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1 AMBIENTE MATEMATIZADOR 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre- sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere- cendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici- pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra- vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Sumário AMBIENTE MATEMATIZADOR ........................................................................ 1 NOSSA HISTÓRIA............................................................................................ 2 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 4 2. MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ................................................ 5 3. EXPLORAR E CONSTRUIR: MOTIVAÇÃO PARA APRENDIZAGEM ....... 5 3.1 Materiais Manipuláveis – Sua Origem e Definição ................................... 7 3.2 Materiais manipulativos/manipuláveis no ensino de Matemática nos Anos Iniciais .................................................................................................. 9 3.2.1 Ábaco de Pinos ........................................................................... 10 3.2.2 Fichas Sobrepostas ..................................................................... 11 3.2.3 Geoplano ..................................................................................... 12 3.2.4 Tangram.......................................................................................... 13 3.2.4 Material Dourado ......................................................................... 15 3.2.6 Calculadoras ................................................................................... 15 3.2.5 Dinheiro Chinês ........................................................................... 16 3.2.6 Matix ............................................................................................ 17 4. AMBIENTE MATEMATIZADOR ............................................................... 18 4.1 Conceito de ambiente de aprendizagem................................................ 21 4.2 Como criar um ambiente matematizador na escola ............................... 22 5. TECNOLOGIA EDUCACIONAL A SERVIÇO DA APRENDIZAGEM - DESCRIÇÃO DO OBJETO VIRTUAL DE APRENDIZAGEM (O.A.) ................ 26 5.1 Tecnologia e o processo de ensino aprendizagem nos anos iniciais ..... 27 5.2 O uso do vídeo na educação dos anos iniciais ...................................... 28 5.3 O ensino de Matemática através de recortes e dobraduras ................... 29 5.3.2 Oficina 1: fractais e dobraduras ....................................................... 30 O Recurso do Computador no ensino da Matemática ................................. 31 6. CONCLUSÃO .......................................................................................... 34 7. REFERÊNCIAS ....................................................................................... 35 file:///C:/Users/user/Desktop/grade%20criada/AMBIENTE%20MATEMATIZADOR/AP.AMBIENTE%20MATEMATIZADOR.docx%23_Toc89324742 4 1. INTRODUÇÃO A matemática é fundamental em nossas vidas, e se refletirmos ela está presente em nosso dia-a-dia desde o momento em que fomos gerados, pois, tudo envolve número, quantidade, peso, medida ou volume. No entanto, pesqui- sas demonstram que é justamente nesta área do conhecimento que ocorre o maior índice de reprovação, e, por consequência é uma das disciplinas de menor estima por parte da maioria dos estudantes. E porque isto acontece? Em busca de uma resposta a esta dúvida, através de leituras, observa- ções e práticas em sala de aula, destaco três justificativas à contradição que há entre as inúmeras experiências matemáticas em nosso dia-a-dia com a aversão e dificuldades que os alunos demonstram: - O distanciamento entre o cotidiano dos alunos e a forma como os conceitos matemáticos são abordados; - A falta do material concreto; - A falta de intencionalidade nas atividades propostas; Certamente, estes três pontos destacados evidenciam a forma como o ensino da matemática foi e, ainda vem sendo abordado por muitos educadores, revelando o despreparo destes profissionais e o não compromisso com a apren- dizagem da criança. Aprender Matemática significa, fundamentalmente, utilizar-se do que distingue o ser humano, ou seja, a capacidade de pensar, refletir sobre o real vivido e o concebido, transformar este real, utilizando em sua ação, como ferra- menta, o conhecimento construído em interações com as necessidades surgidas no aqui e no agora. 5 2. MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL No Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), apre- senta-se uma proposta onde alfabetização matemática nos anos iniciais, pode ser trabalhada como um instrumento para a leitura do mundo, através da Alfa- betização Científica, definida como: um processo que articula domínio de voca- bulário, simbolismo, fatos, conceitos, princípios e procedimentos da ciência e também das relações entre ciência, tecnologia, sociedade e ambiente (BRASIL, 2014, p.19). Ou seja, a alfabetização científica é uma forma de ensino que pro- voca situações onde os alunos se mobilizam para buscar e construir um enten- dimento acerca das relações entre teoria/prática, professor/aluno, conte- údo/forma e ensino/pesquisa (BRASIL, 2014, p.20). Logo, a utilização de tecno- logias presentes na rotina do aluno, são de extrema importância para a estrutu- ração do conhecimento do mesmo. Sendo necessário levar em consideração nesse momento introdutório do ensino, os anos iniciais, que os padrões cogniti- vos, perceptivos e culturais do aluno, são cada vez mais advindos de uma vivên- cia permeada em uso de tecnologias. Portanto, busca-se que a educação venha ser desenvolvida de forma colaborativa, onde o professor fortaleça as potencia- lidades dos alunos e encoraje a iniciativa e autonomia nas resoluções de proble- mas, explorando a curiosidade e criando estímulos para motivá-los a aprender com situações cotidianas. Trabalhar com as tecnologias (novas ou não) de forma interativa nas salas de aula requer a responsabilidade de aperfeiçoar as com- preensões de alunos sobre o mundo natural e cultural em que vivem. 3. EXPLORAR E CONSTRUIR: MOTIVAÇÃO PARA APRENDIZAGEM Conforme o atual contexto escolar em que vivemos, muitos são os es- forços desenvolvidos, pelos docentes, para despertar o interesse e a motivação dos alunos em aprender qualquer disciplina escolar e, como tal, a disciplina de Matemática não foge à regra. 6 Já os educadores Jesus e Fino (2005), afirmam que: "esses recursos poderão atuar como catalisadores do processo natural de aprendizagem, au- mentando a motivação e estimulando o aluno, de modo a aumentar a quantidade e a qualidade de seus estudos" (Januário et al., s.d., p.7). Após refletirmos acerca das conceções de diversos autores, podemos confirmar que os materiaismanipuláveis são materiais lúdicos, pedagogicamente estruturados para a aprendizagem dos diversos conteúdos matemáticos, uma vez que, através da sua utilização, estes propiciam uma melhor interação e socialização entre os alunos, contribuindo para uma maior troca e partilha de ideias entre os mesmos. Verifica-se também que existe uma maior segurança na concretização das tarefas, uma vez que os alunos criam e formulam novas estratégias e con- jeturas na resolução de problemas, de forma autónoma e diferenciada, de acordo com as suas experiências diárias. Naturalmente, estes partem à busca de novos e verdadeiros saberes, adquirindo um maior conhecimento de si próprio, a nível da criatividade e da autonomia, na procura e na construção de conceitos, alcan- çando uma maior confiança nas suas capacidades intelectuais e cognitivas. Como tal, a partir da utilização adequado deste tipo de materiais, veri- fica-se uma maior motivação nos alunos para aprender, uma vez que estes, pe- rante as dificuldades e o material disponibilizado, solucionam novos caminhos para atingir os objetivos delineados. A partir da observação, da procura, da re- flexão, da comunicação e de um envolvimento ativo, estes alcançam o sentido de conquista e o prazer de fazer e de construir, organizando o seu pensamento e estruturando os seus próprios conceitos. Desta forma, evidencia-se uma melhoria significativa a nível do raciocí- nio matemático, pois este tipo de materiais permitem, entre muitos outros aspe- tos, desenvolver o entendimento cognitivo e psicomotor do aluno, transformando o estudo da Matemática numa prática dinâmica, intuitiva e desafiante. 7 3.1 Materiais Manipuláveis – Sua Origem e Definição Nas civilizações mais antigas, o homem sempre sentiu a necessidade de contar e de medir. Como tal, utilizava diversos objetos de forma a facilitar e a organizar a suas rotinas diárias. Acredita-se que os nossos antepassados, para contar o número de ovelhas que tinham nos seus rebanhos, começaram por es- cavar marcas em ossos, nas paredes e em pedaços de madeira. Mais tarde uti- lizaram as pedras e, seguidamente adotaram os nós em cordas. Ao longo de milhares de anos, o sistema de contagem foi-se aperfeiçoando e, anos mais tarde, com os Árabes, foi inventado o sistema de numeração e, como tal, surgi- ram diversos objetos/ materiais com o fim de explorar e investigar diversos con- ceitos de aritmética. Segundo Moraes (1959), "o homem primitivo deve ter usado os objetos que estavam a seu redor para registar informação e representar (si- nalizar) os dados importantes. Seixos, varas, dedos das mãos e dos pés foram, 8 provavelmente, os primeiros materiais manipuláveis utilizados" (Berman, 2004, p. 46). Como tal, foi através da contagem e da manipulação de objetos, que se começou a criar regras, padrões e teorias, ampliando o conceito dos números e surgindo diversos materiais que auxiliam todo o estudo subjacente à Matemática. Desde então, muitos materiais são desenvolvidos em torno desta ciência e, como tal, na educação são considerados recursos fundamentais para a compre- ensão e construção do conhecimento matemático. Os materiais manipuláveis são um exemplo de materiais que, ao longo dos anos, têm vindo a ser utilizados na construção e na procura de conceitos. São, portanto, objetos que têm vindo a assumir diversos significados e muitos são os pedagogos, psicólogos e médi- cos que descrevem os seus atributos, defendendo piamente a sua utilização. Outros pedagogos classificam os materiais manipuláveis por materiais “estruturados”, sendo estes quaisquer objetos/ instrumentos reais que, através dos sentidos e da sua manipulação, incorporam uma ideia matemática, relacio- nando as partes com o todo. Sendo assim, os materiais manipuláveis são objetos lúdicos, dinâmicos e intuitivos, com aplicação no nosso dia-a-dia, que têm como finalidade auxiliar a construção e a classificação de determinados conceitos que, conforme o seu nível de abstração, necessitam de um apoio físico para orientar a compreensão, formalização e estruturação dos mesmos. Mediante vários pon- tos de vista, o Programa de Matemática do Ensino Básico, sustenta que a utili- zação de materiais manipuláveis é um recurso fundamental para a aprendiza- gem da Matemática, uma vez que estes são materiais didáticos que ajudam o aluno a desenvolver o espírito de iniciativa e autonomia, bem como o espírito 9 crítico e criativo, permitindo-lhes alcançar uma maior sensibilidade, na procura e na construção de conceitos, verificando-se uma melhoria significativa na com- preensão dos conteúdos matemáticos. Deste modo, é de salientar que este tipo de materiais são considerados recursos “físicos” que funcionam como base para a compreensão dos conteúdos matemáticos, uma vez que, a partir da sua utili- zação, verifica-se uma maior partilha e a troca de ideias entre os alunos, con- templando-se um desenvolvimento crescente a nível da criatividade, da experi- mentação e da comunicação entre os mesmos. Desta forma, acredita-se que quanto maior for a atividade desenvolvida pelos próprios alunos, maior será o conhecimento atingido pelos mesmos, uma vez que estes procurarão continuamente novas estratégias para desenvolver as suas próprias capacidades e, consequentemente, através da experiência direta, construirão os conceitos de acordo com o objeto explorado e observado. Sendo assim, é importante destacar que a utilização destes materiais permitirá um maior envolvimento do aluno na sua própria aprendizagem, fomentando o de- senvolvimento de diversas capacidades e atitudes, bem como a compreensão dos conceitos e das ideias matemáticas. 3.2 Materiais manipulativos/manipuláveis no ensino de Matemática nos Anos Iniciais Os materiais manipulativos podem ser um grande aliado no ensino da matemática, pois os alunos aprendem pela construção de significados. No en- tanto precisam estar acompanhados de atividades que permitam a reflexão atra- vés de boas perguntas e do registro oral e escrito do que o aluno aprendeu. À medida que os alunos avançam e aprendem, o material deve ser abandonado, pois embora ele seja uma possibilidade mais concreta não pode ser confundido com os conceitos e técnicas matemáticas, pois para a Aragão [et al.] (2012, p. 20) “estas são aquisições do aluno, pertencem ao seu domínio de conhecimento, à sua cognição. ” A BNCC também indica em algumas de suas habilidades pre- vistas para os processos de ensino e de aprendizagem nas diferentes Unidades Temáticas. Entre as quais, destacamos as que explicitam possibilidades para o fazer pedagógico com uso de materiais manipulativos para alunos dos Anos 10 Iniciais do Ensino Fundamental, a Tabela 1 faz a enumeração dessas habilida- des: Para o desenvolvimento dessas habilidades, alguns materiais manipula- tivos são bastante expressivos, propiciando a aprendizagem significativa, esta- belecendo conexões da matemática com outras áreas do conhecimento e com situações do próprio cotidiano, ampliando o repertório de conhecimentos com utilização da criatividade e criticidade. A seguir, mostraremos alguns desses ma- teriais de fácil acesso e com grande diversidade de uso pedagógico. 3.2.1 Ábaco de Pinos Ayni Shi [et al.] (2012 p. 29), afirma que “o ábaco é a mais antiga má- quina de calcular construída pelo ser humano”. Ele é conhecido desde a Antigui- dade pelos povos egípcios, chineses e etruscos e poderia ser formado utilizando- se os materiais disponíveis na época como estacas fixas enfiadas no solo ou em uma base de madeira. Em cada estaca eram colocados pedaços de ossos, me- tal, pedras ou conchas como forma de representar quantidades. Cada valor de- pendia de onde cada peça era colocada. O ábaco pode ser utilizado como um recurso para representar as quantidades em um modelo que mostre de maneira maisclara as ordens na escrita. Com seu uso, os alunos conseguem reproduzir 11 com facilidade os agrupamentos presentes na adição e os recursos necessários para a subtração. Isso permite que o aluno perceba as relações presentes nos cálculos convencionais dessas duas operações matemáticas. Existem ábacos de madeira e com argolas de plástico que são vendidos. Porém, esse material pode ser confeccionado pelos alunos utilizando recursos simples, especialmente nas escolas que carecem de recursos materiais. Pode ser feito um ábaco com caixas de ovos e palitos de churrasco ou arrame. Quanto às argolas podem ser botões grandes, ganchos de cortinas, macarrão de argolar ou tampinhas furadas como o ábaco da Figura. 3.2.2 Fichas Sobrepostas 12 É um conjunto de fichas que permitem a escrita de números de 0 a 99 999. Através delas, pode-se ter a percepção das diferentes composições dos números. As fichas sobrepostas, devem considerar contextos de aprendizagem que considerem a aprendizagem significativa e não como a compreensão da contagem e do sistema de numeração decimal como mera memorização e repe- tição. Para isso, é necessário que o professor compreenda o recurso para traba- lhar nas diversas Unidades Temáticas, propondo atividades que permitam aos alunos a construção do sistema de numeração decimal, suas regras e proprie- dades. Existem fichas que são vendidas, mas elas podem ser feitas facilmente pelos alunos. Basta o professor trazer cópias das fichas, auxiliar para que os alunos as colem em folhas cartolinas, esperar secar e recortar, assim, todos te- rão sua própria coleção de fichas com números de 0 a 9, as dezenas de 10 a 90, as centenas de 100 a 900 e as unidades de milhar de 1.000 a 9.000. Se neces- sário, pode-se ampliar as fichas acrescentando também as fichas com centenas de milhar de 10.000 a 90.000. 3.2.3 Geoplano 13 Para Gonçalves (2012) existem vários tipos de geoplano. O mais comum se descreve como “uma base de madeira ou plástico onde são colocados pregos ou pinos sobre a vértice de cada quadrado de uma malha quadriculada dese- nhada sobre a base.” (p. 41) E acrescenta que: O geoplano é um material para os alunos explorarem proble- mas geométricos. Além de ser útil na abordagem de noções sobre fi- guras planas, ele é rico em possibilidades para desenvolver habilida- des de percepção espacial. (GONÇALVES, 2012, p. 41). O material é acompanhado de elásticos coloridos, que ajudam os alunos na hora de desenhar as figuras geométricas na malha dos pinos. Dessa forma, eles podem fazer e desfazer os desenhos com muita rapidez. O geoplano é comercializado em muitas lojas, no entanto, pode ser feito utilizando materiais simples utilizando pregos e um pedaço de madeira. O impor- tante é utilizar a criatividade para disponibilizar aos alunos esses materiais que infelizmente não podem ser comprados pelas escolas por falta de dinheiro. 3.2.4 Tangram 14 O Tangram é um quebra cabeça chinês e tem a origem milenar. Gonçal- ves (2012), afirma que são várias as lendas e histórias sobre como ele surgiu. É formado pela decomposição de um quadrado em 7 peças: 5 triângulos, 1 qua- drado e 1 paralelogramo. Com as 7 peças, é possível montar cerca de 1 700 figuras entre elas, animais, plantas, pessoas, objetos, figuras geométricas, nú- meros e letras, etc. Há múltiplas formas em trabalhar o tangram, fazendo conexões da matemá- tica com outras áreas do conhe- cimento, utilizando recursos lite- rários e artísticos que valorizem a cultura oriental, bem como de- senvolver nas Unidades Temáti- cas Geometria, Grandezas e Medidas e Álgebra situações de aprendizagem que valorizem o raciocínio lógico e o desenvolvi- mento de competências mate- máticas de forma lúdica. Segundo Gonçalves (2012) o Tangram pode ser utilizado nas aulas de matemática como uma possibilidade de ampliar os tipos de figuras que os alunos conhecem. Montando as figuras, eles descobrem figuras novas e vão perceber a diferença das formas e tamanhos, fazendo com que as suas habilidades de percepção espacial se desenvolvam. O material pode ser trabalhado em todos nos anos escolares. Para Gonçalves (2012, p. 114), “a partir do 4º ano, o Tan- gram pode ser utilizado para trabalhar a conceituação de frações e operações entre frações, e auxiliar no desenvolvimento do conceito de área”. 15 3.2.4 Material Dourado O Material Dourado faz parte de um conjunto de materiais criados pela médica e educadora italiana Maria Montessori. No início, era destinado a crian- ças com distúrbio de aprendizagem. Segundo Berton e Itacarambi (2009), o ma- terial tem o nome de dourado devido a versão original ser feita com contas dou- radas. Depois que começou a ser industrializado, passou a ser feito com madeira e o nome se manteve. Como todo recurso, o Material Dourado não é indispen- sável no ensino da matemática, ele auxilia na compreensão, mas não pode ser um fim de si mesmo. A partir desse material, as relações numéricas abstratas passam a ter uma imagem concreta, o que facilita a compreensão. Assim, o aluno obtém a compreensão dos algoritmos, um notável avanço no desenvolvimento do racio- cínio lógico e também um aprendizado mais agradável e significativo. Ele se destina a atividades que auxiliam o ensino e aprendizagem do sistema de nume- ração decimal-posicional e dos métodos para efetuar as operações fundamen- tais. 3.2.6 Calculadoras 16 Ayni Shih [et al.] (2010), aponta que a calculadora foi criada com o ob- jetivo de facilitar e simplificar o trabalho humano de calcular, mas que também pode ser utilizada como recurso de ensino da matemática, uma vez que a partir dela é possível propor atividades adequadas para que os alunos ao digitar o observar o visor da calculadora possa formular hipóteses e perceber regularida- des do Sistema de Numeração Decimal e das Operações. Os PCN (BRASIL, 1997) já indicavam as calculadoras como recurso tecnológico para as aulas de matemática, em situações que fizessem o aluno pensar e não estivessem foca- das nas operações de forma mecânica. 3.2.5 Dinheiro Chinês Considerando as ideias de Gitirana e Carvalho (2010) os alunos costu- mam utilizar o dinheiro desde muito cedo em seu cotidiano. Os professores po- dem utilizar cédulas e moedas para trabalhar os “números com vírgula” (números decimais) e grupamentos. Quando usamos materiais concretos que já são co- nhecidos pelas crianças podemos aproveitar o conhecimento prévios social- mente construídos, e tornar os conteúdos matemáticos mais próximos do seu diaa-dia. Essas cópias para uso didático ou lúdico da moeda nacional é conhe- cida popularmente como dinheiro chinês, tendo em vista, que sua venda é bas- tante presente nos comércios orientais. 17 Para Gitirana e Carvalho (2010, p.37), “os materiais concretos são re- cursos didáticos muito utilizados no ensino da Matemática, graças ao suporte que fornecem para a execução de procedimentos e operações matemática”. E alertam os professores, pois fazer atividades apenas com desenho do material concreto não substitui em hipótese alguma o seu manuseio. Ele foi feito para ser manipulado pelos alunos. Só assim eles poderão aprender e dar início a cons- trução dos conceitos e procedimentos matemáticos. Caso a escola não tenha esses materiais manipulativos é possível construir junto com os alunos utilizando materiais de sucata. O importante é não hesitar em usa-los quando planejar as aulas de matemática. Ainda há possibilidades de adaptar materiais reciclados, também, para utilização no ensino da matemática nas situações em que os con- textos socioeconômicos das escolas não permitem o material industrializado pró- prio. São possibilidades desses, uso de tampinhas de garrafas,palitos de sorve- tes, caixas e materiais de plástico e papelão diversificados. 3.2.6 Matix É um jogo de tabuleiro que se joga em dupla. O seu objetivo é que o jogador acumule o maior número de pontos ao final da partida, em que os nú- meros positivos acrescentam e os números negativos retiram o valor equivalente ao representado na peça do somatório da pontuação dos jogadores. A movimen- tação das peças deve ocorrer respeitando a linha e a coluna da peça escolhida pelo jogador. Pode ser confeccionado a partir de materiais como madeira, EVA, duplex, cartolina, tampas de garrafa. 18 A escolha do MD, feita pelo professor de matemática, no intuito de cons- tituir uma ferramenta de ensino-aprendizagem, deve ser pensada de modo muito particular, atentando para as especificidades de cada turma de alunos. Faz-se necessário que, para cada aula planejada com a utilização de MDs, o professor possa questionar-se perseguindo as seguintes perguntas: é necessário o uso do MD como mediador da aprendizagem, nesta aula?; qual seria o MD mais apro- priado?; o MD escolhido para a aula é conveniente para o tra- balho com a matemática nesta sala de aula ou precisará sofrer adaptações?. Tendo tais ques- tionamentos em conta, per- cebe-se, que o professor deve estar capacitado a trabalhar com o MD não somente na sua apresentação original, mas também necessita perceber quando o material didático pre- cisará passar por adaptações com a finalidade de melhorar o desempenho do professor no gerenciamento da aprendizagem dos alunos. Nesse caso, obviamente, os MDs manipuláveis devem ser escolhidos pelo professor, principalmente pela observação dos objetivos a serem atingidos- durante a aula, pois a natureza exploratória do MD manipulável pode variar de acordo com a sua estrutura. Existem aqueles mais rígidos que permitem pouca interação do aluno, como por exemplo os sólidos geométricos construídos em madeira, enquanto materiais como o ábaco e os jogos de tabuleiro, devido à sua capacidade dinâmica, são mais propícios às atividades de manipulação para a investigação de propriedades matemáticas. 4. AMBIENTE MATEMATIZADOR A sala de aula dos anos iniciais do ensino fundamental tem suas parti- cularidades. A mais marcante é o fato de a professora ser polivalente, minis- trando todas as disciplinas escolares, e ficar o período integral com os alunos. 19 Isso, sem dúvida, facilita e muito a forma de organização do trabalho pedagó- gico, visto que a professora tem maior flexibilidade de horário para desenvolver suas atividades. - O cenário da sala de aula - A natureza das tarefas matemáticas - As formas de comunicação O cenário da sala de aula Tanto o espaço físico e simbólico precisa propiciar um trabalho ade- quado para ensinar matemática. Nesse sentido, entendo que a abordagem his- tórico-cultural, com alguns de seus conceitos (interação, mediação, instrumento, aprendizagem, desenvolvimento, significação e linguagem) se apresenta como potencializadora para a organi- zação do trabalho pedagógico e do papel da professora para a promoção da aprendizagem e do desenvolvimento dos alunos. O papel do professor é central no processo; ele precisar ter a inten- cionalidade da ação pedagógica e ter objetivos claros a serem al- cançados. Como afirma Mengali (2011, p. 36): “Quando o professor assume uma postura questionadora diante do conhecimento, seu objetivo centra-se em intervir nessa construção, bem como em conduzir e incentivar as interações entre os alunos, possibilitando que eles avancem nos processos de aprendizagem de forma mais significativa”. Quando o professor se assume na posição de organizador do ambiente de trabalho na sala de aula e mobiliza os alunos para as tarefas propostas, o trabalho coletivo e colaborativo passa a ser necessário. Outra característica a ser destacada refere-se à forma de organização dos grupos de alunos. Até mesmo em decorrência da abordagem teórica ado- tada, os grupos são montados de forma que sempre haja alunos em níveis pró- ximos de desenvolvimento, mas com algumas diferenças, de maneira que as 20 discussões e as interações entre eles pudessem contribuir para avanços signifi- cativos de aprendizagem e, consequentemente, de desenvolvimento. Todas elas levaram em consideração o conceito de zona de desenvolvimento proximal, na perspectiva vigotskiana. A natureza das tarefas matemáticas A própria escolha do espaço escolar a ser fotografado já pode ser con- siderada como um problema. Os alunos devem ser envolver em tarefas de clas- sificar objetos; identificar formas geométricas nos objetos do cotidiano; produzir mapas e itinerários; interpretar mapas e itinerários produzidos pelos colegas. Criação de diferentes problemas para seus alunos, alguns deles partindo dos contextos reais trazidos por eles, outros retirados de livros e adaptados para sua turma. Considerar possível trabalhar com um problema que já vem pronto num livro didático ou em outro material que o professor precise usar; e transfor- mar esse problema em uma tarefa investigativa e significativa, desde que faça de sua sala de aula uma comunidade de investigação e de problematização. As formas de comunicação A criança vai se apropriando de suas significações e organizando “seu processo de elaboração mental” (FONTANA, 2000 apud BAGNE, 2012, p. 43). É por meio da palavra que a professora e os alunos se comunicam em sala de aula, mesmo com diferentes graus de generalidade de cada conceito. A escola, ao assumir seu papel de propiciar a aprendizagem de conceitos científicos pelos alunos, não pode desconsiderar que os alunos já trazem consigo significados construídos em seu meio social; trazem, portanto, as marcas das condições so- ciais. Assim, cabe à professora não apenas conhecer essas significações trazi- das pelos alunos, mas, também, possibilitar que sejam problematizadas e que os alunos sejam levados a níveis mais generalizados dos conceitos. 21 4.1 Conceito de ambiente de aprendizagem “O nosso papel como professores, ao estabelecer com os alunos um ambiente na aula que os encoraja a exprimir o seu pensamento e ao mesmo tempo permite que coloquem questões uns aos outros, cria, também para nós, um ambiente de aprendizagem. Não se trata apenas de um ambiente que enco- raja pensamentos de ordem superior e atividades reflexivas aos nossos alunos, mas também a nós próprios”. Wood et al., (1996) Os documentos curriculares, em vigor, têm vindo a apresentar algumas referências e orientações acerca do papel do professor como principal respon- sável pela construção do ambiente de aprendizagem, designadamente no que se refere à aprendizagem da matemática. Por exemplo, o Programa do 1º Ciclo refere: A tarefa principal que se impõe aos professores é conseguir que as crianças, desde cedo, aprendam a gostar de Matemática. Ca- berá ao professor organizar os meios e criar o ambiente propício à con- cretização do programa, de modo a que a aprendizagem seja, na sala de aula, o reflexo do dinamismo das crianças e do desafio que a própria Matemática constitui para elas. Só assim a Matemática se tornará aliciante e poderão as cri- anças continuar ativas, questionadoras e imaginativas como é da sua natureza. (Ministério da Educação, 1990) Se o programa do 1º ciclo se refere ao gosto pela Matemática como um dos aspectos que os professores devem procurar que os alunos desenvolvam através das oportunidades, dos meios e ambiente que lhes proporcionam, o Cur- rículo Nacional também destaca a importância dos alunos desenvolverem confi- ança e motivação para aprenderem e utilizarem a Matemática. “A ênfase da matemática escolar não está na aquisição de conhecimentos isolados e no domínio de regras e técnicas, mas sim na utilização da matemáticapara resolver problemas, para raciocinar e para comunicar, o que implica a confiança e a motivação pessoal para fazê-lo.”(Currículo Nacional, 2001) 22 A literatura científica dos últimos anos, nomeadamente alguns estudos portugueses, tem revelado que o gosto, a confiança e a motivação para aprender e utilizar a matemática com competência estão muito relacionados com o ambi- ente em que a aprendizagem ocorre. É frequente considerar-se que existe mau ambiente numa aula quando se verifica, por exemplo, muito barulho, confusão, indisciplina, mau relaciona- mento entre professor e alunos. No entanto, será que uma aula muito sosse- gada, silenciosa e onde os alunos são obedientes e cumpridores é — sempre — uma aula onde existe um bom ambiente de aprendizagem? O que é um bom ambiente de aprendizagem? E um bom ambiente de aprendizagem para aprender matemática? Segundo Ponte e Serrazina (2000), o ambiente de aprendizagem é ca- racterizado pelo maior ou menor envolvimento dos alunos no trabalho e pela rigidez ou informalidade nas relações entre eles e o professor. Relaciona-se com as tarefas propostas, o tipo de comunicação e negociação de significados, o modo de trabalho dos alunos e a cultura de sala de aula. Os professores devem promover a criação de ambientes que encorajem os alunos a formular questões, a fazer conjecturas, a tomar decisões, a argu- mentar para justificar os seus raciocínios; ambientes em que alunos e professor estejam atentos ao pensamento e raciocínio uns dos outros e funcionem como membros de uma comunidade matemática. 4.2 Como criar um ambiente matematizador na escola As salas criadas para o ensino da Matemática são o elo entre os conte- údos escolares e o mundo, interagindo através da utilização de inúmeros recur- sos pedagógicos e tecnológicos. A troca de experiências também é um ponto positivo, pois cria alunos formadores de opinião, senso crítico, entendedores de situações complexas e não meros membros ocupacionais do território. O ambiente deve ser de fácil acesso e possuir uma variedade de mate- riais pedagógicos, adequados aos diferentes níveis de ensino de forma contex- tualizada e interdisciplinarizada. O professor precisa estar preparado para traba- lhar o aluno em conjunto com tais espaços, é papel do professor: Promover o estímulo e o pensamento ativo no aluno; 23 Conscientizar o estudante de que o ambiente é um local destinado ao melhor ensino-aprendizado; Desenvolver um modo prático de exploração e adequação do saber; Estimular as trocas afetivas e de experiências; Fazer com que os alunos adquiram hábitos e respeito; Despertar a vontade de conhecer o novo, investigar; Criar situações que induzam o aluno a tomar decisões. Espaços externos - Jogos de Amarelinha: foram pintados, no chão do pátio, jogos de ama- relinha. Enquanto as crianças brincam, estão em contato com os números. - Placas com propriedades das figuras geométricas: nas paredes do pá- tio foram pregadas placas com fórmulas, figuras geométricas, entre outros con- teúdos. A ideia é que os alunos se familiarizem com nomes e conceitos mate- máticos. - Desafios Matemáticos: no pátio há um mural disponibilizado para se- rem apresentados alguns desafios. A cada dez dias, é colocado um desafio no 24 mural. Os alunos que quiserem podem participar, resolvendo e colocando em uma urna, que fica na diretoria. Não vale somente a resposta, mas devem apre- sentar, também, a resolução. Entre os alunos que acertam, é feito um sorteio que pode ser, por exemplo, um livro. - Batalha Naval: pintados, no chão do pátio, jogos de Batalha Naval e os alunos sempre aproveitam a hora do intervalo para brincar. Salas de aula Buscar todos os recursos materiais necessários para que o desenvolvi- mento das atividades matemáticas sejam significativas e contextualizadas, que também podem ser feitas com materiais reciclados e reaproveitados. Além disso, oferecer uma sala de aula de modo que os números estejam presentes em di- versas situações, também é nosso objetivo. Mas, o que há nas salas de aula que contribuem com o processo ensino aprendizagem de matemática? Todas as salas têm os seguintes materiais: - Relógios de parede que, aliás, periodicamente, têm as pilhas revisadas, para que funcionem perfeitamente. - Quadro numérico – tão importante para trabalhar, entre outras ativida- des, com as regularidades matemáticas. - “Girafa Gigi” para medir altura – a girafinha fica a 50cm do chão e nela há uma régua que possibilita medir a altura das crianças. 25 - Calendários – além dos calendários comuns, há calendários de ma- deira. Todos os dias, no período da manhã, são atualizados, o dia do mês e da semana. - Cartaz com tabuada, que funciona como modelo estável. Além dos materiais fixos, os professores expõem, na sala de aula, ma- teriais utilizados em atividades. Orienta-se aos professores para terem cuidado com os materiais cons- truídos com os alunos e que são expostos nas classes. Com o tempo, devem ser retirados para dar lugar a outros e assim evitar a “poluição visual”. 26 5. TECNOLOGIA EDUCACIONAL A SERVIÇO DA APRENDIZAGEM - DESCRIÇÃO DO OBJETO VIRTUAL DE APRENDIZAGEM (O.A.) Nos últimos anos têm aumentado consideravelmente os espaços de de- bate sobre o uso das Tecnologias Educacionais como ferramentas úteis no pro- cesso ensino aprendizagem. Percebemos ainda que nem sempre estas ques- tões são devidamente amadurecidas no meio dos profissionais da educação, especialmente entre os professores das escolas públicas. Na maioria das vezes, as tentativas de direcionar algumas ações são atropeladas nesse processo, seja pelo autoritarismo que frequentemente se observa nos poderes públicos, seja pela falta de clareza dos objetivos, ou mesmo pela omissão de muitos dos seus atores. Em meio a estas questões, o ensino de matemática no Brasil e no mundo enfrenta uma profunda crise, exigindo dos professores a reformulação de suas práticas, a redefinição das estratégias e a inclusão de novas ferramentas de en- sino. Dessa forma, o uso de tecnologias tem se tornado um aliado importante nesse enfrentamento. 27 Ao que tudo indica, nosso grande desafio é, não somente defender as novas tecnologias como alternativa de aprendizagem no mundo contemporâneo, mas, socializar o acesso a esses recursos, garantindo aos professores sejam eles da zona rural ou urbana a formação necessária para uma intervenção efi- caz, e aos alunos as mesmas condições oferecidas aos centros urbanos. 5.1 Tecnologia e o processo de ensino aprendizagem nos anos iniciais No entanto, ao falar-se em ensino apoiado por TICs, é comum associar ao uso de computadores e internet e deixar em segundo plano outros recursos não menos importantes e que estão disponíveis em praticamente todas as esco- las: a TV e o vídeo. O vídeo didático é talvez a tecnologia de mais fácil acesso como recurso de apoio ao processo de ensino aprendizagem. Os vídeos são combinações de uma comunicação sensorial com a linguagem audiovisual, eles são compostos por diversos símbolos, cores, formas, cenários, sons e significa- dos que aproximam da realidade e da sensibilidade humana o que torna o vídeo uma grande experiência sensorial. A visão de que o vídeo está muito relacionado ao entretenimento ocorre porque segundo Moran (1995, p.27), ele “está umbili- calmente ligado à televisão e a um contexto de lazer”, e que essa relação passa imperceptivelmente para a sala de aula. Porém, isso não prefigura um problema, pois, com efeito, os professores deveriam utilizar isso como forma de atrair o aluno para os assuntos do planejamento pedagógico. Moran (1995) propõe for- mas adequadas de utilização dos vídeos, como sensibilização, ilustração, simu- lação, apresentação de conteúdo de ensino, produção(documentação, interven- ção e expressão), como avaliação e como suporte de outras mídias ou intera- gindo com o computador e games. Ele também apresenta a dimensão moderna e lúdica da produção de vídeos como expressão, destacando que esta é uma atividade muito estimada pelas crianças, por permitir brincar com a realidade. Uma pesquisa feita por Corrêa (2016, p. 3) entre crianças brasileiras de 0 a 12 anos, apresenta um progressivo consumo de vídeos online na plataforma You- Tube Brasil, que tem esse país como seu segundo maior consumidor no mundo, o que demonstra o interesse pelos vídeos, por parte das crianças. Tal pesquisa, 28 reforça a posição de Moran (1995) e faze-a atemporal, no que diz respeito à dimensão lúdica da produção de vídeos como expressão, pois constata-se o de- sejo das crianças em protagonizar vídeos, e nos dias de hoje, espelhando-se em influenciadores digitais, ou YouTubers, como geralmente são chamados os apre- sentadores dos vídeos da plataforma YouTube. O estudo utilizou-se de dois ma- peamentos e observou-se o rápido crescimento de visualizações nas categorias games, videobrincadeiras, e YouTubers mirins. A partir destes dados torna-se possível uma reflexão sobre a elaboração de conteúdos educativos para essa faixa etária. De fato, computadores, softwares educativos e vídeos, tornam-se imen- samente valiosos nos processos de ensino e perfeitamente alinhados com as práticas pedagógicas, desde que ocorra um gerenciamento adequado, favore- cendo a autonomia dos educandos. E à vista disso, a matemática é muito privi- legiada em relação às diversas tecnologias presentes no mundo moderno: jogos, internet, simuladores e diversas aplicações, surgem como instrumentos para au- xiliar a aprendizagem, criando ambientes que possibilitem novas formas de pen- sar e de agir, e que valorizem o experimental trazendo significados para o estudo dos conceitos matemáticos. 5.2 O uso do vídeo na educação dos anos iniciais Com relação ao uso de vídeos na educação, o assunto tem sido estu- dado por diversos autores há tempos. E tem sido utilizado de diversas formas: adotando o vídeo para introduzir um novo assunto, para simular experiências 29 custosas, demoradas ou perigosas, para ilustrar algo que foi citado pelo profes- sor e outras formas. Para aplicações desse gênero, observa-se no presente, através de uma simples busca na internet, canais do YouTube com grande di- versidade de vídeos relacionados aos principais temas dos anos iniciais: núme- ros e operações, espaço e forma, e grandezas e medidas. No entanto, há uma forma de utilização de vídeos como expressão (MORAN, 1995, p.31), onde os alunos são incentivados a produzir vídeos de forma moderna e lúdica. E nos dias de hoje, este gênero de produção de vídeo, vem sendo incentivado. 5.3 O ensino de Matemática através de recortes e dobraduras Um dos obstáculos que se opõem ao ensino de matemática com a utili- zação de tecnologias digitais está no fato de que muitas das escolas públicas ainda não possuem laboratório com computadores, laboratório de ensino de ma- temática, softwares ou material semelhante de modo que o professor possa apli- car metodologias de ensino compatíveis com esse tipo de material. No entanto, isto não é um impeditivo para o desenvolvimento de um trabalho pedagógico utilizando essas tecnologias. As oficinas de dobraduras, por exemplo, apresentam-se como uma tec- nologia barata e que permitem ao aluno o trabalho investigativo e participativo, 30 proporcionando lhe aprender matemática com qualidade e significado, seja no LEM ou na sala de aula. Conheça agora dois exemplos de oficinas que utilizam dobraduras, re- cortes e colagens como tecnologias de ensino-aprendizagem da Matemática. 5.3.2 Oficina 1: fractais e dobraduras O fractal é uma estrutura geométrica ou física e geralmente são muito similares em diferentes níveis de escala. O fractal é um objeto que não perde a definição formal à medida que é ampliado, mantendo sua estrutura idêntica à original. Os fractais estão em vários lugares, como na natureza e em nosso corpo. Existem muitos elementos da natureza que são considerados fractais na- turais em decorrência do seu comportamento ou estrutura, como as nuvens e as árvores. Em outros casos, um fractal pode ser gerado a partir de um padrão repetitivo, como através da repetição ordenada de figuras geométricas. A geometria fractal é uma forma de arte e podemos dizer que ela está entrelaçada com a matemática, pois ambas são formas de manifestações da inteligência humana, da criatividade, da simetria, do dinamismo, da habilidade, entre outros modos de se expressar. Os fractais podem ser utilizados no ensino de conteúdos como frações, progressão aritmética e geométrica, simetria, geometria plana e espacial. A ofi- cina com a construção de fractais envolve dobraduras e recortes que devem ser realizados pelos alunos, no intuito de construí-los e estudar a matemática, a par- tir da investigação feita sobre o objeto construído. As escolas que têm espaço reservado ao LEM motivam e intensificam a realização de oficinas na prática docente, pois este espaço facilita o manuseio dos materiais pelos alunos. 31 Na Geometria, podemos encontrar diversas formas de polígonos que nos possibilitam o uso de recursos visuais, tais recursos servem de ótimo atrativo no ensino da matemática, uma vez que podem contribuir com o desenvolvimento das temáticas progressão aritmética - PA e progressão geométrica – PG. Com a utilização da geometria fractal, podemos mostrar que as sequências, de um modo geral, não são somente operações algébricas, mas exemplos geométricos. Além disso, essas sequências permitem, também, que os estudantes possam enxergar a beleza dos fractais. O Recurso do Computador no ensino da Matemática O interesse em estudar os processos mentais, mediante a computação, fez expandir o estudo sobre modelos computacionais para a mente humana. A Ciência Cognitiva, tal como se apresenta hoje, é muito mais do que simples- mente se entende por inteligência artificial. Contudo, foi a partir do desenvolvi- mento da Inteligência Artificial, nas últimas décadas, que toda a idéia de uma ciência da mente se desenvolveu. A ciência da computação, segundo Teixeira (1998), ensaiava seus primeiros passos na década de 30, do século XX, a partir dos trabalhos do matemático inglês Alan Turing, mas a possibilidade de construir computadores digitais só veio anos mais tarde com John Von Neumann. Na dé- cada de 40, do século XX, desenvolveu-se a Inteligência Artificial, que privilegiou os estudos das representações mentais, através de computadores. Tratava-se de simular eficientemente processos mentais humanos e usar o computador para consolidar uma ciência da mente. Teixeira (1998) ressalta que a ciência da mente se utiliza da analogia entre sistema nervoso e circuitos elétricos dos com- putadores. O interesse, ao longo desses anos, foi a construção de máquinas inteligentes, que processem informações e até mesmo pensem com a mesma propriedade do Homem. De algum modo, as máquinas têm evoluído nesse sen- tido, fazendo com que o Homem procure respostas para seus problemas filosó- ficos, obrigando-o a refletir sobre o significado do que é ser inteligente, sobre o que é ter vida mental, consciência e sobre muitos outros conceitos, que freqüen- temente são empregados pelos filósofos e psicólogos. Dessa forma, a Psicologia Cognitiva estuda o mecanismos de funcionamento do cérebro, buscando saber de que forma o conhecimento se processa, qual o mecanismo da inteligência, 32 do pensamento subjacente e, por fim, da própria consciência. Portanto, as pro- postas de mudanças curriculares e pedagógicas não estão vinculadas apenas ao computador. Percebe-se a importância desse recurso, assim como as pes- quisassobre a aplicação do computador na escola pode ajudar o processo de ensino−aprendizagem. Por isso, a discussão não é se devemos ou não usar computador na Educação, mas quando, como e onde utilizá-lo. Além do que, os estudantes precisam conhecer esse potente instrumento tecnológico, para que possam se preparar para as diversas profissões do futuro. Sendo, assim, opor- tuno destacar algumas aplicações do computador na escola. Uma aplicação do computador na escola é a instrução programada, considerada um método de instrução, através do qual o microcomputador é realmente colocado na posição de quem ensina ao aluno. O termo “CAI”, do inglês “ Computer Assisted Instruction”, tem sido fre- qüentemente utilizado para se referir a essa modalidade de utilização do micro- computador na Educação. O sistema CAI foi construído para servir como instru- ção, interação, aprendizagem e como recurso de resolução−problema, com o objetivo fundamental de obter um nível de instrução equivalente ou melhor do 33 que com a intervenção de um professor humano. Como aplicação, têm-se o si- mulador e os jogos, que são modelos cuja pretensão é imitar um sistema, real ou imaginário, com base em uma teoria da operação, com a intenção de serem divertidos. Os jogos pedagógicos distinguem-se de outros tipos de jogos, basi- camente, pelo seu objetivo explícito de promover a aprendizagem. Espera-se, assim, que o aluno aprenda com uma maior facilidade, sem sentir os conceitos, as habilidades ou os conhecimentos incorporados ao jogo. A aprendizagem por descoberta, outra aplicação do computador na escola, está representada pela linguagem de programação designado LOGO. Essa linguagem foi desenvolvida nos anos sessenta, sob a supervisão do professor Seymour Papert, que resolveu torná-la um instrumento o mais ade- quado possível para aplicações na área educacional. A aprendizagem que acon- tece no processo de exploração e investigação estimula a auto−aprendizagem. Essa, denominada por Papert de construcionismo, é gerada sobre a suposição de que a criança fará melhor, descobrindo por si mesma o conhecimento. Por fim, têm-se, também, como aplicação na educação, os pacotes aplicativos, que são os processadores de texto, gerenciadores de bancos de dados, planilhas eletrônicas, processadores gráficos, entre outros. Algumas das vantagens do ensino programado são: o progresso do aluno baseado em seu próprio ritmo; possibilidade real de individualização do ensino; mais eficiência no ensino; mais motivação por parte do educando; desenvolvimento de técnicas que estimulam ao acerto dos exercícios e a estratégia de ensino. Esta última exige a maior par- ticipação do educando no processo de aprendizagem, seu processo é ativo. As perspectivas do computador são imensas: supressão de trabalhos repetitivos ou penosos, novas necessidades, novas profissões, novas qualificações. Assim, o Homem, passará a valorizar mais processos como descobrir, investigar, discutir e interpretar. Algumas das desvantagens são: custo muito elevado da aparelha- gem; no início, possibilidade maior em instruir do que formar; e ensino estrita- mente individualizado, não favorecendo a socialização. O fato socialmente isolador está relacionado às desvantagens, mas pode ser administrado com qualidade através de atividades, pois o computador não deve excluir experiências em grupo, tão benéficas ao desenvolvimento inte- lectual. O trabalho com o computador tem que ser visto como troca de informa- 34 ção, valorizando-se o acesso ao saber, elevando-se o nível do educando respei- tando-se a realidade social e capacitando-o no sentido de sua emancipação so- cial, econômica, política e cultural. Os alunos, como pessoas individualizadas que são, dispõem de um ambiente familiar, social e cultural próprio e estas di- versidades estão presentes na escola, influenciando a aprendizagem. Os alunos buscam na instituição escolar um ensino que promova sua personalidade e de- senvolva o seu processo cognitivo. Assim, os educadores terão que ser capazes de selecionar informações pertinentes, organizar as atividades que consideram importantes no ensino e seguir as metas e objetivos desejados, de acordo com o progresso cognitivo dos alunos. 6. CONCLUSÃO Os alunos continuam a questionar-se acerca da importância da matemá- tica escolar e, como consequência, tem-se vindo a verificar uma enorme neces- sidade em implementar novas estratégias e metodologias, de forma a mudar a visão e o comportamento da sociedade, em relação a esta disciplina. Atual- mente, a sociedade exige que a escola proporcione aos seus intervenientes ex- periências significativas em contextos múltiplos e variados, sendo os materiais manipuláveis fortes recursos para a aprendizagem da Matemática, uma vez que se intitulam como ferramentas lúdico-educativas, que possibilitam que o aluno aprenda explorando e construindo. Neste cenário, as tecnologias devem ser uti- lizadas em todo o aspecto educacional, já que há motivação para que ferramen- tas tecnológicas passem a ser indispensáveis ao ensino. Considerando que o professor adeque sua metodologia e obrigando as escolas a repensar seu papel como educadora e assumir um papel responsável na introdução dessas ferra- mentas no processo de ensino e aprendizado de seus alunos. 35 7. REFERÊNCIAS Disponível em: https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/am- biente-ensino-matematica.htm<acesso em 31/12/2020 ERAILSON, S. Informática Aplicada à educação. Disponível em: . Acesso em: 15 ago. 2018. ARAGÃO, Heliete Meira C. A. [et al.], Materiais Manipulativos para o Ensino de Sistema de Numeração Decimal. São Paulo. Edições Mathema, 2012. BERTON, Ivani da Cunha Borges; ITACARAMBI, Ruth Ribas. Números Brincadeiras e Jo- gos. São Paulo: Livraria da Física, 2009, p. 30-36. BRASIL. Base Nacional Cur- ricular Comum (BNCC). 3ª Versão Revista. Brasília: Ministério da Educação, 2017. 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