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Indaial – 2022 Orgânica Prof. Alexsandro Nunes Colim 1a Edição FundamentOs da Química Copyright © UNIASSELVI 2022 Elaboração: Prof. Alexsandro Nunes Colim Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: C696f Colim, Alexsandro Nunes Fundamentos da química orgânica. / Alexsandro Nunes Colim – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 242 p.; il. ISBN 978-65-5663-774-7 ISBN Digital 978-65-5663-775-4 1. Química Orgânica. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 540 Prezado acadêmico, seja muito bem-vindo à disciplina de Fundamentos da Química Orgânica. Neste livro, veremos que, ao longo da evolução humana, buscamos entender sua própria existência. Por muitos anos, um dos nossos principais questionamentos foi direcionado à compreensão da formação do universo, da natureza, dos objetos e da matéria que nos cercam. Nessa jornada, filósofos e cientistas entrelaçaram seus questionamentos e conhecimentos. No século XVII, a química já despontava como uma importante área de investigação científica, mas foi no final do século XVIII que a química orgânica revelou grandes conhecimentos à humanidade. O objetivo deste livro é facilitar o entendimento dos principais conceitos que norteiam a química orgânica e elucidar seu papel no dia a dia. Para que os conteúdos sejam abordados de maneira clara, este material foi dividido em três unidades. Na Unidade 1, faremos um sobrevoo na história da química orgânica, entrando em contato com as personalidades que influenciaram e determinaram a base do conhecimento que, hoje, temos disponível. Além disso, estudaremos alguns aspectos gerais sobre o carbono, elemento central da química orgânica, e conceitos fundamentais para a compreensão estrutural das cadeias carbônicas. Será apresentada uma introdução da nomenclatura de compostos orgânicos e do estudo das funções orgânicas, com destaque aos compostos formados (exclusivamente) por átomos de carbono e hidrogênio, chamados de hidrocarbonetos. Na Unidade 2, estudaremos as funções orgânicas, porém, dando enfoque aos compostos oxigenados (álcoois, fenóis, éteres, ésteres, aldeídos, cetonas e ácidos carboxílicos). Além disso, veremos as funções orgânicas nitrogenadas: anina, amida, nitrila e nitro compostos. Ainda estudaremos os haletos orgânicos e os compostos sulfurados. Para facilitar o aprendizado, ao final de cada grupo de funções orgânicas, fizemos um resumo geral. Por fim, na Unidade 3, estudaremos algumas propriedades físicas, como geometria molecular, ponto de fusão, ebulição e densidade de compostos orgânicos. Além disso, estudaremos a isomeria (plana e espacial) e alguns tipos de reações químicas, comumente, utilizadas em química orgânica. Espero que você se comprometa nessa jornada pelo conhecimento. Bons estudos! Prof. Alexsandro Nunes Colim APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Você lembra dos UNIs? Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. 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SUMÁRIO UNIDADE 1 - CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA QUÍMICA ORGÂNICA ................................. 1 TÓPICO 1 - CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA QUÍMICA DO CARBONO ...............................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 HISTÓRIA DA QUÍMICA: UM SOBREVOO SOBRE A EVOLUÇÃO DA QUÍMICA ORGÂNICA .......4 3 ASPECTOS GERAIS SOBRE O ÁTOMO DE CARBONO ........................................................6 3.1 A TETRAVALÊNCIA DO CARBONO ..................................................................................................... 6 3.2 HABILIDADE PARA FORMAR MÚLTIPLAS LIGAÇÕES ...................................................................7 3.3 HABILIDADE PARA FORMAR LONGAS CADEIAS CARBÔNICAS ................................................8 3.4 CLASSIFICAÇÃO DOS ÁTOMOS DE CARBONO DE UMA CADEIA CARBÔNICA ..................... 9 4 ESTRUTURA ATÔMICA: COMPREENDENDO AS LIGAÇÕES QUÍMICAS DO CARBONO ...........10 4.1 ORBITAIS ATÔMICOS ............................................................................................................................ 11 4.1.1 Número quântico principal (n)................................................................................................. 13 4.1.2 Número quântico secundário ou azimutal (l) ..................................................................... 13 4.1.3 Número quântico magnético (m ou ml) .............................................................................. 13 4.1.4 Número quântico spin (s ou ms) ............................................................................................ 15 4.2 HIBRIDIZAÇÃO: CARBONO SP3, SP2 E SP .....................................................................................16 4.2.1 Hibridização: carbono Sp3 ........................................................................................................17 4.2.2 Hibridização: carbono Sp2 ..................................................................................................... 18 4.2.3 Hibridização: carbono Sp ....................................................................................................... 18 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 20 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 21 TÓPICO 2 - CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE COMPOSTOS ORGÂNICOS ................ 25 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 25 2 REPRESENTAÇÃO ESTRUTURAL DAS MOLÉCULAS ORGÂNICAS ............................... 25 2.1 FÓRMULA ELETRÔNICA ..................................................................................................................... 27 2.2 FÓRMULA ESTRUTURAL PLANA .................................................................................................... 27 2.3 FÓRMULA ESTRUTURAL SIMPLIFICADA ......................................................................................28 2.4 FÓRMULA CONDENSADA LINEAR ..................................................................................................28 3 CLASSIFICAÇÃO DE CADEIAS CARBÔNICAS ................................................................ 30 3.1 QUANTO AO FECHAMENTO DA CADEIA CARBÔNICA .................................................................30 3.2 QUANTO À DISPOSIÇÃO DOS ÁTOMOS NA CADEIA CARBÔNICA ...........................................32 3.3 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TIPO DE LIGAÇÃO ENTRE ÁTOMOS DE CARBONO ..............33 3.4 QUANTO À NATUREZA DOS ÁTOMOS PRESENTES NA CADEIA CARBÔNICA ......................34 4 RESUMO DA CLASSIFICAÇÃO DE CADEIA CARBÔNICA ................................................37 5 INTRODUÇÃO À NOMENCLATURA DE COMPOSTOS ORGÂNICOS ................................ 38 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 44 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 45 TÓPICO 3 - HIDROCARBONETOS ....................................................................................... 49 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 49 2 ALCANOS .......................................................................................................................... 49 2.1 A PRESENÇA DOS ALCANOS EM NOSSA VIDA .............................................................................50 2.2 NOMENCLATURA DOS ALCANOS ...................................................................................................50 3 ALCENOS E DIENOS ......................................................................................................... 55 3.1 A PRESENÇA DOS ALCENOS E DIENOS EM NOSSA VIDA..........................................................56 3.2 NOMENCLATURA DOS ALCENOS E DIENOS ................................................................................ 57 4 ALCINOS ........................................................................................................................... 60 4.1 A PRESENÇA DOS ALCINOS EM NOSSA VIDA ...............................................................................61 4.2 NOMENCLATURA DOS ALCINOS ......................................................................................................61 5 CICLANOS, CICLENOS E CICLINOS ................................................................................ 62 5.1 A PRESENÇA DOS CICLANOS, CICLENOS E CICLINOS EM NOSSA VIDA ...............................62 5.2 NOMENCLATURA DOS CICLANOS, CICLENOS E CICLINOS ......................................................63 6 HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS ............................................................................... 64 6.1 A PRESENÇA DOS HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS EM NOSSA VIDA ..............................65 6.2 NOMENCLATURA DOS HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS..................................................... 67 6.3 CLASSIFICAÇÃO DOS HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS ......................................................69 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................. 71 RESUMO DO TÓPICO 3 ......................................................................................................... 77 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................78 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 80 UNIDADE 2 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA QUÍMICA ORGÂNICA............................. 83 TÓPICO 1 — FUNÇÕES ORGÂNICAS OXIGENADAS ........................................................... 85 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 85 2 ÁLCOOIS ........................................................................................................................... 86 2.1 A PRESENÇA DOS ÁLCOOIS EM NOSSA VIDA ..............................................................................87 2.2 NOMENCLATURA DOS ÁLCOOIS .................................................................................................... 88 2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS ÁLCOOIS ......................................................................................................90 3 FENÓIS............................................................................................................................... 91 3.1 A PRESENÇA DOS FENÓIS EM NOSSA VIDA .................................................................................92 3.2 NOMENCLATURA DOS FENÓIS ........................................................................................................92 4 ÉTERES ............................................................................................................................. 94 4.1 A PRESENÇA DOS ÉTERES EM NOSSA VIDA ................................................................................94 4.2 NOMENCLATURA DOS ÉTERES .......................................................................................................95 5 ALDEÍDOS E CETONAS .....................................................................................................96 5.1 A PRESENÇA DOS ALDEÍDOS E CETONAS EM NOSSA VIDA ..................................................... 97 5.2 NOMENCLATURA DOS ALDEÍDOS E CETONAS ...........................................................................98 5.2.1 Nomenclatura IUPAC para aldeídos ......................................................................................98 5.2.2 Nomenclatura IUPAC para cetonas .....................................................................................99 6 ÁCIDOS CARBOXÍLICOS .................................................................................................102 6.1 A PRESENÇA DOS ÁCIDOS CARBOXÍLICOS EM NOSSA VIDA .................................................103 6.2 NOMENCLATURA DOS ÁCIDOS CARBOXÍLICOS ........................................................................104 7 RESUMO DAS FUNÇÕES OXIGENADAS .........................................................................107 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................108 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................110 TÓPICO 2 - DERIVADOS DE ÁCIDOS CARBOXÍLICOS E FUNÇÕES ORGÂNICAS NITROGENADAS ............................................................................................. 115 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 115 2 DERIVADOS DE ÁCIDOS CARBOXÍLICOS ...................................................................... 115 2.1 NOMENCLATURA DOS SAIS ORGÂNICOS .....................................................................................116 2.2 NOMENCLATURA DOS ÉSTERES ................................................................................................... 117 2.3 NOMENCLATURA DOS ANIDRIDOS ...............................................................................................119 2.4 NOMENCLATURA DOS CLORETOS DE ACILA ............................................................................120 2.5 RESUMO DA NOMENCLATURA DOS DERIVADOS DE ÁCIDOS CARBOXÍLICOS ..................121 3 FUNÇÕES ORGÂNICAS NITROGENADAS ......................................................................122 3.1 AMINAS ................................................................................................................................................ 122 3.1.1 A presença das aminas em nossa vida ............................................................................... 124 3.1.2 Nomenclatura das aminas .................................................................................................... 124 3.2 AMIDAS ............................................................................................................................................... 127 3.2.1 A presença das amidas em nossa vida .............................................................................. 127 3.2.2 Nomenclatura das amidas ...................................................................................................128 3.3 NITRILAS ............................................................................................................................................. 129 3.3.1 A presença das nitrilas em nossa vida ...............................................................................130 3.3.2 Nomenclatura das nitrilas .....................................................................................................131 3.4 NITROCOMPOSTOS ...........................................................................................................................131 3.4.1 A presença dos nitrocompostos em nossa vida ............................................................. 132 3.4.2 Nomenclatura dos nitrocompostos ................................................................................... 132 3.5 RESUMO DAS FUNÇÕES ORGÂNICAS NITROGENADAS .........................................................134 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................135 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 137 TÓPICO 3 - HALETOS ORGÂNICOS E COMPOSTOS SULFURADOS ................................ 141 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 141 2 HALETOS ORGÂNICOS ...................................................................................................142 2.1 A PRESENÇA DOS HALETOS ORGÂNICOS EM NOSSA VIDA ...................................................143 2.2 NOMENCLATURA DOS HALETOS ORGÂNICOS ..........................................................................144 3 COMPOSTOS SULFURADOS ...........................................................................................145 3.1 A PRESENÇA DOS COMPOSTOS SULFURADOS EM NOSSA VIDA .........................................146 3.2 NOMENCLATURA DE COMPOSTOS SULFURADOS ................................................................... 147 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................150 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................156 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 157 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................159 UNIDADE 3 — PROPRIEDADES FÍSICAS, ISOMERIA E REAÇÕES QUÍMICAS DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS ................................................................. 161 TÓPICO 1 — PROPRIEDADES FÍSICAS DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS ..........................163 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................163 2 ASPECTOS GERAIS SOBRE A ESTRUTURA DAS MOLÉCULAS ORGÂNICAS ...............163 2.1 GEOMETRIA MOLECULAR ................................................................................................................164 2.1.1 Modelo da repulsão dos pares eletrônicos da camada de valência (VSEPR) ........... 165 2.1.2 Geometria dos átomos de carbono .....................................................................................167 2.2 POLARIDADE DAS LIGAÇÕES COVALENTES .............................................................................168 2.3 INTERAÇÕES INTERMOLECULARES ............................................................................................. 171 2.3.1 Interações dipolo-dipolo permanente .............................................................................. 172 2.3.2 Ligação de hidrogênio ........................................................................................................... 173 2.3.3 Interações dipolos instantâneo-dipolo induzido ............................................................ 174 3 ESTADOS FÍSICOS DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS ...................................................... 176 3.1 PONTO DE EBULIÇÃO E PONTO DE FUSÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS .........................177 3.1.1 Ponto de ebulição e fusão de compostos orgânicos polares ........................................177 3.1.2 Ponto de ebulição e fusão de compostos orgânicos polares ......................................180 3.1.3 Ponto de fusão e ponto de ebulição dos compostos orgânicos com ligação de hidrogênio ............................................................................................................................181 3.2 SOLUBILIDADE DE COMPOSTOS ORGÂNICOS ..........................................................................183 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................185 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................187 TÓPICO 2 - ISOMERIA EM QUÍMICA ORGÂNICA ...............................................................189 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................189 2 ISOMERIA PLANA ............................................................................................................189 2.1 ISOMERIA DE CADEIA .......................................................................................................................190 2.2 ISOMERIA DE POSIÇÃO ...................................................................................................................190 2.3 ISOMERIA DE COMPENSAÇÃO .......................................................................................................191 2.4 ISOMERIA DE FUNÇÃO .....................................................................................................................191 2.5 TAUTOMERIA ......................................................................................................................................192 3 ISOMERIA ESPACIAL ......................................................................................................193 3.1 ISOMERIA GEOMÉTRICA .................................................................................................................. 194 3.1.1 Isomeria geométrica em compostos com ligação dupla ............................................... 194 3.1.2 Isomeria geométrica em compostos cíclicos ...................................................................198 3.2 ISOMERIA ÓPTICA ............................................................................................................................198 3.2.1 Luz natural e luz polarizada ..................................................................................................198 3.2.2 Luz polarizada e compostos (isômeros) orgânicos ....................................................... 199 3.2.3 Compostos quirais na natureza e efeitos fisiológicos dos enantiômeros............... 202 RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................... 204 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 205 TÓPICO 3 - REAÇÕES QUÍMICAS EM QUÍMICA ORGÂNICA ............................................ 209 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 209 2 REAÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO ....................................................................................... 209 2.1 SUBSTITUIÇÃO EM ALCANOS ........................................................................................................210 2.1.1 Halogenação ...............................................................................................................................211 2.1.2 Nitração ...................................................................................................................................... 212 2.1.3 Sulfonação ................................................................................................................................ 213 2.2 SUBSTITUIÇÃO EM COMPOSTOS AROMÁTICOS .......................................................................214 2.2.1 Halogenação aromática .........................................................................................................214 2.2.2 Nitração aromática ................................................................................................................. 215 2.2.3 Sulfonação aromática .......................................................................................................... 215 2.2.4 Alquilação e acilação de Friedel-Crafts ........................................................................... 216 3 REAÇÕES DE ADIÇÃO .....................................................................................................218 3.1 HIDROGENAÇÃO CATALÍTICA ......................................................................................................... 219 3.2 HALOGENAÇÃO ................................................................................................................................. 221 3.3 HIDRO-HALOGENAÇÃO ..................................................................................................................222 3.4 HIDRATAÇÃO..................................................................................................................................... 223 3.5 REAÇÕES DE ADIÇÃO EM COMPOSTOS AROMÁTICOS .......................................................... 224 3.6 REAÇÕES DE ADIÇÃO À CARBONILA .......................................................................................... 226 4 REAÇÕES DE ELIMINAÇÃO ........................................................................................... 229 4.1 DESIDROGENAÇÃO .......................................................................................................................... 229 4.2 DE-HALOGENAÇÃO ........................................................................................................................ 229 4.3 DESIDRO-HALOGENAÇÃO ............................................................................................................ 230 4.4 DESIDRATAÇÃO ................................................................................................................................. 231 4.4.1 Desidratação em álcoois ....................................................................................................... 231 4.4.2 Desidratação em ácidos carboxílicos ............................................................................... 232 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................. 234 RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................... 237 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 240 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 242 1 UNIDADE 1 - CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA QUÍMICA ORGÂNICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer a evolução histórica e o desenvolvimento da química orgânica; • compreender o papel central do elemento carbono na química orgânica e das ligações covalentes, assim como identificar e classificar os diferentes tipos de cadeias carbônicas; • identificar o que são hidrocarbonetos, reconhecer a ocorrência, a produção e as aplicações em nosso cotidiano dos hidrocarbonetos; • nomear corretamente os compostos orgânicos: alcanos, alcenos, dienos, alcinos, ciclanos e hidrocarbonetos aromáticos. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA QUÍMICA DO CARBONO TÓPICO 2 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE COMPOSTOS ORGÂNICOS TÓPICO 3 – HIDROCARBONETOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA QUÍMICA DO CARBONO 1 INTRODUÇÃO No decorrer de anos de investigações científicas, a química tem realizado impor- tantes contribuições para o avanço da humanidade. Os cientistas descobriram que, na natureza, são encontrados muitos elementos químicos e que é a partir da combinação deles que se tem a origem e a formação dos diferentes materiais e objetos disponíveis no dia a dia. Há cerca de 200 anos, o despontar da química orgânica aguçou a mente de uma importante parcela dos cientistas da época, embora tenha sido somente no final do século XIX que a química orgânica obteve grande destaque, influenciando a economia global. Atualmente, estima-se a existência de cerca de 20 milhões de compostos orgânicos, que participam de inúmeras funções vitais aos organismos animal e vegetal, além de comporem diversos materiais presentes no cotidiano, como medicamentos, corantes, cosméticos, produtos de higiene pessoal e limpeza doméstica, tintas, borrachas e produtos derivados do refino do petróleo (plástico, combustíveis e asfalto), entre outros. Todos possuem uma característica comum: são formados por átomos de carbono. No entanto, existem compostos (de origem mineral) que, apesar de possuírem o elemento carbono em sua constituição, são considerados inorgânicos, como o carbonato de cálcio (CaCO3), o dióxido de carbono (CO2), o hidrogeno-carbonato de sódio (NaHCO3), entre outros. Para facilitar o estudo de tantos elementos, elas foram divididas em funções orgânicas, agrupando substâncias similares de acordocom os átomos em suas estruturas, o que resulta em um comportamento químico semelhante. Algumas dessas funções orgânicas são: hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos, cetonas, ácidos carboxílicos, aminas, amidas, entre outros. Como é possível notar, a química orgânica oferece uma infinidade de substâncias, mas, mais do que isso, oferece as condições necessárias à compreensão das estruturas dos compostos orgânicos, o que permite entender seu comportamento químico e as reações químicas em que estão envolvidas, ou seja, um vasto conhecimento que pode ser utilizado em benefício do ser humano. Neste tópico, faremos um sobrevoo na história da química orgânica, entrando em contato com as personalidades que influenciaram e determinaram a base do conhecimento que, hoje, temos disponível. Estudaremos alguns aspectos gerais do átomo de carbono, elemento central da química orgânica, e aprofundaremos os orbitais atômicos, com a finalidade de compreendermos melhor como são originados os diferentes tipos de ligações realizadas pelo átomo de carbono. TÓPICO 1 - UNIDADE 1 4 A professora Lucia Helena Galvão é uma ilustre filósofa brasileira, que ministra palestras (disponíveis no YouTube, no canal Nova Acrópole Brasil) que nos convidam à reflexão, a revisitar o passado e a olhá-lo sob uma nova perspectiva. Para aprofundar o seu conhecimento sobre alquimia, assista à palestra A alquimia na Idade Média, disponível em: https://bit.ly/3Jw1ufI. DICAS 2 HISTÓRIA DA QUÍMICA: UM SOBREVOO SOBRE A EVOLUÇÃO DA QUÍMICA ORGÂNICA Há quem diga que a história da química teve início com o homem primitivo, ao dominar o fogo e modificar sua forma de alimentação. Naquele tempo, provavelmente, as descobertas eram feitas ao acaso e o conhecimento era lentamente repassado de geração em geração. Com o passar dos séculos e a sofisticação do intelecto, o ser humano começou a questionar sua existência e a formação da natureza, dos objetos e da matéria que o cercam. Nessa jornada, filósofos e cientistas entrelaçaram seus questionamentos e conhecimentos para cunhar o termo átomo. Durante a Idade Média, difundiu-se entre diversos povos (chineses, hindus, egípcios, árabes e europeus) o conhecimento da alquimia. Uma forma de pensar originária da arte egípcia (de mistérios e ocultismo) praticada em Alexandria (Egito), a khemeia, raiz da palavra Química. A isso tudo, somou-se o conhecimento de diversos sábios, como Aristóteles (um renomado filósofo grego) que acreditava na combinação de quatro “elementos” básicos: fogo, terra, ar e água, para a geração de todas as coisas. Por muito tempo, os alquimistas buscaram a “pedra filosofal”, para transformar o chumbo (homem) em ouro (um sábio detentor do conhecimento) e encontrar o elixir da vida eterna. Apesar de (até onde se sabe) não terem alcançado esse objetivo, os alquimistas foram os pioneiros no desenvolvimento de técnicas de laboratório, como a destilação e a sublimação, que são usadas até hoje na química moderna (CORREIA; COSTA; FERREIRA, 2002; BROCK, 2012; GREENBERG, 2017). Com o surgimento do Renascimento (início do século XV até XVI), nomes importantes, como Francis Bacon, René Descartes, Nicolau Copérnico, Giordano Bruno, Galileu Galilei e Johannes Kepler, contribuíram muito para separar a astrologia da astronomia e a alquimia da química, substituindo o pensamento alquímico por um pensamento “racional”, científico, baseado na experimentação e na segmentação de informações para a construção do conhecimento. Dois cientistas merecem destaque nessa transição alquimia-química: Robert Boyle e Antoine Laurent Lavoisier. Boyle é considerado o “pai da química”, pois introduziu o “método científico” como regra de experimentação laboratorial. Já Lavoisier (no início 5 do século XVII – Iluminismo) adotou o uso da balança como ferramenta de precisão quali e quantitativa. Em seus estudos, Lavoisier comprovou que muitos compostos originados dos seres vivos apresentavam uma característica em comum: eram formados por carbono (CORREIA; COSTA; FERREIRA, 2002; BROCK, 2012; GREENBERG, 2017). Em 1777, Torbern Olof Bergman propôs a divisão da Química em duas áreas: Química Inorgânica, dedicada ao estudo de compostos extraídos do reino mineral, e Química Orgânica, dedicada ao estudo de compostos extraídos (produzidos) por seres vivos. Em 1807, Jöns Jacob Berzelius propôs a “Teoria do Vitalismo”, na qual afirmava que, nos organismos vivos, há uma força especial (divina) indispensável à síntese dos compostos orgânicos e, assim, não poderiam ser sintetizados fora dos organismos vivos. Ainda segundo Berzelius, os seres humanos carregariam em si essa “força vital”, capaz de transformar tudo o que é inorgânico em orgânico, não sendo possível criá-la em laboratório (CORREIA; COSTA; FERREIRA, 2002; BROCK, 2012; GREENBERG, 2017). Em 1828, Friedrich Wöhler (aluno de Berzelius) provou que compostos orgânicos poderiam ser produzidos em laboratório. De forma acidental, Wöhler sintetizou um composto orgânico chamado ureia, até então só encontrada na urina humana (CORREIA; COSTA; FERREIRA, 2002; BROCK, 2012; GREENBERG, 2017). A reação química produzida por Wöhler pode ser descrita pela seguinte equação química: Em 1858, o conceito de química Orgânica foi reformulado. O químico Friedrich August Kekulé propôs uma nova definição, aceita até os dias atuais. Segundo Kekulé, a química orgânica é o ramo da química que estuda os compostos do carbono (CORREIA; COSTA; FERREIRA, 2002; BROCK, 2012; GREENBERG, 2017). É importante destacar que todos os compostos orgânicos contêm carbono, porém, nem todo composto que contém carbono é orgânico, como no caso de dióxido de carbono (CO2) e ácido carbônico (H2CO3). Inicialmente, a curiosidade sobre os compostos presentes nos seres vivos e (talvez) a busca por medicamentos, corantes e tinturas foram os impulsionadores para o desenvolvimento da química orgânica. Até o surgimento da Segunda Guerra Mundial, a principal matéria-prima da indústria química era o carvão, porém, ao final da guerra e com o despontar dos Estados Unidos no cenário econômico (político e científico), a química voltou-se para o estudo e o aprimoramento da petroquímica. O desenvolvimento de combustíveis e a produção de derivados de petróleo, principalmente o desenvolvimento dos plásticos, catalisaram profundas transformações sociais, trazendo-nos ao cenário atual (CORREIA; COSTA; FERREIRA, 2002; BROCK, 2012; GREENBERG, 2017). 6 Para aprofundar seu conhecimento sobre a história da química orgânica, leia o artigo Vinte e cinco anos de reações, estratégias e metodologias em química orgânica, disponível em: https://bit.ly/3Bp5NXa. DICAS 3 ASPECTOS GERAIS SOBRE O ÁTOMO DE CARBONO Como é possível notar, a química orgânica é uma área que estuda, profundamente, os compostos de carbono. Mais adiante, veremos que esses compostos não são formados única e exclusivamente por átomos de carbono, mas a “espinha dorsal”, o “esqueleto” de sua molécula, é constituído por carbono. Você já se perguntou por que o carbono é tão importante a ponto de existir uma área de estudo (focada) nas propriedades desse elemento? A curiosidade sobre o comportamento químico do átomo de carbono não é algo recente; na verdade, vem de muito tempo antes de nós. Na metade do século XIX, Kekulé já se debruçava sobre estudos a respeito desse elemento, pois havia percebido que ele apresentava comportamentos distintos dos demais elementos químicos. NOTA Entre as principais características do átomo de carbono, devemos citar: tetravalência do carbono, habilidade para formar múltiplas ligações e habilidade para formar longas cadeias carbônicas. 3.1 A TETRAVALÊNCIA DO CARBONO O átomo de carbono, pertencente à família 14 (ou 4A), possui em sua constituição seis prótons e seis elétrons, garantindo uma configuração eletrônica com dois elétrons na camada K e quatro elétrons na camada L. Observa-se que, nessa condição (Figura 1A), os átomos de carbono apresentam em sua camadade valência (camada mais externa contendo elétrons) com apenas quatro elétrons (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005; FELTRE, 2004). Segundo a Teoria do Octeto, todo e qualquer átomo busca uma forma estável de existir na natureza, devendo, para isso, apresentar oito elétrons na camada de valência, ou seja, um comportamento semelhante ao de um gás nobre (SOLOMONS, 2002). Aprofundaremos 7 nosso conhecimento sobre esse tema mais adiante, ao tratar da hibridização. Por ora, é importante entender que a tetravalência do carbono lhe garante a capacidade de realizar quatro ligações covalentes, além de essa característica ser considerada o primeiro postulado de Kekulé (SOLOMONS, 2002; FELTRE, 2004). Na Figura 1 (B e C), podemos observar detalhadamente o compartilhamento de elétrons entre os átomos (carbono e hidrogênio) presentes na estrutura molecular do composto orgânico chamado metano (CH4). FIGURA 1 – DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA DO ÁTOMO DE CARBONO (A), FÓRMULA ELETRÔNICA DE LEWIS (B) E FÓRMULA ESTRUTURAL DE BARRA (C) DO COMPOSTO ORGÂNICO DA MOLÉCULA METANO A Distribuição eletrônica carbono (z = 6) B Fórmula eletrônica de Lewis, do metano C Fórmula estrutural de Kekulé, do metano FONTE: Adaptada de Feltre (2004) 3.2 HABILIDADE PARA FORMAR MÚLTIPLAS LIGAÇÕES Para garantir a sua estabilidade eletrônica, o átomo de carbono realiza ligações covalentes com átomos vizinhos, que podem ser eletropositivos ou eletronegativos. Quando um átomo de carbono faz ligação com quatro átomos, dizemos que ele estabeleceu quatro ligações simples, idênticas em comprimento e energia. Nessa condição, um único composto pode ser representado (estruturalmente) de quatro formas diferentes, como é o caso do composto orgânico chamado clorofórmio, CHCl3, representado na Figura 2 (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005). FIGURA 2 – FORMAS ESTRUTURAIS DA MOLÉCULA DO CLOROFÓRMIO, CHCL3 FONTE: O autor Além de ligações simples, um átomo de carbono pode estabelecer mais de uma ligação covalente com outro átomo, formando ligações duplas ou triplas (Figura 3). 8 FIGURA 3 – A REPRESENTAÇÃO DE LIGAÇÕES DUPLAS E TRIPLAS FORMADAS PELO ÁTOMO DE CARBONO FONTE: O autor LIGAÇÕES DUPLAS Ligação dupla entre dois átomos de carbono Ligação dupla entre um carbono e um oxigênio LIGAÇÕES TRIPLAS Ligação tripla entre dois átomos de carbono Ligação tripla entre um carbono e um nitrogênio Apesar de Kekulé colocar o carbono como elemento central da química orgânica, atualmente, sabe-se que há outros elementos inseridos na estrutura dos inúmeros compostos orgânicos existentes, sendo os principais elementos: oxigênio, nitrogênio, enxofre, fósforo e halogênios (flúor, cloro, bromo iodo). Naturalmente, ainda, podem ser encontrados alguns elementos metálicos, como ferro, cobre, manganês e zinco. DICA 3.3 HABILIDADE PARA FORMAR LONGAS CADEIAS CARBÔNICAS Outra característica importante sobre o átomo de carbono é sua capacidade (extraordinária) de se ligar a diferentes átomos, formando estruturas moleculares com elevada estabilidade química (Figura 4). O encadeamento de seus átomos pode levar à formação de estruturas curtas, médias e longas, e mais de inúmeras disposições espaciais. Essa característica é considerada o terceiro postulado de Kekulé (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005; FELTRE, 2004). É importante destacar que são essas cadeias (originadas do entrelaçamento de orbitais carbono-carbono) as responsáveis pela “espinha dorsal” das moléculas orgânicas. A tetravalência do carbono o coloca numa posição intermediária do segundo período da tabela periódica. Ao realizar uma ligação química, é mais “vantajoso” realizar o compartilhamento de seus elétrons de valência do que doá-los; assim, o carbono apresenta a tendência de formar ligações covalentes, sejam elas entre átomos de carbono (formando as cadeias carbônicas), ou ainda, com outros átomos de elementos mais eletropositivo (como o hidrogênio) ou mais eletronegativos (por exemplo, nitrogênio, oxigênio e flúor) (SOLOMONS, 2002). 9 FIGURA 4 – EXEMPLOS DE ALGUMAS CADEIAS CARBÔNICAS EXISTENTES FONTE: O autor Apesar de existirem outros elementos químicos com habilidade para formar encadeamento de átomos (por exemplo, o enxofre e o fósforo), nenhum possui habilidade de formar cadeias tão longas, variadas e quimicamente estáveis como o carbono. A soma dessas (extraordinárias) habilidades (quatro elétrons de valência; formação de ligações covalentes: simples, duplas e triplas entre átomos de carbono e átomos de outros elementos eletropositivo ou eletronegativos; e formação de longas cadeias quimicamente estáveis) possibilitam o carbono formar uma ampla gama de compostos. 3.4 CLASSIFICAÇÃO DOS ÁTOMOS DE CARBONO DE UMA CADEIA CARBÔNICA Ao observarmos a estrutura de uma cadeia carbônica, muitas vezes, notamos que um átomo de carbono pode estar ligado a outros átomos de carbono. A partir do número de átomos de carbono a que um carbono está ligado, podemos classificá-lo em: primário, secundário, terciário e quaternário (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005; FELTRE, 2004). Para facilitar a compreensão, o Quadro 1 apresenta detalhadamente essa classificação e exemplos de cada caso. QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO DOS ÁTOMOS DE CARBONO DE UMA CADEIA CARBÔNICA FONTE: Adaptado de Feltre (2004) Carbono primário: ocorre quando o átomo de carbono (em questão) está ligado a apenas um ou nenhum átomo de carbono. Carbono secundário: ocorre quando o átomo de carbono (em questão) está ligado a dois átomos de carbono. Carbono terciário: ocorre quando o átomo de carbono (em questão) está ligado a três átomos de carbono. Carbono quaternário: ocorre quando o átomo de carbono (em questão) está ligado a quatro átomos de carbono. 10 FIGURA 5 – EXEMPLOS DOS ÁTOMOS DE CARBONO DE UMA CADEIA CARBÔNICA: CARBONO PRIMÁRIO (A); CARBONO SECUNDÁRIO (B); CARBONO TERCIÁRIO (C); E CARBONO QUARTENÁRIO (D) D C A B FONTE: Adaptada de Feltre (2004) FIGURA 6 – CLASSIFICAÇÃO DOS ÁTOMOS DE CARBONO DE UMA CADEIA CARBÔNICA FONTE: <https://bit.ly/3gPQgX1>. Acesso em: 18 out. 2021. A classificação de cada carbono presente na cadeia carbônica é apresentada na Figura 6. Na Figura 6, observamos que todos os átomos de carbonos grifados em vermelho (CH3) são primários, pois cada um deles está ligado a somente um átomo de carbono. Já um carbono secundário é grifado em azul (CH2), mostrando um carbono que está ligado a dois outros átomos de carbono. Um carbono terciário é grifado em verde (CH), mostrando um carbono que está ligado a outros três átomos de carbono. Por fim, um carbono quaternário é grifado em amarelo (C), mostrando um carbono que está ligado a outros quatro átomos de carbono. 4 ESTRUTURA ATÔMICA: COMPREENDENDO AS LIGAÇÕES QUÍMICAS DO CARBONO Para compreendermos como ocorrem as ligações químicas realizadas pelo carbono, precisamos aprofundar o estudo na estrutura atômica desse elemento. 11 FIGURA 7 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO MODELO NUCLEAR PARA O ÁTOMO DE CARBONO FONTE: O autor De acordo com os modelos atômicos existentes, consideramos que todos os átomos são formados por um núcleo e uma eletrosfera. É necessário entender que o núcleo é formado por partículas atômicas positivas e neutras, chamadas, respectivamente, de prótons e nêutrons. Já a eletrosfera apresenta partículas subatômicas de carga elétrica negativa, chamadas de elétrons. Durante o século XX, muitos cientistas tentavam compreender as propriedades atômicas e, em 1911, Ernest Rutherford descobriu que o núcleo dos átomos é uma pequena e densa região central e que a eletrosfera é uma região extremamente volumosa (e vazia). É importante lembrar que os prótons e nêutrons possuem massas (relativamente) iguais, que são 1.836 vezes maiores que a massa do elétron. A Figura 7 mostra a representação do modelo nuclear para o átomo de carbono, sendo possível observar um pequeno centro ocupado por seis prótons e seis nêutrons (núcleo de carga elétrica positiva), rodeados por seis elétrons dispersosem uma nuvem volumosa (nuvem eletrônica de carga negativa). É importante destacar que essa representação é apenas um modelo didático, utilizado para facilitar a visualização das partículas subatômicas. Em geral, o núcleo atômico possui um diâmetro de aproximadamente 10 –14 a 10 –15 metros, enquanto a eletrosfera ocupa um volume muito maior, cerca de 10 mil a 100 mil vezes, que o núcleo atômico. 4.1 ORBITAIS ATÔMICOS Certamente, é possível encontrar, em algum livro didático ou outro material disponível na internet, a representação do modelo atômico, conforme demonstrado na Figura 7, porém é necessário cuidado, pois os elétrons não apresentam trajetórias bem definidas (circulares – como os planetas orbitando o sol, como descrito pelo modelo atômico de Bohr – ou por elipse, como descrito pelo modelo de Sommerfeld). 12 Em 1924, Louis de Broglie propôs a hipótese de que as partículas subatômicas possuem comportamento dual, ou seja, em determinados momentos, elas se comportam como partícula e, em outros, como onda, não sendo possível descrevê-las através das leis da mecânica clássica. A explicação para a dualidade onda-partícula (também chamada de dualidade onda-corpúsculo ou dualidade matéria-energia) somente foi possível com o avanço da mecânica quântica. Em 1927, Werner Heinseberg propôs que todos os sistemas quânticos são regidos por um “Princípio da Incerteza”, no qual as propriedades de uma partícula atômica não podem ser determinadas simultaneamente. De acordo com Heinseberg, não podemos afirmar (com exatidão) a localização (no espaço) e sua velocidade (no tempo) de um elétron em um mesmo instante, ou seja, quanto maior for a precisão da posição do elétron, menor será a precisão da medida de sua velocidade e vice-versa (ORCHIN et al., 2005). Antes de observarmos um sistema quântico, suas informações são indeterminadas, mas, ao serem observadas, é possível localizá-las e medi-las. Assim, podemos dizer que a função de onda sofreu um colapso, mostrando um de seus possíveis estados – em outras palavras, o que determina se uma entidade quântica é uma onda ou uma partícula é o próprio ato da observação. ATENÇÃO Em 1926, Erwin Schrödinger publicou uma série de equações matemáticas, em que associava a natureza corpuscular do elétron (sua natureza como partícula), a sua energia, a sua carga e a sua massa. Através das equações de Schrödinger, foi possível estabelecer um volume tridimensional, no eixo cartesiano “x, y e z”, para os elétrons, a que os cientistas denominaram de “orbital”. Dessa forma, um orbital atômico se refere à região (ao redor do núcleo) com maior probabilidade para se encontrar um elétron durante sua trajetória ao redor do núcleo. Nesse modelo, leva-se em conta o comportamento dual (onda-partícula) de um elétron que se movimenta no espaço atômico, mas que está dentro de uma dada região (um orbital) ao redor do núcleo, uma nuvem eletrônica (ORCHIN et al., 2005). É importante destacar que o elétron pode assumir diferentes energias e, desse modo, ocupar diferentes orbitais atômicos. No decorrer do processo algébrico da resolução de suas equações, Schrödinger descreveu códigos matemáticos relacionados com a energia do elétron, os quais foram denominados de números quânticos. Existem quatro números quânticos possíveis: o número quântico principal (n), número quântico secundário ou azimutal (l), o número quântico magnético (m ou ml) e o número quântico spin (s ou ms). É importante destacar que esse conjunto de números quânticos nunca se repete para dois elétrons em um átomo; assim, cada elétron presente na eletrosfera de um determinado átomo possui identidade única. A seguir, veremos como se determina cada um deles. 13 4.1.1 Número quântico principal (n) O número quântico principal (n) define o nível (ou camada) de energia ocupado pelo elétron. De acordo com o modelo atômico de Rutherford-Bohr, os elétrons presentes em um átomo movimentam-se ao redor do núcleo em órbitas circulares, com quantidades de energia bem definidas, as quais são chamadas de níveis de energia ou camadas eletrônicas. Para os elementos conhecidos até o momento, existem sete níveis de níveis de energia, que podem ser representados pelas letras K, L, M, N, O, P e Q, indo da camada mais próxima ao núcleo para a mais distante. Numericamente, essas camadas podem ser representadas por 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005; ORCHIN et al., 2005). Assim, os valores de n variam de 1 a 7, de acordo com o nível de energia do elétron. Quanto maior o número quântico principal, mais distante do núcleo estará o elétron, ocupando orbitais atômicos mais energéticos, já que possui maior energia. 4.1.2 Número quântico secundário ou azimutal (l) O número quântico azimutal (l) indica a subcamada ocupada pelo elétron e define a forma do orbital atômico. De acordo com o diagrama para distribuição eletrônica, proposto por Linus Pauling, os elétrons, de um átomo qualquer, distribuem-se nas camadas eletrônicas de acordo com subníveis de energia (orbitais), identificados pelas letras s, p, d, f. Cada nível comporta uma quantidade máxima de elétrons; além disso, é importante destacar que os elétrons preenchem os subníveis de energia (dois a dois), seguindo a ordem crescente de energia, portanto, primeiramente o subnível s seguido pelo p, d e f (SOLOMONS, 2002; ORCHIN et al., 2005). Por convenção, os orbitais do tipo s são representados por l = 0, do tipo p por l = 1, do tipo d por l = 2 e os orbitais do tipo f são representados por l = 3. 4.1.3 Número quântico magnético (m ou ml) O número quântico magnético (m ou ml) informa a orientação dos orbitais no espaço, indicando a orientação cartesiana “x, y e z” dos diferentes orbitais s, p, d e f (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005; ORCHIN et al., 2005). Assim, temos: • O orbital do tipo s possui forma esférica, assim, é possível uma única orientação espacial, originando um único valor possível para o número quântico magnético, que será igual a 0. • Orbitais do tipo p possuem a forma de um duplo “ovoide”, apresentando três orientações espaciais possíveis, originando três números magnéticos, dados por -1, 0 e +1. • Orbitais do tipo d apresentam cinco orientações espaciais possíveis, originando os 14 números magnéticos, dados por -2, -1, 0 +1 e +2. • Orbitais do tipo f apresentam sete orientações espaciais possíveis, originando os números magnéticos: -3, -2, -1, 0 +1, +2 e +3. A Tabela 1 faz um pequeno resumo sobre o número quântico magnético. Já na Figura 8, é possível visualizar a forma dos diferentes tipos de orbitais (s, p, d e f) e a indicação de sua orientação no plano cartesiano “x, y e z”. TABELA 1 – RESUMO DE NÚMERO QUÂNTICO MAGNÉTICO FONTE: O autor FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO DOS DIFERENTES TIPOS DE ORBITAIS (S, P, D E F) E INDICAÇÃO DE SUA ORIENTAÇÃO NO PLANO CARTESIANO FONTE: <https://bit.ly/3GRI4jp>. Acesso em: 19 out. 2021. 15 4.1.4 Número quântico spin (s ou ms) O número atômico magnético de spin (ms) indica o sentido da rotação do elétron no orbital. De acordo com o Princípio da Exclusão de Pauli, os orbitais atômicos conseguem comportar um máximo de dois elétrons, porque giram em sentidos opostos, o que causa uma força magnética de atração (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005; ORCHIN et al., 2005). Assim, o magnetismo em razão do spin de um elétron é anulado pelo magnetismo do spin oposto, gerando um sistema estável. Por convenção, adota-se o seguinte esquema de representação: • Seta para cima (↑) corresponde a ms = -1/2. • Seta para baixo (↓) corresponde a ms = +1/2. É importante destacar que, segundo regra de máxima multiplicidade (Regra de Hund), o preenchimento dos orbitais de um subnível deve ser feito de uma forma que contenha o maior número possível de elétrons isolados, ou seja, desemparelhados. Assim, ao fazer a distribuição eletrônica nos orbitais de cada subnível (quadradinhos), primeiramente, devemos colocar um elétron (seta para cima) em cada orbital e, somenteapós isso, os demais elétrons serão inseridos (seta para baixo) nos orbitais semipreenchidos. Para compreender os números quânticos, podemos observar, a seguir, a determinação dos quatro números quânticos (principal, azimutal, magnético e spin) para o átomo de carbono. Sabemos que o carbono possui número atômico (Z) igual a seis, indicando que possui seis elétrons para serem distribuídos nas camadas eletrônicas. É importante entender que cada camada comporta um número máximo de elétrons (K = 2, L = 8, M = 18, N = 32, O = 32, P = 18 e Q = 8). Somente ao completar uma camada, a distribuição segue para o nível subsequente. Tendo isso em mente, a distribuição eletrônica do carbono pode ser descrita da seguinte forma: DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA DO CARBONO Diagrama Linus Pauling 1 s2 2 s2 2 p2 3 s 3 p 3 d 4 s 4 p 4 d 4 f 5 s 5 p 5 d 5 f 6 s 6 p 3 d 7 s 7 p Número quântico principal e azimutal: • Camada de valência: 2s2, 2p2 n = 2; l = 1 Número quântico magnético e spin: ml = 0; ms = -1/2 16 Para determinarmos os quatro números quânticos (de qualquer elemento químico), primeiramente, devemos realizar a sua distribuição eletrônica segundo o Diagrama de Linus Pauling. Dessa forma, encontraremos o nível energético e os tipos de orbitais presentes na camada de valência. No exemplo anterior, podemos observar que o átomo de carbono apresenta os elétrons mais energéticos, distribuídos no nível dois e, por isso, possui número quântico principal dado por n = 2. Na forma elementar, seus dois elétrons mais energéticos estão inseridos num orbital do tipo p, gerando um número azimutal dado por l = 1. Para descobrir o número quântico magnético e o spin, precisamos observar como ocorre a distribuição dos elétrons mais energéticos (2p2) nos orbitais p. Assim, fica fácil concluir que o número quântico magnético é dado por ml = 0 e que, por possuir spin voltado para cima, ms é igual a -1/2. 4.2 HIBRIDIZAÇÃO: CARBONO SP3, SP2 E SP De acordo com a teoria de ligação de valência, as ligações covalentes, formadas pelo compartilhamento de elétrons entre dois átomos, são originadas através da sobreposição de orbitais atômicos. Assim, ao sobreporem seus orbitais, os elétrons participantes da ligação são atraídos pelos dois núcleos atômicos, ocupando simultaneamente os orbitais de ambos os átomos. É importante destacar que o número de ligações covalentes que um átomo realiza está diretamente relacionado com o número de orbitais incompletos que ele apresenta em sua camada de valência. No entanto, os carbonos berílio e boro só realizam ligações covalentes após passarem pelo fenômeno da hibridização (SOLOMONS, 2002; ORCHIN et al., 2005). Você sabe o que é hibridização e por que esse fenômeno é tão importante para o carbono? Define-se a hibridização como a união de orbitais atômicos incompletos. Na prática, a hibridização é um fenômeno que ocorre quando um elétron, presente num orbital semipreenchido, recebe energia do meio externo, passa para um estado de maior energia (excitado) e desloca-se para um orbital vazio. Esse processo de “migração eletrônica” leva à fusão (mistura) dos orbitais atômicos, originando novos orbitais chamados de orbitais híbridos ou hibridizados (SOLOMONS, 2002). NOTA Para facilitar a sua compreensão, observamos como os orbitais híbridos do carbono são formados. De acordo com a distribuição eletrônica (de Linus Pauling), no estado fundamental, o carbono possui o primeiro nível completo (1s2, com dois elétrons), enquanto o segundo nível possui quatro elétrons distribuídos nos orbitais s (2s2) e p (2p2). 17 Na Figura 9, o orbital p comporta seis elétrons, mas há somente dois, ou seja, dois deles estão incompletos e um está vazio. Segundo Linus Pauling, o número de orbitais incompletos determina o número de ligações covalentes necessárias para a estabilidade elétrica do átomo. Assim, poderíamos dizer que o carbono realiza somente duas ligações covalentes, mas não é isso o que ocorre, pois sabemos que o carbono é tetravalente. Então, ao receber energia do meio externo, os elétrons de valência do carbono são excitados, tornando-se energeticamente capazes de migrarem (saltarem) do orbital s (2s2) para o orbital p vazio, do mesmo subnível, originando quatro orbitais semipreenchidos. A união do orbital s com os três orbitais p, configura o fenômeno de hibridização (SOLOMONS, 2002). FIGURA 9 – ETAPAS DA HIBRIDIZAÇÃO DO ÁTOMO DE CARBONO FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3HX4AZx>. Acesso em: 19 out. 2021. Existem três tipos possíveis de hibridização para o átomo de carbono: Sp3, Sp2 e Sp, as quais dão origem a ligações sigma (σ) e pi (π). Ligações sigma são originadas quando os orbitais atômicos se interpenetram no mesmo eixo, como ocorre nas ligações simples. Já as ligações pi são originadas quando os orbitais atômicos se interpenetram em eixos paralelos, como ocorre nas ligações duplas e triplas (SOLOMONS, 2002). 4.2.1 Hibridização: carbono Sp3 Um carbono com hibridização Sp3 é formado quando o orbital 2s une-se aos três orbitais 2p da camada de valência, originando quatro orbitais híbridos com energia igual entre si (degenerados). Esses orbitais hibridizados dão origem a quatro ligações simples do tipo sigma (σ). (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005). A Figura 10 mostra um esquema das etapas para a hibridização de um carbono Sp3. 18 FIGURA 10 – ESQUEMA DAS ETAPAS PARA A HIBRIDIZAÇÃO DE UM CARBONO Sp3 FONTE: Adaptada de Hilário (2014) 4.2.2 Hibridização: carbono Sp2 Um carbono com hibridização Sp2 é formado quando apenas dois dos orbitais 2p unem-se com o orbital 2s, gerando três orbitais Sp2, degenerados entre si. No entanto, um orbital 2p permanece inalterado, chamado de orbital p “puro”. Ao conservar suas características originais, o orbital p “puro” apresenta maior energia que os orbitais híbridos Sp2 (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005). A Figura 11 mostra um esquema das etapas para a hibridização de um carbono Sp2. FIGURA 11 – ESQUEMA DAS ETAPAS PARA A HIBRIDIZAÇÃO DE UM CARBONO SP2 FONTE: Adaptada de Hilário (2014) No final desse processo, os orbitais degenerados Sp2 dão origem a três ligações simples do tipo sigma (σ), enquanto o orbital p “puro” origina uma ligação do tipo pi (π). É importante destacar que as ligações duplas são formadas por uma ligação σ e uma π; assim, a hibridização Sp2 torna o carbono apto a fazer uma ligação dupla e duas ligações simples (SOLOMONS, 2002). 4.2.3 Hibridização: carbono Sp Um carbono com hibridização Sp é formado quando apenas um dos orbitais 2p une-se com o orbital 2s, gerando dois orbitais Sp, degenerados entre si. Além disso, dois orbitais 2p permanecem inalterados, “puros”. Ao conservarem suas características originais, os orbitais p “puros” apresentam maior energia que os orbitais híbridos Sp (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005). A Figura 12 mostra um esquema das etapas para a hibridização de um carbono Sp. 19 FIGURA 12 – ESQUEMA DAS ETAPAS PARA A HIBRIDIZAÇÃO DE UM CARBONO SP FONTE: Adaptada de Hilário (2014) No final desse processo, os orbitais degenerados Sp dão origem a duas ligações simples (do tipo σ), ao passo que os orbitais p “puro” originam outras duas ligações do tipo pi (π). É importante destacar que, semelhantemente às ligações duplas que apresentam uma ligação π (e uma ligação σ), as ligações triplas são formadas pela combinação de duas π e uma σ; assim, a hibridização Sp torna o carbono apto a fazer uma ligação tripla (e uma simples) ou duas ligações duplas (SOLOMONS, 2002). Cada elétron integrante de uma ligação covalente, inicialmente atraído apenas pelo seu próprio núcleo, passa a ser atraído pelo núcleo do outro átomo que participa da ligação. Esse processo diminui os efeitos de repulsão eletrostática, tornando o sistema mais estável e menos energético. No entanto, para que a sobreposição dos orbitais (e, consequentemente, a ligação covalente) ocorra, os dois átomos envolvidos precisam estar a uma determinada distância entre si. Se estiveremmuito distantes, dificilmente ocorrerá a sobreposição de seus orbitais; já a aproximação extrema leva à repulsão entre os núcleos positivos dos dois átomos. Assim, uma distância ideal é definida para que seja possível sobrepor os orbitais atômicos dos átomos e para que a energia do sistema seja mínima (não havendo problemas de repulsão). Essa distância específica ideal é definida como comprimento de ligação e é característica de cada ligação covalente (FELTRE, 2004; CANTO; PERUZZO, 2006). Na tabela a seguir, podemos observar alguns valores do comprimento de ligação comumente encontrados em compostos orgânicos. INTERESSANTE TABELA – VALORES DO COMPRIMENTO DE LIGAÇÃO COMUMENTE ENCONTRADOS EM COMPOSTOS ORGÂNICOS Ligação Comprimento picômetro (10-12 m) Ligação Comprimento picômetro (10-12 m) Ligação Comprimento picômetro (10-12 m) C–C 154 H–C 107 C–N 147 C=C 133 C–O 143 C=N 138 C≡C 120 C=O 121 C≡N 116 FONTE: Adaptado de Bruice (2006) 20 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A química orgânica é a parte dedicada ao estudo dos compostos formados por carbono; além do átomo de carbono, outros elementos, como hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, podem ser encontrados em moléculas orgânicas. • O carbono é um elemento químico que está localizado na família 4A da tabela periódica, possui quatro elétrons na camada de valência (tetravalente), o que lhe permite realizar quatro ligações covalentes com outros átomos (de carbono ou demais elementos eletropositivos e eletronegativos), possibilitando formar longas cadeias carbônicas. • Segundo os modelos atômicos existentes, podemos dizer que o átomo apresenta duas regiões distintas: um núcleo pequeno e denso, no qual são encontradas partículas de carga neutra (nêutrons) e positiva (prótons), e uma eletrosfera volumosa e “vazia”, em que são encontradas partículas de carga negativa (elétrons). • As ligações realizadas pelo carbono podem ser: ligações simples, duplas e triplas, as quais são explicadas pelo fenômeno da hibridização, ou seja, pela formação de orbitais híbridos do tipo Sp3, Sp2 e Sp. RESUMO DO TÓPICO 1 21 1 Atualmente, estima-se a existência de cerca de 20 milhões de compostos orgânicos que participam de inúmeras funções vitais aos organismos animal e vegetal, além de comporem diversos materiais presentes no cotidiano, como medicamentos, corantes, cosméticos, produtos de higiene pessoal e limpeza doméstica, tintas, borrachas e produtos derivados do refino do petróleo (plástico, combustíveis e asfalto), entre outros. Todos eles possuem uma característica comum: são formados por átomos de carbono. Disserte sobre as razões que possibilitam essa diversidade de compostos orgânicos. 2 Por muitos anos, um dos principais questionamentos foi direcionado à compreensão da formação do universo, da natureza, dos objetos e da matéria que nos cercam. Nessa jornada, filósofos e cientistas entrelaçaram seus questionamentos e conhecimentos. No século XVII, a química já despontava como uma importante área de investigação científica, mas foi, no final do século XVIII, que a química orgânica revelou grandes conhecimentos à humanidade. Sobre a história da química orgânica, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Kekulé é considerado o “pai da química”. ( ) Segundo a “Teoria do Vitalismo”, os seres humanos carregariam em si uma “força vital”, a qual é capaz de transformar tudo o que é inorgânico em orgânico, o que era facilmente criado em laboratório. ( ) Os alquimistas foram os pioneiros no desenvolvimento de técnicas de laboratório, como a destilação e a sublimação que são usadas até hoje na química moderna. ( ) Atualmente, a química é dividida em duas grandes áreas: a química inorgânica, dedicada ao estudo de compostos extraídos do reino mineral, e a química orgânica, dedicada ao estudo de compostos extraídos (produzidos) por seres vivos. ( ) Em seu postulado, Kekulé afirmava que o carbono é tetravalente e possui habilidade de formar longas cadeias carbônicas. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – V – V – F – F. b) ( ) V – F – V – F – V. c) ( ) V – F – V – V – V. d) ( ) F – V – F – F – F. e) ( ) F – F – V – F – V. AUTOATIVIDADE 22 3 O ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA) é um composto orgânico, que age como agente quelante, formando complexos muito estáveis com diversos íons metálicos. Observando a estrutura do EDTA da figura a seguir, são encontradas quantas unidades de carbono Sp3, Sp2 e Sp? FONTE: <https://bit.ly/350AhTt>. Acesso em: 20 de out. 2021. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) 5 carbonos Sp3, 5 carbonos Sp2 e 2 carbonos Sp. b) ( ) 6 carbonos Sp3, 4 carbonos Sp2 e nenhum carbono Sp. c) ( ) 4 carbonos Sp3, 0 carbonos Sp2 e 6 carbonos Sp. d) ( ) Nenhum carbono Sp3, 4 carbonos Sp2 e 6 carbonos Sp. e) ( ) 3 carbonos Sp3, 5 carbonos Sp2 e 5 carbonos Sp. 4 Os hidrocarbonetos são compostos químicos formados unicamente por átomos de carbono e hidrogênio, unidos por ligações saturadas ou insaturadas. No composto apresentado na figura a seguir, os átomos de carbono estão numerados de 1 a 7. FONTE: O autor Com base nas ligações covalentes existentes na estrutura do composto orgânico em questão, analise as sentenças a seguir: I- O átomo de carbono 5 forma três ligações σ (sigma) e uma ligação π (pi). II- O átomo de carbono 1 forma quatro ligações σ (sigma). III- O átomo de carbono 2 forma três ligações π (pi) e uma ligação σ (sigma). IV- O total de ligações π (pi) na estrutura é igual a três. 23 Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e III estão corretas. b) ( ) As sentenças II e IV estão corretas. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas. e) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas. 5 As moléculas de nanoputians lembram figuras humanas e foram criadas para estimular o interesse de jovens na compreensão da linguagem expressa em fórmulas estruturais, muito usadas em química orgânica. Um exemplo é o nanokid, representado na figura a seguir. FONTE: <https://bit.ly/3gOgdGe>. Acesso em: 10 out. 2021. Observando a estrutura do Nanokid, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) 10 carbonos primários; 12 carbonos secundários; 8 carbonos terciários; 4 carbonos quaternários. b) ( ) 18 carbonos primários; 5 carbonos secundários; 7 carbonos terciários; 3 carbonos quaternários. c) ( ) 11 carbonos primários; 10 carbonos secundários; 5 carbonos terciários; 2 carbonos quaternários. d) ( ) 18 carbonos primários; 12 carbonos secundários; 5 carbonos terciários; nenhum carbono quaternário. e) ( ) 11 carbonos primários; 14 carbonos secundários; 7 carbonos terciários; 2 carbonos quaternários. 24 25 CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE COMPOSTOS ORGÂNICOS 1 INTRODUÇÃO No estudo da química orgânica, assim como o na química como um todo, muitas vezes, nos deparamos com conceitos e assuntos abstratos, e outras tantas situações difíceis de serem naturalmente visualizadas. Por exemplo, os átomos e as moléculas são estruturas que fogem a nossa capacidade de percepção visual, pois estão numa escala de tamanho muito diminuto (na ordem de angstrom, 1x10–10 metros). Para facilitar o nosso aprendizado, os cientistas criaram inúmeras estratégias para representar visualmente esses fenômenos e, assim, surgiram os modelos atômicos, as estruturas moleculares e as equações que descrevem as reações de transformação da matéria. Como foi possível perceber anteriormente, a química orgânica oferece uma in- finidade de substâncias, além das ferramentas necessárias para que o nosso conheci- mento possa ser utilizado em benefício da humanidade. Neste tópico, utilizaremos as representações moleculares para visualizar como as moléculas dos compostos orgâni- cos são rearranjadas na natureza. Desse modo, abordaremos alguns conceitos funda- mentais para a compreensão estrutural dos inúmeros compostos orgânicosexistentes, bem como para a classificação de cadeias carbônicas. Atualmente, sabe-se que há mais de 19 milhões de compostos orgânicos inseridos no dia a dia, os quais apresentam estruturas e propriedades (físicas e químicas) semelhantes, o que torna essencial a sua correta identificação. Ao final deste tópico, veremos uma introdução da nomenclatura de compostos orgânicos. UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 2 REPRESENTAÇÃO ESTRUTURAL DAS MOLÉCULAS ORGÂNICAS Anteriormente, vimos que o átomo de carbono possui grande habilidade para se ligar a diferentes átomos (de outros elementos ou de carbono) através de ligações covalentes, formando uma infinidade de cadeias carbônicas. A maneira mais simples de representar qualquer molécula é através de sua fórmula molecular, em que são descritos os elementos e o número exato de átomos de cada elemento presente em sua constituição. Por exemplo, numa equação química, podemos encontrar as seguintes substâncias: CH4, C3H8, C3H6O, C2H4O2, entre outras. Contudo, precisamos entender o tipo de ligação realizada entre os átomos presentes nessas moléculas e como os átomos estão distribuídos ao longo da cadeia carbônica. A fórmula estrutural nos indicará isso e poderemos descobrir realmente de qual composto se trata. 26 É importante destacar que existem vários tipos de fórmulas químicas, porém, não existe uma maneira mais correta do que a outra para representar a estrutura das moléculas, mas uma que (melhor) se ajusta à proposta do estudo. A seguir, trataremos das principais formas de representação usadas para descrever os compostos moleculares formados por ligações covalentes. Quando os átomos de dois elementos interagem por meio desse tipo de ligação, realizam o compartilhamento de pares de elétrons. Na Figura 13, estão destacados os elementos que formam ligações covalentes quando presentes em compostos orgânicos. FIGURA 13 – ELEMENTOS QUÍMICOS QUE REALIZAM LIGAÇÕES COVALENTES FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3GRK2jV>. Acesso em: 13 out. 2021. FONTE: O autor TABELA 2 – NECESSIDADE DE ELÉTRONS PARA ELEMENTOS QUÍMICOS QUE REALIZAM LIGAÇÕES COVALENTES Para conseguirmos realizar a representação estrutural de uma molécula orgânica, antes de tudo, devemos saber quantos elétrons são necessários para estabilizar cada um dos elementos presentes na molécula, segundo a teoria do octeto. A Tabela 2 mostra a necessidade de elétrons para os elementos formarem ligações covalentes, de acordo com o grupo (família) a que pertence na tabela periódica. Grupo da tabela periódica Número de elétrons de valência Necessidade de elétrons Número de ligações covalentes 13 (Família IIIA) 3 Receber 3 elétrons 3 14 (Família IVA) 4 Receber 4 elétrons 4 15 (Família VA) 5 Receber 3 elétrons 3 16 (Família VIA) 6 Receber 2 elétrons 2 17 (Família VIIA) 7 Receber 1 elétrons 1 27 FIGURA 14 – FÓRMULA ELETRÔNICA FONTE: O autor Conhecendo a necessidade de elétrons para cada elemento presente na molécula, devemos lembrar que os átomos interagem entre si através de ligações simples (−, com- partilhamento de dois elétrons), duplas (=, compartilhamento de quatro elétrons) e triplas (≡, compartilhamento de seis elétrons). A seguir, estudaremos algumas formas de represen- tação estrutural das moléculas orgânicas, também chamada de fórmula estrutural. 2.1 FÓRMULA ELETRÔNICA A fórmula eletrônica (Figura 14), também chamada de fórmula de Lewis, mostra os elementos com seus respectivos elétrons de valência. Os elétrons são sinalizados por meio de “pontinhos” (•) ao redor do símbolo do elemento. Já as ligações são identificadas através de círculos, contendo os elétrons compartilhados entre dois elementos (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005; FELTRE, 2004). Pentano Buteno Propanona (acetona) Podemos notar que, na fórmula de Lewis, todos os elétrons de valência são repre- sentados na estrutura, porém, somente os elétrons compartilhados (entre dois átomos) são sinalizados por círculos indicando a formação de uma ligação covalente. Os demais elétrons são agrupados, dois a dois, indicando os pares de elétrons livres presentes no elemento. Apesar de descrever satisfatoriamente as estruturas de compostos orgânicos, a fórmula de Lewis é usualmente utilizada para a representação de compostos inorgânicos. 2.2 FÓRMULA ESTRUTURAL PLANA A fórmula estrutural plana, ou fórmula de Kekulé, também mostra os elementos e o número de átomos envolvidos, mas o par de elétrons compartilhado é sinalizado por um traço (—) (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005; FELTRE, 2004). Para compreendermos me- lhor, na Figura 15, são apresentadas fórmulas de Kekulé para alguns compostos orgânicos. 28 FIGURA 15 – FÓRMULA DE KEKULÉ FONTE: O autor Pentano Buteno Propanona (acetona) Nas fórmulas estruturais planas, todos os elementos e todas as ligações aparecem desenhados no plano do papel. Esse tipo de representação é facilmente aplicado a moléculas pequenas, porém, cadeias carbônicas muito grandes ou complexas dificultam a sua usabilidade. 2.3 FÓRMULA ESTRUTURAL SIMPLIFICADA A fórmula estrutural simplificada (Figura 16), também chamada de fórmula condensada, apresenta a quantidade de átomos de hidrogênios ligados a cada carbono de forma abreviada; para isso, quando o hidrogênio estiver ligado ao carbono, coloca- se o seu símbolo (H) uma única vez e adiciona-se (no canto inferior direito) um índice, indicando quantos hidrogênios estão ligados àquele átomo de carbono (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005; FELTRE, 2004). FIGURA 16 – FÓRMULA ESTRUTURAL SIMPLIFICADA FONTE: O autor Pentano Buteno Propanona (acetona) No entanto, se algum índice se repetir, devemos colocá-lo entre colchetes e indicar quantas vezes ele aparece na fórmula; assim, a fórmula estrutural simplificada pode ser reduzida para: CH3 [CH2]3 CH3. 2.4 FÓRMULA CONDENSADA LINEAR Sabendo que os átomos de carbono sempre realizam quatro ligações covalentes e que o hidrogênio forma unicamente ligações simples, uma forma ainda mais simples de representação é a fórmula condensada linear, na qual as ligações carbono- hidrogênio ficam subentendidas, os grupos CH, CH2 e CH3 são omitidos e as ligações carbono-carbono, da cadeia principal, são representadas por traços ligados em zigue- 29 FIGURA 17 – FÓRMULA CONDENSADA LINEAR FONTE: O autor zague. Caso exista algum heteroátomo (átomo diferente de carbono e hidrogênio), ele deverá ser escrito (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005; FELTRE, 2004). Para compreender melhor, a Figura 17 apresenta algumas fórmulas condensadas lineares. Pentano Buteno Propanona (acetona) É importante destacar que, todos os tipos de representação mencionados até aqui permitem a visão em duas dimensões (2D), no entanto as inúmeras moléculas raramente são encontradas na forma espacial plana. Por isso, você pode se deparar com representações distintas para as ligações químicas, na qual se busca a ideia de uma visão espacial tridimensional (3D). Assim, são escritas fórmulas em perspectiva, onde as ligações indicam se o átomo está no plano do papel (traço normal), à frente do plano (cunha cheia) ou atrás do plano (cunha tracejada) (FELTRE, 2004; CANTO; PERUZZO, 2006). IMPORTANTE A Figura 18A mostra as diferentes formas de representação de uma ligação química e a Figura 18B, a fórmula em perspectiva do estanozolol, um esteroide anabolizante sintético derivado da testosterona. FIGURA 18 – REPRESENTAÇÃO DAS LIGAÇÕES QUÍMICAS EM FÓRMULAS EM PERSPECTIVA (A) E FÓRMULA EM PERSPECTIVA DO ESTANOZOLOL (B) A B FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3sEnluk>. Acesso em: 14 out. 2021. 30 3 CLASSIFICAÇÃO DE CADEIAS CARBÔNICAS Anteriormente, vimos que os compostos orgânicos podem conter átomos diferentes de carbono e hidrogênio, embora sua estrutura principal, seu “esqueleto”, seja formada pelo encadeamento de átomos de carbono. Na química, denominamos essa estrutura de cadeia carbônica (SOLOMONS, 2002; MCMURRY, 2005). Por existirem inúmeras moléculas orgânicas, existem inúmeros tipos, formas e formatos de cadeias
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