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Código Logístico 59662 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6708-4 9 7 8 8 5 3 8 7 6 7 0 8 4 Gestão de custos e riscos operacionais Andréia Ribeiro da Luz IESDE BRASIL 2020 Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Juliann/Shutterstock CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ L994g Luz, Andréia Ribeiro da Gestão de custos e riscos operacionais / Andréia Ribeiro da Luz. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 104 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6708-4 1. Controle de custos. 2. Contabilidade de custos. 3. Preços - Deter- minação. I. Título. 20-67935 CDD: 657.42 CDU: 657.4 Andréia Ribeiro da Luz Doutora em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Mestre em Administração pela Universidade Positivo (UP). MBA em Marketing e graduada em Administração de Empresas pela Faculdade Opet. Tem sólida experiência em finanças corporativas no segmento da construção civil, desenvolvendo atividades de planejamento financeiro, budget e forecast, elaboração e análise de projetos de viabilidade econômico-financeira, conferência dos processos e participação em licitações públicas. Atuou como assessora financeira para empresas. É consultora e professora universitária da graduação, pós-graduação e de cursos in company para indústrias, associações e cooperativas. Tem artigos publicados em revistas nacionais e internacionais. É escritora e conteudista de materiais acadêmicos. Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO 1 Conceitos e classificações 9 1.1 Introdução à gestão de custos 9 1.2 Definições e terminologias básicas 14 1.3 Classificação de custos 21 2 Modelo decisório de custos 30 2.1 Fundamentos e principais métodos de custeio 30 2.2 Custeio por absorção ou integral 33 2.3 Custeio direto ou variável 36 2.4 Custeio padrão 39 2.5 Custeio baseado em atividades (ABC) 43 2.6 O melhor método de custeio 46 3 Método dos centros de custos 49 3.1 Centros de custos, de lucro e de investimentos 49 3.2 O processo do target costing (custo-alvo) e o custeio kaizen 58 3.3 Redução de custos com a gestão de riscos operacionais 65 4 Análise de custo-volume-lucro 72 4.1 Margem de contribuição 72 4.2 Ponto de equilíbrio operacional, econômico e financeiro 76 4.3 Margem de segurança 83 5 Formação do preço de venda 86 5.1 Modelos de decisões de preços 86 5.2 Fundamentos para formação de preços 94 5.3 Aspectos adicionais na gestão de preços de venda 100 Este livro traz um enfoque prático sobre gestão de custos, formação de preços e instrumentos para tomada de decisão. Voltado a profissionais de custos e precificação, trata-se de uma leitura complementar para as áreas de administração de empresas, marketing, logística, ciências contábeis e engenharia. A obra é dividida em cinco capítulos. No Capítulo 1 tratamos dos conceitos e das classificações da gestão de custos, base para a compreensão do conteúdo dos demais capítulos, bem como do desenvolvimento da teoria ao longo dos anos. No Capítulo 2 abordamos os modelos decisórios para compreensão da relevância da gestão de custos, por meio dos métodos de custeio, para o planejamento, o controle e a tomada de decisão. No Capítulo 3 elencamos métodos dos centros de custos, com o objetivo de compreender o que é e para que serve um centro de custos, de lucros e de investimentos. Discutimos também os riscos operacionais que podem exercer impacto nos custos empresariais. No Capítulo 4 apresentamos o conceito de margem de contribuição e sua aplicação, assim como os pressupostos existentes na execução do ponto de equilíbrio. Em seguida, discorremos sobre a margem de segurança e sua importância no processo decisório. Por fim, no Capítulo 5, considerando a competição e a dinâmica do ambiente econômico, no qual os conceitos de valor relativo de bens e serviços e de utilidade determinam o que o mercado está disposto a pagar, elucidamos os motivos e os objetivos da decisão de preços. Além disso, esclarecemos como identificar os principais elementos a serem considerados no cálculo do mark-up. Cada um dos capítulos contém dicas e questões para reflexão e fixação do aprendizado. Bons estudos! APRESENTAÇÃOVídeo Conceitos e classificações 9 1 Conceitos e classificações A temática deste capítulo está focada na introdução à gestão de custos. Conheceremos como evoluíram os controles de in- ventários, antes primitivos, até o que temos hoje, a denominada contabilidade de custos. Na primeira seção, veremos esse histórico e compreenderemos como a industrialização exigiu novas técnicas e novos controles de custos adaptados da era mercantilista. Abordaremos também os princípios da contabilidade de custos e as ramificações da conta- bilidade financeira para a contabilidade gerencial e de custos, bem como as características de cada uma. Na segunda seção, explicaremos os diferentes conceitos e ter- minologias e como ocorrem as variações na forma como são apro- priados os valores e seus componentes nos diferentes setores econômicos. Apresentaremos a função da contabilidade de custos e algumas exigências legais. Na terceira seção, entenderemos a classificação de custos, a diferença de custos e despesas e como se dá o fluxo dos custos direto e indireto para formar o custo da mercadoria vendida (CMV) ou o custo do serviço prestado (CSP). Assim, este capítulo nos dará o alicerce para aplicarmos os con- ceitos e a prática que serão abordados adiante. 1.1 Introdução à gestão de custos Vídeo O foco deste livro está na análise do processo de gestão de custos e preços ao utilizar as informações contábeis, financeiras e de vendas como instrumentos de apoio ao processo de decisão. Contudo, antes de definir- mos contabilidade de custos, vamos navegar em um breve histórico para entendermos a trajetória que nos levou até o termo. 10 Gestão de custos e riscos operacionais O ser humano sempre demonstrou necessidade de registrar seus eventos. Segundo Iudícibus, Marion e Faria (2002), existem registros de inventários desde o término da Era da Pedra Polida, representados por desenhos e gravações. Após, os sumérios (babilônios e assírios) regis- travam seus inventários em peças de argila, as quais ficaram famosas como as pequenas tábuas de Uruk. Na Caldeia, cidade de Ur onde viveu Abraão, personagem bíblico, foram encontradas escavações com docu- mentos contábeis bem como tabelas de escrita cuneiforme, nos quais eram registradas contas referentes à mão de obra e aos materiais, ou seja, custos diretos. Isso demonstra que os humanos já consideravam necessário registrar seus gastos há pelo menos 5.000 a.C. (SÁ, 1995). Os egípcios, em 6.000 a.C., também deixaram um riquíssimo acervo de inventário. A escrita egípcia era fiscalizada pelo fisco real e o inventá- rio era considerado tão importante que a contagem do boi – divindade adorada por esse povo – marcava o início do calendário. Bens e imó- veis já eram registrados e, primitivamente, controles administrativos e financeiros eram estabelecidos (ZANLUCA, J. C.; ZANLUCA, J. S., 2020). Outros registros, como pagamentos de escravos, vendas diárias e pa- gamento de tributos, tambémeram controlados. Até o início da Revolução Industrial (1720-1860), a produção era basicamente artesanal. Para Martins (2018, p. 6), “[n]a Revolução Industrial (século XVIII), quase só existia a Contabilidade Financeira (ou Geral), que, desenvolvida na Era Mercantilista, estava bem estrutura- da para servir as empresas comerciais”. Com o mercado em expansão, as empresas foram forçadas a substituírem a produção artesanal pela mecanizada e junto veio a complexidade em estimar os fatores de pro- dução, como matéria-prima direta, mão de obra direta, depreciação, manutenção etc., e a dificuldade de levantar dados para elaborar o ba- lanço patrimonial e o demonstrativo de resultado do exercício (DRE). Após a Revolução surgiu a necessidade de informações mais pre- cisas, que permitissem uma tomada de decisão eficaz. Em contrapar- tida, a oferta de produtos começou a superar a demanda e a lógica da produção capitalista se modificou, os produtos que eram padro- nizados com linhas de produção rígida foram sendo substituídos por linhas de produção mais rápida e com diversidade de modelos. A com- petição crescente exigia uma redução contínua dos preços e, para isso, know-how, inovação, gerenciamento e controle se faziam essenciais. Conceitos e classificações 11 Com a industrialização, foi necessário repassar para o produto todo o custo necessário para a fabricação. Para tanto, houve adaptações na formação dos critérios de avaliação de estoques da empresa mercan- tilista para a empresa industrial. Desse modo, nasceu a contabilidade de custos no processo de levar em conta o valor dos insumos mais os custos do processo de fabricação. Quer conhecer mais sobre a história da contabilidade de custos? Acesse o artigo Evolução Histórica da Contabilidade de Custos, publicado na Contabili- dade Vista & Revista. O artigo de autoria de Beuren apresenta um histórico sobre as origens da contabilidade de custos, sua evolução no tempo e o desenvolvimento dos métodos de custeio. Acesso em: 9 nov. 2020. https://revistas.face.ufmg.br/index.php/contabilidadevistaerevista/article/view/52 Artigo 1.1.1 Contabilidade versus gestão de custos A contabilidade financeira tem o intuito de sistematizar e orde- nar os registros e as alterações ocorridos no patrimônio de uma entidade (BRUNI; FAMÁ, 2004). A depender do tipo de informação neces- sário para a tomada de decisão, foram surgindo as “ramificações” da con- tabilidade financeira, sendo elas: contabilidade gerencial e contabilidade de custos. Suas características podem ser observadas no quadro a seguir. Quadro 1 Características das contabilidades financeira, gerencial e de custos. Contabilidade Financeira Gerencial Custos Público-alvo Externo: acionistas, credo- res e autoridades fiscais Interno: funcionários, gerentes e executivos Interno: gerentes e executivos Objetivo Reportar o desempenho passado Informar para tomada de decisões internas; feedback e controle do desempenho das operações Usar os princípios da contabi- lidade financeira para registrar os custos das operações de uma empresa. Temporalidade Histórica; passada Corrente; orientada para o futuro. Corrente; orientada para o pre- sente e o futuro. Restrições Reguladas: condicionadas às imposições legais e aos requisitos fiscais Sem regras estabelecidas: siste- mas e informações determinados pelos gestores para as necessida- des estratégicas e operacionais Sem regras estabelecidas: sis- temas e informações determi- nados pelos gestores (Continua) https://revistas.face.ufmg.br/index.php/contabilidadevistaerevista/article/view/52 12 Gestão de custos e riscos operacionais Contabilidade Financeira Gerencial Custos Tipo de informações Financeiras Financeiras mais medidas opera- cionais e físicas sobre processos, tecnologias, fornecedores, clientes e competidores Determinação de lucro, contro- le das operações e tomada de decisões Natureza da informação Objetiva; aditável; confiável; consistente; precisa Mais subjetiva Mais subjetiva Escopo Altamente agregado; rela- tórios sobre a organização inteira Desagregado, de informação a ações e decisões locais Fonte: Elaborado com base em Crepaldi, 2012, p. 9. Podemos ver no Quadro 1 que a contabilidade financeira tem como objetivo o registro dos compromissos já assumidos. Ela se preocupa com as questões legais e é obrigatória para as entidades legalmente estabelecidas. A contabilidade gerencial, por ser um relatório interno, é mais flexí- vel, possibilita ao gestor estruturar os dados da melhor forma possível para extrair as informações necessárias. Já a contabilidade de custos, outra ramificação da contabilidade fi- nanceira, objetiva apurar os custos dos produtos e serviços vendidos e, para isso, segue três princípios fundamentais: CompetênciaCompetência A receita é reconhecida quando realizada; o lucro ou o prejuí- zo se realiza no ato da venda. UniformidadeUniformidade Para não prejudicar os registros contábeis, o processo ou o método de registro contábil não deve ser mudado com fre- quência. Caso haja necessidade de alterar o método, esse deve ser informado nos demonstrativos contábeis. (Continua) Conceitos e classificações 13 PrudênciaPrudência Para registrar um ativo, é necessário escolher entre o valor do custo e o valor de mercado do bem ou do serviço – dos dois o menor. A lógica é a mesma quando houver dúvidas na classificação entre custo de produção ou despesa do período, prevalecendo a escolha que representa redução imediata de resultado (BRUNI; FAMÁ, 2019). Perceba que os princípios, por um lado, facilitam a padronização da prática contábil, mas, por outro, dificultam a gestão, por ser rígida ao seguir critérios preestabelecidos. Portanto, faz-se necessária a elabo- ração de relatórios financeiros gerenciais para a tomada de decisões. Alguns exemplos de perguntas que podem ser respondidas para a tomada de decisão com a contabilidade gerencial e de custos são: • Qual o desconto máximo que pode ser concedido sem compro- meter a lucratividade? • Qual a margem de lucro com que cada produto ou serviço contri- bui para a minha empresa? • Quantos itens de determinado produto preciso vender para co- brir os custos e gerar lucro? • Existem produtos que deveriam deixar de ser comercializados? • Existem processos da produção que deveriam ser terceirizados? Ao levar em consideração um mercado competitivo com uma in- finidade de inovações tecnológicas e acesso a uma grande varieda- de de produtos dos mais diversos preços e qualidades, os projetos são modificados frequentemente, sendo necessário produzi-los da forma mais eficiente possível para não onerar os custos. Esse novo ambiente, segundo Crepaldi (2012, p. 10), “demanda informações mais relevantes relacionadas a custos e desempenho das ativida- des”. Diante desse contexto, atualmente, a contabilidade de custos contribui para: • projetar produtos e serviços lucrativos e que estejam de acordo com as expectativas dos consumidores; O Jornal Contábil detalha as diferenças entre conta- bilidade gerencial e finan- ceira. Vamos conhecer? Disponível em: https:// www.jornalcontabil.com.br/ quais-sao-as-diferencas-entre- contabilidade-gerencial-e- contabilidade-financeira/. Acesso em: 15 dez. 2020. Leitura https://www.jornalcontabil.com.br/quais-sao-as-diferencas-entre-contabilidade-gerencial-e-contabilidade-financeira/ https://www.jornalcontabil.com.br/quais-sao-as-diferencas-entre-contabilidade-gerencial-e-contabilidade-financeira/ https://www.jornalcontabil.com.br/quais-sao-as-diferencas-entre-contabilidade-gerencial-e-contabilidade-financeira/ https://www.jornalcontabil.com.br/quais-sao-as-diferencas-entre-contabilidade-gerencial-e-contabilidade-financeira/ https://www.jornalcontabil.com.br/quais-sao-as-diferencas-entre-contabilidade-gerencial-e-contabilidade-financeira/ 14 Gestão de custos e riscos operacionais • sinalizar os produtos ou serviços que devem ser continuados ou descontinuados; • auxiliarno aprendizado ou aprimoramento contínuo dos funcio- nários do sistema produtivo; • orientar sobre o mix de produtos e decidir sobre investimentos; • escolher fornecedores e negociar preços, características do pro- duto e serviços ao cliente; • estruturar de modo eficaz e eficiente os processos de distribuição para os mercados e o público-alvo. Vale destacar que para a formação do custo de um produto ou ser- viço existem vários critérios e convenções que podem ser adotados no tratamento de custos. A boa classificação e o bom critério de rateio são aqueles que fornecerão os subsídios para a valorização dos produtos ou serviços. 1.2 Definições e terminologias básicas Vídeo A contabilidade de custos, sendo uma ramificação da ciência contábil, tem por finalidade a mensuração do custo unitário dos produtos e serviços para fins contábeis e processo de tomada de decisão. Ou seja, é um conjunto de procedimentos necessário para identificar, mensurar e informar quanto custou para a empresa a fabricação dos seus produtos ou a prestação dos seus serviços. Não se trata de uma ciência, e sim de uma técnica específica inseri- da no estudo das ciências contábeis. Seu principal objetivo é a forma- ção correta dos valores dos estoques e dos valores que irão compor o demonstrativo do resultado do exercício (DRE) e o custo da mercadoria vendida (CMV) ou do serviço prestado (CSP). O processo pelo qual se efe- tua a avaliação de custos difere em relação aos segmentos das ativida- des econômicas – indústria, comércio e serviços –, pois existem variações na forma como são apropriados os valores e os seus componentes. Vamos entender como se dá essa diferença. Na indústria o custo dos estoques de produtos acabados é composto por três grandes gru- pos: o de matéria-prima, o da apropriação da mão de obra utilizada no processo de fabricação e o de rateio de custos indiretos de fabricação. Qual contabilidade financeira, contabilidade gerencial e de custos? Atividade 1 Conceitos e classificações 15 Figura 1 Demonstração de processo fabril Prostock-studio/Shutterstock Figura 2 Demonstração de compra mercantil PopTika/Shutterstock No comércio é mais simples, pois o custo dos estoques normalmen- te é composto apenas pelos valores pagos na aquisição do produto para revenda. 16 Gestão de custos e riscos operacionais Na prestação de serviços a complexidade de levantamento dos cus- tos poderá ser maior, pois o elemento predominante será a mão de obra utilizada. Figura 3 Demonstração de negócio na prestação de serviços St an dr et /S hu tte rs to ck Na prestação de serviços vale lembrar que não podemos valorizar um “estoque de serviços”, mas existem muitas atividades em que os custos dos serviços em andamento devem ser apropriados e diferidos, sendo levados para a DRE apenas quando a receita for efetivada. Percebemos que não existe um padrão para mensuração dos cus- tos. A forma da apuração vai depender do setor econômico e, muitas vezes, de empresa para empresa, como veremos conforme avançar- mos no tema. No dia a dia, a palavra custos acaba sendo utilizada para várias co- locações, tanto na linguagem empresarial quanto na social. É comum ouvirmos esse termo sendo sinônimo de despesa, gasto, dispêndio, consumo, entre outros, portanto, no próxima seção, entenderemos a diferença de cada um e o porquê da importância de dissociá-los e não de entendermos como sendo um único conceito, principalmente para a formação de preços. Custos também são definidos como sacrifício financeiro, termino- logia que está de acordo com a abordagem sistêmica, na qual a em- presa é entendida como um sistema aberto que processa os recursos que entram (inputs) para dar saída a produtos ou serviços (outputs) (PADOVEZE; TAKAKURA JR., 2013). Vejamos a figura a seguir. Uma atividade mercantil ou um comércio se refe- rem às atividades de com- pra, estoque e venda de mercadorias. Parece sim- ples, mas algumas ações precisam ser observadas para que isso seja feito de maneira correta. Entre elas, o Sebrae (2020) destaca principalmente os controles ou registros de todos os gastos da empresa. Contudo, utilizar as informações para conhecer os custos é mais importante do que simplesmente registrar os valores gastos. O ideal é proporcionar ao negócio condições de enfrentar situações desfavoráveis ou tirar mais proveito das situações favo- ráveis e ainda obter lucro (SEBRAE, 2020). Você pode conferir uma cartilha de como registrar e calcular os custos da mercadoria, as despe- sas fixas e as despesas variáveis do seu comércio, disponibilizada pelo Se- brae, no link a seguir. Disponível em: https://m.sebrae. com.br/sites/PortalSebrae/bis/ saiba-mais-custos-no-comercio, 442ab88efc047410VgnVCM2000 003c74010aRCRD. Acesso em: 15 dez. 2020. Saiba mais https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/saiba-mais-custos-no-comercio,442ab88efc047410VgnVCM2000003c74010aRCRD https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/saiba-mais-custos-no-comercio,442ab88efc047410VgnVCM2000003c74010aRCRD https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/saiba-mais-custos-no-comercio,442ab88efc047410VgnVCM2000003c74010aRCRD https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/saiba-mais-custos-no-comercio,442ab88efc047410VgnVCM2000003c74010aRCRD https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/saiba-mais-custos-no-comercio,442ab88efc047410VgnVCM2000003c74010aRCRD Conceitos e classificações 17 Figura 4 Custos no enfoque sistêmico Vy ac he sl av ik us /S hu tte rs to ck Recursos necessários Processamento Produto ou serviço Cu st o Sa cr ifí ci o Re ce it a Fonte: Elaborada com base em Padoveze e Takakura Jr., 2013, p. 24. Na ótica do enfoque sistêmico os custos são a mensuração econô- mica dos recursos necessários para a atividade produtiva, o sacrifício é o processamento dos recursos e a receita é a mensuração econômica do produto ou serviço vendido. A contabilidade de custos também tem a função de gerar informa- ções que serão utilizadas na tomada de decisões, por exemplo: • apurar o custo unitário da mercadoria ou do serviço vendido para fins de contabilização dos estoques, atendendo à legislação vi- gente e às exigências fiscais; • apurar o custo unitário da mercadoria ou do serviço vendido para formação do preço de venda; • apurar o custo unitário da mercadoria ou do serviço vendido para estabelecer parâmetros de produção; • apurar o custo unitário da mercadoria ou do serviço vendido para apurar o resultado do exercício, bem como a lucratividade; • apurar o custo unitário da mercadoria ou do serviço vendido para controle operacional; • apurar o custo unitário da mercadoria ou do serviço vendido para avaliação de desempenho; • apurar o custo unitário da mercadoria ou do serviço vendido para obter dados para orçamentos; • apurar o custo unitário da mercadoria ou do serviço vendido para análise de alternativas; • elaborar relatórios para o planejamento, o controle e a tomada de decisão gerencial. Desse modo, vemos que a contabilidade de custos, além de aten- der às necessidades gerenciais da empresa com informações que vão 18 Gestão de custos e riscos operacionais possibilitar a tomada de decisões, é necessária para o cumprimento da legislação em vigor e das exigências legais e fiscais. Vale destacar que a terminologia custo se refere tanto aos custos quanto às despesas que po- dem ser apropriados ao produto ou ao serviço unitário. Já o termo gastos é utilizado quando não há necessidade de especificar o tipo de dispêndio. Quanto à exigência legal, é importante ressaltar a Lei n. 6.404/1976 – Lei das Sociedades Anônimas –, a qual, em seu artigo 183, nos orienta que: no balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: [...] II - os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos de comércio da companhia, assim como matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifa- do, serão avaliados pelo custo de aquisiçãoou produção; deduzi- do de provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este for inferior. (BRASIL, 1976) Para as demais sociedades, o novo Código Civil brasileiro – Lei n. 10.406/2002 –, em seu artigo 1.187, preconiza que: na coleta dos elementos para o inventário serão observados os critérios de avaliação a seguir determinados: [...] II – os va- lores mobiliários, matéria-prima, bens destinados à alienação, ou que constituem produtos ou artigos da indústria ou comér- cio da empresa, podem ser estimados pelo custo de aquisição ou de fabricação, ou pelo preço corrente, sempre que este for inferior ao preço de custo, e quando o preço corrente ou venal estiver acima do valor de custo de aquisição, ou fabricação, e os bens forem avaliados pelo preço corrente, a diferença entre este e o preço de custo não será levada em conta para a distribui- ção de lucros, nem para as percentagens referentes a fundos de reserva. (BRASIL, 2002) Quanto à exigência fiscal, é importante ressaltar o Decreto n. 9.580/2018 – Dos critérios para avaliação de estoques (BRASIL, 2018): Art. 304. Ao final de cada período de apuração do imposto, a pessoa jurídica deverá promover o levantamento e avaliação dos seus estoques. Art. 305. As mercadorias, as matérias-primas e os bens em almoxarifado serão avaliados pelo custo de aquisição (Lei nº 154, de 1947, art. 2º, § 3º e § 4º, e Lei nº 6.404, de 1976, art. 183, caput, inciso II). Art. 306. Os produtos em fabricação e acabados serão avaliados Conceitos e classificações 19 pelo custo de produção (Lei nº 154, de 1947, art. 2º, § 4º, e Lei nº 6.404, de 1976, art. 183, caput, inciso II). § 1º O contribuinte que mantiver sistema de contabilidade de custo integrado e coordenado com o restante da escrituração poderá utilizar os custos apurados para avaliação dos estoques de produtos em fabricação e acabados (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 14, § 1º). § 2º Considera-se sistema de contabilidade de custo integrado e coordenado com o restante da escrituração aquele: I - apoiado em valores originados da escrituração contábil (matéria-prima, mão de obra direta, custos gerais de fabricação); II - que permite determinação contábil, ao fim de cada mês, do valor dos estoques de matérias-primas e outros materiais, pro- dutos em elaboração e produtos acabados; III - apoiado em livros auxiliares, fichas, folhas contínuas, ou mapas de apropriação ou rateio, tidos em boa guarda e de regis- tros coincidentes com aqueles constantes da escrituração prin- cipal; e IV - que permite avaliar os estoques existentes na data de encerramento do período de apropriação de resultados segundo os custos efetivamente incorridos. Art. 307. O valor dos bens existentes no encerramento do pe- ríodo de apuração poderá ser o custo médio ou o dos bens adquiridos ou produzidos mais recentemente, admitida, ainda, a avaliação com base no preço de venda, subtraída a margem de lucro. (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 14, § 2º) A contabilidade de custos tem exigência legal e tributária, portanto não pode ser confundida com a contabilidade gerencial ou somente para fins de informações internas. 1.2.1 Classificação de gastos, custos e despesas Quando tratamos de contabilidade de custos ou da formação do custo de um produto, devemos estar atentos aos termos, pois não são sinônimos e representam destinações diferentes do que se pensa nor- malmente. Vamos diferenciar os conceitos de gastos, investimentos, cus- tos, despesas e perdas. Bruni e Famá (2019, p. 5) demonstram como se dá esse processo, que pode ser visto na figura a seguir. 20 Gestão de custos e riscos operacionais Figura 5 Diferenciação entre custo e despesa Balanço Patrimonial Demonstrativo de Resultado do Exercício Custos Despesas Produtos ou serviços elaborados Consumo associado à elaboração do produto ou serviço Consumo associado ao período Gastos Investimentos Fonte: Bruni; Famá, 2019, p. 5. Depois de termos uma visão geral de como ocorre o processo de transformação de um gasto em investimento, custo ou despesa, conforme demonstrado na Figura 5, vamos entender os conceitos de cada um: • Gastos ou dispêndios: são o desembolso em dinheiro, ou equi- valente a dinheiro, sacrificado para produtos e serviços que se espera que tragam um benefício atual ou futuro (receita) para a empresa. Trata-se de qualquer gasto que ainda será classificado como investimento, custo ou despesa. • Investimentos: são o gasto alocado em função da vida útil do bem ou de benefícios atribuíveis a futuros períodos. Exemplos: matéria-prima é um gasto contabilizado temporariamente como investimento circulante; máquinas e equipamentos são gastos que se transformam em um investimento permanente. • Custo: relativo à produção de um bem ou à prestação de um servi- ço, é o gasto que será apropriado ao produto de maneira direta ou indireta. Exemplos: custo direto: matéria-prima e mão de obra dire- ta; custo indireto: manutenção, aluguel da fábrica, lubrificantes etc. • Despesas: todo gasto incorrido após o produto sair do processo produtivo ou da finalização do serviço prestado. Não possuem Conceitos e classificações 21 natureza fabril, ou seja, não estão associadas à produção de um produto ou serviço. Exemplos: salários de vendedores, gastos com funcionários administrativos, comissão, frete para entrega etc. • Perdas: é o gasto involuntário, indesejado, quando a matéria-prima se torna inútil, não sendo mais possível o seu rea- proveitamento. Exemplos: erro no corte, riscos, manchas, defeito de fabricação etc. • Desperdício: é o gasto que não agrega valor do ponto de vista do cliente, como os gastos com retrabalho. Por exemplo, se a em- presa precisar refazer um produto por não estar de acordo com as normas técnicas, os recursos gastos com o retrabalho podem ser computados como desperdício. • Depreciação, amortização e exaustão direta: é a perda de va- lor dos bens imobilizados (máquinas, equipamentos, computado- res etc.) e intangíveis (direitos de exploração de serviços públicos, marcas e patentes, direitos autorais, softwares, fundo de comér- cio adquirido etc.) diretamente relacionados com a produção dos produtos ou serviços. • Depreciação, amortização e exaustão indireta: é a perda de valor dos bens imobilizados e intangíveis que não estão direta- mente relacionados com a produção dos produtos ou serviços. Agora que compreendemos como diferenciar os gastos, custos e despesas, na próxima seção veremos como classificá-los. Por que é necessário que as empresas, independentemente do setor econômico, tenham uma boa gestão de custos? Atividade 2 1.3 Classificação de custos Vídeo A teoria da contabilidade de custos aponta a existência de várias formas de classificação dos custos, dependendo do interesse e da me- todologia empregados, sendo indispensáveis: Classificação com relação à identificação do custo do produto produzido ou do serviço prestado. Classificação com relação ao volume produzido do bem ou do serviço prestado. Am mu s/S hut ters toc k 22 Gestão de custos e riscos operacionais A identificação do custo do produto ou serviço é classificada em: • Custo direto: compreende a soma dos gastos aplicados ou consumidos na produção de bens ou na prestação de serviços. Exemplos: matéria-prima, frete, embalagem e todos os demais materiais de consumo de fácil identificação aplicados diretamen- te ao produto. • Custo indireto: é difícil de atribuir ao produto por estar presente no processo produtivo global; portanto, utiliza-se de critérios de rateios para apropriação. Exemplos: depreciação, energia, alu- guel, supervisão da fábrica, manutenção da fábrica etc. Observe a Figura 6 e reflita sobre como se dá a classificação dos custos e das despesas na contabilidade de custos. Figura 6 Classificação dos custos e das despesas Custo de transformaçãoCusto direto ou primário Custo contábil, fabril ou total Custo integral ou gasto total Matéria-primaou material direto (MD) Mão de obra direta (MOD) Custos indiretos de fabricação (CIF) Despesas e gastos não associados à produção Fonte: Elaborada com base em Bruni e Famá, 2019, p. 14. Como podemos observar, a identificação dos custos é classificada de maneira distinta quanto à aplicabilidade de cada um (BRUNI; FAMÁ, 2019): • Custo direto ou primário: é apropriado de modo objetivo e direto no cálculo dos produtos fabricados ou do serviço prestado. Ou seja, não precisa de critério de rateio, como matéria-prima e mão de obra direta, no qual é mensurável de maneira objetiva. Conceitos e classificações 23 • Custo de transformação: também denominado custo de conversão ou custo de agregação, consiste no esforço gerado para obter o produto ou prestar o serviço. Exemplos: mão de obra direta e custos indiretos de fabricação. • Custo contábil, fabril ou total: inclui todos os custos diretos e indiretos. • Custo integral ou gasto total: inclui todos os custos diretos e indiretos, bem como as despesas. Entendida a classificação dos custos, conheceremos outros concei- tos importantes: • Custo da mercadoria vendida (CMV): é determinado para operações mercantis; na operação industrial é chamado de custo dos produtos vendidos (CPV), e nas operações de servi- ços custo dos serviços prestados ou vendidos (CSP ou CSV). É a etapa final do processo de formação de custos, pois diz res- peito à saída dos estoques da empresa para o comprador. • Custo de oportunidade: representa o valor da melhor alter- nativa em detrimento da alternativa escolhida, ou seja, é o custo da alternativa abandonada. Por exemplo, se uma em- presa planeja lançar um novo produto aproveitando o molde de outro já existente, caso o molde possua um valor de mer- cado, ele deverá ser incluído no cálculo dos custos, mesmo que nada seja desembolsado. • Lucro: é o resultado (Figura 7) que, após deduzidos os custos e as despesas, pode ser exemplificado pela equação: L = R – C – D Em que: L = lucro R = receita C = custo D = despesa 24 Gestão de custos e riscos operacionais É importante compreendermos também como se dá o fluxo dos custos direto e indireto para formar o custo da mercadoria vendida (CMV) ou o custo do serviço prestado (CSP). Vejamos a figura a seguir. Figura 7 Fluxo dos custos Demonstrativo de Resultado do Exercício (-) Custos do DRE CMV CPV CSP (+) Receitas (-) Despesas (=) Resultado Balanço Patrimonial Custos diretos e indiretos Estoques Materiais diretos Produtos em elaboração Produtos acabados Fonte: Bruni e Famá, 2019, p. 6. Observe como é importante a eficácia na formação dos cus- tos, pois o valor identificado como custo irá compor a conta CMV ou CSP. Como é um demonstrativo de resultado (lucro/prejuízo), quanto mais detalhada for a apuração dos custos, mais preciso será o resultado. A classificação com relação ao volume produzido geralmente é feita da seguinte forma: fixo, variável, semifixo e semivariável. • Fixo: são os custos que não se alteram conforme aumenta ou diminui a quantidade produzida. São os compromissos já fixados, e não importa se a empresa produz ou não, ela deve honrar esses compromissos. A Figura 8 demonstra o comportamento do custo fixo em relação à quantidade produzida. Vamos tomar como exemplo a conta te- lefônica básica mensal: nos planos atuais o valor da conta não altera de acordo com o volume de chamadas locais. Então, o cus- to fixo em relação à quantidade é linear, ou seja, não altera ao fazermos mais ou menos chamadas telefônicas locais. Conceitos e classificações 25 Figura 8 Comportamento do custo fixo em relação à quantidade R$ Q Fonte: Elaborada pela autora. • Variável: são os custos nos quais o valor total é alterado de acor- do com o aumento ou a queda da quantidade produzida. Como exemplo, vamos supor que o total da conta de telefone de lon- ga distância seja com base em quantos minutos falamos. Sendo assim, o custo variável total é proporcional à quantidade/minu- tos utilizada nas ligações de longa distância. A figura a seguir de- monstra esse comportamento. Figura 9 Comportamento do custo variável em relação à quantidade R$ Q Fonte: Elaborada pela autora. Os gráficos nos ajudam a entender o comportamento dos custos fixos e variáveis com relação à quantidade produzida. No Quadro 2 apresentamos o comportamento dos custos em relação ao custo total e à unidade produzida. 26 Gestão de custos e riscos operacionais Quadro 2 Comportamento dos custos fixos e variáveis em relação ao total e à unidade Custo Total Por unidade Variável Aumenta ou diminui conforme o nível de atividade é alterado. Permanece o mesmo em diversos níveis de atividade. Fixo Permanece igual, mesmo quando o nível de atividade é alterado. Médio; diminui conforme o nível de atividade aumenta. Fonte: Elaborado pela autora. • Semifixo: custos que até determinado nível são fixos, mas se esse nível for excedido, passam a ser variáveis. São muito comuns em gastos com água, energia, gás, telefone etc. Retomando o exem- plo da conta telefônica básica mensal, vamos supor que o plano seja de R$ 100,00 mensais e que dá o direito de consumir até 200 minutos por mês em ligações locais; contudo, se ultrapassar os 200 minutos, será cobrado adicional por minuto chamado; se não ultrapassar, serão cobrados os R$ 100,00 contratados. A figura a seguir demonstra esse comportamento. Figura 10 Comportamento do custo semifixo em relação à quantidade R$ QFonte: Elaborada pela autora. • Semivariável: são os custos que se mantêm fixos dentro de cer- tos níveis de quantidade produzida, contudo vão evoluindo “aos saltos”, pois não acompanham linearmente os custos de produ- ção. Continuando com nosso exemplo da conta telefônica bási- ca, vamos supor que a operadora tenha oferecido um plano com escalas de consumo: até 200 minutos R$ 100,00; de 201 a 400 minutos R$ 150,00; e assim sucessivamente. Veja que temos um nível de consumo fixo; ao ser excedido, passa a variável e volta a ser fixo por determinado nível de consumo. Conceitos e classificações 27 Figura 11 Comportamento do custo semivariável em relação à quantidade R$ Q Fonte: Elaborada pela autora. As despesas, como os custos, seguem o princípio de competência, no qual são reconhecidas por período ou na ocorrência do fato gerador e são classificadas geralmente como despesas fixas e variáveis: Despesas fixasDespesas fixas Não se alteram em função do volume de vendas. Se a em- presa em determinado mês faturou mais ou menos em rela- ção a outros períodos, a despesa fixa permanece inalterada. Exemplo: salário fixo dos vendedores, administrativo e co- mercial, limpeza e manutenção de loja ou escritório, seguro de loja ou escritório etc. O vídeo Aula 4 / Custo fixo e variável, publicado pelo Professor Daniel Santana, ensina a diferenciar os custos fixos dos custos variáveis, além de demonstrar como gerenciá-los. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=4EjpLKrrbKc. Acesso em: 15 dez. 2020. Vídeo Despesas variáveis Despesas variáveis Alteram-se de acordo com o volume de vendas. Se a empresa em determinado mês faturou mais ou menos em relação a outros períodos, a despesa variável vai variar na mesma pro- porção. Exemplo: frete para entrega, embalagem, comissão por venda etc. As despesas podem ser desmembradas de várias formas, como: despesas administrativas, despesas financeiras, despesas comerciais, despesas operacionais, despesas com depreciação, entre outras. Para o gestor projetar indica- dores eficazes de desempenho, como margem de contribuição, Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization (Ebtida) ou lucratividade, são necessários sistemas eficientes de gestão de custos. Atenção Quais critérios devem ser segui- dos para identificar e classificar os custos e as despesas? Atividade 3 https://www.youtube.com/watch?v=4EjpLKrrbKc https://www.youtube.com/watch?v=4EjpLKrrbKc https://www.youtube.com/watch?v=4EjpLKrrbKc28 Gestão de custos e riscos operacionais CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo aprendemos que a contabilidade de custos é uma rami- ficação da contabilidade financeira, voltada a gerar informações internas para a tomada de decisão. Além disso, vimos que se trata de um processo sistemático, que usa os princípios da contabilidade financeira para regis- trar e acompanhar os custos de operação de uma entidade. As empresas, estando estabelecidas em um ambiente em constante mudança e com concorrência acirrada, precisam de sistemas de controle eficazes e de informações coerentes com a realidade do negócio para adequar suas operações às crescentes mudanças do mercado. O profissional de custos, por sua vez, deve dominar conhecimentos estatísticos e matemáticos, técnicas de planejamento e pesquisa opera- cional para garantir a efetividade e eficiência nas operações. REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto n. 9.580, de 22 de novembro de 2018. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 23 nov. 2018. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ Ato2015-2018/2018/Decreto/D9580.htm#art4. Acesso em: 15 dez. 2020. BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l6404compilada.htm. Acesso em: 15 dez. 2020. BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/ l10406.htm. Acesso em: 15 dez. 2020. BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de preços. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2019. BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de preços: com aplicações na calculadora HP 12C e Excel. São Paulo: Atlas, 2004. CREPALDI, S. A. Contabilidade Gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. IUDÍCIBUS, S. de.; MARION, J. C.; FARIA, A. C. de. Introdução à teoria da contabilidade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2018. PADOVEZE, C. L.; TAKAKURA JR., F. K. Custo e preços de serviços: logística, hospitais, transporte, hotelaria, mão de obra, serviços em geral. São Paulo: Atlas, 2013. SÁ, A. L. Dicionário de Contabilidade. 9. ed. São Paulo: Atlas, 1995. SEBRAE. Saiba mais: custos no comércio, 2020. Gestão financeira. Disponível em: https://m. sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/saiba-mais-custos-no-comercio,442ab88efc047410 VgnVCM2000003c74010aRCRD. Acesso em: 15 dez. 2020. ZANLUCA, J. C.; ZANLUCA, J. S. História da contabilidade. Portal da contabilidade, 2020. Disponível em: http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/historia.htm. Acesso em: 15 dez. 2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9580.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9580.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/saiba-mais-custos-no-comercio,442ab88efc047410VgnVCM2000003c74010aRCRD https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/saiba-mais-custos-no-comercio,442ab88efc047410VgnVCM2000003c74010aRCRD https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/saiba-mais-custos-no-comercio,442ab88efc047410VgnVCM2000003c74010aRCRD http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/historia.htm Conceitos e classificações 29 GABARITO 1. Por ser voltada para o público externo e atender às exigências legais, a contabilidade financeira dificulta o processo de análise para a tomada de decisão, pois não pode ser ajustada de acordo com os objetivos dos gestores e da informação que se deseja extrair. Por isso, dependendo do tipo de informação necessária para a tomada de de- cisão, foram surgindo as ramificações. A contabilidade gerencial contribui para obter informações mais precisas e claras de acordo com as diversas áreas da empresa, en- quanto a contabilidade de custos contribui para o fornecimento de informações sobre os valores envolvidos na produção de produtos ou na prestação de serviços. 2. Uma gestão de custos eficiente auxiliará o gestor a tomar melhores decisões com base no conhecimento do custo unitário e total de cada produto vendido, bem como facilitará o processo de precificação. 3. Primeiramente, é preciso se perguntar se os gastos foram destinados ao sistema pro- dutivo ou não. Caso tenham sido, são classificados como custo fixo, direto ou indireto; do contrário, serão classificados como despesas fixas ou variáveis. 30 Gestão de custos e riscos operacionais 2 Modelo decisório de custos A temática deste capítulo são os principais métodos de custeio de produtos e serviços que necessitam de mensurações físicas das operações aplicadas no processo produtivo e das especificações dos materiais que os compõem. Vamos perceber que todos os métodos de custeamento são baseados no sistema contábil, no qual se buscam as informações da composição de cada produto ou serviço e de como eles são produzidos ou prestados. Primeiramente trataremos dos fundamentos e principais mé- todos de custeio, como o custeio por absorção (obrigatório para todas as empresas) e os métodos de custeio gerencial: custeio variável, custeio padrão e custeio ABC. Em seguida, discutiremos sobre qual é o melhor método de custeio e como identificá-lo de acordo com as necessidades de cada empresa. Assim, este capítulo nos dá os fundamentos para escolher qual é o melhor método de custeio para cada empresa. 2.1 Fundamentos e principais métodos de custeio Vídeo Métodos de custeio, ou custeamento, são utilizados para a toma- da de decisão de custos adotada pelos gestores das empresas. Eles são compreendidos, segundo Padoveze e Takakura Jr. (2013), como o caminho percorrido para encontrar o custo unitário de produtos ou serviços. Para tanto, utilizamos informações dos relatórios financeiros, da estrutura do serviço e da forma de fabricação do produto. Existem várias metodologias para apurar o custo unitário, e cada método tem vantagens e desvantagens, contudo, para efeitos contá- beis, somente o custeio por absorção é aceito. Modelo decisório de custos 31 A adoção de um método de custeio deve ser adequada aos objeti- vos da empresa, pois contribui para trazer informações não só de custo do produto, mas também de rentabilidade. Portanto, o método deve ser utilizado de maneira objetiva e sistemática, para que o gestor tome decisões sem prejudicar a lucratividade da empresa. Bornia (2010) afirma que o funcionamento da empresa pode ser vis- to como um processo que transforma insumos em produtos, conforme demonstrado na figura a seguir. Figura 1 Empresa como processo Processo produtivo Produtos Custos Insumos Fonte: Bornia, 2010, p. 31. No processo, conforme demonstrado na Figura 1, torna-se necessário identificar “o que” e “quanto” compõe cada custo e a participação desses associados em cada produto ou serviço. Em resumo, os métodos de custeio podem ser observados sob dois aspectos: o princípio, ou o tratamento das informações, e o método, sendo aquele que viabiliza a operacionalização do princípio, ou seja, vai decidir quais informações são importantes e como serão obtidas (PADOVEZE; TAKAKURA JR., 2013). A Figura 2 apresenta uma visão geral dos principais métodos de custeio. Na coluna à esquerda, estão os gastos mais comuns de uma empresa, os quais utilizaremos para fazer o custeamento unitário, e na coluna à direita os métodos de custeamento mais utilizados. Figura 2 Principais métodos de custeio Gastos totais – diretos e indiretos Tipos de gastos Métodos de custeio Matéria-prima, materiais diretos e embalagens Te or ia da s re s- tr iç õe s Cu st ei o di re to o u va ri áv el Cu st ei o po r ab so rç ão Cu st ei o AB C RK W Despesas variáveisMão de obra direta Mão de obra indireta Despesas gerais industriais Depreciação Mão de obra administrativa/comercial Despesas administrativas/comercial Despesas financeiras 32 Gestão de custos e riscos operacionais Produto/serviço 1 Produto/serviço 2 Produto/serviço 3 Produto/serviço 4 Produto/serviço 5 Gastos totais + Métodos de custeio Fonte: Padoveze e Takakura Jr., 2013, p. 68. Na teoria das restrições, os gastos considerados para custeio são os variáveis (custos e despesas variáveis), como matéria-prima, frete, embalagens, comissões sobre as vendas etc. O custo da mão de obra direta não faz parte do custo unitário nessa teoria. O método de custeio variável ou direto reconhece a mão de obra direta como custo variável, já que no médio e longo prazo esse gasto apresenta variabilidade em relação ao volume produzido. O método de custeio por absorção é o mais conhecido e utilizado no mundo todo, pois é determinado pelas práticas contábeis interna- cionais. No Brasil, é obrigatório para fins de avaliação de inventários e de tributação do imposto de renda (BORNIA, 2010). Nesse método, os custos diretos e indiretos são apropriados ao custo unitário. O método de custeio ABC é uma alternativa ao custeio integral, pois reconhece tanto os custos diretos e indiretos quanto as despesas administrativas, comerciais, entre outras. É considerado mais racional ao considerar as atividades dos setores indiretos e depois fazer a dis- tribuição dessas atividades para formar os custos unitários dos pro- dutos e serviços da empresa. No entanto, não reconhece as despesas financeiras. O método RKW considera todos os gastos para apropriação do custo unitário, inclusive os financeiros. Nesse método, todos os custos de operação, comercialização, além dos administrativos e financeiros (exceto material direto), devem ser canalizados para o custo dos depar- tamentos ou setores diretos, assim os custos dos departamentos ou setores diretos absorvem todos os demais gastos da empresa. Nas seções seguintes, aprofundaremos os estudos sobre os prin- cipais métodos de custeio, sendo eles: custeio por absorção, custeio variável, custeio padrão e custeio ABC. Os métodos de custeio podem ser observados sob dois aspectos. Cite e explique cada um deles. Atividade 1 Modelo decisório de custos 33 2.2 Custeio por absorção ou integral Vídeo O custeio por absorção, também conhecido como custeio integral, é o método derivado da aplicação dos princípios fundamentais da contabi- lidade. Foi derivado do sistema desenvolvido na Alemanha, no início do século XX, conhecido como Reichskuratorium für Wirtschaftlichkeit (RKW). O método consiste na apropriação de todos os custos diretos, indi- retos, fixos e variáveis utilizados na fabricação dos produtos – ou todos os gastos relativos ao esforço de fabricação que serão distribuídos para todos os produtos ou serviços. O método de absorção segue os princípios fundamentais da con- tabilidade, sendo obrigatório para todas as empresas, além de ser utilizado para fins gerenciais. Vejamos um exemplo: a empresa XYZ, em um determinado mês, produ- ziu 10.000 unidades. Admitindo os custos para produção detalhados na Ta- bela 1, vamos fazer o custeamento pelo método do sistema por absorção. Tabela 1 Exemplo de custeio por absorção para um produto DESCRIÇÃO VALOR Matéria-prima transferida para produção R$ 85.000,00 Custo da mão de obra da produção apurada no mês R$ 12.000,00 Gastos gerais de produção apurados no mês R$ 10.000,00 TOTAL DO CUSTO DE PRODUÇÃO DO MÊS R$ 107.000,00 Unidades produzidas no mês 10.000 Custo unitário de produção de XYZ (107.000 / 10.000) R$ 10,70 Fonte: Elaborada pela autora. 34 Gestão de custos e riscos operacionais Perceba que todos os gastos da produção foram considerados no cálculo, sejam eles variáveis, fixos, diretos ou indiretos, conforme es- quema demonstrado na figura a seguir. Figura 3 Esquema do custeio por absorção Receita Lucro/PrejuízoDespesaCMV Produto Rateio IndiretosDiretos Gasto InvestimentoCustos Fonte: Elaborada pela autora. As principais características do custeio por absorção são: • Engloba os custos totais: fixos, variáveis, diretos e/ou indiretos. • É necessário um critério de rateio para apropriação dos custos in- diretos quando houver mais de um produto ou serviço. O gestor escolhe qual método é o mais adequado para a empresa, entre eles: o gasto com a mão de obra direta; o total das quantidades produzidas; o total dos custos diretos; ou os custos de transfor- mação (PADOVEZE; TAKAKURA JR., 2013). • É o critério legal exigido no Brasil. Entretanto, nem sempre é útil como ferramenta de análise para tomada de decisão, pois apresenta distorções ao distribuir os custos aos diversos pro- dutos e serviços, possibilitando mascarar desperdícios e ou- tras ineficiências produtivas. • Os resultados sofrem influência direta do volume de produção. Para uma empresa que produz dois produtos, vamos denominá-los de produtos A e B, utilizaremos como critério de absorção o custo da mão de obra do período, para, em seguida, atribui-los unitariamente Modelo decisório de custos 35 aos custos dos produtos A e B. Antes, precisamos obter o total da mão de obra direta, conforme demonstrado na tabela a seguir. Tabela 2 Exemplo de custeio por absorção para dois produtos Descrição do gasto Produto A Produto B Total Materiais diretos (R$) 122.000 81.500 203.500 Mão de obra direta (R$) 278.000 92.000 370.000 Custo direto (R$) 400.000 173.500 573.500 Rateio MOD% 75,14% 24,86% 100% Custo indireto (R$) 480.896 159.104 640.000 Custo total (R$) 880.896 332.604 1.213.500 Unidades produzidas 280.000 60.000 Custo unitário (R$) 3,15 5,54 Fonte: Elaborada pela autora. Ao utilizar como critério para rateio dos custos indiretos a mão de obra direta, chegamos a um custo unitário de R$ 3,15 para o produto A e R$ 5,54 para o produto B. Segue detalhamento do cálculo: • 1º Identificamos quanto a mão de obra consumida para cada pro- duto representa da mão de obra total (Tabela 3). Tabela 3 Demonstração de cálculo da participação da mão de obra para cada produto Descrição Custo mão de obra direta (R$) % participação Produto A 278.000 75,14% Produto B 92.000 24,86% Total 370.000 Fonte: Elaborada pela autora. • 2º Pegamos o valor total do custo indireto de R$ 640.000 e fize- mos a distribuição para cada produto de acordo com a participa- ção de gastos. O produto A apropriou 75,14% dos custos indiretos = 640.000 x 75,14% = R$ 480.896,00 O produto B apropriou 24,86% dos custos indiretos = 640.000 x 24,86% = R$ 159.104,00 • 3º Identificado o custo total (material direto, mão de obra indireta e custo indireto), chegamos ao custo total de R$ 880.896 para o produto A e R$ 332.604 para o produto B. Para encontrarmos O vídeo Aula 8 / custeio por absorção, publicado pelo Professor Daniel Santana, explica de uma forma clara e didática o conceito de absorção e sua forma de aplicação. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=GI5F9k8KB8g&t=63s. Acesso em: 15 dez. 2020. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=GI5F9k8KB8g&t=63s https://www.youtube.com/watch?v=GI5F9k8KB8g&t=63s https://www.youtube.com/watch?v=GI5F9k8KB8g&t=63s 36 Gestão de custos e riscos operacionais o custo unitário, é necessário dividir a quantidade produzida de cada produto pelo seu custo total: Produto A = 880.896 / 280.000 = R$ 3,15 custo unitário Produto B = 332.604 / 60.000 = R$ 5,54 custo unitário Na próxima seção, vamos entender como aplicar o custeio variável. 2.3 Custeio direto ou variável Vídeo No método de custeio direto ou variável, apenas os custos variáveis são relacionados aos produtos, e o custo fixo é considerado custo do pe- ríodo (BORNIA, 2010). Ou seja, o custo final do produto ou serviço será a soma do custo variável, dividida pela produção correspondente, sendo os custos fixos considerados diretamente no resultado do exercício. Os custos fixos devem ser amortizadosindependentemente do vo- lume produzido, por isso a empresa precisa produzir o máximo possí- vel para diluir esses custos. Sendo assim, os únicos custos relevantes são os variáveis. Gerencialmente é um método muito usado, mas, por sua restrição fiscal e legal, sua utilização implica a exigência de dois sistemas de custos: • o sistema de custo contábil (absorção ou integral), para atender às normas legais; • um método de custeio paralelo, separando os custos fixos e variáveis. Há possibilidade de efetuar separação do custeio direto na con- tabilidade, segregando-se todos os custos em categorias específi- cas, por exemplo: Mão de obra de produção Mão de obra de produção – Variável Mão de obra de produção – Fixa Gastos gerais de fabricação Manutenção – Variável Manutenção – Fixa Modelo decisório de custos 37 Desde que o sistema de acumulação seja a soma dos custos fixos e variáveis, não há que se opor a essa sistemática de separar os valores para utilização gerencial. Contudo, atualmente a maioria das empresas tem sistemas de gestão próprios que extraem da contabilidade dados específicos para análise de custos variáveis. A contabilidade utiliza o custeio por absorção enquanto os sistemas de análise extraem das contas de custos os valores diretos. Algumas características essenciais do método de custeio variável são: • divisão dos custos em dois grupos principais: fixos e variáveis; • custo final dos produtos é a soma dos custos variáveis; • custos fixos são considerados integralmente nas contas de resultado. Resumindo, nesse método de custeio, no cálculo dos custos fi- nais por produto são computados somente os custos variáveis. Os custos fixos são considerados despesas, levadas integralmente ao resultado do período, por não serem considerados elementos com- ponentes do custo dos produtos. Obtém-se, assim, o custo final variável dos produtos. Na Tabela 4 podemos analisar um exemplo de custeio variável para uma empresa que produz um único produto. Tabela 4 Demonstração de cálculo do custeio variável para um produto Descrição Valor Total Fixo Variável Matéria-prima transferida para produção (R$) 85.000,00 85.000,00 Custo da mão de obra da produção apurada no mês (R$) 12.000,00 6.000,00 6.000,00 Gastos gerais de produção apurados no mês (R$) 10.000,00 7.000,00 3.000,00 TOTAL DO CUSTO DE PRODUÇÃO DO MÊS (R$) 107.000,00 13.000,00 94.000,00 Unidades produzidas no mês 10.000 10.000 Custo unitário de produção (R$) 10,70 9,40 Fonte: Elaborada pela autora. Nesse exemplo, o custo total, de R$ 10,70 por unidade, foi subdi- vidido em custo fixo e em variável, o que resultou numa apuração de “custo direto”, por unidade final de produto, de R$ 9,40, na qual somen- te foram considerados os custos variáveis do período (matéria-prima, mão de obra e gastos gerais, todos da produção). 38 Gestão de custos e riscos operacionais Vamos ver outro exemplo, agora para dois produtos, conforme da- dos dispostos na tabela a seguir. Tabela 5 Demonstração de cálculo do custeio variável para dois produtos Descrição do gasto Produto A Produto B Total Materiais diretos (R$) 122.000 81.500 203.500 Mão de obra direta (R$) 278.000 92.000 370.000 Custo direto (R$) 400.000 173.500 573.500 Custo indireto (R$) 640.000 Unidades produzidas 280.000 60.000 Custo unitário (R$) 1,43 2,89 Preço de venda (R$) 2,70 4,63 Margem de contribuição (unit) (R$) 1,27 1,74 Margem de contribuição (%) 47,09% 37,50% Margem de contribuição total (R$) 356.000 104.100 Fonte: Elaborada pela autora. Esse método contribui para identificar a margem de contribuição unitária e total por produto. Margem de contribuição é a contribuição monetária de cada produto ou serviço para cobertura dos custos e das despesas fixas. Pode ser encontrada na aplicação da seguinte equação: MCunit = PVunit – CVunit Ou, para encontrar em porcentagem: MC(%) = MCunit PVunit MCunit = margem de contribuição unitária MC(%) = margem de contribuição em porcentagem PVunit = preço de venda unitário CVunit = custo variável unitário No exemplo supracitado, percebemos que o produto A contribui para amortizar os custos fixos em 47,09% ou em R$ 1,27 por unidade, gerando uma margem de contribuição total de R$ 356.000. Já o produto B contribui em 37,50% para amortizar os custos fixos ou em R$ 1,74 por unidade, gerando uma margem de contribuição total de R$ 104.100. Note que num primeiro momento poderíamos concluir que o pro- duto B é o melhor da empresa, ao analisar somente a margem de contribuição unitária. Contudo, ao observarmos a margem de contri- Quer se aprofundar no assunto? O Portal de Contabilidade divulga os principais métodos de cálculo, legislação e resoluções. Disponível em: http://www. portaldecontabilidade.com.br/ tematicas/metodosdecusteio.htm. Acesso em: 15 dez. 2020. Leitura http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/metodosdecusteio.htm http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/metodosdecusteio.htm http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/metodosdecusteio.htm Modelo decisório de custos 39 buição total, percebemos que o produto A é o melhor da empresa, pois, apesar de apresentar uma margem de contribuição unitária me- nor, vende mais. Vamos ter uma ideia geral do método por meio do esquema ilustra- tivo a seguir. Figura 4 Esquema do custeio variável Lucro operacional (Despesa) (Custo do produto vendido) D.R.E. Receita operacional Após a venda Imediatamente Custo variável Investimento Custo fixo Despesa Gasto Fonte: Elaborada pela autora. Os custos diretos são transferidos aos produtos por meio do consumo efetivo e pelo tempo de produção de cada um. Dessa forma, os materiais são alocados aos produtos com base no consumo apurado pelo sistema de controle de estoques. Já a mão de obra direta é alocada com base nas horas trabalhadas para cada produto, e os outros custos diretos identifi- cáveis – como a industrialização efetuada por terceiros sobre os produtos – são atribuídos diretamente aos produtos que os consumiram. A empresa que utilizar a apuração de custos pelo sistema direto de custeio deverá ajustar os cálculos de maneira que não distorça o método de absorção, tratando de preservar as informações sobre custos fixos e sua distribuição nos cálculos. Então, uma conta de estoques, por exemplo, deverá prever duas subcontas distintas, para que a somatória delas com- ponha o custo final do produto, desta forma: Estoques – Produtos acabados – Custo variável Estoques – Produtos acabados – Custo fixo (=) Estoques – Produtos acabados Atenção 2.4 Custeio padrão Vídeo O custeio padrão consiste na técnica de prefixar antes do início da produção o custo para cada produto ou serviço prestado, com base no histórico ou nas metas a serem conquistadas pela empresa. Segundo Dubois (2019), padrão é uma referência, um elemento quantitativo ou fi- nanceiro que servirá de base de comparação com os resultados futuros. Os principais tipos de custeio padrão são: • custo-padrão corrente ou standard: é o custo que leva em con- sideração o histórico de custo de períodos anteriores. A empresa considera inclusive as perdas normais que ocorrem no processo, tanto de material como de tempo dos funcionários. 40 Gestão de custos e riscos operacionais • custo-padrão ideal: é o custo que a empresa deseja alcançar em condições normais de eficiência do uso dos seus recursos. É útil para ser usado como parâmetro de longo prazo. Os desperdícios são reduzidos ou eliminados para se chegar na condição ideal, com base em estudos científicos (BRUNI, 2019). O custeio padrão é importante para a gestão de custos, pois permite a comparação com os custos reais, apresentando as melhorias ou falhas que ocorrem no processo produtivo. No caso de falhas, ajuda a identifi- car os motivos que levaram a empresa a não atingir o padrão esperado. Para que cumpra o seu principal papel, o de subsidiar a gerência com informações a respeito do comportamentodos custos, quanto maior for o detalhamento em cada etapa do processo, atribuindo os padrões em quantidade e valores, maior será a facilidade de a empresa verificar os pontos falhos. Quando o custo-padrão é superado, o custo-efetivo (custo que ocor- reu no período) passará a ser o custo-padrão para os próximos exercícios. Vale destacar que alguns autores não classificam o custo-padrão como sendo um método, mesmo porque não é estabelecido um processo de como fazer, apenas comparam-se os resultados com o pré-determinado. Para Dubois (2019), o método de custeio padrão é indicado quando a fábrica trabalha com grandes quantidades de produtos homogêneos ou lotes, ou quando produz grandes quantidades de itens similares. Portanto, o custo-padrão não pode ser classificado nem como prin- cípio nem como método, por não apresentar orientações específicas de procedimento. Ele é um referencial, criado para comparação. Assim, o custo-padrão é mais um instrumento de controle do que um instrumen- to operacional. Vamos ver um exemplo detalhado na tabela a seguir. Tabela 6 Demonstração de cálculo do custo-padrão Custos Custo--efetivo (R$) Custo-padrão (R$) Situação O que fazer Materiais 120.000,00 110.000,00 Piorou Verificar Aluguel 4.000,00 4.000,00 Padrão Energia elétrica 2.200,00 2.050,00 Piorou Alteração irrelevante Departamento de corte 22.000,00 21.500,00 Melhorou Usar como padrão Departamento de montagem 42.500,00 40.000,00 Melhorou Usar como padrão Departamento de acabamento 16.000,00 14.000,00 Piorou Verificar Fonte: Elaborada pela autora. Modelo decisório de custos 41 O custo-efetivo é comparado ao custo-padrão e é dado um status para possível verificação. O objetivo é que o custo-efetivo seja pelo menos igual ao custo-padrão, contudo, caso não seja, deve-se adotar medidas corretivas. Segundo Bruni (2019), as variações podem ser do preço de custo, da quantidade ou conjuntas. A variação do preço de custo é a diferença entre o preço de custo-padrão e o de custo-efetivo, desde que a quan- tidade padrão seja realmente consumida. No caso de materiais diretos, a variação é calculada como a diferença entre o custo-efetivo unitário e o custo-padrão unitário dos materiais, multiplicada pela quantidade- -padrão. Já a mão de obra direta é a diferença entre o salário-efetivo e o salário-padrão multiplicada pelo número de horas-padrão. A variação do preço de custo-padrão pode ser representada da se- guinte maneira: ∆% do preço de custo-padrão = (preço de custo-efetivo – preço de custo- -padrão) x quantidade-padrão Como exemplo, vamos considerar uma empresa que produz 1.000 unidades de um produto, num determinado período, e tenha identificado os seguintes resultados de custo e quantidade-padrão e custo e quantidade-efetiva: Descrição Valor Custo-padrão (R$) 720,00 Custo-efetivo (R$) 732,00 Quantidade-padrão de matéria-prima por produto 2 Quantidade-efetiva de matéria-prima por produto 3 ∆% do preço de custo-padrão = (732,00 – 720,00) x 1.000 = R$ 12.000,00 A diferença por produto, chamada de variação, foi de R$ 12,00. Nesse caso, seria um desempenho desfavorável, pois o custo-efetivo ultrapassou o custo-padrão. A variação na quantidade de matéria-prima utilizada é a diferença entre o consumo-padrão previsto e o consumo-efetivo identificado. A variação da quantidade pode ser representada como segue: ∆% da quantidade = (quantidade-efetiva – quantidade-padrão) x preço- -padrão 42 Gestão de custos e riscos operacionais Como exemplo, vamos supor que, para produzir um único produ- to, a empresa precise de duas matérias-primas ao custo unitário de R$ 110,00. Se ao apurar a quantidade da matéria-prima consumida a empresa percebesse que foram utilizadas três por produto, teríamos: ∆% da quantidade = (3 – 2) x 110,00 = R$ 110,00 unitário Houve acréscimo de uma matéria-prima por produto, ocasionando uma situação desfavorável em relação à quantidade-padrão estabele- cida anteriormente. A variação conjunta é um misto das variações de preço de custo e quantidades; é o produto das diferenças. Pode ser representada como segue: ∆% conjunta = (preço de custo-efetivo – preço de custo-padrão) x (quantidade-efetiva – quantidade-padrão) ∆% conjunta = (732,00 – 720,00) x (3 – 2) = R$ 12,00 A variação conjunta informa que a variação no preço de custo em conjunto à variação na quantidade eleva o custo unitário do produto em R$ 12,00. Ao utilizar o custo-padrão, o gestor poderá definir um custo-padrão como referência para a análise dos custos, apurar o custo-efetivo in- corrido e analisar a variação ocorrida entre o custo-padrão e o efeti- vo, a fim de tomar decisões corretivas, caso necessário (BORNIA, 2010; DUBOIS, 2019). Além disso, esse método possibilita acesso a informa- ções para negociação de preços, permite acompanhar os estoques de produtos acabados e em elaboração bem como o monitoramento das operações, da avaliação de desempenho, da identificação de gargalos ou pontos de ineficiências. Ao perceber que o custo-padrão se desviou do efetivo, o gestor pre- cisa agir rapidamente, buscando as causas que levaram aos desvios. Sendo assim, o custo-padrão, tendo a sua utilidade voltada para fins de- cisórios, pode também fornecer informações externas (imposto de ren- da, por exemplo). Só que para isso as variações das contas devem ser ajustadas aos saldos reais no fim do período de controle fiscal. Modelo decisório de custos 43 2.5 Custeio baseado em atividades (ABC) Vídeo O custeio baseado em atividades (ABC), ou Activity-Based Costing, na sua primeira versão é definido como um método de custeio que procura re- duzir as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos, aumentando sua importância em relação aos custos diretos, já que estes são mais fáceis de serem identificados (PADOVEZE; TAKAKURA JR., 2013). Esse método diferencia-se dos demais por separar os custos indire- tos de acordo com a atividade realizada. Ou seja, enquanto nos demais métodos os custos indiretos são repassados para departamentos ou centros de custos, no método ABC os custos indiretos são repassados para as atividades independentemente do local onde o serviço é pres- tado ou o produto é fabricado. Martins (2018) afirma que a segunda versão do custeio ABC foi rea- lizada para possibilitar a análise de custos sob duas visões: a primeira fornece os mesmos dados da versão tradicional do custeio ABC, e é uma visão econômica que apropria os custos aos objetos de custeio por meio das atividades realizadas em cada centro de custos; e a segunda visão, no aperfeiçoamento de processos, capta os custos das atividades realizadas nos vários departamentos existentes, reconhecendo que os processos são formados por uma sequência de atividades. Esse reco- nhecimento permite que os processos sejam analisados, custeados e aperfeiçoados com bom desempenho na execução das atividades. Exemplificando, o que consome bens e serviços dentro da empresa são as atividades, e não os locais de trabalho. O método ABC procura fazer uma identificação de todas as principais atividades da empresa e de todos os setores indiretos (comercial, administrativo e operacio- nal) (PADOVEZE; TAKAKURA JR., 2013). Assim, o custo de vigilância, por exemplo, não vai ser rateado para os departamentos, mas será o servi- ço de vigilância considerado um centro de custos. Quadro 1 Representação dos processos do custeio ABC Recursos Direcionadores de custos Atividades Direcionadores de atividades Objetos de custeio Gastos indiretos Indicadores de con- sumo de gastos pelas atividades Eventos executados por homens, máquinas, equipamentos e insta- lações que consomem recursos Indicadores de consu- mo de atividades pelos processos Processos operacio- nais que geram bens ou serviços Fonte: Oliveira e Perez Jr., 2000. 44 Gestão de custos e riscos operacionais Agora, vamos entender os conceitos de direcionadores de custos, atividade, direcionadores de atividades e processo, segundoOliveira e Perez Jr. (2000): • Direcionadores de custos: parâmetros de atividades por meio dos quais são identificados e avaliados os recursos gastos em uma determinada atividade ou serviço. • Atividade: qualquer ação que consome recursos da empresa, sendo composta por um conjunto de tarefas necessárias ao bom desempenho do negócio. Uma atividade pode ser entendida como uma combinação de recursos humanos, materiais e finan- ceiros para produzir os bens e serviços. • Direcionador de atividades: parâmetros por meio dos quais são identificadas e avaliadas todas as atividades consumidas no de- senvolvimento de um processo. • Processo: conjunto de atividades relacionadas e coordena- das nas quais são consumidos recursos visando à obtenção de resultados. As fases para implantação do custeio ABC, segundo Padoveze e Takakura Jr. (2013), são: 77 Custear unitariamente o total das atividades para cada produto ou serviço e inserir no custo unitário total. Custear unitariamente cada atividade.55 Identificar a quantidade de direcionadores de cada atividade consumida por cada produto ou serviço. 66 11 Identificar as atividades dos setores indiretos. 33 Quantificar periodicamente as quantidades dos direcionadores realizados pelas atividades. 22 Escolher o melhor direcionador de custo (cost driver) de cada atividade. 44 Mensurar quanto se gasta periodicamente para realizar as atividades. Modelo decisório de custos 45 Vamos agora observar o caminho do processo representado pelo esquema da figura a seguir. Figura 5 Esquema do custeio ABC Materiais diretos Mão de obra direta Custo indireto A Custo indireto X PRODUTOS Apropriação direta Direcionador de recursos Atividade 1 Direcionador de atividades Atividade n Fonte: Megliorini, 2007, p. 152. Bornia (2010) demonstra a lógica do funcionamento do método ABC, no qual os recursos são consumidos pelas atividades e as ativida- des são usadas pelos produtos ou serviços. Figura 6 Lógica de funcionamento do método ABC Recursos usam consomem (a) Lógica de funcionamento Atividades Produtos Custeio do processo (b) Modelo Custeio dos produtos AtividadesCustos Produtos Fonte: Bornia, 2010, p. 122. Os sistemas de custos tradicionais refletem os custos da estrutura organizacional da empresa, que na maioria das vezes é funcional. Já o custeio ABC busca o custeio dos processos, geralmente interdeparta- mentais, para além da organização funcional, como uma ferramenta de análise dos fluxos de custos. Os benefícios são proporcionais aos processos interdepartamentais da empresa (MARTINS, 2018). O vídeo Exemplo 1 – Custeio Baseado em Atividades (Custeio ABC), publicado pelo Professor Danillo Nogueira, explica usando uma planilha do Excel como fazer o custeio baseado em atividades. Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=iQ8nExR51F8. Acesso em: 15 dez. 2020. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=iQ8nExR51F8 https://www.youtube.com/watch?v=iQ8nExR51F8 46 Gestão de custos e riscos operacionais Uma vantagem do custeio ABC em relação a outros sistemas de custeio é que sua análise vai além do custo do produto, da lucratividade, da continuidade etc. Além disso, permite que os processos que ocorrem dentro da empresa sejam custeados e proporciona a identificação das atividades que podem ser aprimoradas, reestruturadas ou eliminadas para melhorar a competitividade da empresa (MARTINS, 2018). Porém, para Dubois (2019), o método de custeio ABC exige sacrifício financeiro para ser colocado em prática e apresenta duas limitações importantes: os altos custos administrativos necessários aos centros de atividades e geradores de custos e a inevitabilidade das alocações aleatórias, apesar de a maioria dos direcionamentos dos custos serem feitos para os custos indiretos. Qual é o principal benefício de o gestor ter uma visão dos processos da empresa adquirida pelo custeio ABC? Atividade 2 2.6 O melhor método de custeio Vídeo O método de custeio direto ou variável, segundo Padoveze e Takakura Jr. (2013), é o melhor para propósitos de tomada de decisão por fornecer informações sobre o custo unitário de produtos e serviços. É um dos métodos de custeio mais conhecidos e utilizados pelas empresas industriais e de prestação de serviços por ser simples e objetivo. Além disso, é um método que propicia flexibilidade nas tomadas de decisões sobre preços de venda e lucro dos produtos ou serviços, contribuindo para manter a competitividade. Ao utilizar outros métodos de custeio, a empresa pode perceber que alguns produtos apresentam prejuízo; por exemplo, no custeio por absorção, que considera somente os custos fixos, e no método ABC, que além dos custos fixos considera também as despesas. Ao analisar pelo método do custeio direto, isso não acontece, pois ele trabalha com o conceito de margem de contribuição (PV – CV). Enquanto alguns produtos, ao utilizar o custeio por absorção ou ABC, poderiam ser eliminados do portfólio por apresentarem prejuízo, no custeio direto ou variável isso não ocorreria, pois notaríamos que todos os produtos contribuem com determinado valor para amortizar os custos e as despesas fixas, devendo então ser mantidos. Padoveze e Takakura Jr. (2013, p. 87) afirmam que: Para tomada de decisão que envolva alteração de volume de mix de produtos e serviços só é admissível a utilização do método de Modelo decisório de custos 47 custeamento direto/variável. Os métodos que contemplem qual- quer tipo de alocação de gastos indiretos/fixos (absorção, ABC, integral, RKW) aos produtos e serviços não podem ser utilizados, de forma nenhuma, para tomada de decisão que envolva mix de produtos, alterações de preços, custos e volume, uma vez que misturam, no custeamento unitário, custos de natureza fixa com natureza variável. Devido ao fato de o custeio por absorção ser exigido por práticas internacionais e pela legislação tributária, as empresas acabam tendo uma tendência a utilizar outros métodos de custeio para análise gerencial. Contudo, como orientado por Padoveze e Takakura Jr. (2013), eles devem ser utilizados com cautela. Tanto em empresas comerciais quanto em industriais o método do custeio variável ou direto é recomendado para o processo de tomada de decisão. Lembrando que, para o comércio, o custeio direto ou variá- vel é o custo da mercadoria vendida; e na indústria, a matéria-prima e a mão de obra direta. No caso de prestação de serviços, o custo direto é o custo da mão de obra fixa, ou seja, do profissional prestador do serviço, que pode ser: empresas de serviços contábeis, arquitetura, engenha- ria, consultoria, assessoria etc.; empresas de profissionais liberais; de serviços financeiros; do ramo da educação; de serviços de manuten- ção; vigilância, entre outros. Na prestação de serviços, os custos são fixos com alocação direta a determinado serviço. Não se aconselha, nesse caso, utilizar método de custeio por absorção ou qualquer outro método de rateio dos custos in- diretos, por não poderem ser alocados de maneira objetiva aos serviços. Quais são as principais características do método de custeio direto ou variável? No que eles se diferenciam do custeio por absorção? Atividade 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo conhecemos os principais métodos de custeio, suas ca- racterísticas e sua aplicação. Como vimos, esses métodos são conjuntos de técnicas utilizados para determinar os custos dos produtos produzi- dos e serviços prestados, fornecendo informações para sua precificação e para a apuração do resultado. O custeio por absorção e o custeio direto ou variável são os méto- dos mais tradicionais de identificação dos custos totais. Com o passar do tempo, houve modificações nos processos organizacionais devido à maior competitividade e ao aumento da lucratividade. Tal fato exigiu 48 Gestão de custos e riscos operacionais o desenvolvimento de outros métodos que fornecessem informações mais precisas para a tomada de decisão e que permitissemplanejar e traçar estratégias. Entre os métodos de custeio existentes, abordamos neste capítulo o custeio variável ou direto, o custeio por absorção, o custeio ABC e o cus- to-padrão. Há outras variantes e métodos que podem ser utilizados de maneira individual ou combinada, contudo esses são os mais conhecidos e utilizados no Brasil. REFERÊNCIAS BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas. São Paulo: Atlas, 2010. BRUNI, A. L. Gestão de custos e formação de preço. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2019. DUBOIS, A. Gestão de custos e formação de preços conceitos, modelos e ferramentas. 4. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2019. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 11. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2018. MEGLIORINI, E. Custos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. OLIVEIRA, L. M.; PEREZ JR., J. H. Contabilidade de custos para não contadores. São Paulo: Atlas, 2000. PADOVEZE, C. L.; TAKAKURA JR., F. K. Custo e preços de serviços: logística, hospitais, transporte, hotelaria, mão de obra, serviços em geral. São Paulo: Atlas, 2013. GABARITO 1. Os dois aspectos sob os quais os métodos de custeio podem ser observados são: o tratamento das informações, que a literatura denomina o princípio; e o método, aque- le que põe em prática a operacionalização do princípio, decidindo quais informações são importantes e como serão obtidas. 2. O método de custeio ABC proporciona uma análise que não se restringe ao custo e à lucratividade do produto. Além disso, permite que todos os processos existentes dentro da empresa sejam custeados. O método identifica as atividades possíveis de serem aprimoradas, reestruturadas ou eliminadas para melhorar o desempenho da empresa. 3. No custeio direto ou variável considera-se no cálculo do custo total por produto ou serviço somente os custos variáveis, pois os custos fixos são considerados despesas computadas integralmente no resultado do período, visto que não são considerados componentes do custo dos produtos. Já o custeio por absorção considera todos os custos, sejam eles diretos, indiretos, fixos ou variáveis. Método dos centros de custos 49 3 Método dos centros de custos Os controles internos são essenciais para o bom desempenho da empresa, pois medem a eficácia com que as decisões são toma- das e se estas estão de acordo com as metas a serem atingidas. Vamos começar entendendo como funcionam os centros de custos, lucros e investimentos. Em seguida, vamos conhecer o target costing, que tem como objetivo obter o custo máximo admissível por um produto ou serviço, dado o preço de mercado. Na sequência, abordaremos uma forma de melhoria contínua, o kaizen, cujo objetivo é detectar em qual ponto o custo-alvo não foi alcançado. Por fim, veremos os aspectos que precisam ser obser- vados para amenizar o risco operacional da empresa. 3.1 Centros de custos, de lucro e de investimentos Vídeo Os centros de custos atuam como um processador de informações que coleta e recebe dados monetários e não monetários, externos e in- ternos para analisar e gerar informações gerenciais de custos e lucros, destinadas a auxiliar os vários níveis de gestão. De acordo com Bornia (2010), os centros de custos podem ser cada setor da empresa, cada localização, cada responsabilidade ou a homo- geneidade, conforme representado a seguir. 50 Gestão de custos e riscos operacionais • Recursos humanos • Financeiro • Jurídico etc. • Endereços das filiais ou dos departamentos • Lista das áreas de responsabilidade de cada gestor • Identificação dos centros de custos homogêneos Homogeneidade Responsabi- lidade Localização Setores da empresa Centros de custos O círculo principal representa os centros de custos – os setores da empresa, por exemplo – que podem ser identificados ao analisar o organograma da empresa; a localização é cada área geográfica onde a empresa tenha filiais ou setores em diferentes endereços; e as res- ponsabilidades podem ser identificadas com base no levantamento de cada atividade dos gestores. Dependendo do nível de poderes de toma- da de decisões atribuídos ao gerente de uma unidade organizacional, o gestor pode distinguir entre vários tipos de áreas de responsabilidade dentro de uma empresa. Vale lembrar que o gerente e os funcionários de um centro de custos são responsáveis por seus custos, mas não são diretamente responsáveis pelas receitas, pelo lucro ou pelas decisões de investimentos, conforme veremos adiante. Segundo Bornia (2010), um centro de custos homogêneo influen- cia diretamente a qualidade da alocação dos custos aos produtos ou serviços. É considerado homogêneo, ainda segundo o autor, quando as atividades realizadas nesse centro independem dos produtos ou serviços que o utilizam, o que significa que todos os produtos ou ser- viços que passam pelo centro de custos necessitam do mesmo tipo de trabalho. Por exemplo, uma indústria terá centros de custos ho- Método dos centros de custos 51 mogêneos se as máquinas forem semelhantes e trabalharem sob as mesmas condições. O método de centros de custos permite a cada centro repassar por meio do rateio seu custo total aos demais centros de custos que te- nham utilizado os seus recursos para, então, serem transferidos aos produtos ou serviços por unidades de trabalho (BORNIA, 2010). Conforme a função que desempenham, os centros de custos podem ser classificados, por exemplo, em: almoxarifado, compras, adminis- trativo, manutenção, refeitório, vigilância, entre outros – pois existem várias formas de classificar os centros de custos. Nesta seção, utiliza- remos os centros diretos e indiretos. O que difere um do outro é que os centros diretos trabalham diretamente na elaboração do produto ou na prestação de serviços, enquanto os indiretos prestam apoio aos centros diretos e à empresa no âmbito geral. A figura a seguir apresenta exemplos de centros de custos por seg- mentos de indústria e comércio. Figura 1 Exemplo de centro de custos de uma indústria Ku lip er ko /S hu tte rs to ck DIRETO 1. Produção 1.1 Manutenção 1.2 Depreciação 1.3 Manutenção e limpeza 1.4 Energia INDIRETO 2. Administrativo 2.1 Material de escritório 3. Comercial 3.1 Comissão 3.2 Marketing e propaganda Fonte: Elaborada pela autora. Note que para uma indústria um centro de custos pode ser: • cada um de seus departamentos de produção; • cada um dos departamentos de serviço ou de suporte dentro de uma unidade de produção, como o departamento de manuten- ção e o de controle de qualidade; • departamentos gerais, de vendas e administrativos de uma em- presa, como o departamento de recursos humanos, comercial, jurídico, de contabilidade etc. 52 Gestão de custos e riscos operacionais Também é possível que uma empresa tenha vários centros de custos em um departamento. Por exemplo, cada linha de montagem pode ser um centro de custos separado dentro de um departamento de produção; mesmo uma máquina especial pode ser um centro de custos separado. No caso de um comércio, um exemplo de centro de custos pode ser o da figura a seguir. Figura 2 Exemplo de centro de custos do comércio Ku lip er ko /S hu tte rs to ck INDIRETO 2. Administrativo 2.1 Material de escritório 3. Comercial 3.1 Comissão 3.2 Marketing e propaganda DIRETO 1. Loja 1.1 Salários e comissões 1.2 Depreciação 1.3 Manutenção e limpeza 1.4 Energia Fonte: Elaborada pela autora. Observe que a separação de centros de custos pode ser feita em níveis e subníveis; quanto mais detalhado, melhor, pois quanto mais estratificado, mais eficaz será a informação. Para Martins e Barrella (2001), os centros de custos utilizam os re- cursos produtivos e os produtos e serviços absorvem esses recursos na mesma proporção que se utilizam dos serviços desses centros. Os pro- cedimentos do método dos centros de custos podem ser sintetizados em cinco etapas, conforme Bornia (2010): Separar os custos em itens. Por exemplo, uma empresa que produz quatro produtos diferentes distribuiráos custos diretos de produção para esses quatro itens (produtos). Dividir a empresa em centros de custos (Figura 3). Fazer a distribuição primária, ou seja, a identificação dos custos com os centros de custos. (Continua) Método dos centros de custos 53 Hari Syahputra/Shutterstock Fazer a distribuição secundária, isto é, distribuir os custos dos centros indiretos aos diretos. Fazer a distribuição final, que significa distribuir os custos dos centros diretos aos produtos. De acordo com Backes et al. (2007), a primeira etapa consiste na se- paração dos custos que apresentam naturezas diferentes. Na segunda etapa, a empresa deve ser dividida em centros de custos, conforme demonstrado na Figura 3. Figura 3 Interação entre departamentos produtivos e de apoio Produtos Atendimento às necessidades do processo Centro de custo Moagem Centro de custo Filtragem Centro de custo Calcinação Centro de custo Acabamento Centro de custo Embalagem Departamentos produtivos Departamento de apoio Fl ux o de se rv iç os Centro de custo Armazenagem Centro de custo Exposição interna Centro de custo Manutenção Centro de custo Laboratório Centro de custo Ger. Fábrica Fonte: Souza e Diehl, 2009, p. 114. Na terceira etapa é preciso fazer a distribuição primária, ou iden- tificação dos custos com os centros de custos. Segundo Bornia (2010, p. 92), a “distribuição dos custos deve representar da melhor forma possível o uso dos recursos”. Observe o Quadro 1. Quadro 1 Exemplo de base de distribuição primária Item de custo Base de distribuição Energia elétrica Potência instalada Aluguel Área (Continua) 54 Gestão de custos e riscos operacionais Item de custo Base de distribuição Seguro Valor dos itens segurados Mão de obra Direto Materiais de consumo Direto Serviços de terceiros Direto Fonte: Bornia, 2010, p. 93. Na quarta etapa é feita a distribuição dos custos dos centros de cus- tos indiretos aos diretos. Os centros indiretos são responsáveis pelo suporte aos centros diretos, portanto a distribuição deve ser feita sob critérios bem precisos. Quadro 2 Exemplo de base de distribuição secundária Item de custo Base de distribuição Almoxarifado Requisições Compras Requisições Manutenção Ordens de manutenção Refeitório Número de empregados Fonte: Adaptado de Bornia, 2010, p. 93. Na quinta etapa é feita a distribuição final dos custos aos produtos. Para isso, o indicador escolhido deve refletir a parcela do trabalho do centro de custos para cada produto ou serviço. Por exemplo, em um centro de custos de embalagens pode ser definida a quantidade de embalagens; em outro centro de custos de produção, a hora-homem ou a hora-máquina trabalhada. Uma das vantagens na aplicação do método de centros de cus- tos é que a informação de custos gera uma visão de longo prazo, ao planejar, organizar e analisar, contribuindo para uma gestão mais eficaz e racional. Para Martins e Barrella (2001), outra vantagem de se adotar o método de centro de custos é que, ao ser utilizado para aloca- ção dos custos indiretos ao produto ou ao serviço, gera um custo padrão para o controle dos custos diretos. Além disso, é possível identificar os centros de custos que precisam de ajustes relaciona- dos aos investimentos de cada centro. Essa visão ampla de cada centro de custos contribui para a compa- ração de desempenho entre eles, para a compreensão de como as ati- vidades são executadas e a inter-relação de cada uma, bem como para Liste e explique as cinco etapas para implantação de um centro de custos. Atividade 1 Método dos centros de custos 55 a redução de despesa de modo eficiente, sem prejudicar a qualidade dos produtos ou serviços. Ainda, ajuda a atingir as metas ao analisar as despesas totais e a criação de objetivos condizentes com as necessida- des da empresa. Dividir uma empresa em centros de custos permite ao gestor ter uma visão sistêmica dos custos na empresa, pois é possível determinar onde os custos incorrem, facilitando o planejamento e o controle no centro de custos. O gestor poderá usar métodos diferentes para atribuir as ativi- dades e os custos aos produtos ou serviços, podendo avaliar produtos semiacabados e acabados e calcular as contribuições marginais. Um centro de custos é uma divisão departamental de atribuição e alocação de custos, incluindo várias unidades de atividades exigidas em uma indústria, um comércio ou um serviço. É uma unidade que gera custo, mas não gera receita, podendo ser vista como uma unidade que consome recursos, porém não contribui para a produção, as ven- das ou a lucratividade do negócio em si. Também é conhecido como pool de custos ou centro de despesas. Como exemplo, vamos supor dois departamentos: o de contabili- dade e o jurídico de uma empresa. Embora ambos consumam recur- sos, nenhum deles contribui diretamente para a fabricação do produto ou o aumento das vendas. Contudo, isso não significa que esses de- partamentos não sejam necessários, visto que podem economizar os recursos financeiros da empresa a longo prazo por meio de outras atividades: o departamento de contabilidade apoia a preparação das demonstrações financeiras e dos relatórios fiscais, enquanto o jurídico cuida dos quesitos legais, por exemplo. O objetivo principal de um pool de custos é criar um departa- mento, uma divisão ou unidade identificável de maneira direta em uma empresa, no qual os gerentes envolvidos serão responsáveis por todos os seus custos associados e por garantir o cumprimento dos orçamentos da organização. Um pool de custos, de modo indireto, apoia a lucratividade de uma empresa ao melhorar a eficiência operacional, o que resulta em melhor atendimento ao cliente ou em um aumento no valor do produto. Por outro lado, contribui também para a alta administração entender me- lhor a utilização de recursos, o que eventualmente a ajudará a utilizar os recursos de maneira eficaz. O vídeo Método dos centros de custos (conta- bilidade), publicado pelo Professor Quintino, trata de maneira interativa da distribuição dos custos da empresa aos produtos por meio dos centros de custos. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=036VTEJd8P0. Acesso em: 15 dez. 2020. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=036VTEJd8P0 https://www.youtube.com/watch?v=036VTEJd8P0 https://www.youtube.com/watch?v=036VTEJd8P0 56 Gestão de custos e riscos operacionais Para relatórios internos, o pool de custos fornece informações rele- vantes para melhorar a eficiência operacional e maximizar o lucro. Por outro lado, é de pouca utilidade para usuários externos, como autori- dades fiscais, reguladores, credores, investidores etc. Vamos conhecer alguns termos relacionados ao pool de custos, ini- ciando com o centro de responsabilidade, que gira em torno da contabi- lidade e do orçamento interno da empresa. O principal objetivo do centro de responsabilidade é auxiliar a empresa no planejamento e controle de seus centros de custos. Normalmente, esse centro envolve a preparação do orçamento, que pode ser anual, semestral ou mensal, para cada pool de custos. Em seguida, todas as transações da empresa são classificadas por pool de custos, e um relatório periódico é criado para posterior análise de custos. Os relatórios capturam a despesa real em comparação com a despesa orçada, o que auxilia na determinação da variação entre os valores orçados e reais. Assim, o centro de responsabili- dade fornece à empresa o feedback periódico do desempenho de cada gerente. O centro de lucro é uma divisão organizacional responsável por controlar a receita e o custo dos produtos produzidos ou serviços presta- dos e, consequentemente, o lucro. Portanto, os gerentes têm autoridade para planejar, controlar e tomar decisões com relação às suas unidades, utilizando os indicadores de lucratividade. Já os gerentes de centros de custos planejam, controlam e tomam decisões quanto às suas unidades, utilizando os indicadores decustos. Ambos os centros, no entanto, preci- sam de informações mais detalhadas sobre os custos esperados e reais do que as provenientes de uma análise da variação de lucro. Por fim, o centro de investimento é responsável pela alocação do capital em projetos. Os investimentos são avaliados em termos de desempenho na forma como utilizam os recursos financeiros da empresa. Existem alguns indicadores que auxiliam na avaliação dos centros de investimentos, como o retorno sobre o investimento, ou Return on Assets (ROA): (Lucro líquido) (Ativo total) ROA= Método dos centros de custos 57 Se, por exemplo, uma empresa apresentou em determinado pe- ríodo lucro líquido de R$ 1 milhão e seus ativos totais somam em R$ 12 milhões, significa que o retorno dos ativos ou do investimento total da empresa é de 8,33%. 1.000.000,00 12.000.000,00 ROA= =8,33 % O resultado deve ser comparado com outras empresas do setor e com os objetivos de rentabilidade da empresa. Para coordenar os centros de investimentos, é necessário ter sistemas de orçamento e de política de preços de transferência. Segundo Crepaldi (2017, p. 94), “preços de transferência são pro- cedimentos administrativos que imitam, dentro da organização, as funções de preço de mercado”. O melhor preço de transferência é aquele que induzirá os gestores da empresa a tomar decisões efi- cazes, com foco na maximização do lucro. Na próxima seção, vamos conhecer o método KRW, que também é um método de centros de custos. 3.1.1 Método RKW O método Reichskuratorium Für Wirtschaftlichkeit (RKW) é também conhecido como método dos centros de custos e surgiu na Alemanha, no século XX. Trata-se do rateio dos custos de produção e de todas as despesas da empresa (custeio pleno) a todos os produtos. No Brasil é o método mais utilizado, pois o RKW apropria os custos indi- retos à produção em determinado período, utilizando-se da estrutu- ra organizacional da empresa. Por meio da estrutura organizacional é possível identificar quais são os centros de custos da empresa, visto que nela são alocados os custos para posterior apropriação aos produtos. Após feito o rateio, o gestor poderá ter os valores dos custos de produção dos produtos e serviços prestados e, consequentemente, os valores de venda após agregar o lucro desejado. Marion (2017) alerta que para a fixação do preço é ne- cessário prefixar o volume de cada produto, e não somente fixar a base de apropriação dos custos, das despesas e dos lucros. Por que os controle internos, como centros de custos, lucro e investimentos, são tão impor- tantes para a empresa? Atividade 2 58 Gestão de custos e riscos operacionais Segundo Crepaldi (2017), uma das principais vantagens do méto- do RKW é ser de simples aplicação e fornecer informações comple- tas de custos. Outro ponto positivo é que considera todos os gastos da empresa (custos e despesas na apropriação aos produtos ou ser- viços prestados) e permite ao gestor comparar o preço de venda praticado com o custo pleno. Permite também o monitoramento e a avaliação da lucratividade, além de facilitar a elaboração de orça- mentos departamentais e a avaliação de desempenho dos gestores (SOUZA; DIEHL, 2009). No entanto, há desvantagens do método, segundo Backer e Jacobsen (1973): nem sempre os critérios utilizados para a realização dos rateios são os mais justos, podendo trazer algumas distorções; o método não leva em consideração a elasticidade da demanda – pois é um sistema de formação de preços que se baseia nos custos – nem a concorrência para comparação do seu desempenho de custos. Além disso, não há distinção entre os custos fixos e variáveis, aplica-se aos custos dos produtos ou serviços uma porcentagem uniforme como provisão dos lucros. Como crítica ao modelo, Martins (2018) afirma que o método RKW dificilmente terá sucesso em uma economia de mercado, devido aos preços serem afetados pelos mecanismos e pelas forças da oferta e demanda, que são os responsáveis pela fixação de preços em uma eco- nomia de mercado, e não os custos. As implicações do RKW são puramente gerenciais, contribuindo para monitorar a eficiência dos processos de fabricação dos produtos, a lucratividade desses processos, a mensuração do preço de transfe- rência e a avaliação do desempenho do departamento e dos gestores. 3.2 O processo do target costing (custo-alvo) e o custeio kaizen Vídeo O custo-alvo se originou no Japão, na década de 1960, embora te- nha permanecido em segredo por anos. Desde a década de 1980, no entanto, quando o custo-alvo foi amplamente reconhecido como um fator importante para a posição competitiva das empresas japonesas, grandes esforços foram feitos para transmiti-lo às empresas ociden- tais. Grandes empresas na América do Norte e na Europa têm tentado adotar o custo-alvo para aprimorar sua gestão de custos e, assim, au- mentar sua competitividade. Método dos centros de custos 59 Para identificar o custo-alvo, o posicionamento estratégico do pro- duto deve estar em coordenação com o planejamento estratégico da empresa. Ao buscar o custo-alvo, subentende-se que o mix de produ- tos ou serviços já foi determinado e as informações sobre os atribu- tos deles bem como os preços que os consumidores estão dispostos a pagar foram coletados por meio de uma análise de mercado. Segun- do Padoveze e Takakura Jr. (2013), o conceito de custo-alvo parte do pressuposto de que o mercado já assumiu o preço de venda para o produto ou serviço e que, a princípio, não é passível de alteração, res- tando para a empresa administrar seus custos operacionais para obter a rentabilidade desejada. O custo-alvo começa com a pergunta: qual deve ser o custo de um produto? Na teoria, essa pergunta pode ser respondida pela seguinte equação: Preço de vendaUnit – Lucro-alvoUnit = Custo-alvo Em que: • o preço de venda é o preço de venda de mercado unitário; • o lucro-alvo é a margem mínima unitária de lucro desejada; • o custo-alvo é o custo unitário do produto ou do serviço. Assim, percebamos que o custo-alvo é o custo objetivo que a em- presa deseja alcançar; caso seu custo fique acima do custo de mercado, o gestor precisa intervir e ajustar seus custos para chegar ao custo-al- vo. O esquema a seguir demonstra o processo do custo-alvo ou meta: Figura 4 Processo de custo-alvo ou meta Mapeamento do mercado Definição do produto e posicionamento Atual estrutura econômica de produção Custo projetado Custo-meta Mudanças do projeto: metas de competitividade e lucro Ajuste na meta Engenharia de valor Qualidade/funcionalidade Meta Preço meta Expectativas financeiras corporativas Fonte: Hansen, 2012, p. 9.244. 60 Gestão de custos e riscos operacionais Notemos que o custo-alvo é determinado com base no mapeamen- to do mercado ou da análise externa, para depois ter a definição e o posicionamento do produto. As etapas do custo-alvo dependerão do tipo de segmento de cada em- presa. Vejamos um exemplo de uma indústria automobilística, no qual a determinação do custo-alvo se deu em cinco fases (MONDEN, 1999): Fase 1 – Planejamento corporativo Etapa 1 – Planejamento e ciclo de vida para um novo produto específico Etapa 2 – Planejamento de lucros de médio e longo prazo e plano geral de novos produtos Fase 2 – Desenvolvimento de projeto de um novo produto Etapa 3 – Merchandising Etapa 4 – Conceituação de produto e proposta de desenvolvimento Fase 3 – Determinação do plano básico para um produto Etapa 5 – Plano detalhado de desenvolvimento e diretriz de desenvolvimento Etapa 6 – Determinação do preço de venda Etapa 7 – Estabelecimento do custo-meta para o produto Etapa 8 – Proposta de investimento na planta Etapa 9 – Divisão do custo-meta em elementos funcionais e de custo Etapa 10 – Classificação do custo-meta em elementos de componentes Fase 5 – Planejamento de transferência do produto para a produção Etapa 13 – Plano de transferência para a produção Etapa 14 – Avaliação de desempenho do planejamentode custo Fase 4 – Projeto do produto Etapa 11 – Projeto do produto e as atividades de construção de custo Etapa 12 – Estimativas de custo na etapa de projeto Vejamos um exemplo de custo-alvo. Considere uma empresa que vende determinado produto por R$ 250,00 (preço de mercado); desse valor, ela pretende ter uma margem mínima de lucro de R$ 60,00, então o custo-alvo dessa empresa deve ser conforme demonstrado a seguir. Preço de venda unitário de mercado R$ 250,00 (–) Margem mínima de lucro unitário R$ 60,00 (=) Custo-alvo R$ 190,00 Método dos centros de custos 61 Nesse exemplo, percebemos que a empresa almeja uma margem mínima unitária de lucro de 24% [(60 / 250) x 100]. Segundo Padoveze e Takakura Jr. (2013), o custo-alvo unitário deverá ser obtido pelo mé- todo de custeio integral ou ABC; caso a margem mínima de lucro de- sejada seja a margem bruta, então o custo-alvo pode ser obtido pelo método de custeio integral. Agora, vamos ver um exemplo de como obter o custo-meta consi- derando dois produtos: A e B. Para o produto A, 320 unidades; para o produto B, 980 unidades; e como base de custeio, o método integral. Tabela 1 Custo unitário de cada produto Descrição Produto A Produto B PREÇO DE VENDA DE MERCADO (R$) 320,00 980,00 CUSTOS (R$) Matéria-prima 128,00 460,60 Mão de obra direta 64,00 245,00 Comissões 16,00 39,20 Custo indireto 61,22 147,00 Despesas administrativas 19,20 39,20 Custo + despesas (R$) 288,42 931,00 Lucro unitário (R$) 31,58 49,00 Margem de lucro unitária (%) 9,87 5,00 Fonte: Elaborada pela autora. Perceba que o produto A é vendido (preço de mercado) por R$ 320,00. O total dos custos mais as despesas unitárias do pro- duto A é de R$ 288,42, do qual resulta uma margem unitária de lucro de R$ 31,58 ou de 9,87% [(31,58 / 320,00) x 100]. Já o produto B é vendido (preço de mercado) por R$ 980,00. O total dos custos mais as despesas unitárias do produto B é de R$ 931,00, do qual resulta uma margem unitária de lucro de R$ 49,00 ou de 5,00% [(49,00 / 980,00) x 100]. Tabela 2 Custo total de cada produto Descrição Produto A Produto B Total FATURAMENTO (R$) 102.400,00 960.400,00 1.062.800,00 Matéria-prima 40.960,00 451.388,00 492.348,00 O vídeo intitulado Kaizen: o que é o Kaizen? Como funciona o kaizen?, publicado pelo canal Túlio Martins, trata do método kaizen de melhoria con- tínua de um fluxo com- pleto de valor ou de um processo individual, a fim de se agregar mais valor com menos desperdício. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=Z1sUpRpKwU0. Acesso em: 28 out. 2020. Vídeo (Continua) https://www.youtube.com/watch?v=Z1sUpRpKwU0 https://www.youtube.com/watch?v=Z1sUpRpKwU0 https://www.youtube.com/watch?v=Z1sUpRpKwU0 62 Gestão de custos e riscos operacionais Descrição Produto A Produto B Total Mão de obra direta 20.480,00 240.100,00 260.580,00 Custo direto (R$) 61.440,00 691.488,00 752.928,00 Comissões 5.120,00 38.416,00 43.536,00 Custo indireto 19.589,00 144.060,00 163.649,00 Despesas administrativas 6.144,00 38.416,00 44.560,00 Custo + despesas (R$) 92.293 912.380 1.004.673 Unidades produzidas 320 980 Lucro por produto e total 10.107,00 48.020,00 58.127,00 Margem de lucro por produto e total (%) 9,87 5,00 5,47 Fonte: Elaborada pela autora. Os dois produtos geram um lucro total de R$ 58.126,88 para a empre- sa ou 5,47% de margem de lucro total [(58.126,88 / 1.062.800,00) x 100]. Quando a empresa já tem a margem de lucro almejada por produ- tos, podemos calcular o custo-alvo conforme demonstrado na Tabela 3. Tabela 3 Demonstração de cálculo do custo-alvo com margem de lucro desejada fixa Descrição Produto A Produto B PREÇO DE VENDA DE MERCADO (R$) 320,00 980,00 (–) Margem desejada (7,2%) 23,04 70,56 (=) CUSTO-META I (R$) 296,96 909,44 Matéria-prima 128,00 460,60 Comissões 16,00 39,20 (=) CUSTO-META II (R$) 152,96 409,64 OUTROS CUSTOS + DESPESAS (R$) Mão de obra direta 64,00 245,00 Custo indireto 61,22 147,00 Despesas administrativas 19,20 39,20 (–) TOTAL (R$) 144,42 431,20 META DE REDUÇÃO (R$) 8,54* -21,56** META DE REDUÇÃO (%) 5,92 -5,00 *Resultado positivo – não há necessidade de redução. ** Resultado negativo – há necessidade de redução. Fonte: Elaborada pela autora. Método dos centros de custos 63 Ao deduzir a margem desejada de 7,2% do preço de venda, en- contramos o custo-alvo do produto A de R$ 296,96 e do produto B de R$ 909,44. Ao deduzir os custos variáveis, chegamos ao custo-meta II, que é importante, uma vez que corresponde aos custos e às despesas obtidos de terceiros (matéria-prima = fornecedor; comissão = vendedo- res, que muitas vezes prestam serviços para a empresa). Em seguida, reduzimos os custos e as despesas internos da empresa, pois sobre estes a empresa exerce maior controle. Os custos internos da empresa somam R$ 144,42 para o produ- to A e R$ 431,21 para o produto B, indicando que para o produto A não há necessidade de redução dos custos, porque já estão abaixo da meta (R$ 152,96). Para o produto B há necessidade de redução dos custos, visto que estão acima do custo-meta de R$ 409,64. Nesse caso, a margem de redução dos custos deve ser de R$ 21,56 ou de 5% [(21,56 / 431,20) x 100] dos custos internos. 3.2.1 O custeio kaizen O método do custeio kaizen tem como objetivos manter os níveis correntes de custo para os produtos industriais e reduzir esses custos em todas as etapas da manufatura, eliminando a diferença entre lucro- -alvo e lucro-estimado (MONDEN, 1999). Considera-se o custeio kaizen um complemento do custeio-alvo, pois este é aplicado antes de os pro- dutos ou serviços entrarem em produção, enquanto o custeio kaizen é aplicado após os produtos ou serviços entrarem em fase de produção. De acordo com Monden (1999), o custeio kaizen projeta alvos de redução de custos periodicamente para eliminar diferenças entre lu- cro-alvo (orçado) e lucro-estimado; estabelece atividades de melhorias contínuas (kaizen) durante todo o período para atingir as reduções de custo-alvo; propicia análises de comparação entre custo-alvo e custo- -real; e possibilita monitorar e tomar ações corretivas quando as redu- ções de custo-alvo não são atingidas. Conforme Sakurai (1997, p. 52), “o custeio kaizen envolve atividade de redução de custos para cada produto e atividades de redução do 64 Gestão de custos e riscos operacionais custo de cada período”. Monden (1999) apresenta dois tipos de aplica- ção de custeio kaizen: • atividades de custeio kaizen específicas por departamento ou fábrica; • atividades de custeio kaizen específicas por tipo de produto, tra- balhadas como projetos especiais com ênfase na análise do valor. Segundo Monden (1999), a abordagem do custo kaizen objetiva re- duzir os custos para um nível inferior aos do custo-padrão, fazendo mo- dificações nas condições de manufatura sempre que necessário para isso. Além disso, estabelece novos alvos de redução de custos perio- dicamente para eliminar diferenças entre lucro-alvo e lucro-estimado, tem vários tipos de controle e análise para identificar diferenças entre o custo-alvo e o custo-real, bem como acompanha e corrige quando as reduções de custo-alvo não são atingidas. Antes de buscar soluções externas, o custeio kaizen tem como foco os recursos presentes na em- presa para aumento da produtividade. No entanto, segundo Bonelli (2001), como qualquer outro método de custeio, também apresenta desvantagens: os ganhos são somente a longo prazo, pois o processo de redução de custos demanda tempo e recursos; o foco de redução dos custos está nos custos variáveis, o que dificulta a aplicação em empresas com mais custos fixos; após sucessivas aplicações, as reduções de custos chegam a um limite máximo. Agora que já vimos aplicação, vantagens e desvantagens do custo-alvo e do custeio kaizen, vejamos um comparativo entre os dois métodos. Quadro 3 Comparativo entre o custo-alvo e custeio kaizen Aplicação Custo-alvo Custeio kaizen Estágio do ciclo de vida do produto Aplica-seno projeto do produto Aplica-se tanto no projeto do produto quanto na sua pro- dução Redução de custos Gestão estratégica de cus- tos antes da produção Melhoria contínua antes e du- rante a produção Variáveis consideradas, além dos insumos de produção Externas: mercado, con- corrência e clientes Internas: produção e tecno- logia Pré-análise para o custo Inicia-se no planejamento estratégico do lucro Inicia-se após definido custo- -meta e custo-padrão (Continua) Método dos centros de custos 65 Aplicação Custo-alvo Custeio kaizen Processo decisório Focaliza e direciona o pro- cesso decisório para as es- pecificações do projeto do produto Dá suporte para decisão da fase de projeto do produto e influencia a linha de produção Variedade de produtos Grande variedade de pro- dutos Indiferente, aplica-se para pe- quena ou grande variedade de produtos Volume de produção Baixo volume de produção Indiferente, aplica-se para baixo ou grande volume de produção Ambientes de manufa- tura Factory automation (FA) e Computer Integrated Manufacturing (CIM) Indiferente, aplica-se inde- pendentemente do grau de automação da empresa Fonte: Adaptado de Carastan, 1999, p. 12-13. Na próxima seção, estudaremos como podemos reduzir custos com a gestão dos riscos operacionais. Explique detalhadamente a diferença entre a aplicação do target costing e do kaizen. Atividade 3 3.3 Redução de custos com a gestão de riscos operacionais Vídeo Gestão do risco geralmente soa como uma conotação negativa, con- tudo, em finanças, o conceito de risco vai além, porque inclui tanto os resultados indesejáveis quanto os resultados almejados, que seriam o retorno acima do esperado (DAMODARAN, 2010). O que é risco? Como podemos conceituá-lo? Damodaran (2004, p. 140) afirma que o risco é “a possibilidade de recebermos como re- torno sobre um investimento algo inesperado” e complementa dizendo que “risco é a combinação das palavras chinesas Wei-Ji, ou seja, perigo e oportunidade”. O perigo representa o risco; e a oportunidade o re- torno esperado. O autor conclui que o ideal seria que o investidor e as empresas alcançassem esse equilíbrio. Já para Padoveze (2011, p. 135-136), o conceito de risco é “defini- do como eventos futuros incertos, que podem influenciar o alcance dos objetivos estratégicos, operacionais e financeiros da organiza- ção”. Para tanto, o autor propõe a gestão dos riscos da empresa, cujo foco seria “manter um processo sustentável de criação de valor 66 Gestão de custos e riscos operacionais para os acionistas, uma vez que qualquer negócio sempre está exposto a um conjunto de riscos”. Ainda de acordo com Padoveze (2012, p. 139), para a gestão de risco é necessário criar uma “arquitetura informacional” para monitorar a exposição da empresa ao risco. Para isso, o autor sugere a observação e análise dos ambientes externo e interno. Para a análise do ambiente externo, o gestor precisa estar atento aos fatores que mais impactam o seu negócio, por exemplo: flutuações nas taxas de juros, câmbio, emprego e desemprego, inovações finan- ceiras e avanços tecnológicos. Ele deve sempre perceber o risco como uma perspectiva de desempenho. Já no ambiente interno, pode-se observar a complexidade da estru- tura organizacional, a natureza das atividades da empresa, a qualidade dos produtos e serviços e a rotatividade do pessoal. Nesse caso, a ges- tão do risco é para perspectiva de conformidade. Para Jorion (2003), o sistema de gestão de risco permite à empresa gerenciar de modo eficiente o risco organizacional. As empresas estão inseridas em cenários nos quais sempre estarão sujeitas ao risco; al- guns tipos de riscos são mais objetivos e fáceis de quantificar, enquan- to outros são mais difíceis. Então, é importante que o gestor conheça o risco global da empresa, permitindo uma melhor alocação do capital. Os riscos são classificados como riscos de mercado, de crédito, de liquidez, operacionais e legais, e podem ser provenientes dos seres hu- manos, do governo, de guerras ou de fenômenos naturais imprevisíveis. Nesta seção, trataremos do risco operacional, o qual está relaciona- do a possíveis perdas provenientes da má gestão operacional, como: controles inadequados, falhas de gerenciamento, mau desempenho de funções, fraudes, entre outros. Duarte Jr. (2001, p. 54) define risco ope- racional como “uma medida das possíveis perdas em uma instituição caso seus sistemas, práticas e medidas de controle não sejam capazes de resistir a falhas humanas ou situações adversas de mercado”. Brasiliano (2003), de maneira mais analítica, classifica 16 tipos de risco operacional em quatro subáreas, relacionando-os à proteção do patrimônio, segurança das informações, administração dos recursos humanos ou aos riscos provocados pela atividade-fim da organização e suas estratégias. São eles: Método dos centros de custos 67 • Riscos relacionados à proteção patrimonial: risco de overload, de obsolescência, de equipamento e de catástrofe. • Riscos relacionados à segurança das informações: risco de pres- teza, de confiabilidade e de modelagem. • Riscos decorrentes diretamente da administração dos recur- sos humanos: risco de erro não intencional, de fraudes e de qualificação. • Riscos provocados pela atividade-fim da organização e suas estra- tégias: risco de produtos e serviços, de regulamentação, de liqui- dação financeira, de concentração, de imagem e risco sistêmico. Marshall (2002) defende que o risco operacional é bem amplo e abrangente, devido à grande quantidade de situações a que as entida- des estão expostas do ponto de vista operacional. Diante dessa diver- sidade de categorias de risco operacional, o esquema a seguir ilustra o que esse tipo de risco representa. Figura 5 Risco operacional: relação de causa, evento e efeito Nível 1 Causas Nível 2 Eventos Nível 3 Efeitos Processos internos Pessoas Sistemas Fatores externos Execução, entrega e gestão de processos Interrupção de negócios Falha de sistemas Danos a ativos físicos Clientes, produtos e práticas de negócios Prática empregatícia Segurança ambiente Fraude externa Fraude Interna Obrigações legais Ações regulatórias Perdas ou danos a ativos Restituição Perda de recursos Prejuízo Reputação Estratégia do negócio EFEITO S Perdas m onetárias O U TRO S IM PACTO S Perdas de receita Fonte: Lima, 2007, p. 47. 68 Gestão de custos e riscos operacionais De acordo com pesquisa da Risk Management Association (RMA, 2000), as principais ferramentas utilizadas por instituições finan- ceiras, e que podem ser adaptadas para outros segmentos, são: • Mapeamento de risco: cada uma das unidades da empresa é responsável por relacionar as atividades envolvidas em seus pro- cessos por tipo de risco. Deve ainda indicar os controles existen- tes ou que deveriam existir para monitorar a correta execução dessas atividades e das possíveis ameaças que possam compro- meter ou ocasionar falhas nesses controles. Essa ferramenta permite identificar pontos fracos e ajuda a priorizar as decisões gerenciais quanto à alocação de recursos. • Autoavaliação de risco: uma vez mapeados os riscos, as unida- des deverão avaliar seu desempenho quanto à implementação dos controles e à eficiência deles. O diretor de risco operacional deve coordenar reuniões periódicas do comitê de risco opera- cional, com o intuito de assegurar que a ferramenta de autoa- valiação está sendo utilizada de maneira correta. Essas reuniões permitem o compartilhamento de experiências e novas ideias. Como resultado, fontes de risco que poderiam estar sendo igno- radas por uma unidade acabam sendo identificadas. • Indicadores de risco: são estatísticas ou medidas que permitem inferir o nível de risco ao qual a empresa está exposta. Esses in- dicadores devem ser revistos periodicamente, a fim de alertar a empresa quanto ao aumento potencial de determinado tipo de risco operacional. Por exemplo, considerando-sefalhas humanas como fonte de risco, a rotatividade do pessoal é um indicador que permitiria medir o aumento ou a diminuição do potencial de risco. Outros indicadores são falhas na liquidação de transações e no aumento do número de erros ou omissões de problemas. • Limites ou níveis de tolerância: estão atrelados aos indicadores de risco. Quando os limites são excedidos, alertam os gerentes para potenciais problemas em determinada área. • Balanced Scorecard: permite à instituição atrelar medidas qua- litativas e quantitativas a objetivos predefinidos. Por meio do uso de scorecards, os gerentes podem comparar desempenhos passa- dos e projetar desempenhos futuros, bem como tomar medidas de ação corretiva para assegurar que os objetivos com relação ao gerenciamento dos diferentes aspectos do risco operacional sejam alcançados. Método dos centros de custos 69 Ainda de acordo com a pesquisa da RMA, as instituições finan- ceiras consideram a ferramenta de autoavaliação como a que mais agrega valor ao processo de identificação do risco operacional. Além disso, a utilização conjunta de uma ou mais ferramentas irá variar, dependendo do estágio em que as instituições se encon- tram quanto à gestão do risco operacional. Preço de transferência por centro de responsabilidade baseado em custos em um escritório de serviços contábeis é um estudo recente sobre como a implemen- tação do preço de transferência por centro de responsabilidade baseado em custos pode auxiliar a gestão na otimização dos recursos em um escritório de contabilidade. DIAS, B. F. et al. CAP Accounting and Management B4, v. 10, 2017. Acesso em: 15 dez. 2019. http://revistas.utfpr.edu.br/pb/index.php/CAP/article/view/2206 Artigo CONSIDERAÇÕES FINAIS Estudamos neste capítulo a importância dos controles internos e da gestão do risco operacional. O controle interno, aqui caracterizado como centros de custos, propicia à empresa separar por departamentos os cus- tos indiretos, de acordo com a utilização de cada um, para depois repassar aos custos diretos. Vimos como se aplica o RKW, que atua dentro dessa mesma característica. O target costing é um método de custo-alvo muito aplicado em econo- mias de mercado, nas quais o mercado estabelece o preço e a empresa tem que ajustar seus custos para poder atuar no mercado com lucro. O kaizen atua em conjunto para buscar falhas e desvios no processo, con- tribuindo para que a empresa mantenha o custo-alvo ou se ajuste a ele. A identificação dos riscos operacionais dentro desse contexto é essencial para a empresa ter um plano de ação para cada um deles, caso ocorram. REFERÊNCIAS BACKER, M.; JACOBSEN, L. E. Contabilidade de custos: um enfoque para administração de empresas. v. 2. Trad. Pierre Louis Laporte. São Paulo: McGraw-Hill, 1973. BACKES, R. G. et al. Análise gerencial de custos em empresas modernas. Porto Alegre: Bookman, 2007. BONELLI, V. V. Case: Deca - Kaizen, Ferramenta Eficaz na Redução de Custos. In: 8 CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS. Anais [...] São Leopoldo, UNISINOS, 2001. http://revistas.utfpr.edu.br/pb/index.php/CAP/article/view/2206 70 Gestão de custos e riscos operacionais BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas. São Paulo: Atlas, 2010. BRASILIANO, A. C. R. Manual de planejamento: gestão de riscos corporativos. São Paulo: Sicurezza, 2003. CARASTAN, J. T. 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Os centros de custos, como controle interno, contribuem para ajudar os centros de lucro a atingir a maximização do lucro e a monitorar se os departamentos estão funcionando de maneira eficaz. Os centros de custos também contribuem para a identificação de melhorias e de desperdício ao comparar o orçamento previsto com o realizado de cada departamento. Ainda, ajudam na verificação de quais pro- cessos da produção é mais vantajoso manter internamente ou terceirizar, ou até mesmo departamentos que muitas vezes são onerosos e que com a terceirização a empresa adquire vantagem competitiva. 3. O target costing (custo-alvo) é um modelo de gerenciamento de lucros e custos para novos produtos, cujo objetivo é propiciar à empresa atuar com preço estabelecido pelo mercado ao mesmo tempo em que se mantém competitiva. Já o kaizen busca a melhoria contínua na produção, detectando em qual ponto do processo produtivo o custo-alvo não foi alcançado e estabelecendo normas para diminuir os custos variá- veis determinados pelo custo-alvo. 72 Gestão de custos e riscos operacionais 4 Análise de custo-volume-lucro Neste capítulo aprenderemos a calcular a margem de contribui- ção dos produtos ou serviços e compreenderemos sua importân- cia para gestão do mix de produtos. Em seguida veremos como calcular o ponto de equilíbrio ope- racional da empresa (PEO), o ponto de equilíbrio econômico (PEE) e o ponto de equilíbrio financeiro (PEF). O PEO informa qual deve ser o volume produzido para cobrir todos os custos; o PEE, o vo- lume produzido para cobrir todos os custos e o lucro almejado; e o PEF, quanto produzir para cobrir os custos menos as despesas não desembolsáveis. Todosesses assuntos são de extrema importância para auxiliar o gestor na tomada de decisão, pois explicam como os custos rea- gem às mudanças nas quantidades produzidas e quanto é preciso produzir para pagar os custos totais. 4.1 Margem de contribuição Vídeo A definição padrão de margem de contribuição unitária é o que sobra para cobrir os custos fixos e gerar lucro após se ter retirado do preço unitário o custo e a despesa variável unitária. A margem de contribuição total é a diferença entre a receita líquida total e os custos e despesas variáveis totais e pode ser aplicada tanto a produtos quanto a serviços. Simplificando: MCunit = PVunit – CVunit – DVunit MCt = RLt – (CVt + DVt) Em que: MCunit = margem de contribuição unitária MCt = margem de contribuição total RLt = receita líquida total PVunit = preço de venda unitário CVunit = custo variável unitário CVt = custo variável total DVunit = despesa variável unitária DVt = despesa variável total Podemos dizer que essa é uma outra maneira de fazer a leitura do lucro. Vamos imaginar um demonstrativo de resultado do exercício (DRE) de uma empresa. Iniciamos com a apuração da receita ou do fa- turamento bruto, subtraímos os impostos sobre as vendas, as devolu- ções e o custo da mercadoria vendida (CMV) para obter o lucro bruto. Em seguida, subtraímos as despesas operacionais, as despesas finan- ceiras e os impostos sobre o lucro para obter o lucro líquido. No entanto, se fizermos o cálculo pela lógica da margem de con- tribuição, reduziremos o processo a simplesmente retirar os custos variáveis da receita bruta. O resultado demonstrará o valor da receita disponível para cobrir os gastos fixos e gerar lucro para a empresa. Conhecer a margem de contribuição dos produtos ou serviços aju- da os gestores a tomarem decisões. Se a margem de contribuição for negativa, a empresa perderá dinheiro e precisará decidir entre tentar reduzir o custo ou aumentar o preço, se o mercado comportar. Se um produto tem uma margem de contribuição positiva, valerá a pena man- tê-lo mesmo se o lucro líquido, apurado pelo DRE, for negativo, pois ele contribuirá para amortizar os custos fixos e gerar lucro. Análise de custo-volume-lucroAnálise de custo-volume-lucro 7373 wutzkohphoto/Shutterstock 74 Gestão de custos e riscos operacionais A margem de contribuição deve ser calculada por um analista de custos, pois dependendo do número de produtos que a empresa pro- duz ou do número de serviços que oferece, isso se torna muito com- plexo e demorado. Empresas como a General Electric (GE), uma das maiores e mais di- versificadas corporações do mundo, analisam os produtos por meio da margem de contribuição. Isso é importante para a empresa porque dessa maneira pode eliminar os produtos com margem de contribui- ção baixa ou negativa, ou seja, que não agregam valor para a empresa, e manter os produtos com margem de contribuição alta ou positiva. Vale ressaltar que não são somente as grandes empresas que deve- riam esforçar-se para calcular a margem de contribuição, mas todas as empresas, independentemente do seu setor e porte, deveriam analisar a margem de contribuição. É uma visão crítica do lucro, em grande par- te, porque força o gestor a entender a estrutura de custos do produto, da empresa ou do negócio. A categorização dos custos influencia a margem de contribuição, pois alguns não se enquadram perfeitamente no intervalo entre fixo e variável, sendo considerados semivariáveis. Os custos de uma nova máquina no processo produtivo, com o intuito de aumentar a produ- ção e as vendas, podem ser enquadrados nas duas categorias. Será um custo variável, pois produzirá mais, mas também um custo fixo, já que não varia de acordo com a quantidade produzida. Salários também podem ser considerados dessa forma. O analista de custo faz uma distinção que requer um julgamento sobre como clas- sificar esses salários; por exemplo, pesquisa e desenvolvimento (P&D), que às vezes é considerado custos fixos, enquanto outros o veem como custos diretos associados ao produto. Perceba que o modo como se classificam os custos altera o resultado da margem de contribuição. Outro erro comum é presumir que devem ser retirados do portfólio os produtos de menor margem de contribuição. Não devemos usar a margem de contribuição, ou qualquer medida de lucro, exclusivamente para a decisão de eliminar um produto ou serviço; devemos considerar também a alocação de custo fixo. Considere o gado de uma indústria leiteira. Geralmente esses produtos (o gado) requerem pouco suporte; Análise de custo-volume-lucro 75 não é necessário investir em vendas ou fazer qualquer suporte de P&D. No entanto, o gado aparece como tendo uma margem de contribui- ção baixa, porque pode ter altos custos variáveis, embora não utilize os custos fixos da indústria. Um produto que apresenta baixa margem de contribuição não é necessariamente um problema. Em muitos casos pode se tornar uma barreira para entrada de novos concorrentes, o que compensa pensar em manter o produto ou serviço. Olhar para a margem de contribuição isoladamente poderá nos for- necer muitas informações. Mas, antes de tomar qualquer decisão de negócios importante, vamos examinar outras medidas de lucro. Vamos praticar um pouco? 1. Considere os seguintes dados e calcule a margem de contribuição total e unitária de cada produto. Descrição Produto A Produto B Quantidade 8.000 6.500 Preço de venda unitário (R$) 12,00 22,00 Custo variável 60% do PV 52% do PV Lembrete: equações necessárias para resolução: PVt = PVunit x Q CVunit = %CV x PVunit CVt = CVunit x Q Em que: %CV = representatividade do custo variável em relação ao preço de venda PVunit = preço de venda unitário CVunit = custo variável unitário CVt = custo variável total PVt = preço de venda total Q = quantidade 76 Gestão de custos e riscos operacionais Resolução Produto A Produto B Descrição Total Unitário Total Unitário Total geral Receita (R$) 96.000,00 12,00 143.000,00 22,00 239.000,00 (-) Custo variável (R$) 57.600,00 7,20 74.360,00 11,44 131.960,00 Margem de contribuição (R$) 38.400,00 4,80 68.640,00 10,56 107.040,00 O produto A apresentou margem de contribuição de R$ 4,80 por uni- dade vendida, e o produto B de R$ 10,56. Ou seja, o produto B contribui numa proporção maior para amortizar os custos fixos e gerar lucro. 2. Suponhamos um produto com preço de venda unitário de R$ 65,00, custo variável de R$ 29,25, despesas comerciais de R$ 3,25 por produto e impostos sobre as vendas de 21,65%. Qual a margem de contribuição unitária? Resolução MC = 65,00 – 29,25 – (3,25 + 14,07) MC = R$ 18,43 O resultado significa que cada unidade vendida contribuirá com R$ 18,43 para absorver os custos fixos e gerar lucro. Agora, se a empresa estiver produzindo 5.000 unidades por pe- ríodo, a margem de contribuição total será igual a R$ 92.150,00 (5.000 x R$ 18,43). As vendas totais do produto contribuem com R$ 92.150,00 para absorção dos custos fixos e para a formação do lucro. 4.2 Ponto de equilíbrio operacional, econômico e financeiro Vídeo A análise do ponto de equilíbrio (break-even point) ou ponto de ruptura é um instrumento útil para avaliar a relação entre custo fixo, custo variável e lucro no curto prazo. O ponto de equilíbrio demonstra a partir de que ponto um investimento irá gerar um retorno positivo, ou qual o volume a que determinado produto deve ser vendido, a um determinado preço, para cobrir todos os custos. Representa o volume de vendas necessário para cobrir todos os custos, no qual o lucro é nulo. É a quantidade vendida que iguala a receita com os custos igual a zero. Vamos relembrar alguns conceitos antes de nos aprofundarmos no conceito de ponto de equilíbrio. Análise de custo-volume-lucro 77 A receita total é o volume financeiro que a empresa captou com a venda dos bens ou serviços, podendo ser resumida como: Receita total = preço de venda unitário x quantidade Os custos fixos ocorremapós a decisão de iniciar uma atividade em- presarial, não estando diretamente relacionados ao nível de produção. Esses custos incluem, mas não se limitam, a depreciação do equipa- mento, manutenção, limpeza, aluguel, entre outros. Já os custos variáveis alteram de acordo com o volume de produ- ção. Eles podem incluir o custo da mercadoria vendida como mão de obra direta, matéria-prima, energia, todos os gastos com o pessoal do processo produtivo (alimentação, transporte, benefícios etc.) e outras despesas diretamente relacionadas à produção de uma mercadoria ou à prestação de um serviço. Podem ser resumidos como: Custo variável total = custo variável unitário x quantidade Custo total = custo variável total + custo fixo total Agora que relembramos alguns conceitos-chave para esta seção, vamos voltar ao ponto de equilíbrio. Primeiro vamos abordar o ponto de equilíbrio operacional (PEO) ou contábil, que é quando a empresa alcança um nível de vendas que não ocasiona lucro nem prejuízo, ou seja, o lucro é igual a zero. Na Figura 1 podemos observar a interseção da linha do custo total e a linha da receita total. A linha vertical que desce desse ponto mostra o nível de produção necessário para cobrir todos os custos e despesas fi- xas. A produção superior a esse nível gera receita positiva. O cruzamen- to das linhas é o ponto de equilíbrio, isto é, quanto a empresa precisa vender para não ter lucro nem prejuízo. Figura 1 Ponto de equilíbrio operacional (PEO) Lucro Prejuízo Ponto de equilíbrio Custos Variáveis $ Receita Custos Totais Custos Fixos Vendas Fonte: Bruni e Famá, 2004, p. 256. 78 Gestão de custos e riscos operacionais O ponto de equilíbrio operacional (PEO) ou contábil pode ser identi- ficado com a seguinte equação: PEOQ = GFt MCUnit Em que: PEOQ = ponto de equilíbrio operacional em quantidade vendida GFt = gasto fixo total (custo + despesa fixa) MCUnit. = margem de contribuição unitária É possível também encontrarmos o PEO em valores de vendas: PEOR$ = PEOQ x PVUnit Em que: PEOR$ = ponto de equilíbrio em valores de vendas PEOQ = ponto de equilíbrio operacional em quantidade vendida PVUnit= preço de venda unitário Segundo Crepaldi (2012), a análise do ponto de equilíbrio presu- me que: • o preço de venda, o custo variável e a eficiência da produção são constantes; • há somente um produto ou serviço; • os estoques não apresentam oscilação significativa de período a período. As premissas do equilíbrio a serem consideradas, segundo Crepaldi (2012, p. 137), são: “um aumento no preço de vendas diminui o ponto de equilíbrio das vendas; um aumento no custo variável aumenta o ponto de equilíbrio das vendas; um aumento no custo fixo aumenta o ponto de equilíbrio das vendas”. Resumindo, a principal vantagem da análise do ponto de equilíbrio é determinar a relação entre custo, volume de produção e lucro, po- dendo ainda determinar o efeito sobre o lucro causado por flutuações nas vendas, nos custos, e mudanças na relação entre custo fixo e va- riável (MAYO, 2009). Já as limitações da análise do ponto de equilíbrio incluem a análise de um produto por vez e a dificuldade de classificar um custo como totalmente variável ou fixo. Vamos ver alguns exemplos de cálculo? Análise de custo-volume-lucro 79 1. Um agricultor quer comprar uma nova colheitadeira. Fez o levantamento dos custos fixos totais, apurando o valor de R$ 42.710,10 por ano e os custos variáveis de R$ 15,89 por hora. O agricultor pode colher sete acres por hora, sendo o preço de cada acre de R$ 26,40. Quantos acres devem ser colhidos por ano para atingir o ponto de equilíbrio? PEOQ = 42.710,10 26,40 – 2,27 = 1.770 acres Para o agricultor não ter lucro nem prejuízo, ele deve colher 1.770 acres. Vamos ver um demonstrativo de resultado: Receita total (1.770 x 26,40) 46.728,00 (-) Custo fixo 42.710,10 (-) Custo variável [(15,89 / 7) x 1.770] 4.017,90 Lucro 0,00 Portanto, o agricultor começará a ter lucro a partir de 1.770 acres. 2. Uma determinada empresa comercializa eletroeletrônicos e projetou para o próximo mês os seguintes dados, relativos a vendas e gastos operacionais: Preço de venda unitário = R$ 2.300,00 Custos e despesas variáveis = 58% do preço de venda Custos e despesas fixas do mês = R$ 38.640,00. Com base nessas informações, calcule o PEOQ e o PEO$. Resolução PEOQ = 38.640,00 2.300,00 – 1.334,00 = 40 unidades Para o comerciante não ter lucro nem prejuízo, ele deve vender 40 eletroeletrônicos no mês. Vamos ver um demonstrativo de resultado: Receita total (2.300,00 x 40) 92.000,00 (-) Custo fixo 38.640,00 (-) Custo variável (1.334,00 x 40) 53.360,00 Lucro 0,00 O ponto de equilíbrio em valores de vendas é igual a: PEOR$ = 40 × 2.300,00 = R$ 92.000,00 80 Gestão de custos e riscos operacionais Portanto, o faturamento mínimo que o comerciante precisa ter para cobrir os custos e despesas fixas é de R$ 92.000,00. Para identificar o ponto de equilíbrio econômico (PEE), é consi- derado na soma dos custos e despesas fixas o custo de oportunidade referente ao capital próprio. Pode ser calculado por meio da equação: PEEQ = GFt + Lucro MCUnit Em que: PEEQ = ponto de equilíbrio econômico em quantidade vendida GFt = gasto fixo total (custo + despesa fixa) + lucro ou custo de oportunidade MCUnit = margem de contribuição unitária Lucro = remuneração do capital próprio Como exemplo de ponto de equilíbrio econômico (PEE), considere as seguintes informações: 1. Uma empresa está com projeto para lançar um novo produto no mercado. Com base no orçamento, levantou as seguintes informações: Preço de venda unitário = R$ 78,00 Custos e despesas variáveis unitário = R$ 45,24 Custos e despesas fixas do ano = R$ 150.008,04 Os sócios esperam ter um lucro operacional de R$ 72.000,00. Pede-se: a. Qual o ponto de equilíbrio operacional (PEO)? b. Qual o faturamento no ponto de equilíbrio operacional (PEO)? c. Qual o ponto de equilíbrio econômico (PEE)? Resolução a. Qual o ponto de equilíbrio operacional (PEO)? PEOQ = 150.008,04 78,00 – 45,24 = 4.579 unidades b. Qual o faturamento no ponto de equilíbrio operacional (PEO)? PEOR$ = 4.579 × 78,00 = R$ 357.162,00 No vídeo Custos fixos e variáveis, margem e ponto de equilíbrio (Contabilida- de), o professor Quintino explica de maneira clara e didática a relação dos custos fixos, variáveis, margem de contribuição e ponto de equilíbrio. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=migP9aLRmUM. Acesso em: 26 nov. 2020. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=migP9aLRmUM https://www.youtube.com/watch?v=migP9aLRmUM https://www.youtube.com/watch?v=migP9aLRmUM Análise de custo-volume-lucro 81 c. Qual o ponto de equilíbrio econômico (PEE)? PEEQ = 150.008,04 + 72.000,00 78,00 – 45,24 = 6.777 unidades Perceba que para a empresa não ter lucro nem prejuízo, ou seja, lucro igual a zero, ela precisa vender 4.579 unidades no período. Como almeja lucro de R$ 72.000,00, essa quantidade aumenta para 6.777 unidades. 2. Considere as seguintes informações de um empreendimento: patrimônio líquido de R$ 1.200.000,00 e custo de oportunidade de 11% a.a.; custos e despesas variáveis de R$ 82.000,00 por unidade; custos e despesas fixas de R$ 664.000,00 por ano; preço de venda de R$ 190.000,00 por unidade. Qual seria o valor de vendas totais para que seja atingido o ponto de equilíbrio econômico (PEE)? PEEQ = 664.000,00 + 132.000,00 190.000,00 – 82.000,00 = 7 unidades Para a empresa alcançar o ponto de equilíbrio em quantidade, ela deve vender sete empreendimentos para cobrir os custos e despesas fixas bem como remunerar o custo de oportunidade para os sócios. PEER$ = 7 × 190.000,00 = R$ 1.400.370,37 As sete unidades representam em faturamento R$ 1.400.370,37, para da mesma forma: cobrir os custos fixos e variáveis e remunerar o custo de oportunidade. Para o cálculo do ponto de equilíbrio financeiro (PEF), os custos considerados são apenas os desembolsáveis; ou seja, as despesasnão desembolsáveis, como depreciação, não devem ser consideradas. PEFQ = GFt – Gastos não desembolsáveis MCUnit Em que: PEFQ = ponto de equilíbrio financeiro em quantidade vendida GFt = gasto fixo total (custo + despesa fixa) + gastos não desembolsáveis MCUnit = margem de contribuição unitária Como exemplo de ponto de equilíbrio financeiro (PEF), considere as seguintes informações: No artigo Breakeven – o que fazer para conquistar o ponto de equilíbrio?, a equipe do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC) explica o que fazer para alcançar o ponto de equilíbrio. Disponível em: https://www. ibccoaching.com.br/portal/ empreendedorismo/breakeven- o-que-fazer-para-conquistar-o- ponto-de-equilibrio/. Acesso em: 26 nov. 2020. Saiba mais https://www.ibccoaching.com.br/portal/empreendedorismo/breakeven-o-que-fazer-para-conquistar-o-ponto-de-equilibrio/ https://www.ibccoaching.com.br/portal/empreendedorismo/breakeven-o-que-fazer-para-conquistar-o-ponto-de-equilibrio/ https://www.ibccoaching.com.br/portal/empreendedorismo/breakeven-o-que-fazer-para-conquistar-o-ponto-de-equilibrio/ https://www.ibccoaching.com.br/portal/empreendedorismo/breakeven-o-que-fazer-para-conquistar-o-ponto-de-equilibrio/ https://www.ibccoaching.com.br/portal/empreendedorismo/breakeven-o-que-fazer-para-conquistar-o-ponto-de-equilibrio/ 82 Gestão de custos e riscos operacionais 1. Uma indústria produz um único produto com as seguintes informações: Preço de venda = R$ 32,00 Custos e despesas variáveis = R$ 14,70 Depreciação mensal = R$ 980,00 Custo fixo mensal = R$ 12.802,00 Lucro mensal almejado = R$ 16.608,00. Pede-se: a. O ponto de equilíbrio operacional (PEO) da empresa. b. O ponto de equilíbrio econômico (PEE) da empresa. c. O ponto de equilíbrio financeiro (PEF) da empresa. Resolução a. O ponto de equilíbrio operacional (PEO) da empresa. PEOQ = 12.802,00 32,00 – 14,70 = 740 unidades b. O ponto de equilíbrio econômico (PEE) da empresa. PEEQ = 12.802,00 + 16.608 32,00 – 14,70 = 1.700 unidades c. O ponto de equilíbrio financeiro (PEF) da empresa. PEFQ = 12.802,00 – 980,00 32,00 – 14,70 = 684 unidades Para o PEO foram considerados somente os gastos fixos. Para co- brir esses gastos, a empresa precisa vender 740 unidades do produto. Para o PEE foi acrescentado o lucro almejado na soma com os gastos fixos aumentando a quantidade de vendas para 1.700 unidades; dessa maneira, a empresa consegue pagar os custos e as despesas fixas e ga- rantir um lucro de R$ 16.608,00 mensais. Para o PEF dos gastos totais, subtraímos a depreciação, já que não é um desembolso, e sim uma des- pesa; nesse caso, a empresa precisa vender 684 unidades para cobrir os gastos fixos, excluindo a depreciação, para não ter lucro nem prejuízo. A análise do ponto de equilíbrio também pode ser usada para deter- minar a viabilidade econômica de uma proposta de investimento, pois facilita a formação do preço de um produto ou serviço. Explique as características dos três tipos de ponto de equilíbrio: ponto de equilíbrio operacional, econômico e financeiro. Atividade 1 Explique por que um aumento no valor do custo fixo afeta o ponto de equilíbrio operacional e a margem de contribuição unitária do produto ou serviço. Atividade 2 Análise de custo-volume-lucro 83 4.3 Margem de segurança Vídeo A margem de segurança é um nível de vendas acima do ponto de equilíbrio. É importante para estabelecer até quanto as vendas podem cair antes de entrar no ponto de prejuízo. Quanto maior a margem de segurança, mais afastada estará do ponto de equilíbrio e, consequen- temente, mais segura caso ocorram imprevistos nos negócios (CHING; MARQUES; PRADO, 2007). A margem de segurança pode ser expressa em valores ou em por- centagens, e é identificada com base na seguinte equação: Margem de segurança em R$ = vendas – vendas no ponto de equilíbrio ou Margem de segurança em % = Margem de segurança em R$ Vendas Se levarmos em consideração uma empresa que produza um único produto, como uma sanduicheria, a margem de segurança pode ser expressa em unidades vendidas. Margem de segurança em unidade = Margem de segurança em R$ Preço unitário Vamos continuar com o exemplo da sanduicheria. No final de um trimestre, a empresa espera um lucro de R$ 14.400,00 para uma previ- são de vendas de R$ 180.000,00. O custo variável unitário é de R$ 12,50, o custo fixo soma em R$ 64.800,00 no período analisado e o preço do sanduíche de R$ 25,00. Com base nesses dados, podemos calcular o ponto de equilíbrio e a margem de segurança. PEOQ = 64.800,00 25,00 – 12,50 = 5.184 unidades PEOR$ = 5.184 × 25,00 = R$ 129.600,00 Para não ter lucro nem prejuízo, a sanduicheria deverá vender 5.184 sanduíches ou R$ 129.600,00 em vendas. Veja que, se a sandui- cheria atingir sua meta de vendas de R$ 180.000,00, estará numa mar- gem confortável de segurança de 28%. 84 Gestão de custos e riscos operacionais Margem de segurança em R$ = 180.000,00 – 129.600,00 = R$ 50.400,00 ou Margem de segurança em % = 50.400,00 180.000,00 = 28% O que faz o ponto de equilíbrio alterar? São as variações em pelo me- nos três elementos que compõem sua equação: preço de venda, custo variável unitário e custo fixo. Se esses elementos alterarem para cima ou para baixo, teremos alteração no ponto de equilíbrio operacional. Portanto, a margem de segurança é utilizada para tomar decisões sobre oportunidades de negócios e mudanças no portfólio de produ- tos. Por fazer uma relação entre o volume de vendas orçado e o volume de vendas no ponto de equilíbrio, auxilia o gestor a ampliar, reduzir ou manter seu portfólio de produtos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo vimos como é importante uma empresa conhecer a es- trutura de seus custos e despesas fixas, bem como as variáveis, para en- tão calcular a margem de contribuição de um produto ou serviço. Várias decisões podem ser tomadas a partir do conhecimento da margem de contribuição, como identificar se um produto é lucrativo ou não e quanto contribui para amortizar os custos fixos. Essas informações são necessá- rias para tomada de decisão de manter, excluir ou aumentar os investi- mentos em determinado produto. O ponto de equilíbrio operacional (PEO) nos auxilia na verificação de quantos produtos devemos vender para ter um lucro igual a zero, ou seja, o volume de faturamento que precisamos para pagar todos os custos e despesas fixas e variáveis. O ponto de equilíbrio econômico (PEE), além de considerar o fatura- mento para pagar todos os custos e despesas, considera o lucro almejado pelos sócios. Já o ponto de equilíbrio financeiro (PEF) não considera os valores não desembolsáveis, como a depreciação. A margem de segurança é um complemento da análise do ponto de equilíbrio, pois ao saber o volume mínimo de venda para ter lucro igual a zero, é importante a empresa trabalhar com alguma margem de se- gurança, produzindo uma quantidade maior, caso ocorram imprevistos durante o período. O artigo Margem de segurança, publicado por Igor C. Rodrigues no site Networking Contabilidade & Consultoria, demonstra de maneira prática como calcular a margem de segurança. Disponível em: https://www. consultorianwc.com.br/grau-de- margem-de-seguranca/. Acesso em: 15 dez. 2020. Leitura Explique a diferença da margem de contribuição e da margem de segurança. Atividade 3 https://www.consultorianwc.com.br/grau-de-margem-de-seguranca/ https://www.consultorianwc.com.br/grau-de-margem-de-seguranca/ https://www.consultorianwc.com.br/grau-de-margem-de-seguranca/ Análise de custo-volume-lucro 85 REFERÊNCIAS BRUNI, A.L.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de preços: com aplicações na calculadora HP 12C e Excel. São Paulo: Atlas, 2004. CHING, H. Y.; MARQUES, F.; PRADO, L. Contabilidade e finanças: para não especialistas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. CREPALDI, S. A. Contabilidade gerencial. Teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2012. MAYO, H. B. Finanças básicas. São Paulo: Cengage Learning,2009. GABARITO 1. Os três pontos de equilíbrio trabalham com dados diferentes. Enquanto o ponto de equilíbrio operacional (PEO) considera os custos e as despesas fixas, o ponto de equilíbrio econômico (PEE) considera os custos e despesas fixas mais o custo de oportunidade. Já o ponto de equilíbrio financeiro (PEF) considera os custos e despesas fixas menos a depreciação ou outras despesas que não envolvam saída de caixa. Portanto, teremos pontos de equilíbrio diferentes de acordo com a necessidade ou aplicabilidade da informação almejada. 2. Um aumento no valor do custo fixo consequentemente ampliará o número de unidades mínimas de vendas para não ter lucro nem prejuízo, isto é, aumentará o ponto de equilíbrio. A margem de contribuição não é alterada, uma vez que seu cálculo prevê o preço de venda menos os custos e despesas variáveis, contudo a expectativa é de ter uma margem de contribuição positiva que contribua para amortização dos custos fixos. 3. A margem de contribuição indica quanto de um preço de venda após subtração dos custos e despesas variáveis sobra para amortizar os custos fixos e gerar lucro. Já margem de segurança é quanto é necessário vender acima do ponto de equilíbrio para a empresa não ficar vulnerável devido a imprevistos que possam ocorrer durante o período. 86 Gestão de custos e riscos operacionais 5 Formação do preço de venda A estratégia de precificação se refere ao conjunto de atividades executadas pelos gestores que leva a uma decisão de preço a ser praticada em determinado mercado. Ocorre no contexto de um processo organizacional em que as informações são coletadas, compartilhadas e interpretadas. A estratégia de precificação não é somente decidir comprar um produto por um preço e vendê-lo por mais, na expectativa de aufe- rir lucro; ela envolve também o equilíbrio entre o retorno esperado e o preço que os consumidores estão dispostos a pagar. Existem várias estratégias de precificação, todavia a empresa precisa avaliar qual delas faz mais sentido para seu contexto e qual vai ajudá-la a atingir seus objetivos. Cada empresa, dependendo da estrutura do mercado em que atua, terá uma ou outra estratégia. Não existe estratégia de precificação ruim, o que existe é estratégia utilizada no contexto errado. Neste capítulo, abordaremos conceitos e técnicas de precifica- ção, conheceremos os modelos de decisões de preços, os funda- mentos para formação de preços, incluindo o cálculo do mark-up e, por fim, veremos outros aspectos que afetam a estratégia de precificação. O intuito é fazê-lo refletir sobre as estratégias de pre- cificação e ajudá-lo a identificar a melhor delas para seus negócios. 5.1 Modelos de decisões de preços Vídeo A decisão sobre qual modelo adotar para formação de preços inclui fatores como o objetivo da empresa e em qual estrutura de mercado ela está inserida: monopólio, oligopólio, concorrência perfeita ou con- corrência monopolista. Monopólio é quando há no mercado uma única empresa que ofe- reça determinado produto ao qual não há substitutos, ou seja, a em- Formação do preço de venda 87 presa tem o mercado só para si. Nesse caso, geralmente o monopolista controla o preço. Alguns exemplos de empresas com essa característi- ca são Petrobras, Copel, Sanepar etc. Oligopólio é quando há no mercado um número pequeno de ven- dedores que concorrem entre si. Como são empresas de grande porte que dominam o mercado, elas têm poder sobre o preço, podendo fazer acordos entre si. São exemplos os montadores de veículos, o imple- mento agrícola, a siderurgia etc. Concorrência perfeita é quando há muitos vendedores e, por isso, o produto não tem diferenciação. Como são várias empresas de vários portes, elas não possuem poder sobre o preço, pois não controlam a oferta. São exemplos os produtos agrícolas, a feira livre, o material de construção etc. Na concorrência monopolista, há muitos vendedores, mas o pro- duto de cada vendedor tem algum diferencial na mente dos consumi- dores. A diferenciação dá poder aos monopolistas na definição dos preços e da produção. Alguns exemplos são o McDonald’s, o Burger King, a Natura, o Boticário, as cervejas, os bancos etc. Depois de identificado ou definido em qual estrutura de mercado a empresa está inserida, é necessário conhecer os modelos de decisão de preços. São eles: Modelos orientados pela teoria econômicaModelos orientados pela teoria econômica Têm como pressuposto a racionalidade plena e o acesso to- tal às informações disponíveis, como conhecimento pleno da curva de demanda e custos. Modelos orientados pelos custosModelos orientados pelos custos O preço é formado com base no levantamento unitário dos custos, sendo adicionada uma margem de lucro. Modelos orientados pelo mercadoModelos orientados pelo mercado A empresa considera a demanda pelo produto, a concorrên- cia e o valor percebido pelo consumidor. 88 Gestão de custos e riscos operacionais O pressuposto do modelo orientado pela teoria econômica é de que quem faz o preço é o mercado, por meio de demanda e oferta, então não temos um modelo de cálculo de precificação específico para esse modelo. O que a empresa precisa fazer é levantar os preços dos concorrentes (para produtos já existentes) e/ou fazer uma pesquisa de mercado (para novos produtos). Já o preço orientado pelos custos considera o preço com que o mercado está atuando como o máximo que a empresa pode atribuir a seus produtos, portanto o fator fundamental para a formação dos custos e das despesas é o preço de mercado. Sendo assim, o custo se torna o custo-padrão ideal ou o custo-meta. Veremos a seguir uma de- monstração de custo-meta. Considerando um produto com valor de mercado de R$ 450,00 e margem de lucro desejada de 12%, teríamos: Preço de venda de mercado R$ 450,00 (-) Margem de lucro desejada R$ 54,00 Custo-meta R$ 396,00 Assim, a empresa saberia o custo unitário máximo a chegar. Para isso, é necessário ter um modelo de custeio que possa levantar efi- cientemente todos os custos e as despesas. Os melhores modelos de custeio para o custo-meta são o custeio integral ou ABC. A precificação do modelo orientado pelo mercado é por valor. Mas antes de nos aprofundarmos nesse tema, vamos relembrar os elementos econômicos que levam a empresa a atingir seu objetivo, que é a maximização do valor (lucro). São eles: preço, quantidade ven- dida e custos. Na abordagem de precificação por valor, é importante diferenciar- mos dois conceitos: Perspectiva interna. É o valor monetário de um produto ou serviço (objetivo). Pr eç o Perspectiva externa. É o preço que o mercado está disposto a pagar de acordo com a utilidade que ele percebe no produto ou serviço (subjetivo). Va lo r Formação do preço de venda 89 Para medir a percepção do consumidor sobre o produto ou serviço de determinada empresa, é preciso avaliar o valor monetário que os consumidores estão dispostos a pagar pelos benefícios percebidos que receberão se aceitarem a oferta de mercado (NAGLE; HOLDEN, 1995). O lucro é o valor que a empresa deseja obter depois que pagou todos os gastos de fabricação do produto ou da prestação do serviço, conforme a seguinte equação: Lucro = quantidade vendida x preço – custos Segundo Padoveze e Takakura Jr. (2013, p. 249), precificação é “o conjunto de atividades ou processos de atribuir preços aos produtos e serviços tendo como base referencial o valor percebido pelos consu- midores, mais do que em custos de produção e comercialização, para obtenção da maior rentabilidade da empresa”. A estratégia de precificação tem como pressuposto que o preço de venda é o elemento mais importante para gerar lucro à empresa e, por isso, deve receber o maior cuidado, pois, além de gerar lucro para a empresa, precisa atrair os consumidores quanto ao valor per- cebido. Seu objetivo é criar valor para o consumidor; dessa forma, é necessário investir na imagem do produto, com a qual se constrói a imagem da empresa,bem como na diferenciação, para poder praticar maiores preços. Segundo Sartori (2004), há pelo menos quatro níveis de expecta- tiva e valorização por parte dos consumidores: elementares, básicas, esperadas e desejáveis. Para encontrar respostas sobre cada uma, é importante fazer as seguintes perguntas, que são: • O que é considerado, por parte dos consumidores, elementar e básico com relação ao valor percebido? • O que é esperado pelos consumidores? • O que é desejado pelos consumidores? • O que pode ser feito pela empresa para exceder o valor percebido? As respostas a esses questionamentos devem ser claras para que a empresa ajuste sua estratégia e para evitar que assuma políticas de precificação ineficazes. A literatura de economia, marketing e estratégia parece seguir uma visão de que a precificação é uma tarefa simples e de baixo custo. Con- 90 Gestão de custos e riscos operacionais tudo, estudos como o de Dutta, Zbaracki e Bergen (2003) apontaram evidências de que os gerentes acham o processo de precificação sur- preendentemente difícil, principalmente quando a empresa trabalha com diferentes níveis de desconto para produtos e consumidores. Um desconto pode ser classificado como uma redução no preço que, ao ser subtraído da tabela de preços, resulta no preço de mer- cado. Há várias estratégias para definir descontos, sendo possível estabelecer os seguintes tipos: desconto por quantidade comprada; desconto sazonal, durante períodos de baixa demanda; desconto co- mercial, geralmente oferecido para revendedores; desconto para pa- gamento à vista; desconto promocional, para estimular o consumidor a comprar o produto etc. Uma das dificuldades que Dutta, Zbaracki e Bergen (2003) aponta- ram foi o processo de identificar variedades de preços possíveis para uma variedade de concorrentes e produtos, no qual o gestor possa facilmente combinar os preços individuais e estabelecer desconto. Se, por exemplo, uma empresa tem em seu portfólio mil produtos que vende para 2 mil consumidores diferentes, é preciso saber o momento apropriado para igualar ou não o preço ao de seu concorrente. A decisão de determinar se deve corresponder a um preço, para competir, torna-se complicada quando há centenas ou milhares de produtos vendidos a vários consumidores diferenciados em mercados com vários concorrentes. Devido a dificuldades como essa, o processo de precificação teve de consistir em uma variedade de rotinas e em procedimentos que en- volvem tanto os membros da empresa quanto os consumidores que compram seus produtos. A forma clássica de precificação é o custeamento unitário, para de- pois encontrar o preço de venda, após deduzir as despesas comerciais, administrativas e financeiras. Essa abordagem tem seu lado positivo, mas também tem um negativo, pois pode, por exemplo, impedir uma rentabilidade maior quando os produtos ou serviços são disponibili- zados para consumidores dispostos a pagar mais por ver nos produ- tos dessa empresa uma maior utilidade (valor subjetivo); pode ocorrer Formação do preço de venda 91 também a perda de vendas quando os consumidores deixarem de ad- quirir os produtos por entenderem que produto barato não tem valor. Já a estratégia de precificação tem como foco identificar o preço máximo que possíveis consumidores aceitam pagar por um determi- nado produto ou serviço. A metodologia não tem como referência o custo unitário como a forma clássica de precificação, e sim “conceitos mercadológicos e econômicos, como valor percebido pelo cliente, dis- ponibilidade para pagar, segmentação, diferenciação, utilidade etc.” (PADOVEZE; TAKAKURA JR., 2013, p. 247). A precificação com base no valor percebido é cada vez mais re- conhecida na literatura como superior a todas as outras estratégias de precificação (INGENBLEEK et al., 2003). Monroe e Krishnan (2002, p.130) afirmam que “o potencial de lucro, por ter uma estratégia de preços orientada para o valor, é muito maior do que com qualquer ou- tra abordagem de preços”. Da mesma forma, Cannon e Morgan (1990) recomendam a precificação de valor se a maximização do lucro for o objetivo. Docters et al. (2004, p. 98) se referem a preços com base em valor como “um dos melhores métodos de preços”. A Figura 1 demonstra as diferenças da formação de preços pela abordagem clássica e pela abordagem de precificação. Figura 1 Precificação: abordagem clássica x abordagem de precificação Fonte: Elaborada com base em Kotler; Armstrong, 2001, p. 248. Produto Custo Preço Valor Consumidor Abordagem clássica Consumidor Valor Preço Custo Produto Abordagem de precificação A abordagem clássica tem como foco o produto. Primeiro é iden- tificado o custo unitário do produto ou serviço, e depois é formado o preço de venda. Já na abordagem da precificação, primeiro o consumi- dor é identificado, depois vem o valor percebido e, por último, o preço máximo aceitável. 92 Gestão de custos e riscos operacionais Para estruturar uma estratégia de precificação na empresa, são ne- cessários os fundamentos demonstrados na Figura 2. Podemos observar que a base conceitual da precificação é o marketing, por se preocupar com o modo como os consumidores per- cebem os benefícios de um produto ou serviço em relação a seus con- correntes. Para tanto, o gestor precisa focar a diferenciação, tanto na segmentação quanto no posicionamento do produto ou serviço. Ao analisar o comportamento do consumidor, presumimos que os consumidores tenham preferências a serem atendidas, de modo a maximizar sua satisfação pessoal. É importante levantar a utilidade que o consumidor dá para cada produto ou serviço. O mercado de atuação diz respeito a uma visão clara de seu ramo de atividade, seu produto ou serviço ofertado e da elasticidade preço- -demanda do produto ou serviço, entre outros. O modelo econômico vai trazer informações sobre a rentabilidade de cada produto ou serviço, a margem de contribuição e o retorno so- bre o investimento realizado. A ação é a implementação da estratégia de precificação envolven- do os vários profissionais ou departamentos da empresa. Deverá ser acompanhada e ajustada periodicamente, caso necessário. A formação de preços orientada pelos custos tem como pressu- posto que o mercado está disposto a absorver os preços de venda determinados pela empresa. Para uso eficaz do modelo, é preciso utilizar métodos de custeio, como o custeio por absorção, o custeio direto ou variável. Após definido o modelo, a empresa precisa identificar os motivos que a levaram à formação do preço. Os motivos são diversos, entre eles: Figura 2 Fundamentos para estruturar a estratégia de precificação Marketing A precificação tem sua base no marketing, não no custo do produto. Mercado de atuação Ambiente econômico no qual a empresa está inserida. Modelo econômico Para dar estrutura financeira ao processo de tomada de decisão sobre os preços de vendas. Ação Implementação de estratégia de precificação. Comportamento do consumidor Estudos da psicologia do consumidor. Fonte: Elaborada pela autora. Formação do preço de venda 93 • alteração na legislação; • alteração de estratégia de atuação no mercado em que atua ou que pretende atuar; • aspiração de maiores lucros; • mudanças na demanda, tanto positiva quanto negativa; • ajuste de preços para competição; • lançamento de novos produtos. É importante ressaltarmos que todo produto passa pelos estágios de ciclo de vida, que são: introdução, crescimento, maturidade e declí- nio, conforme demonstrado na figura a seguir. Figura 3 Ciclo de vida do produto Ve nd as Tempo Intro Crescimento Maturidade Declínio Fonte: Elaborada pela autora. Churchill e Peter (2000) detalham o ciclo de vida do produto. De acor- do com os autores, a fase de introdução do produto é aquela em que o produto é lançado no mercado. As características dessa fase são bai- xo volume de produção e de vendas no início para aumentar ao lon- go do tempo. A fase docrescimento ocorre quando os consumidores começam a experimentar o produto e um processo de estabilidade no mercado é inciado; nessa fase começam a surgir novos concorrentes. A maturidade corresponde à fase em que o produto se torna conhecido no mercado e as vendas sobem gradualmente, até atingir um platô. O lucro tende a se estabilizar ou diminuir devido aos gastos para se manter no mercado. Na fase do declínio, o produto passa a perder participação no mercado; é quando as vendas e os lucros começam a cair. Diferentes fases exigem diferentes estratégias de preços, por isso é essencial conhecer em qual fase do ciclo de vida se encontra o seu produto. Na sequência, abordaremos de modo detalhado o método de orientação de preços com base nos custos. Descreva e explique os modelos de decisões de precificação. Atividade 1 94 Gestão de custos e riscos operacionais 5.2 Fundamentos para formação de preços Vídeo Nesta seção vamos discutir os elementos fundamentais para forma- ção do preço de venda com base nos custos. Iniciaremos com o concei- to de mark-up. Mark-up é um multiplicador aplicado sobre os custos; é uma meto- dologia para calcular o preço de venda com base no custeio por absor- ção. Ele é bastante utilizado por empresas de todos os portes. Mesmo as empresas que atuam com preços com base no mercado precisam conhecer o mark-up de cada produto, para averiguar se a estrutura de custos da empresa pode atuar com o preço de mercado, pagar os custos e remunerar os sócios. Vamos conhecer os passos do mark-up: Levantar custos e despesas • Despesas comerciais. • Despesas administrativas. • Despesas operacionais. • Custo do processo produtivo. • Margem de lucro. Levantar impostos sobre as vendas • Imposto sobre Circulação de Mercadoria (ICMS). • Programa de Integração Social (PIS). • Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). • Imposto sobre Serviço (ISS). Mark-up O mark-up, ao incidir sobre o custo variável, tem a finalidade de co- brir os gastos não computados no custo, como impostos sobre vendas, taxas variáveis sobre vendas (comissões, por exemplo), despesas ad- ministrativas, despesas de vendas fixas, custos indiretos de produção fixos (a depender da situação de custeio) e lucro desejado pelos sócios. A lógica da estrutura e do cálculo do mark-up, segundo Bernardi (2010), é a seguinte: • Há um custo em valores absolutos tratados como índice 1. • Os impostos e as despesas variáveis de venda deverão ser infor- mados na forma percentual. Formação do preço de venda 95 • As despesas administrativas também podem ser informadas como um percentual das vendas. • O lucro desejado pode ser definido como um percentual sobre a venda. • O preço de venda deve representar a totalidade 100%. Então, o preço de venda deve ser suficiente para cobrir os custos, as despesas e os impostos, além de propiciar lucro na venda. A equação do mark-up multiplicador e divisor é: mark-up divisor = 100% 100% – soma das taxas (%) mark-up multiplicador = 100% mark-up multiplicador Preço de venda = custo variável unitário x mark-up multiplicador Vejamos exemplos de aplicação do mark-up. 1. Considere a seguinte estrutura de gastos, em porcentagem, das vendas de uma empresa enquadrada no regime tributário presumido: PIS = 0,65% Cofins = 3% ICMS = 18% Comissão = 5% Despesas administrativas = 7% Lucro = 15%. Calcule o preço de venda para uma mercadoria com custo variá- vel unitário de R$ 220,00. Resolução: Descrição % (+) Preço de venda 100 (-) PIS 0,65 (-) Cofins 3,00 (-) ICMS 18,00 (-) Comissões 5,00 (-) Despesas administrativas 7,00 (-) Lucro 15,00 Mark-up divisor 51,35 Mark-up multiplicador 1,95 Custo variável do produto (R$) 220,00 Preço de venda (R$) 428,43 96 Gestão de custos e riscos operacionais Demonstração dos resultados pela fórmula: Preço de venda = 220,00 x 1,9474 = R$ 428,43 mark-up divisor = 100% [100% – (0,65% + 3% + 18% + 5% + 7% + 15%)] = 51,35 mark-up multiplicador = 100% 51,35% ~ 1,9474 Considerando os dados fornecidos, um produto com custo de R$ 220,00, pelo método do mark-up, teria um preço de venda de R$ 428,43. Como o lucro almejado é de 15% do preço de venda, a em- presa teria lucro, antes dos impostos sobre o lucro, de R$ 64,26 por unidade de produto vendido. Vejamos como ficaria um demonstrativo financeiro de apuração do resultado. Resultado da venda R$ % Faturamento 428,43 100 (-) Custo variável 220,00 51,35 (-) PIS/Cofins 15,64 3,65 (-) ICMS 77,12 18 (-) Comissões 21,42 5 (-) Despesas administrativas 29,99 7 (=) Lucro antes dos impostos 64,26 15,00% Agora, vejamos um exemplo no qual utilizaremos o método de cus- teio por absorção. Ele será usado como critério de rateio das unidades produzidas. Considere as seguintes informações: 1. Uma determinada indústria produz e comercializa dois produtos em um determinado período. Vamos chamá-los de produto A e produto B. Os custos diretos, indiretos e as demais informações são apresentados a seguir. Com relação aos custos diretos e às unidades produzidas, foram levantados os seguintes dados: Descrição Produto A Produto B Total Matéria-prima (R$) 42.870,00 29.740,00 72.610,00 Mão de obra direta + encargos (R$) 53.200,00 33.600,00 86.800,00 Custo direto (R$) 96.070,00 63.340,00 159.410,00 Unidades produzidas 3.700 5.350 9.050 Formação do preço de venda 97 Quanto ao custo fixo do período, foram levantados os seguintes dados: Custo Indireto Valor (R$) Mão de obra indireta 18.300,00 Material indireto 10.600,00 Seguro industrial 1.400,00 Depreciação 16.666,66 Total 46.966,66 Quanto às despesas, foram levantados os seguintes dados: Despesas Valor (R$) Salários + encargos do administrativo 12.100,00 Salário + encargos do comercial 7.800,00 Aluguel 2.200,00 Comunicação 1.570,00 Energia e água 2.700,00 Manutenção e limpeza 1.600,00 Total 27.970,00 A empresa se encontra enquadrada no regime tributário presumi- do. Suas taxas sobre vendas, comissões e lucro são: Outras informações Produto A Produto B PIS 0,65% 0,65% Cofins 3,00% 3,00% ICMS 18,00% 18,00% Comissões 4,00% 4,00% Lucro almejado 13,00% 21,00% A empresa fez um levantamento de mercado e verificou que o preço médio praticado pelo mercado é de: Produto A = R$ 56,20 Produto B = R$ 37,90 Determine o mark-up e o preço de venda para cada produto. Resolução: 1. Vamos fazer o rateio do custo indireto pelo método de absorção, utilizando como critério de rateio as unidades produzidas. 98 Gestão de custos e riscos operacionais Descrição Produto A Produto B Total Matéria-prima (R$) 42.870,00 29.740,00 72.610,00 Mão de obra direta + encargos (R$) 53.200,00 33.600,00 86.800,00 Custo direto (R$) 96.070,00 63.340,00 159.410,00 Unidades produzidas 3.700 5.350 9.050 Unidades produzidas (%) 41% 59% 100% Total custo indireto (R$) 46.966,66 Rateio custo indireto (R$) 19.201,84 27.764,82 46.966,66 Custo unitário total (R$) 31,15 17,03 2. Vamos identificar o percentual da despesa unitária por produto, com base no preço de mercado. Estimativa de preço de venda (R$) 56,20 37,90 Despesa fixa (R$) 11.467,70 16.502,30 27.970,00 Despesa fixa unitária (R$) 3,10 3,08 Despesas fixas (%) 5,51% 8,14% Para encontrar o percentual da despesa fixa unitária, seguimos os seguintes passos: a. Despesa fixa do produto A: 41% (% das unidades produzidas) da despesa fixa total = 27.970,00 x 41% = 11.467,70. Em seguida, para encontrarmos a despesa fixa unitária, dividimos pelo número de unidades produzidas 3.700 = 3,10. Por fim, para encontrar a porcentagem, verificamos quanto 3,10 representa do preço de venda unitário R$ 56,20 = 5,51%. b. Despesa fixa do produto B: 59% (% das unidades produzidas) da despesa fixa total = 27.970,00 x 59% = 16.502,30. Em seguida, para encontrarmos a despesa fixa unitária, dividimos pelo número de unidades produzidas 5.350 = 3,08. Por fim, para encontrar a porcentagem, verificamos quanto 3,08 representa do preço de vendaunitário R$ 37,90 = 8,14%. 3. Vamos identificar o mark-up do produto A: Mark-up - Produto A % (+) Preço de venda 100 (-) PIS 0,65 (-) Cofins 3,00 (-) ICMS 18,00 (Continua) Formação do preço de venda 99 Mark-up - Produto A % (-) Comissões 4,00 (-) Despesas 5,50 (-) Lucro 13,00 Mark-up divisor 55,84 Mark-up multiplicador 1,79 Custo total do produto 31,15 Preço de venda (R$) 55,78 O preço de venda identificado pelo cálculo do mark-up poderá ser de R$ 55,78, ou seja, muito próximo do preço de mercado de R$ 56,20. Sendo assim, a estrutura de custos da empresa comporta atuar com o preço de mercado. 4. Vamos identificar o mark-up do produto B: Mark-up - Produto B % (+) Preço de venda 100 (-) PIS 0,65 (-) Cofins 3,00 (-) ICMS 18,00 (-) Comissões 4,00 (-) Despesas 8,14 (-) Lucro 21,00 Mark-up divisor 45,19 Mark-up multiplicador 2,21 Custo total do produto 17,03 Preço de venda 37,68 Da mesma forma que o produto A, o preço de venda do produto B, identificado pelo cálculo o mark-up, poderá ser de R$ 37,68, ou seja, muito próximo do preço de mercado: R$ 37,90. Desse modo, a estru- tura de custos da empresa comporta atuar com o preço de mercado. O artigo de Renata Freitas de Camargo, intitulado O que é mark-up, por que é importante conhecer sobre precificação e como realizar a formação do preço de venda de produtos e serviços?, publicado no site da empresa Treasy, trata do tema desta seção. Para saber mais sobre o mark-up, indicamos a leitura. Acesso em: 15 dez 2020. https://www.treasy.com.br/blog/markup/ Artigo O que é necessário levantar de dados para formulação do mark-up? Atividade 2 https://www.treasy.com.br/blog/markup/ 100 Gestão de custos e riscos operacionais 5.3 Aspectos adicionais na gestão de preços de venda Vídeo A atividade de formação de preços é considerada complexa pelos gestores e consome bastante tempo, portanto a definição do preço a ser praticado e as políticas de desconto devem ser tomadas pela alta administração e por todos os departamentos envolvidos no processo, como os departamentos de finanças, comercial, marketing, jurídico, en- tre outros. Para a tomada de decisão quanto ao preço a ser praticado, a empre- sa precisa conhecer muito bem todos os aspectos que podem afetar o preço, sejam eles relacionados ao ambiente interno – aquele que a em- presa pode controlar (endógeno) – e/ou ao ambiente externo – aquele que não pode ser controlado (exógeno). Ter um comitê para formação dos preços contribui para tornar o processo mais fácil, principalmente na identificação de preços para vá- rios níveis de distribuição. Ao atuar com vários níveis de distribuição, a flexibilização do preço em um ambiente competitivo é importante, pois facilita as decisões quando houver alteração na concorrência e no mercado. Com quais fatores internos podemos nos defrontar em uma deci- são de formação de preços? Vamos lá, listamos alguns: • Gasto: é o elemento sobre o qual a empresa exerce maior contro- le, envolve tanto os custos quanto as despesas e os investimentos. • Objetivo: objetivos de curto e/ou longo prazo da empresa. • Posicionamento: o posicionamento da empresa no mercado pode ser alterado quando ela achar pertinente, desde que seja planejado. Ao adotar uma precificação com foco somente nos fatores inter- nos, a empresa pode acabar deixando de lado informações relevantes quanto às forças do mercado (ambiente externo). Vamos ver alguns tipos de formação de preços, segundo Sartori (2004), que podem ser praticados com base nos fatores internos. • Gastos: representam o esforço financeiro para disponibilizar o produto no mercado. Formação do preço de venda 101 • Mark-up: consiste na aplicação de um multiplicador no custo unitário que seja suficiente para pagar todos os gastos e o lucro almejado. • Curva de experiência: conforme a empresa vai ganhando expe- riência na fabricação do produto, tende a produzi-lo de maneira mais eficaz, diminuindo custos (desperdício, hora trabalhada etc.) Os fatores externos podem ser vários; entre eles, temos: • Demanda: reflete a intensidade com a qual os consumidores es- tão dispostos a pagar por um determinado bem ou serviço. Ela pode ser alterada a qualquer momento devido a forças do am- biente econômico, político, legal, entre outros. • Concorrência: ação inesperada da concorrência quanto a preços, desconto, forma de pagamento, distribuição, entre outros. • Restrições legais: imposição do governo restringindo o aumento de preço. • Práticas da indústria: os setores podem mudar hábitos, como desconto, política de crédito, entre outros. O artigo Inflação não é um aumento generalizado nos preços, de Frank Shostak, para a Mises Brasil, trata de como o aumento ou a queda dos preços pode impactar a economia. A inflação, por ser um fator externo, gera impactos diretos na demanda e na oferta, portanto, entender os processos inflacioná- rios faz parte de uma boa política de preços. Acesso em: 15 dez. 2020. https://www.mises.org.br/article/1302/inflacao-nao-e-um-aumento-generalizado-nos-precos Artigo Sartori (2004) cita algumas estratégias de formação de preços ao considerar os fatores externos: Skimming (preço de exclusividade) Ordenamento de preço Penetração de prestígio Preço quebrado ou redondo Mix de produtos Aplica-se quando um novo produto é lançado no mercado, inicialmente a um preço mais alto para baixá- lo futuramente (NICKELS, 1999). Quando o preço é estabelecido em uma posição relativa aos outros, expressando relação entre seu valor e seu preço. Muito semelhante ao skimming, contudo com a característica de manter o preço alto para atrair consumidores dispostos a pagar por produtos de maior qualidade. Preços que terminam em determinado dígito para parecerem mais baratos. Por exemplo: R$ 1,99, na percepção dos consumidores, é mais barato que R$ 2,00. Preços estabelecidos por um mix para dar a percepção de valor por uma combinação de produtos. A lógica é que, quando a empresa oferece um mix de produtos que os concorrentes não conseguem igualar, é possível aumentar a demanda. https://www.mises.org.br/article/1302/inflacao-nao-e-um-aumento-generalizado-nos-precos 102 Gestão de custos e riscos operacionais O artigo de autoria de Filippo Ghermandi, intitulado Precificação: guia completo para calcular preço de venda, demonstra passo a passo como elaborar o preço de venda de produtos e serviços, assim como os fatores a serem levados em consideração na precificação, de acordo com o setor de atuação do negócio. Acesso em: 15 dez. 2020. https://blog.luz.vc/como-fazer/precificacao-formacao-de-preco-de-venda/ Artigo Conforme Churchill e Peter (2000), há posições básicas de valor com base no fato de um produto ter seu preço acima ou abaixo do pratica- do no mercado. Observe o Quadro 1. Quadro 1 Posições básicas de valor em relação a preço e produto Nível de preço Posição de valor Exemplos Alto em relação à classe do produto. Alto valor devido à quali- dade e ao prestígio. Tênis Nike (como o Air); trata- mento dentário com um espe- cialista muito respeitado. Em torno da média em relação à classe do produto. Alto valor devido à quali- dade por um preço razoá- vel. Tênis Rainha; tratamento den- tário com o dentista de família do bairro. Baixo em relação à classe do produto. Alto valor devido à quali- dade por um preço baixo. Tênis de marcas pouco conhe- cidas comprados em um super- mercado ou lojas de descontos; tratamento dentário com estu- dantes estagiando em uma clí- nica universitária. Fonte: Churchill; Peter, 2000, p. 337. O produto de preço mais alto oferece valor em termos de qualidade ou prestígio. Já um produto de preço médio oferece valor em termos de boa qualidade a um preço razoável; o produto de preço relativamente baixo oferece valor em termos de qualidade aceitável por um preço baixo. É interessante que a empresa siga um processo lógico de precifi- cação paraatingir seus objetivos, conforme demonstrado na Figura 4. Figura 4 Processo lógico de precificação Fonte: Adaptada de Churchill e Peter, 2000, p. 340. Definição dos objetivos da precificação Avaliação da resposta dos consumidores Análise do potencial de lucros Definição do preço inicial Ajuste dos preços, conforme necessário https://blog.luz.vc/como-fazer/precificacao-formacao-de-preco-de-venda/ Formação do preço de venda 103 Cada decisão afeta o processo de precificação e, consequentemen- te, a lucratividade; sendo assim, nenhuma etapa deve ser suprimida. Para maior controle, existem sistemas de apoio à decisão e softwares que preveem como os consumidores reagem a vários níveis de preços e como isso afeta o resultado da empresa. Explique como se dão as posi- ções básicas de valor em relação ao preço/produto. Atividade 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS O conteúdo deste capítulo contribuiu para o conhecimento de uma série de questões associadas a estratégias de preços e processo de deci- são. É importante conhecer a percepção do consumidor, pois ele estará disposto a pagar mais pelo produto se acreditar que ele é compatível com o preço praticado e com os benefícios extras derivados do consumo. As estratégias de preços adequadas, ou uma combinação delas, po- dem aumentar as vendas, bem como as políticas de pagamento e de cré- dito. O mark-up é muito praticado pelas empresas e é útil na formação de preços, principalmente para saber se a estrutura de custos é adequada para praticar os preços de mercado. A análise do ambiente interno e do ambiente externo é necessária para uma estratégia de formação de preços eficaz. Não basta conhecer muito bem somente um ou outro. A estratégia de precificação não é um trabalho fácil, contudo é essen- cial para se ter sucesso nos negócios. Para facilitar tal processo, o envol- vimento de todos os departamentos-chave é necessário, cada um com sua visão, apontando os prós e os contras de cada estratégia e adotando aquela que melhor atenda aos objetivos da empresa. REFERÊNCIAS BERNARDI, L. A. Manual de formação de preços: políticas, estratégias e fundamentos. São Paulo: Atlas, 2010. CANNON, H.; MORGAN, F. A Strategic Pricing Framework. Journal of Service Marketing, v. 4, p. 19-30, 1990. CHURCHILL, G. A.; PETER, J. Marketing: criando valor para os consumidores. São Paulo: Saraiva, 2000. DOCTERS, R. et al. Winning the Profit Game: Smarter Pricing, Smarter Branding. New York: McGraw-Hill, 2004. DUTTA, S.; ZBARACKI, M.; BERGEN, M. Pricing process as a capability: a resource-based perspective. Strategic Management Journal, v. 24, n. 7, p. 615-630, 2003. INGENBLEEK, P. et al. Successful New Product Pricing Practices: A Contingency Approach. Marketing Letters, n. 4, v. 14, p. 289-305, 2003. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Principles of Marketing. Harlow, UK: Prentice Hall, 2001. 104 Gestão de custos e riscos operacionais MONROE, K. B.; KRISHNAN, R. The Effect of Price on Subjective Product Evaluation. In: JACOBY, J.; OLSON, J. C. (ed.). Perceived Quality: How Consumers View Stores and Merchandise. Lexington, MA: Lexington Books, 2002. p. 209-232. NAGLE, T. T.; HOLDEN, R. The Strategy and Tactics of Pricing: A Guide to Profitable Decision Making. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1995. NICKELS, W. G.; WOOD, M. B. Marketing: relacionamentos, qualidade, valor. Rio de Janeiro: LTC, 1999. PADOVEZE, C. L.; TAKAKURA JR., F. K. Custo e preços de serviços: logística, hospitais, transporte, hotelaria, mão de obra, serviços em geral. São Paulo: Atlas, 2013. SARTORI, E. Gestão de preços: estratégia e flexibilização de preços, fidelização de consumidores e aumento da rentabilidade. São Paulo: Atlas, 2004. GABARITO 1. Os modelos de precificação podem ser de acordo com os objetivos da empresa. O primeiro é orientado pela teoria econômica e considera racionalidade ilimitada e acesso a todas as informações disponíveis. O segundo é orientado pelo custo, que orienta a formação do preço por meio do levantamento unitário dos custos adicio- nando uma margem de lucro. O terceiro é orientado pelo mercado, quando a empre- sa leva em consideração a demanda pelo produto, a concorrência e o valor percebido pelo consumidor. 2. Para identificar o mark-up, a empresa precisa ter um sistema de custeio que lhe for- neça os custos de determinado produto. É necessário também levantar todas as des- pesas, os impostos sobre as vendas e a taxa de lucro almejada. 3. A empresa pode atuar com vários níveis de preço. Por exemplo, se atuar com preço alto, será necessário oferecer qualidade e prestígio (marca); com preço médio, é pos- sível oferecer qualidade, mas não prestígio; o preço baixo oferece qualidade em um nível aceitável pelos consumidores. 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