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I.
O indivíduo não é o foco das teorias neorrealistas e neoinstitucionalistas, uma
vez que para o neorrealismo o que acontece "dentro do estado não é relevante para
análise das relações internacionais" (NOGUEIRA, MESSARI, 2005, p.24). O mesmo
afirma-se para os neoinstitucionalistas, que partem da interação entre estados e
Organizações Internacionais (OI’s). No entanto, mesmo não estando no cerne da análise,
sabe-se que os Estados são considerados racionais e, desse modo, pode-se dizer que os
indivíduos também o são, haja vista que são eles que coordenam as atividades dos
Estados.
Os Estados, para o neorrealismo, são os principais atores dentro das Relações
Internacionais, e eles, por sua vez, possuem interesses em comum: sobrevivência e
segurança. Para essa teoria, a natureza humana é conflituosa e, assim, os Estados
interagem da mesma forma, o que propicia a guerra. Entretanto, dentro de uma
estrutura, esses atores adotam posturas menos agressivas. Já para os neoliberais, os
Estados são sim egoístas, porém, são capazes de cooperar. Eles aceitam dois princípios
básicos do realismo: a centralidade dos Estados e a anarquia. Nesse sentido, nota-se que
os atores possuem interesses comuns, mas devido ao ambiente (anárquico), não
conseguem chegar a um consenso e, baseado nesse pensamento, surgem as instituições. 
A partir da perspectiva neorrealista, o Sistema Internacional é anárquico,
descentralizado, horizontal, homogêneo e mutável. Ademais, é composto por uma
estrutura – abstração definida pela disposição das partes do sistema - e por unidades
interagindo. Nota-se ainda, que mesmo essas unidades sendo egoístas, elas possuem
relações de cooperação em nível de igualdade. Portanto, o Sistema Internacional, por ser
formado e mantido pelo princípio da autoajuda das unidades, pune, severamente, os
Estados que falham em proteger seus interesses vitais. Já na perspectiva
neoinstitucionalista, o Sistema Internacional também é anárquico, mas baseia-se em
OI’s e na cooperação entre Estados, que se unem para atingirem interesses comuns.
Entretanto, admitem que a reciprocidade não é inerente ao sistema e por isso deve ser
institucionalizada.
Quanto à possibilidade de cooperação internacional, a teoria neorrealista de
Waltz afirma que é a insegurança e incerteza quanto às ações e intenções de um Estado
que impedem que haja cooperação. Ou seja, a cooperação não é dificultada pela análise
dos ganhos relativos ou absolutos, é impedida quando os Estados não sabem,
claramente, a intenção dos outros atores frente àqueles ganhos e temem que sejam
prejudicados ou destruídos. Ademais, os Estados temem e evitam a dependência de
outros através da cooperação e da troca de bens e serviços. Já a teoria
neoinstitucionalista argumenta que a cooperação é dificultada pelos medos acerca da
traição e dos ganhos desiguais. Contudo, esses medos podem ser contornados pelas
OI’s, haja vista que elas promovem informações, reduzem custos de transação, fazem os
acordos mais confiáveis e facilitam a reciprocidade. Mas, mesmo assim, a cooperação
descentralizada é possível.
Na visão neorrealista, as OI’s serviriam para criar uma situação de superioridade
e subordinação e, assim, reduziria os riscos – de falência e de guerra. Nesse sentido,
Waltz enfatiza que as organizações têm duas funções primordiais: “realizar algo e
manter-se como organização” (2002, p.155). No entanto, o autor argumenta que os
líderes da organização são escolhidos não por suas capacidades de elaborar métodos
para alcançar objetivos dos membros, mas, sim, assegurar a continuidade e vitalidade da
instituição. Isso demonstra, portanto, que as instituições são falhas. Em relação à
perspectiva neoinstitucionalista, as OI’s são o canal que possibilita a cooperação
mutuamente benéfica, já que os Estados possuem interesses comuns, mas devido à
anarquia e à incerteza, não conseguem chegar a um consenso. Dessa maneira, as OI’s
conseguem contornar essas dificuldades por meio do seu aparato institucional
centralizado e independente.

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