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APS- Etica FORMATAÇÃO FINAL

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FMU - Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas 
 
 
APS Ética e Profissionalismo 
 
 
 
Ana Clara Morais Silva- 1955173 
Ana Paula Andrade - 2559279 
Chalana de Oliveira - 2093153 
Claraluz Filiage – 2070001 
Gabriela Cordeiro Mazzariello - 3034773 
Júlia Pereira - 2428277 
 
 
 
 
São Paulo 
2021 
 
 
APS Ética e Profissionalismo 
 
 
 
Ana Clara Morais Silva- 1955173 
Ana Paula de Andrade - 2559279 
Chalana de Oliveira - 2093153 
Claraluz Filiage – 2070001 
Gabriela Cordeiro Mazzariello - 3034773 
Júlia Pereira - 2428277 
 
 
 
Atividade prática supervisionada do 
curso de Psicologia da FMU como 
requisito para obtenção de nota. 
Orientadora: Catalina Naomi Kaneta 
 
 
São Paulo 
2021 
 
 
 
SUMÁRIO 
1. Manejo no atendimento ao paciente 4 
1.1 Relato do Paciente: Maria 4 
1.2 Relato do Psicólogo 5 
1.3 Diagrama do caso 6 
2. Análise do caso pelo Comitê 7 
3. Justificativa do Psicólogo 9 
4. Considerações Finais 12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Manejo no atendimento ao paciente 
 A paciente Maria, de 45 anos, procurou tratamento psicológico para lidar com 
seus conflitos pessoais e conflitos familiares, fazendo sessões semanais há mais de 
10 anos. 
1.1 Relato do Paciente: Maria 
As conversas baseavam-se no descontentamento em trabalhar na empresa 
da família. Eu relatava minhas angústias e a dificuldade de lidar com meu irmão ao 
meu psicólogo. 
Sempre compartilhei com o meu terapeuta a falta da minha mãe, o fato dela 
ter se suicidado muito jovem em uma overdose medicamentosa. Isso me 
atormentava, dificultando o tratamento de depressão, pois nunca senti segurança em 
me medicar. 
Nos últimos anos, com a morte do meu pai, o convívio com meu irmão 
tornou-se insuportável. Relatei meus dramas pessoais e minha dificuldade em tomar 
decisões sólidas sobre o testamento e divisão da herança que me cabe. 
Para minha surpresa, em um dos desentendimentos com meu irmão, descobri 
que o meu terapeuta também estava atendendo-o. Custei a acreditar. Afinal, já havia 
compartilhado minhas insatisfações, frustrações e segredos sobre meu irmão com 
ele. O profissional José foi o meu elo mais forte nos últimos anos, era com ele que 
eu compartilhava minhas dores. 
Questionei-o sobre minha descoberta na última sessão e, para o meu 
espanto, ele confirmou o atendimento semanal ao meu irmão. 
Senti que houve uma quebra de confiança. Não fiquei satisfeita, pois me senti 
traída e isso gerou muita ansiedade e medo. 
Avisei-lhe que não voltaria mais. Porém, ele não se pronunciou para me 
indicar outro profissional e justificou que teria condições de nos ajudar. Mas, diante 
dos fatos, para mim ficou insustentável continuarmos as sessões. 
José, vendo minha angústia, solicitou que nossa sessão passasse de uma 
vez para duas vezes por semana. Me senti lesada diante dos fatos relatados, 
esperava que o profissional encaminhasse meu irmão para outro psicólogo, e não 
sugerisse o aumento do número de sessões semanais. 
4 
Fiquei desprotegida, e esse ato causou outros transtornos familiares e 
pessoais na minha vida. Ele tinha total ciência do meu caso, afinal nosso laço foi 
construído por longos 10 anos. 
 
1.2 Relato do Psicólogo 
O Psicólogo José X afirma que foram 10 anos de atendimento com sessões 
semanais. Ele relata que a paciente o procurou por problemas de relacionamento 
familiar. 
Seus problemas pessoais iam além da falta de entendimento com seu irmão. 
A paciente demonstra oscilações profundas de humor, caracterizando bipolaridade e 
falta de manejo social. 
 A falta de concentração nos negócios, oriunda do alcoolismo crônico, trouxe 
à tona toda a confusão mental e a falta de objetividade em resolver problemas 
relacionados aos assuntos da empresa 
Solicitei que a paciente procurasse ajuda com um psiquiatra para analisar 
uma intervenção farmacológica, visando assim atenuar suas dores emocionais. O 
suicídio da mãe da paciente por overdose medicamentosa à prejudicava, ela se 
recusava a buscar ajuda do psiquiatra. Insisti diversas vezes em um tratamento 
complementar e ela sempre se negava. 
O irmão da paciente, Sr. Francisco, procurou-me querendo que eu o 
atendesse. Ele se mostrava preocupado com a situação familiar, dizia que a irmã 
não o via como um aliado e sim como um rival. 
Vi uma oportunidade de ajudar “ambos”, pois estava ciente do caso familiar e 
pela primeira vez pude ter acesso a um familiar de Maria para compartilhar a 
gravidade do seu caso 
 
 
 
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1.3 Diagrama do caso 
 
 
 
PACIENTE 
Dificuldade de se relacionar com a família; 
Não foi avisada que o irmão estava sendo atendido pelo psicólogo; 
Solicitou encerramento das sessões; 
Não houve encaminhamento para outro profissional; 
Terapia há mais de 10 anos, quebra de confiança; 
Diagnóstico de encerramento não divulgado para o paciente; 
 
 
 
 
PSICÓLOGO 
Problemas associados com depressão e transtorno de ansiedade; 
Indicações de bipolaridade; 
Não vi necessidade em avisá-la, uma vez que o irmão se mostrou solicito e ajudá-la; 
Encerramento solicitado e prontamente concedido; 
Não vi necessidade de encaminhar, uma vez que posso atendê-la; 
No atendimento semanal, devido à problemática familiar, solicitei aumentar o atendimento para 2 
sessões semanais de 45 minutos. 
Paciente não solicitou indicação de outro profissional; 
Paciente com suspeita de transtornos bipolar, alcoolismo crônico, falta de interesse pelos bens da 
família, solicitou o encerramento das sessões sem aviso prévio, não se justificando 
 
 
2. Análise do caso pelo Comitê 
A paciente relata em seu depoimento que foi atendida pelo profissional por 
mais de 10 anos. Durante esse período, um elo de confiança foi criado. O 
profissional relata alcoolismo crônico, depressão, transtorno de ansiedade e suspeita 
de bipolaridade. Segundo o psicólogo, ele direcionou o caso para um psiquiatra. No 
entanto, houve uma estrita recusa da paciente. 
Diante desse fato, visando proteger a saúde e integridade emocional dapaciente, faltou manejo por parte do profissional em encerrar o caso, pois não havia 
interesse da paciente em se ajudar, e o tratamento estaria comprometido. A paciente 
seguia se expondo a danos psicológicos consecutivos e riscos de exposição à sua 
integridade física. Na tentativa de minimizar esses danos, o profissional sugeriu um 
aumento no número de sessões, mas criando uma codependência no paciente em 
permanecer na terapia, sem um resultado visível. 
O profissional, segundo a paciente, não informou que estava atendendo seu 
irmão, criando assim um mal-estar e quebra de confiança. 
A paciente vivenciou angústia ao saber que o seu irmão estava se tratando 
com o mesmo terapeuta que o dela. Ela sentiu-se lesada, e essa situação agravou 
ainda mais sua situação familiar e pessoal. 
Finalmente, houve uma omissão de informações no relatório da paciente. O 
profissional não mencionou que a paciente Maria encerrou as sessões porque se 
sentiu traída, devido ao atendimento do psicólogo à seu irmão. Esses fatos 
contribuíram para outros problemas da paciente, que já se mostrava fragilizada. 
 Concluído os fatos, identificamos que a conduta do Profissional José X 
enquadra-se no Código de Ética do profissional de Psicologia mencionado no livro 
Código de Ética Profissional do Psicólogo, pelo Conselho Federal de Psicologia, 
conforme o seguinte artigo: Art. 2 item (j) “Estabelecer com a pessoa atendida, 
familiar ou terceiro, que tenha vínculo com o atendido, relação que possa 
interferir negativamente nos objetivos do serviço prestado; ”. Nesse item, fica 
estabelecido que o contato com o mesmo membro da família pode interferir e 
prejudicar os objetivos de progresso do paciente. 
 
7 
 
Art. 2 o item (n) Prolongar, desnecessariamente, a prestação de serviços 
profissionais; uma vez que ele não tem mais condições de atendê-la de forma 
eficiente e ainda assim, não encaminha o caso ou encerra-o. 
O profissional de Psicologia, tem como dever seguir normas éticas para assim 
preservar a integridade física e mental de seus pacientes, vale ressaltar os itens que 
se encontram no livro código de Ética do Profissional de Psicologia: 
“Princípios fundamentais. 
I O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da 
liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, 
apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos. 
II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida 
das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de 
quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, 
crueldade e opressão. 
III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e 
historicamente a realidade política, econômica, social e cultural. 
IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo 
aprimoramento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da 
Psicologia como campo científico de conhecimento e de prática. 
 V. O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da 
população às informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos 
serviços e aos padrões éticos da profissão. 
VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com 
dignidade, rejeitando situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada. 
VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que 
atua e os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais, 
posicionando-se de forma crítica e em consonância com os demais 
princípios deste Código.” (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. 
Código de ética profissional do psicólogo . 2005). 
8 
3. Justificativa do Psicólogo 
José afirma que o código de ética dos psicólogos não proíbe o atendimento 
de dois ou mais membros da mesma família. A decisão de atender, ou não, fica a 
critério do profissional solicitado. 
José afirma em sua defesa que recomendou o encaminhamento de Maria à 
um profissional mais adequado para auxiliar no seu tratamento, um psiquiatra. No 
entanto, com a recusa de sua paciente, ele acreditou ser mais seguro e saudável 
manter seu atendimento e até mesmo aumentar o número de suas sessões para que 
essa paciente pudesse contar com algum suporte clínico. José também alega não 
ter tido a possibilidade de contatar a família de sua paciente, recomendando uma 
intervenção, pois, a própria sempre se negou a lhe fornecer contatos. 
No entanto, quando Francisco o procurou, ele reconheceu uma oportunidade 
real de ajudar Maria. Naquele momento ele optou por não a comunicar sobre o 
contato com o irmão. José relata ter feito o possível para ambos os pacientes terem 
o melhor atendimento e conhecimento pessoal, manteve seu profissionalismo e 
optou por não comentar que estava atendendo o irmão, considerando que Maria 
apresentava uma ligeira melhora. 
Infelizmente, ele cometeu a falha de não comunicar sua paciente, mas sua 
intenção foi sempre preservar sua saúde e lhe proporcionar um tratamento 
adequado. José reconhece a situação delicada em que se encontra, mas a justifica 
mediante as condições que lhe foram impostas no caso. Sua intenção nunca foi 
quebrar a confiança com Maria ou mesmo estender seu caso desnecessariamente, 
mas sim avançar no progresso e melhoria de sua saúde. 
4. Considerações Finais 
 A conduta de José infringe o Art. 2 item (j) “Estabelecer com a pessoa 
atendida, familiar ou terceiro, que tenha vínculo com o atendido, relação que 
possa interferir negativamente nos objetivos do serviço prestado;” Nesse item, 
fica estabelecido que o contato com o mesmo membro da família pode interferir e 
prejudicar os objetivos de progresso do paciente. Uma vez o paciente tendo o 
vínculo com o psicólogo, esse deverá assegurar o devido sigilo ético. Por mais 
 
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conflituosa que seja a situação, e por melhores que sejam as intenções do 
profissional, ele é responsável por manter os compromissos assumidos pertinentes à 
ética. Nesse caso, a paciente Maria deveria ter sido comunicada e, mediante a sua 
autorização, José estaria apto a atender Francisco. Em caso de negativa por partede Maria, José deveria declinar do atendimento de Francisco. 
Art. 2 o item (n) Prolongar, desnecessariamente, a prestação de serviços 
profissionais; uma vez que ele não tem mais condições de atendê-la de forma 
eficiente e ainda assim, não encaminha o caso ou encerra-o. 
É essencial termos o conceito de ética muito bem estabelecido. A palavra 
Ética tem origem no grego ethos e significa: jeito de ser, modo de ser e caráter. E 
para pensarmos a ética na psicologia podemos considerar que : 
 “ Para que haja conduta ética é preciso que exista o agente consciente, isto 
é, aquele que conhece a diferença entre bem e mal, certo e errado, 
permitido e proibido, virtude e vício. A consciência moral não só conhece 
tais diferenças, mas também se reconhece como capaz de julgar o valor dos 
atos e das condutas e de agir em conformidade com os valores morais, 
sendo por isso responsável por suas ações e seus sentimentos e pelas 
consequências do que faz e sente.” (CHAUI, Marielana - Convite à 
Filosofia - Ed. Ática, São Paulo, 2000) 
Ser ético na profissão de psicologia traz responsabilidades civis e criminais ao 
profissional, trazendo assim encargos de enquadramento no Conselho Regional de 
Psicologia (CRP) e no Conselho Federal de Psicologia (CRF), uma vez que o 
paciente se sinta prejudicado ou lesado por alguma má conduta do seu psicólogo. 
No caso supracitado, o profissional infringiu o Código de Ética Profissional ao 
não avisar sua paciente sobre o atendimento ao seu irmão e prolongar o 
atendimento uma vez que a paciente já se sentiu lesada. Maria sentiu que o vínculo 
de confiança entre paciente e psicólogo foi quebrado. 
 Quando um indivíduo busca ajuda terapêutica psicológica, ele busca 
privacidade e segurança para expor sua dor física e mental. 
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A falta de ética na condução do caso de Maria acaba prejudicando um 
processo muito sensível, pondo inclusive em risco a integridade física da paciente 
que já se encontra fragilizada. 
Desta forma, fica caracterizada a infração ética do profissional José, ao 
admitir Francisco como seu paciente e, sobretudo, irresponsável ao não ponderar os 
riscos que se apresentaram à sua paciente Maria ao mantê-la como sua paciente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
Referências Bibliográficas 
CHAUI, Marielana. Convite à Filosofia . Ed. Ática: São Paulo, 2000. Disponível em: 
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/533894/mod_resource/content/1/ENP_155/R 
eferencias/Convitea-Filosofia.pdf. Acesso em maio de 2021. 
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de ética profissional do 
psicólogo . 2005. Disponível em: 
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf. 
Acesso em: maio de 2021. 
DRAWIN, Carlos Roberto. Ética e Psicologia: por uma demarcação filosófica. 
Vol. 5. Brasília, 1985. Disponível em: 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931985000200005. 
Acesso em: maio de 2021. 
LA TAILLE, Yves. Moral e Ética: Uma leitura Psicológica. Vol. 26: 2010. Disponível 
em: https://www.scielo.br/pdf/ptp/v26nspe/a09v26ns.pdf. Acesso em: maio de 2021. 
 
12 
https://www.scielo.br/pdf/ptp/v26nspe/a09v26ns.pdf.%20A
https://www.scielo.br/pdf/ptp/v26nspe/a09v26ns.pdf.%20A

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