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3 REALISMO

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LEDUC MARQUES – 2019; 2020
	 TRI 
	OS REALISMOS
	
	
	1. PREMISSAS GERAIS[footnoteRef:1] [1: CACD-2018 (E): Embora o realismo seja uma tradição teórica da área de Relações Internacionais que apresenta uma grande diversidade, é possível afirmar que, para os realistas, os Estados são os atores centrais das relações internacionais, as quais se caracterizam pela anarquia e, sobretudo, pela cooperação para sobreviver.
IDEG-2020 (C): Dentre os principais pressupostos das teorias realistas na maioria de suas vertentes, podemos destacar uma percepção pessimista da natureza humana, a convicção de que a arena internacional é inerentemente conflituosa, a valorização da segurança nacional e sobrevivência do Estado, e ceticismo em relação à possibilidade de progresso no sistema internacional.] 
	1. O Estado como ator central das RIs: o Estado, ator racional, é visto como uma bola de bilhar que calcula os custos e benefícios de todas as suas ações: a complexidade de seu processo decisório no nível da política interna não é relevante, tendo-se em conta apenas a inter-relação dos Estados no plano internacional. Realistas, em geral, não consideram o papel de atores não-estatais, argumentando que, no limite, todos estão subordinados a interesses nacionais. 
2. Sistema Internacional anárquico: o estado de natureza é tomado como realidade permanente, pois não há uma hierarquia entre os Estados, mas uma anarquia entre eles, pela ausência de poder constituído. Assim, as relações internacionais são frequentemente competitivas, violentas e potencialmente belicosas. Todo Estado é soberano, mesmo que naturalmente existam grandes potências e pequenos países que estabelecem, entre si, relações informais de dominação e competição.
3. Sobrevivência como meta da ação estatal: a sobrevivência estatal está diretamente ligada à preservação da soberania – que, por sua vez, depende da capacidade do Estado em garantir sua própria segurança. Esses, aliás, são os 3S do realismo político: soberania, sobrevivência e segurança.
4. INTERESSE NACIONAL: Busca permanente pelo acúmulo de Poder: para tanto, Estados fazem um cálculo racional de custo-benefício, de modo a maximizar seus ganhos. A política externa, orientada pela busca do poder, independe da natureza e da dinâmica da política interna ou doméstica de um determinado país.
5. Jogo de soma zero: um Estado somente se fortalece quando o outro se enfraquece. Quando o outro se fortalece, naturalmente o Estado se enfraquece, não sendo possível ambos se fortalecerem ao mesmo tempo. Essa é a lógica do jogo de soma zero, que dificulta a cooperação. A decisão de cooperar, seja no campo da segurança ou da economia, por exemplo, se dá nos momentos em que o ganho conjunto é muito superior às vantagens de atuar de maneira separada.
6. Dilema da Segurança (j. herz): os Estados, ao agir em interesse próprio, devem se preocupar com a defesa de sua segurança independentemente da ação dos outros Estados, mas, ao agir dessa forma, levam a insegurança aos outros Estados, que tendem a interpretar as suas próprias ações como defensivas, enquanto a dos outros Estados seria ameaçadora. a busca pela segurança gera mais insegurança, criando-se um círculo vicioso permanente. 
7. Equilíbrio de Poder (balance of power): aponta para a possibilidade do equilíbrio, da estabilidade, da paz. Embora haja tendência à guerra, a chance de se encontrar a estabilidade é pelo equilíbrio de poder. É preciso fazer com que os Estados tenham um poder equilibrado entre eles. Os Estados somente poderão conviver pacificamente quando não possuírem mais incentivos para atacar uns aos outros.
	2. REALISMO ANTIGO
	
BALANÇA DE PODER
	
ESTADOS POSSUEM MORALIDADE DISTINTA
	
ANARQUIA INTERNACIONAL
	1.1. TUCÍDIDES (471 – 400 a.C)
	GUERRA DO
PELOPONESO
(431 a. C 
– 
404 a.C.)
	ANTECEDENTES
	- Desde meados do século V a.C., Atenas procurava se defender das ameaças externas, como as diversas investidas dos persas na região entre 492 a.C. e 480 a.C. Já em 477 a.C., com o intuito de proteger as poles do mar Egeu, Atenas liderou a formação da Liga de Delos, na qual todas as cidades-membro contribuíam com dinheiro, homens e armamentos para a defesa, principalmente contra as ameaças persas. No entanto, mesmo com o final das investidas persas, a liga foi mantida por pressão de Atenas. Já durante o governo de Péricles (460 a.C.-429 a.C.), Atenas atingiu seu pleno desenvolvimento econômico — por meio dos recursos gerados pelo comércio — e político — externamente, pela manutenção da Liga de Delos, com a contribuição de taxas dos aliados, e internamente, com o desenvolvimento da democracia, na qual todo cidadão maior de 18 anos podia participar diretamente da Assembléia Popular, inclusive votando em questões decisivas.
	
	CÓRCIROS
X
CORÍNTIOS
	- Os corcírios haviam derrotado os coríntios em uma guerra, mas apenas dois anos depois tiveram notícias de que seus adversários estavam se armando novamente. Então, os corcírios enviaram embaixadores a Atenas para pedir o seu apoio e, ao saber disso, os coríntios fizeram o mesmo. No entanto, os corcírios já mantinham uma aliança com Esparta. Ao final, os atenienses decidiram formar uma aliança com os corcírios, que eram, de fato, uma potência naval, porém, a aliança formada não teria fins de ataque, e sim apenas de defesa, ou seja, se um deles fosse atacado, o outro o socorreria. Quando os coríntios vão a Esparta pedir apoio contra os corcírios, Atenas, por acaso, estava lá representada por uma delegação comercial, que pediu o direito da palavra na assembléia. Em seu discurso, a delegação ateniense admitia ter montado um império e as razões para isso foram: 
1. segurança[footnoteRef:2] [2: Atenas admite ter montado um império, mas argumenta que isso é resultado, em primeiro lugar, de sua segurança; a cidade-estado havia se tornado rica e, conseqüentemente, caso não se defendesse, seria objeto de ameaças externas e, assim, Atenas teria não só o legítimo direito de se proteger, como também a obrigação de defender seus próprios cidadãos, direito esse que Esparta não poderia negar.] 
2, honra[footnoteRef:3] [3: A honra, em termos modernos, pode até soar como algo antigo, mas, na verdade, ela ainda faz parte do discurso contemporâneo de segurança internacional. Nixon, por exemplo, queria articular uma saída honrosa do Vietnã — sua paz com honra — e, para tanto, estava até disposto a jogar uma bomba atômica para trazer os vietnamitas à mesa de negociação em Paris. De forma semelhante, quando Israel saiu do sul do Líbano, em meados de 2000, o primeiro-ministro Ehud Barak procurou montar uma saída na qual não ficasse configurada uma derrota do país e, sim, uma nova estratégia agressiva de defesa nacional. Em relação a grandes potências, a questão da honra é constante, pois esses países tendem a se ver como exemplos para o restante do mundo e, por conseguinte, sempre farão o possível para manter seus impérios.] 
3. interesse próprio[footnoteRef:4]. [4: - A questão do interesse próprio nos remete à racionalidade em Relações Internacionais. É uma premissa extremamente lógica que qualquer país, assim como qualquer pessoa, busque fazer aquilo que mais lhe traga benefícios, independentemente do impacto disso ao seu redor. Portanto, se um país tem a capacidade, os meios, enfim, o poder de ser líder, ele o será, pois da liderança sempre surgem benefícios que satisfazem os interesses dos países e de seus cidadãos. Irracional, por outro lado, seria considerar algum país que tivesse o potencial de ser líder e não assumisse esse papel, pois não há racionalidade em poder ganhar algo e não reivindicar esse direito. Dessa forma, Atenas passa uma mensagem a Esparta de que formou um império, porque isso era o melhor que ela poderia fazer para si mesma e, se Esparta estivesse em posição semelhante, faria certamente o mesmo.] 
- É dentro do contexto da construção de uma potência econômica[footnoteRef:5], que serve de exemplo para todos os aliados, tanto do ponto de vista econômico quanto militar, queo discurso dos atenienses em Esparta tem de ser visto. [5: Qual era a fonte do poder ateniense? Para o autor havia essencialmente uma hegemonia (entendida como legitimidade de liderança), pois Atenas dava segurança aos aliados não só no sentido físico, como também no legal, ao se oferecer como árbitro dos conflitos entre os aliados. Atenas era hegemônica porque tinha a legitimidade concedida pelos aliados, que preservavam seus interesses próprios, segurança e honra.] 
- Por fim, ao final daquela assembléia, os espartanos votaram sob a alegação de que Atenas havia quebrado um antigo tratado com eles (ao se voltar contra os aliados). 
- Esparta começa a se questionar sobre as intenções de Atenas — por que tantos aliados? Por que tantos armamentos? Enfim, qual é a real intenção de Atenas? Não seria a de, um dia, nos derrubar? Por essa razão, os países que se sentem ameaçados pelo crescente poder de outro país teriam aí a tendência de buscar balancear o poder, ou seja, a crescente força militar do outro país passaria a ser compensada pelo investimento militar do outro lado (no caso de Esparta). 
- Dessa forma, se houver um equilíbrio de poder, há maior tendência de manutenção da paz, pois nenhuma potência se sentirá em condições de derrubar a outra, mas, por outro lado, um desequilíbrio poderá resultar na eclosão de conflitos. 
- Em seguida a vários outros desencontros, os espartanos convocam um congresso, junto com seus aliados, e pedem o apoio para que todos entrem em guerra contra Atenas. 
- Uma das frases mais importantes do discurso em prol da guerra foi a de um cidadão coríntio, que disse: a guerra dá à paz sua segurança.
	
	REVOLTA DOS
METILENOS
	- Quando Atenas se torna tirânica, após a morte de Péricles, deixa de ter a legitimidade interna da hegemonia garantida pelos valores que levava ao seu império e passa a tentar manter a sua posição apenas pelo uso da força. Diante disso, os aliados, visando a seus interesses próprios, honra e segurança, perdem o interesse de seguir Atenas como líder e aí, portanto, temos a origem da Revolta dos Metilenos. Logicamente, Atenas reprimiu o levante com violência, no entanto, Metileno passa a ser o sintoma de um império que começa a ruir. 
	
	DIÁLOGO
DOS MÉLIOS
	- O evento se dá por volta de 416 a.C., tendo passado mais de dez anos da guerra. 
- Melos era uma cidade aliada de Esparta que havia se recusado a entrar na aliança de Atenas. 
- No diálogo, os atenienses argumentam que os melianos deveriam se render e se subjugar a eles e, por outro lado, os melianos tentam se colocar como uma nação neutra. 
- Os atenienses afirmam que a posição meliana de neutralidade é exatamente o que mais os preocupa pois, se o império permitisse essa posição, seus outros aliados poderiam perceber tal ação como fraqueza de Atenas. 
- Não podendo apelar para uma discussão diplomática de neutralidade, os melianos alegam que Esparta viria socorrê-los em caso de ataque de Atenas, enquanto os atenienses respondem que os espartanos também eram guiados por seus próprios interesses e não viriam ao resgate dos melianos porque, na verdade, não ganhariam nada com essa ação. 
- Ao final, os melianos não aceitam se submeter aos atenienses, que acabam cercando a cidade, matando todos os homens da localidade e escravizando as mulheres e crianças. 
 
- No Diálogo Meliano, Atenas fala em força, ao passo que Melos fala em diplomacia, cooperação e neutralidade. Assim, Tucídides mostra que essas estratégias invariavelmente serão derrotadas diante de uma potência disposta a exercitar o seu poder. 
- Interessante ainda é discutir a sabedoria ateniense em diagnosticar que Esparta não viria socorrer Melos. Estrategicamente, Atenas reconhecia que Esparta, guiada por seus interesses próprios, não se arriscaria a desperdiçar seus recursos em um confronto considerado não estratégico. 
- Por conseguinte, mesmo a manutenção de alianças e os sistemas de cooperação são extremamente frágeis, pois os Estados sempre calculam o benefício e o prejuízo da cooperação de forma racional, a partir de seus interesses próprios. 
- Assim sendo, se a conta pender para o prejuízo, é pouco provável que o Estado mantenha seu interesse em qualquer esquema de cooperação. 
	
	DECADÊNCIA
ATENIENSE
	- Finalmente, os fracassos da campanha da Sicília representam o apogeu da decadência ateniense, tanto do ponto de vista econômico quanto do da sua legitimidade enquanto hegemônico.
- Esse fracasso derrubou a fé ateniense na democracia, e a oligarquia promoveu um golpe em 411 a.C. 
- Em 404 a.C., o império ateniense entraria em colapso, sendo derrotado por Esparta. 
	LIÇÕES DE
TUCÍDIDES
	1. OS ESTADOS BUSCAM MAXIMIZAR SEU PODER: Atenas mostra que parte significativa da política internacional é ditada pelo poder, e aqueles que não o possuem devem ter ciência dos riscos de insubordinação perante quem o tem.
2. OS ESTADOS TENDEM A BALANCEAR O PODER: quando há um desequilíbrio de poder à suposta situação de paz, entendida como ausência de conflitos violentos, na verdade é uma falsa paz que põe em risco a segurança dos cidadãos dos países que se sentem ameaçados pelo crescente poder de determinados países. Portanto, nesse tipo de situação se justifica uma guerra que seja capaz de restabelecer os mecanismos de equilíbrio de poder e, assim, garantir uma paz que seja, de fato, segura.
3. OS ESTADOS SÃO DIRIGIDOS POR SEUS PRÓPRIOS INTERESSES E PELA QUESTÃO DA SEGURANÇA: os hegemônicos têm de basear suas posições em alguma afirmação ideológica e em recompensas tangíveis. Ou seja, os aliados têm de perceber que também se beneficiam da hegemonia. Além disso, a existência de uma potência hegemônica por si só pode trazer segurança internacional, porém, inevitavelmente, o grande poder dessa potência acaba criando incertezas quanto à segurança daqueles que não fazem parte do império, como era o caso de Esparta (Dilema da Segurança). 
4. A COOPERAÇÃO E A LEI SÃO SECUNDÁRIAS E INSTÁVEIS. 
5. A HEGEMONIA É BASEADA NA LEGITIMIDADE DO ESTADO, QUE DETÉM PODER ECONÔMICO E MILITAR, MAS EXERCE SUA HEGEMONIA POR MEIO DE AÇÕES IDEOLÓGICAS QUE O LEGITIMAM ENQUANTO HEGEMÔNICO: a segurança internacional somente poderia ser alcançada por meio de uma potência hegemônica que fosse capaz de trazer ordem ao seu império, não só pela força (guerras, se necessário), mas também pelo acesso econômico aos seus mercados (desenvolvimento econômico aos aliados). 
6. AS PRETENSÕES IMPERIALISTAS DE DOMÍNIO ACELERAM A QUEDA DO HEGEMON, QUE PERDE SUA LEGITIMIDADE À MEDIDA QUE FAZ IMPOSIÇÕES A SEUS ALIADOS: A história é inacabada, mas a mensagem de Tucídides é clara: os impérios baseados apenas na força não tendem a durar. Os hegemons não têm capacidade econômica e militar para reprimir indefinidamente seus aliados. 
	DIÁLOGO MELIANO (416 a.C)
	“No Verão seguinte, Alcibíades fez-se ao mar com vinte navios, rumo a Argos, e aprisionou as cerca de trezentas personalidades suspeitas de pertencerem à facção espartana que ainda ali se encontravam, as quais foram imediatamente internadas nas ilhas vizinhas pertencentes ao seu império. Os Atenienses fizeram, também, uma expedição contra a ilha de Melos, com trinta navios próprios, seis quios e dois lésbios, mil e seiscentos hoplitas, trezentos archeiros e vinte archeiros a cavalo, todos atenienses, e cerca de mil e quinhentos hoplitas dos aliados e dos ilhéus. 
Os Mélios[footnoteRef:6] constituem uma colónia de Esparta que não se submeteu a Atenas, como os demais ilhéus, e que, inicialmente, permanecera neutral, não tomando qualquer parte no conflito. Mais tarde, porém, depois dos Atenienses terem usado da violência e de terem pilhado o seu território, assumira uma postura de aberta hostilidade. [6: Habitantes da ilha de Melos (Melos e, antes do genocídio ateniense, Malos), atual Milos. A ilha é famosa por lá ter sido encontrada uma estátua de Afrodite (a Vénus de Milo), e também dos deuses Asclépio, de Posidão e de um antigo Apolo.] 
Cleomedes, filho de Licomedes, e Tísias, filho de Tisímaco, os estrategas,depois de assentarem arraiais no seu território com as forças atrás citadas, antes de desencadearem qualquer acção hostil enviaram emissários aos locais, propondo negociações. Os Mélios não trouxeram esses emissários perante o povo, fazendo-os apresentar o objectivo da sua missão aos magistrados e aos principais dirigentes políticos. Nestas condições, os emissários atenienses falaram do modo seguinte:
Atenienses – Uma vez que as negociações não decorrerão perante o povo, de modo a não nos ser permitido falar abertamente, sem interrupção, e, assim, enganar os ouvidos da multidão através de argumentos sedutores, que passariam sem refutação (porque sabemos que é esse o vosso objectivo ao nos trazerdes perante um pequeno grupo de personalidades), que diríeis se vós, que vos sentais desse lado, utilizásseis um método ainda mais cauteloso? Em vez de fazerdes um discurso seguido, interrompei-nos de cada vez que estiverdes em desacordo com o que dizemos e discutamos esse ponto antes de irmos mais adiante. Antes de mais, dizei-nos se esta proposta vos parece aceitável.
Os comissários mélios responderam:
Mélios – Quanto à equidade de calmamente nos esclarecermos mutuamente, conforme propondes, nada há a objectar. Mas os vossos preparativos militares estão demasiado avançados para concordarmos com o que dizeis, porque vemos que viestes para servir de juízes na vossa própria causa. Assim, tudo quanto podemos razoavelmente esperar desta negociação é: a guerra, no caso de provarmos ter a razão do nosso lado e de recusarmos submeter-nos; e, em caso contrário, a escravidão.
Atenienses – Se vos reunistes aqui para debater pressentimentos quanto ao futuro ou para qualquer outra finalidade que não seja conferenciar sobre a segurança do vosso estado, de acordo com os factos que tendes diante de vós, então desistimos. De outro modo, estamos dispostos a prosseguir.
Mélios – É natural e desculpável, para homens na nossa posição, recorrer a todo o tipo de argumentos, tanto em pensamento como através da palavra. Todavia, o tema desta conferência é, como dizeis, a segurança do nosso estado. Por isso, a discussão pode prosseguir na modalidade por vós proposta.
Atenienses – Pela nossa parte, não vos incomodaremos com nenhum tipo de falsos pretextos – seja que temos o direito ao nosso império por termos vencido os Medas ou que vos atacamos por causa dos danos que nos causastes – ou com um longo discurso em que não acreditaríeis. Em contrapartida, esperamos de vós que, em vez de tentardes influenciar-nos, dizendo que não haveis aderido aos Espartanos, embora sendo sua colónia, ou que nenhum mal nos fizestes, vos preocupeis com o que é exequível, tendo em consideração os verdadeiros sentimentos de ambas as partes, uma vez que sabeis, tão bem como nós, que o direito, nos tempos que correm, é apenas uma questão aplicável aos que se igualam em poderio, enquanto que o forte faz o que quer e o fraco sofre o que deve.
Mélios – Na nossa opinião, de qualquer modo, é manifestamente conveniente – falamos nos termos a que somos obrigados, uma vez que nos sugeristes que não considerássemos o direito e falássemos tão-só de interesses – que não destruais aquilo que constitui a nossa proteção comum, isto é, o privilégio de, em situação de perigo, nos ser consentido invocar o que é justo e correcto, e mesmo de lançar mão de argumentos de validade discutível, desde que sejam geralmente aceites como verdadeiros. E olhai que estais tão interessados nisso quanto nós próprios, uma vez que um vosso eventual revés seria o sinal de partida para uma enorme vingança e um exemplo sobre o qual todo o mundo teria de meditar.
Atenienses – O fim do nosso império, se tiver que acontecer, não nos atemoriza. Um império rival, como o espartano, mesmo que Esparta fosse o nosso verdadeiro antagonista, não é tão terrível para os vencidos como os súbditos que, por sua iniciativa, atacam e subjugam os seus governantes. Mas é, todavia, um risco que de bom grado aceitamos correr. Prosseguiremos, agora, para vos mostrar que aqui viemos por interesse do nosso império e que diremos o que seguidamente iremos dizer para a salvaguarda do vosso país, assim como gostaríamos de exercer esse império sobre vós sem conflitos e de vos vermos protegidos, para o bem de ambos.
Mélios – E como pode, dizei, numa tal circunstância, ser assim tão bom para nós servir como é para vós exercer o poder?
Atenienses – Porque teríeis a vantagem de vos submeterdes antes de sofrerdes o pior, enquanto nós só ganharíamos por não termos de vos destruir.
Mélios – Quer isso dizer que não consentiríeis que fôssemos neutrais, amigos em vez de inimigos, mas não sendo aliados de nenhum dos lados.
Atenienses – Não, porque a vossa hostilidade não pode causar-nos tanto prejuízo como resultaria de a vossa amizade ser vista pelos nossos súbditos como prova da nossa debilidade, enquanto que, pelo contrário, a vossa inimizade reflecte o nosso poder.
Mélios – É essa a ideia de justiça dos vossos súbditos, pondo aqueles que nada têm a ver convosco no mesmo plano dos povos que são, na sua maior parte, colónias vossas e alguns rebeldes subjugados?
Atenienses – No que concerne a essas questões dos direitos, pensam que não há diferenças entre as duas situações, e que, se alguém mantém a sua independência, é porque é forte. Portanto, se nós os não molestamos, é porque temos medo, pelo que, além de alargarmos o nosso império, devemos aumentar a nossa segurança através da vossa sujeição. O facto de serdes ilhéus e mais fracos do que outros torna ainda mais importante que não consigais frustrar os senhores dos mares.
Mélios – Mas considerais que não existe segurança na política que indicámos? Porque também neste caso, se nos impedis de falar de justiça, convidando-nos a obedecer ao vosso interesse, também nós devemos explicar os nossos, procurando persuadir-vos, para o caso de ambos coincidirem. Como podeis evitar fazer de todos os estados actualmente neutrais vossos inimigos, quando, olhando para este caso, se convencerem de que, mais cedo ou mais tarde os ireis atacar? E o que é essa atitude senão uma forma de engrossar os inimigos que já tendes e de forçar outros, que doutra forma nunca em tal pensariam, a tornar-se vossos inimigos?
Atenienses – Porque o facto é que os continentais não nos preocupam grandemente. A liberdade de que gozam impedi-los-á, por bastante tempo, de tomarem medidas contra nós. São muito mais os ilhéus como vós, no exterior do nosso império, e os súbditos que já sofrem a opressão que mais provavelmente poderão dar um passo irreflectido que os leve, e a nós próprios, a correr perigos óbvios.
Mélios – Sendo assim, se correis tantos riscos para conservar o vosso império e os vossos súbditos para se verem livres dele, seria grande ignomínia e cobardia da nossa parte, que ainda somos livres, não tentarmos tudo quanto possamos fazer, antes de nos submetermos ao vosso jugo. 
Atenienses – Não, se fordes bem avisados, porque não se trata de uma luta de igual para igual, com a honra como prémio e a vergonha como castigo, mas duma questão de autopreservação e de não resistir àqueles que são muito mais fortes do que vós.
Mélios – Mas nós sabemos que a fortuna da guerra é, por vezes, mais imparcial do que a desproporção dos números pode sugerir. Aceitar a submissão é entregarmo-nos ao desespero, enquanto que a acção ainda nos dá a esperança de podermos permanecer erguidos.
Atenienses – A esperança, estimulada pelo perigo, pode ser cultivada por aqueles que dispõem de abundantes recursos, se não sem perdas, de qualquer modo sem ruína. Mas a sua natureza é ser esbanjadora, pelo que aqueles que vão ao ponto de apostar tudo o que têm num golpe de fortuna só a vêem nas suas verdadeiras cores quando se apanham arruinados. Mas enquanto essa descoberta poderia habilitá-los a tomar precauções, nunca a consideram adequada. Não permitais que seja esse o vosso caso, porque sois fracos e não tendes mais do que uma hipótese de errar. E não sejais como a gente vulgar, que, perdendo a oportunidade de sesalvar de uma forma humana e prática quando as esperanças visíveis lhes falham completamente, se voltam para as invisíveis, para as profecias, os oráculos e outras invenções do mesmo género, que iludem os homens com esperanças que os conduzem à desgraça.
Mélios – Podeis estar certos de que estamos tão conscientes como vós das dificuldades de enfrentar o vosso poder e a vossa fortuna, a menos que seja em situação de igualdade. Mas confiamos que os deuses nos possam conceder uma fortuna tão favorável como a vossa, uma vez que somos apenas homens lutando contra a injustiça e que o que nos falta em poderio será obtido através da aliança dos Espartanos, os quais são obrigados, quanto mais não seja por uma questão de decoro, a vir em auxílio dos que são do mesmo sangue. A nossa confiança, por conseguinte, não é assim tão completamente irracional.
Atenienses – Quando falais dos favores dos deuses, podemos de igual modo esperar o mesmo para nós próprios. Nem as nossas pretensões nem a nossa conduta são, de nenhuma maneira, contrárias às crenças dos homens no tocante aos deuses ou que praticam entre eles próprios. Dos deuses acreditamos e dos homens sabemos que, por uma inelutável lei da sua natureza, tendem a exercer o domínio de outros sempre que tal lhes é possível. E não se trata de termos sido nós os primeiros a fazer essa lei, porque é muito anterior a nós e existirá para sempre muito depois de nós. Não fazemos mais do que usá-la, sabendo que vós e todos os demais, se dispusessem de um poder igual ao nosso, fariam exactamente o mesmo que nós. Assim, no que respeita aos deuses, não temos receio nem razões para temer que estejamos em situação de desvantagem. Mas quanto à ideia que tendes acerca dos Espartanos, a qual vos leva a crer que o decoro os levará a vir em vosso auxílio, aí bendizemos a vossa simplicidade mas não invejamos a vossa loucura. Os Espartanos, quando os seus interesses ou as leis do seu país estão em causa, são os homens mais dignos à face da terra. Quanto à sua conduta para com os outros, muito poderia ser dito, mas, sobre essa questão, não é possível dar uma ideia mais clara do que, resumidamente, afirmar que, de todos os homens que conhecemos, são os mais notáveis a considerar o que é agradavelmente honroso e o que é oportunistamente justo. Uma tal forma de pensar não é muito prometedora para a concessão de segurança com que, sem nenhuma razoabilidade, estais a contar.
Mélios – Mas é justamente por essa razão que agora acreditamos que o respeito que têm pela defesa dos seus interesses os impeça de trair os Mélios, seus colonos, do que resultaria perderem a confiança dos seus amigos da Grécia e prestarem uma ajuda aos seus inimigos.
Atenienses – Isso quer dizer que não partilhais a opinião de que a conveniência anda de mão dada com a segurança, enquanto que a justiça e a honra não podem ser respeitadas sem os inerentes riscos. Ora, riscos é coisa que os Espartanos buscam o menos possível.
Mélios – Mas nós acreditamos que eles estariam muito mais dispostos a arriscar por nossa causa e com muito mais confiança do que noutros casos, uma vez que a nossa proximidade do Peloponeso lhes facilitaria uma intervenção e o sangue comum lhes garante a nossa fidelidade.
Atenienses – Sim, mas aquilo em que um possível aliado mais confia não é na boa vontade daquele que pede ajuda, mas sim numa decisiva superioridade de meios para intervir. E os Espartanos são ainda mais sensíveis a este factor do que outros. Pelo menos, tal é a falta de confiança que têm nos seus recursos próprios que só na companhia de numerosos aliados se atrevem a atacar um vizinho. Achais que, tendo nós o domínio do mar, eles vão arriscar-se na travessia que é indispensável fazer para chegar a uma ilha? 
Mélios – Mas têm outros que podem enviar. O Mar de Creta é um largo espaço onde quem detém o seu domínio sente mais dificuldades em interceptar outros navios do que os que pretendem iludi-los sentem em fazê-lo com segurança. E mesmo que sucedesse que os Espartanos falhassem neste desiderato, sempre poderiam cair sobre o vosso território e sobre os dos vossos aliados onde Brásidas não chegou a entrar, pelo que, em vez de lugares que não são vossos, seríeis forçados a combater para defesa do vosso próprio território e da vossa própria confederação.
Atenienses – Uma finta do género da que falais pode, na verdade, acontecer um dia, mas isso servirá apenas para aprenderem, como sucedeu com outros, que os Atenienses nunca, até agora, se eximiram à possibilidade de um cerco por medo de quem quer que fosse. Mas estamos algo chocados pelo facto de, depois de terdes dito que negociaríeis sobre a segurança do vosso país, em toda esta discussão nada haveis mencionado em que os homens possam confiar ou por quem possam pensar ser salvos. Os vossos argumentos mais fortes estão dependentes da esperança e do futuro. Quanto aos recursos reais de que dispondes, são demasiado escassos, quando comparados com aqueles que se reuniram contra vós, para poderdes aspirar à vitória. Consequentemente, mostrareis grande cegueira no vosso julgamento, a menos que, depois de nos retirarmos, consigais obter uma deliberação mais prudente do que esta. Seguramente que não quereis ser apanhados por essa ideia de desonra que, em perigos inaceitáveis, e, ao mesmo tempo, demasiado evidentes para consentir o erro, prova ser tão fatal para a natureza humana. É que, em demasiados casos, os mesmos homens que têm os olhos perfeitamente abertos relativamente àquilo que os espera, deixam que essa palavra desonra, pela mera influência de uma designação sedutora, os conduza a um ponto em que ficam de tal modo escravos da expressão, que acabam por, de facto, cair obstinadamente num desesperante desastre, terminando por merecer a desonra mais ignominiosamente, porque resultante de um erro, do que quando aconteceria se fosse como resultado de má fortuna. Quanto a esta possibilidade, se fordes bem avisados, tomareis todas as precauções. E não penseis que possa ser desonroso o submeterdes-vos à maior cidade da Grécia quando ela vos faz a generosa oferta de vos tornardes seus aliados tributários, sem deixardes, por isso, de desfrutar do país que vos pertence. Nem tãopouco, quando tendes a possibilidade de escolher entre guerra e segurança, podeis ser tão cegos ao ponto de escolher a pior hipótese. E é certo que aqueles que não se rendem aos seus iguais, que capitulam perante os mais fortes e são moderados perante os mais fracos, de um modo geral são mais bem sucedidos. Pensai bem neste assunto, portanto, depois da nossa partida. Reflecti, uma vez e outra, que é pelo vosso país que estais a deliberar, que não tendes a possibilidade de tomar mais do que uma decisão e que da mesma depende a sua prosperidade ou a sua ruína. 
Seguidamente, os Atenienses retiraram-se da conferência. 
Os Mélios, ficando a sós, tomaram a decisão de acordo com o que tinham mantido durante a discussão, elaborando a seguinte resposta: “A nossa resolução, Atenienses, é a mesma que inicialmente vos apresentámos. Não estamos dispostos a privarmo-nos, por uma decisão de um momento, da liberdade que, desde a sua fundação há setecentos anos, esta cidade tem gozado. Preferimos depositar as nossas esperanças na fortuna com que os deuses a têm preservado até agora e na ajuda dos homens, isto é, dos Espartanos. É deste modo que tentaremos alcançar a nossa salvação. Entretanto, convidamo-vos a que nos deixeis ser vossos amigos e inimigos de ninguém e a que retireis do nosso país depois de fazermos esse tratado de modo satisfatório para ambas as partes.”
Assim foi a resposta dos Mélios. 
Os Atenienses, ao partirem da conferência, disseram: “Bem, parece-nos, pelo teor desta resolução, que só vós olhais para o futuro como sendo mais certo do que é permitido por aquilo que tendes diante dos olhos, e, no vosso fervor, o que está longe das vistas como se já estivesse prestes a concretizar-se. Como arriscastes e confiastes mais a vossa fortuna e as vossas esperanças aos Espartanos, acabareis completamente desapontados.”1.2. MAQUIAVEL (1469 – 1527)
	- O foco para Maquiavel sempre foi o Estado, não aquele imaginário e que nunca existiu, mas aquele que é capaz de impor a ordem. 
- O ponto de partida e de chegada é a realidade corrente — por isso a ênfase na verità effetuale —, ou seja, ver e examinar a realidade como ela é e não como gostaríamos que fosse. 
- Maquiavel descreve a natureza como eminentemente desordenada e aliada a duas forças presentes em qualquer sociedade:
a. Ninguém quer ser dominado nem oprimido pelos grandes. 
b. Os grandes querem dominar e oprimir.
- Os principais fundamentos que todos os Estados possuem, tanto novos, como velhos ou mistos, são boas leis e bons exércitos. E porque não pode haver boas leis sem bom exército e como há exércitos, convém que haja boas leis.
- Dentro desse contexto, a primeira e a última razão de ser da política internacional do príncipe é o emprego dessas forças de guerra. 
- Ora, se o ambiente internacional é, por natureza, ‘desordenado’, os grandes desejam dominar os pequenos e todos almejam não ser dominados; isso significa dizer que todos os Estados devem estar prontos para fazer a guerra; só assim, por meio da demonstração de força de coação internacional, é que a segurança pode ser alcançada. 
- Maquiavel não via espaço na arena internacional para uma permanente cooperação entre os Estados. A cooperação geralmente ocorre por tempo bastante curto e para defender ou atacar um Estado ou um conjunto de Estados. 
- Maquiavel aconselha o príncipe a não se aliar a ninguém mais forte que ele para atacar outros Estados, a não ser que a necessidade o obrigue, pois isso significaria que, após o término do conflito, o pequeno se tornaria refém do grande.
	1.3. HOBBES (1588 – 1679)
	- Hobbes, ao construir a sua teoria de Estado, descreve o estado de natureza do homem como o de liberdade, ou seja, em princípio todo homem nasce livre para usufruir do poder da maneira que desejar e viver como bem entender ( jus naturale ). Como nesse estado de natureza ele pode fazer o que bem entende, isso significa que pode cobiçar algo ao mesmo tempo que outra pessoa e, como seria impossível ambos possuírem essa coisa ao mesmo tempo, eles se tornam inimigos. Assim, o estado de natureza, por definição, é um estado de guerra entre os homens.
- No que tange à constituição do Estado, Hobbes sustenta que os homens se submetem a um soberano, por meio de um contrato social, que vai evitar, pelo seu absolutismo, que os homens se destruam. Sairíamos de uma lógica de anarquia para outra lógica de poder constituído, de um estado de natureza para a perspectiva de um Estado político. O poder constituído ordenaria as relações entre os indivíduos (preservando a ordem), que cedem parcela de sua liberdade ao Estado, ou seja, há uma relação de hierarquia.
- Os Estados existem para controlar o estado natural de guerra do ser humano, que é norteado pela competição, desconfiança e glória. 
- Esse conceito pode ser refletido na idéia de lex naturale — preceito ou regra geral estabelecida pela razão que proíbe o homem de fazer tudo o que possa destruir as coisas ao seu redor. 
- O estado de natureza dos Estados é exatamente o de liberdade, portanto, o estado natural das relações internacionais é o da guerra, porque não existe nenhuma espécie de contrato social entre os países que os submeta a algum soberano ou instituição internacional, de modo a impedir o confronto entre esses países. 
- Na ausência de um poder soberano e absoluto internacional que disponha do monopólio da violência, todos os Estados podem dispor legitimamente da força.
- Nesse contexto, a segurança internacional somente poderia ser alcançada por intermédio de uma política de equilíbrio de poder, pois, se o estado de natureza do sistema internacional é o da guerra, os Estados deveriam buscar limitar o poder dos outros Estados e, dessa forma, inibir a sua tendência natural de expansão territorial.
	2. REALISMO CLÁSSICO[footnoteRef:7] [7: Se Carr constrói a crítica ao Idealismo, é a Morgenthau que devemos atribuir as bases teóricas do Realismo Moderno, que acabou sendo o paradigma dominante de Relações Internacionais desde seu lançamento até meados da década de 1970.
IDEG-2020 (C): Realistas estratégicos, como Thomas Schelling, opõem-se às considerações normativas sobre o sistema internacional típicas dos realistas clássicos. O realismo estratégico foca no processo de tomada de decisão, considerando diplomacia e política externa como atividades racionais e instrumentais.] 
	
Vinte Anos de Crise (191 – 39) (1939)
	
A Política Entre as Nações (1948)
	2.1. E. H. CARR[footnoteRef:8] [8: IDEG-2020 (E): A mais contundente crítica à perspectiva idealista foi articulada por Edward Carr em Vinte anos de crise, lançado em 1939. Para o autor, não haveria espaço para moralidade nas relações internacionais, mas apenas para uma política de poder. Consequentemente, os tomadores de decisão deveriam pautar-se por uma apreciação realista dos interesses egoístas dos Estados para garantir a sobrevivência no sistema internacional.] 
	IDEALISTAS
X
REALISTAS
	- Carr faz uma crítica ao caráter normativo, prescritivo (“dever ser”) da Teoria Idealista, pautada em princípios e valores, que acabaram não se realizando. 
 
- Carr não deslegitima completamente a ideia de valores, pois no final de sua obra ele tenta conjugar a ideia de valores e princípios, mas apontando a necessidade de se observar a realidade, ao invés de se trabalhar o tempo todo no plano exclusivamente normativo. 
	FOCO NO
ESTADO
	- Estado-nação como único ator relevante das relações internacionais: qualquer organismo internacional está sempre subordinada ao interesse nacional, ou seja, o benefício próprio e, assim, quando o custo da participação em uma organização intergovernamental internacional superar o benefício, automaticamente o Estado se retira dela. do Estado como ator principal das RI (em oposição a iniciativas como a Liga das Nações ou ao voluntarismo individual preconizado por Norman Angell). 
	FOCO NO PODER
	- poder como motivador das ações dos Estados: o que importa na relação entre os Estados é o poder e não o direito internacional, quer dizer, ignorar a relação de poder entre os Estados é ignorar as motivações básicas da existência deles no sistema internacional, ou seja, a defesa de sua sobrevivência. Diante da ausência da harmonia de interesses que serviu de premissa para o ideário idealista e da própria Liga das Nações, Carr constrói sua crítica realista sobre a base da centralidade do poder na política internacional. Assim, ele define o poder em três categorias:
a) Poder militar: expressão mais alta do poder (high politics). A força militar representa a ultima ratio do poder, que é a guerra, ou seja, todo Estado está dirigido para a guerra, não como um objetivo, mas como seu último recurso de sobrevivência.
b) Poder econômico: submete-se ao poder militar. Na verdade, o poder econômico pode vir a serviço do poder político, no sentido dos interesses do Estado (low politics) (por exemplo, a supremacia econômica da Grã-Bretanha). 
c) Poder sobre a opinião[footnoteRef:9]: a arte da persuasão como essência do político. Os rituais diplomáticos têm a função de promover os interesses do Estado perante outros Estados, seja pela representação diplomática em outros países, seja em negociações multilaterais. Entretanto, não se trata de uma esfera autônoma com um fim em si mesmo. Em último caso, o poder de opinião só existe como elemento instrumental do poder militar. Outra forma de ver o poder de persuasão está diretamente ligada às qualidades intrínsecas da liderança política, ou seja, como Maquiavel já havia notado, é importante que o príncipe seja estimado tanto pela sua população, quanto pelos outros líderes nacionais. A arte da persuasão dos líderes políticos ajuda a dar governabilidade ao plano interno e respeitabilidade ao país no plano externo. Por outro lado, um líder fraco sem respeito interna e externamente pode levar os outros países a pensar que esseé um país fraco e que, em última instância, pode ser dominado. [9: O próprio conceito de soft power, desenvolvido por Joseph Nye na década de 1990, bebe diretamente do que Carr chama de “poder sobre a opinião”.] 
- Apesar dessas subdivisões, o poder de um Estado deve ser visto como um todo indivisível, ou seja, ele é dado pela conjugação dessas três formas de poder e, por conseguinte, não se pode dizer que, se um Estado tem um grande poder econômico em comparação a outro, ele seja mais poderoso, sem levar em consideração a conjugação das duas outras esferas do poder
- A POLÍTICA é, em certo sentido, sempre política de poder. Normalrnente, não se aplica o termo "política" a todas as atividades do Estado, e sim às questões envolvendo um conflito de poder. Uma vez que esse conflito tenha sido resolvido, a questão deixa de ser "política" e se torna matéria da rotina administrativa. 
- Da mesma forma, nem todas as relações entre estados são "políticas". Quando os estados cooperam entre si para manterem serviços postais, ou de transportes, ou para prevenirem o alastramento de epidemias, ou, ainda, para suprimirem o tráfico de entorpecentes, essas atividades se denominam "não-políticas" ou "técnicas". Mas logo que surge uma questão que envolve, ou parece envolver, o poder de um estado com relação a outro, o assunto se torna imediatamente "político".
- Embora não se possa definir a política exclusivamente em termos de poder, é seguro dizer-se que o poder é sempre um elemento essencial da política.
	ÉTICA
	- A ética não pode ser vista como esfera independente da política ou sua norteadora. Essa fé cega na ética da política é que está no cerne do fracasso LDN. 
- Os Estados são guiados por um certo darwinismo político, isto é, somente os mais fortes e mais bem preparados se mantêm no sistema internacional. 
- Não é a moral o cerne da política
 internacional e sim a questão de como se adaptar e sobreviver no sistema internacional. 
	OUTROS
ASPECTOS
	GUERRA
	- Para Carr, a guerra permite mudar o status quo, ou seja, aqueles que deslegitimam o uso da guerra estão, na verdade, fazendo uma política de manutenção da ordem. Quem está em cima continua em cima, quem está em baixo continua em baixo. A única maneira daqueles que estão em baixo chegarem ao topo é por meio da guerra. Ao deslegitimar a guerra, está-se consolidando a ordem internacional vigente.
	
	COM. INT’L
	- Além disso, para Carr, o livre comércio interessa àqueles que estão no topo, os Estados ricos. O livre comércio seria uma forma de manter uma relação de dependência, de dominação, entre Estados ricos e pobres. Ele mostra que os Estados ricos, para chegarem à condição de riqueza e desenvolvimento, utilizaram práticas protecionistas. Ele cita autores como Friedrich Lizt (fundamental para o desenvolvimento da Alemanha) e Alexander Hamilton (fundamental para o desenvolvimento dos EUA), pois ambos defenderam práticas protecionistas, que permitiram à Alemanha e aos EUA ascender à condição de força econômica no século XX. Então, promover o livre comércio como caminho para a estabilidade e para a paz acaba sendo uma lógica de dominação.
	2.2. H. MORGENTHAU
	PRINCÍPIOS
	1
	- A política obedece a leis objetivas que são fruto da natureza humana e, por isso, qualquer melhoria social deve levar isso em conta: a natureza humana, assim como a política obedece a leis objetivas (como, por exemplo, a busca racional pela sobrevivência), que não podem ser ignoradas, caso o desejo seja mudar um eventual estado de guerra.
	
	2
	- O interesse dos Estados é sempre definido em termos de poder: os Estados, que são a unidade básica da política internacional, são governados pelos seus próprios interesses, ou seja, aquilo que lhes trará os maiores benefícios aos menores custos, e esses interesses são sempre definidos em termos de poder. Isso quer dizer que os interesses não são condicionados a julgamentos morais e sim à condição existencial do Estado, à avaliação racional dos ganhos e perdas no campo da política externa.
	
	3
	- O conceito de interesse traduzido em poder é uma categoria objetiva de validade universal (ou seja, é constante na história da humanidade): a categoria do poder sempre existiu (e, em última análise, sempre existirá) nas relações entre os povos. Quer dizer, mesmo na ausência de Estados como os concebemos modernamente, a relação entre as cidades gregas de Tucídides era condicionada por relações de poder. 
	
	4
	- Os princípios morais universais não podem ser aplicados aos atos dos Estados, senão filtrados e analisados a partir das circunstâncias de tempo e lugar: o quarto princípio atenta para a idéia da separação entre moral e ação política, isto é, a política é dominada pelo poder e, dessa forma, quando analisamos qual a influência da moral e da ética na política, devemos filtrar os valores da época e entender que, no campo internacional, eles geralmente são usados como mecanismos de justificação e legitimação da ação do Estado, mas não servem como categoria objetiva para julgar o comportamento deste, isto é, essa categoria de julgamento da ação do Estado necessariamente deve passar pelo crivo da análise racional da relação de poder e da sobrevivência, mesmo que isso resulte, no campo internacional, uma ação que possa ser considerada imoral.
	
	5
	- As aspirações morais de uma nação em particular não podem ser identificadas com os preceitos morais que governam o universo: O quinto princípio apenas aponta que os princípios morais de uma nação, como os valores do bloco soviético ou da sociedade norte-americana, não podem ser encarados como aqueles que, de fato, governam os povos. Cada nação sempre poderá recorrer ao expediente de afirmar que sua visão de mundo é a melhor, mas nenhuma visão é necessariamente a verdadeira, portanto só nos resta voltar à análise da categoria objetiva de interesse dos Estados definido em termos do poder, pois, quaisquer que sejam os valores morais de um povo, sempre teremos o interesse definido em termos de poder. 
	
	6
	- A esfera política é autônoma, ou seja, não é subordinada a nenhuma outra esfera: que a política internacional não depende da economia ou do direito, sendo uma esfera autônoma que define, independentemente da moral ou da riqueza, como os Estados tomam suas decisões e, assim, em última análise, a compreensão do universo da política internacional independe da compreensão do universo econômico ou do direito, porque o universo político internacional tem suas próprias lógicas e leis. Como já visto em Carr, a política internacional sempre implicará a luta pelo poder. O poder, no sentido político, é definido como as mútuas relações de controle estabelecidas entre os titulares da autoridade pública e entre estes e as pessoas em geral. O poder pode ser exercido por meio de ordens, ameaças, autoridade ou carisma de um homem ou de uma equipe de homens ou pela combinação desses fatores.6 Para Morgenthau, no entanto, o poder não se limita ao exercício da violência física, porém, ele reconhece que, dentro da arena internacional, o exercício desse poder torna-se fundamental para entender a força política de uma nação.
	TIPOS DE
PODER
	Poder utilizável e poder não-utilizável
	- Utilizável é aquele que pode ser exercido com o uso de forças militares em uma guerra, bem como os seus armamentos convencionais. Por outro lado, o nãoutilizável é essencialmente representado pela impossibilidade da utilização das armas nucleares, ou seja, considerando dois países em conflito no qual ambos possuem armas nucleares, estas deixam de ser um elemento de poder político, pois o poder das armas nucleares de cada parte acaba se anulando, visto que seria irracional uma parte utilizar as armas nucleares sabendo que a outra poderia fazêlo também, assegurando, assim, a destruição mútua.
	
	Poder legítimo e ilegítimo
	- Legítimo é legal ou moralmente justificável, como o desencadeamento de uma guerra por autodefesa ou dentro de um contexto de apoio a aliados (guerra justa) ou mesmo com a aprovação das Nações Unidas, enquantoo poder ilegítimo é aquele que não encontra respaldo na moralidade ou legalidade, como a ação de guerrilhas, governos não reconhecidos internacionalmente ou guerras desencadeadas por uma política expansionista de um Estado.
	TIPOS DE
POLÍTICA
EXTERNA
	Política do status quo
	- Política externa que visa conservar o poder e evitar mudanças no sistema internacional que alterem sua posição no sistema.
1. A política status quo: é o poder usado para a manutenção de determinada ordem internacional. O poder é voltado para a consolidação daquela realidade vigente, impedindo qualquer alteração, sublevação, dessa ordem. Ideia de manutenção de poder. 
	
	Política de imperialismo
	- Política externa orientada para a aquisição de mais poder mediante a alteração da estrutura vigente.
2. A política imperialista: é a de conquista, de dominação, de aumento de poder. Ideia de expansão de poder. 
	
	Política de prestígio
	- Política externa baseada em ostentação e ritualismo como forma de manter ou aumentar o poder do Estado (ação da diplomacia). Normalmente, não é um fim por si só e, sim, complemento de outras políticas. A confrontação dessas políticas externas dá origem a uma de suas principais contribuições dentro do debate sobre segurança internacional. Trata-se da discussão sobre o balanço ou equilíbrio de poder. Para Morgenthau, quando os países, que por definição são iguais em princípio, tentam manter ou derrubar o status quo, necessariamente entram em um balanço de poder .11 O balanço de poder seria garantido ou pela diminuição do poder de uma das partes ou pelo aumento do poder da parte mais fraca. Morgenthau argumenta que há várias formas para garantir um balanço de poder entre os Estados ou entre os grupos de Estados, tais como dividir e conquistar territórios inimigos, pagar compensações aos derrotados, estimular a corrida armamentista ou estabelecer uma política de alianças.12 Pode-se dizer que, em todo o desenvolvimento de sua teoria, ele está preocupado com a construção da segurança internacional e, por conseqüência, da paz mundial. Para ele, dentro de nossa realidade internacional, a segurança internacional somente pode ser alcançada por meio de políticas que persigam o equilíbrio de poder. Morgenthau13 enumera os seguintes elementos do poder nacional:
3. A política de prestígio: é a demonstração de poder. É possível reconhecer a política de prestígio nos desfiles militares. Também a recepção diplomática, nas embaixadas por exemplo, luxuosa, com vinhos caros, é uma forma de demonstrar poder.
	ELEMENTOS
DO PODER
NACIONAL
	GEOGRAFIA
	- Diz respeito tanto à extensão territorial quanto à sua localização em relação aos outros países (por exemplo, a Inglaterra, pelo fato de ser uma ilha, tem a sua defesa facilitada em comparação aos países continentais).
	
	RECURSOS
NATURAIS
	1) ALIMENTOS: SER AUTO-SUFICIENTE NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS DÁ UMA IMPORTANTE VANTAGEM AO PAÍS, ESPECIALMENTE EM CASO DE GUERRAS,14 ENQUANTO SER DEPENDENTE DO FORNECIMENTO DE OUTROS PAÍSES É VISTO COMO SINAL DE FRAQUEZA[footnoteRef:10]. [10: Essa consideração acaba servindo de justificativa para os Estados Unidos e vários países europeus subsidiarem seus produtores agrícolas nacionais. Mesmo que estes sejam economicamente ineficientes, o governo se preocupa em mantê-los em produção, por uma questão de segurança nacional, para não ser dependente de outros países em termos alimentares, o que significaria uma enorme vulnerabilidade para um país que pretende ser poderoso.] 
2) MATÉRIAS-PRIMAS: A AUTO-SUFICIÊNCIA EM MATÉRIAS-PRIMAS COMO UM TODO TAMBÉM DÁ UMA IMPORTANTE VANTAGEM A UM PAÍS, PRINCIPALMENTE EM RELAÇÃO ÀQUELAS LIGADAS À INDÚSTRIA BÉLICA. LOGICAMENTE, ESSAS MATÉRIAS-PRIMAS BÉLICAS ESTÃO ASSOCIADAS À TECNOLOGIA DA ÉPOCA. POR VOLTA DO FINAL DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, POR EXEMPLO, O CARVÃO E O AÇO ERAM OS RECURSOS MAIS PRECIOSOS, AO PASSO QUE HOJE EM DIA SÃO OS CHIPS E SOFTWARES. 
3) PETRÓLEO: O ACESSO AO PETRÓLEO É FUNDAMENTAL NO PODER DE UMA NAÇÃO, POIS, A PARTIR DESSA SUBSTÂNCIA, ABRE-SE TODA UMA CADEIA DE PRODUTOS PETROQUÍMICOS, QUE INCLUI A PRODUÇÃO DE QUASE TUDO O QUE ESTÁ À NOSSA VOLTA, DE PLÁSTICOS NOS MÓVEIS E NO COMPUTADOR, PASSANDO POR TINTAS, ATÉ PEÇAS DE AUTOMÓVEIS. COMO SE ISSO NÃO BASTASSE, O PETRÓLEO CONTINUA A SER O COMBUSTÍVEL BÁSICO QUE MOVIMENTA QUALQUER TIPO DE VEÍCULO, INCLUSIVE OS MILITARES, PORTANTO, O ACESSO PRIVILEGIADO A ESSE RECURSO DÁ UMA GRANDE VANTAGEM ECONÔMICA E MILITAR A UMA NAÇÃO.
	
	CAPACIDADE
INDUSTRIAL
	- Não basta ter acesso a matérias-primas, é preciso ter a capacidade industrial de transformá-las, seja no aspecto tecnológico, seja em relação ao parque industrial, isto é, se o Congo tem grandes reservas de urânio, isso em nada afeta o poder do país em relação aos outros, justamente porque lhe falta capacidade para usá-lo, para fins civis ou militares.
	
	LIDERANÇA
	- A qualidade da liderança militar é outro aspecto fundamental do poder, pois só uma boa liderança tem a capacidade de fazer a melhor utilização de estratégias que aliem a tecnologia ao uso de homens e ao fim vençam a guerra.
	
	QUANTIDADE E
QUALIDADE
DAS FORÇAS
ARMADAS
	- O poder de uma nação depende também da quantidade de homens disponíveis para lutar, assim como da qualidade de seu treinamento, de suas capacidades estruturais e da organização militar. Além de acesso à tecnologia bélica e capacidade de produção de armamentos, é necessário um contingente capaz de tirar o máximo dos recursos militares disponíveis.
	
	POPULAÇÃO
	1) DISTRIBUIÇÃO: O TAMANHO DA POPULAÇÃO É UM COMPONENTE RELEVANTE DE PODER, MAS NÃO PODE SER VISTO DE FORMA ISOLADA E, SIM, EM CONJUNTO COM A SUA DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA NA ZONA TERRITORIAL DO PAÍS.
2) TENDÊNCIAS: É PRECISO AVALIAR TAMBÉM QUAL A TAXA DE CRESCIMENTO POPULACIONAL NO FUTURO, PORQUE UM DECRÉSCIMO NO RITMO DE CRESCIMENTO POPULACIONAL PODE SIGNIFICAR UM ENFRAQUECIMENTO NO LONGO PRAZO. NO ENTANTO, NÃO BASTA OBSERVAR O RITMO DE CRESCIMENTO; É PRECISO OLHAR TAMBÉM A DISTRIBUIÇÃO POR FAIXA ETÁRIA. ASSIM, SERIA ATRIBUÍDA UMA VANTAGEM EM PODER AO PAÍS COM UMA GRANDE CONCENTRAÇÃO DE POPULAÇÃO ENTRE 20 E 40 ANOS, JÁ QUE ESTA É CONSIDERADA A FAIXA ETÁRIA PRODUTIVA E, EM ÚLTIMA INSTÂNCIA, DE RESERVA MILITAR. ·ÍNDOLE NACIONAL: A POLÍTICA EXTERNA DE UM PAÍS SEMPRE LEVA A MARCA DA ÍNDOLE NACIONAL, CARACTERIZADA PELAS QUALIDADES INTELECTUAIS E MORAIS DE UMA NAÇÃO. ·MORAL NACIONAL: É CONSTITUÍDA PELO GRAU DE DETERMINAÇÃO COM QUE UMA NAÇÃO APÓIA AS POLÍTICAS EXTERNAS DE SEU GOVERNO, SEJA NA GUERRA, SEJA NA PAZ. ·QUALIDADE DA DIPLOMACIA: EM TEMPO DE PAZ, A EXECUÇÃO DA ESTRATÉGIA INTERNACIONAL DO PAÍS DEPENDE DA QUALIDADE DE SEUS DIPLOMATAS, ASSIM COMO, EM TEMPO DE GUERRA, DEPENDE DA DE SEUS GENERAIS. ·QUALIDADE DO GOVERNO: O BOM GOVERNO DEVE BUSCAR UM EQUILÍBRIO ENTRE OS RECURSOS MATERIAIS E HUMANOS, DE UM LADO, E, DE OUTRO, A POLÍTICA EXTERNA A SER IMPLEMENTADA; EQUILÍBRIO ENTRE OS RECURSOS DISPONÍVEIS E APOIO POPULAR À POLÍTICA EXTERIOR A SER IMPLEMENTADA.
	LIMITES DO
EQUILÍBRIO DE PODER
	Grau de incerteza
	- sempre pode haver erro de cálculo de força de cada participante das relações de poder.
	
	Grau de irrealidade
	- os juízos sobre o poder e sobre a força de cada participante podem estar errados.
	
	Grau de insuficiência
	- mesmo que todos os cálculos estejam corretos, pode haver falhas que só podem ser corrigidas pelo reconhecimento dos valores morais, pela influência das relações jurídicas e pela opinião pública.
	ESTADO
MUNDIAL
	Por fim, no Capítulo 22, o último de sua obra, Morgenthau lança uma idéia diferente da do equilíbrio de poder como forma de se alcançar a segurança internacional. Trata-se do Estado mundial, no qual haveria uma única personalidade jurídica e uma única estrutura estatal. Dentro desse Estado, seria criado um organismo capaz de atender às demandas dos distintos grupos humanos e seus interesses e de intervir em seus conflitos. Nesse sentido, tal organismo deveria ter uma força (inclusive militar) capaz de impedir qualquer instabilidade na paz mundial.
Ou seja,em uma ordem internacional anárquica caracterizada pela independência dos Estados, o princípio do balanço de poder deve prevalecer para alcançarmos a segurança internacional. Isso porque, essencialmente, todos os Estados são iguais e não têm obrigação alguma de se submeter a qualquer ordem internacional. Por outro lado, quando eliminamos a independência de todos os Estados em prol da constituição de um Estado mundial, entramos em uma ordem hierárquica e, portanto, apenas este teria a legitimidade do monopólio da violência manifestado em seu exército e possuiria todo o arcabouço político e legal para deter os conflitos entre as distintas nações. Logicamente, como vivemos desde 1648 (Tratado de Westfália) em uma ordem de Estados, a anarquia prevalece e, por isso, o balanço de poder também. No entanto, a idéia do Estado mundial continua a fazer parte do imaginário de muitos estudantes de Relações Internacionais como o Olimpo da segurança internacional e paz mundial.
	3. NEOREALISMO
	
O Homem, o Estado e A Guerra (1959)
Teoria da Política Internacional (1979)
	
The logic of anarchy:
neorealism to structural Realism (1993)
	
 
The Tragedy of Great Power Politics (2001)
	3.1. REALISMO DEFENSIVO – STATUS QUO (WALTZ[footnoteRef:11], 1979) [11: CACD-2017 (C): Segundo o teórico realista das relações internacionais Kenneth Waltz, a posse de uma bomba nuclear pelo Irã geraria estabilidade no Oriente Médio. OBS.: Nem mesmo o retorno das negociações com Teerã amenizou a crise, que sequer deveria existir porque a melhor saída para conter a instabilidade no Oriente Médio é um "Irã nuclear". Ao menos é isso que defende Kenneth N. Waltz, o pai da teoria do Neorrealismo, uma das mais importantes correntes das Relações Internacionais. Em um artigo na edição mais recente da revista norte-americana de política internacional Foreign Affairs, o professor da Universidade de Columbia (EUA) e pesquisador sênior no Instituto Saltzman de Estudos de Guerra e Paz, aponta que a melhor forma de estabilizar a região é colocando um fim ao monopólio de mais de 40 anos de Israel como potência nuclear no Oriente Médio. Waltz, de 88 anos, ainda argumenta que, caso isso ocorra, a possibilidade de uma guerra com o Irã de Mahmoud Ahmadinejad seria remota devido ao equilíbrio de poder. A materialização dos arsenais de ambos os lados seria o suficiente para que os países se controlassem, pensando antes de partir para a ação militar. “Nunca houve uma guerra entre estados nucleares”, destaca.] 
	- O pensamento neorrealista é tributário direto do realismo clássico, mas adaptado aos critérios de rigor científico impostos pela virada behaviorista das Ciências Sociais (e das RI), notadamente nos Estados Unidos.
- Em “Theory of International Politics”, o autor busca compreender a política internacional a partir de dois fundamentos teóricos:
· 
· 1. O caráter científico da “boa teoria” em RI: demanda oriunda do chamado “segundo grande debate” da disciplina à demanda pelo rigor metodológico e explicativo em lugar de teorias não-generalizáveis baseadas na experiência histórica e no debate filosófico. 
· 
· 2. Abordagem sistêmica/estrutural: na qual o comportamento dos Estados não decorre de características singulares do Estado (como território, liderança, demografia), mas de traços do próprio sistema internacional.
- Waltz conclui que, apesar das mudanças de polaridade, a natureza do sistema internacional continua a mesma, por conseguinte os princípios realistas continuam tão válidos quanto durante a Guerra Fria. 
- O Realismo não busca construir uma explicação universal e, portanto, como Waltz reconhece, a sua teoria de política internacional deve ser complementada por teorias de política doméstica. Ou seja, o Realismo dedica-se a entender os condicionantes estruturais que constrangem as decisões dos agentes, mas a configuração política interna oferece o filtro para a compreensão dos condicionantes estruturais e para a decisão da ação internacional.
	Realismo
X
Neo-realismo
	 NÍVEL DE
ANÁLISE
	- Realismo: Estado. 
- Neo-realismo: Sistema Internacional.
	
	Interesse
Dominante dos atores
	- Realismo: o interesse máximo dos Estados é a busca por poder
- Neo-realismo: que o principal objetivo dos Estados é sobreviver. 
	LEI
	- As leis estabelecem as relações entre as variáveis: determinam o padrão de relacionamento entre as variáveis independentes e as variáveis dependentes. 
- Metodologicamente, a variável dependente é aquela que se deseja explicar e as variáveis independentes são aquelas utilizadas para explicar a variável dependente. 
- Assim, se a relação entre as variáveis dependentes e independentes é invariante, a lei é absoluta. Entretanto, se ela for constante, porém não invariante, a relação será probabilística, no sentido de que um aumento de x nas variáveis independentes deve provavelmente produzir um acréscimo de x na variável dependente. 
- As correlações entre as variáveis dependentes e independentes não são suficientes para estabelecer uma explicação. 
	HIPÓTESE
	- Já as hipóteses são explicações alternativas para a realidade que são inferidas das teorias. Dessa forma, se as hipóteses são confirmadas conclusivamente, elas são chamadas de leis. 
	TEORIA
	- Já a teoria é definida como um conjunto de leis pertencentes a um comportamento particular ou a um fenômeno. 
- As teorias não são um amontoado de leis e, sim, afirmações que explicam as variáveis dependentes. Portanto, as teorias explicam por que há associações entre as variáveis dependentes e independentes. Assim, em última instância, as teorias explicam as leis. 
	
	REDUCIONISTA DAS R.I.
	
	- As teorias que se concentram em indivíduos ou nações como nível de análise são reducionistas, enquanto as que focam o sistema internacional são sistêmicas. 
- O reducionismo baseia-se na idéia de que o todo pode ser entendido a partir dos atributos e da interação das suas partes. Waltz considera que o reducionismo é inadequado para a compreensão da política internacional, fundamentalmente porque, em nível internacional, os diferentes Estados produziriam resultados similares e diferentes em suas relações, assim como Estados parecidos forneceriam resultados diferentes e similares em suas relações. Da mesma forma, as mesmas causas podem levar a diferentes efeitos, e os mesmos efeitos são, muitas vezes, o resultado de causas diferentes.
- As teorias reducionistas explicam os resultados da política internacional por meio dos elementos e das combinações dos elementos localizados no nível nacional ou subnacional; dessa maneira, as forças internas a um país produzem resultados externos e, portanto, o sistema internacional seria apenas o resultado da soma dessas forças. As teorias reducionistas são aquelas sobre o comportamento das partes e, uma vez explicadas essas partes, o trabalho está feito, pois o sistema é simplesmente o resultado da soma dos comportamentos individuais das unidades. Entretanto, será que a política internacional é, de fato, apenas determinada pelos gostos e desgostos dos Estados X ou Y? Quer dizer, se as mudanças internacionais são explicadas a partir do comportamento dos países, como justificar as similaridades nos resultados internacionais, mesmo com as variações dos atores? Desde os conflitos descritos por Tucídides e todos os posteriores, passando pela Guerra Fria, até a última Guerra do Iraque, os conflitos parecem nutrir profundas similaridades que não poderiam ser explicadas por características internas dos Estados. Portanto, faz-se necessária uma teoria sistêmica que seja capaz de explicar a mudança e a continuidade na política internacional. 
	
	SISTÊMICA DAS R.I.
	
	- A forma de organização dos elementos altera o comportamento e as interações entre as unidades e, portanto, em relações internacionais, haveria a necessidade de se usar uma visão sistêmica. 
- Nesse sentido, um sistema pode ser definido como um grupo de unidades que interagem entre si. 
- Em um nível, o sistema consiste em uma estrutura (o posicionamento das unidades no sistema)e, em outro, dá interação entre as unidades. 
- Em uma teoria sistêmica, parte do comportamento das unidades da política internacional e o resultado de suas interações deverão ser encontrados na estrutura do sistema. 
- O sistema internacional é estabelecido em termos de sua estrutura, ou seja, a regra de posicionamento das unidades umas em relação às outras mais o padrão de relacionamento entre as unidades. 
	
	ESTRUTURA
ANÁRQUICA
	- Uma estrutura política é o equivalente ao campo de forças em física, ou seja, as interações dentro desse campo certamente são diferentes de fora dele. Mas, afinal, o que é uma estrutura? 
- Estrutura refere-se a algo que limite os resultados a uma dada fronteira. Waltz refere-se à estrutura como uma agência de situações limitantes. Nesse sentido, a estrutura designa um conjunto de condições que constrangem os resultados da política internacional a uma dada fronteira. As estruturas são causas em política internacional, mas não de forma direta e, sim, indireta, por meio de duas formas de interação/constrangimento: socialização e competição. 
- Waltz diz que a estrutura é determinada pela forma como as partes se arranjam (se posicionam), ou seja, a posição dos Estados uns em relação aos outros no sistema internacional é mais importante que as características intrínsecas de cada um deles, como seu regime político ou a qualidade de sua liderança. Dessa forma, as mudanças estruturais são apenas as que afetam a forma como as partes se arranjam.
· A estrutura contém um elemento constante, a anarquia, e um elemento variável, a polaridade. 
· A estrutura de um sistema muda de acordo com sua distribuição de capacidades entre as unidades do sistema. Mudanças na estrutura alteram as expectativas sobre como as unidades de um sistema se comportarão e sobre as consequências das interações que eles produzem. 
- As estruturas políticas internacionais são definidas pelos seguintes termos:
	
	
	
	1. Princípio de ordenamento: Anarquia e hierarquia. Sistemas domésticos são centralizados e hierárquicos. O sistema internacional é descentralizado e anárquico. A anarquia internacional tem o seu paralelo no conceito de mercado em economia, ou seja, é o interesse egoístico e competitivo das unidades que, pelo racionalismo, faz com que o sistema funcione. Logicamente, as unidades são guiadas pelo instinto de sobrevivência. A sobrevivência é um pré-requisito de unidades racionais, mas, uma vez alcançada, os objetivos dos Estados podem variar até o ponto de buscar a eliminação de outras unidades. As mudanças no princípio de ordenamento são apenas as de ordem anárquica para hierárquica. E só as desse tipo são consideradas mudanças estruturais. 
- Kenneth Waltz: “a diferença entre a política nacional e a política internacional não diz respeito ao uso da força, mas sim aos diferentes modelos de organização utilizados para lidar com o uso da força”. 
- E quais são os modelos de organização existentes? Waltz apresenta dois, e somente dois, princípios organizadores do uso da força: a hierarquia e a anarquia.
- As relações entre unidades (ou atores) podem ser hierárquicas, envolvendo elementos claros de autoridade e obediência, ou anárquicas, não envolvendo elementos de autoridade ou de obediência. A chave, segundo Waltz, é a governança. Há uma autoridade suprema capaz de definir e aplicar leis? Se a resposta for positiva, estaremos no domínio hierárquico da política doméstica; a política feita dentro dos Estados. Se a resposta for negativa, estaremos no domínio anárquico das relações internacionais; a política feita entre os Estados.
A distribuição de capacidades nos permite verificar se o sistema é bipolar ou multipolar:
· O sistema bipolar, para Waltz, é mais estável, porque reduz as alianças não-declaradas e o grau de incerteza dos atores.
· Princípios ordenadores: enquanto a estrutura da política doméstica é centralizada e organizada hierarquicamente, a estrutura do SI é descentralizada e anárquica;
	
	
	
	2. Características das unidades (diferenciação funcional): As unidades básicas do sistema internacional são os Estados que executam as mesmas funções de economia, segurança, educação etc.; portanto, o sentido da ausência de diferenciação é dado em termos funcionais. Para Waltz, existem atores não-estatais na política internacional. No entanto, eles são não relevantes para a sua compreensão porque não podem alterar a estrutura internacional. Ou seja, a estrutura é definida pelos grandes atores e não pelos pequenos. Ainda assim, poderia ser argumentado que as grandes corporações internacionais são várias vezes maiores que a maior parte dos Estados pequenos. Entretanto, a resposta neo-realista é que, em primeiro lugar, essas empresas não possuem exércitos que defendam os seus cidadãos; em segundo lugar, as empresas dependem de ordens jurídicas estabelecidas pelos Estados e, finalmente, as pessoas não são fiéis às empresas e, sim, a seus países. Além disso, é importante dizer que os Estados têm a característica de ser soberanos, significando que eles decidem por si só como lidar com os seus problemas internos e externos, incluindo a decisão de procurar ou não ajuda externa.
· Diferenciação funcional: enquanto as unidades que compõem a estrutura doméstica são diferenciadas funcionalmente, as unidades componentes da estrutura do SI executam as mesmas funções básicas (provimento de segurança, economia, educação, etc) com um mesmo objetivo: preservar sua sobrevivência, num sistema de auto-ajuda;
	
	
	
	3. Distribuição das capacidades: Como notado nas características das unidades, os Estados não têm diferenças funcionais entre si e isso caracteriza a anarquia do sistema internacional. Assim, a diferença entre as unidades do sistema internacional é dada por variações na capacidade de executar as funções similares como defesa, política econômica, provimento de serviços de educação e saúde etc. Em termos da política internacional, as capacidades entre os Estados devem ser analisadas comparativamente (a capacidade relativa), especialmente quando lidamos com a questão de segurança internacional. Isso porque, em um sistema no qual o objetivo básico das unidades são a sobrevivência e a manutenção de sua posição na estrutura internacional, o elemento da capacidade de prover segurança deve ser visto em termos comparativos com os outros Estados, que podem ameaçar a sua segurança. As mudanças nas distribuições de capacidades são consideradas aquelas feitas dentro do sistema, pois afetam a relação entre as unidades, mas não as regras de relacionamentos entre as unidades, que somente seriam modificadas em uma mudança estrutural, dada pelo princípio de ordenamento, ou seja, uma mudança de anarquia para hierarquia. Em uma estrutura anárquica, o estado de natureza dos Estados é o da guerra, visto que cada um retém a vontade soberana de decidir usar ou não a força em relação aos outros Estados. 
- A anarquia internacional encontra o seu paralelo em uma economia de mercado, na qual o efeito do mercado nas firmas é o de auto-regulação, ou seja, não é o governo que determina a alta ou queda dos preços em geral na economia nem cria ou quebra empresas. Na verdade, o efeito da estrutura de mercado faz com que as firmas compitam entre si e, inclusive, tenham de responder a choques exógenos, como bruscas mudanças de custos causadas por alterações de preços de matérias-primas.
· - Distribuição de capacidades: dadas as características anteriores, tem-se que o que diferencia as unidades do SI é a distribuição de capacidades entre elas.
- Sistema hierárquico: unipolaridade
- Sistemas anárquicos: bipolaridade (mais estável) e multipolaridade (menos estável). 
	
	INTERAÇÃO
	- 
	
	
	Socialização 
	- A convivência social dos atores da política internacional, os Estados produz certas normas de comportamento que vão limitando e moldando o comportamento esperado por parte desses atores. A estrutura por meio da socialização compele os Estados a evitar determinados comportamentos, mas, tal como em grupos sociais,pode haver ‘rebeldes’. Entretanto, esses rebeldes serão punidos socialmente, de forma que ou eles voltam a se comportar de forma socialmente aceitável ou serão eventualmente expulsos do grupo. 
· - impõe padrões de ação aceitáveis, sendo marginalizados/sancionados caso atuem fora do que é aceito.
	
	
	Competição
	- Do mesmo modo que a socialização empurra os atores a reagir de uma certa forma padronizada, a competição também trabalha nesse sentido. Como na teoria econômica da firma, os Estados competem para sobreviver no sistema internacional, o que os leva a se comportar de maneira racional, da mesma forma que a teoria econômica prevê que a firma seja uma unidade maximizadora da utilidade e, portanto, é o elemento estrutural da competição que a leva a baratear seus custos, aperfeiçoar seus processos etc. 
- Nas relações internacionais, a competição leva os Estados a proceder racionalmente, de forma que apenas aqueles mais bem-adaptados sobrevivem no sistema internacional. 
· - as ações dos mais bem-sucedidos são reproduzidas pelos demais, perpetuando-se um padrão de ação específico para se continuar no jogo. 
	
	CONCLUSÕES
	INTER
DEPENDÊNCIA
	· - A interdependência é frágil: “num sistema de auto-ajuda cada unidade gasta uma porção de sua energia, não avançando o seu próprio bem, mas provendo os meios de proteger a si próprio contra os outros” 
	
	
	COOPERAÇÃO
	- A cooperação é difícil: “Quando deparados com a possibilidade de cooperação em prol do ganho mútuo, Estados que se sentem inseguros devem perguntar como o ganho será dividido. Eles tendem a perguntar não “ambos ganharemos?” mas sim “quem ganhará mais?” 
	
	
	balanço de podeR
	- O balanço do poder parte da premissa de que os Estados são unidades que, no mínimo, desejam preservar a si próprios e, no máximo, pretendem dominar o universo. 
- Em função desses objetivos, os Estados utilizam meios internos para alcançá-los, como estratégias de aumento da força militar ou econômica, e meios externos, como tentativas de aumentar o número de Estados em sua aliança ou diminuir a aliança de um Estado opositor. 
- Por conseguinte, em um sistema competitivo, os Estados tendem, ao olhar para as capacidades relativas e para o seu objetivo mínimo de sobrevivência, a buscar equiparar minimamente as suas capacidades com as dos outros Estados, especialmente em relação à segurança, porque as capacidades desiguais nesse setor devem originar Estados mais fracos. 
- Com o constante medo de ser atacado e destruído pelo Estado mais forte, o mais fraco sempre buscará balancear o poder do mais forte na tentativa de criar uma condição de equilíbrio de poder. 
- Os requisitos para que haja balanço de poder são uma ordem anárquica e as unidades que desejem, no mínimo, sobreviver. 
- Nesse sentido, a primeira preocupação dos Estados não seria a de maximizar o seu poder e, sim, garantir a sua posição no sistema internacional e é por isso que, essencialmente, os Estados se ‘balanceiam’. 
· Equilibrar (balancing): Estados visam garantir sua segurança limitando a projeção de poder dos demais, seja por vias internas (aumento das capacidades) ou externas (formação de alianças);
	
	
	bandwagon
	- Bandwagon: no momento em que fica caracterizado que um Estado é líder, mesmo que regional, todos os outros tendem a segui-lo, porque eles podem querer (assim como as pessoas) estar próximos dos ganhadores. Na competição pela liderança, bandwagon é um importante componente da formação da coalizão em torno do líder. 
- O balanço de poder e bandwagon parecem, nesse sentido, como comportamentos contraditórios, e a determinação do comportamento do Estado em relação a essas duas estratégias é dada pela estrutura internacional. Isso quer dizer que, no caso de duas coalizões fortes, os Estados tenderão a se agrupar em torno dos pólos. Os Estados secundários devem se engajar em balanço de poder apenas quando fizerem parte de coalizões diferentes. 
- Em um mundo multipolar, há uma tendência de agrupamento em torno de vários pólos que vão se balancear entre si. 
- Em um mundo unipolar, os Estados tendem a se balancear entre si, buscando diminuir a força da grande potência mundial, uma vez que a preocupação primária desses Estados é garantir sua posição no sistema internacional, em vez de buscar maximizar o poder. 
- O poder é medido ou traduzido pelas capacidades conjugadas que os Estados têm em seus setores políticos, econômicos e militares. Deve-se observar que a combinação delas mostra quanto um Estado é poderoso. 
- As condições para a manutenção da estabilidade do sistema internacional são dadas enquanto o sistema permanece anárquico e quando não há uma diferença no número de unidades que cause a expectativa de uma mudança estrutural. 
- A anarquia é uma condição de estabilidade, pois significa uma ordem de Estados. Essa condição está intimamente ligada ao número de unidades no sistema, ou seja, as grandes variações no número de Estados, tanto para mais como para menos, significam a integração e a desintegração deles e, portanto, essas situações vão compelir os Estados a buscar, de todas as formas, continuar existindo como tais no sistema internacional.
- Quando comparamos os sistemas unipolares, bipolares e multipolares, qual o sistema mais estável? Segundo Waltz, o sistema bipolar é mais estável que os outros, pois é preciso dois países para haver balanceamento de poder (duopólio). 
- Mais de dois pólos implica várias partes tentando barganhar, trazendo instabilidade para o sistema (distúrbio no balanço de poder), enquanto apenas uma parte indica que outros Estados tentarão diminuir o poder da grande potência pelo temor de que uma ordem unipolar signifique a diminuição de suas soberanias em relação à grande potência.
· Ir a reboque (bandwagoning): Estados pequenos tendem a alinhar-se a um dos polos de poder (geralmente o mais fraco, que é o que menos o ameaça);
Waltz deixa uma questão importante em aberto. Com quem os Estados pequenos se alinharão na política internacional? Para respondê-la, outro estudioso do neorrealismo, Stephen Walt, oferece uma leitura complementar à teoria waltziana, refinando-a a partir do conceito de equilíbrio de ameaça (ou balance of threat):
De todo modo, a principal preocupação dos Estados é manter sua posição no sistema:
 
	
	CÍTICAS
	- Se Waltz tem o mérito de ter avançado em uma teoria sistêmica das Relações Internacionais, seu defeito está nessa estreita definição sistêmica estabelecida em termos de estrutura e interação das unidades. A estrutura é vista como a grande força que dá forma à política internacional, mas não explica completamente o comportamento das unidades. Para isso, como o próprio Waltz afirma, seria necessário complementar sua teoria com uma teoria de política doméstica, ou seja, toda variação de comportamento que não puder ser explicada pela estrutura é jogada para o nível da unidade, o que acaba impedindo a construção de uma boa teoria sistêmica de Relações Internacionais. Portanto, na verdade, a sua teoria não consegue estabelecer uma clara fronteira entre efeitos sistêmicos e efeitos das unidades. Por conta disso, o Neo-Realismo é constantemente bombardeado como uma teoria estreita e estática. A limitação no foco da estrutura política tende a marginalizar e excluir os efeitos econômicos ou a capacidade de os Estados superarem as limitações estruturais por meio da comunicação e das normas. 
- Em Waltz, as mudanças são ausentes, como no caso da estrutura profunda da anarquia, ou pouco freqüentes, como a mudança de sistemas multipolares para bipolares. Em todo caso, as fontes da mudança estão situadas exogenamente em relação à definição da estrutura do sistema.
	3.2. REALISMO ESTRUTURAL (BUZAN[footnoteRef:12], JONES E LITTLE) [12: Faz parte da Escola de Copenhague. ] 
	- O Realismo Estrutural surge em meados da década de 1990 e denota a revisão teórica européia do Realismo: tentativa de, ao mesmo tempo, criticar o Realismo waltziano e buscar renová-lo incorporando as preocupações dos debates epistemológicos

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