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Livro - História dos direitos humanos

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Prévia do material em texto

1 
 
Disciplina: História dos direitos humanos 
Autora: M.e Cláudia Senra Caramez 
Revisão de Conteúdos: D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd 
Designer Instrucional: Vianeis Rodrigues Pereira 
Revisão Ortográfica: Esp. Juliano de Paula Neitzki 
Ano: 2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em 
cobrança de direitos autorais. 
 
 
2 
 
Cláudia Senra Caramez 
 
 
 
 
 
 
 
 
História dos direitos humanos 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
2019 
Curitiba, PR 
Editora São Braz 
 
 
 
3 
 
Editora São Braz 
Rua Cláudio Chatagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Conselho Editorial 
D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu / 
D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Gilian Cristina Barros / D.r 
Jefferson Zeferino / D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de 
Barros Dias / D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara 
Bueno / D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia 
 
Revisão de Conteúdos 
Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd 
 
Parecerista Técnico 
Jefferson Zeferino / Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd 
 
Designer Instrucional 
Vianeis Rodrigues Pereira 
 
Revisão Ortográfica 
Juliano de Paula Neitzki 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 CARAMEZ, Cláudia Senra. 
História dos direitos humanos / Cláudia Senra Caramez. – Curitiba: Editora São 
Braz, 2019. 
 46 p. 
ISBN: 978-85-5475-469-3 
 1. Constituição cidadã. 2. Direitos humanos. 3. Educação. 
Material didático da disciplina de História dos direitos humanos. – Faculdade São 
Braz (FSB), 2019. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade São Braz. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio ........................................................................................................... 06 
Aula 1 - Perspectiva histórica dos Direitos Humanos ..................................... 07 
Apresentação da aula 1................................................................................... 07 
 1.1 A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948..................................... 
 
07 
 1.2 Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.................... 10 
Conclusão da aula 1......................................................................................... 13 
Aula 2 -Ditadura civil-militar no Brasil: violáveis dos Direitos Humanos.......... 14 
Apresentação da aula 2................................................................................... 14 
 2.1 A Ditadura civil-militar no Brasil....................................................... 14 
 2.1.1 A Constituição Cidadã de 1988..................................................... 18 
 Conclusão da aula 2........................................................................................ 23 
Aula 3 - Novos Direitos Humanos..................................................................... 24 
Apresentação da aula 3.................................................................................... 24 
 3.1 Princípios Universais para o milênio................................................ 24 
 3.1.1 Direitos humanos, democracia e boa governança....................... 27 
 3.2 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).......................... 32 
Conclusão da aula 3......................................................................................... 34 
Aula 4 - Educação em Direitos Humanos......................................................... 35 
Apresentação da aula 4................................................................................... 
 
35 
 4.1 Relação da educação com os Direitos Humanos............................ 35 
 4.1.1 Como conceituar um sujeito de direito?....................................... 
 
37 
 4.1.2 Promover uma cidadania ativa e participativa............................. 
 
38 
Conclusão da aula 4........................................................................................ 
 
41 
Índice Remissívo............................................................................................. 
 
43 
Referência....................................................................................................... 
 
44 
 
 
 
6 
 
Prefácio 
Prezado(a) estudante. Neste material você encontrará um estudo sobre os 
antecedentes históricos da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 
e também irá analisar o texto desse documento. Continuaremos com as 
legislações nacionais que violaram vários desses direitos, durante o período da 
Ditadura Civil-militar no Brasil, passando pelas conquistas das liberdades 
fundamentais no contexto da Constituição Federal de 1988. Depois serão 
abordados temas contemporâneos ligados aos estudos dos Direitos Humanos, 
como a cidadania, dignidade humana e meio ambiente, fazendo também uma 
relação dessa temática com a educação. 
É importante lembrar que a concepção de dignidade humana está em 
constante transformação, assim, a discussão não se esgota, principalmente 
quando pensamos em termos de liberdade e igualdade. Nesse contexto, espera-
se que o encantamento das conquistas dos Direitos Humanos seja capaz de 
cativá-lo(a) a discutir a necessidade da ampliação do debate sobre a defesa de 
direitos fundamentais concernentes à dignidade humana. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Aula 1 – Perspectiva histórica dos Direitos Humanos 
 
Apresentação da aula 1 
 
Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) à primeira aula! 
Abordaremos o histórico dos Direitos Humanos a partir da Revolução 
Francesa de 1789, devido à suposição de que existiriam direitos universais para 
a humanidade, dentre eles: o direito de expressão, pensamento e credo. 
Seguiremos com uma análise dos motivos que levaram à produção da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e seu próprio texto, 
demonstrando a atualidade e a necessidade da sua defesa. 
1.1 A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos de 1948 
Viver na França do século XVIII não era fácil para a maior parte da 
população, pois o Antigo Regime impunha extrema injustiça social. Estamos 
falando de um período chamado de absolutismo, no qual o rei detinha os poderes 
absolutos sobre todos os setores da sociedade, fossem políticos, econômicosou 
sociais. 
A sociedade francesa daquele período era hierarquizada e estratificada 
em três Estados: o primeiro era composto pelo clero e ocupava o topo da 
pirâmide, o segundo era formado pela nobreza, que gozava de uma série de 
privilégios e de uma corte luxuosa, o terceiro era a base da pirâmide, composta 
por burgueses, trabalhadores urbanos e camponeses que sustentavam o 
primeiro e segundo Estados com o pagamento de impostos. A burguesia ainda 
conseguia manter alguma qualidade de vida, em contrapartida, a maior parte da 
população vivia em condições sub-humanas. Contudo, ambas não possuíam 
direitos políticos. 
A luta por melhores condições de vida para os trabalhadores e o direito 
de participação política dos comerciantes foi a mola propulsora da revolução que 
derrubou a Bastilha, em 14 de julho de 1789, um símbolo da monarquia 
absolutista. 
 
 
8 
 
 Curiosidade 
A Bastilha era a prisão política para todos aqueles que fossem considerados 
inimigos dos poderes dos reis. A fortaleza construída em Paris no século XIV foi 
transformada em prisão no século XV e, desde então, foi cárcere de prisioneiros 
famosos como Foucquet, o homem da máscara de ferro, Duque de O’rleans 
e Voltaire (CARAMEZ, 2019, n.p). 
 
Em agosto de 1789, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão 
foi aprovada pela Assembleia Constituinte, garantindo a igualdade de todos 
perante a lei. Já em 1792, os jacobinos assumem o controle da Assembleia e 
passam a defender mais direitos para os mais pobres, uma participação maior 
no governo, o fim da monarquia, a abolição da escravidão nas colônias 
francesas, educação para todos, fim dos privilégios, entre outros. 
 
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO DE 1789. 
Os representantes do povo francês, constituídos em Assembleia Nacional, 
considerando que a ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos direitos 
do homem são as únicas causas das desgraças públicas e da corrupção dos 
Governos, resolveram expor em declaração solene os direitos naturais, 
inalienáveis e sagrados do homem, a fim de que esta declaração, 
constantemente presente em todos os membros do corpo social, lhes lembre 
sem cessar os seus direitos e os seus deveres; a fim de que os atos do Poder 
legislativo e do Poder executivo, a instituição política, sejam por isso mais 
respeitados; a fim de que as reclamações dos cidadãos, doravante fundadas 
em princípios simples e incontestáveis, se dirijam sempre à conservação da 
Constituição e à felicidade geral. Por consequência, a Assembleia Nacional 
reconhece e declara, na presença e sob os auspícios do Ser Supremo, os 
seguintes direitos do homem e do cidadão: 
Artigo 1º- Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções 
sociais só podem fundar-se na utilidade comum. 
Artigo 2º- O fim de toda a associação política é a conservação dos direitos 
naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a 
propriedade, a segurança e a resistência à opressão. 
Artigo 3º- O princípio de toda a soberania reside essencialmente na nação. 
Nenhuma corporação, nenhum indivíduo, pode exercer autoridade que 
aquela não emane expressamente. 
 
 
9 
 
Artigo 4º- A liberdade consiste em poder fazer tudo aquilo que não prejudique 
outrem: assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por 
limites senão os que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo 
dos mesmos direitos. Esses limites apenas podem ser determinados pela Lei. 
Artigo 5º- A Lei não proíbe senão as ações prejudiciais à sociedade. Tudo o 
que não é vedado pela lei não pode ser obstado e ninguém pode ser 
constrangido a fazer o que ela não ordene. 
Artigo 6º- A Lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o 
direito de concorrer, pessoalmente ou através dos seus representantes, para 
a sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, quer se destine a proteger 
quer a punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos, são igualmente 
admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a 
sua capacidade, e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos 
seus talentos. 
Artigo 7º- Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos 
determinados pela Lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que 
solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem 
ser castigados; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da Lei 
deve obedecer imediatamente, senão torna-se culpado de resistência. 
Artigo 8º- A Lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente 
necessárias, e ninguém pode ser punido senão em virtude de uma lei 
estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada. 
Artigo 9º- Todo o acusado se presume inocente até ser declarado culpado e, 
se se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor não necessário à guarda da 
sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela Lei. 
Artigo 10º- Ninguém pode ser inquietado pelas suas opiniões, incluindo 
opiniões religiosas, contando que a manifestação delas não perturbe a ordem 
pública estabelecida pela Lei. 
Artigo 11º- A livre comunicação dos pensamentos e das opiniões é um dos 
mais preciosos direitos do homem; todo o cidadão pode, portanto, falar, 
escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta 
liberdade nos termos previstos na Lei. 
Artigo 12º- A garantia dos direitos do homem e do cidadão carece de uma 
força pública; esta força é, pois, instituída para vantagem de todos, e não para 
utilidade particular daqueles a quem é confiada. 
Artigo 13º- Para a manutenção da força pública e para as despesas de 
administração, é indispensável uma contribuição comum, que deve ser 
repartida entre os cidadãos de acordo com as suas possibilidades. 
Artigo 14º- Todos os cidadãos têm o direito de verificar, por si ou pelos seus 
representantes, a necessidade da contribuição pública, de consenti-la 
 
 
10 
 
livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar a repartição, a coleta, a 
cobrança e a duração. 
Artigo 15º- A sociedade tem o direito de pedir contas a todo o agente público 
pela sua administração. 
Artigo 16º- Qualquer sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos 
direitos, nem estabelecida a separação dos poderes, não tem Constituição. 
Artigo 17º- Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém 
dela pode ser privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente 
comprovada o exigir evidentemente e sob condição de justa e prévia 
indenização. 
Fonte: (SATIE, 2016 p.23 a 27), adaptado pelo DI (2019). 
 
 O texto da Declaração dos Direitos do Homem nos apresenta uma 
concepção iluminista, na qual os ideais de liberdade, emancipação e autonomia 
destacam-se. Ideais que influenciaram lutas e insurreições por todo o mundo 
ocidental, como também a própria Constituição Francesa de 1791, que 
estabeleceu a divisão dos três poderes em executivo, legislativo e judiciário, 
além de promulgar a igualdade civil. 
 Outra questão de grande importância reside na defesa da liberdade de 
expressão, que assegura o livre pensamento e o poder da argumentação, 
estimulando a importância da educação. Nessa mesma direção, estabelecem-
se as bases da nossa discussão sobre o respeito à diversidade religiosa. 
 Pode-se perceber que a Declaração dos Direitos do Homem foi um 
importante marco na concepção dos Direitos Humanos, uma base para as 
discussões que até hoje enfrentamos. Contudo, o próximo marco que 
estudaremos é ainda mais relevante para o aprofundamento do nosso debate: a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. 
 
1.2 Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 
 
 “A Segunda Guerra Mundial foi uma das maiores catástrofes da 
humanidade e estimam-se entre 40 e 72 milhões de mortos. O conflito durou de 
1939 a 1945 e trouxe sequelas até então inimagináveis para a humanidade”, 
(CARAMEZ, 2019, n.p). 
 
 
11 
 
 À medida que as atrocidades nazistaseram denunciadas, a humanidade 
escandalizava-se e apavorava-se com a possibilidade de aqueles, até então, 
crimes inomináveis se repetirem. Nesse período, foram criados termos como 
“crime contra a humanidade” e “genocídio”, para explicar o requinte de crueldade 
dos nazifascistas e a enorme quantidade de pessoas atingidas por eles, o que 
também é conhecido por nós como Holocausto ou Shoá. 
 
Reflita 
Como seria possível impedir que crimes semelhantes acontecessem? Como 
poderia-se punir crimes em grande escala como aqueles? 
 
De acordo com Fábio Konder Comparato, no decorrer da sessão de 16 
de fevereiro de 1946 do Conselho Econômico e Social das Nações 
Unidas, estabeleceu-se que deveria ser criada uma Comissão de 
Direitos Humanos responsável pela elaboração de uma declaração de 
direitos humanos, um tratado ou convenção internacional e 
mecanismos que possibilitassem assegurar que não houvesse 
desrespeito ou violação dos direitos humanos, (CARAMEZ, 2019, n.p). 
 
 
Infelizmente, a última etapa ainda não foi totalmente concluída devido ao 
fato de as reclamações à Comissão de Direitos Humanos estarem condicionadas 
a um protocolo facultativo, inserido no pacto sobre direitos civis e políticos. 
 
 Saiba mais 
Contudo, tais problemas não diminuem a importância histórica na produção do 
documento que recobrava as ideias da Revolução Francesa de forma universal, 
propondo valores de liberdade, igualdade e fraternidade entre os seres 
humanos, o que fez com que a Declaração de 1948 chegasse ao ponto de se 
tornar uma referência básica de respeito e de dignidade humana para os textos 
jurídicos internacionais (CARAMEZ, 2019, n.p.). 
 
Como afirmado anteriormente, pode-se considerar que a Declaração é 
fruto de um dos episódios mais trágicos da história da humanidade, em que 
defendia-se a superioridade de uma raça sobre as outras, e que tamanho 
 
 
12 
 
sofrimento levou a humanidade à aclamação da igualdade como a essência do 
ser humano no que se refere à dignidade da pessoa, “independentemente das 
diferenças de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião, origem nacional ou social, 
riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição, como se diz em seu artigo II.” 
(DUDH 2009, n.p). A partir de então, distinguiu-se que a ideia de superioridade 
de uma raça, classe social, cultura ou religião, sobre outras, põe em risco a 
própria sobrevivência da humanidade. 
Somente em 1966 ficou pronto o Pacto Internacional dos Direitos Civis e 
Políticos, que apresentava a cada Estado-nação os 53 artigos da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos e, em seu preâmbulo, constava: 
 
Os Estados-partes no Presente Pacto, 
 
 Considerando que, em conformidade com os princípios 
proclamados na Carta das Nações Unidas, o reconhecimento 
da dignidade inerente a todos os membros da família humana 
e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento 
da liberdade, da justiça e da paz no mundo, 
 Reconhecendo que esses direitos decorrem da dignidade 
inerente à pessoa humana, 
 Reconhecendo que, em conformidade com a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, o ideal do ser humano livre, 
no gozo das liberdades civis e políticas e liberto do temor e da 
miséria, não pode ser realizado, a menos que se criem as 
condições que permitam a cada um gozar de seus direitos civis 
e políticas, assim como de seus direitos econômicos, sociais e 
culturais, 
 Considerando que a Carta das Nações Unidas impõe aos 
Estados a obrigação de promover o respeito universal e efetivo 
dos direitos e das liberdades da pessoa humana, 
 Compreendendo que o indivíduo, por ter deveres para com 
seus semelhantes e para com a coletividade a que pertence, 
tem a obrigação de lutar pela promoção e observância dos 
direitos reconhecidos no presente Pacto, (ONU, 1966.n.p). 
 
 A dignidade humana passa a ser associada totalmente ao conceito de 
liberdade, seja ela pessoal, política ou religiosa. Uma liberdade que precisa ser 
fruto da justiça e da paz no mundo e, portanto, associada ao dever da sua 
promoção e defesa, a fim de que cada ser humano seja capaz de atingi-la. 
 As sedimentações desses conceitos como constituintes de uma moral 
universal dependiam, e ainda dependem, de um esforço metódico para se 
educar em Direitos Humanos. Sim, a educação é a grande essência para a 
 
 
13 
 
consolidação desses direitos. Sem ela, limita-se o conceito ao papel, deixando-
se de lado sua aplicação na vida prática humana. 
 
 Saiba mais 
Depois da II Guerra Mundial, que destruiu diversos países e tomou a vida de 
milhões de seres humanos, existia na comunidade internacional um sentimento 
generalizado de que era necessário encontrar uma forma de manter a paz entre 
os países. 
Porém, a ideia de criar a ONU não surgiu de uma hora para outra! 
Para saber mais, acesse o link: https://nacoesunidas.org/conheca/historia/ 
 
Conclusão da aula 1 
 
Prezado estudante, chegamos ao final desta aula. Você conheceu um 
pouco do histórico das discussões sobre os Direitos Humanos, desde o período 
da Revolução Francesa, em 1789. 
Com esse estudo, foi possível aprender as relações entre os ideais 
iluministas, as reivindicações da sociedade francesa, o processo revolucionário 
e a elaboração da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. 
Por fim, você pôde observar as discussões que antecederam e 
produziram a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 como uma 
forma de garantir que situações ocorridas durante a Segunda Guerra Mundial 
jamais voltassem a ocorrer, o que acabou se tornando uma referência básica de 
respeito e de dignidade humana para os textos jurídicos internacionais. 
 
Atividades de aprendizagem 
 
1. Após aprendermos sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos e 
sob quais circunstâncias ela foi elaborada, relacione sua construção com os 
ideais iluministas, as condições de vida da maior parte da população francesa 
e o processo revolucionário de 1789. 
2. Sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, responda: 
que motivos levaram a Organização das Nações Unidas (ONU) a escreverem 
a Declaração? 
https://nacoesunidas.org/conheca/historia/
 
 
14 
 
Aula 2 – Ditadura civil-militar no Brasil: violações dos Direitos Humanos 
 
Apresentação da aula 2 
 
Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) à segunda aula desta disciplina, em 
que serão discutidas as violações aos Direitos Humanos ocorridas durante a 
Ditadura Civil-militar no Brasil, estabelecendo como fonte principal o Relatório 
Final da Comissão Nacional da Verdade. Também serão apresentados alguns 
elementos de resistência às violações durante o período ditatorial e, no decorrer 
do processo de redemocratização, a promulgação da Constituição Cidadã de 
1988. 
É importante lembrar que o foco da aula se encontra nos Direitos 
Humanos, dessa forma, não será aprofundada a História de toda a Ditadura Civil-
militar, a resistência, nem o processo de redemocratização iniciado no final da 
década de 1970. 
 
2.1 A Ditadura civil-militar no Brasil 
 
Na madrugada de 31 de março de 1964, dava-se início a um dos períodos 
mais sombrios da História do Brasil, que duraria mais de vinte anos: a Ditadura 
Civil-militar. Ela teve início com um golpe de Estado promovido pelos militares, 
apoiado pelo grande capital brasileiro e financiado pelos Estados Unidos da 
América (CARAMEZ, 2019, n.p). 
Já nos primeiros dias após o golpe, iniciou-se uma forte repressão a todos 
aqueles que, de alguma forma, eram ligados ao âmbito político de esquerda. 
Milhares de pessoas ligadas à UNE (União Nacional de Estudantes), à Ação 
Popular, Ligas Camponesas e à Juventude Universitária Católica (JUC), por 
exemplo, foram presas de forma irregular. Começava-se um período de retirada 
de direitos democráticos e humanos no país. Pode-se acrescentar vários casos 
de brutalidade e torturas contra civis e a prisão de mais de cinco mil pessoas. 
O primeiro Ato Institucional (AI)foi promulgado para justificar as práticas 
que se seguiram. O mês de abril de 1964 foi marcado pela abertura de centenas 
de Inquéritos Policiais-Militares (IPMs) que tinham o objetivo de apurar qualquer 
tipo de atividade considerada subversiva. 
 
 
15 
 
Curiosidade 
 
Atos Institucionais (AI’s) eram decretos de determinação presidencial que não 
eram discutidos por deputados e senadores que pudessem vetá-los ou reformá-
los. Esses Atos se sobrepunham, inclusive, à Constituição. 
 
No mesmo ano, milhares de pessoas foram afetadas: funcionários públicos, 
civis e militares foram demitidos ou aposentados contra a sua vontade, cidadãos 
tiveram seus direitos políticos suspensos e parlamentares tiveram seus 
mandatos cassados. Dentre os parlamentares cassados estavam: Luís Carlos 
Prestes, Jânio Quadros, Miguel Arraes, Leonel Brizola e João Goulart. 
Com o Ato Institucional nº2 (AI-2), de 27 de outubro de 1965, ampliam-se 
os poderes dos militares no que se refere ao julgamento de Governadores, por 
exemplo, e estabelece-se que as eleições presidenciais serão realizadas de 
forma indireta, ou seja, retirou-se o direito democrático das eleições diretas para 
presidente e vice-presidente da República. 
O AI- 3, de 5 de fevereiro de 1966, estende as eleições indiretas para os 
cargos de Governador e vice-governador e acrescenta que prefeitos e vice-
prefeitos passariam a ser indicados pelos governadores, desde que apreciados 
pela Assembleia Legislativa. Os diretos democráticos eram cada vez mais 
dilapidados. O AI-4, de 7 de dezembro de 1966, convoca o Congresso Nacional 
para discussão, votação e promulgação do Projeto de Constituição apresentado 
pelo Presidente da República. 
O mais violento ataque aos direitos democráticos e de liberdade (garantidos 
na Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948) ainda estava por vir, era 
o Ato Institucional nº5 (AI-5), de 13 de dezembro de 1968. A partir desse Ato, 
suspendia-se a garantia do habeas corpus para determinados crimes e dava-
se os seguintes poderes ao Presidente da República: decretar estado de sítio, 
intervenção federal (sem os limites constitucionais), a suspensão de direitos 
políticos e restrição ao exercício de qualquer direito público ou privado, a 
cassação de mandatos eletivos, o fechamento do Congresso Nacional, das 
Assembleias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, além de poder excluir 
https://pt.wikipedia.org/wiki/5_de_fevereiro
https://pt.wikipedia.org/wiki/1966
 
 
16 
 
da apreciação judicial atos praticados de acordo com suas normas e Atos 
Complementares decorrentes. 
 Com a suspensão do habeas corpus, interrompeu-se a possibilidade de 
se garantir a vida e a própria liberdade de diversos presos políticos. Uma das 
leis decorrentes do AI-5 extinguiu a necessidade de mandados de prisão ou 
busca e apreensão, bastava uma simples denúncia anônima de subversão para 
que se invadissem residências, empresas, qualquer lugar para buscar algo ou 
prender alguém. 
 
Vocabulário 
O habeas corpus: é uma ação judicial que tem como objetivo proteger o direito 
de liberdade de locomoção do lesado ou ameaçado por algum ato abusivo de 
autoridade. 
 
 O cientista político Marcus Figueiredo realizou um levantamento que 
apresenta que, entre os anos de 1964 e 1973, 4.841 pessoas foram punidas 
“com perda de direitos políticos, cassação de mandato, aposentadoria e 
demissão”, dentre eles estavam senadores, deputados e vereadores, dirigentes 
sindicais, funcionários públicos, professores e pesquisadores. O relatório final da 
Comissão da Verdade acrescenta que cerca de 430 pessoas foram mortas ou 
estão desaparecidas. 
 A Comissão Nacional da Verdade (CNV), de 18 de novembro de 2011, foi 
instituída para apurar e esclarecer publicamente as graves violações de Direitos 
Humanos praticadas no Brasil durante os anos de 1946 e 1988. Com ela, 
buscou-se assegurar o resgate da memória e da verdade sobre o período e 
fortalecer os valores do Estado Democrático de Direito e os Direitos Humanos. 
 O primeiro volume do relatório categoriza os métodos e práticas nas 
graves violações de Direitos Humanos e suas vítimas da seguinte forma: 
 
 A) Detenção (ou prisão) ilegal ou arbitrária; 
 
 
17 
 
 B) Tortura (tortura em caso de detenção, em caso de violência 
sexual, tortura a familiares das vítimas de graves violações de 
direitos humanos, tortura praticada por funcionários públicos, 
especialmente médicos e médico-legais; 
 C) Execução sumária, arbitrária ou extrajudicial, e outras mortes 
imputadas ao Estado; 
 D) Desaparecimento forçado e ocultação de cadáver (CNV, 2014). 
Vale a pena ressaltar que o capítulo 9 do relatório demonstra que 
a tortura, praticada durante o regime militar, configurou a prática 
de crime contra a humanidade. 
 
Ainda no relatório, pode-se encontrar os resultados das investigações das 
violações sistêmicas de Direitos Humanos contra os povos indígenas, 
classificadas como omissões e ações diretas. São reconhecidas oficialmente 
8.350 mortes de indígenas fruto das ações do governo ditatorial, mas considera-
se a possibilidade desse número ser bem maior. 
A categorização das violações de Direitos Humanos dos povos indígenas 
divide-se em: o “esbulho de terras indígenas pela política fundiária posta em 
prática; a usurpação de trabalho indígena e o confinamento e abuso de poder”. 
(CNV, 2014, p.200). Pode-se destacar que as investigações revelaram um 
destaque para os atravessamentos da política territorial, em especial as 
remoções forçadas empreendidas contra várias comunidades indígenas. 
 
Vocabulário 
Esbulho: ato de roubo pelo qual uma pessoa é privada, ou espoliada, de coisa 
de que tenha propriedade ou posse. 
Usurpação: de acordo com o Direito Penal, crime de apoderamento ilícito de 
coisas, bens, títulos, estado, autoridade e entre outros. 
 
Inúmeras violações de direitos humanos, ocorridas durante o governo 
ditatorial, foram denunciadas tanto à imprensa quanto aos órgãos competentes, 
mas nunca chegavam ao conhecimento da população. A ausência de liberdade 
 
 
18 
 
de expressão e os órgãos responsáveis pela censura impediam isso. Não era 
raro o “desaparecimento” ou prisão de algum jornalista ou advogado mais 
insistente na defesa das liberdades democráticas. 
Mesmo assim, existiam grupos de resistência clandestinos e grupos de 
advogados que lutavam intensamente por um mínimo de garantias relacionadas 
aos direitos humanos e liberdades democráticas. 
 
“Foram esses grupos os responsáveis pela formação política de 
diversos operários que lutavam dentro e fora dos sindicatos, 
organizando os trabalhadores e trabalhadoras que participaram da 
onda de greves de 1978 e deram início ao processo de 
redemocratização do Brasil” (CARAMEZ, 2019, n.p). 
 
2.1.1 A Constituição Cidadã de 1988 
 
 O governo de Ernesto Geisel (1974-1978) foi marcado pelo processo 
inicial de abertura política de forma “lenta, gradual e segura”. Era um período de 
profunda crise econômica, com altíssima inflação, o que levou a uma crise 
política expressa nos comércios, nas fábricas, levando a população a um gradual 
e silencioso descontentamento. A abertura do país substituiria mecanismos da 
ditadura, mas garantiria que a participação da população seria controlada. 
Os movimentos sociais tiveram participação importante ao exercerem 
pressão para a abertura política do país naquele momento, mas não 
conseguiram garantir que ela ocorreria de forma democrática, pois isso 
demandaria imensas reformas nos mecanismos políticos. A abertura política 
dependia da recomposição de algumas reconfigurações institucionais, dentre 
elas a reforma partidária, que se deu com o retorno do pluripartidarismo, mas 
isso, não significou a participação democrática da população nos pleitos 
eleitorais. A reforma tinha como objetivo principal a divisão da oposição, contudo, 
não foi o que aconteceu nas eleições de 1982para Governadores, pois ela 
fortaleceu a oposição à ditadura. 
No ano de 1983, surgem as primeiras mobilizações que deram origem ao 
movimento pelas “Diretas Já”, que, em 1984, mobilizou a população brasileira 
em imensos comícios por todo o país. Diversos artistas e redes de televisão 
apoiaram o movimento de eleições diretas para presidente. Infelizmente, tais 
eleições só aconteceriam em 1989. 
 
 
19 
 
Tancredo Neves vence as eleições indiretas para presidente de 1985, era 
a primeira vez em 20 anos que o Brasil voltava a ter um presidente civil, mas não 
chega a governar. Com o falecimento de Tancredo, assume José Sarney, que 
ficou responsável pela organização da Assembleia Constituinte. 
Diante desse cenário, criou-se uma esperança de que houvesse o avanço 
da democratização e, com ela, a conquista da cidadania livre e plena. Esse 
processo de emergência da sociedade civil e da transição para o modelo 
democrático culminou na Constituinte, a qual passou a ser vislumbrada como 
uma oportunidade, por diversos setores da sociedade, de expressarem suas 
concepções e visões de mundo, dando os contornos dos caminhos que a nação 
assumiria a partir de então. Em meio às mobilizações da sociedade civil e pelo 
surgimento de novos movimentos sociais, a esquerda enxergava na Constituinte 
a possibilidade de uma forma de refundação do país e, por outro lado, a direita 
almejava ou a permanência das coisas ou, ao menos, o mínimo de mudanças 
desde que conservassem o status quo sob uma roupagem mais moderna. 
 O texto constitucional de 1988 é marcado pela defesa dos direitos 
fundamentais e humanos, no qual o homem se sobrepõe ao Estado. As garantias 
e os direitos fundamentais do cidadão são abordados nos primeiros artigos. Já 
em seu primeiro artigo é determinado o princípio da cidadania, da dignidade da 
pessoa humana e os valores sociais do trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Promulgação da Constituição de 1988 
Fonte:http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2018-10/referencia-da-historia-
contemporanea-constituicao-completa-30-anos 
 
http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2018-10/referencia-da-historia-contemporanea-constituicao-completa-30-anos
http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2018-10/referencia-da-historia-contemporanea-constituicao-completa-30-anos
 
 
20 
 
Não é por acaso que a Constituição de 1988 é conhecida como 
Constituição Cidadã, pois direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais 
dos cidadãos estão em seu texto, colocando o Brasil como um dos países com 
o mais completo ordenamento jurídico em relação aos direitos humanos. Era 
preciso garantir que nunca mais o país sofreria com uma ditadura que violasse 
os direitos humanos como outrora. 
Segundo Flávia Piovesan, a Constituição de 1988 é a demarcação jurídica 
do processo de redemocratização do Estado brasileiro, ao consolidar, rompendo 
com o regime autoritário militar instalado em 1964, um novo código, que 
refizesse o pacto político-social: “A institucionalização dos direitos humanos no 
Brasil”. Insere, então, um grande avanço na concretização legislativa das 
garantias e direitos fundamentais, principalmente, no que se refere à proteção 
de setores vulneráveis da sociedade brasileira. A partir dela, os direitos humanos 
ganham uma amplitude espetacular. “Ao alargar consideravelmente o universo 
dos direitos fundamentais, a Carta de 1988 destaca-se como uma das 
Constituições mais avançadas do mundo, no que respeita à matéria” 
(PIOVESAN, 2018, p.20). 
A autora destaca que o próprio preâmbulo da Carta Magna esboça a 
consolidação de um Estado Democrático de Direito "destinado a assegurar o 
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-
estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma 
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos [...]" (BRASIL, 1988). 
Dentre seus preceitos como Estado Democrático de Direito estão a 
construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a garantia do 
desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza e da marginalização, a 
redução das desigualdades sociais e regionais e a promoção do bem de todos 
sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas 
de discriminação, isso tudo no artigo 3º da Constituição de 1988. Ou seja, a Carta 
de 1988 elege como principal valor a ser defendido a dignidade humana. 
Piovesan também indica que a Carta de 1988, da mesma forma que 
consolida a extensão de titularidade de direitos, acenando à existência de novos 
sujeitos de direitos, também estabelece o aumento da quantidade de bens 
 
 
21 
 
merecedores de tutela, mediante a ampliação de direitos sociais, econômicos e 
culturais. 
 
 Saiba mais 
O documento sobre a proteção dos Direitos Humanos no sistema constitucional 
brasileiro tem por objetivo demosntrar a proteção dos direitos humanos à luz da 
Constituição Brasileira de 1988, bem como o impacto das reformas 
constitucionais, no que tange ao constitucionalismo de direitos por ela 
introduzido. Disponível em: 
http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/revistaspge/revista5/5rev4.htm 
Acesso em: 19/09/2019. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Constituição federal brasileira 
Fonte:https://media.gazetadopovo.com.br/2018/10/557814f13a9cfd21252d81c7470548
13-gpLarge.jpg 
 
Nessa direção, a Constituição de 1988, além de apresentar, no artigo 6º, 
que "são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, 
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados", ainda indica uma ordem social com um amplo espectro de 
http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/revistaspge/revista5/5rev4.htm
 
 
22 
 
normas que discorrem sobre programas, tarefas, diretrizes e fins a serem 
observados pelo Estado e pela sociedade. 
Entre os deveres do Estado e direitos do cidadão, destaca-se a saúde (art. 
196), a educação (art. 205), a cultura (art. 215), as práticas desportivas (art. 217), 
a ciência e a tecnologia (art. 218), dentre outros. 
Mas como a Carta Magna de 1988 assegura a proteção dos Direitos 
Humanos? O ponto de partida encontra-se nas ideias de universalidade e 
indivisibilidade desses direitos (CARAMEZ, 2019, n.p). 
No que se refere à universalidade dos direitos humanos, a Constituição 
Cidadã seleciona a dignidade humana como a concepção central do seu texto, 
sendo inerente à condição da pessoa, proibindo-se qualquer discriminação, ou 
seja, todos são iguais e devem ter a inviolabilidade dos direitos e garantias 
fundamentais asseguradas. Acrescente-se a isso que a afirmação da 
universalidade dos direitos humanos é de interesse da comunidade internacional 
e, portanto, ultrapassa as fronteiras do Estado brasileiro. 
O Brasil continua inovando na redação da Constituição ao alinhar-se ao 
contexto internacional não só com a centralidade na defesa dos direitos 
humanos, como também quando adota o repúdio ao racismo e ao terrorismo, 
além da concessão de asilo político e cooperação entre os povos para o 
progresso da humanidade, (BRASIL, 1988, art. 4º, incs. VIII, IX, X). 
A opção da Carta é clara ao afirmar que os direitos sociais são direitos 
fundamentais, sendo, pois, inconcebível separar os valores liberdade (direitos 
civis e políticos) e igualdade (direitos sociais, econômicos e culturais), assumindo 
a concepção contemporânea de direitos humanos no sentido da universalidade 
e a indivisibilidade desses direitos. 
Deve-se propagar a ideia de que os direitos sociais, econômicos e 
culturais são autênticos, verdadeiros e fundamentais e, por isso, devem ser 
reivindicados e compreendidos como direitos, e não como caridade ou 
generosidade. Mas como fazê-lo? Um dos caminhos mais importantes é por 
meio da educação, voltando-a para os direitos humanos e para o respeito à 
dignidade humana. 
Por fim, levanta-se a necessidadede se discutir uma ampliação aos 
órgãos de proteção dos direitos humanos, bem como a formalização das normas, 
 
 
23 
 
criminalizações e punições para aqueles que os infringirem. Acredita-se que 
essa medida é essencial para o combate da impunidade, mesmo que em muitas 
regiões do país as instituições locais mostram-se falhas, incapazes e omissas 
quanto ao dever de responder a casos de violação de direitos humanos. 
 
Conclusão da aula 2 
 
Chegamos ao final desta aula e aprendemos sobre uma fase obscura da 
nossa história recente, na qual tivemos violações sistêmicas dos direitos 
humanos, em que houve muitos crimes contra a humanidade ocorridos durante 
a Ditadura Civil e militar. 
Nesse sentido, os traumas causados pelo governo ditatorial foram a mola 
propulsora para a construção de um texto constitucional que defenderia os 
direitos humanos como direitos intrínsecos à dignidade humana, respeitando os 
acordos internacionais e indo para além deles na defesa dos direitos humanos 
como parte integrante do Estado Democrático de Direito, criando-se uma 
Constituição Cidadã capaz de impedir que qualquer forma de ditadura voltasse 
a acontecer no Brasil. 
 
Atividade de aprendizagem 
 
Faça uma pesquisa sobre quem foram os “presidentes” na era militar no Brasil, 
diante disso, pesquise os contextos ocorridos durante os governos militares e 
faça uma síntese sobre a redemocratização brasileira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
Aula 3 – Novos direitos humanos 
Apresentação da aula 3 
Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) à terceira aula desta disciplina. Neste 
momento, estudaremos um pouco sobre os “Novos Direitos Humanos” que 
surgiram, principalmente, a partir das discussões e reivindicações dos 
movimentos sociais no Brasil e no mundo. Vamos começar? 
 
3.1 Princípios universais para o milênio 
 
 
A aula que se inicia baseia-se nos textos da Organização das Nações 
Unidas, que parte da visão de que os Direitos Humanos são próprios a toda 
mulher, homem e criança, sendo todos igualmente importantes e não podem ser 
colocados em uma hierarquia. Em outras palavras, nenhum direito humano pode 
ser realizado em sua plenitude sem levar em consideração todos os demais. Se 
um direito for negado, dificulta-se a apropriação dos outros. 
Em setembro do ano 2000, Chefes de Estado e de Governo reuniram-se, 
na sede da ONU, em Nova Iorque, para reafirmar seu apoio à Carta como 
instrumento fundamental para um mundo mais pacífico, próspero e justo. 
Durante a reunião, ratificaram-se os valores e princípios universais a serem 
defendidos no milênio que se iniciaria (CARAMEZ, 2019, n.p). 
Dentre eles, estava o reconhecimento da incumbência coletiva de 
respeitar e defender os princípios da dignidade humana, da igualdade, de modo 
mundial, principalmente com relação às crianças, que são o nosso futuro. 
 
Vocabulário 
Equidade: igualdade, simetria, retidão, imparcialidade, conformidade e 
 a manifestação do senso de justiça. 
 
 
 
 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:https://jornalatual.com.br/wp-content/uploads/2019/06/Igualdade-e-Equidade-
1024x724.jpg 
 
Naquele contexto, reafirmaram-se as adesões às intenções da Carta das 
Nações Unidas no que se refere, essencialmente, à decisão de organizar uma 
paz justa e duradoura em todo o mundo, de acordo com os propósitos e 
princípios do documento (CARAMEZ, 2019, n.p). A finalidade disso era: 
 
 Apoiar todas as tentativas que objetivam fazer respeitar a 
igualdade e soberania de todos os Estados e o respeito pela sua 
integridade territorial e independência política; 
 A conclusão dos conflitos por meios pacíficos e em concordância 
com os princípios de justiça e do direito internacional; 
 O direito à autodeterminação dos povos que permanecem sob 
domínio colonial e ocupação estrangeira; 
 A não intervenção nos assuntos internos dos Estados; 
 O respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais; 
 O respeito pela igualdade de direitos de todos, sem distinções por 
motivo de raça, sexo, língua ou religião e a solidariedade 
internacional para superar os problemas internacionais de carácter 
econômico, social, cultural ou humanitário. 
 
Ressalta-se aqui a preocupação em não se sobrepor à soberania nacional 
dos Estados, sem a interferência em questões internas, desde que observados 
os princípios da dignidade humana e das liberdades fundamentais. Por conta 
 
 
26 
 
disso, é um grande desafio conseguir uma face mais humana para o processo 
de globalização, uma forma que faça com que os todos os povos e nações 
consigam ter acesso a uma distribuição mais justa dos benefícios alcançados 
por meio dela. 
Percebe-se que foi importante o reconhecimento de que os países em 
desenvolvimento e os países com economias em transição atravessam grandes 
dificuldades para resolver esse problema fundamental e que só se pode 
conseguir tais objetivos se as nações estiverem sob a concepção de uma 
condição humana comum, respeitando-se sua diversidade, podendo assim 
alcançar uma globalização que prime pela equidade e favoreça a inclusão. 
Para tanto, foram considerados alguns valores fundamentais para as 
relações internacionais no século XXI. Entre eles, encontram-se: 
 
 A liberdade; 
 A igualdade; 
 A solidariedade; 
 A tolerância; 
 Respeito pela natureza. 
 
A liberdade refere-se ao direito de homens e mulheres viverem suas vidas 
e criarem seus filhos de forma digna, “livres da fome e livres do medo da 
violência, da opressão e da injustiça”. Considera-se que a forma mais eficaz de 
se garantirem esses direitos seja por intermédio de governos de democracia 
participativa eleitos democraticamente pelo povo. 
A igualdade defende que nenhuma pessoa ou nação pode ser desprovida 
da possibilidade de se beneficiar do desenvolvimento, ou seja, a igualdade de 
possibilidades entre homens e mulheres deve ser garantida. 
A solidariedade precisa estar em consonância com os princípios 
fundamentais da equidade e da justiça social, de forma que aqueles que sofrem, 
ou se beneficiam menos, precisam ser ajudados por aqueles que se beneficiam 
mais. 
A tolerância é concebida por meio do respeito mútuo entre os seres 
humanos, considerando-se sua diversidade de crenças, culturas e línguas. 
 
 
27 
 
Assim, não se é aceita nenhuma forma de repressão às diferenças dentro das 
sociedades, nem entre estas. As diversidades humanas precisam ser entendidas 
como bens preciosos de toda a humanidade, sendo dever de todos promover 
ativamente uma cultura de paz e diálogo entre todas as civilizações. 
O respeito pela natureza ancora-se no desenvolvimento sustentável, 
defendendo-se maneiras de conservação e proteção de todas as espécies e 
recursos naturais. Só por intermédio das mudanças nas formas atuais de 
produção e consumo que será possível a garantia do bem-estar de gerações 
futuras. 
 
3.1.1 Direitos humanos, democracia e boa governança 
 
No que refere-se aos Direitos Humanos, à Democracia e à boa 
Governança, a ONU e as nações signatárias concordaram em centrar seus 
esforços para defender o respeito a todos os direitos humanos e liberdades 
fundamentais, bem como o fortalecimento do estado de direito e o direito ao 
desenvolvimento. Assim decidiram: 
 
 Respeitar e fazer aplicar integralmente a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos. 
 Esforçar-nos por conseguir a plena proteção e a promoção dos direitos 
civis, políticos, econômicos, sociais e culturais de todas as pessoas, 
em todos os países. 
 Aumentar, em todos os países, a capacidade de aplicar os princípios e 
as práticas democráticas e o respeito pelos direitos humanos, incluindo 
os direitos das minorias. 
 Lutar contra todas as formas de violência contra a mulher e aplicar a 
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
contra a Mulher. 
 Adotar medidas para garantir o respeito e a proteção dos direitoshumanos dos migrantes, dos trabalhadores migrantes e das suas 
famílias, para acabar com os atos de racismo e xenofobia, cada vez 
mais frequentes em muitas sociedades, e para promover uma maior 
harmonia e tolerância em todas as sociedades. 
 Trabalhar coletivamente para conseguir que os processos políticos 
sejam mais abrangentes, de modo a permitirem a participação efetiva 
de todos os cidadãos, em todos os países. 
 Assegurar a liberdade dos meios de comunicação para cumprir a sua 
indispensável função e o direito do público de ter acesso à informação. 
(VON, 2003, p.111). 
 
 
 
 
 
28 
 
Vocabulário 
Nações signatárias: significa que tal nação subscreveu a algum tipo de 
manifesto, contrato, acordo, carta ou outro documento com o qual concorda com 
o conteúdo apresentado. Por exemplo, o Brasil é signatário da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos. 
 
 
O acordo firmado revela algumas das novas concepções de Direitos 
Humanos, como a promoção do aumento dos direitos civis, políticos, culturais e 
sociais, ampliação dos direitos das minorias, a luta pela eliminação de qualquer 
forma de discriminação contra as mulheres, acabar com o racismo e a xenofobia 
e defender os direitos dos migrantes, aumentando a harmonia e a tolerância 
entre os povos, a defesa de que os processos políticos tenham a participação de 
todos os cidadãos em seus países e garantir a liberdade dos meios de 
comunicação e acesso à informação. 
 
Curiosidade 
A Declaração Universal dos Direitos do Homem está no Guinness book como o 
documento mais traduzido do mundo, disponível em 512 idiomas, de abkhazia a 
zulu. Disponível em: https://nacoesunidas.org/onu-publica-textos-explicativos-
sobre-cada-artigo-da-declaracao-universal-dos-direitos-humanos/ 
 
As áreas de ação da sociedade civil e do sistema dos Direitos Humanos 
das Nações Unidas integram-se de forma direta com a defesa das liberdades 
públicas, orientadas pelo princípio da não discriminação, sendo organizadas nas 
seguintes declarações e pactos: 
 
 A Declaração Universal dos Direitos do Homem (artigos 19, 20, 
21); 
 O Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos prevê os 
direitos de liberdade de opinião e expressão, de reunião pacífica e 
associação, assim como de participação na vida pública (artigos 
19, 21, 22, 25); 
https://nacoesunidas.org/onu-publica-textos-explicativos-sobre-cada-artigo-da-declaracao-universal-dos-direitos-humanos/
https://nacoesunidas.org/onu-publica-textos-explicativos-sobre-cada-artigo-da-declaracao-universal-dos-direitos-humanos/
 
 
29 
 
 O Pacto Internacional sobre os direitos econômicos, sociais e 
culturais prevê o direito de criar ou participar num sindicato e de 
participar na vida cultural (artigos 8, 15); 
 A Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de 
Discriminação contra a Mulher prevê o direito das mulheres de 
participarem na vida política, económica e cultural (artigo 3); 
 A Convenção Internacional sobre a Eliminação da Discriminação 
Racial proíbe a discriminação em relação ao direito de expressão, 
de reunião pacífica e de associação, assim como na condução dos 
assuntos públicos (artigo 5); 
 A Convenção sobre os Direitos da Criança prevê o direito às 
liberdades de expressão, reunião pacífica e associação (artigos 13, 
15); 
 A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência 
garante os direitos às liberdades de opinião e expressão, de 
acesso à informação, de participação na vida política, pública e 
cultural (artigos 21, 29, 30); 
 A Convenção Internacional para a Proteção de todas as Pessoas 
contra os Desaparecimentos Forçados prevê o direito de formar e 
participar livremente em organizações e associações que visem 
contribuir para o estabelecimento das circunstâncias dos 
desaparecimentos forçados e do destino das pessoas 
desaparecidas, assim como de assistir as vítimas de 
desaparecimento forçados (artigo 24); 
 A Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de todos 
os Trabalhadores Migrantes e seus Familiares prevê o direito de 
associação (artigo 26), (ONU, 2014, n.p). 
 
A Organização das Nações Unidas dá uma grande ênfase às liberdades 
de expressão, reunião pacífica e associação, como também ao direito de 
participar nos assuntos públicos, pois, na sua perspectiva, servem de condutores 
para o exercício de muitos outros direitos civis, culturais, econômicos, políticos 
e sociais, o que estimula a mobilização de mulheres, homens e crianças em 
atividades de promoção de transformações positivas da sociedade. A 
importância das liberdades de expressão, reunião pacífica e a participação nos 
assuntos públicos está no fato de serem estes os pilares dos Estados 
democráticos de direito. 
 Em diferentes ditaduras, a humanidade teve a oportunidade de ver que 
os primeiros direitos a serem debelados são aqueles ligados à liberdade, e só 
há liberdade em Estados democráticos. 
 
Vocabulário 
Debelar: significa erradicar, jugular, reprimir, subjugar, sufocar. 
 
 
30 
 
 
A concepção de liberdade de expressão da ONU abrange o direito de 
procurar, receber e comunicar informações e ideias de todo o tipo. Sua aplicação 
relaciona-se às informações e ideias desenvolvidas nos discursos políticos ou 
religiosos, nos assuntos públicos, na área dos direitos humanos, assim como no 
domínio da expressão cultural e artística. Envolve formas de expressão que para 
a sociedade civil podem ser consideradas como profundamente ofensivas e 
suscetíveis de restrições, desde que não incitem o ódio e a violência, colocando 
em risco o Estado democrático de direito. 
Nesse sentido, todas e quaisquer formas de comunicação e os meios de 
difusão devem ser protegidos, por exemplo, linguagens orais, gestuais ou 
escritas e as formas de expressão não verbais (as imagens e os objetos de arte). 
Além disso, o diálogo também é possível por meio de livros, jornais, 
panfletos, cartazes, bandas desenhadas, bandeirolas, vestuário ou alegações de 
direito. 
A Liberdade de associação está compreendida como qualquer associação 
de grupo de indivíduos ou entidade formados para agir, exprimir, promover, 
prosseguir e defender coletivamente interesses comuns. Assim, a liberdade de 
associação pode revelar-se sob a forma de adesão e de participação, ou de não 
participação, “em organizações da sociedade civil, clubes, cooperativas, 
organizações não governamentais, associações religiosas, partidos políticos, 
sindicatos, fundações ou associações em espaço virtual”, (ONU, 2014, n.p). 
 
A capacidade de procurar, assegurar e utilizar recursos é fundamental 
para a existência e o funcionamento eficaz de qualquer associação, 
por mais pequena que seja. A liberdade de associação inclui a 
capacidade de solicitar, receber e utilizar recursos – humanos, 
materiais e financeiros – quer sejam de origem nacional, estrangeira 
ou internacional. (A/HRC/23/39, p. 8). 
 
 
“No que se refere à Liberdade de reunião pacífica, entende-se como um 
agrupamento temporário, não violento, em local público ou privado, com um 
objetivo específico, tais como: manifestações, greves, procissões, reuniões ou 
vigílias”, (CARAMEZ, 2019, n.p). 
As Nações Unidas também defendem o direito de participar nos assuntos 
públicos como uma forma de exercício do poder político, desde que se dê por 
 
 
31 
 
meio de eleições democráticas, nas quais a população tenha a possibilidade de 
escolher livremente seus representantes nas esferas governamentais. Além 
disso, o próprio direito à liberdade de associação e o direito de criar e de fazer 
parte de organizações e associações direcionadas à vida pública são colocados 
como elementos essenciais do direito de participar nos assuntos públicos. 
A totalidade dos direitos acima mencionados deve ser garantida, pelos 
países signatários, a todas as pessoas, sem qualquer tipo de distinção 
decorrente da raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política, identidade de 
gênero,origem nacional ou social, bens, nascimento ou qualquer outro estatuto. 
São direitos aplicáveis às mulheres, às crianças, aos povos indígenas, às 
pessoas com deficiência, às pessoas pertencentes a grupos minoritários, grupos 
em risco de marginalização ou de exclusão, às vítimas de discriminação devido 
à sua orientação sexual e à sua identidade de gênero, aos não nacionais, aos 
apátridas, aos refugiados ou aos migrantes, como também às associações e 
grupos não registados. 
 
 Importante 
As normas internacionais destacadas aqui são aplicáveis a todas as esferas do 
Estado democrático de direito (executivo, legislativo e judiciário), da mesma 
forma que para as autoridades governamentais e da esfera pública, em todos os 
níveis (local, regional ou nacional). 
 
O Estado assume o encargo da proteção da pessoa humana contra os 
atos cometidos por indivíduos ou entidades privadas que possam prejudicar o 
usufruto dessas liberdades. É válido informar que os países signatários têm por 
principal responsabilidade a promoção e o exercício desses direitos. 
 
As liberdades de expressão, reunião pacífica e associação implicam 
responsabilidades e deveres específicos, pelo que o seu exercício 
pode ser sujeito a certas restrições. Qualquer restrição deve ser 
definida por lei e ser rigorosamente necessária para o cumprimento dos 
direitos ou da reputação de outrem, ou ainda para a salvaguarda da 
segurança nacional ou da ordem pública, da saúde ou da moralidade 
públicas. Estes motivos, não podem em caso algum, ser invocados 
para justificar o silenciamento da defesa da democracia multipartidária, 
dos valores democráticos e dos direitos humanos. (Comité dos Direitos 
Humanos, Comentário Geral n° 34, artigo 19: Liberdades de opinião e 
 
 
32 
 
expressão, CCPR/C/GC/34; e Comentário Geral n° 25, artigo 25: O 
direito de participar nos assuntos públicos, CCPR/C/21/Rev.1/Add.7. 
Relatórios do Relator Especial das Nações Unidas sobre os direitos 
das liberdades de reunião pacífica e associação, (A/HRC/20/27 e 
A/HRC/20/39). 
 
 
Por fim, a Organização das Nações Unidas preocupa-se em manter 
diálogo com os países em busca de novas ideias e instrumentos para garantir a 
dignidade da pessoa humana. Para tanto, indica a importância de compartilhar 
problemas e soluções para que se aprenda de forma mútua, além de enfatizar a 
necessidade de uma educação voltada para os Direitos Humanos como forma 
de conscientização e defesa dos Estados Democráticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sede da Organização das Nações Unidas em Nova Iorque 
Fonte:https://lh3.googleusercontent.com/FGoDTPj8rp-jZ-_AmDcKbnq-
2HMd6pb5IHxpZzPywZf1WLl373YoCtRRtFkNzx8T3UyUJQ=s113 
 
3.2 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 
 
A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou, em setembro de 
2015, a Agenda 30, que é um novo compromisso universal, tendo em sua 
composição 169 metas distribuídas em 17 Objetivos de Desenvolvimento 
Sustentável (ODS). 
Essas metas foram desenvolvidas com base nos objetivos de 
desenvolvimento do milênio e têm como objetivo central “concretizar os direitos 
 
 
33 
 
humanos de todos e alcançar a igualdade de gênero” até 2030, harmonizando 
os três pilares da sustentabilidade: economia, sociedade e meio ambiente. 
 
Observe, abaixo, os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável: 
 
 Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares; 
 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da 
nutrição e promover a agricultura sustentável; 
 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, 
em todas as idades; 
 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e 
promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos; 
 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e 
meninas; 
 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e 
saneamento para todos; 
 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço 
acessível à energia para todos; 
 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e 
sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos 
 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização 
inclusiva e sustentável e fomentar a inovação; 
 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles; 
 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, 
seguros, resilientes e sustentáveis; 
 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis; 
 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e 
seus impactos; 
 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos 
recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável; 
 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos 
ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, 
combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e 
deter a perda de biodiversidade; 
 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o 
desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para 
todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em 
todos os níveis; 
 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria 
global para o desenvolvimento sustentável, (ONU, 2015, n.p). 
 
 
 Como pode-se perceber, os objetivos fazem refletir, de uma forma mais 
profunda, sobre o problema da sustentabilidade, do respeito ao meio ambiente, 
até porque a humanidade só poderá gozar da plenitude da dignidade humana, 
por meio do respeito aos Direitos Humanos, se tiver um planeta para viver. Dessa 
forma, defender o planeta também faz parte da dignidade humana. 
 
 
 
 
 
34 
 
Conclusão da aula 3 
 
Mais uma aula termina e desta vez com a ideia central de criarmos formas 
de defender os Direitos Humanos, objetivando a dignidade humana. 
Observamos como tem sido importante o papel da Organização das Nações 
Unidas como órgão que reúne nações que buscam colocar em prática os direitos 
da pessoa humana. 
Percebemos que, no decorrer do tempo e devido ao avanço em alguns 
aspectos sociais, surgiram das demandas dos movimentos sociais de todo o 
mundo novos Direitos Humanos, que precisamos defender e garantir, 
principalmente, aqueles relacionados à igualdade de gênero. 
Finalmente, em decorrência dos problemas climáticos e a previsão de 
escassez de recursos naturais, a humanidade coloca-se a pensar sobre uma 
atuação a longo prazo, visando à sustentabilidade do planeta, garantindo que a 
interação entre seres humanos e o meio ambiente preserve o planeta. 
 
Atividade de aprendizagem 
 
Escolha um dos objetivos abaixo e pesquise formas de atingi-lo em nosso 
país. 
Erradicação da pobreza; erradicação da fome; saúde de qualidade; educação de 
qualidade; igualdade de gênero; redução da desigualdade; paz e justiça; 
vida sobre a terra; vida debaixo da água; água limpa e saneamento; consumo 
responsável; inovação e infraestrutura; energias renováveis e mudanças climáticas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
Aula 4 – Educação em Direitos Humanos 
 
Apresentação da aula 4 
 
Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) à quarta aula desta disciplina. A partir 
de agora, você conhecerá um pouco mais sobre a relação da educação com os 
Direitos Humanos. 
4.1 Relação da Educação com os Direitos Humanos 
 Paulo Freire, um dos maiores educadores brasileiros, costumava 
defender que a educação é libertadora, ou seja, o ato de educar propicia àquele 
que aprende libertar-se por meio do conhecimento produzido ou adquirido. Isso 
não é exatamente o que foi estudado na aula anterior? Educar associando a 
liberdade à dignidade humana? 
Sendo o Brasil um dos signatários do Pacto Internacional dos Direitos Civis 
e Políticos, desde 1992, cabe ao nosso Estado Nacional fomentar esforços no 
sentido de promover e defender tal pacto, e o principal método é a educação. 
Da mesma forma que os Direitos Humanos foramsofrendo transformações 
no decorrer do tempo, apresentando novas demandas relacionadas aos 
movimentos sociais, a discussão sobre a educação e os direitos da humanidade 
também sofre. 
Segundo Flávia Schilling (2014), conhecem-se três tipos de direitos 
associados à educação formal: o primeiro diz respeito à educação como um 
direito universal e que precisaria minimizar as diferenças sociais; o segundo trata 
da qualidade a ser garantida por meio do acesso intelectual e material à 
aprendizagem de todos e todas; o terceiro pauta-se nos estudos de Pierre 
Bourdieu e Jean Claude Fourquin sobre a cultura escolar, que levam em conta 
a diversidade cultural no ambiente escolar. 
Schilling acrescenta que tanto o primeiro quanto o segundo tipo de direito 
apresentam uma visão excludente da educação, pois não levam em conta as 
diferenças e tentam mascará-las quando possível, ou seja, não atingiriam a 
plenitude da dignidade humana defendida pelos Direitos Humanos. 
 
 
36 
 
Assim, não é possível conceber a educação para os Direitos Humanos 
desvinculada da ideia de respeito às diversidades culturais, intelectuais, 
socioeconômicas, de credo ou etnias. O processo educativo precisa estimular 
essa concepção de convívio e partilha entre os diferentes povos e culturas, assim 
como as diversidades encontradas no ambiente de escolarização. 
Os espaços de escolarização são locais privilegiados de transformação, por 
meio de métodos científicos, do senso comum em conhecimento científico na 
direção da construção de práticas escolares que respeitem a diversidade 
cultural, étnica, religiosa, de orientação sexual, política e assegurem a promoção 
dos Direitos Humanos, ou seja, necessita-se de atenção e de produção de 
conhecimentos no conjunto da escola, a partir do conjunto de saberes, 
experiências e vivências dos sujeitos. 
Dessa forma, praticar uma cultura marcada pelos Direitos Humanos 
pressupõe o desenvolvimento de processos de formação que propiciem 
mudanças de atitudes, comportamentos, valores e mentalidades dos diferentes 
sujeitos que deles participam. Na visão de Aida Monteiro e Selma Garrido 
Pimenta (2014), um outro aspecto significativo é que a concepção do(a) 
educador(a) como um agente sociocultural e político está conclamado a 
desenvolver uma “pedagogia do empoderamento”, ou seja, uma pedagogia 
crítica e democrática que vislumbre mudanças pessoais e sociais. 
Nesse contexto, o empoderamento é entendido como um processo de 
potencialização de pessoas ou grupos que detêm menos poder na sociedade e 
que estão silenciados, submetidos ou dominados em relações práticas da vida 
(sociais, políticas, econômicas, entre outras). Vê-se que o empoderamento 
realiza dois movimentos: um em relação à vida e outro em relação à sociedade. 
Esse prisma concebe a pessoa como um sujeito ativo, cooperativo e social. 
O cerne dessa perspectiva pedagógica é confrontar o crescimento individual à 
dinâmica social e à vida pública, construindo conhecimentos e práticas de 
questionamento crítico em relação às injustiças e desigualdades, às relações de 
poder, às discriminações e à mudança social. 
A pedagogia do empoderamento tem, por fim, a incumbência de encorajar 
atores, em diferentes esferas da sociedade mundial, a reconhecerem-se como 
sujeitos da sua própria história. Valorizar e reconhecer diferentes conhecimentos 
 
 
37 
 
e formas de saber e sua cultura de pertencimento carece de um trabalho ético 
de respeito ao outro. Assim, compreende-se que a educação em Direitos 
Humanos reconhece o outro como sujeito de direito e ator social. 
Uma das propriedades dessa proposta educacional é seu direcionamento 
para a transformação social e a formação de sujeitos de direitos, ou seja, uma 
educação libertadora, pois busca o empoderamento das pessoas e grupos 
sociais desfavorecidos, construindo uma cidadania ativa com a capacidade de 
reconhecer e reivindicar direitos e produzir uma sociedade democrática. 
4.1.1 Como conceituar um sujeito de direito? 
Na perspectiva jurídica, o sujeito de direito é compreendido como a pessoa 
ou grupo capaz de usufruir de direitos e de cumprir com obrigações, 
principalmente, se for considerado o primeiro artigo da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos de 1948, que diz: “todos os seres humanos nascem livres e 
iguais em dignidade e direitos”, sendo assim, é correto afirmar que todas as 
pessoas são sujeitos de direitos. 
 Você deve estar se perguntando como é possível trabalhar esse tipo de 
conceito com estudantes, empoderando-os em um país historicamente marcado 
por relações excludentes, que sempre inferiorizou índios, negros e mulheres, 
sendo esta uma sociedade patriarcal baseada em favorecimentos e 
apadrinhamentos, tais como no coronelismo? 
Muito bem. De acordo com Monteiro e Pimenta (2014), a simples afirmação 
de que todos são sujeitos de direitos pelo fato de serem humanos não é 
suficiente. Para se alcançar a dignidade, é necessário desenvolver quatro 
movimentos no processo educativo, de forma a desconstruir a mentalidade 
associada à visão do direito como favor. São eles: saber/conhecer os direitos, 
desenvolver uma autoestima positiva, promover a capacidade argumentativa e 
ser um(a) cidadão(ã) ativo(a) e participativo(a). Além disso, as autoras 
consideram esses quatro elementos fundamentais para a construção da 
democracia. 
Ao abordarem o primeiro movimento saber/conhecer os direitos, as 
autoras dizem que este pressupõe o trabalho com a dimensão histórico-crítica 
da conquista dos direitos, diretamente relacionada com as lutas de libertação de 
 
 
38 
 
determinados grupos sociais que vivenciam o sofrimento da violação de seus 
direitos. Para tanto, é necessário compreender que a produção de diferentes 
documentos e declarações, regionais ou universais, são fruto das lutas históricas 
daqueles que tiveram sua dignidade violada. 
Cabe ainda o desenvolvimento da ideia de que direitos políticos, civis, 
econômicos, sociais e culturais e suas dimensões individual, coletiva, dos povos 
e etnias e do mundo são articulados, pois, quando um direito é violado, toda a 
humanidade perde. Para isso, é importante valorizar os diferentes movimentos 
sociais e organizações que atuam em várias frentes na defesa de lutas e 
questões específicas. 
No que se refere a desenvolver uma autoestima positiva, é 
imprescindível adotar-se uma postura de empoderamento nos estudantes, ou 
seja, uma postura ativa de reconhecimentos de si e do outro como sujeitos 
históricos capazes de usufruir plenamente de seus direitos, assumir deveres e 
construir individual e coletivamente a dignidade humana. Dessa forma, Freire 
(1997, p. 38-41) coloca que os saberes necessários para esse tipo de prática 
educativa devem romper com o preconceito de qualquer tipo, já que este impede 
o avanço da sociedade democrática. 
No que refere à capacidade argumentativa, é fundamental que se 
desenvolva a competência de se angariar argumentos que sustentem a defesa 
e a construção dos Direitos Humanos. Nesse sentido, é necessário um trabalho 
árduo de compreensão da importância desses direitos, como também o exercício 
de uma boa retórica. Por conta disso, é preciso desenvolver uma capacidade de 
persuasão dos outros por meio das palavras e não da força. 
 
4.1.2 Promover uma cidadania ativa e participativa 
 
Aqui é importante desenvolver a consciência do poder que cada indivíduo 
possui e, portanto, capaz de participar ativamente da construção de um Estado 
democrático que sustente a dignidade humana. A cidadania afinal de contas, é 
entendida como uma participação ativa tanto individual quanto coletiva na 
consolidação de políticas em todas as esperas públicas ou privadas. 
Assim, construir a consciência de ser sujeito de direito no Brasil depende 
de formas de educar que promovam as quatro dimensões abordadas acima: 
https://www.google.com/search?q=postura+de+empoderamento&spell=1&sa=X&ved=0ahUKEwjxjcTd6d_kAhXpIrkGHemIA4AQkeECCC0oAA&cshid=156899714303318339 
 
A possibilidade de acesso à informação, ao conteúdo dos diferentes documentos 
e leis que definem os direitos; o desenvolvimento da autoestima positiva 
vislumbrando empoderamento; o poder argumentativo na denúncia das 
violações e na reivindicação e defesa dos direitos; como também ser capaz de 
exercer uma cidadania ativa e participativa no cotidiano, em todos os âmbitos, 
contribuindo para a consolidação da democracia. 
Um dos aspectos mais importantes para a perspectiva da educação em 
Direitos Humanos é a sua colaboração para a construção da democracia, 
principalmente nas sociedades contemporâneas marcadas pela exclusão e 
pelas violações sistemáticas dos direitos humanos, pela continuidade das 
desigualdades, preconceitos e discriminações. 
Nessa concepção, considera-se que os Direitos Humanos precisam ser o 
parâmetro ético de um paradigma educativo, que prime por uma educação 
libertadora e transformadora, construindo uma cidadania participativa, daí a 
importância do(a) educador(a) como agente sociopolítico e cultural. 
Educar para os direitos humanos é educar para exercício pleno da 
cidadania e, portanto, da própria democracia. Por esse viés compreendemos que 
o conhecimento é libertador de qualquer tipo de violação da dignidade humana. 
O conhecimento precisa explorar o passado, por meio da história, para que 
erros não sejam repetidos. Cabe aos estucadores educar para um conhecimento 
histórico capaz de perspectivar um futuro solidário e democrático, que defenda 
os direitos humanos no âmbito da dignidade humana. Nessa visão, a educação 
é entendida de forma emancipatória, reagindo em repúdio às formas de 
exclusão, desigualdade, opressão, subalternização e injustiça. 
A educação em Direitos Humanos está sempre em harmonia com o 
exercício da capacidade de indignação com o direito à esperança e admiração 
da vida, a partir do exercício da equidade que surge da articulação dos princípios 
de igualdade e diferença. Como disse Santos (2006. p. 462), “temos o direito a 
ser iguais sempre que a diferença nos inferioriza; temos o direito de ser 
diferentes sempre que a igualdade nos descaracteriza”. 
A afirmação da unidade indivisível dos direitos (civis, políticos, econômicos, 
sociais, culturais e ambientais) é indispensável para a construção da 
democracia, desconstruindo a visão de que só a classe de direitos civis e 
 
 
40 
 
políticos merece reconhecimento e respeito, enfatizando que a classe de direitos 
sociais, econômicos, culturais, ambientais merece o mesmo respeito e 
valorização. Com isso, entende-se que todas as formas de direito são 
fundamentais para a construção do Estado democrático. 
Outro parâmetro importante da educação em Direitos Humanos para a 
efetivação e o esquadrinhamento da democracia é a afirmação do “nunca mais”. 
Educar para o “nunca mais” significa desenvolver o sentido histórico e recobrar 
a memória em lugar do esquecimento. É de importância crucial desenvolver essa 
perspectiva nos processos educativos, direcionado a favorecer a construção da 
cidadania e da vivência democrática. Deve-se quebrar a “cultura do silêncio” e 
da impunidade e formar para a participação, para a transformação e para a 
construção de sociedades democráticas, justas e solidárias. 
Para tanto, exige-se assegurar que permaneça presente a memória dos 
horrores das dominações, colonizações, ditaduras, autoritarismos, perseguição 
política, tortura, escravidão, genocídio, desaparecimentos, para que seja 
reconstruído conhecimento histórico, estimulando ideais de coragem, justiça, 
esperança e compromisso com o “nunca mais”, para o fortalecimento da 
dignidade humana. 
Uma educação em Direitos Humanos que promova o “nunca mais” precisa 
ver a história sob a perspectiva das minorias, daqueles que foram historicamente 
subjugados e que originaram os movimentos sociais populares que lutaram e 
lutam pelo reconhecimento e conquista de seus direitos e cidadania no cotidiano, 
suas resistências e suas concepções culturais. 
O estímulo do “nunca mais” como um dos parâmetros da educação em 
Direitos Humanos resulta também na realização de processos que 
desconstruam a memória. Como coloca Marilena Chauí (1987 p. 51), um 
trabalho de “desconstrução da memória, desvelando não só o modo como o 
vencedor produziu a representação de sua vitória, mas, sobretudo, como a 
própria prática dos vencidos participou dessa construção” (GOVERNO DO 
ESTADO DE SÃO PAULO, 1996, n.p). 
Para Monteiro e Pimenta, “na Educação em Direitos Humanos não se pode 
ignorar ou ocultar o passado, porque se não se reconhece o passado não é 
 
 
41 
 
possível construir o futuro nem ser sujeito ativo nessa construção. Não se pode 
impor o silêncio à memória de um grupo” (MONTEIRO; PIMENTA, 2014, n.p). 
Segundo o Ministério da Educação: 
 
Fomentar atividades educativas que ampliem tempos, espaços e 
oportunidades educativas, com vistas à inclusão de temas como direito 
de ir e vir, acesso à moradia, renda mínima, segurança alimentar, 
enfrentamento a preconceitos, relações desiguais de gênero, etnia, 
sexualidade, dentre outros, são elementos básicos para se educar e 
promover Direitos Humanos. O Campo dos Direitos Humanos deve 
estar articulado com os conhecimentos socialmente construídos e 
validados na escola. Ainda assim, consideramos crucial tratar de 
fatores culturais que tornam complexa a ideia de direito humano como 
algo universal, (MEC, 2013, p.14). 
 
Assim, os Direitos Humanos precisam estar imbicados com os 
conhecimentos socialmente construídos e validados em ambientes de 
escolarização. 
O próprio direito à educação de qualidade faz parte do amplo espectro de 
direitos humanos que compõem a dignidade humana, que precisa ser 
permanentemente ampliada, ressignificada por novas demandas oriundas de 
formas diversificadas e aprimoradas de preconceitos e discriminações. 
Reforça-se que a educação para os Direitos Humanos almeja uma ampla 
e profunda democracia que seja muito mais participativa e substantiva, sendo 
ancorada na noção de igualdade e diversidade. Os méritos como igualdade, 
liberdade e diversidade humana são conceitos em constante disputa e devem 
ser trabalhados como eixos articuladores na transformação das práticas 
educativas em direitos humanos, da mesma forma que formação política, ética 
e estética. 
Finalmente, é preciso rechaçar qualquer ideia que permita a defesa da 
indiferença. Pelo contrário, é imprescindível interligar a diferença e a igualdade, 
pois o respeito às diferenças está no cerne da democracia. 
 
Conclusão da aula 4 
 
Mais uma aula termina e você teve oportunidade de aprender um pouco 
mais sobre a importância da educação em Direitos Humanos ancorada na 
pedagogia do empoderamento. 
 
 
42 
 
Essa maneira de educar busca a participação efetiva no Estado 
democrático de direito, partindo do respeito aos Direitos Humanos 
historicamente construídos e objetivando a dignidade humana em todas as 
esferas da sociedade. 
Provavelmente, a forma mais eficaz de lutar para o reconhecimento e 
defesa dos Direitos Humanos seja por meio da educação, pois ela empodera 
estudantes para a construção da cidadania plena e para um ideal universal de 
paz e sustentabilidade. 
 
Atividade de aprendizagem 
 
Após a compreensão teórica acerca da educação em Direitos Humanos, que 
tal você pesquisar na web atividades práticas para o desenvolvimento dessa 
perspectiva? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
Índice Remissivo 
A Constituição Cidadã de 1988........................................................................ 
(Abertura política; crise econômica; crise política). 
 
18 
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e a Declaração Universal 
dos Direitos Humanos de 1948......................................................................... 
(Antigo Regime; século XVIII; sociedade francesa). 
 
07 
A Ditadura civil-militar no Brasil........................................................................

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