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REDAÇÃO PARA WEB AULA 5 Prof. Alexsandro Ribeiro 2 CONVERSA INICIAL Agora que você já aprendeu como é a estrutura do texto na web, a diferença em relação a outros veículos e a linguagem utilizada, vamos falar sobre as plataformas criadas para facilitar a publicação do conteúdo. Você saberá que há inúmeros serviços de armazenamento e hospedagem, garantindo agilidade, segurança e estabilidade. É fundamental que o jornalista conheça tais plataformas, uma vez que se apropriará delas ao longo da sua carreira no meio digital. Ou seja, não basta escrever e estruturar a reportagem, é preciso também pensar na sua publicação, na forma como o conteúdo entrará em contato com o público e, sobretudo, na repercussão. Isso mesmo! É uma preocupação cada vez maior do jornalista produzir um texto que tenha condições de obter uma boa performance nos sistemas de busca e de otimização de resultados. Afinal, pouco impacto terá um excelente texto que não alcança a leitura e os primeiros postos de buscas na internet. CONTEXTUALIZANDO Você já deve ter percebido, ao longo das aulas, que o webjornalismo só tende a crescer e se desenvolver, uma vez que as inovações no meio digital não param. Temos agora um jornalismo que nos desafia a todo o momento: ele é multimídia, colaborativo, personalizado e móvel. É preciso aperfeiçoar-se para escrever na web, pois esse meio exige, além de muita prática, estar antenado e atualizado com todas as mudanças que ocorrem todos os dias. São tantas inovações que escolhemos iniciar esta aula falando sobre os sistemas de publicação. Se hoje temos um grande banco de dados em rede, que facilita a busca por conteúdos, é necessário que haja uma estrutura que facilite a busca de conteúdos em diferentes plataformas e distintos ambientes. Ferramentas automatizadas de publicação fáceis de usar tornam a postagem de conteúdos breve, direta, rápida, sem a necessidade de conhecimentos técnicos. A partir daí, abordaremos ainda conteúdos que dialogam não apenas com a estrutura do texto, mas na relação entre a reportagem e o sistema de busca e perfis de público. Confira os conteúdos que encontraremos ao longo desta aula: • Sistemas de publicação; 3 • Jornalismo de dados; • Adaptação de textos para diferentes públicos; • Estratégias de personalização de conteúdos; • Gerenciamento de SEO e relevância de tags. TEMA 1 – SISTEMAS DE PUBLICAÇÃO Sistemas de publicação têm a ver com o processo de produção. Você perceberá, até o fim da nossa disciplina, que no meio on-line há uma série de sistemas que têm por finalidade administrar e gerenciar a informação. Essas plataformas foram criadas para facilitar a publicação do conteúdo, facilitando a veiculação e a distribuição das informações. Essas ferramentas denominam-se sistemas de publicação. Os sistemas de publicação estão relacionados ao processo de produção em ao menos três etapas: primeiro na composição do conteúdo, no momento em que auxilia na arquitetura da informação, permitindo uma série de ferramentas de estruturação; na edição com ferramentas interativas de correção e ajustes do texto; e, por fim, na publicação ou disponibilização do conteúdo, na medida em que oferece suportes de facilidade para analisar os conteúdos não apenas com uma visualização de edição, mas como uma prévia de publicação. Como destaca Schwingel (2005, p. 9), o sistema é composto por “ferramentas e subsistemas que possibilitam ações de composição, de edição e de disponibilização das informações para serem acessadas por outras pessoas”. Na metade dos anos 1990, as empresas desenvolveram ferramentas gratuitas voltadas à elaboração das páginas pessoais de seus usuários. O blog pode ser considerado o primeiro sistema a possibilitar a publicação de conteúdos amplamente difundidos na internet. Inicialmente, foi utilizado como diário pessoal, no entanto não tardou muito para ser usado também com intuitos exclusivamente jornalísticos. Atualmente, há inúmeros serviços de armazenamento e hospedagem, garantindo agilidade, segurança e estabilidade. Os sistemas de publicação passaram a ser ferramentas muito mais complexas do que os blogs, permitindo uma atualização dinâmica de conteúdo ao incorporar as características do jornalismo digital, tanto na concepção do site (na arquitetura da informação do produto) quanto na estrutura da notícia (na arquitetura da informação de cada 4 matéria). Quanto aos mecanismos de edição, um sistema pode conter ferramentas de interatividade, como fóruns, chats e mensagens instantâneas. Os sistemas de publicação podem ser considerados uma evolução no processo da digitalização das informações, inserido por vários autores, entre eles, Carla Schwingel (2005) e Machado (2003), como jornalismo digital de terceira geração. Na atualidade, encontramos debates teóricos de categorização do jornalismo na quinta geração, com vistas a seguir para uma sexta. A primeira foi a geração que tinha como base os outros meios tradicionais. Com a chegada do digital, ela fez a transposição de conteúdos dos demais meios, principalmente o jornalismo impresso, sendo que, nessa fase, não havia sistemas próprios de apuração. A segunda geração já evoluiu quando houve produção de conteúdos próprios, mas sem sistemas de apuração, produção e circulação de conteúdos adaptados às redes digitais. Por fim, há o webjornalismo de terceira geração, “quando todas as etapas do trabalho jornalístico são desenvolvidas no ciberespaço, com adoção de sistemas descentralizados de produção” (Machado, 2003, p. 1). A terceira geração do jornalismo no meio digital começa a entender que as características do meio são fundamentais para a construção da narrativa e para o aprofundamento da informação (Barbosa, 2013, p. 35). Estamos falando do jornalismo a partir do conceito de hipermídia, que relaciona elementos multimídias com o hipertexto, o que amplifica o espaço da notícia e a capacidade de aprofundamento a partir das “pontes” que podemos encontrar entre os textos na rede. A quarta geração já em um novo milênio iniciado. É a que integra a web semântica, ou seja, a internet inteligente com capacidade de analisar bancos de dados, e de estabelecer associações das palavras-chave para além dos códigos digitados na área de metadados das páginas. Assim, as palavras, os documentos, as imagens e vários outros elementos das páginas são lidos a partir dos seus contextos e significados. Soma-se a esse momento o fortalecimento da figura do prosumer e a abertura de várias plataformas de gerenciamento de conteúdos. Se na primeira geração do jornalismo online reinava o “print first”, a quinta geração trará a notícia para a palma da mão dos usuários com a máxima “mobile 5 first”, ou seja, com aplicativos e ambientes para dispositivos móveis (Nunes, 2016, p. 33). Com isso, também começamos a perceber a construção da notícia não apenas para aplicativos dos jornais, mas também para as redes sociais, com uma interação que ultrapassa a plataforma do veículo, não raras vezes estabelecendo um diálogo com outras mídias, com o que veremos de transmidialização. Soma-se a isso a absorção dos programas televisivos, a sinergia entre impressos e meio on-line a partir de tecnologia de Realidade Aumentada, dentre outros. Aqui, o que importa é a interface de leitura e consumo da informação, que se adequa cada vez mais às demandas dos leitores. TEMA 2 – JORNALISMO DE DADOS Uma das áreas do jornalismo digital que tem ampliado seu espaço ao longo dos últimos anos é o jornalismo de dados, narrativa que toma como central a condução da notícia a partir da análise e padrões de informações estruturadas em base de dados (Ribeiro et al., 2018). Grandes redações como Estadão1, Folha de S.Paulo, CNN Brasil, O Globo, dentre outras, criaram nos últimosanos núcleos de investigação com especialização em dados. Resultado desse crescimento do jornalismo de dados são os prêmios que foram surgindo para reconhecimento da prática da produção da notícia baseada em dados, como o Prêmio Cláudio Abramo de Jornalismo de Dados2 e o Prêmio Livre.jor3 de jornalismo de dados e transparência pública. Dito isso, é fundamental entender como surge o jornalismo de dados para pensarmos como ele se manifesta em termos de narrativa. Primeiro, dados e gráficos existem no jornalismo há centenas de anos. Ou seja, apenas usar dados e visualização não é o que determina a criação do jornalismo de dados. Existem ao menos três etapas que estruturam e justificam o nascimento desse tipo de narrativa jornalística. Uma é o jornalismo de precisão, inaugurado na década de 1970 pelo jornalista Philip Meyer. O jornalismo de precisão é, em certa medida, uma resposta ao jornalismo declaratório, focado em organizar a narrativa pelo que as fontes declaram. Meyer propõe um jornalismo cuja metodologia de apuração é focada em processos científicos, como estatísticos, sociológicos etc. 1 Disponível em: <https://twitter.com/estadaodados>. Acesso em: 5 mar. 2022. 2 Disponível em: <https://premio.jornalismodedados.org >. Acesso em: 5 mar. 2022. 3 Disponível em: <https://livre.jor.br/premiomosca/>. Acesso em: 5 mar. 2022. 6 Isso revoluciona a forma de produção da notícia, antes somente calcada em entrevistas (Meyer, 2002). Um segundo passo é o surgimento dos computadores nas redações a partir da década de 1990, que pressiona o surgimento da Reportagem Assistida por Computador (RAC). Aqui, temos a implantação da máquina e do sistema que aplicará a metodologia já preconizada por Meyer anteriormente (Ribeiro et al., 2018). Figura 6 – Etapas do jornalismo de dados Fonte: Oliveira; Ribeiro, 2021. O que precisa para fazer com que isso funcione são os dados, que encontram um terreno fértil na política de liberação de dados com a Lei de Acesso à Informação (LAI). Agora, temos metodologia, máquina para aplicar a metodologia e dados para alimentar o sistema (Ribeiro et al., 2018). O resultado é o jornalismo de dados, cuja forma de lidar com a notícia produz uma narrativa que não surge da história narrada pelas pessoas, mas sim do padrão de dados “narrado” pelas planilhas. O método do jornalismo de dados é composto por uma série de etapas. A primeira, após a pauta, é a definição das bases de dados, ou seja, é o processo de encontrar a origem dos dados que serão a sustentação da matéria. Depois disso, entra a fase de raspagem e limpeza dos dados, que é a retirada dos dados do local de origem para que o jornalista possa trabalhar em 7 programas que permitam o cruzamento das informações. Dois projetos excelentes para pensarmos em base de dados e acesso à informação é a newsletter Don’t LAI To Me4, especializada em solicitar dados de interesse público aos governos federal e estaduais, e em disponibilizá-los em formato de boletins e notícias para publicação. O segundo é o portal Brasil IO, que resulta do empenho e da dedicação de programadores e jornalistas que identificam bases de dados que estão públicas na internet, mas que não estão estruturadas. O coletivo retira os dados das bases, filtra e disponibiliza esses dados para que outros jornalistas possam produzir reportagens a partir das bases5. Depois da etapa de limpeza, surgem as análises e a percepção do padrão, ou da falta de padrão dos dados. É nesse momento que surgem as orientações para a matéria, como quais os especialistas podem ser ouvidos e quais os personagens que contribuirão para a matéria. O próximo passo é a visualização da matéria, que não se resume a infográficos, mas reúne a parte textual e o planejamento de arquitetura da informação. Uma reportagem que demonstra um extenso trabalho de compilação e cruzamento de dados é a matéria de O Globo sobre o clã Bolsonaro, em que é mapeado e identificado o rol de comissionados que foram contratados pelos gabinetes da família Bolsonaro6. Por fim, é a publicação, que pode seguir um plano de divulgação, em casos de série. TEMA 3 – ADAPTAÇÃO DO TEXTO PARA DIFERENTES PÚBLICOS Vimos em aulas anteriores que devemos nos preocupar sempre para quem estamos escrevendo os textos na web. O consumo de notícias do público- alvo, seus hábitos e atitudes é que determinam como será o texto no meio digital. Compreender quem é aquele que irá “comprar” nosso produto é um dos primeiros passos para produzir conteúdo. Seja para a escrita de material de um blog, site ou rede social da empresa, utiliza-se como recurso a criação da persona. Este termo é usado para designar uma pessoa fictícia que criamos para representar os diferentes segmentos de clientes que queremos ter. Para criar uma persona, você pode dar a ela um 4 Disponível em: <https://fiquemsabendo.com.br/transparencia/newsletter-dont-lai-to-me/>. Acesso em: 5 mar. 2022. 5 Disponível em: <https://brasil.io/home/>. Acesso em: 5 mar. 2022. 6 Disponível em: <https://oglobo.globo.com/brasil/em-28-anos-cla-bolsonaro-nomeou-102- pessoas-com-lacos-familiares-23837445>. Acesso em: 5 mar. 2022. 8 nome, entender perfeitamente o segmento da população a que ela pertence e sintetizar o conhecimento em uma personalidade. Isso requer um processo de imersão que muitas vezes resulta em responder perguntas como: onde vive? Qual conteúdo consome? Por qual canal? Quais desafios ele enfrenta em sua vida diária? O que faz em seu tempo livre? Qual sua profissão? Com esse perfil traçado, você terá mais claro o que escrever para seu público-alvo, com grandes chances de haver uma conexão entre vocês. No jornalismo digital, se você não compreender seu público-alvo, você não será capaz de criar qualquer conteúdo para ele. Definir a persona é uma das estratégias mais bem-sucedidas de marketing de conteúdo, e somente se você fizer uma investigação completa do seu cliente e do seu mercado conseguirá atrair sua atenção. Para isso, é importante buscar elementos que ajudem a definir os contornos dessa persona e suas características, como local em que vive, o estado civil, suas atividades, a renda mensal, seus objetivos etc. Ao traçar o perfil da sua persona, você passa a saber qual é o modelo de público comprador para seu produto. Mesmo que seus clientes sejam de personalidades variadas, você criará um perfil mais próximo possível do seu potencial comprador. Sempre que escrever conteúdo para a web, estará pensando nessa persona. Com pesquisas e entrevistas com seu público, você poderá chegar mais perto da persona ideal. Outra estratégia de marketing utilizada para ganhar a audiência é o Inbound Marketing, ou marketing de atração. Essa estratégia é basicamente dar seu e-mail (ou outro contato) para sua marca. Mas a troco de quê? Ao dar seu e-mail, você está permitindo que aquela marca te envie conteúdos de seu interesse, iniciando um processo de comunicação com sua empresa. Funciona mais ou menos como um brinde. A isca pode ser um e-book, um conteúdo inédito ou qualquer outra recompensa valiosa. Essa estratégia de conteúdo valoriza o cliente ao entregar a ele um conteúdo informativo e de qualidade. As ações realizadas são no intuito de atrair o potencial cliente para seu blog ou site e, com base nessa atração, é feito todo um trabalho de relacionamento com essa pessoa. Esse relacionamento é desempenhado por meio de conteúdo personalizado e autoral. O conteúdo é uma forma de educar a audiência e potenciais clientes sobre o segmento de sua empresa. 9 TEMA 4 – ESTRATÉGIA DE PERSONALIZAÇÃO DE CONTEÚDO Imagine abrir um jornal on-line e só encontrar notícias do seu interesse. Imagine um meio de comunicação que sabe exatamente que tipo de informação você quer receber, além de saber o que você está fazendo e pensando. Ou, ainda, abrir o seu e-maile receber notícias e conteúdos que você autorizou receber? Isso não é mais futurístico, é a realidade em que vivemos. E é sobre isso que faremos aqui neste tema: a personalização de conteúdo. Como destaca Bozza (2018, p. 139), ao personalizar, muda-se também a lógica de organização dos conteúdos, reforçando alguns aspectos em detrimento a outros. Pode-se alterar, portanto, alguns elementos visuais ou de conteúdos para torná-los mais interativos ou do interesse de cada usuário. Além disso, a “arquitetura de informação dos sites dinâmicos tem base de dados e tabelas que facilitam o acesso à informação pela incorporação básica de conteúdos e pelo arquivamento em sua base” (Bozza, 2018, p. 140). Como forma de orientar a customização, o pesquisador ainda aponta alguns aspectos que são fundamentais para o jornalista, sendo eles: aprenda com cada movimento; não coloque resistência à personalização; não negligencie qualquer fonte de informação; permita que o usuário mostre seus erros; obtenha toda a informação possível sem aborrecimentos; enfatize a privacidade; atente-se à personalização na venda ao usuário; observe o que os usuários desaprovam ou aprovam; facilite a vida do usuário para que ele demonstre os gostos; não deixe o usuário esperando a resposta personalizada. Para Palacios (2002, p. 3), customização do conteúdo e personalização “consiste na opção oferecida ao usuário para configurar os produtos jornalísticos de acordo com os seus interesses individuais”. Fazer check-in nas páginas de Facebook; buscar temas de interesse no Google; curtir, comentar e compartilhar os posts das redes sociais. Ações assim, que fazemos no nosso dia a dia e com frequência, dão informações valiosas sobre nosso comportamento aos algoritmos. É possível ver um exemplo bem usual em sites de uma companhia aérea. Toda busca que você faz no site e as promoções nas quais clica dão informações a essa companhia aérea de quem é você. Todo o histórico fica armazenado em um banco de dados. Com base nisso, a empresa tem uma rica informação de todos seus clientes ou possíveis clientes e poderá oferecer 10 conteúdo personalizado. Sendo assim, ele será mais assertivo na comunicação com seu público. Temos, por exemplo, o Google Now, um assistente pessoal inteligente, que puxa os dados de serviços como Google Calendar e Gmail em um só lugar. O sistema sabe onde você mora, trabalha, para quais lugares viaja, além de saber detalhadamente do que você gosta e do que não gosta, como gostos musicais, que esporte pratica, que séries assiste no Netflix e que programas de TV mais te interessam. A personalização de conteúdos nos ensina que entregar conteúdo não é mais o suficiente, por isso que outros meios de comunicação estão perdendo audiência. A informação precisa chegar à pessoa certa, no tempo certo. E nada melhor do que o webjornalismo para conseguir tantas informações dos usuários. E não basta a informação estar na web. Um site precisa ser rápido, de fácil navegação, intuitivo, dedutivo; e precisa ser inteligente ao conseguir registrar todas as ações no internauta nele, como dados demográficos, localização e comportamento dos usuários. A personalização de conteúdo web, para Ferrari (2006, p. 35), está relacionada com o sucesso e a sobrevivência de uma empresa na internet. Dessa forma, a customização começa a ser a preferência do usuário na rede, na medida em que alcança personalização e, consequentemente, a empresa, ao fornecer essa possibilidade, recebe “em troca o conhecimento do perfil do visitante e aumenta as chances de conquistar sua fidelidade”. Para Ferrari (2006), o uso da personalização tem como base três palavras: informação, individualidade e envolvimento. A informação individualizada chegará diretamente em seu público-alvo, que, por estar interessado naquele conteúdo, terá grandes chances de passar mais tempo envolvido naquele website. O resultado, além de facilitar a compra do produto ou serviço, levará ainda aquela página aos primeiros buscadores do Google, assunto do nosso próximo tema. Outra forma de adaptar textos para diferentes públicos é utilizar-se do jornalismo de dados que você aprendeu no tema anterior. Para Castilho (2005), as grandes empresas estão brigando para criar bancos de dados sobre hábitos de consumo das pessoas. Segundo ele, os programas que antecipam nossos comportamentos, com algoritmos capazes de aprender com nosso padrão de consumo, são os mesmos que em um futuro próximo podem atuar no jornalismo. 11 Castilho exemplifica o Google News, que permite montar um jornal personalizado para cada indivíduo, usando apenas processos eletrônicos. Isso ocorre por meio de softwares que varrem periodicamente mais de 4.500 jornais e revistas do mundo inteiro. Outro exemplo de Castilho é a Amazon, que consegue prever o tipo de livro que um cliente comprará tomando como base seus hábitos de consumo e dos formadores de opinião que ele consulta. O RSS, sigla de Really Simple Syndication, ou Distribuição Realmente Simples, é outra sistemática que contribui para a personalização de conteúdo. As informações de seu interesse chegam até você automaticamente, o tempo todo. Sempre que alguma coisa for adicionada a um site de sua preferência, o sistema RSS emite um alerta e traz até você o material recém-publicado. Isso faz com que você não precise entrar em todos os sites; as informações chegam até você. Procure na web páginas de seu interesse que contenham o ícone alaranjado padrão para os sites com RSS. Os sites com RSS também são conhecidos pela expressão feeds. Quando você acessa um leitor de RSS, ele fará toda a coleta de feeds para você automaticamente. De acordo com Palacios (2002, p. 6), “a personalização é altamente potencializada na web, mas já está presente em suportes anteriores, através da segmentação de audiência (públicos-alvo)”. Na web, muitos portais oferecem ao usuário a possibilidade de escolher quais os temas que mais lhe agradam, para posteriormente enviar a esse leitor notícias selecionadas. No portal UOL, você pode usar os recursos do RSS e escolher as editorias das quais quer receber notícias, assim como a preferência pelo time de futebol sobre o qual deseja estar atualizado. É só o usuário clicar nas suas preferências para obter somente as informações que lhe interessarem. Muito parecido com isso foi o que vimos com o Inbound Marketing. A partir do momento em que você passa o seu e-mail para baixar um e-book do seu interesse, o sistema automaticamente o cadastra e passa a enviar conteúdos por e-mail do tema relacionado ao e-book baixado. Com isso, finalizamos mais um tema da nossa aula e aprendemos, enfim, que a customização de conteúdo consiste na existência de produtos jornalísticos configurados de acordo com os interesses individuais do usuário. 12 Saiba mais Confira os tópicos “Armazenamento e Rastreamento de Informações” e “Customização de Conteúdo” no livro-base da disciplina, entre as páginas 137 a 142: BOZZA, G. Redação ciberjornalística: teoria e prática na comunicação digital. Curitiba: InterSaberes, 2018. TEMA 5 – GERENCIAMENTO DE SEO E RELEVÂNCIA DE TAGS Nosso tema agora, para finalizar esta aula, é o gerenciamento de SEO — Search Engine Optimization — e a relevância de tags. Vamos aprender aqui que não basta seguir todas as regras e dicas que aprendemos ao longo desta aula se não soubermos usar as técnicas de SEO para jornalistas. É preciso dominar esta linguagem, que é invisível para o leitor, mas que o jornalista precisa saber quando estiver na fase de “arquitetar” a informação. Seguindo regras básicas, será possível garantir bons resultados, como muitos acessos ao seu site, aproximando o conteúdo do seu leitor. Para falar de SEO e relevância de tags, precisamos falar de palavras- chave, ou seja, as palavras que resumem os temasprincipais de um texto. Por meio dessas palavras, as quais você irá definir com base no que o seu público- alvo busca dentro do seu site, será possível dar início à escrita de seu texto. As palavras-chave são o segredo do bom desempenho de seu conteúdo on-line. Se você seguir as regras do texto na web que falamos até aqui (objetividade, concisão, textos adaptados e personalizados para o seu público- alvo, junto ao SEO), isso fará com que seu texto seja encontrado com maior facilidade e considerado relevante. Nessa estratégia, ajuda muito saber quais são os termos mais buscados em pesquisas. Para isso, você pode utilizar o Google Trends7. Essa ferramenta do Google permite você saber gratuitamente o que tem sido pesquisado de acordo com a limitação que você dá. É possível escolher cinco palavras diferentes e delimitar a região (pode ser a cidade em que você mora, o país ou até uma pesquisa genérica “em todo o mundo”). O Google Trends fornecerá um gráfico com as palavras mais buscadas pelo usuário. Vale até comparar palavras com e sem acento, uma vez que nas buscas as pessoas costumam não acentuá- 7 Disponível em: <http://www.google.com/trends>. Acesso em: 5 mar. 2022. 13 las. Escolhida(s) a(s) palavra(s)-chave, você inicia seu texto, utilizando de preferência essas palavras-chaves no título, na URL (o endereço da publicação na internet, que é possível editar) e durante todo o texto, principalmente no lead, pelo menos uma vez a cada parágrafo. Essas regras não vão modificar sua maneira de contar histórias e seu jeito pessoal de escrever. A aplicação dessas técnicas só agrega valor ao conteúdo jornalístico. O que vai acontecer é que você precisará seguir algumas técnicas de SEO no jornalismo, que vamos listar a seguir, para otimizar suas publicações e para que elas sejam encontradas, principalmente nas buscas do Google. Com essas técnicas bem utilizadas, não será preciso realizar links patrocinados, e seu site ocupará posições de destaque nas páginas de respostas dos buscadores, aparecendo nas primeiras buscas do Google de forma orgânica — o que não envolve custos. Confira abaixo alguns pontos importantes para uma boa dinâmica de SEO na rede. • Pesquisa das palavras-chave: como dito anteriormente, é possível, pelo Google Trends, descobrir quais palavras seu leitor digita na busca do Google. Ao pesquisar palavras mais relevantes, mais buscadas, você inicia o trabalho de utilizar essas palavras em seus textos, sem exageros. Olhar o trabalho do concorrente e descobrir que palavras ele está utilizando também é importante. Isso será fundamental para que o SEO dê resultados que condizem ao seu conteúdo elaborado. • Facilite a visualização da sua página: outra técnica de SEO é que o site que você administra precisa ser prático e rápido. Precisa ter uma boa navegação. Sites lentos, em que se demora para abrir fotos e links, por exemplo, irão perder audiência. Por isso, use imagens compactas e palavras-chaves em negrito. • Faça posts com links internos: o Google entende que um site no qual o internauta passa bastante tempo é relevante. Por esse motivo, se você utilizar em seus posts links internos, de textos relacionados e relevantes, o Google te levará para as primeiras páginas de busca. Ao escolher o link interno, que normalmente é uma palavra ou expressão, dê preferência por palavras que façam parte das palavras-chaves que você escolheu, após a pesquisa do Google Trends. 14 • Divulgue o site nas redes sociais: uma grande oportunidade de divulgação é levar as pessoas das redes sociais para seu site. Toda vez que um post é atualizado em seu site, procure fazer um post na rede social com link para a matéria relacionada. Quanto mais pessoas curtirem, compartilharem e comentarem o post com a URL que leva para seu site, mais positivo será para conquistar as primeiras posições nos buscadores. E rede social não é só Facebook; invista no Instagram, Twitter e LinkedIn. Com todas essas dicas, você já deve ter percebido que não basta apenas pensar em escrever um bom texto para a web. Para diferenciar-se no mercado de trabalho, é preciso dominar as técnicas de SEO. Um bom texto direcionado para o público certo fará você diferenciar-se profissionalmente. Em um momento em que o jornalismo digital cresce, enquanto outros, como o jornalismo impresso, reduzem páginas ou até deixam de existir, migrando e apostando no digital, estar capacitado é fundamental. TROCANDO IDEIAS Conhecer o público e suas necessidades é fundamental para o trabalho do webjornalista. Contudo, um grande dilema para boa parte dos profissionais é a produção do texto com base no SEO e considerando o perfil do público-alvo. Ou seja, qual o limite do interesse público e do interesse do público. Leia o texto “SEO no jornalismo: questões éticas e a relação com o leitor” no portal Observatório da Imprensa (Disponível em: <http://www.observatoriodaimprensa.com.br/objethos/seo-no-jornalismo- questoes-eticas-e-a-relacao-com-o-leitor/>) e debata com seus colegas a relação ética na produção jornalística usando técnicas de SEO. NA PRÁTICA Confira a matéria “Toca Raul: o que a música ‘Metamorfose Ambulante’ tem a nos ensinar sobre Marketing Digital” (Disponível em: <https://pt.linkedin.com/pulse/toca-raul-o-que-m%C3%BAsica-metamorfose- ambulante-tem-ensinar-rezende>). Depois, responda às seguintes questões: 1. Encontre na matéria acima quais foram as palavras-chave escolhidas pelo autor. 15 2. De que maneira a palavra-chave foi utilizada no texto como estratégia de SEO? 3. Que recursos midiáticos a matéria disponibiliza para atrair o leitor? 4. Se você tivesse que reescrever o título e o lead desse artigo, pensando nas dicas dadas, como faria nesse caso? FINALIZANDO Chegamos ao fim de nossa aula. Este percurso foi fundamental para compreender o que são os sistemas de publicação e por que eles fazem parte da terceira geração do webjornalismo. Aprendeu também sobre a adaptação de textos para diferentes públicos, em que é preciso traçar um perfil do seu público- alvo para conversar o tempo todo com ele e nunca esquecer com quem você está falando e qual mensagem ele quer consumir. Outro tema importante desta aula foi o jornalismo baseado em dados, que pode ser definido como uma forma de utilizar a tecnologia digital para extrair informações de bases de dados. Pudemos compreender também por que a personalização de conteúdo é tão importante no meio on-line. Para finalizar, vimos, no Tema 5, o gerenciamento de SEO — Search Engine Optimization — e a relevância de tags, no qual verificamos formas de otimização para mecanismos de busca. 16 REFERÊNCIAS BARBOSA, S. Jornalismo convergente e continuum multimídia na quinta geração do jornalismo nas redes digitais. In: CANAVILHAS, J. (Org). Notícias e Mobilidade: O Jornalismo na Era dos Dispositivos Móveis. Covilhã, PT: Livros LabCOM, 2013. p. 33-54. BOZZA, G. Redação ciberjornalística: teoria e prática na comunicação digital. Curitiba: InterSaberes, 2018. CASTILHO, C. Webjornalismo: o que é notícia no mundo on-line. In: RODRIGUES, E. No próximo bloco...: o jornalismo brasileiro na TV e na internet. Rio de Janeiro: PUC-RJ; São Paulo: Loyola, 2005. FERRARI, P. Jornalismo digital. São Paulo: Contexto, 2003. MACHADO, E.; BORGES, C.; MIRANDA, M. Modelos de produção de conteúdos no jornalismo digital baiano. In: INTERCOM, 26., 2003, Belo Horizonte. MEYER, P. Precision journalism. Lanham: Rowman & Littlefield Publishers, 2002. NUNES, A. C. B. Jornalismo digital de quinta geração: as publicações para tablets em diálogo com o desenvolvimento da web. ALCEU, v. 17, n. 33, p. 19- 39, jul./dez. 2016. PALACIOS, M. Jornalismo online, informação e memória: apontamentos para debate. In: JORNADAS DE JORNALISMO ONLINE, 2002, Portugal. Disponível em: <http://www.facom.ufba.br/jol/pdf/2002_palacios_informacaomemoria.pdf>.Acesso em: 17 nov. 2017. RIBEIRO, A. et al. Jornalismo de dados: conceitos, rotas e estrutura produtiva. Curitiba: InterSaberes, 2018. SCHWINGEL, C. Sistemas de publicação de conteúdos no ciberjornalismo: delimitações teórico-conceituais. In: SEMINÁRIO AVANÇADO DE PESQUISA, 2005, Salvador. Anais do Seminário Avançado de Pesquisa, 2005.
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