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GESTÃO DE INDICADORES DA QUALIDADE AULA 6 Prof. Sérgio Luiz Pirani 2 CONVERSA INICIAL Nesta etapa, vamos estudar diferentes indicadores na área de serviços, como a manutenção produtiva total, filosofia que está se expandindo entre as organizações, por conta de sua eficiência e dos bons resultados que oferece. O índice de qualidade de uma organização não nasce apenas dentro da organização, pois ela precisa de bons fornecedores para garantir a qualidade em toda a cadeia, a montante e a jusante. Cabe à empresa transformadora cumprir o seu papel de transformar o que os fornecedores entregam em produtos de alta qualidade. Por conta disso, toda rede de fornecedores deve apresentar qualidade. A qualidade também está relacionada à eficiência dos colaboradores e equipamentos. Não basta que a empresa tenha equipamentos modernos e eficientes, ela precisa ainda de qualidade em termos de mão de obra e insumos de transformação. Precisamos considerar esses aspectos quando pensamos em manutenção produtiva total, índice de eficiência e produtividade e eficiência global dos equipamentos. Assim, vamos terminar nosso conteúdo avaliando os indicadores de qualidade. Bons estudos! TEMA 1 – INDICADORES: SATISFAÇÃO, FIDELIDADE DO CLIENTE E EFICÁCIA Ao longo das etapas, estudamos diversos indicadores de qualidade. Avaliamos que, com o controle de qualidade possibilitado pelos indicadores de qualidade, conseguimos inúmeros benefícios, entre os quais destacamos: • Produção de melhorias; • Realização de um planejamento de qualidade, focado nas necessidades da empresa; • Desenvolvimento de fonte de informações para auxiliar a tomada de decisão; • Proatividade à reação de mercado; • Reatividade rápida à criticidade; • Aproveitamento dos recursos de capital, humano e de insumos; • Melhoria da qualidade do serviço. 3 Tais indicadores, além de auxiliarem na monitoração do processo produtivo, ajudam a garantir a qualidade dos produtos e a eficiência produtiva dos equipamentos e da mão de obra. Na sequência, vamos trabalhar com mais alguns indicadores. 1.1 Indicador de satisfação e fidelidade do cliente Um KPI de satisfação do cliente é uma métrica usada pelas empresas para pontuar e rastrear a satisfação de seus clientes com o serviço, o produto e/ou a experiência. O objetivo final é determinar os fatores que afetam a satisfação do cliente e identificar as áreas de melhoria. Net Promoter Score – NPS é um indicador de satisfação do cliente, considerado altamente eficiente, daí ser o mais utilizado pelas firmas. Baseia-se em pesquisa em saídas de lojas, ou ainda e-mails para a prospecção de informações. O seu objetivo é medir, em uma escala de 0 a 10, a probabilidade de o cliente indicar o produto ou serviço da firma para algum amigo, familiar ou colega de trabalho. Assim, quanto maior o score do NPS, maior a satisfação do cliente. Esse indicador evidencia a qualidade do serviço em relação ao produto consumido. Assim, é possível analisar a fidelidade dos clientes no longo prazo, além do percentual de clientes detratores, aqueles que reclamam da marca, produto ou serviço, espalhando a sua insatisfação. Por fim, podemos averiguar a parcela de clientes passivos, aqueles que praticamente não se manifestam, de modo que estão no limiar para uma mudança de marca, produto ou serviço. As pesquisas são o carro chefe para a prospecção de informações sobre os clientes, pois uma pesquisa direta com os consumidores, de forma objetiva, é certamente a melhor fonte de dados para montar um plano de ação para oferecer melhorias para o produto ou serviço. Por exemplo: “Qual a chance de você indicar o nosso produto a uma outra pessoa, em uma escala de 0 a 10?” 4 Figura 1 – Indicador de qualidade do serviço ou produto da firma Crédito: Sérgio Luiz Pirani/SLIDEGO. O cálculo é bastante simples, tendo por base “Muito provável”, “Detratores” e “Passivos”. As pessoas que pontuaram 10 são “promotoras”, estando na classificação de “muito provável”; as pessoas que pontuaram de 0 a 6 são “detratoras”; e quem pontua de 7 a 9 é “passivo” A frequência da utilização desse tipo de indicadores depende da necessidade ou da política de empresa, mas comumente a pesquisa é feita com frequência de 3 a 6 meses. 1.2 Indicador de eficiência O indicador de eficiência permite detectar o desperdício de recursos humanos, capital e insumos, considerando por exemplo, o que reduz a produtividade da empresa. A eficiência está focada no processo, com reflexo indireto nos clientes. Alguns pontos interferem nesse indicador: • Horas de trabalho por produto produzido; • Quantidade de capital financeiro gasto para a execução de uma determinada atividade; • Número de horas em que o trabalho de uma equipe é interrompido ou uma máquina é desligada. 5 Martins e Laugeni (2002, p. 417) descrevem os seguintes elementos da qualidade dos serviços: confiabilidade, cortesia, comunicação, capacidade para atender as necessidades do cliente, fácil utilização, credibilidade, competência, segurança e rapidez na resposta. Afirmam ainda que esses elementos são independentes uns dos outros, mas abrangem o que os clientes esperam na prestação de serviços. 1.3 Indicador de segurança e saúde ocupacional no trabalho Tais indicadores fornecem informações sobre a saúde e a segurança dos trabalhadores em uma empresa, aspectos observados pelos clientes contratantes dos serviços ou produtos da empresa. O indicador de saúde ocupacional é uma medida de doença ou lesão relacionada ao trabalho, ou ainda um fator associado à saúde ocupacional, como exposições, riscos ou intervenções no local de trabalho, em um certo grupo de força de trabalho. Tais indicadores abarcam um conjunto de medidas utilizadas para monitorar a saúde dos trabalhadores de uma empresa. Existem vários indicadores nessa área, que destacam um fator de risco ou categoria de lesão ou doença que possa ser rastreada ao longo do tempo (Maryland, 2023). Os indicadores de saúde ocupacional fornecem informações e criam históricos de acidentes ou doenças dentro de uma organização. Assim, uma empresa, com a gestão amparada pela CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, monitora e relata os tipos e as frequências de acidentes e suas causas, para que possa tomar atitudes de melhoria em termos de qualidade de trabalho para os funcionários. Figura 2 – CIPA A CIPA tem como objetivo garantir a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar o trabalho permanentemente compatível com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. 6 A CIPA é composta de representantes do empregador e dos empregados. Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, serão designados por eles. A CIPA obedece às políticas de segurança impostas pela organização, uma vez que as suas operacionalizações são distintas e que o sistema de segurança dos trabalhadores é dado conforme o ramo da atividade. Nesse contexto, a CIPA, em sua generalidade, tem como atribuição monitorar e identificar riscos em processos e estações de trabalhos, considerando a ergonomia das atividades de trabalho. Com as informações pertinentes às monitorias e análises das condições de trabalho, a CIPA constrói um mapeamento de riscos, considerando o maior número de trabalhadores possível. Junto com os gestores das áreas e a administração geral, são estudados e implantados um plano de trabalho que facilita a ação preventiva da CIPA para a solução de problemas ligados à saúde ocupacional dos trabalhadores. A participação direta dos trabalhadores tem grande importância, pois eles vivenciam o dia a dia das operações laborais, de modo que podem fornecer as melhores informações, o que auxilia na implementação e no controle de qualidadecom relação a medidas preventivas contra acidentes, possibilitando ainda melhores avaliações dos locais de trabalho para que seja possível priorizar as ações preventivas. Essas ações incluem: • Medir a saúde de linha de base dos grupos de trabalhadores; • Identificar tendências e padrões de lesões, doenças e mortes relacionadas ao trabalho; • Identificar áreas problemáticas que requerem atenção; • Reduzir lesões evitáveis no local de trabalho; • Aumentar a consistência e a disponibilidade de dados de vigilância de doenças ocupacionais e lesões. Lesões, doenças e mortes relacionadas ao trabalho são evitáveis. Afinal, com o rastreamento de incidentes relacionados ao trabalho, podemos entender mais profundamente os problemas que, embora não estejam explícitos, acarretam acidentes laborais. Esse processo de rastreamento ajuda a orientar os esforços, para evitar incidentes futuros e melhorar a saúde e a segurança nos locais de trabalho. 7 O sistema preventivo de acidente é importante porque os resultados se refletem diretamente na qualidade do produto, como também na capacidade produtiva do trabalhador, ajudando, por exemplo, a combater o absenteísmo e a evitar custos adicionais por afastamento de funcionários. TEMA 2 – MODELO DOS 5 GAPs O modelo dos 5 Gaps foi proposto primeiramente por A. Parasuraman, Valarie Zeithaml e Leonard L. Berry, em 1985. O modelo Gap de qualidade de serviço ajuda a empresa a entender a satisfação do cliente. Na indústria de serviços, o modelo Gap é amplamente utilizado para a compreensão dos vários desvios que ocorrem no processo de entrega de serviços a clientes em potencial. Esse modelo cria um roteiro para o processo geral de entrega de serviços, buscando identificar lacunas entre os processos, para que o modelo completo funcione de maneira eficiente e eficaz. O modelo GAP de qualidade de serviço ajuda a identificar as lacunas entre o serviço percebido e o serviço esperado. O modelo dos 5 Gaps de qualidade de serviço ajuda a identificar as lacunas (gaps) entre o serviço percebido e o serviço esperado pelo cliente. Vejamos quais são os cinco Gaps percebidos no processo de prestação de serviços. • Gap 1: lacuna entre a percepção da gerência e a expectativa do cliente. Essa lacuna surge quando a administração ou o prestador de serviços não analisa corretamente o que o cliente deseja ou precisa. Também surge por conta da comunicação insuficiente entre funcionários de contato e gerentes. Falta de segmentação de mercado. Essa lacuna está ligada à falta de pesquisa de mercado. • Gap 2: lacuna entre a especificação da qualidade do serviço e a percepção da gerência. Essa lacuna surge quando a administração ou o provedor de serviços consegue compreender corretamente o que o cliente exige, mas não é capaz de definir um padrão de desempenho. Pode ser fruto de um design de serviço ruim, evidências físicas inadequadas ou um processo não sistemático de desenvolvimento de novos serviços. • Gap 3: lacuna entre a especificação da qualidade do serviço e a entrega do serviço. Esta lacuna pode surgir em situações pertinentes ao pessoal de serviço. Pode ocorrer por conta de treinamento inadequado, 8 incapacidade ou falta de vontade de atendimento aos padrões de serviço estabelecidos. Pode estar ligada a sistemas inadequados de avaliação e compensação. O recrutamento ineficaz é a principal causa dessa lacuna. A falha de combinar a oferta com a demanda pode acabar criando essa lacuna. Destaque também para a falta de capacitação, controle percebido e estrutura. • Gap 4: lacuna entre a comunicação externa e a prestação dos serviços. As expectativas do consumidor são altamente influenciadas pelas declarações dos representantes das empresas e pelos anúncios. Essa lacuna surge quando essas expectativas não são atendidas no momento de entrega do serviço. • Gap 5: lacuna entre o serviço experiente e o serviço esperado. Surge quando o consumidor não entende a qualidade do serviço. Por exemplo, um gerente de restaurante pode continuar visitando o seu consumidor para garantir a qualidade e a satisfação do consumidor, mas o consumidor pode interpretar esse fato como indicação de que algo está errado no serviço prestado pela equipe do restaurante. A qualidade de serviço é definida como avaliação do serviço prestado em relação às expectativas do consumidor. Ajuda a avaliar desvios durante a entrega dos serviços a clientes em potencial. 9 Figura 3 – Interrelações entre as lacunas (gaps) Fonte: Pirani, 2023. As empresas que atendem ou superam as expectativas dos clientes são consideradas prestadoras de serviços de alta qualidade. A qualidade do serviço define o poder de retenção da empresa com relação tange aos clientes. Essa medida é o melhor indicador de qualidade dos serviços de uma empresa, pois considera a retenção de clientes. TEMA 3 – INDICADOR DE EFICIÊNCIA E PRODUTIVIDADE A quantidade de métricas para uma determinada empresa depende do que a empresa fornece (bens ou serviços), do setor de atividade, de seu tamanho, entre outros fatores. O indicador de eficiência avalia os recursos necessários para realizar a produção. A empresa deve sempre se atentar a esse indicador, pois com essas informações é possível identificar desperdícios que devem ser evitados, permitindo maior produtividade e economia. Uma informação importante para esse indicador é a quantidade de vezes que algo precisa ser refeito ou quanto de recurso é utilizado durante um processo, uma vez que esses fatores afetam diretamente o orçamento e os 10 cronogramas de entrega. Para determinar esse KPI, as empresas de um modo geral dispõem de softwares que auxiliam na gestão de produção, na aquisição de materiais etc. A produtividade pode ser descrita como eficiência com que pessoas, empresas, indústrias ou economias inteiras convertem insumos em produtos de forma sinergética. Podemos inferir, assim, que a produtividade agregada de todos os indivíduos em uma empresa é uma expressão de sua produtividade. A produtividade agregada de todas as empresas de um setor representa a produtividade do próprio setor. Além disso, a produtividade agrupada de todas as indústrias de uma economia é uma expressão da produtividade da economia. Uma métrica de produtividade é uma medida que expressa parte ou toda a produção da empresa em termos de entrada. Algumas métricas comuns são: receita por funcionário, satisfação do cliente, número de peças produzidas, tempo de inatividade, taxa de rotatividade de funcionários, taxa de utilização de mão de obra e margem bruta ou lucro bruto. É importante que a empresa tenha um indicador de produtividade, porque essa métrica indica se a empresa é competitiva no mercado em relação aos seus concorrentes. Por exemplo, se os produtos da empresa apresentam similares no mercado, com o mesmo nível de qualidade; se a empresa for mais produtiva, com uma gestão enxuta ou se valendo de menos recursos; ou ainda produzindo bens ou serviços com maior eficiência; ela poderá ter vantagem competitiva em relação aos custos de produção, e assim a eficiência em produtividade poderá proporcionar, por exemplo, maiores margens de lucro. As métricas específicas de fabricação, como precisão na separação de pedidos, remessas no prazo e taxa de rotatividade de estoque, que evidenciam quantas vezes a empresa vendeu e substituiu (ou seja, girou o estoque durante um determinado período), são os indicadores mais usuais. É interessante frisar que o tempo é um forte indicador de produtividade, uma vez que aumentar a produtividade na mesma proporção de tempo é um indicador de ganho, ainda que esse fator deva ser considerado com cautela, uma vez que um tempo curto pode implicar erros constantes, situação que anula os ganhos. O universo de métricas de produtividade é enorme, assim comoacontece com os diferentes ramos de atividades das organizações. Porém, algumas métricas generalizadas são aplicáveis nos vários ramos de atividades, com destaque para as seguintes: 11 • Projetos concluídos: definição básica de produtividade em empresas de manufatura. O mesmo “trabalho” é executado repetidamente com pouca variação. Esse cálculo é um exercício de contagem simples: quantos trabalhos a empresa concluiu em um determinado período (trabalhos concluídos divididos por período), considerando logicamente a complexidade de cada projeto. • Vendas. rendimentos gerados com a venda de bens ou serviços a clientes. O número de clientes em relação às vendas convertidas é um indicador básico. É importante salientar que vendas e receitas são fatores diferentes, uma vez que as empresas apresentam fontes de receita suplementares, como juros e outras taxas. A fórmula para calcular as vendas é: Vendas = Preço de cada produto ou serviço x Quantidade de unidades/Serviços vendidos • Crescimento das vendas: as vendas informam como a empresa está em termos absolutos. O crescimento das vendas é uma métrica vital, pois revela como a empresa está em relação aos anos anteriores. A fórmula para calcular o crescimento ano a ano é: Crescimento das vendas = Vendas deste ano – Vendas do ano passado / Vendas do ano passado x 100 ou: Crescimento das vendas = (Vendas deste ano / Vendas do ano passado) – 1 x 100 • Receita por empregado: este é outro KPI básico, que oferece uma indicação do quanto custa administrar uma empresa, ou quanto ela gera de receitas por funcionário. Essa métrica é usada para comparar empresas do mesmo setor, bem como para comparar a lucratividade de diferentes setores. A fórmula para calcular a receita por funcionário é: Receita por funcionário = Receita total dos últimos 12 meses / Número atual de funcionários em tempo integral 12 • Custo total da força de trabalho (CTFT): geralmente, é calculado como a soma dos custos de mão de obra de uma empresa, considerando todos os salários pagos aos funcionários da empresa, mais benefícios, bônus de desempenho, impostos e seguros relacionados a pessoal, eventos, pagamento de férias, horas extras, treinamento, recrutamento etc. Isoladamente, não diz muito, então o cálculo considera uma porcentagem dos custos operacionais totais da empresa. A fórmula para calcular o CTFT é: CTFT = CTFT / Custos operacionais totais x 100 • Taxa de eficácia: existem três versões do índice de efetividade. São elas? Estoque, ativo e contas a receber. O índice de rotatividade de estoque é usado para determinar se as vendas são suficientes para “girar” ou utilizar o que está estocado. Em caso afirmativo, consideramos quantas vezes gira o estoque. A fórmula para calcular o índice (ou taxa) de giro de estoque é: Taxa de rotatividade de estoque = CPV / Estoque médio • Índice de rotatividade de ativos: corresponde aos bens e direitos que a empresa apresenta, valor que pode ser convertido em dinheiro. É usado para determinar se a empresa usa os seus ativos de forma eficiente. A fórmula para calcular o índice de giro do ativo é: Taxa de rotatividade de ativos = Receita / Total de ativos TEMA 4 – SELEÇÃO DE FORNECEDORES Para avaliar a qualidade de um produto ou serviço, precisamos considerar mais do que somente a empresa e os seus processos. Afinal, os fornecedores estão diretamente ligados com a qualidade dos produtos e serviços de uma empresa. Assim, a importância da seleção de fornecedores é um fator estratégico para as organizações, que estão a cada dia mais exigentes em relação ao perfil dos fornecedores que compõem a cadeia de suprimentos. Segundo Caroline (2023), uma cadeia de suprimentos robusta é a espinha dorsal de um negócio de sucesso. Independentemente do setor em que você atua, os relacionamentos com os fornecedores são essenciais. Contar com bons 13 fornecedores ajuda a minimizar os custos operacionais, garantindo agilidade nos cronogramas de produção, sem prejudicar a qualidade dos produtos. Com um processo de seleção de fornecedores eficaz, você pode superar os riscos, melhorar a visibilidade, em todas as etapas das operações, e gerar vantagem competitiva para os produtos e serviços. Com isso, podemos inferir que os fornecedores determinam muitos dos custos da qualidade do negócio da empresa, o que pode impactar significativamente a qualidade do produto. O relacionamento com o fornecedor deve ser o mais transparente possível, estabelecendo uma relação de ganho para ambos, alicerçada na confiança das relações, pois o fornecedor pode ser um fator de sucesso ou de fracasso em uma organização. Muitos riscos devem ser enfrentados por ambas as partes, comprador e fornecedor. Por conta disso, a transparência e a confiança são importantes nas relações. Assim, o que precisamos considerar ao selecionar os fornecedores, para evitar problemas futuros? Alguns indicadores generalizados são eficientes para essa tarefa, porém cabe à cada organização, conforme a necessidade, criar indicadores capazes de suprir as suas necessidades. Destacamos seis indicadores que podem auxiliar na seleção de fornecedores, pois ajudam a minimizar os impactos da falta de qualidade do produto ou do serviço da empresa: • Preço: embora o preço não seja o principal motivo da escolha de um fornecedor, sempre deve ser levado em conta, pois impacta diretamente no custo do produto. Assim, estratégias de compras ou a formação de parcerias são formas de contornar esse indicador. Uma estratégia de compras (por exemplo, por lotes econômicos) pode ser uma alternativa. Por outro lado, se a empresa não for grande, ela poderá formar uma central de compras por grupos de compradores, para garantir o volume necessário e uma melhor negociação. Na atualidade, grandes empresas optam para parcerias de longo prazo, em detrimento dos preços, pois no final dos processos, as parcerias oferecem menores custos. Além disso, nesse caso há uma forte relação de confiança, com trocas de conhecimentos e tecnologias entre os participantes da cadeia. Nesse âmbito, cabe ainda analisar o indicador de custo-benefício. • Qualidade: a qualidade dos negócios do fornecedor é consistente? Qual é a qualidade do serviço e da comunicação? A qualidade do fornecedor 14 impacta diretamente a reputação da empresa, mas não a dele. Assim, a qualidade está relacionada à habilidade e capacidade do fornecedor de atender as demandas da organização. Precisamos considerar, aqui, a cadeia a jusante (clientes), pois entregas inconsistentes ajudam a repercutir na qualidade dos produtos e serviços da empresa. Afinal, o consumidor não quer saber quem são os fornecedores, pois ele consome um produto que tem como referência um fabricante. • Amostras de produtos do fornecedor: é sempre importante considerar amostra como indicador de qualidade, pois só assim comprovamos, com dados técnicos, a qualidade do que está sendo fornecido. Assim, a habilidade técnica é essencial nesse requisito. • Confiabilidade: os riscos são inerentes a esse requisito, portanto precisamos analisar se o fornecedor entregar o que foi prometido no prazo. Ele é capaz de suprir as necessidades e quantidades corretamente? O indicador de desempenho do fornecedor deve ser sempre revisto, para criar um histórico e uma média de atrasos (quando existem). Só assim a empresa terá um índice de confiabilidade pertinente. O indicador pode se basear no número dos pedidos e nas datas de entrega em relação às datas previstas. • Comunicação: esse indicador não se resume a considerar uma comunicação confiável, pois abarca também a tecnologia do fornecedor, considerando se atende às necessidades da empresa. Afinal, um comprador, por exemplo, trabalha com um sistema integrado de gestão, como um Enterprise Resource Planning – ERP, e com um sistemade compras via Electronic Data Interchange – EDI, que é um sistema de trocas de dados de forma eletrônica altamente confiável. Assim, nesse requisito, o pareamento tecnológico deve ser compatível entre ambas as partes. A pronta resposta por outros meios de comunicação, como e-mail, Whatsapp e telefone, também deve ser levada em conta nesse quesito, pois um tira dúvidas de urgência demanda rapidez. Assim, um canal direto deve ser estabelecido entre as partes. • Estabilidade financeira: antes de iniciar um relacionamento com o fornecedor, a situação financeira deve ser avaliada com cautela. Esse é um importante indicador, pois pode afetar a capacidade da empresa de oferecer suporte ao cliente. A análise das demonstrações financeiras 15 desempenha um papel importante nessa avaliação. É importante incluir informações sobre gestão, experiências e instalações. O diretor de compras é peça central nesse processo, pois é o responsável por recuperar e analisar os relatórios das demonstrações financeiras e a política de preços, implementando as ferramentas de análise de relação com o balanço patrimonial e as demonstrações de resultado do fornecedor. • Capacidade operacional e técnica: a capacidade operacional é uma das principais considerações quando selecionamos um fornecedor, pois esse indicador garante a sincronização de pedidos com a produção em andamento das operações. A análise da capacidade operacional do fornecedor considera a capacidade disponível do fornecedor para atender a uma organização, uma vez que também fornece produtos para outras empresas. Assim, esse indicador consiste na capacidade de manutenção do estoque, considerando capacidade de mão de obra e capacidade de maquinário do fornecedor em favor da empresa. Avaliar a tecnologia e a capacidade técnica é um outro indicador determinante para a escolha do fornecedor, pois envolve a sua capacidade de desenvolver novos produtos, procedimentos e avanços tecnológicos. A avaliação da capacidade técnica do fornecedor abarca padrões de conformidade, invenção, inovação, equipamento técnico e capacidades científicas. TEMA 5 – SEIS GRANDES PERDAS As seis grandes perdas estão relacionadas ao conceito e à prática de categorização da produtividade em relação à efetividade do uso do equipamento. As seis grandes perdas têm origem na Manutenção Produtiva Total (Total Produtive Maintenance – TPM). Seiichi Nakajima desenvolveu o TPM e as seis grandes perdas em 1971, quando trabalhava no Instituto Japonês de Manutenção de Plantas. Nakjima caracterizou a manutenção como responsabilidade de todos os funcionários. Além disso, a TPM deve ser realizada por meio de atividades em pequenos grupos, com o objetivo de maximizar a eficácia do equipamento. Tais perdas se alinham diretamente com o Overall Equipment Effectiveness – OEE, ou Eficiência Global do Equipamento, fornecendo um nível adicional e acionável de detalhes sobre as perdas de OEE. As seis grandes 16 perdas tradicionais são: falha de equipamento, configuração e ajustes, ciclos lentos e pequenas paradas, velocidade reduzida, defeitos de processo e rendimento reduzido. As nomenclaturas normalmente utilizadas são: paradas não planejadas, paradas planejadas, pequenas paradas, ciclos lentos, rejeições de produção e rejeições de inicialização. Cada aspecto se relaciona diretamente a um dos três fatores OEE, como descreve a figura a seguir. Figura 4 – Seis grandes perdas Fonte: Pirani, 2023. Considerar as seis grandes perdas, na gestão da qualidade da produção, auxilia a garantir um alinhamento com a manufatura discreta (produtos com características altamente customizadas, com início e fim bem definidos e baixos volumes de produção), de forma constante, a partir de uma visão pormenorizada sobre a perda de equipamentos superior ao OEE. Como as seis grandes perdas são derivadas da Manutenção Produtiva Total (TPM), cada perda é mapeada para um conjunto específico de contramedidas – ou seja, essas medidas fornecem uma base para ações mais eficazes. Analisando atentamente as seis grandes perdas, percebemos que elas convergem com os três fatores OEE (perda de disponibilidade, perda de desempenho e perda de qualidade). Portanto, as ações para lidar com essas perdas se traduzem diretamente em uma redução nas três perdas citadas no OEE. Por outro lado, a pontuação OEE apresenta melhorias, o que indica que o processo de fabricação será mais eficiente. Dessa forma, focar na mitigação das seis grandes perdas é o início para garantir melhorias nos processos. Vejamos os indicadores dessas perdas em detalhes: 17 • Paradas não planejadas: grandes períodos em que o equipamento deveria produzir, conforme a programação, porém não funciona, devido a um fenômeno qualquer. Os exemplos incluem quebras de equipamentos, falhas de ferramentas, falta de planejamento em manutenção, absenteísmo de operadores ou falta de materiais, além de equipamentos insuficientes. • Paradas planejadas: paradas planejadas são períodos em que o equipamento está programado para produção, mas não funciona, devido a um evento planejado, como trocas, ajustes de ferramentas, limpeza, manutenção planejada e inspeções de qualidade. O índice de disponibilidade ID está relacionado com as perdas 1 e 2, podendo ser definida da seguinte forma: 𝐼𝐼𝐼𝐼 = 𝑇𝑇0 𝑇𝑇𝑇𝑇𝐼𝐼 o ID – Índice de disponibilidade o To – Tempo de operação o TTD – Tempo total disponível TTD = Dp – Pp To = TTD – PQ ou ainda To = TTD – (P1 – P2) o Dp – Disponibilidade possível o Pp – Paradas programadas o PQ – Paradas por quebras e por ajustes o P1 – Paradas não planejadas o P2 – Paradas planejadas • Pequenas paradas: ocorrem quando o equipamento fica parado por um curto período (apenas alguns minutos). A parada é solucionada pelo operador. As pequenas paradas costumam ser crônicas. O mesmo problema pode ocorrer em dias diferentes. Alimentação errada do equipamento, excesso de material na alimentação do equipamento, configurações erradas, sensores desajustados etc. 18 • Ciclos lentos: ocorrem quando o equipamento funciona mais lentamente do que o tempo de ciclo ideal (o tempo teórico mais rápido possível para fabricar uma peça). Isso pode ocorrer, por exemplo, por conta dos seguintes fatores: equipamentos sujos ou desgastados, lubrificação deficiente, materiais abaixo do padrão, más condições ambientais, inexperiência do operador, inicialização e desligamento. O índice de eficiência do equipamento está relacionado às perdas 3 e 4, podendo ser assim calculado por 𝐼𝐼𝐼𝐼 = 𝑇𝑇0 − (𝑃𝑃3 + 𝑃𝑃4) o IE – Índice de eficiência o TO – Tempo de operação o P3 – Perda 3 (pequenas paradas) o P4 – Perda 4 (ciclos lentos) • Produção rejeitada: peças defeituosas consideradas como rejeitos de produção. Nesse contexto, temos peças que podem ser remanufaturadas. Consideramos ainda configurações erradas da máquina e erros de manipulação por parte do operador. • Perdas na inicialização: rejeitos de inicialização são peças defeituosas produzidas quando a máquina é ligada, até que aconteça a estabilização da produção. Isso pode acontecer após o setup de qualquer máquina, mas é mais comum após as trocas. Exemplos incluem: trocas abaixo do padrão ideal, equipamentos que necessitam de tempo padrão para aquecimento, ou equipamentos que criam desperdício após o setup. O Índice de Qualidade – IQ é inerente às perdas 5 e 6: IQ = QIC – (P5 + P6) / QIC o IQ – Índice de qualidade o QIC – Qualidade de itens conformes o P5 – Produção rejeitada o P6 – Perdas na inicialização A vantagem de utilizar o conceito das seis grandes perdas é que, em curto prazo, seus indicadores fornecem informações adicionais que se alinham e se estendem ao Overall Equipment Effectiveness – OEE ou à Eficiência Global do 19 Equipamento. Nolongo prazo, as Seis Grandes Perdas facilitam a identificação de contramedidas eficazes para perdas baseadas em equipamentos. Assim, para compreender melhor esses indicadores de qualidade, vamos avaliar o OEE a seguir. 5.1 Índice OEE OEE (Overall Equipment Effectiveness), ou Eficiência Global do Equipamento, é uma métrica que identifica a porcentagem do tempo de produção planejado efetivo, ou seja, o que de fato é produzido. O OEE foi desenvolvido para apoiar as iniciativas da Manutenção Produtiva Total (Total Productive Maintenence – TPM), que faz parte dos conceitos de qualidade total, intrínseco ao programa de melhoria contínua. Os índices OEE são espelhados dessa forma para uma leitura da eficiência global dos equipamentos de uma empresa: • Uma pontuação OEE de 100% é uma produção perfeita; • Uma pontuação OEE de 85% é de classe mundial para fabricantes discretos; • Uma pontuação OEE de 60% é bastante típica para fabricantes discretos; • Uma pontuação OEE de 40% não é incomum para fabricantes sem TPM e/ou programas enxutos São pressupostos três componentes para o OEE, cada um com o mapeamento de uma das metas de manutenção produtiva total. Cada um dos componentes leva em conta um tipo diferente de perda de produtividade, como apresenta a figura a seguir. 20 Figura 5 – Quadro de componentes, objetivos da TPM e tipo de perda de produtividade Fonte: Pirani, 2023. Para compreender melhor os requisitos do OEE e analisar como a Manutenção Produtiva Total se alinha ao OEE, vamos nos aprofundar um pouco mais sobre a TPM. 5.2 Manutenção Produtiva Total TPM (Total Productive Maintenance) é uma abordagem com uma visão holística para a manutenção de equipamentos. Ela se esforça para alcançar uma produção perfeita: sem avarias, sem pequenas paradas ou lentidão e sem defeitos. Dessa forma, envolve os operadores na manutenção de seus próprios equipamentos, enfatizando a manutenção proativa e preventiva e estabelecendo uma base de produção aprimorada (menos quebras, paradas e defeitos). Esse é o principal objetivo da TPM. Ela enfatiza a manutenção proativa e preventiva para maximizar a eficiência operacional do equipamento, obscurecendo a distinção entre as funções de produção e de manutenção, com ênfase na capacitação dos operadores, para ajudar na manutenção dos equipamentos. A manutenção produtiva total visa atingir o que se pode chamar de zero falha ou zero quebra. Isto é, uma situação aparentemente impossível, de que 21 nenhum equipamento venha a quebrar em operação (Martins; Laugeni, 2002, p. 352). Assim, a implementação de um programa TPM cria uma responsabilidade compartilhada pelo equipamento, incentivando um maior envolvimento dos trabalhadores do chão de fábrica, o que pode ser eficaz para a melhoria da produtividade (aumenta o tempo de utilização do equipamento, reduz os tempos de ciclo e elimina defeitos). A TPM se sustenta em oito pilares: • Foco na melhoria: primeiro pilar do TPM, que busca priorizar a melhoria contínua. Para evitar perda de equipamentos, talentos, matérias-primas e energia, toda a equipe deve compartilhar essa visão. A equipe deve ser proativa, disposta a experimentar novos métodos. • Autonomia: indica que cada equipe é um agente de manutenção autônomo. Todos têm autonomia para limpar, inspecionar e contribuir com a manutenção dos bens com os quais trabalham. Isso garante que cada peça do equipamento seja cuidada, melhorando a detecção precoce de falhas e liberando os técnicos de manutenção para tarefas mais pesadas. • Manutenção da qualidade: um dos maiores objetivos do TPM é fabricar produtos com defeito zero, o que sem dúvida contribui para a satisfação do cliente. Assim, a gestão da qualidade e a implementação de processos internos ligados ao controle de qualidade é um outro pilar. • Manutenção planejada: seja ela reativa ou preventiva, trata-se do melhor método de evitar paradas dos equipamentos. A ideia é manter todos os ativos funcionando para garantir a qualidade e evitar reclamações de clientes. A manutenção programada deve ser realizada após o horário normal de trabalho. • Manutenção antecipada de equipamentos: na hora de escolher novos equipamentos ou desenvolver novos produtos, as experiências anteriores podem facilitar a manutenção. • Treinamento e educação: TPM requer investimento em treinamento e educação, gerando conhecimento técnico e maior confiança nas manutenções. Assim, o treinamento contínuo é a melhor forma de garantir que os técnicos estejam familiarizados com os novos equipamentos e com o que há de mais moderno no setor. • Segurança, saúde e meio ambiente: a ideia é zerar os acidentes de trabalho, a poluição e o esgotamento. Uma boa gestão da manutenção 22 não apenas evita acidentes durante as atividades de manutenção, como também contribui para o bem-estar e a segurança de todos os trabalhadores. • Escritório TPM: os trabalhadores administrativos e os gerentes também devem contribuir. Todos, sem exceção, devem ser proativos e focados em melhorias. FINALIZANDO Nesta etapa final, enfatizamos os indicadores em serviços. No primeiro tópico, estudamos os indicadores de satisfação e fidelidade do cliente, os indicadores de eficiência e o indicador de segurança e saúde ocupacional no trabalho. Depois, abordamos os 5 Gaps, ou lacunas, que devem ser superados para satisfazer os clientes. Vimos ainda os indicadores de eficiência e de produtividade nas organizações. Para garantir a eficiência em produtividade, os fornecedores são peças-chaves no processo. Daí a importância de abordar os indicadores para a seleção de fornecedores, pois eles são estratégicos para o sucesso de um negócio. Finalizamos com as seis grandes perdas, em uma sequência de abordagens que completam o tema, a exemplo do índice OEE – Overall Equipment Effectiveness, que trata da eficiência global dos equipamentos em uma empresa, o que só é possível com uma filosofia de manutenção produtiva total. 23 REFERÊNCIAS CAROLINE, G. Seleção de fornecedores: 10 critérios para avaliar antes de fechar negócio. Wehandle, 2023. Disponível em: <https://wehandle.com.br/selecao-de-fornecedores/>. Acesso em: 19 jan. 2023. LAPAAS. Gap Model of Service Quality (5 Gap Model). 2019. Disponível em: <https://lapaas.com/gap-model-of-service-quality/>. Acesso em: 19 jan. 2023. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da Produção. São Paulo: Saraiva, 2002. MARYLAND. Department of Health. Occupational Health Indicators. Disponível em: <https://health.maryland.gov/phpa/OEHFP/EH/Pages/Occupational-Health- Indicators.aspx>. Acesso em: 19 jan. 2023. Conversa inicial FINALIZANDO REFERÊNCIAS
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