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1 EDSON FARLEY Direito Internacional ESPECIFICIDADES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos; VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional. No caso do inciso VIII – pelo costume, o presidente da república pode delegar. a) Inexistência de uma relação hierarquizada – Não há relação de subordina- ção entre os estados, todos se encontram em par de igualdade CF, Art. 4º - A República Federativa do Brasil rege-se nas suas re- lações internacionais pelos seguintes princípios: [...] V - igualdade entre os Estados. CONU (Carta da ONU), Artigo 2. A Organização e seus Membros, para a realização dos propósitos mencionados no Artigo 1, agirão de acordo com os seguintes Princípios: 1. A Organização é baseada no princípio da igualdade de todos os seus Membros. COEA (Carta da OEA), Artigo 10 - Os Estados são juridicamente iguais, desfrutam de iguais direitos e de igual capacidade para exercê-los, e têm deveres iguais. Os direitos de cada um não de- pendem do poder de que dispõem para assegurar o seu exercício, mas sim do simples fato da sua existência como personalidade ju- rídica internacional. (CESPE/SENADO FEDERAL/2002) – As relações jurídicas entre os Estados, no con- texto de uma sociedade jurídica internacional descentralizada, desenvolvem- se de forma horizontal e coordenada. b) Inexistência de um Poder Legislativo Universal – inexiste poder legislativo universal, mas existem ordens jurídicas regidas pela autodeterminação c) Inexistência de um Poder Judiciário Internacional com jurisdição compulsó- ria para todos os Estados – Inexiste poder judiciário com poder compulsório para julgar todos os Estados. CONCEITO E FUNDAMENTOS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO Conceito: Trata-se de uma disciplina jurídica que estabelece, de forma regula- tória, as relações entre os estados e as organizações internacionais, bem como seus indivíduos, respeitando a ordem mundial dentro das diretrizes di- plomáticas estabelecidas. 2 EDSON FARLEY Fundamentos: 1. Corrente voluntarista, subjetivista ou positivista a) Característica – Vontade própria dos Estados e OIs b) Fundamento – Vontade coletiva dos Estados ou no consentimento mútuo destes c) Críticas – Visa apenas a autonomia dos Estados 2. Corrente objetivista ou não voluntarista a) Característica – Fazer frente a voluntarista Normas imperativas de direito internacional geral (jus cogens) b) Fundamento – Vontade das normas de DI c) Crítica – Afasta a autonomia dos Estados 3. Corrente eclética, mista ou objetivista temperada ou moderada Direito Internacional moderno une as características de ambos. a) Característica – Não se deve desconsiderar a vontade dos Estados b) Fundamento – Pacta Sunt Servanda (deve respeitar os Estados e analisar os tratados) DISTINÇÕES IMPORTANTES DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO (DIP) E DIREITO INTERNO a) Quanto ao objeto DIP – Transcende as fronteiras do Estado Direito interno – Relações dentro do próprio Estado b) Quanto as partes DIP – Forte participação dos Estados, organizações e indivíduos Direito interno – Pessoas físicas ou jurídica que estão sujeitas as legis- lações internas DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO (DIP) E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO a) Quanto às partes: DIP – Estados e organizações 3 EDSON FARLEY DIPr – Pessoas particulares e eventualmente os estados quando atua- rem como particulares b) Quanto à finalidade: DIP – Questões mais importantes como meio ambiente por exemplo DIPr – Conflito de leis no espaço c) Quanto à fonte: DIP – Fontes formais do Direito, costumes, tratados, princípios e atos unilaterais DIPr – Regulado pela legislação interna dos Estados d) Quanto à forma de soluções de controvérsia: DIP – Cortes internacionais DIPr – Cortes nacionais, conciliação, mediação etc. FONTES FORMAIS CLÁSSICAS, PRIMÁRIAS OU ESTATUTÁRIAS FUNDAMENTO Estatuto da Corte Internacional de Justiça, Artigo 38 (defende as fontes clássicas) 1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacio- nal as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que es- tabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados liti- gantes; b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito; c) os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civiliza- das; d) sob ressalva da disposição do Art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito. 2. A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de de- cidir uma questão ex aequo et bono (equidade), se as partes com isto concordarem. (ESAF/ANAC/2016) - São fontes de Direito Internacional, de acordo com o Estatuto da Corte Internacional de Justiça, os tratados, os costumes e os princípios gerais de Direito, sendo meios auxiliares a jurisprudência e a doutrina e, sob certas condições, a equidade. https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/esaf-2012-cgu-analista-de-financas-e-controle-prevencao-da-corrupcao-e-ouvidoria 4 EDSON FARLEY CARACTERÍSTICAS DO ROL a) Exemplificativo – Falta falar das fontes contemporâneas b) Hierarquia entre as fontes – Para a maioria não existe, especialmente em tratados e costumes (CESPE/AGU-PROCURADOR FEDERAL/2010) – Costumes podem revogar trata- dos e tratados podem revogar costumes. A doutrina, em geral, cuida do jus cogens separadamente das fontes do Direito Internacional, o que não é correto. No estudo das fontes do direito das gentes as normas de jus cogens deveriam vir destacadas em primeiro lugar, antes do estudo dos tratados e do costume internacional. Isto se deve em virtude de sua prevalência hierárquica sobre todas as outras fontes do Direito Internacional Público. DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA EQUIDADE Meios auxiliares que servem para interpretar e aplicar as normas jurídicas É uma forma de decisão pautado no critério de justiça. - Para sua utilização, precisa da anuência das partes TRATADOS: NOTAS INTRODUTÓRIAS ASPECTOS GERAIS a) Conceito – É o acordo jurídico formal celebrado por escrito entre certos sujeitos de DI com a finalidade de produzir efeitos específicos (entre as partes pactuantes), segundo as regras do direito internacional, quer conste de instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, sendo irrelevante a sua denominação. (CESPE/AGU/2002) - Tratado internacional é um acordo celebrado por escrito entre sujeitos de direito internacional, que produz efeito jurí- dico, qualquer que seja sua denominação particular. b) Natureza jurídica: Tratado é um direito formal. Artigo 38 do ECIJ: 1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito in- ternacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/cespe-2010-agu-procurador-federal https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/cespe-2010-agu-procurador-federal 5 EDSON FARLEY c) Característica (FGV/SENADO FEDERAL/2012) – O Direito Internacional pode ser entendido como o “conjunto de normas jurídicas que regulam as relações entre Estados e, subsidiariamente, as demais pessoas internacionais, como determinadas organizações, e dos indivíduos”. Ao longo do século XX, o Direito Internacional (DI) ampliou sobremaneira seu âmbito de atuação e, no século XXI, as perspectivas são ainda maiores, na medida em que as interações entre os diversos sujeitos dodireito internacional tende a se multiplicar. Entre as fontes do DI no século XXI, assinale a conside- rada mais importante e, ao mesmo tempo, mais democrática: Os Trata- dos. d) Fundamento para força normativa dos tratados CVDT/69, art. 26 (Pacta sunt servanda) – Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa- fé. (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL/2006) – Nos termos da Conven- ção de Viena sobre Direito dos Tratados entre Estados, e no que se refere à observância, aplicação e interpretação dos acordos, consolidou-se re- gra que reflete a cláusula pacta sunt servanda, isto é, todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa-fé. TRATADOS E COSTUME INTERNACIONAL a) Quanto à característica: o tratado é uma fonte escrita, enquanto costume é uma fonte não escrita, sendo um acordo tácito. b) Quanto aos efeitos: em regra os tratados produzem efeitos inter par- tes. Já o costume é efeito erga omnis COSTUME INTERNACIONAL INTRODUÇÃO a) Aspectos gerais a. Natureza jurídica Artigo 38, 1, do ECIJ: 1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacio- nal as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito. b. Característica – é a fonte de direito internacional mais antiga. b) Conceito – Consiste em uma prática reiterada/continuada com convicção de obrigatoriedade. 6 EDSON FARLEY c) Elementos constitutivos Artigo 38, 1, do ECIJ: 1 [...] b) o costume internacional, como prova de uma prática geral / aceita como sendo o direito. a. Elemento objetivo (substantivo, material ou consuetudo) – pratica rei- terada. b. Elemento subjetivo (opinio juris ou opinio juris civis necessitatis) – con- vicção de obrigatoriedade d) Efeito: Necessita dos dois elementos para ser válido CODIFICAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL a) Conceito – Designa o processo de transformação das regras consuetudi- nárias em normas escritas. b) Característica CVDT/69, Artigo 38 (Regras de um Tratado Tornadas Obriga- tórias para Terceiros Estados por Força do Costume Inter- nacional) – Nada nos artigos 34 a 37 impede que uma regra prevista em um tratado se torne obrigatória para terceiros Estados como regra consuetudinária de Direito Internacio- nal, reconhecida como tal. (TRF3/JUIZ SUBSTITUTO/2022) – Uma regra prevista em um tratado pode se tornar obrigatória para Estados não partes, caso tal regra seja também uma regra consuetudinária de Direito Internacional. RELAÇÃO DO COSTUME INTERNACIONAL COM O DIREITO INTERNO a) Característica (CESPE/AGU/2015) – Diferentemente dos tratados, os costumes internacionais reconhecidos pelo Estado brasileiro dispensam, para serem aplicados no país, qualquer mecanismo ou rito de internalização ao sistema jurídico pátrio. 3.1. No ordenamento jurídico brasileiro não existe óbice legal ao exercício da jurisdição em face de soberania externa, con- forme se depreende da redação do art. 109, II, da Constitui- ção da República. Todavia, o instituto da imunidade de juris- dição é reconhecido e aplicado pela jurisprudência pátria, que recepciona o costume internacional no direito interno. (Voto-vista do Ministro Luis Felipe Salomão; STJ, AgRg no RO 68 / RJ - Agravo Regimental no Recurso Ordinário 2008/0042272-8; Relator(a): Ministro Marco Aurélio Bellizze (1150); Órgão Julgador: S2 - Segunda Seção; FORMAS DE EXTINÇÃO a) Desuso – conduta reiterada deixou de ser aplicada https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/trf-3-regiao-2022-trf-3-regiao-juiz-substituto 7 EDSON FARLEY b) Superveniência de um novo costume – Surge um novo costume incompatí- vel com os mais antigos c) Superveniência de um TI em sentido contrário – Surge um tratado com normas completamente incompatível aos costumes. (tratados apenas tem efeitos entre as partes) (CESPE/IRBr-DIPLOMATA/2010) – O costume, fonte do direito internacional público, extingue-se pelo desuso, pela adoção de um novo costume ou por sua substituição por tratado internacional. PRINCÍPIOS GERAIS “DE” DIREITO INTERNACIONAL Artigo 38, do ECIJ: 1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacio- nal as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: c) os princípios gerais “de” direito, reconhecidos pelas nações civi- lizadas. ASPECTOS GERAIS a) Natureza jurídica – Fontes formais de DI b) Característica – Fontes formais surgeneres, pois são de aplicação subsidi- arias, apenas será aplicado na ausência de tratados ou costumes. ATENÇÃO À QUESTÃO TERMINOLÓGICA Artigo 38, do ECIJ: 1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacio- nal as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: c) os princípios gerais “de” direito, reconhecidos pelas nações civi- lizadas. a. Princípios gerais “de” direito (gerais ou comuns) – Tanto no âmbito do di- reito internacional como no direito interno (CESPE/IRBr–DIPLOMATA/2009) – Pacta sunt servandae e res iudicata são princípios gerais de direito aceitos pela CIJ e discutidos em casos a ela submetidos. b. Princípios gerais “do” direito (próprios ou específicos) – Só existem no âm- bito internacional (TRF5/JUIZ FEDERAL/2015) – Não há previsão expressa de princípios gerais do direito internacional no Estatuto da CIJ. https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/cespe-2010-instituto-rio-branco-diplomata-1-etapa-a https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/cespe-2007-instituto-rio-branco-diplomata 8 EDSON FARLEY CF, Art. 4º - A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção V - igualdade entre os Estados VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos. VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações FONTES CONTEPORÂNEAS, NÃO ESTATUTÁRIAS, EXTRAESTATUTÁRIAS OU EX- TRACONVENCIONAIS ATOS UNILATERAIS EMANADOS DOS ESTADOS Aspectos gerais: Conceito: Manifestação pública, inequívoca e autônoma de vontade do Estado, desvinculada de qualquer tratado ou costume internacional, com o objetivo de produzir efeitos jurídicos no âmbito internacional. Natureza jurídica: fontes extra convencionais de expressão do DI (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/CONSULTOR LEGISLATIVO/2014) – Atos uni- laterais de Estados são modernamente admitidos como fontes extra con- vencionais de expressão do direito internacional, embora não estejam pre- vistos como tal no Estatuto da Corte Internacional de Justiça. Fundamento: Princípio do Estoppel - Consiste na impossibilidade de as partes envolvidas em um litígio nas instâncias internacionais de direitos humanos ale- garem ou negarem um fato ou direito, estando essa negação em desacordo com uma conduta anteriormente adotada ou anuída Requisitos Caso sobre os Testes Nucleares (Austrália Vs França), julgado pela CIJ em 1974. Modalidades: PROTESTO, NOTIFICAÇÃO, PROMESSA, RECONHECIMENTO E A RENÚNCIA Protesto: modo de se evitar a formação de uma regra costumeira 9 EDSON FARLEY Notificação: ato pelo qual um sujeito do direito internacional público dá a outro ou outros o conhecimento de um fato determinado que possa pro- duzir efeitos jurídicos Promessa: compromisso assumido por um sujeito de direito internacional público de ter, no futuro, certa atitude Reconhecimento: Trata-se de uma manifestação unilateral por meio da qual um Estado passa a considerar como legítima certa situação fática oujurídica. Renúncia: Ato unilateral, por meio do qual um Estado voluntariamente abdica de certo direito. Denúncia: modo de desvinculação de um tratado, tido como ato unilateral quando nele não previsto ATOS UNILATERAIS DECISÓRIOS DAS ORGANIZAÇÕES NACIONAIS Conceito: São atos normativos emanados das OIs, que geram direitos e obri- gações para os seus membros. Natureza jurídica: fonte formal autônoma de direito internacional Espécies: Resoluções: Cumprimento dos atos normativos das OIs no Brasil. Recomendações ou resoluções não-vinculantes: São normas emanadas das OIs cujo cumprimento é facultativo, pois lhe falta força coercitiva. DIREITO IMPERATIVO/COGENTE (JUS COGENS) Definições Normativas: a. CVDT, 1969 – Artigo 53. Tratado em conflito com norma imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens) [...] Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza. b. CVDT, 1986 – Artigo 53. Tratado em conflito com norma imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens) [...] Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza. 10 EDSON FARLEY (FGV/OAB/2011) – Com relação à chamada “norma imperativa de Direito In- ternacional geral”, ou jus cogens, é correto afirmar que é a norma: Reco- nhecida pela comunidade internacional como aplicável a todos os Estados, da qual nenhuma derrogação é permitida. Doutrinária: – Consiste no conjunto de preceitos universais dotados de superioridade normativa, razão pela qual não se admite qualquer tipo de derrogação ou modificação do seu conteúdo, salvo por outro preceito da mesma natureza e, ainda assim, desde que seja para acrescentar direitos, em respeito ao princípio da vedação ao retrocesso; e que possibilitam, em razão do atri- buto da imperatividade, sua aplicação objetiva (e, independentemente da prévia manifestação de vontade dos Estados). Características: a) Universalidade: Erga Omnis b) Superioridade normativa: Maior ordem jurídica no sistema existente c) Inderrogabilidade: Em regra não poderá sofrer modificação no seu con- teúdo, salvo por outro preceito da mesma natureza, que seja para acres- centar direitos. Por causa do princípio da vedação ao retrocesso. d) Imperatividade: São puníveis a todos os estados, inclusive aqueles que são completamente contrários. Natureza Jurídica: Não é uma fonte de DI, mas é superior a tratados em caso de conflitos, TEMOS aqui exceção a hierarquia sobre as normas. NORMAS SOFT LAW, SOFT NORMS OU GREEN LAW Conceito: São instrumentos que não geram obrigações rígidas para os sujeitos de DI Natureza jurídica: Não são fontes formais porque estão no direito de formação Características: a) Não geram obrigações rígidas, revelam apenas um compromisso. b) Elas apresentam conteúdo meramente programático. TEORIA GERAL DOS TRATADOS INTERNACIONAIS REGULAMENTAÇÃO a) Regulamentação convencional 11 EDSON FARLEY a. Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969 (CVDT/69) (CESPE/IRBR-DIPLOMATA/2010) – O tratado constitutivo de uma organiza- ção internacional está sujeito às normas da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969). b. Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de, 1986 (CVDT/86) c. Convenção de Havana sobre Direito dos Tratados, de 1928 (CHDT/28) b) Costume internacional – prática uniforme e constante da maioria dos Es- tados relevantes, reiterada de forma intensa ou usualmente por longos períodos DEFINIÇÃO E ELEMENTOS CARACTERIZADORES DEFINIÇÕES a) Normativa (CVDT/69, Art. 2, 1, “a”) CVDT/69, Para os fins da presente Convenção [...] “tratado” signi- fica um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica; CVDT/86, Para os fins da presente Convenção [...] tratado significa um acordo internacional regido pelo Direito Internacional e cele- brado por escrito; I) entre um ou mais Estados e uma ou mais orga- nizações internacionais; ou II) entre organizações internacionais, quer este acordo conste de um único instrumento ou de dois ou mais instrumentos conexos e qualquer que seja sua denominação especí- fica. b) Doutrinária – Acordo jurídico formal / celebrado por escrito / entre certos sujeitos de DI / com a finalidade de produzir efeitos específicos (entre as partes pactuantes), / segundo as regras do direito internacional, / quer conste de instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, / sendo irrelevante a sua denominação. ELEMENTOS CARACTERIZADORES 1) Acordo jurídico formal – É um ato voluntario e convencional entre os Esta- dos, que deve ser no mínimo bilateral 2) Concluído por escrito – A forma escrita constitui elemento essencial dos tratados. 12 EDSON FARLEY CVDT/69 - art. 2, (1) (a) “tratado” significa um acordo inter- nacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica. CHDT/28 - Artigo 2º - É condição essencial nos tratados a forma escrita. A confirmação, prorrogação, renovação ou recondução serão igualmente feitas por escrito, salvo esti- pulação em contrário. 3) Entre certos sujeitos de DI – Apenas os entes participantes do direito de convenção. Quem pode celebrar tratados: Estados, organizações internacionais e al- gumas coletividades como a Santa Sé Quem não pode celebrar tratados: Pessoa Física, Pessoa jurídica e em regra as ONGs (exceção é a Cruz Vermelha) (CESPE/STM/JUIZ-AUDITOR SUBSTITUTO/2013) – O Comitê Internacional da Cruz Vermelha apto para concluir acordos de sede com os Estados em que atua. *No Brasil, estão autorizados a assinar acordos internacionais apenas o Presidente da República, o Ministro das Relações Exteriores e os Em- baixadores chefes de missões diplomáticas do Brasil no exterior 4) Finalidade específica – Tem como objetivo estabelecer direitos e obriga- ções que vão produzir efeitos entre os sujeitos que os integram. Em alguns casos específicos poderá surgir efeitos a terceiros (direito difusos dos tratados) (Difusos, aparentes, previsão convencional de di- reitos para terceiros e previsão convencional de obrigações para ter- ceiros). 5) Regido pelo DI – Tratados é regido pelo DI e contratos pelo direito interno. 6) Quer conste de um ou mais instrumentos conexos – Em alguns casos pode haver documentos complementares que visam auxiliar na interpretação do principal ou regular algum ponto especifico. 7) Irrelevância da denominação – A denominação se é tratado, convenção, pacto etc. é irrelevante Concordata: É o acordo bilateral onde uma das partes é necessaria- mente a Santa Sé que tem por objetivo regular um assunto de caráter reli- gioso. https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/cespe-2013-stm-juiz-auditor-substituto 13 EDSON FARLEY a) Regra geral (TRF-4/JUIZ FEDERAL/2004) – A denominação dos tratados interna- cionais é irrelevante para a determinação de seus efeitos ou de sua eficácia, sendo indiferente sejam chamados de acordo, convenção, ajuste, pacto ou liga. Artigo 2 (Expressões Empregadas). 1. Para os fins da pre- sente Convenção: a) “tratado” significa um acordo interna- cional concluído por escrito entreEstados e regido pelo Di- reito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica. b) Exceções – ADI 4439/DF, de 20101 c) Constituição Brasileira (a) Tratados – CF, art. 5º, §§ 2º e 3º; art. 49, I; art. 84, VIII; art. 102, III, “b” etc. (b) Convenções Internacionais – CF, art. 5º, § 3º; (c) Atos Internacionais – CF, art. 49, I e art. 84, VIII; (d) Compromissos internacionais – CF, art. 143, X; (e) Acordos internacionais – ADCT, art. 52, parágrafo único. ESTRUTURA a) Preâmbulo – É o relatório suscinto que contêm os aspectos gerais e mais importantes dos tratados. (não possui força obrigatórios entre as partes mas pode ser utilizado para hermenêutica) CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS “NÓS, OS POVOS DAS NAÇÕES UNIDAS, RESOLVIDOS a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humani- dade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na digni- dade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser man- tidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla. E para tais fins praticar a tolerância e viver em paz, uns com os outros, como bons vizinhos, e unir as nossas forças para manter a paz e a segu- rança internacionais, e a garantir, pela aceitação de princípios e a insti- tuição dos métodos, que a força armada não será usada a não ser no 14 EDSON FARLEY interesse comum, a empregar um mecanismo internacional para promover o progresso econômico e social de todos os povos. Resolvemos conjugar nossos esforços para a consecução desses objetivos. Em vista disso, nossos respectivos Governos, por intermédio de represen- tantes reunidos na cidade de São Francisco, depois de exibirem seus ple- nos poderes, que foram achados em boa e devida forma, concordaram com a presente Carta das Nações Unidas e estabelecem, por meio dela, uma organização internacional que será conhecida pelo nome de Nações Unidas”. b) Dispositivo – É o corpo normativo do tratado (cara de lei) c) Anexos – Regula temas complementares (Estatuto da Corte internacional de Justiça) CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO NÚMERO DE PARTES – Bilaterais/particulares (dois sujeitos de DI) ou Multilaterais (celebrados por 3 ou mais sujeitos de DI) QUANTO AO PROCEDIMENTO – Podem ser solenes ou simplificados Treaty-making power (poder de celebrar tratados) – Distribuição interna de competência para celebração de tratados. Solene: Simplificados ou unifásicos: Tem apenas a fase internacional Gera direitos e obrigações a parir da simples assinatura do chefe de Estados Existe acordos simplificados no Brasil: - Acordos meramente interpretativos, servem para regulamentar tratados já vigentes. 15 EDSON FARLEY Efeito – CF, Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - Resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos inter- nacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. QUANTO À NATUREZA DAS NORMAS PACTUADAS a) Tratados-lei ou tratados-normativos (law-making treaties) – são tratados que estabelecem normas gerais e abstratas de DI, que são aplicáveis a grande número de sujeitos de DI. b) Tratados-contrato (treaty-contract) – são aqueles instrumentos que re- gulam situações particulares e reciprocas de sujeitos de DI c) Tratados-constituição ou Institucionais – são aqueles instrumentos que criam organizações internacionais (caso da Carta de São Francisco, carta de Bogotá) QUANTO À POSSIBILIDADE DE VINCULAÇÃO – os tratados podem ser abertos (aquele que admite a vinculação posterior de outros sujeitos de DI, que queiram se vincu- lar (caso do próprio Estatuto de Roma)), já os tratados fechados são os que não permitem adesão posterior (tratado de cooperação amazônica) REQUISITOS OU CONDIÇÕES DE VALIDADE DOS TRATADOS (OAB-PE) – Os tratados e as convenções internacionais apresentam como ele- mentos fundamentais para a validade, todas as condições indicadas abaixo, com exceção de: (A) Capacidade das partes contratantes determinadas. (B) Consentimento mútuo expresso. (C) Objetivos lícitos e possíveis. (D) Prévio registro de documentação epistolar nas Nações Unidas. A. CAPACIDADE DOS SUJEITOS (DE DI) PACTUANTES – Requisito associado ao di- reito de convenção (capacidade para elaborar tratados) No Brasil, estão autorizados a assinar acordos internacionais apenas o Presidente da República, o Ministro das Relações Exteriores e os Embai- xadores chefes de missões diplomáticas do Brasil no exterior. B. HABILITAÇÃO DOS AGENTES SIGNATÁRIOS – Relacionado a quem pode assinar em nome do Estado 16 EDSON FARLEY C. CONSENTIMENTO MÚTUO – Necessita de consentimento para validade deste instrumento. (existem também vícios de consentimento) D. LICITUDE E POSSIBILIDADE DO OBJETO – Precisa ter um objeto lícito e possível. Será considerado ilícito quando violar as normas imperativas de DI “Jus Co- gens”. Não obedecendo as normas este tratado será nulo. Inexigível quando não é possível tratar de determinado objeto. ESCALONAMENTO HIERÁRQUICO FORÇA JURÍDICA INTERNA DOS TRATADOS TRATADOS COMUNS Para a doutrina internacionalista serão inseridos na pirâmide como normas supralegais porque eles teriam seus direitos jurídicos preservados. Fundamento CVDT/69, Artigo 26 (Pacta sunt servanda) – Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa fé. Artigo 27 (Direito Interno e Observância de Tratados) – Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado. Esta regra não prejudica o artigo 46. 17 EDSON FARLEY Finalidade – é um mecanismo de segurança jurídica aos compromissos inter- nacionais e consequentemente evitar sanções pelo descumprimento dos Tra- tados. O entendimento do STF é que os tratados comuns produzem efeitos no ordena- mento jurídico brasileiro como leis ordinárias Federais A crítica é que uma lei posterior do Congresso Nacional, pode acabar fazendo o tratado deixar de produzir efeitos. (dando insegurança jurídica) TRATADOS SOBRE DIREITOS HUMANOS Equivale ou podem valer como Emendas à constituição, art. 5º, §3º, CF. Sendo uma faculdade. Porém, poderá ser normas supralegais (Teoria do duplo esta- tuto dos tratados de DH) CF, Art. 5º, § 3º - Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em 2 (dois) turnos, por 3/5 (três quintos) dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucio- nais (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). Tratados equivalentes a Emenda: Característica: faculdade do Congresso Nacional Precedentes: (tratado de Nova York e Marraquexe (tratados referentes as pes- soas com deficiência), esses foram adotados como E/C. Não podendo o BR deixar de ser signatário por se tratar de um direito funda- mental que tem força de cláusula pétrea. Pedro Lenza entende que pode deixar de ser signatário caso surja denúncia referente a este tratado passando esta pelo Congresso Nacional. Porém o posicionamento consolidado é de que está denúncia não precisa ser passada pelo Congresso Nacional. Controle de constitucionalidade ou de convencionalidade? Se surgir tratados comuns que contrariam os equivalentes a EC, deverá ser adotado um controle de convencionalidade (mecanismo pelo qual se confere a validade de uma norma em relação a uma convenção internacional de DH), e não de constitucionalidade pois é definido comotratados equivalentes a EC e não emenda a CF. Todos os tratados referentes a DH será hierarquicamente superior as normas brasileiras. *Em relação a matéria ambiental se tornou equivalente a DH (ADPF 708) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1 18 EDSON FARLEY TRATADOS EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA Art. 98 CTN, os tratados e as convenções internacionais revogam ou mo- dificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. Legislador pensou assim para evitar a bitributação. Para a doutrina internacionalista, prevalecerão sobre normas internas os tra- tados internacionais. Para o STJ, apenas os tratados em matéria contratual, prevalecerão sobre normas internas (princípio da especialidade) Isenção heterônoma Isenção recaí apenas à União, ou seja, não alcança a República Federativa do Brasil Art. 151. É vedado à União: III - instituir isenções de tributos da com- petência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios CONVENÇÕES DE VARSÓRVIA E MONTREAL VS CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Convenção para a Unificação de Certas Regras Relativas ao Trans- porte Aéreo Internacional (Convenção de Varsóvia). Convenção para a Unificação de Certas Regras Relativas ao Trans- porte Aéreo Internacional (Convenção de Montreal). Regras referentes a transporte internacional de passageiros STF decidiu que as indenizações por danos materiais serão regidas pelas con- venções de Varsóvia e Montreal (pelo critério da especialidade) RE nº 636.331/RJ, com repercussão geral reconhecida, fixou a se- guinte tese jurídica: Nos termos do artigo 178 da CF, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Conven- ções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor. Efeitos: - Prazo prescricional de 2 anos e não de 5 igual o CDC - As indenizações por danos morais decorrentes de extravio de bagagem e de atraso de voo internacional não estão submetidas à tarifação prevista na Convenção de Montreal, devendo-se observar, nesses casos, a efetiva repara- ção do consumidor preceituada pelo CDC. 19 EDSON FARLEY VIGÊNCIA DOS TRATADOS A matéria é regulada pelo art. 24, § 1º, da Convenção de Viena de 1969, segundo o qual “um tratado entra em vigor na forma e na data previstas no tratado ou acordadas pelos Estados negociadores”. Na ausência de tal previsão ou acordo, dispõe a Convenção que o tratado somente entrará em vigor assim que o consentimento em se obrigar pelo mesmo for manifestado por todos os Estados negociadores (art. 24, § 2º). Todos os tratados internacionais, concluídos por quaisquer membros das Na- ções Unidas, devem ser registrados e publicados pelo Secretariado da ONU. É o que dispõe o art. 102, § 1º, da Carta da ONU de 1945, segundo o qual “todo tra- tado e todo acordo internacional, concluídos por qualquer Membro das Nações Unidas, depois da entrada em vigor da presente Carta deverão, dentro do mais breve prazo possível, ser registrados e publicados pelo Secretariado”. CRIMES DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL ➢ Genocídio; ➢ Crimes contra a humanidade; ➢ Crimes de guerra; ➢ Crime de agressão (uso da força armada por um Estado contra a soberania, integridade territo- rial ou independência política de outro Estado, ou de qualquer forma incompa- tível com a Carta das Nações Unidas). ESTADOS SOBERANOS CONCEITO: pessoa jurídica de direito público externo, forma, em geral, por uma comunidade de pessoas, estabelecidas permanentemente em um território, sob a autoridade de um governo soberano. Ex.: República Federativa do Brasil. ELEMENTOS INTEGRANTES OU CONSTITUTIVOS a) Classificação 1) Comunidade de pessoas (elemento subjetivo): abrange quanto os naci- onais assim como os imigrantes estabelecidos de forma permanente, conjunto de indivíduos vinculados ao Estado. 2) Território (elemento objetivo): área do globo sobre a qual o Estado exerce sua soberania. Compreende os domínios aéreos, pluviais e marítimos. Fatores irrelevantes para a caracterização do Estado: - Extensão territorial, não se tem um tamanho específico, por exemplo o Vati- cano, Mônaco etc. - Localização do território 20 EDSON FARLEY - Delimitação definitiva do território: o fato de não haver limites definidos, não impede a caracterização definitiva daquele estado, como por exemplo Israel, não há como saber a delimitação. - Uniformidade populacional: não se exige que o território de um Estado seja ocupado pela mesma nação. Pode ocorrer uma população multinacional, como por exemplo a Espanha (Basco e Catalães) Aplicação da lei penal brasileira CP, Art. 5º, caput - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 3) Governo soberano (elemento político): é a organização política estável não subordinada a terceiros Características: - Capacidade de manter a ordem interna (auto organização) - Capacidade de estabelecer e manter validamente relações internacionais. Obs.: Em geral a presença dos três elementos, tornará um Estado de FATO. Em situações excepcionais poderá não conter algum elemento. Ex.: Estado do Vaticano, que não tem o elemento subjetivo do povo, pois a nacionalidade é em regra da Itália. 4) FINALIDADE (Parte da doutrina, não é jurídico) Finalidade: não basta que tenha os 3 elementos, precisa ter um proposito, dizer o porquê veio a existir b) Fundamento: Art. 1º da Convenção sobre Direitos e Deveres do Estado (CDDE), assinada em Montevidéu, em 26 de dezembro de 1933 (promulgada, no Brasil, pelo Decreto nº 1.570, de 13 de abril de 1937): Artigo 1º - O Estado como pessoa de Direito Internacional deve reunir os seguintes requisitos. I. População permanente. II. Território determinado. III. Governo. IV. Capacidade de entrar em relações com os demais Estados. 21 EDSON FARLEY SURGIMENTO DOS ESTADOS a) Descolonização ou emancipação: é um ato de independência, descolonização de um Estado em relação a outro, sendo pacífica ou não. Fundamento jurídico: Princípio da auto determinação dos povos. Descolonização não se confunde com a secessão: a descolonização designa a independência de um Estado colonizado em relação ao Estado colonizador e a secessão nada mais é que a separação de parte do território do Estado para a criação de outro Estado. Exemplo: quando o Uruguai em 1828 se desvinculou do Brasil. b) Separação (desmembramento ou divisão): ocorre quando o território de um estado for desmembrado, gerando com isso o aparecimento de novos estados e a extinção do Estado anterior. Ex.: caso da antiga União Soviética. C) Fusão (ou agregação): ocorre da união de 2 ou mais estados para formar um terceiro. Ex.: Itália, como o Vaticano, San Marino. Instrumentos jurídicos Tratados (na maioria das vezes) ou decisões de organizações internacionais. RECONHECIMENTO DE ESTADO E RECONHECIMENTO DE GOVERNO Reconhecimento de Estado é o surgimento do novo ente. Reconhecimento de Governo, será um novo poder RECONHECIMENTO DE ESTADO Conceito: ato político de caráter facultativo, por meio do qual um Estado. Fundamento: plano universal é amparado no costume. Natureza jurídica: ato meramente declaratório (a existência do estado não de- pende do reconhecimento, depende apenas dos requisitos). Características Unilateral: não depende da vontade dos outros Estados Voluntário: não há obrigatoriedade de se reconhecer, nem tampouco o direito subjetivo de o Estado pleiteante de ser reconhecido 22 EDSON FARLEY Discricionário: é facultativo, o Estado só reconhecerá o outro quando qui- ser e se quiser. Irrevogável: reconhecimento é incondicional e irrevogável, uma vez reco- nhecido, não poderá se voltar atras. Art. 6 convenção de MontevidéuIncondicionado: Art. 6 convenção de Montevidéu RECONHECIMENTO DE GOVERNO a) Governo de Direito (de jure) – é aquele constituído em obediência a ordem interna vigente Característica: transição entre os governos ocorrem de maneira democrática b) Governo de Fato (de facto) – é aquele chega ao poder por força de revolução ou por meio de um golpe Característica: a transição não ocorre de maneira democrática Esse governo deve ser reconhecido pelos outros? CF, Art. 4º - A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: [...] IV - não-intervenção. DIREITOS E DEVERES DOS ESTADOS ASPECTOS GERAIS: Os estados têm direitos e deveres a serem respeitados. FUNDAMENTO: Tem previsão em alguns tratados e costumes internacionais. a. Convenção sobre Direitos e Deveres do Estado (CDDE), assinada em Montevidéu, em 26 de dezembro de 1933 (promulgada, no Brasil, pelo Decreto nº 1.570, de 13 de abril de 1937). b. Carta das Nações Unidas, de 1945 c. Carta da Organização dos Estados Americanos, 1948 DIREITOS FUNDAMENTAIS E DERIVADOS (não há uniformidade) a) Direito à existência – existir e continuar existindo enquanto ente soberano Direito de defesa e organização é extraído do direito à existência. CONU, Artigo 51. Nada na presente Carta prejudicará o direito inerente de legítima defesa individual ou coletiva no caso de ocorrer um ataque ar- mado contra um Membro das Nações Unidas, até que o Conselho de Segu- rança tenha tomado as medidas necessárias para a manutenção da paz e da segurança internacionais. As medidas tomadas pelos Membros no exercício desse direito de legítima defesa serão comunicadas imediata- mente ao Conselho de Segurança e não deverão, de modo algum, atingir a autoridade e a responsabilidade que a presente Carta atribui ao Conselho http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/dec%201.570-1937?OpenDocument 23 EDSON FARLEY para levar a efeito, em qualquer tempo, a ação que julgar necessária à manutenção ou restabelecimento da paz e da segurança internacionais. b) Direito à igualdade jurídica – vai estabelecer que não há tecnicamente ne- nhuma diferença entre os estados Essa igualdade é uma igualdade jurídica e formal, não material. Daqui extraímos a prerrogativa da imunidade estatal CONU, Artigo 2. A Organização e seus Membros, para a realização dos propósitos mencionados no Artigo 1, agirão de acordo com os seguintes Princípios: 1. A Organização é baseada no princípio da igualdade de todos os seus Membros. c) Direito à independência – ele vai assegurar a soberania dos estados No âmbito interno assegura a alta capacidade dos estados No âmbito internacional assegura a possibilidade da soberania dos estados Daqui extraímos mais dois direitos de convenção (todo estado tem para cele- brar tratados) e direito de legação (é aquele direito de enviar e receber agen- tes diplomáticos), logo pode ser ativo e passivo. O Brasil é uma federação e seus Estados-membros não têm soberania, e sim autonomia interna. A soberania externa é exercida pelo Governo Fe- deral, por intermédio do Presidente da República, ao qual compete man- ter relações com os Estados estrangeiros e acreditar seus representan- tes diplomáticos. DEVERES a) Respeitar os direitos da pessoa humana – obrigação de respeitar os direitos das pessoas, inclusive consta no art. 17 da OEA b) Respeitar o direito dos demais Estados, nos termos do DI – são entes iguais então cada um atuará no exercício da sua soberania c) Não se valer do uso da força para solucionar eventuais controvérsias inter- nacionais – deve ser solucionada por meios pacíficos. Convenção sobre Direitos e Deveres do Estado (CDDE), de 1933, Ar- tigo 10 – [...] As divergências de qualquer espécie que entre eles se levantem deverão resolver-se pelos meios pacíficos reconhecidos. d) Cumprir os tratados que celebrou – tem o direito de não se vincular, mas se vincular deverá cumpri-lo CVDT/69, Artigo 26 (Pacta sunt servanda) - Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa fé. 24 EDSON FARLEY e) Dever de não de não intervenção – dever de se abster de interferir nos assuntos internos de outros estados. COEA, Artigo 19 - Nenhum Estado ou grupo de Estados tem o direito de intervir, direta ou indiretamente, seja qual for o motivo, nos as- suntos internos ou externos de qualquer outro. Este princípio exclui não somente a força armada, mas também qualquer outra forma de interferência ou de tendência atentatória à personalidade do Estado e dos elementos políticos, econômicos e culturais que o cons- tituem. (acrescentado por mim). CDDE, Artigo 8 - Nenhum Estado possui o direito de intervir em as- suntos internos ou externos de outro. EFEITOS Gerará responsabilidade do estado pelo descumprimento no âmbito do Direito internacional EXTINÇÃO Conceito: Quando um estado deixa efetivamente de existir, como por exemplo a Alemanha ocidental. Hipóteses: fusão, desagregação, incorporação, negociações internacionais. DOMÍNIOS A soberania do Brasil estende-se ao mar territorial, ao espaço aéreo sobreja- cente, bem como ao seu leito e subsolo. DOMÍNIO TERRESTRE Conceito: Espaço geográfico físico do Estado, dentro do qual estão compreen- didos o solo, o subsolo e, eventualmente, ilhas, colônias ou territórios a ele pertencentes. DELIMITAÇÃO DO TERRITÓRIO CF, Art. 20, §2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocu- pação e utilização serão reguladas em lei. O espaço pertencente a União e designado como “faixa de fronteira”, considerado fundamental para a defesa do território nacional, constitui a faixa de até 150 quilômetros de largura, ao longo das fron- teiras terrestres. 25 EDSON FARLEY DOMÍNIO AÉREO Conceito: Representa a camada de ar atmosférica, sobrejacente ao território do Estado, sobre a qual o Estado exerce sua soberania. Código Brasileiro de Aeronáutica (lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986), Art. 11. O Brasil exerce completa e exclusiva soberania sobre o espaço aé- reo acima de seu território e mar territorial. Instrumentos internacionais a. Convenção sobre Aviação Civil Internacional (Convenção de Chicago), de 07 de dezembro de 1944 (promulgada pelo decreto 21.713, de 27/08/1946). b. Convenção sobre infrações e outros atos cometidos a bordo de aeronaves (Convenção de Tóquio), de 1963 (promulgada pelo decreto-lei nº 479, de 27 de fevereiro de 1969). c. Convenção para a repressão ao apoderamento ilícito de aeronaves (Conven- ção da Haia). d. Convenção para Repressão aos Atos Ilícitos Contra a Segurança da Aviação Civil (Convenção de Montreal) e. Protocolo para a Repressão de Atos Ilícitos de Violência em Aeroportos que Prestem Serviços à Aviação Civil Internacional, concluído em Montreal, em 1988 Até onde vai o domínio aéreo brasileiro? Na prática o domínio é estabelecido pela altitude máxima das aeronavais co- merciais tripuladas. DOMÍNIO FLUVIAL E LACUSTRE A. DOMÍNIO FLUVIAL – Abrange os estudos dos rios, que podem ser nacionais e internacionais. B. DOMÍNIO LACUSTRE E MARES INTERNOS – Lacustre abrange tantos os lagos e mares nacionais e internacionais. C. AQUÍFERO GUARANI – Principais reservas subterrâneas de água doce do mundo, com mais de um milhão de metros de extensão Acordo sobre o Aquífero Guarani, firmado em San Juan, Repú- blica Argentina, em 2 de agosto de 2010. 26 EDSON FARLEY DOMÍNIO MARÍTIMO Conceito: Conjunto de águas salgadas localizadas antes da chamada linha de base do mar territorial FUNDAMENTO – art. 8 da convenção de 1982 a. Normas Internacionais – Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar (CNUDM), de 1982 (United Nations Conventionon the Law of the Sea – “UNCLOS”). b. Legislação interna – (a) Constituição Federal Art. 20. São bens da União: V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; VI - o mar territorial. (b) Lei nº 8.617, de 4 de janeiro de 1993 CP, Art. 5º, §2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade pri- vada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Bra- sil. CLASSIFICAÇÃO A) Águas internas ou interiores (AI) CNUDM, de 1982, Art. 8 (Águas interiores) 1. Excetuando o disposto na Parte IV, as águas situadas no interior da linha de base do mar territorial fazem parte das águas interiores do Estado. Linha de base ou linha de baixa-mar CNUDM/82, Art. 5 (Linha de base normal) – Salvo disposição em contrário da presente Convenção, a linha de base normal para medir a largura do mar territorial é a linha de baixa-mar ao longo da costa, tal como indicada nas cartas marítimas de grande escala, reconhecidas oficialmente pelo Estado costeiro. B) Mar territorial (territorial sea) CNUDM/82 – Art. 3 - Todo Estado tem o direito de fixar a largura do seu mar territorial até um limite que não ultrapasse 12 milhas marítimas, me- didas a partir de linhas de base determinadas de conformidade com a presente Convenção. Lei nº 8.617/93 – Art. 1º - O mar territorial brasileiro compreende uma faixa de 12 (doze) milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%208.617-1993?OpenDocument 27 EDSON FARLEY Objetivo: Entre os holandeses precursores do direito internacional, destaca-se Cornélio Von Bienkershoek, que propôs a célebre teoria da bala de canhão como critério para definir a extensão do poder dos reis em relação ao mar adjacente. Característica Em regra será a soberania do Estado do porto. A soberania de Estado costeiro sobre o seu mar territorial abrange não apenas as águas, mas também o leito do mar, seu subsolo e o espaço aéreo corres- pondente, devendo tal Estado, contudo, admitir o direito de passagem inocente de navios mercantes ou de guerra de qualquer outro Estado. Direito de passagem inocente – Trata-se de um costume internacional que as- segura o direito de embarcação de qualquer nacionalidade utilizar o mar ter- ritorial de um Estado de forma rápida, contínua e pacífica. (CESPE/OAB-RJ/2007) – É reconhecido aos navios de todas as nacionalida- des o direito de passagem inocente no mar territorial brasileiro. Efeitos jurídicos a. Penais – Temos (aqui) uma regra geral e uma exceção. (TRF3/JUIZ FEDERAL/2006) – Delito ocorrido a bordo de navio de bandeira estrangeira, no mar territorial do Brasil, envolvendo dois estrangeiros de nacionalidade diversa, a competência para o processo criminal é do juiz brasileiro. Fundamentando-se no art. 5º (territorialidade), §2, CP Competência criminal Art. 109 CF. Aos juízes federais compete processar e julgar: IX - Os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar. b. Não penais – (CESPE/OAB/2007) – Considere que, durante uma viagem de navio, um casal de argentinos, que deixará seu país rumo a um passeio pelo Caribe tenha uma criança quando o navio transite no mar territorial brasileiro. Nessa situação, a criança terá nacionalidade brasileira. C. Zona Contígua (Contiguous Zone) Faixa de mar que pode estender até 24 milhas marítimas que dá mais ou menos 44 quilômetros 28 EDSON FARLEY CNUDM/82 – Art. 33, 2º - A zona contígua não pode estender-se além de 24 milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. Lei nº 8.617/93 – Art. 4º - A zona contígua brasileira compreende uma faixa que se estende das 12 (doze) às 24 (vinte e quatro milhas) marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. (CESPE/OAB-RJ/2007) – A zona contígua brasileira compreende uma faixa que se estende de 12 a 24 milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. a) Finalidade – visa assegurar o direito de fiscalização e de controles aduaneiros, sanitários porque é uma área de segurança. (porta de entrada de um território) (TRF4/JUIZ FEDERAL/2012) - Na zona contígua brasileira, que se estende das doze às vinte e quatro milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial, o Brasil poderá adotar as medidas de fiscalização necessárias para reprimir as infrações às leis e aos regulamentos, no seu território ou no seu mar territorial. b) Característica – Não estão sujeitos a lei brasileira, crimes ocorridos dentro desse trecho estarão sujeitos a lei aduaneira. D. Zona econômica exclusiva (exclusive economic zone) É uma novidade introduzida da convenção de 1982. Conceito: Também é uma faixa de mar adjacente ao mar territorial que pode se estender até 188 milhas marítimas (370 km) CNUDM – Art. 55 - A zona econômica exclusiva é uma zona situada além do mar territorial e a este adjacente, sujeita ao regime jurídico específico estabelecido na presente Parte, segundo o qual os direi- tos e a jurisdição do Estado costeiro e os direitos e liberdades dos demais Estados são regidos pelas disposições pertinentes da pre- sente Convenção. Lei nº 8.617/93 – Art. 6º - A zona econômica exclusiva brasileira com- preende uma faixa que se estende das 12 (doze) às 200 (duzentas) milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. a) Finalidade – é assegurar com exclusividade a exploração econômica da região. (pesca, construção de ilhas artificiais etc.) (CESPE/OAB-RJ/2007) – Em sua zona econômica exclusiva, o Brasil tem o direito exclusivo de regular a investigação científica marinha. 29 EDSON FARLEY b) Característica – não está dentro do território nacional, então não está sujeito as leis brasileiras E. Plataforma continental (continental shelf) a) Conceito – Trata-se de um prolongamento natural do continente, que se apresenta na forma de planície submersa, e cuja profundidade (em geral) não excede 200 metros. b) Característica – (CESPE/SENADO FEDERAL/2002) – O limite exterior da plataforma continental coincide com o da zona econômica exclusiva, podendo, em determinados casos, atingir o limite de trezentas e cinquenta milhas marítimas. c) Finalidade – é possibilitar a exploração dos recursos naturais vivos ou não vivos (petróleo etc.) existentes tanto no leito do mar quanto no território “seco” AMAZÔNIA AZUL Amazonia azul é utilizada pela marinha do brasil para designar a biodiversi- dade existente na região e os recursos econômicos existentes nesta região. ALTO-MAR E FUNDOS MARINHOS A. ALTO-MAR OU MAR ABERTO É aquela área após as 200 milhas CNUDM/82, (PARTE VII - ALTO MAR), Art. 86 – As disposições da presente Parte aplicam-se a todas as partes do mar não incluídas na zona econô- mica exclusiva, no mar territorial ou nas águas interiores de um Estado, nem nas águas arquipélagicas de um Estado arquipélago. 30 EDSON FARLEY Características É um patrimônio comum da sociedade. Os crimes estarão sujeitos as leis do registro da embarcação. Serão considerados os brasileiros natos os nascidos em navios de bandeira brasileira, mesmo que nascido em alto mar. CNUDM, Artigo 87 (Liberdade do alto mar) princípio da liberdade 1. O alto mar está aberto a todos os Estados, quer costeiros quer sem litoral. Aliberdade do alto mar é exercida nas condições estabelecidas na presente Con- venção e nas demais normas de direito internacional. Compreende, inter alia, para os Estados quer costeiros quer sem litoral: a) liberdade de navegação; b) liberdade de sobrevoo; c) liberdade de colocar cabos e dutos submarinos; d) liberdade de construir ilhas artificiais e outras instalações permitidas pelo di- reito internacional; e) Liberdade de pesca; f) liberdade de investigação científica. 2. Tais liberdades devem ser exercidas por todos os Estados, tendo em devida conta os interesses de outros Estados no seu exercício da liberdade do alto mar, bem como os direitos relativos às atividades na Área previstos na presente Con- venção. B. FUNDOS MARINHOS Subsolo do leito do mar, corresponde a área do solo marinho subjacente ao alto mar. Sendo também patrimônio comum da humanidade ESTADOS SEM LITORAL A. DIREITO DE ACESSO AO MAR Convenção de 1982 regula o direito de acesso ao mar, passando pelo território costeiro. É a liberdade de transito. Artigo 125 - Direito de acesso ao mar e a partir do mar e liberdade de trânsito 1. Os Estados sem litoral têm o direito de acesso ao mar e a partir do mar para exercerem os direitos conferidos na presente Convenção, incluindo os relativos à liberdade do alto mar e ao patrimônio comum da humani- dade. Para tal fim, os Estados sem litoral gozam de liberdade de trânsito através do território dos Estados de trânsito por todos os meios de transporte. 2. Os termos e condições para o exercício da liberdade de trânsito devem ser acordados entre os Estado sem litoral e os Estado de trânsito inte- ressados por meio de acordos bilaterais, sub-regionais ou regionais. 31 EDSON FARLEY 3. Os Estados de trânsito, no exercício da sua plena soberania sobre o seu território, têm o direito de tomar todas as medidas necessárias para as- segurar que os direitos e facilidades conferidos na presente Parte aos Estados sem litoral não prejudiquem de forma alguma os seus legítimos interesses TEORIA GERAL DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS ASPECTOS HISTÓRICOS Origem – existem para unir objetivos comuns, que os estados não são capazes de concretizá-los sozinhos. a. Administração Geral de Concessão da Navegação do Reno, de 1804. b. União Telegráfica Internacional (UTI), de 1865. Personalidade internacional – criados apenas para finalidades específicas. Com personalidade jurídica própria TERMINOLOGIA CVDT/69 e CVDT/86 - Artigo 2 (Expressões Empregadas) 1. Para os fins da presente Convenção: [...] i) “organização internacional” significa uma organização intergovernamental. Ou seja, não existe uma definição concreta. Porém pode afirmar que não se confundem com organização governamental. CONCEITO Somente se pode extrair o conceito pela doutrina: Doutrinário – Pessoa jurídica de DI, formada por uma associação volun- tária de Estados e/ou outras OIs e (que deve ser) instituída por meio um ato jurídico formal para desempenhar certas funções, segundo o DI CARACTERÍSTICAS - Foram extraídas do conceito acima. Natureza jurídica – É uma PJ de direito internacional, dotada de personalidade jurídica própria, distinta daqueles dos entes que as instruíram. (ESAF/PGFN/2003) – As organizações internacionais exprimem vontade própria – distinta da de seus Estados-membros – ao agir nos domínios em que desenvolve sua ação. Tal se dá tanto nas relações com seus membros, quanto no relacionamento com outros sujeitos do direito internacional. a. Precedente – Caso Reparação de Danos (CIJ, de 11 de abril de 1949). 32 EDSON FARLEY b. Efeitos – Elas possuem direito de convenção, legação, imunidade de jurisdição e execução. (OAB/PE) – Sobre as organizações internacionais pode-se afirmar que exer- cem o direito de convenção e o direito de legação. (a) Direito de Convenção – Direito de celebrar tratados, com base nos costumes internacionais. (FCC/TRT6/JUIZ DO TRABALHO/2015) – As organizações intergovernamentais podem celebrar tratados internacionais entre si e com estados, embora a esses acordos não se apliquem as disposições da Convenção de Viena sobre Direitos dos Tratados de 1969, sendo tais tratados ainda objeto de regulação por normas costumeiras. (b) Direito de legação – Direito de enviar e receber seus represen- tantes. (FCC/TRT18/JUIZ DO TRABALHO/2014) – Dentre as capacidades reconhecidas às Organizações Intergovernamentais, estão a de celebrar tratados ne- cessários para o cumprimento de seus objetivos, a de enviar e receber representantes diplomáticos e a de postular em contenciosos perante Tri- bunais Internacionais. Composição – Normalmente criadas e construídas por Estados, mas não há nenhum impedimento de constituição ou integração por outras organizações internacionais. Instrumento de constituição As organizações internacionais são instituídas por meio de um tratado multi- lateral, denominado tratado constitutivo (se equivalem a uma constituição), que em geral estabelece os objetivos e as regras para a instituição dos prin- cipais órgãos e dispõe sobre os direitos e deveres dos Estados-membros. Como regra são por tratados. Não há nenhum impedimento para que estas sejam criadas por outros instrumentos normativos como por exemplo as reso- luções. Ex.: ONUDE é organização especial da ONU Competência – Direito internacional penal Regulamentação – São subordinadas ao direito internacional, que é um fator que diferencia das ONGs por exemplo, que são reguladas por direito privado 33 EDSON FARLEY CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO ALCANCE, ABRANGÊNCIA GEOGRÁFICA OU BASE TERRITORIAL a) Universais – são aquelas que tem potencial de reunir todos os estados existentes no planeta (em tese), pois não estão sujeitas a nenhuma de- limitação geográfica. b) Regionais – são aquelas que reúnem os estados de área específica do planeta. Característica: Não existe hierarquia entre elas. QUANTO À FINALIDADE a) Específicos – São aquelas entidades que atuam em áreas previamente definidas, na prática reúne a maioria das organizações internacionais. Sendo o fundamento o princípio da especialidade b) Gerais – São entidades que atuam em fins sensíveis na sociedade inter- nacional (soberania, independência, direitos humanos, resolução de con- flitos etc.) Se insere na categoria de natureza política, como é o caso da ONU Teoria dos poderes implícitos: possibilita a utilização de recursos para o atin- gimento da finalidade principal da entidade, quando os meios estabelecidos se mostrarem insuficientes. A finalidade é legitimar a ampliação e a capacidade da competência destas organizações QUANTO À POSSIBILIDADE DE ADMISSÃO a) Abertas – São aquelas que permitem o ingresso de outros sujeitos de direito internacional. Podendo ser plenamente abertas ou limitadas b) Fechadas – São aquelas que não admitem o ingresso de outros sujeitos internacionais QUANTO À NATUREZA DOS PODERES EXERCIDOS a) Intergovernamentais – São entidades que fomentam relações de mera coordenação entre seus membros (caso do MERCOSUL, OEA, ONU) - No MERCOSUL, como nas demais iniciativas de integração na Amé- rica do Sul, predomina a dimensão intergovernamental sobre a su- pranacional. O Protocolo de Ouro Preto, de 1994, atribuiu ao 34 EDSON FARLEY MERCOSUL personalidade jurídica como ator internacional. - Não há uma relação de subordinação entre a organização e os estados que as integram - As decisões não possuem efeitos imediatos, dependerá de incorporação. b) Supranacionais – São aquelas entidades que reúnem poderes para su- bordinar seus estados membros, existindo subordinação entre eles. Único exemplo é a União Europeia - Há subordinação - As decisões possuem direitos imediatos, dispensando o processo de incorpo- ração. ESTRUTURA EXTINÇÃO E SUCESSÃO ORGANIZAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU)UNITED NATIONS (UN) ASPECTOS GERAIS Surge num contexto após a 2ª guerra, com o principal objetivo de evitar a 3ª guerra mundial. Fundamento – Carta das Nações Unidas (CONU) ou Carta de São Francisco, in- corporada ao ordenamento jurídico brasileiro por meio do decreto nº 19.841/45 (OAB-MG/2007 - adaptada) – É verdadeiro com relação à ONU pode-se dizer que sua lei básica é a Carta das Nações Unidas, que foi assinada em São Francisco a 26 de junho de 1945. a) Estrutura – Assembleia geral, conselho econômico social, conselho de segu- rança e a Corte Internacional de Justiça b) Característica – maior organização internacional, cujo objetivo é assegurar a segurança internacional, desenvolvimento econômico, definição de leis inter- nacionais, respeito aos direitos humanos e o progresso social. c) Natureza do instrumento – 35 EDSON FARLEY Objetivos – CONU, Artigo 1. Os propósitos das Nações unidas são: 1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, coletiva- mente, medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de agres- são ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e de confor- midade com os princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste ou so- lução das controvérsias ou situações que possam levar a uma perturbação da paz; 2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao prin- cípio de igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal; 3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internaci- onais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para to- dos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião; e 4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses objetivos comuns. Localização: Nova York – EUA Idiomas: Árabe, chinês, inglês, francês, russo e espanhol. NATUREZA JURÍDICA a) Característica – natureza política com atuação universal, é, portanto, um sujeito de direito internacional. A personalidade jurídica não está reconhecida na carta, ela decorre de um precedente da corte internacional de justiça. Sendo um sujeito de direito inter- nacional, possui direito de convenção, legação b) Efeitos – MEMBROS a) Composição atual – 193 Estados que integram essa instituição. b) Requisito – CONU, Artigo 4. 1. A admissão como Membro das Nações Unidas fica aberta a todos os Estados amantes da paz que aceitarem as obrigações contidas na presente Carta e que, a juízo da Organização, estiverem aptos e dis- postos a cumprir tais obrigações. c) Classificação – a. Membros Fundadores ou Originários – 36 EDSON FARLEY (OAB-MG/2008) – O Brasil é membro originário da ONU. Artigo 3. Os Membros originais das Nações Unidas serão os Estados que, tendo participado da Conferência das Nações Unidas sobre a Organização Internacional, realizada em São Francisco, ou, tendo assinado previamente a Declaração das Nações Unidas, de 1 de ja- neiro de 1942, assinarem a presente Carta, e a ratificarem, de acordo com o Artigo 110. b. Membros admitidos ou não fundadores – são Estados que entraram posteriormente. d) Admissão, suspensão e exclusão dos estados membros Compete ao conselho nacional de justiça OBSERVADORES Podem ser outros estados que não são membros. (a) Estados não membros que possuem representação perma- nente (1) Santa Sé (pela perspectiva da ONU, a Santa Sé é considerada um Estado) (2) Palestina (Resolução A/RES/67/19 da AG de, 29 de novembro de 2012). (b) OIs – (1) União Europeia; (2) União Africana; (3) Liga dos Estados Árabes; (4) Tribunal Penal Internacional (TPI); (5) Organização Internacional de Polícia Criminal (INTERPOL);etc (c) Outras entidades: (1) Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). (2) Comitê Olímpico Internacional (COI), (3) Ordem Militar Soberana de Malta, etc a) Diferença entre Estados membros e observadores – Apenas os Estados membros tem o direito de voto http://www.un.org/es/comun/docs/?symbol=A/RES/67/19 http://eu-un.europa.eu/ http://www.lasportal.org/Pages/Welcome.aspx http://www.icc-cpi.int/Pages/default.aspx http://www.interpol.int/ http://www.orderofmalta.int/?lang=es 37 EDSON FARLEY ÓRGÃOS PRINCIPAIS Corte Internacional de Justiça, é o único que não tem sede nos EUA a) Estrutura central – b) Fundamento – CONU, Artigo 7. 1. Ficam estabelecidos como órgãos principais das Nações Unidas: uma Assembleia Geral, um Conselho de Segurança, um Conselho Econômico e Social, um conselho de Tutela, uma Corte Internacional de Justiça e um Secretariado. c) Localização – (TRF3/JUIZ FEDERAL/1998) – A Corte Internacional de Justiça, órgão da ONU, tem sede em Haia (Holanda). ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS (GENERAL ASSEMBLY) ASPECTOS GERAIS a) Conceito – É o órgão plenário das Nações Unidas onde todos os 193 Estados membros da Organização se reúnem para discutir os assun- tos de interesse da OI. b) Finalidade – SESSÕES Ordinária ocorre todo mês de setembro, com a abertura do presidente da república do Brasil e depois o presidente dos EUA Extraordinária que é convocada pelo conselho de segurança ou pela pró- pria assembleia geral. Artigo 20. A Assembleia Geral reunir-se-á em sessões anuais re- gulares e em sessões especiais exigidas pelas circunstâncias. As sessões especiais serão convocadas pelo Secretário-Geral, a pe- dido do Conselho de Segurança ou da maioria dos Membros das Na- ções Unidas. CARACTERÍSTICAS a) Democrático – Lá se reúnem todos os países em igualdade de condi- ções, fundando-se no principio da igualdade 38 EDSON FARLEY (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS – CONSULTOR LEGISLATIVO/2014) – Conforme dis- põe a Carta das Nações Unidas, a qualificação de um voto para cada Estado nacional na Assembleia Geral das Nações Unidas constitui uma forma de aplica- ção do princípio da igualdade entre os Estados. b) Parlamentar ou deliberativo – as decisões que são aprovadas e deli- beradas por meio de edição de resoluções que é um ato normativo que regulariza um objeto de votação da assembleia geral. Precisando de um quórum de 2/3 Artigo 18. 2. As decisões da Assembleia Geral, em questões impor- tantes, serão tomadas por maioria de dois terços dos Membros presentes e votantes. Essas questões compreenderão: recomen- dações relativas à manutenção da paz e da segurança internaci- onais; à eleição dos Membros não permanentes do Conselho de Se- gurança; à eleição dos Membros do Conselho Econômico e Social; à eleição dos Membros dos Conselho de Tutela, de acordo como pa- rágrafo 1 (c) do Artigo 86; à admissão de novos Membros das Na- ções Unidas; à suspensão dos direitos e privilégios de Membros; à expulsão dos Membros; questões referentes o funcionamento do sistema de tutela e questões orçamentárias. (CESPE-OAB/2007) – Entre as questões importantes a serem decididas pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, encontram-se as recomen- dações relativas à manutenção da paz e da segurança internacionais, a eleição dos membros não-permanentes do Conselho de Segurança, a admissão de novos membros, bem como a suspensão de direitos e pri- vilégios de membros e sua expulsão. Nessas questões, a Assembleia de- cide por dois terços dos membros presentes e votantes. COMPETÊNCIA Pode deliberar e discutir referente a todos os assuntos levados a ela. a) Regra Geral – CONU, Artigo 10. A Assembleia Geral poderá discutir quaisquer questões ou assuntos que estiverem dentro das finalidades da presente Carta ou que se relacionarem com as atribuições e fun- ções de qualquer dos órgãos nela previstos e, com exceção do es- tipulado no Artigo 12, poderá fazer recomendações aos Membros das Nações Unidas ou ao Conselho deSegurança ou a este e àque- les, conjuntamente, com referência a qualquer daquelas questões ou assuntos. [...] Artigo 11. 1. 2. A Assembleia Geral poderá discutir quaisquer ques- tões relativas à manutenção da paz e da segurança internacio- nais, que a ela forem submetidas por qualquer Membro das Nações Unidas, ou pelo Conselho de Segurança, ou por um Estado que não seja Membro das Nações unidas, de acordo com o Artigo 35, pará- grafo 2, e, com exceção do que fica estipulado no Artigo 12, poderá fazer recomendações relativas a quaisquer destas questões ao 39 EDSON FARLEY Estado ou Estados interessados, ou ao Conselho de Segurança ou a ambos. Qualquer destas questões, para cuja solução for neces- sária uma ação, será submetida ao Conselho de Segurança pela Assembleia Geral, antes ou depois da discussão. b) Exceção – CONU, Artigo 12. 1. Enquanto o Conselho de Segurança estiver exer- cendo, em relação a qualquer controvérsia ou situação, as funções que lhe são atribuídas na presente Carta, a Assembleia Geral não fará nenhuma recomendação a respeito dessa controvérsia ou si- tuação, a menos que o Conselho de Segurança a solicite. CONSELHO DE SEGURANÇA (SECURITY COUNCIL) ASPECTOS GERAIS a) Conceito – É o órgão político-militar das Nações Unidas. b) Característica – Principal órgão da entidade, sendo o responsável pela manutenção da paz e segurança internacional. COMPOSIÇÃO Composto por apenas 15 Estados, tendo os permanentes e não perma- nentes. Permanentes: EUA, China, França, Rússia e Reino Unido E os não permanentes obtém mandato de 2 anos. a) Fundamento Artigo 23. 1. O Conselho de Segurança será composto de 15 (quinze) Membros das Nações Unidas. A República da China, a França, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o Reino Unido da Grã- Bretanha e Irlanda do norte e os Estados Unidos da América serão membros permanentes do Conselho de Segurança. A Assembleia Geral elegerá 10 (dez) outros Membros das Nações Unidas para Membros não permanentes do Conselho de Segurança, tendo espe- cialmente em vista, em primeiro lugar, a contribuição dos Membros das Nações Unidas para a manutenção da paz e da segurança in- ternacionais e para os outros propósitos da Organização e a dis- tribuição geográfica equitativa. b) Membros permanentes a. Composição dos membros permanentes 40 EDSON FARLEY (a) EUA (b) China (c) Rússia (d) França (e) Reino Unido b. Fundamento – Artigo 23. 1. O Conselho de Segurança será composto de 15 (quinze) Membros das Nações Unidas. A República da China, a França, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o Reino Unido da Grã-Breta- nha e Irlanda do norte e os Estados Unidos da América serão mem- bros permanentes do Conselho de Segurança. [...] (OAB-RJ/2006) - Quais são os países que integram o Conselho de Se- gurança da ONU e que têm direito a veto? (A) França, Alemanha, Japão, Estados Unidos e Rússia; (B) Espanha, Reino Unido, Japão, Rússia e França; (C) França, China, Reino Unido, Rússia e Estados Unidos; (D) Alemanha, China, Espanha, Rússia e Estados Unidos. c) Membros não permanentes – a. Forma de ingresso – CONU, Artigo 18, 2. As decisões da Assembleia Geral, em questões impor- tantes, serão tomadas por maioria de dois terços dos Membros presentes e votantes. Essas questões compreenderão: recomendações relativas à manutenção da paz e da segurança internacionais; à eleição dos Membros não permanentes do Conselho de Segurança; à eleição dos Membros do Conselho Econômico e Social; à eleição dos Membros dos Conselho de Tu- tela, de acordo como parágrafo 1 (c) do Artigo 86; à admissão de novos Membros das Nações Unidas; à suspensão dos direitos e privilégios de Membros; à expulsão dos Membros; questões referentes o funcionamento do sistema de tutela e questões orçamentárias. [...] CONU, Artigo 23. 1. O Conselho de Segurança será composto de 15 (quinze) Membros das Nações Unidas. [...] A Assembleia Geral elegerá 10 (dez) outros Membros das Nações Unidas para Membros não permanentes do Conselho de Segurança, tendo especialmente em vista, em primeiro lugar, a contri- buição dos Membros das Nações Unidas para a manutenção da paz e da segurança internacionais e para os outros propósitos da Organização e a distribuição geográfica equitativa. 2. Os membros não permanentes do Conselho de Segurança serão eleitos por um período de dois anos. Na primeira eleição dos Membros não perma- nentes do Conselho de Segurança, que se celebre depois de haver-se au- mentado de onze para quinze o número de membros do Conselho de Segu- rança, dois dos quatro membros novos serão eleitos por um período de um ano. Nenhum membro que termine seu mandato poderá ser reeleito para o período imediato. 41 EDSON FARLEY COMPETÊNCIA a) Atribuição principal – Artigo 24. 1. A fim de assegurar pronta e eficaz ação por parte das Nações Unidas, seus Membros conferem ao Conselho de Segurança a principal responsabilidade na manutenção da paz e da segurança internacionais e concordam em que no cumprimento dos deveres im- postos por essa responsabilidade o Conselho de Segurança aja em nome deles. b) Característica – Art. 41. O Conselho de Segurança decidirá sobre as medidas que, sem envolver o emprego de forças armadas, deverão ser tomadas para tornar efetivas suas decisões e poderá convidar os Membros das Nações Unidas a aplicarem tais medidas. Estas poderão incluir a interrupção completa ou parcial das relações econômicas, dos meios de comunicação ferroviários, marítimos, aéreos, postais, te- legráficos, radiofônicos, ou de outra qualquer espécie e o rompi- mento das relações diplomáticas. c) Efeito – a. Fundamento Artigo 44. Quando o Conselho de Segurança decidir o emprego de força, deverá, antes de solicitar a um Membro nele não represen- tado o fornecimento de forças armadas em cumprimento das obri- gações assumidas em virtude do Artigo 43, convidar o referido Membro, se este assim o desejar, a participar das decisões do Con- selho de Segurança relativas ao emprego de contingentes das for- ças armadas do dito Membro. b. Característica – Artigo 41. O Conselho de Segurança decidirá sobre as medidas que, sem envolver o emprego de forças armadas, deverão ser tomadas para tornar efetivas suas decisões e poderá convidar os Membros das Nações Unidas a aplicarem tais medidas. Estas poderão incluir a interrupção completa ou parcial das relações econômicas, dos meios de comunicação ferroviários, marítimos, aéreos, postais, te- legráficos, radiofônicos, ou de outra qualquer espécie e o rompi- mento das relações diplomáticas. c. Forma – Artigo 42. No caso de o Conselho de Segurança considerar que as medidas previstas no Artigo 41 seriam ou demonstraram que são inadequadas, poderá levar a efeito, por meio de forças aéreas, navais ou terrestres, a ação que julgar necessária para manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais. Tal ação poderá compreender demonstrações, bloqueios e outras operações, por parte das forças aéreas, navais ou terrestres dos Membros das Nações Unidas. 42 EDSON FARLEY d. Outras funções: a. Submeter relatórios anuais e, quando necessário, especiais à As- sembleia Geral para sua consideração (Art. 24, 3). b. Investigar toda situação que possa vir a se transformar em um conflito internacional; c. Elaborar planos de regulamentação de armamentos; d. Solicitar aos países que apliquem sanções econômicas e outras medidas para impedir ou deter alguma agressão; e. Recomendar o ingresso, a suspensão e a exclusão de Estados membros; f. Recomendar à Assembleia Geral a eleição de um novo Secretário- Geral. TOMADA DE DECISÃO OU DELIBERAÇÃO DO ÓRGÃO a) Instrumentos normativos – Decisões tomadas por meio de votação Exemplo: Resolução nº 1874, de 12 de junho de 2009, que determina medidas destinadas a impedir a proliferação de armas nucleares, biológicas
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