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contratações por excepcional interesse público: uma análise das contratações temporárias no município de santa cruz do capibaribe -pe
HIRING FOR EXCEPTIONAL PUBLIC INTEREST: AN ANALYSIS OF TEMPORARY HIRING IN THE MUNICIPALITY OF SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE -PE
Claudia Michelle das Neves Lima[footnoteRef:2] [2: Graduada em Direito pela Universidade UNINASSAU de Campina Grande-PB. E-mail:] 
RESUMO
A contratação temporária pela administração pública é um instrumento previsto pela Constituição Federal de 1988, não havendo por si só nenhuma ilegalidade, desde que obedecido aos critérios legais e para situações específicas. No entanto, o mesmo artigo que prevê a possibilidade de contratação administrativa de pessoal, também indica que a regra para ingressar em um cargo público é por meio de concurso público. Diante desse cenário se questiona se há irregularidade nas contratações públicas como uma forma de burlar a obrigatoriedade constitucional de concurso. O objetivo geral do presente trabalho é averiguar a legalidade das contratações temporárias realizadas no município de Santa Cruz do Capibaribe-PE. A metodologia utilizada é a revisão bibliográfica e documental, com abordagem qualitativa. Resultados: XXXXXXXXXXX. Considerações finais: XXXXXXXX.
ABSTRACT
Temporary hiring by the public administration is an instrument provided for by the Federal Constitution of 1988, and there is no illegality in itself, provided that legal criteria are obeyed and for specific situations. However, the same article that provides for the possibility of hiring administrative staff, also indicates that the rule for joining a public office is through a public tender. In view of this scenario, it is questioned whether there is irregularity in public procurement as a way of circumventing the constitutional obligation of tenders. The general objective of the present work is to verify the legality of temporary hiring carried out in the municipality of Santa Cruz do Capibaribe-PE. The methodology used is the bibliographical and documentary review, with a qualitative approach. Results: XXXXXXXXXXXX. Final considerations: XXXXXXXX.
INTRODUÇÃO
As contratações temporárias para o excepcional interesse público não é um evento recente na administração pública brasileira, sendo esse instituto previsto no artigo 37 da Constituição Federal, inciso IX, ao dispor que “a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público”. Além da previsão constitucional, as contratações temporárias são disciplinadas por lei própria, a lei nº 8745/93, que visa justamente regulamentar o artigo 37 da carta magna no que tange à contratação por excepcional interesse público.
Tal modalidade de ingresso no serviço público causa polêmica e debates na sociedade uma vez que o termo “excepcional interesse público” é um termo amplo e genérico, apesar de ter as atividades especificadas na citada lei, não abrangendo, por exemplo, atividades administrativas, as quais deverão ser executadas por servidores concursados, visto que não se refere a uma situação de urgência ou de necessidade pública urgente.
É necessário fiscalizar tais modalidades de contratação uma vez que a maquina pública não pode ser tratada como moeda de troca para os gestores públicos, tirando da população o direito de receber um serviço público prestado por profissionais qualificados, capazes de terem sua capacidade aferida em um concurso regular, onde as capacidades teóricas e, em alguns casos, práticos são avaliadas. Além disso, a contratação disfarçada de excepcional interesse público fere os princípios da administração públicas, em específico: Legalidade, impessoalidade e moralidade. (SILVA, 2021)
A previsão de concurso público também está garantida pela nossa carta magna, no artigo 37, inciso II, disciplinando que: 
a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; 
Diante da disposição constitucional, é perceptível que concurso público é a regra para ingressar em um cargo público, sendo a contratação pela administração a exceção, devendo ser utilizada em situações específicas e previstas em lei.
A problemática abordada na pesquisa em tela é sobre a possibilidade de utilizar o instituto das contratações públicas como forma de burlar a obrigatoriedade de realização de concursos públicos, fazendo da maquina pública “curral eleitoral” por meio de “cabides de emprego”, além de um meio de esconder outras ilegalidades, uma vez que um funcionário contratado não possui a mesma autonomia que um servidor contratado, podendo se submeter a práticas imorais e/ou ilegais por receio de perder o emprego.
A presente pesquisa se justifica pela necessidade de averiguar a legalidade nas contratações públicas, uma vez que tal desvio de legalidade prejudica não apenas a administração pública, mas toda a sociedade que se sente excluída de participar de um processo seletivo justo e de ofertar a sociedade um serviço qualificado.
O objetivo Geral do estudo ora apresentado é analisar a legalidade das contratações realizadas no município de Santa Cruz do Capibaribe-PE entre os anos de 2013 a 2022. Para alcançar o objetivo geral, tem-se como percurso os seguintes objetivos específicos:
a) Analisar o instituto da Contratação Temporária;
b) Descrever os procedimentos para a realização de contratação em excepcional interesse público por parte da administração pública; e,
c) Discutir a possibilidade de fraude à previsão constitucional de realização de concurso público no Município de Santa Cruz do Capibaribe-PE.
REFERENCIAL TEÓRICO
A REGRA DO CONCURSO PÚBLICO COMO FORMA DE INGRESSO NO SERVIÇO PÚBLICO
	Com a redemocratização do Brasil e com a promulgação da atual carta magna, em 1988, alguns instrumentos de controle da administração foram estabelecidos com vistas a evitar a arbitrariedade pelas autoridades públicas, inclusive dentro dos órgãos e instituições do Estado. Um desses instrumentos foi a instituição de concurso público como meio de contratação de pessoal pelos órgãos públicos, de modo a garantir a igualdade de participação na carreira estatal, bem como evitar arbitrariedades e abuso de poder.(CALDEIRA, 2017, p. 03)
Para compreender a necessidade de concurso público, se faz necessário conceituar serviço público, que, segundo Marçal Justem Filho (2016, p. 727) refere-se a atividade administrativa realizada pelo Estado para atender a necessidade coletiva, destinada a pessoas indeterminadas, qualificada legislativamente e executada sob o regime de direito público. Trata-se de uma natureza institucional, onde seus agentes farão as vezes do Estado perante ao particular.
A realização de concurso público é previsto no inciso II, do artigo 37 da Constituiçlão Federal ao dispor que:
[...]a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. (BRASIL, 1988)
Desse modo, fica clara que a regra é a realização de concurso público para ocupar cargos públicos, excluindo-se dessa regra os cargos comissionados. No entanto, há situações em que a administração pública deverá recorrer à contratação temporária para evitar prejuízos à população pela demora na realização de um concurso público.
A realização de concurso público bem como a contratação temporária devem atender aos princípios da administração pública, que são: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Todos esses princípios atendem ao concurso público e contratação, mas a impessoalidade e moralidade são os que melhor definem a realização de concurso público paraingressar no serviço público, visto que é uma forma de se preservar a isonomia, a igualdade entre os participantes, além de evitar as preferências pessoais na hora de admitir ou demitir alguém, corroborando com a moralidade. (PAIVA, 2021, p.12)
CONTRATAÇÃOTEMPORÁRIA E O EXCEPCIONAL INTERESSE PÚBLICO
A contratação por excepcional interesse público é disciplinado, assim como a obrigatoriedade de concurso público, é disciplinado pela CF/88 em seu art. 37, IX, ao determinar que “a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público”. Com a leitura do texto mencionado, é perceptível que a lei traz alguns requisitos para que haja essa modalidade de contratação: necessidade temporária, interesse público e prazo determinado, além de regulamentação legislativa. (BRASIL, 1988)
De acordo com Junior (2018) a lei que disciplina tal modalidade de contratação é a lei Federal nº º 8.745/93 que já em seu 1º artigo diz que a lei é estabelecida para “Para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público”. O meio utilizado para a realização dessa contratação, segundo a normativa regulamentadora é o Processo Seletivo Simplificado (PSS), e as funções por esses servidores podem estar bem assemelhados aos dos funcionários efetivos, mas o regime trabalhista e rol de direitos não serão os mesmos. 
O autor acima ainda preleciona que:
Essa forma peculiar de contratação de pessoal deve seguir alguns parâmetros, entre os quais pode ser destacada a questão da transitoriedade e do caráter excepcional como defende o Jurista Carvalho Filho de que “temos o pressuposto da temporariedade da função: a necessidade desses serviços deve ser sempre temporária” (JUNIOR, 2018, p. 05)
Assim sendo, é perceptível que a contratação não ocorrerá sem que haja uma justificativa concreta que substancie essa modalidade de contratar pela administração, e não de forma indiscriminada. Sobre isso Paiva (2021) comenta, ao informar que:
A contratação temporária é perfeitamente compreensível quando utilizada pela administração pública, uma vez que essa, em certos momentos, necessita da realização de serviço e nem sempre dispõe de tempo necessário para praticar todos os atos exigíveis para a realização de concurso público. No entanto, o controle das contratações temporárias é essencial para que essa prerrogativa pública seja utilizada dentro dos limites estabelecidos na legislação pátria. (PAIVA, 2021, p. 21)
É fato que não há nenhuma ilegalidade na realização da contratação temporária, desde que resguardada a excepcionalidade e a necessidade da administração pública, juntamente com o critério de tempo, visto que realizar um concurso público demanda tempo e a depender da atividade ou do momento da contratação, para evitar-se o perecimento do direito coletivo, a contratação é o meio viável, desde que seja por tempo determinado.
Carvalho Filho (2005) ao tratar da excepcionalidade, informa que situações corriqueiras da administração pública não podem ser empregadas para a contratação desses servidores, visto que o fim pretendido com a contratação temporária é a continuidade do serviço público e não transformar a administração pública em cabide de emprego para curral eleitoral.
REALIZAÇÃO DE CONTRATO TEMPORÁRIO NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE-PE
A lei que disciplina a contratação de servidores temporários em caráter excepcional no Município de Santa Cruz do Capibaribe-PE (em anexa A) é a Lei Municipal nº1283/2000 que já em seu primeiro artigo disciplina que essa será regida nos tramites da Constituição Federal, artigo 37, IX, conterá caráter excepcional e deverá ser realizada de acordo com o interesse público.
Interessante passagem da citada lei é o artigo 3º dela onde consta quais são as situações de excepcionalidade e interesse público para as contratações, sejam elas: situações de urgência como calamidade pública, questões de saúde pública como surtos endêmicos, substituições necessárias de servidores públicos na área da educação e saúde, vigilância e inspensões sanitárias, bem como o risco de descontinuidade da prestação de serviço público.
Na busca de identificar se há equivalência entre a norma e a realizada do município foi realizada uma pesquisa na contratação dos servidores temporários do citado município e foram encontrados os seguintes dados:
FUNDO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE – PE
FUNDO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE
QUADRO FUNCIONAL DOS SERVIDORES total 1640
FUNDO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE
SERVIDORES COMISSIONADOS total 127
FUNDO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE
SERVIDORES TEMPORÁRIOS total 1338 pessoas
fonte: Portal da transparência
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
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