Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
KENNETH N. WALTZ: UMA ANÁLISE DA PERSPECTIVA DE SUA TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS ATRAVÉS DAS OBRAS “THEORY OF INTERNATIONAL POLITICS” E “MAN, THE STATE, AND WAR”. Paulo Victor Zaneratto Bittencourt1 RESUMO: O objetivo principal do trabalho que aqui se apresenta é traçar uma perspectiva da teoria das relações internacionais desenvolvida por Kenneth Neal Waltz (1924-2013), cientista político norte-americano, que fez um trabalho muito importante visando à sistematização da teoria realista das relações internacionais, valendo-se dos conceitos já trabalhados pelo realismo clássico de Hans Morgenthau e Edward H. Carr, para buscar uma maneira de se explicar os eventos permanentes do sistema internacional. Para tal, este trabalho se valerá das obras Man, the state, and war (1954) e Theory of Internacional Politics (1979) visando a analisar como interagem e, através de tal análise, obter um panorama da teoria de relações internacionais neorrealistas (ou realistas estruturais), cujo grande expoente é o autor supracitado. PALAVRAS-CHAVE: Política internacional, Neorrealismo; Realismo Estrutural. INTRODUÇÃO As causas da guerra têm sido, desde há muito tempo, discutidas por diversos autores. No início do século XX, a instituição das Relações Internacionais como uma disciplina acadêmica juntou ainda mais indagações e considerações acerca do assunto, inclusive sobre como – se é que – elas poderiam ser evitadas. Kenneth Neal Waltz (1924-2013), cientista político norte-americano, também faz parte deste debate. O autor tem duas obras de grande importância no estudo acadêmico das Relações Internacionais: Man, the state, and war, de 1954, se propõe a perguntar o porquê de as guerras ocorrerem e quais são as respostas dadas a tal evento. Em 1979, o autor 1 Graduando em Relações Internacionais pela Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (FFC – UNESP/Marília). Membro do grupo de Estudos e Pesquisa em Organizações Internacionais (GEO) e do Grupo de estudos de Paz, Cultura de Paz e Tolerância (PACTO). Contato: paulovbittencourt@gmail.com. lança uma outra obra: Theory of international politics, na qual tenta criar uma teoria da política internacional que leve em consideração a permanência da guerra como evento constante nas relações políticas entre os Estados. Este trabalho tem como objetivo apresentar por quais caminhos anda o pensamento e a teoria de Kenneth Waltz, fazendo amplo uso das duas obras supracitadas para tal. Assim, tem-se em mente observar a importância de tal autor para a escola a que pertence, a Neorrealista (ou Realista Estrutural), bem como sua importância como marco na produção acadêmica de relações internacionais. Dessa maneira, num primeiro momento discutir-se-ão as três imagens de análise das causas da guerra, preceitos básicos da obra de Waltz. Depois, passar-se- á para a discussão entre teorias sistêmicas e reducionistas. Adiante, tentar-se-á expor qual é a teoria elaborada por Waltz e a balança de poder como consequência dos termos colocados na teoria. Por fim, far-se-ão as considerações finais do trabalho. PONTO DE PARTIDA: A PRIMEIRA IMAGEM DE ANÁLISE DAS CAUSAS DA GUERRA Para Waltz, o evento contínuo que mais marca as relações entre os Estados é o conflito. Nos conflitos, não há vencedores, mas partes mais ou menos prejudicadas, situação que o autor compara, de forma muito didática, deve-se apontar, à ocorrência de um terremoto2. A partir de então, o autor se questiona: onde se encontram, portanto, as causas dos conflitos? Nessa primeira busca pela sistematização das teorias da política internacional e pela busca de uma teoria que explicitasse os já ditos eventos contínuos das relações que envolvem a política entre Estados, Waltz observa que tais teorias se pautam em três níveis de análise, ou melhor, três imagens, termo este que o próprio autor prefere3. Dessa forma, são três as imagens que agrupam as diferentes teorias das causas do conflito internacional, a saber: o homem, a organização do Estado, e o sistema internacional de Estados – de onde decorre o nome de sua obra Man, the state, and war. Faz-se necessário que se analise, mesmo 2 “Asking who won a given war, someone has said, is like asking who won the San Francisco earthquake” (WALTZ, 2001, p. 1). 3 Waltz é enfático em tal nomenclatura. Para o autor, o termo imagem de análise, preferencialmente ao nível de análise, “suggests that one forms a picture in the mind; it suggests that one views the world in a certain way” (WALTZ, 2001, p. ix). A partir do momento em que se constata que não se é possível “olhar” diretamente para a política internacional, o termo imagem refere-se àquilo que é enxergado a partindo-se de diferentes “lentes”. que rapidamente, tais imagens para que se compreenda por onde caminha o pensamento de Waltz a fim de se compreender sua tentativa de elaboração de uma teoria da política internacional. Como dito acima, portanto, a primeira imagem de análise do conflito é o homem. Em tal imagem, inclui-se, portanto, o comportamento e a natureza humana, como locus das mais importantes causas da guerra (WALTZ, 2001, p. 16). Os conflitos se levantam do egoísmo, dos impulsos agressivos, do orgulho e da estupidez humanos. Waltz adverte que, dentro desta imagem, “there are optmists and pessimists agreeing on definitions of causes and differing from what, if anything, can be done about them” (WALTZ, 2001, p. 19). Como o autor também realça, ambos os “agrupamentos” conseguidos dentro dos analistas da primeira imagem, concordam com a origem do conflito, contudo não concordam quanto àquilo que descrevem de tal imagem4. São exemplos de teóricos que tiram suas conclusões a partir de uma dada natureza humana Niebuhr, Santo Agostinho, Spinoza e Hans Morgenthau. Cada homem, portanto, em seu egoísmo, orgulho e impulsos tentam se fazer seguros de suas condições, a fim de buscarem seus próprios interesses5. É essa ideia que se encontra, exemplificando, na concepção de “pecado original”, de Santo Agostinho6. Quanto a Spinoza, outro autor com quem Waltz dialoga, é possível observar uma dicotomia entre razão e paixão que muito se assemelha à ideia dicotômica entre ideal e real, respectivamente. Sobre Spinoza, Waltz diz que ele “constructs a modelo of rational behavior: those acts are rational that lead spontaneously to harmony in cooperative endeavors to perpetuate life. This is not what we find in the world” (WALTZ, 2001, p. 23, grifos nossos). A situação que se pode encontrar no mundo, isto é, a situação real que se vê é que 4 Originalmente: “Optimists and pessimists agree on where to look, but, having looked, describe differently what they see and thus arrive at contradictory conclusions” (WALTZ, 2001, p. 42). 5 Na íntegra, diz Waltz sobre essa dada natureza: “Each man does seek his own interest, but, unfortunatelly, not according to the dictates of reason” (WALTZ, 2001, p. 23). 6 Passagem significativa acerca do desejo de “auto”-segurança e egoísmo é encontrada na obra Confissões, de Santo Agostinho: “Alguém matou um homem. E por quê? Ou porque lhe amava a esposa ou o campo, ou porque queria roubar para viver, ou porque temia que lhe tirasse alguma coisa, ou finalmente porque, injuriado, ardia no desejo de vingança. Quem acreditará que cometeu o homicídio só por deleite, se até Catilina, aquele homem louco e crudelíssimo, de quem se disse ser perverso e cruel sem razão, tinha um motivo: ‘o receio’, diz o historiador, ‘de que o ócio lhe entorpecesse as mãos e o espírito’? Por que fim procedia ele assim? Evidentemente, para que, exercitado no crime, alcançasse, depois de tomada a cidade de Roma, as honras, o poder e as riquezas, libertando-sedo medo das leis e da dificuldade em que o lançara a pobreza da herança e a consciência do crime. Logo, nem o mesmo Catilina amou seus crimes, mas aquilo por cujo fim o cometia” (AGOSTINHO, 1980, p. 33-34, grifos nossos). os homens são mais conduzidos pelo desejo cego que pela Razão, e, por conseguinte, a capacidade natural dos homens, isto é, o seu direito natural, deve ser definido não pela Razão mas por toda a vontade que os determina a agir e através da qual se esforçam por se conservar. Confesso, na verdade, que estes desejos que não têm a sua origem na Razão não são tanto ações como paixões humanas. Mas, como se trata aqui do poder universal da Natureza, que é a mesma coisa que o direito natural, não podemos reconhecer neste momento nenhuma diferença entre os desejos que a Razão engendra em nós e os que têm outra origem: uns e outros, efetivamente, são efeitos da Natureza e manifestam a força natural pela qual o homem se esforça por preservar no seu ser (SPINOZA, 1980, p. 309-310, grifos nossos) Ambos os autores citados acima podem ser classificados como “pessimistas”, do ponto de vista de Waltz, uma vez que nada pode ser feito acerca do comportamento do homem, e, dessa forma, o conflito, que sempre fora uma constante, continuará a sê-lo. Entretanto, há diferentes interpretações acerca de tal fato, o que Waltz descreverá como falácia racionalista7, segundo a qual o conhecimento de diferentes culturas e organizações sociais pode auxiliar que novas atitudes e novos comportamentos sejam adotados. É o caso de Margaret Mead, para quem a guerra é nada mais que uma “instituição social” e, como tal, para que desapareça, deve ser substituída por outra. O que sustenta a argumentação de Mead é que a guerra é desconhecida em determinadas sociedades. Contudo, Waltz conclui que “there is a marked tendency among behavioral scientists to require some kind of willingness on the part of the nations to cooperate before their solutions can take effect” (WALTZ, 2001, p. 65). Tal argumento expõe o ponto de vista de Waltz, que será melhor esclarecido mais adiante, de forma que o foco apenas em imagem de análise (ainda mais aquilo que, talvez, pudesse ser chamado de “imagem complementar”) gera distorções nas interpretações da realidade. Em síntese, o que conduz à guerra para os autores que se valem da primeira imagem de análise é o comportamento humano, moldado por sua natureza, que, nos casos apontados, é má. Se alguma coisa pudesse ser feita em prol da melhora de tal natureza, esse esforço seria orientado pela paz, que somente viria pela mudança da tal comportamento. Waltz, contudo, afirma que a maneira como tais autores desenvolvem seu raciocínio é através de “one or a small number of behavior traits” dos 7 “Rationalist fallacy”, no original. indivíduos, sobre o quais sobrecai as causas da guerra (WALTZ, 2001, p. 39). Sobre o próprio Spinoza, o cientista político norte-americano encontra em sua filosofia o claro apontamento de que os homens “under different conditions behave differently” (WALTZ, 2001, p. 32). Na visão de Waltz, por fim, o que esse predomínio da primeira imagem fez, portanto, não foi focar-se na natureza humana, mas afastar dela quaisquer considerações que pudessem contestar as ideias já colocadas. Nas palavras de WALTZ (2001, p. 41): The assumption of a fixed human nature, in terms of which all else must be understood, itself helps to shift attention away from human nature – because human nature, by the terms of the assumption, cannot be changed, whereas social-political institutions can be. PONTO DE PARTIDA: A SEGUNDA IMAGEM DE ANÁLISE DAS CAUSAS DA GUERRA Embora a primeira imagem não desconsidere a influência da organização do Estado, ela o coloca como menos importante que a natureza humana, ou, antes, um reflexo desta. Já a segunda imagem, por sua vez, está relacionada à estrutura do Estado. Liberais e marxistas, como um todo (talvez com algumas exceções), podem ser encarados como os grandes analistas desta imagem. Os liberais, justifica Waltz, acreditam que os governos são necessários para manter os cidadãos longe do caos gerado pela busca dos próprios interesses8. Dessa forma, um Estado deve ser limitado, a fim de que apenas mantenha a paz a seus cidadãos, o que seria o dever de um bom Estado. O Estado apenas promoveria guerra para aumentar impostos, expandir a burocracia ou aumentar seu controle sobre os cidadãos, o que é prejudicial à manutenção das liberdades individuais e políticas, tão caras aos liberais. Assim sendo, a guerra não compensa: “War is destruction and enrichment from war must therefore be seen as an illusion. The victor does not gain by war; he may pride himself only on losing less than the vanquished” (WALTZ, 2001, p. 99, grifos nossos). O credo liberal é o de que as democracias não fariam guerras. Ainda haveria conflitos de interesses, sim, mas não seriam resolvidos através de embates violentos, o que caracteriza guerras: algo que lembra muito o que os marxistas acreditam, segundo WALTZ, para quem (2001, p. 125) “Marx and the marxists represent the fullest development of the second image”. De acordo com o cientista político estadunidense, “Marx, for example, believed that states would disappear shortly after they became 8 Ou, como inferido pelo pensamento de Locke, o Estado seria um mal necessário (BOBBIO, 1997). socialist. The problem of war, if war is defined as violent conflict among states, would then no longer exist” (WALTZ, 2001, p. 84). Deste trecho, estabelece-se que o modo como se estrutura um Estado através de seu sistema ideológico e de produção está diretamente envolvido com as causas da guerra entre Estados9. O pensamento de Marx, portanto, não se encaixaria àquilo que Waltz chamará de âmbito “sistêmico” de análise, mas ao âmbito doméstico de cada Estado. Como muito bem apontado por FERNANDES (1998, p. 222), ao sintetizar o pensamento de Fred Halliday, “o pensamento marxiano não se encaixa bem em nenhuma das grandes polêmicas que varreram” a disciplina das relações internacionais ao longo do século XX, sendo, portanto, tal pensamento vinculado à estrutura do Estado, o que parece constituir uma convergência entre muitos estudiosos das Relações Internacionais. O pensamento marxiano seria, no pensamento de Halliday, portanto: Simultaneamente “utópico” (ao formular um projeto alternativo de emancipação social) e “realista” (ao enfatizar os interesses materiais que comandam a ação humana e o papel da violência na história); “científico” (ao pretender descobrir leis do desenvolvimento social) e “normativo” (ao destacar explicitamente a vocação transformadora de sua filosofia); “mundial-sistêmico” (ao realçar a integração do globo em um único mercado mundial) e “estadocêntrico” (ao reconhecer, teórica e politicamente, a centralidade do poder de Estado para o exercício da dominação no plano doméstico e internacional) (FERNANDES, 1998, p. 222). Já entre os liberais, talvez o mais conhecido dos trabalhos realizados que possa ser incluído nesta categoria de análise tenha sido o A paz perpétua (1795/96), de Immanuel Kant. Em tal obra, o autor se propõe a estabelecer como deveriam se constituir politicamente os Estados, de tal maneira que fosse garantido aquilo que dá nome ao opúsculo: a paz perpétua. Dessa forma, propõem-se artigos preliminares e definitivos para que se atinja tal fim. Entre os artigos preliminares, encontram-se tanto 9 “A análise científica do regime capitalista de produção demonstra (...) que este regime constitui um regime de produção de tipo especial, e que corresponde a uma condicionalidade histórica específica; que, como qualquer outro regime de produção concreto, pressupõe, como condiçãohistórica, uma determinada fase das forças sociais produtivas e de suas formas de desenvolvimento, condição que é, por sua vez, resultado e produto histórico de um processo anterior, e do qual parte o novo tipo de produção como de sua base dada; que as relações de produção que correspondem a este regime de produção específico, historicamente determinado – relações que os homens contraem em seu processo social de vida, na criação de sua vida social –, apresentam um caráter específico, histórico e transitório; e, finalmente, que as relações de distribuição são essencialmente idênticas a estas relações de produção, o seu reverso, pois ambas apresentam o mesmo caráter histórico transitório” (MARX, 1982, p. 75). a questão da transparência entre os próprios Estados, quanto a ideia de não- intervencionismo, que caracteriza o pensamento Kantiano acerca das relações internacionais. Já entre os artigos definitivos, encontra-se aquele que está diretamente relacionado à estrutura doméstica dos Estados, a saber: “a constituição civil em cada Estado deve ser republicana” (KANT, 1995, p. 127). Tal artigo é a definição mais clara de como enxergar as causas dos conflitos através da segunda imagem de análise. Nos termos do próprio artigo: A constituição republicana, além da pureza de sua origem, isto é, de ter promanado da pura fonte do conceito de direito, tem ainda em vista o resultado desejado, a saber, a paz perpétua; daquela esta é o fundamento. Se (como não pode ser de outro modo nesta constituição) se exige o consentimento dos cidadãos para decidir “se deve ou não haver guerra, então, nada mais natural do que deliberar muito em começarem um jogo tão maligno, pois têm de decidir para si próprios todos os sofrimentos da guerra (...). Pelo contrário, numa constituição o súbdito não é o cidadão, que, por conseguinte, não é uma constituição republicana, a guerra é a coisa mais simples do mundo, porque o chefe do Estado não é um membro do Estado, mas o seu proprietário, e a guerra não lhe faz perder o mínimo dos seus banquetes, caçadas, palácios de recreio, festas cortesãs, etc. (...) (KANT, 1995, p.128-129). Como já explicitado acima, a primeira imagem não ignora a segunda, apenas dá mais importância à natureza humana. Sendo o governo constituído por homens, a natureza destes tende a predominar em suas decisões e ações. Já a segunda imagem de análise, por sua vez, propõe que a existência de instituições e de uma determinada organização constitucional dos Estados (portanto essencialmente doméstica) conseguem cercear, de certa maneira, a má natureza humana, e levar a determinados momentos em que a paz seja possível e, portanto, a manutenção de cidadãos e Estados livres leva ao fim da guerra e à paz perpétua. Dessa forma, a política externa dos Estados, que nada mais é do que uma parte do projeto de desenvolvimento interno, é reflexo da organização estatal10. Em Theory of international politics, Waltz concluirá que “it is not possible to understand world politics simply by looking inside of the states” (WALTZ, 1979, 65), ou seja, apenas se baseando na segunda imagem não se pode inferir muitas coisas sobre o sistema internacional. 10 “A theory about foreign policy is a theory at the national level” (WALTZ, 1979, p. 69). PONTO DE PARTIDA: A TERCEIRA IMAGEM DE ANÁLISE DAS CAUSAS DA GUERRA A terceira imagem de análise, por sua vez, embora leve em consideração as duas imagens já discutidas anteriormente, encontra outro motivo para as causas da guerra11. Tal motivo não é apenas o comportamento humano, nem a organização do Estado, uma vez que estas teorias podem – e muitas vezes foram – ser contra- argumentadas. Dessa forma, levando em consideração as duas outras imagens, o que é decisivo quanto à existência ou não de conflito, está colocado num âmbito acima dos Estados nacionais: o sistema internacional12. No sistema de Estados não há um poder que submeta todos a uma ordem. Embora haja um determinado ordenamento entre os Estados, aquele somente se dá através das circunstâncias postas no sistema em determinado momento histórico e da própria vontade dos Estados, o que é um preceito da soberania estatal13. A ausência de um poder sobre os Estados é o que caracteriza o estado de anarquia internacional. Aqui, recorre-se à explicação do estado de natureza e do contrato social, hipótese filosófica que justifica e tenta explicar a existência de Estados e leis a que os cidadãos se submetam14. A situação em que se encontram os Estados no sistema internacional é comparável àquela que se encontrariam os homens no período anterior à formulação 11 “In one way or another, theories of international politics, whether reductionist or systemic, deal with events at all levels, from the subnational to the supranational” (WALTZ, 1979, p. 60). 12 “In a manner of speaking, all three images are part of nature. So fundamental are man, the state, and the state system in any attempt to understand international relations that seldom does an analyst, however wedded to one image, entirely overlook the other two. Still, emphasis on one image may distort one’s interpretation of the others” (WALTZ, 2001, p. 160). Quando se diz “o que é decisivo”, não é o mesmo que dizer que se dá ênfase a determinada imagem. O que se quer dizer é, como se verá mais adiante, que a ausência de um poder a que os Estados se submetam faz com que eles sejam, no âmbito internacional, juízes em causa própria. 13 Para Hobbes, considerado por alguns autores como aquele que elaborou o conceito de soberania do Estado, uma das prerrogativas para que o Estado seja, de fato, soberano, é o direito à declaração de guerra e paz contra outros Estados. 14 De maneira resumida, o estado de natureza seria aquele anterior à gênese do Estado moderno. No estado de natureza, não haveria propriedade nem segurança, de forma que os homens são livres, mas, ao mesmo tempo, inseguros, o que gera uma constância da tensão a que todos estão submetidos. É o estado de “guerra de todos contra todos”. Dessa maneira, sendo esta situação insustentável, promove-se o contrato social, em que os homens cedem parte de sua liberdade às leis que passarão a julgar seus atos e, em troca, os agora cidadãos teriam mais segurança, tanto para suas próprias vidas, quanto para suas propriedades. São filósofos contratualistas Spinoza, Hobbes, Locke, Rousseau e Kant. Rousseau é o autor com quem Waltz dialoga na elaboração dos pressupostos teóricos da terceira imagem. do Contrato Social15. Não havendo, como já dito, portanto, uma autoridade sobre os Estados, a guerra se torna inevitável. Estados disputam entre si devido a fins políticos16, uma vez que “in anarchy there is no automatic harmony” (WALTZ, 2001, p. 182). O principal autor com quem Waltz trabalha na formulação desta imagem é Rousseau. Rousseau não rechaça a ideia de imperfeição do homem, lembrando que, se tal não existisse, a perfeição seria facilmente percebida por suas ações e instituições. Como coloca WALTZ (2001, p. 170): In short, the proposition that irrationality is the cause of all the world’s troubles, in the sense that a world of perfectly rational men would know no disagreements and no conflicts, is, as Rousseau implies, as true as it is irrelevant. Since the world cannot be defined in terms of perfection, the very real problem of how to achieve an approximation to harmony in cooperative and competitive activity is always with us and, lacking the possibility of perfection, it is a problem that cannot be solved by simply changing men. Em suma, o que se vê através da terceira imagem é que as guerras ocorrem porque nada há que as previna de ocorrer (WALTZ, 2001, p. 188), isto é, não há nenhuma força que subjugue os Estados de forma a os impedir de usar a força, cujo monopóliolegítimo lhe pertence, como prefere Weber. A explicação de Rousseau, prossegue WALTZ (2001, p. 235), “does not hinge on accidental causes – irrationalities in men, defects in states – but upon his theory of the framework within which any accident can bring about war”. De fato, havendo a prerrogativa de que as guerras podem acontecer, qualquer motivo, no sistema internacional, pode despertá-la. Contudo, é importante frisar, Waltz não descarta a ideia de que algumas formas de Estado são mais ou menos propensas à guerra17, e essa seria a causa eficiente18 da 15 “The social contract theorist, be he Spinoza, Hobbes, Locke, Rousseau, or Kant, compares the behavior of states in the world with that of men in the state of nature. By defining the state of nature as condition in which acting units, whether men or states, coexist without an authority above them, the phrase can be applied to states in the modern world just as to men living outside a civil state” (WALTZ, 2001, p. 172-173). 16 “Individuals participate in war because they are members of states. (…) One state makes war on another state” (WALTZ, 2001, p. 179). Talvez aqui se possa perceber melhor a distorção que a ênfase dada à primeira imagem possa causar: os homens não vão à guerra porque se odeiam e desejam saciar sua sede por sangue ou sua ganância. Eles vão à guerra como membros de um Estado e lutam contra membros de outro(s) Estado(s). 17 “But some states, and perhaps some forms of the state, are more peacefully inclined than others” (WALTZ, 2001, p. 231). 18 “Efficient cause”, no original. guerra, caso ela viesse a acontecer. O sistema internacional seria, nestes termos, a causa permissiva19 do conflito. TEORIAS REDUCIONISTAS E TEORIAS SISTÊMICAS Feitas as devidas considerações sobre as três imagens de análise do sistema internacional, e estabelecidos os caminhos por onde andam os pensamentos de Waltz, passa-se à consideração daquilo que seria uma teoria da política internacional pelo autor. Waltz se propõe em Theory of international politics (1979) a examinar os fatos constantes do sistema internacional (o conflito como muito já dito) e, a partir disso, criar uma teoria da política internacional que valha para todo momento histórico, uma vez que ela não irá apresentar detalhes e previsões, mas estabelecerá como se compõe o sistema internacional20. Entre leis e teorias há algumas diferenças, estabelece o autor: teorias costumam ser quantitativamente mais complexas que as leis; leis perduram, enquanto teorias se fazem e são rebatidas; além disso teorias tentam explicar as leis. Valendo-se do exemplo da ciência econômica (principalmente em Adam Smith, com o qual argumenta a necessidade de uma teoria que perdure), Waltz tenta explicar sua tentativa de estabelecer uma teoria da política internacional: Adam Smith published The wealth of nations in 1776. He did not claim to explain economic behavior and outcomes only then onward. He did not develop a theory that applies only to the economic activities of those who read, understand, and follow his book. His economic theory applies wherever indicated conditions prevail, and it applies aside from the state of producers’ and consumers’ knowledge. This is so because the theory Smith fashioned deals with structural constraints (WALTZ, 1979, p. 76). Para que se compreenda a tentativa de Waltz, há que se compreender o que o autor quer dizer quando classifica teorias em reducionistas e sistêmicas21. Teorias reducionistas são aquelas que se baseiam no estudo das partes buscando a entender a totalidade. Normalmente, valem-se da ajuda de outras disciplinas na busca por suas explicações, e somente podem ser reconhecidas ou não 19 “Permissive cause”, no original. 20 “A theory of international politics will, for example, explain why war recurs, and it will indicate some of the conditions that make war more or less likely; but it will not predict the outbreak of particular wars” (WALTZ, 1979, p. 69). 21 Reductionist theories e Systemic theories, no original. como suficientes quando se chega aos resultados (WALTZ, 1979, p. 18-19). Em outras palavras, teorias que se baseiam na primeira e na segunda imagem são teorias reducionistas, pois, a partir tanto do comportamento humano quanto do comportamento interno (formas de governo) dos Estados que compõem o sistema internacional, ou seja, a partir das partes, é que se obtém o funcionamento do sistema internacional, do todo: The same causes sometimes lead to different effects, and the same effects sometimes follow from different causes. We are led to suspect that reductionist explanations of international politics are insufficient and that analytic approaches must give way to systemic ones. The failure of some reductionist approaches does not, however, prove that other reductionist approaches would not succeed. (WALTZ, 1979, p. 37). Os resultados e explicações que se encontram a partir destas teorias são originados no nível nacional ou subnacional e “the international system, if conceived at all, is taken to be merely an outcome” (WALTZ, 1979, p. 60). Já as teorias sistêmicas, por sua vez, são aquelas que se baseiam na terceira imagem de análise do sistema internacional: o sistema de Estados. Um sistema, no pensamento de Waltz, caracteriza-se por dois níveis: um que consistiria na estrutura e outro que consistiria na interação entre as unidades do sistema22. Assim sendo, se se deseja elaborar uma teoria sistêmica da política internacional, one has to move from the usual vague identification of systemic forces and effects to their more precise specification, to say what units the system comprises to indicate the comparative weights of systemic and subsystemic causes, and to show how forces and effects change from one system to another (WALTZ, 1979, p. 40-41) No nível sistêmico, o que se encontram são resultados, enquanto as suas causas são encontradas no nível subsistêmico (WALTZ, 1979, p. 43). A estrutura do sistema é algo de muita importância numa teoria sistêmica, pois parte das explicações são seu resultado. Sobre as estruturas, diz Waltz que: são “a compensating device 22 “A system is then defined as a set of interacting units. At one level, a system consists of a structure and the structure is the system-level component that makes it possible to think of units as forming a set as distinct from a mere collection. At another level, the system consists of interacting units” (WALTZ, 1979, p. 40) that works to produce a uniformity of outcomes despite the variety of inputs” (WALTZ, 1979, p. 73); e também que elas “do not work their effects directly. Structures do not act as agents and agencies do” (WALTZ, 1979, p. 74). Sobre estruturas políticas talvez seja melhor prestar esclarecimentos na próxima seção. ESTRUTURA POLÍTICA E A TEORIA DA POLÍTICA INTERNACIONAL No pensamento de Waltz, estrutura corresponde a uma noção de altíssimo nível de abstração. Para que se as defina, é necessário que se observe como as unidades políticas que a compõem se organizam nela, e não como elas interagem. A organização das unidades é uma característica da estrutura. Nas palavras de WALTZ (1979, p. 80-81), “a structure is defined by the arrangement of its parts (...). Structure is not a collection of political institutions but rather the arrangement of them”. Para chegarmos a sua definição mais exata, há que se levar em conta três pontos essenciais: os princípios ordenadores da estrutura, o caráter da unidade (suas funções e características), e a distribuição de capacidades entre as unidades políticas. Por princípios ordenadores da estrutura, entende-se a espontaneidade com que ela é formada, uma vez que o é por coação das unidades que acompõem. A estrutura surge em meio à anarquia, e é não-intencional. To say that “the structure selects” means simply that those who conform to accepted and successful practices more often rise to the top and are likelier to stay there. The game one has to win is defined by the structure that determined the kind of player who is likely to prosper (WALTZ, 1979, p. 92). Dessa forma, as unidades políticas podem mudar seu comportamento de acordo com aquilo que percebem e de acordo com suas estratégias levando em conta a estrutura presente. Num sistema do tipo “self-help”, como é o do pensamento de Waltz, tanto o sucesso como o fracasso das unidades políticas depende unicamente de seus próprios esforços, pois cada Estado tende a buscar sua própria sobrevivência. As funções das unidades políticas diferem entre si. Para Waltz é claro que os Estados não são os únicos atores do sistema internacional23, contudo, a partir do momento em que se escolhe uma determinada realidade para se observar, é necessário que se escolham as unidades em cujos termos se comporá sua análise. No caso de Waltz, que examina a política internacional, as unidades que compõem sua análise são aquilo que chamamos de Estados. Chamá-los de unidades no âmbito da obra de Waltz é equivalente a dizer que eles sejam soberanos, tendo em vista que a soberania, aqui, é desvencilhada da ideia de se fazer aquilo que se deseja, ou de não ser dependente ou influenciável: antes, para Waltz, a soberania está atrelada à ideia de autonomia de escolha sobre como uma unidade lidará com seus aspectos internos e externos. “So long as the major states are the major actors, the structure of international politics is defined in terms of them” (p. 94). Por fim, o terceiro ponto com que se define uma estrutura está relacionado à distribuição de capacidades entre as unidades políticas que compõem e moldam, espontaneamente, a estrutura. As capacidades das unidades está relacionada à sua habilidade de realizar as mesmas tarefas24. Embora as funções das diferentes unidades políticas seja igual, suas capacidades variam de maneira demasiada. Uma mudança na distribuição das capacidades das unidades significaria uma mudança na estrutura do sistema, o que levaria as unidades a se comportarem de maneira diversa daquela com que até outrora se comportaram. Se a estrutura deve ser dada em termos dos maiores Estados, que são os maiores atores do sistema político internacional, então é possível que se defina a estrutura através da contagem destes Estados. an international-political system in which three or more great powers have split into two alliances remains a multipolar system – structurally different from a bipolar system, a system in which no third power is able to change the top two (WALTZ, 1979, p. 98). 23 Geralmente esta é uma crítica aos autores da escola realista de forma geral. Contudo, Waltz bem expressa o seu ponto de vista, a partir do qual elabora sua teoria. Dizer que todo e qualquer autor realista vê apenas o Estado como ator do sistema internacional não corresponde à totalidade das ideias apresentadas por tais autores. 24 “The economic, military, and other capabilities of nations cannot be sectored and separately weighed. States are not placed in the top rank because they excel in one way or another. Their rank depends on how they score on all of the following items: size of population and territory, resource endowment, economic capability, military strength, political stability and competence. States spend a lot of time estimating one another’s capabilities, especially in their capabilities to do harm. States have different combinations of capabilities which are difficult to measure and compare, the more so since the weight to be assigned to different items change with time” (WALTZ, 1979, p. 131) É neste ponto que se encontra a grande contribuição do trabalho de Waltz e a convergência de suas ideias, tecidas desde a esquematização da análise das causas do conflito através das três imagens. O conceito de estrutura em Waltz, da maneira como é desenvolvido, faz com que seu nome seja o grande expoente da escola Neorrealista das Relações Internacionais, que está no meio do segundo grande debate da disciplina: um debate marcadamente metodológico, que opunha cientistas behavioristas e cientistas tradicionalistas. Devido a sua demonstração do conceito de estrutura e da importância de sua obra, pode-se também chamar o Neorrealismo de Realismo Estrutural, devido, justamente, à ideia desenvolvida e sistematizada por Waltz no esforço de elaborar uma teoria que valesse para todo e qualquer momento, que tivesse tanto conceitos abstratos quanto elegância, o que, para o autor, é a propriedade de se chegar a conclusões gerais acerca de um determinado assunto, mas que serão sempre as mesmas. Devido à característica anárquica do sistema internacional, as relações entre as unidades políticas se dão à sombra da guerra. Isso porque os Estados podem, a qualquer momento, se valer da força, porque, como já visto na terceira imagem, acima explicada, a guerra acontece porque o sistema a permite, isto é, não há um poder que a evite, a não ser o desejo das próprias unidades políticas (de não fazer a guerra). Contudo, uma ação planejada por um estado pode ter um resultado que não fora o calculado, simplesmente porque a estrutura condiciona as consequências das ações das unidades, de forma que estas não podem ser previstas: por isso, muitas vezes, causas diferentes têm resultados iguais, e resultados iguais têm causas completamente diversas. “The very problem (...) is that rational behavior, given structural constraints, does not lead to the wanted results. With each state constrained to take care of itself, no one can take care of the system” (WALTZ, 1979, p. 109). Por fim, cabe ressaltar o papel do poder na teoria de Waltz. Para o autor, o poder é um meio, não um fim. Um meio de se conseguir a garantia de sua própria existência, num sistema “self-help”, em que sua sobrevivência depende apenas de seus próprios esforços. Dessa maneira, o poder serve como meio de manutenção da capacidade do Estado, e como capacidade ele-mesmo, de forma que o status da estrutura do sistema seja mantida, visando à sua permanência e à permanência dos maiores Estados em suas posições, de modo que a estrutura continue a ser definida em seus termos. Além disso, difere, no pensamento de Waltz, a ideia de ter poder e de usar a força25. Há também que se pontuar que, para o autor, poder e controle também são diferentes26. É neste cenário de tentativa de manutenção do poder que surge algo que Waltz chama de “microteoria”: a balança de poder. BALANÇAS DE PODER No âmbito do pensamento de Waltz, cujos principais pontos já se explicitaram acima, surge aquilo que ele chama de “microteoria”. Este termo, que o autor busca na teoria econômica, tem a ver com uma teoria baseada a partir do comportamento das unidades, que gera certa justaposição na estrutura do sistema. É disso que se trata, para Waltz, a balança de poder. Para ele, a balança de poder nada mais é do que a conjunção de dois fatores: a ordem anárquica do sistema internacional, bem como a situação em que se encontram as unidades políticas num sistema “self-help”: somente seus esforços podem manter sua sobrevivência. CONSIDERAÇÕES FINAIS A importância da obra de Waltz se dá pela tentativa do autor – e, em alguns termos, sucesso – de estabelecer uma teoria sobre os fatos permanentes da política internacional que fosse válida para qualquer momento. Desprezando fatores como cultura, tradição e personalidade política dos Estados27, Waltz molda-os e os transforma em unidades políticas de diferentes capacidades – que são aquelas forças que o Estado tem e que podem ser usadas (e o são) para o moldeda estrutura e tentativa de sua manutenção na posição em que se encontra, ou de, ao menos, sobreviver. 25 “(...) the usefulness of force should not be confused with its usability” (WALTZ, 1979, p. 185). 26 “If power is identical with control, then those who are free are strong; and their freedom has to be taken as an indication of the weakness of those who have great material strength. But the weak and disorganized are often less amenable to control than those who are wealthy and well disciplined” (WALTZ, 1979, p. 188). 27 “Concern for tradition and culture, analysis of the character and personality of political actors, consideration of the conflictive and accommodative processes of politics, description of the making and execution of policy – all such matters are left aside. Their omission does not imply their unimportance. They are omitted because we want to figure out the expected effects of structure on process and of process on structure. That can be done only if structure and process are distinctly defined” (WALTZ, 1979, p. 82). Através dessas interações e do surgimento, a partir delas, de uma estrutura, que é sistematizada pelo autor, pode-se chegar ao cerne da teoria neorrealista, que, também, devido a este fato, é chamada de Teoria do Realismo Estrutural. Embora haja muitos aspectos que são deixados de lado pelo autor, e questões que sua teoria não é capaz de explicar nas relações internacionais, sua obra é extremamente importante pelo debate que proporcionou – e proporciona –, e realiza aquilo que se propõe a fazer: elaborar uma teoria da política internacional, levando em conta apenas os Estados, as unidades políticas do sistema, e deixando as outras unidades para outros tipos de teoria. A contribuição de Waltz foi e é, sem dúvida, importantíssima para a evolução do estudo da disciplina de Relações Internacionais. Espera-se que este texto tenha auxiliado na percepção de tal importância. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGOSTINHO, Santo. Confissões; De Magistro. Trad. J. Oliveira Santos, A. Ambrósio de Pina, Angelo Ricci. São Paulo: Abril Cultural, 1980, 2ª edição (Os pensadores). BOBBIO, Norberto. Direito e estado no pensamento de Emanuel Kant. Tradução: Alfredo Fait. Brasília: Editora da UnB, 1997. FERNANDES, Luis. O manifesto comunista e o “elo perdido” do sistema internacional. Contexto Internacional, 20, pp. 219-234, 1998. KANT, Immanuel. A paz perpétua e outros opúsculos. Trad.: Artur Morão. Lisboa, 70, 1995. MARX, Karl. Características essenciais do sistema capitalista. In: IANNI, Octavio (org). Karl Marx: sociologia. São Paulo: Ática, 1982. SPINOZA, Benedictus de. Pensamentos metafísicos; Tratado da correção do Intelecto; Ética; Tratado Político; Correspondência. Trad.: Marilena Chauí et al. São Paulo: Abril Cultural, 1979 (Os pensadores). WALTZ, Kenneth Neal. Man, the state, and war. New York: Columbia University Press, 2001. _______. Theory of international politics. New York: McGraham Hill, 1979.
Compartilhar