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Teoria Geral das Provas Processuais Penais

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Teoria Geral das Provas
Meios de prova disciplinados no CPP
1) Perícias em geral, arts. 158 a 184
2) Interrogatório do acusado, arts. 185 a 196
3) Confissão, arts. 197 a 200
4) Oitiva do ofendido, art. 201
5) Oitiva de testemunhas, art. 202 a 225
6) Reconhecimento de pessoas e coisas, arts. 226 a 228
7) Acareação, arts. 229 a 230
8) Documentos, arts. 231 a 238
9) Indícios, art. 239
10) Busca e apreensão, arts. 240 a 250
Introdução
· Prova: conjunto de elementos produzidos pelas partes ou determinados pelo juiz, excepcionalmente, visando à formação do convencimento quanto a atos, fatos e circunstâncias.
· O destinatário das provas é o JUIZ.
Objetivo: formar a convicção do juiz sobre os elementos necessários para a decisão da causa.
Objeto: todos os fatos, principais ou secundários, que reclamem uma apreciação judicial e exijam uma comprovação.
Princípios
Contraditório: toda prova realizada por uma das partes admite a produção de uma contraprova pela outra partes.
Comunhão: uma vez trazidas aos autos, as provas não mais pertencem à parte que as acostou, mas sim ao processo, de forma que qualquer parte pode usar a prova para si.
Oralidade: desde que seja possível, as provas devem ser produzidas oralmente, na presença do juiz, com exceções como o testemunho do Presidente e o exame de corpo delito.
Publicidade: se o processo é público, as provas também serão, salvas as exceções previstas em lei para segredo de justiça.
Autorresponsabilidade das partes: possibilidade de que a prova acostada por uma das partes possa vir a prejudicar essa parte (por exemplo, uma testemunha de acusação acaba prejudicando a acusação e ajudando a defesa).
Não autoincriminação: o acusado não é obrigado a produzir ou ajudar que seja produzida prova contra si (por exemplo, ele pode recusar a fazer o teste do bafômetro).
Os princípios do contraditório e da comunhão são ABSOLUTOS, não cabem exceção.
Aferição das Provas
Art. 155.  O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. 
· Em regra, adota-se o sistema do livre convencimento motivado (art. 155, caput).
· Principais características:
· Obrigatoriedade de fundamentação das decisões,
· Ausência de hierarquia entre as provas,
· Liberdade de apreciação a tudo que for trazido aos autos, desde que respeitadas os direitos fundamentais e o devido processo legal.
· Exceção 1: no tribunal do júri, utiliza-se o sistema da íntima convicção.
· Os jurados tomam sua decisão sem necessidade de se explicarem ou fundamentarem -> nem podem, pois é ÍNTIMA convicção.
· Exceção 2: em alguns casos do CPP, há o sistema da prova tarifada (sistema legal).
· O efeito da prova está previsto em lei -> por exemplo, no art. 62 do CPP, determina-se que o atestado de óbito do réu é uma prova que leva à extinção da punibilidade desse réu.
Fases do Procedimento Probatório
1) Proposição
· Quando, por exemplo, a acusação apresenta um rol de testemunhas.
· Momento ordinário: momento adequado à proposição. No exemplo acima, é no momento da denúncia.
· Momento extraordinário: momento diverso do ordinário.
2) Admissão
· Quando o juiz recebe a denúncia/queixa ou a resposta à acusação, por exemplo.
· Momento ordinário: quando o juiz recebe a denúncia/queixa ou a resposta à acusação.
· Momento extraordinário: diverso do ordinário.
3) Produção
· Quando, por exemplo, as testemunhas são ouvidas na instrução criminal.
4) Valoração
· Quando o juiz prolata a sentença.
· A prova foi útil? Levou em consideração na hora de prolatar a sentença?
Meio de Prova X Meio de Obtenção da Prova
· Meio de prova: é a prova em si. Por exemplo, a arma do crime.
· Meio de obtenção da prova: como se obtém a prova, como se chega a ela. Por exemplo, a busca e apreensão domiciliar que levou à descoberta da arma do crime.
Ônus da Prova
· Quem tem a incumbência de provar determinado fato ou alegação em um processo judicial.
· Em regra, o ônus cabe a quem acusa, admitindo-se exceções, pois não é absoluta da acusação.
Ônus da prova para a acusação: fatos constitutivos da pretensão punitiva; tipicidade da conduta, autoria e materialidade etc.
Ônus da prova para defesa: fatos extintivos, impeditivos ou modificativos da pretensão punitiva; excludentes de ilicitude, causas extintivas da punibilidade etc.
Momento de Produção da Prova
· Em regra, devem ser produzidas durante o processo.
	Provas cautelares
	Provas irrepetíveis
	Provas antecipadas
	Aquelas que sofrem risco de perecimento até o momento ordinário de produção da prova.
	Aquelas que, uma vez realizadas, não podem/conseguem ser refeitas.
	Aquelas que devem ser realizadas antecipadamente para não se perderem. Por exemplo, o depoimento de uma testemunha em estado terminal de saúde.
· O juiz não pode determinar a produção de provas ex officio, EXCETO se para tirar dúvida SUA durante a ação penal. Art. 3º-A do CPP, introduzido pelo Pacote Anticrime, que tacitamente revogou o art. 156 do Código.
Elementos de informação: produzidos sem contraditório e ampla defesa.
X
Provas: produzidas com contraditório e ampla defesa.
· Não são produzidas provas, mas elementos de informação durante a investigação criminal, à exceção dos três tipos de prova listados acima.
· Na formação do seu convencimento, o juiz deverá analisar o conjunto probatório para fundamentar com segurança a sua decisão.
· Assim, as provas possuem valor relativo, pois apenas se analisadas globalmente terão força para levar o juiz a um veredito condenatório.
Prova Emprestada
· É a prova que foi produzida originariamente em determinado processo e vem a ser apresentada, documentalmente, em outro.
· Requisitos:
· Ambos os processos precisam envolver as mesmas partes.
· Em sua produção, tenha sido observado o contraditório e a ampla defesa.
Provas Ilegais
· Não devem ser utilizadas no processo, conforme disposto na CRFB/88.
Espécies:
1) Prova ilícita: prova obtida mediante violação direta ou indireta da Constituição.
2) Prova ilícita por derivação: lícitas na sua essência, mas restam contaminadas -> frutos da árvore envenenada.
· Devido à ilicitude das outros provas que a gerou;
· Ilegalidade da situação em que foram produzidas (por exemplo, a confissão obtida através da tortura).
3) Prova ilegítima: obtida ou produzida por meio de ofensa a normas de natureza processual.
Em regra, as provas ilícitas deverão ser desentranhadas dos autos (art. 157, caput), e, uma vez preclusa a decisão de desentranhamento, a prova será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente (art. 157, §3º).
Excepcionalmente, poderão ser utilizadas no processo, desde que imprescindíveis à prova de inocência do acusado, mas isso não torna a prova lícita.Juízo de proporcionalidade: é melhor usar uma prova ilícita para inocentar, do que condenar um inocente.
Também excepcionalmente, as provas ilícitas por derivação poderão ser utilizadas, também, se provierem, posteriormente, de fonte independente, ou se sua contaminação for expurgada, ou se a sua descoberta se demonstrar inevitável.
	Fonte independente
	Contaminação expurgada
	Descoberta inevitável
	A testemunha A foi descoberta por meio de interceptação ilegal, mas posteriormente a testemunha B, completamente legal e independente da interceptação, citou o nome da testemunha A em depoimento.
	Uma confissão foi obtida mediante tortura na fase policial, mas foi voluntariamente confirmada pelo autor em juízo.
	A prova seria descoberta de qualquer forma, através de uma prova ilícita ou lícita, mas viria a tona.

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