhar de atenção é lançado para as possíveis 
consequências dos atos presentes. 
Além de apresentar pesquisas, o Relatório de Brundtland deu um novo conceito 
para sustentabilidade, também abrangendo o desenvolvimento sustentável, sendo 
ele, apresentando no Nosso Futuro Comum: “[...] aquele procura satisfazer as 
necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras 
de satisfazerem as suas próprias necessidades”. 
Segundo Pereira, Silva e Carbonari (2011, p. 69): 
Esse relatório apresentou um novo olhar sobre o desenvolvimento, 
definindo-o como o processo que “satisfaz as necessidades presentes 
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas 
próprias necessidades”. A partir daí, o conceito de desenvolvimento 
sustentável começa a se tornar mais conhecido. 
 
Ao definir que gerações futuras precisam ser consideradas nesse conceito, 
pode-se ver que o direito difuso, onde os titulares são indeterminados e 
indetermináveis, é um dever de todos para com todos. Essa definição se disseminou 
e se firmou entre todos os conceitos existentes para muitos autores, e indo além dos 
aspectos social, econômico e ambiental. 
A figura abaixo demonstra quando há a idealização de sustentabilidade quando 
 
 
 
25 
se alinha os aspectos sociais, econômicos e ambientais: 
 
Figura 1 – O tríplice resultado 
 
Fonte: PEREIRA, SILVA e CARBONARI (2011) p.78 
 
Para Freitas (2019, p. 45), a sustentabilidade: 
[...] trata-se do princípio constitucional que determina, com eficácia 
direta e imediata, a responsabilidade do Estado e da sociedade pela 
concretização solidaria do desenvolvimento material e imaterial, 
socialmente inclusivo, durável e equânime, ambientalmente limpo, 
inovador, ético e eficiente, no intuito de assegurar, preferencialmente 
de modo preventivo e precavido, no presente e no futuro, o direito ao 
bem-estar. 
 
Seguindo a intensificação e disseminação da preocupação de um colapso 
ambiental, foi realizada a conferência Rio 92, que resultou no documento Agenda 21. 
A Agenda 21 é um plano de ação que visa a reformulação no aspecto ambiental, 
econômico e social. 
Para Pereira, Silva e Carbonari (2011, p. 72): 
 
Ela foi concebida como um plano de ação para ser adotado nos níveis 
internacional, nacional e local, envolvendo diversos tipos de atores 
sociais (governos, empresas, organismos internacionais e 
Organizações Não Governamentais) que podem cooperar para a 
solução dos problemas socioambientais. 
 
 
 
 
26 
A Agenda 21 é um compromisso firmado que tem como pilares a cooperação e 
participação. Tais pilares precisam de harmonia entre Estado, sociedade e empresas 
na execução do plano. 
A sustentabilidade tem sido base de muitos discursos dentro do âmbito 
ambiental, com a intenção de abrir os olhos da sociedade e conseguir ver que está 
inserida em areia movediça e que aos poucos irá sumir, caso não tome 
posicionamentos e iniciativas que vão além de palavras. 
 
2.2 SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 
Não há como falar de sustentabilidade, sem mencionar o desenvolvimento 
sustentável, pois por mais que sustentabilidade pareça ser aversa ao 
desenvolvimento, ambos trabalham mutuamente. Assim como expressa o quarto 
princípio da Agenda 21 (1992, p. 2): “Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a 
proteção ambiental deve constituir parte integrante do processo de desenvolvimento, 
e não pode ser considerada isoladamente deste.” 
A primeira citação sobre desenvolvimento sustentável foi no Relatório 
Brundtland, com o conceito de satisfazer as necessidades presentes, sem 
comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as suas. 
Segundo Bosselmann (2015, p. 2015): 
[…] desenvolvimento sustentável é igual a “um desenvolvimento 
ecologicamente sustentável” e pode ser interpretado da seguinte 
forma: “Não há prosperidade econômica sem justiça social e justiça 
social sem prosperidade econômica, e dentro dos limites da 
sustentabilidade ecológica”. Essa norma pode ser formulada como a 
obrigação de promover em longo prazo a prosperidade econômica e a 
justiça social, dentro dos limites da sustentabilidade ecológica. 
 
O desenvolvimento sustentável expandiu o conceito de sustentabilidade, indo 
além do aspecto ambiental e englobando aspectos econômico e social. 
Segundo Barbieri (2020, p. 22): 
 
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano 
(CNUMAH) realizada em Estocolmo em 1972, constitui um dos marcos 
mais importantes para o entendimento acerca do desenvolvimento 
sustentável, embora essa expressão ainda não fosse usada. Ele se dá 
no contexto da Segunda Década do Desenvolvimento da ONU, iniciada 
em 1971, e que teve, entre outros, os seguintes objetivos: alcançar 
uma taxa média anual de crescimento do produto bruto de 6% para o 
 
 
 
27 
conjunto dos países em desenvolvimento, alcançar para esse conjunto 
uma taxa média de crescimento do produto per capita de 3,5%; 
distribuir de modo mais equitativo esses resultados a fim de promover 
a justiça social, aumentar a eficiência produtiva, ampliar o nível geral 
do emprego, de saúde, de nutrição, educação e proteção ambiental. 
Também foram estabelecidos os objetivos de melhorar o bem-estar 
das crianças, bem como o dos jovens e das mulheres para que estes 
possam participar ativamente do processo de desenvolvimento. 
 
A figura seguinte demonstra de forma clara a composição do desenvolvimento 
sustentável em seus aspectos. 
 
Figura 2 – Elementos essenciais para o desenvolvimento sustentável 
 
Fonte: BARBIERI (2020) p.133 
 
O desenvolvimento sustentável é uma forma de poder definir como será o 
futuro, pois ações atuais podem mudar o curso de possíveis degradações, destruições 
e escassez. 
Para Boff (2016, p. 147): 
 
O desenvolvimento sustentável resulta em um comportamento 
consciente e ético face aos bens e serviços limitados da Terra. De 
saída, impõe sem sentido de justa medida e de auto controle contra os 
impulsos produtivistas e consumistas, aos quais estamos acostumados 
em nossa cultura dominante. Caso contrário, afetamos o capital 
natural, que deve ser preservado, quando não, enriquecido. 
 
 
 
28 
 
Diante essa afirmação, é nítido que deve ocorrer uma cooperação mútua e 
participação entre Estados e toda sociedade para que o desenvolvimento sustentável 
seja alcançado plenamente. 
Nas últimas décadas com a obtenção de capacidade financeira da sociedade, 
o consumo se acelerou, o que acabou gerando um grande desperdício e também o 
grande espaçamento entre classes sociais. 
Segundo Pereira, Silva e Carbonari (2011, p. 100): 
 
É importante examinar não somente a quantidade de recursos que é 
consumida, mas também os padrões de consumo. A eficiência 
econômica por si só não resolve os problemas relacionados aos 
recursos naturais; é preciso rever padrões atuais de consumo, assinala 
o Instituto Akatu, entidade brasileira que tem o objetivo de difundir o 
consumo consciente. 
 
O consumo não é um veneno para a sociedade, já que possuir capacidade de 
consumo está alinhado com o desenvolvimento sustentável, o problema é quando o 
consumo se extrapola, passando a ser consumismo e deixando marcas na sociedade. 
Ainda para Pereira, Silva e Carbonari (2011, p. 101): 
 
O consumo é um dos grandes instrumentos de bem-estar, mas é 
necessário aprender a produzir e consumir os bens e serviços de uma 
maneira diferente da atual, visto que o modelo hoje predominante de 
produção e consumo contribui para aprofundar aspectos da 
desigualdade social e do desiquilíbrio ambiental. 
 
O consumo é resultado de uma cadeia de processos que envolve todos os 
steakholders, e cada um desses tem uma parcela no impacto que o consumo pode 
causar. 
A figura 3 ilustra o processo percorrido por um produto até chegar na fase de 
descarte dos resíduos e restos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
Figura 3 – Ciclo de vida útil de umproduto considerando os impactos 
ambientais em cada etapa 
 
FONTE: ALVES (2019) p. 33 
 
O ciclo de vida de um produto gera impacto em todos, porém o impacto ainda 
é maior quando o consumo básico não chega a todos. Grande parte dos problemas 
que estão existentes na sociedade são oriundos do não acesso às necessidades 
básicas, ainda há pessoas que não tem acesso à água potável, energia elétrica e itens 
essenciais à sobrevivência, como comida, medicamento e produtos de higiene. Tudo 
isso, por não terem condições econômicas que permitam acesso a isso. 
A figura abaixo apresenta quais são as medidas para se atingir o bem-estar de 
um indivíduo. 
 
 
 
 
 
 
30 
Figura 4 – Medidas de bem-estar 
 
FONTE: BARBIERI (2020) p. 43 
 
Na visão de Alves (2019, p. 31): 
 
Os problemas sociais são caracterizados pela grande parcela da 
população que não tem acesso a bens e serviços elementares para 
sua sobrevivência como alimentos e água, podendo gerar diversos 
problemas relacionados à saúde como s desnutrição, por exemplo. Os 
problemas sociais também são caracterizados pela parcela da 
população desprovida de condições econômicas para adquirir bens e 
serviços que lhes deem o mínimo de conforto para viver, podendo 
ocasionar situações como subemprego, moradia em condições 
precárias, violência, dentre outros. Já os problemas ambientais são 
provocados, em parte, pelos impactos ambientais negativos da 
produção e descarte de produtos e suas respectivas embalagens, e 
também pelo impacto do consumo de bens além do considerado 
“suficiente”, resultado em atitudes de consumo denominadas de “luxo” 
e “extravagância”, caracterizando o chamado “consumismo” da 
sociedade moderna. Paralelamente, as medidas para minimizar esses 
impactos ambientais negativos têm sido insuficientes e, em muitos 
casos, ineficientes. 
 
O consumo ideal permite uma equidade entre todos, além de evitar o 
desperdício. O mais benéfico para a sociedade é atingir o consumo sustentável, que 
para Filho (2008, p. 64): 
 
O conceito de consumo sustentável está ligado à satisfação da 
exigência publica por melhor qualidade de vida e pelo subsequente 
consumo de produtos e serviços de maneira cumulativamente não 
destrutiva aos recursos e ameaçadora à vida em escala planetária. 
Nesse sentido, mesmo que o grau de consumo pata alguém esteja 
 
 
 
31 
dentro de suas necessidades, se forem além do que comporta o 
sistema ambiental, será considerado consumismo. 
 
Apesar do consumo sustentável ser o ideal, a realidade do indivíduo varia de 
um para o outro. 
A figura abaixo esclarece as tipologias de consumo em relação ao meio 
ambiente: 
 
Figura 5 – Tipologias de consumo em relação ao meio ambiente 
 
FONTE: FILHO, 2008 p. 75 
 
Sempre necessário analisar a realidade de cada indivíduo, mas o consumo 
excessivo compromete um dos pilares do desenvolvimento sustentável. Muitas vezes 
a sociedade não tem conhecimento da excessividade do consumo, e isso incube ao 
Estado prestar toda informação necessário para que a sombra da ignorância se 
dissipe. 
A obrigação do Estado prestar informações à sociedade está explicito no 
princípio 10 da Agenda 21 (1992, p. 3): 
 
“A melhor maneira de tratar as questões ambientais é assegurar a 
participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos interessados. 
No nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado às 
informações relativas ao meio ambiente de que disponham as 
autoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais e 
atividades perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade 
de participar dos processos decisórios. Os Estados irão facilitar e 
estimular a conscientização e a participação popular, colocando as 
informações à disposição de todos. Será proporcionado o acesso 
efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no que se 
refere à compensação e reparação de danos.” 
 
 
 
 
32 
O desenvolvimento sustentável além do mencionado, precisa ter equidade, 
para todos se desenvolvam de forma justa. Assim transcreve o quinto princípio da 
Agenda 21 (1992, p. 2): 
 
 Todos os Estados e todos os indivíduos, como requisito indispensável 
para o desenvolvimento sustentável, devem cooperar na tarefa 
essencial de erradicar a pobreza de forma a reduzir as disparidades 
nos padrões de vida e melhor atender às necessidades da maioria da 
população do mundo. 
 
A Constituição Federal de 1988 traz em seu artigo 225 caput, que a proteção 
de defesa do meio ambiente advém de uma atuação parceira entre Estado e a 
sociedade civil. 
Diante disso, incube ao Estado uma parcela significativa para contribuir com o 
desenvolvimento sustentável, seja com informação e assistência à sociedade, como 
cobrança e incentivos às empresas para cumprirem seu papel. Assim, além de ser 
necessário a preservação da integridade do meio ambiente, são necessárias ações 
que estimulem o desenvolvimento social e econômico. 
Para Barbieri (2020, p. 51) os aspectos sociais e econômicos são: 
 
1) Sustentabilidade social: refere-se ao objetivo de melhorar 
substancialmente os direitos e as condições de vida das populações a 
reduzir as distancias entre si padrões de vida dos grupos sociais. 
Refere-se, portanto, busca de equidade social entre os membros da 
atual geração; 
2) Sustentabilidade econômica: refere-se à necessidade de manter 
fluxos regulares de investimentos públicos e privados e à gestão 
eficiente dos recursos produtivos, avaliada mais sob critérios 
macrossociais do que microempresariais e por fluxos regulares de 
investimento; [...] 
 
O Estado é uma peça essencial ao processo do desenvolvimento sustentável, 
pois ele é o regulador, o fiscalizador e a fonte da informação. 
A Constituição Federal de 1988 foi um basilar para regulamentação de leis a 
procederam, a sua importância para o desenvolvimento sustentável é destacada por 
Freiria (2011) como grande marco em termos da legislação brasileira, pois reservou 
um capitulo próprio para o meio ambiente, podendo destacar sua importância e seu 
caráter estruturante da política ambiental. 
Para que o Estado possa exercer seu papel no atingimento do desenvolvimento 
sustentável, é necessário um planejamento, estabelecer metas, para que os objetivos 
 
 
 
33 
sejam claro e que o caminha a ser traçado seja evidente a todos. 
Sobre o planejamento, Freiria (2011, p. 141) define que: 
 
[...] o planejamento, enquanto ferramenta para auxiliar na 
administração presente e futura das relações ambientais, é uma das 
etapas de gestão que deve estar expressa na política ambiental, 
sobretudo na política pública ambiental, uma vez que é a política que 
direciona a gestão e, por conseguinte, o planejamento. 
 
Não há um roteiro a ser seguido em um planejamento, pois pode sofrer 
adaptações dependendo dos objetivos, mas este planejamento, por evidência, é 
indispensável. 
 
Figura 6 – Etapas do planejamento ambiental 
 
FONTE: FREIRIA (2011) p. 142 
 
O planejamento para ser excetuada de forma precisa, precisa da participação 
das empresas, pois essas são as estimuladoras da economia e propulsoras do 
consumo. 
As empresas além de serem as peças fundamentais para a execução do 
planejamento, são as que impactam também o âmbito social, já que são apenas 
estimuladoras do consumo, mas também geradoras de empresas e crescimento 
econômico. 
Para Dias (2019) as empresas possuem papel a ser cumprido no âmbito 
econômico, social e ambiental. No âmbito econômico, deve cumprir seu papel levando 
em consideração o aspecto da rentabilidade, ou seja, dar retorno ao investimento 
realizado pelo capital privado. Já em termos sociais, as empresas devem atender os 
 
 
 
34 
requisitos de proporcionar as melhores condições de trabalho aos seus empregados, 
sempre visando a cultura existente na sociedade em que está inserida, além disso, 
propiciar os deficientes de modo geral. E por fim, no ponto de vista ambiental, deve 
pautar-se pelaecoeficiência dos seus processos produtivos, adotar uma produção 
mais limpa, exercer uma postura de responsabilidade ambiental e procurar participar 
de todas as atividades patrocinadas pelas autoridades governamentais no que diz 
respeito ao meio ambiente natural. 
Na figura abaixo expõe como as empresas exercem seu papel no 
desenvolvimento sustentável: 
 
Figura 7 – Indicadores para a sustentabilidade empresarial 
 
FONTE: DIAS (2019) p. 43 
 
Dentro do desenvolvimento sustentável, as empresas possuem o papel da 
responsabilidade social, que vai além de simples processos, mas sim um 
compromisso com todos que estão à sua volta 
Ainda tendo governança e planejamento, há o engajamento, que pode ser difícil 
de ser despertado em todos. Esse engajamento para se efetivar, precisa ser composto 
de: clareza, integração, independência, acompanhamento e adaptação. 
Durante as últimas décadas surgiram tecnologias, habilidades e recursos para 
o desenvolvimento sustentável seja atingido, mesmo assim ainda continua numa fase 
 
 
 
35 
extremamente inicial, mas com a união de todos, os frutos serão colhidos e serão 
duradouros. 
O atingimento de todos objetivos que são considerados englobados pelo 
desenvolvimento sustentável é demandado de governança e planejamento de uma 
pirâmide, empresarial, sociedade e estatal. 
 
2.3 A RESPONABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS E SUA CONEXÃO COM A 
SUSTENTABILIDADE 
 
Sendo as responsáveis, em grande parte, por geração de empregos, 
pagamento de impostos e ofertas de produtos e serviços para o funcionamento do 
mercado, as empresas são engrenagens fundamentais para o desenvolvimento da 
sociedade. 
As empresas possuem uma grande parcela perante ao desenvolvimento 
sustentável, pois, como já mencionado, para que este seja atingido, precisa da 
cooperação e participação de todos, assim, as empresas precisam fazer sua parte e 
aí que entra a responsabilidade social empresarial. 
A responsabilidade social empresarial precisa ser baseada num tripé, que tem 
como basilares, o social, ambiental e econômico. 
Dias (2019, p. 184) cita Toldo sobre o conceito de responsabilidade social 
empresarial: 
 
São estratégias pensadas para orientar as ações das empresas em 
consonância com as necessidades sociais, de modo que a empresa 
garanta, além do lucro e da satisfação de seus clientes, o bem-estar 
da sociedade. A empresa está inserida nela e seus negócios 
dependerão de seu desenvolvimento e, portanto, esse 
desenvolvimento deverá ser duradouro. É um comprometimento. 
 
A figura abaixo representa a estruturação da responsabilidade social dentro da 
sustentabilidade e quais critérios cada aspecto abrange: 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
Figura 8 – Equilíbrio dinâmico da sustentabilidade 
 
FONTE: DIAS (2019) p. 46 
 
Para a ONU (2003) em seu site: 
 
A responsabilidade social da empresa vai além da filantropia. Na 
maioria das definições se descreve como as medidas constitutivas 
pelas quais as empresas integram preocupações da sociedade em 
suas políticas e operações comerciais, em particular, preocupações 
ambientais, econômicas e sociais. A observância da lei é o requisito 
mínimo que deverão de cumprir as empresas. 
 
A sustentabilidade empresarial está representada na figura abaixo: 
 
Figura 9 – Modelo de sustentabilidade empresarial 
 
FONTE: PEREIRA, SILVA e CARBONARI (2011) p. 156 
 
O atual modelo tradicional de mercado, visa buscar receita e lucro ao máximo 
 
 
 
37 
possível. Esse modelo vai contra a responsabilidade social e passou a ser quebrado, 
para que pudesse se adaptar às cobranças feitas pela sociedade e Estado. 
Nessa linha, Pereira, Silva e Carbonari (2011, p. 156) citam: 
 
Sob essa nova perspectiva, uma organização, com ou sem fins 
lucrativos, passou a compreender que deve agir de maneira 
socialmente responsável, de modo a atender aos interesses de todos 
os seus principais stakeholders, isto é, de todos aqueles que afetam 
ou são afetados por suas atividades. 
 
A visão da sociedade está mudando, e essa mesma afirmação é feita por Dias 
(2019, p. 185): 
 
Do ponto de vista ambiental, a consciência ecológica empresarial tem 
sido motivada, em parte, pelas pressões continuas do Poder Público, 
da opinião pública e dos consumidores, e em muitos casos pela 
possibilidade de melhorar sus imagem junto a determinados mercados, 
o que resulta num aumento de seus benefícios. 
 
Já na visão de Mazzarotto e Berté (2013, p. 57): 
 
Em virtude do crescimento do mercado verde e da mudança de 
padrões do consumidor, em empresas passaram a sentir a 
necessidade de vincular seus produtos a imagens “ecologicamente 
conscientes” para atender às novas exigências do mercado. Dessa 
forma, o marketing ambiental, ou marketing verde, como é chamado, é 
o tipo de estratégia usada para essa vinculação de imagens, que faz 
com que o consumidor conheça a empresa ou indústria como 
sustentável e ecologicamente correta e, é claro, prefira essa empresa 
às outras que não tem essa imagem. 
 
Diante de tais necessidade de mudança e cobranças externas, as organizações 
assumiram o papel de modificação e passaram a desenhar uma nova sociedade 
baseado no desenvolvimento sustentável. 
Por mais que se adaptar a essas mudanças possa gerar um dispêndio, a 
direção é única e ter que retroagir, pode custar mais caro. 
Nessa mesma linha, há a afirmativa de Nidumolu, Prahalad e Rangaswami que 
Pereira, Silva e Carbonari (2011, p. 163), citam sua obra: “É tentador seguir os 
parâmetros ambientais menos rigorosos pelo maior tempo possível. Mas é mais 
inteligente aderir aos padrões mais rigorosos antes deles se tornarem lei.” 
Mesmo que haja um desembolso inicial para mudanças de processos 
empresariais, a mudança deve ser vista como oportunidade, afinal de contas, há 
 
 
 
38 
redução de desperdício, economia de água e energia e no âmbito social é possível 
afirmar que com uma sociedade mais igualitária, o potencial de consumo cresce e a 
empresa cresce junto. Ainda indo além, é nítido que o produto ou serviço passa a ter 
um valor agregado e nova imagem diante da sociedade, passando a ser vista com 
outros olhos e atraindo mais consumidores. 
Isso é afirmado por Mazzarotto e Berté (2013, p. 57): 
 
O marketing verde vem, portanto, modificando algumas atividades, 
como a elaboração de produtos, os processos produtivos, as 
embalagens e as propagandas. Essa nova forma de fazer marketing 
pressiona os profissionais da área a perceberem os processos internos 
e externos de produção em relação aos consumidores, bem como os 
impactos dessa produção nos fatores consumo, qualidade e 
desenvolvimento sustentável. 
 
Cada aspecto é aprofundado que características que algumas vezes podem 
não ser óbvias ou que não parecem estar ligadas à responsabilidade social, mas 
estão, como demonstra a figura abaixo: 
 
Figura 10 – Responsabilidade social: temas centrais e exemplos de questões 
 
FONTE: BARBIERI (2019) p. 61 
 
Esses temas devem ser abordados pelo novo tipo empresa, que é aquele que 
 
 
 
39 
permite transparência, transparece preocupação, demonstra responsabilidade e está 
preparada para mudar o futuro para melhor. 
Esse novo tipo de empreender, sem focar apenas em lucro, mas de ter 
consciência de fazer parte de algo maior, é o que deveria ser ensinado para os 
empreendedores em ascensão. Esse tipo de educação e ensino, precisa partir de 
incentivos estatais e de demais empresas grandes que querem fazer a diferença nas 
empresas menores. 
Sobre o novo empreendedorismo, afirma Pereira, Silva e Carbonari (2011, p. 
163): 
 
O ensino do empreendedorismo orientado para sustentabilidade não 
garante o surgimento de mitos como Mark Zuckerberg, que fundou o 
Facebook em 2004, mas ajuda na formação de melhores 
empreendedores e na geração da riqueza intelectual de um país. A 
escolha é clara. 
 
O papel de empresas na sociedade está mudando, basta olhar para as últimas

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