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1 • Introdução • Amebíase (Entamoeba) É a segunda doença maior causa de mortes por doenças parasitológicas perdendo apenas para malária. A amebíase é uma infecção cujo agente causal – Entamoeba histolytica – é um dos protozoários mais conhecidos. O parasito pode colonizar o lúmen intestinal do indivíduo acometido de maneira assintomática, como ocorre em 90% dos casos, ou pode se manifestar de maneira mais grave, levando a grande instabilidade orgânica. A infecção está, muitas vezes, associada aos hábitos de higiene do indivíduo e a doença manifesta- se, geralmente, com um quadro de diarreia e dor abdominal, embora também possa apresentar-se com quadro extraintestinal. A infecção por E. histolytica, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma das principais causas de morte por protozoário no mundo, acometendo cerca de 10% da população mundial. Esse dado reflete a capacidade do parasito de invadir os tecidos e causar o adoecimento humano. A amebíase foi descrita pela primeira vez há mais de 130 anos, na Rússia, por Lösch, e desde então muitos estudos têm sido realizados para melhor compreensão do parasito e da fisiopatologia da doença. Amebíase é definida como a infecção pelo protozoário Entamoeba histolytica, do filo Sarcomastigota, classe Sarcodina, ordem Amoebida, gênero Entamoeba, apresentando ou não manifestações clínicas. Os protozoários da classe Sarcodina são organismos que se movem e incorporam alimentos através de pseudópodes. Existem outros membros dessa classe que se encontram no trato gastrintestinal do homem, mas que não são considerados patogênicos, como Entamoeba coli, Entamoeba hartmanni, Entamoeba poleck, Endolimax nana, Iodamoeba butschlli e Entamoeba dispar. Testes bioquímicos, imunoenzimáticos, imunológicos e genéticos demonstraram que em mais de 90% das amebíases assintomáticas trata-se da Entamoeba dispar, o que vale ressaltar que a concepção moderna deva ser a dualista, definindo a E. dispar para espécie não patogênica. 2 A amebíase é uma doença com distribuição geográfica mundial, com predominância nas regiões tropicais e subdesenvolvidas, onde as condições de higiene e socioeconômicas são precárias. Calcula-se que de 5 a 50% da população mundial tenham E. histolytica no lúmen intestinal, variando segundo as regiões. Cerca de 10% exibem sintomas clínicos, que vão desde os não específicos de doença gastrintestinal até disenteria, colite e ameboma. De 2 a 20% dos indivíduos sintomáticos progridem para invasão extraintestinal com formação de abscesso, especialmente do fígado, com alto índice de letalidade. Estima-se que entre 40.000 e 110.000 óbitos anualmente se devam à amebíase, principalmente no Oriente Médio, na África e na Índia, o que classificaria esta protozoose como a segunda causa de mortalidade, dentre as parasitoses humanas, perdendo apenas para a malária. No Brasil, segundo levantamento efetuado em diversas regiões, a prevalência de E. histolytica varia de 2 a 50%, sendo alta em algumas cidades como Manaus, Belém, João Pessoa e Porto Alegre. Nos estados da Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, a incidência da amebíase é relativamente alta, enquanto no estado de São Paulo os inquéritos realizados mostram uma incidência que varia de 10 a 20%. Com base em exames parasitológicos de fezes, efetuados em coletividades diversas, ficou demonstrada a disseminação de E. histolytica em todos os países. Contudo, de acordo com Neves (2003), um número maior de portadores sintomáticos é encontrado em países como México, Caribe, Colômbia, Peru, Equador, África do Sul, Egito, Marrocos, Iraque, Índia, Bangladesh, Tailândia, Vietnã, além dos EUA. No caso específico dos EUA, cerca de 3.500 casos de amebíase são notificados por ano aos Centros de Controle de Doenças. Grupos reconhecidamente de alto risco incluem: viajantes, imigrantes, trabalhadores migrantes, pessoas imunocomprometidas, internos em institutos para doentes mentais e homossexuais sexualmente ativos, predominando, dentre os homossexuais masculinos, cepa não patogênica do organismo. Alguns países tem uma incidência elevada de amebíase extraintestinal, como a Índia, o México, a Tailândia e vários países do Oriente Médio e do norte da África. A transmissão de E. histolytica se dá por meio da ingestão de alimentos e água contaminados com cistos tetra nucleados, ocorrendo o desencistamento no íleo, com formação de oito amebas metacísticas, que migram para o ceco, onde formam colônia. Moscas e baratas contribuem para sua transmissão em áreas endêmicas. A transmissão direta de E. histolytica de pessoa a pessoa é muito frequente em hospitais para doentes mentais, asilos e presídios, onde as condições de higiene são precárias. E. histolytica pode parasitar homens de qualquer idade, mas sua frequência é menor nos primeiros anos de vida. Não existe diferença da prevalência de E. histolytica quanto ao sexo, não obstante alguns trabalhos relatem que a mulher seja um pouco menos infectada que o homem; todas as etnias são sensíveis à Infecção. . Medidas que visam diminuir consideravelmente a prevalência da amebíase são: educação sanitária, melhora das condições socioeconômicas e culturais, ampliação da rede de água tratada e de esgoto, coleta de lixo constante de toda a população, combate aos insetos veiculadores, tratamento adequado dos doentes e portadores assintomáticos. De acordo com o Comitê de Peritos da Organização Mundial da Saúde, são dois os principais grupos de formas clínicas de amebíase: assintomáticas e sintomáticas. Cerca de 90% dos indivíduos infectados por Entamoeba histolytica exibem infecção assintomática e constituem um vasto reservatório do parasito. Porém, alguns desses indivíduos podem tornar-se sintomáticos desde que o parasito avirulento e comensal adquira virulência e venha a invadir a mucosa 3 intestinal. Logo, entende-se que indivíduos com a forma assintomática não possam receber a denominação de portadores sadios e, uma vez encontrados cistos nas fezes, há necessidade de tratamento. São duas as formas principais, por sua importância clínica: disenteria amebiana, mais rara, e colite não disentérica, mais frequente e responsável por grande número de pacientes infectados. Além dessas formas, tem-se também ameboma e apendicite amébica. O termo amebíase refere-se ao parasitismo humano por E. histolytica e E. dispar, acompanhado ou não de manifestações clínicas. Embora durante quase um século E. histolytica tenha sido considerada uma única espécie, definem-se atualmente duas espécies morfologicamente idênticas, que diferem em características bioquímicas, imunológicas, genéticas e epidemiológicas, associadas à amebíase humana: E. histolytica, patogênica, e E. dispar, não patogênica. Quando o diagnóstico específico não for possível, recomenda-se referir-se ao protozoário como E. histolytica/E. dispar. A existência de duas espécies distintas explicaria, pelo menos em parte, a grande variedade de manifestações clínicas associadas à amebíase, como originalmente descrito por Émile Brumpt em 1925. Uma terceira espécie morfologicamente indistinguível de E. histolytica/E. dispar, originalmente isolada a partir de amostras colhidas na rede de esgotos da cidade de Moscou em 1941, também infecta o ser humano. Trata-se de Entamoeba moshkovskii, também descrita, em 1961, como a cepa Laredo de E. histolytica. Existem atualmente métodos moleculares que tornam possível o diagnóstico específico de infecções por E. moshkovskii. Entretanto, resta determinar a contribuição relativa dessa espécie, inicialmente descrita como um protozoário de vida livre, como causa de amebíase humana (Heredía et al., 2012). Uma das características marcantes de E. moshkovskii é sua capacidade de crescimento, in vitro, em temperaturas que variam entre 4°C e 40°C. Finalmente, a quarta espécie semelhante a E. histolytica,que recebeu o nome de Entamoeba bangladeshi, foi recentemente descrita em crianças de Daca, capital de Bangladesh. As primeiras análises filogenéticas mostram que E. bangladeshi pertence ao mesmo clado que as demais Entamoeba que infectam seres humanos, e é mais próxima a E. histolytica que E. dispar e E. moshkovskii (Royer et al., 2012). Diversas espécies de Entamoeba infectam primatas não humanos, incluindo E. hartmanni, E. dispar e E. nuttalli, uma espécie frequentemente confundida com E. histolytica (Elsheikha et al., 2018). • Etiologia • Existem sete espécies de amebas que vivem em simbiose com o organismo humano, mas somente a E. histolytica exerce ação patogênica no homem. Ela é um protozoário pertencente ao reino Protozoa, conforme apresentado no Quadro 18.1, no qual estão listadas as espécies do gênero Entamoeba. A E. histolytica pode apresentar duas formas evolutivas: o cisto multinucleado ou o trofozoíto móvel e uninucleado. Os cistos são encontrados na água e nos alimentos contaminados com fezes, são resistentes à acidez gástrica e assumem a forma de trofozoítos, no intestino grosso. As espécies de ameba se diferenciam pelo número de núcleos presentes nos cistos, pelo tamanho dos trofozoítos e pelas inclusões citoplasmáticas dos protozoários; à exceção de E. histolytica, E. dispar e E. moshkovskii, que se diferenciam pelo quadro clínico apresentado pelo paciente, sendo que a confirmação da espécie relacionada à infecção é determinada através de ensaios imunoenzimáticos. Os trofozoítos são uninucleados e possuem uma dupla camada na sua membrana externa, onde é encontrado o glicocálix. Eles são extremamente móveis e, por não contarem com mitocôndrias, a energia necessária para o seu metabolismo é proveniente de reação anaeróbica. Os cistos são estruturas redondas, com quatro núcleos e inertes, e o processo de encistamento é ativo, ou seja, com consumo de energia https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527736473/epub/OEBPS/Text/chapter018.xhtml?create=true&favre=brett#qua18-1 4 A E. histolytica pode ser patogênica ou não patogênica. Os trofozoítos patogênicos são caracterizados pela emissão constante de pseudópodos e pela presença de hemácias no citoplasma da célula. Essa forma evolutiva não é encontrada, com frequência, nas fezes, com exceção das situações em que há disenteria. Os trofozoítos presentes na forma não invasiva, também denominada não patogênica da infecção, igualmente emitem pseudópodos. Nesse caso, a infecção pode, na verdade, ser causada pela E. dispar, agente similar à E. histolytica. Os cistos são formados no intestino a partir dos trofozoítos, após processo de desidratação e secreção de parede cística. Essa forma evolutiva é observada nas fezes, com maior frequência, e por isso também é denominada forma infectante. • Epidemiologia • Aproximadamente 10% da população mundial está infectada com o complexo E. histolytica/dispar. Entretanto, 90% dessas infecções são assintomáticas e provavelmente causadas pela E. dispar, considerada, por grande parte dos pesquisadores, como não patogênica. Em relação aos 10% das infecções possivelmente causadas pela E. histolytica, apenas 1% representa a forma invasiva da doença. A amebíase consiste, ainda, em um importante problema de saúde pública em diferentes regiões do planeta. A ocorrência da moléstia é maior em países com sistema de saneamento e tratamento de água inadequados, como Bangladesh, África do Sul e Vietnã. No Brasil, a prevalência da infecção é variável, conforme a região e, consequentemente, os fatores a ela associados, como as condições sanitárias e socioeconômicas. Em Belém, por exemplo, a prevalência dos casos de amebíase hepática é frequentemente mais elevada que em outras regiões, com taxa de 29,35%. A prevalência da infecção pela E. histolytica em Manaus é de 6,8% e em Fortaleza de 14,9%. O clássico estudo QUADRO 18.1 Classificação taxonômica do gênero Entamoeba. Domínio Domínio Filo Amoebozoa Classe Lobosa Ordem Amoebida Família Entamoebidae Gênero Entamoeba Espécies Entamoeba bangladeshi, Entamoeba bovis, Entamoeba chattoni, Entamoeba coli, Entamoeba dispar, Entamoeba ecuadoriensis, Entamoeba equi, Entamoeba gingivalis, Entamoeba hartmanni, Entamoeba histolytica, Entamoeba insolita, Entamoeba invadens, Entamoeba marina, Entamoeba moshkovskii, Entamoeba muris, Entamoeba nuttalli, Entamoeba polecki, Entamoeba ranarum, Entamoeba struthionis, Entamoeba suis, Entamoeba terrapinae 5 de Braga et al. (1998) analisou amostras de fezes por meio de microscopia e também revelou percentuais semelhantes. A taxa de infecção parasitária, considerando protozoários e helmintos, foi de 52,4%, sendo que a maior parte dos indivíduos, 44,6%, apresentou infecção mista. E. dispar e E. histolytica foram os protozoários parasitas mais frequentes, com cerca de 8% de prevalência. Outro estudo, mais recente, analisou 1.195 amostras de fezes, por meio de microscopia, e revelou 456 positivas para o complexo E. histolytica/dispar. Essas amostras foram submetidas a um teste de diferenciação utilizando anticorpos monoclonais antiadesina de E. histolytica, e nenhuma delas mostrou-se positiva. A distribuição da E. histolytica pelo mundo é ampla quando se inclui nesse grupo a infecção assintomática pelas cepas não patogênicas (incidência anual entre 5 e 50% da população, correspondendo a 50 milhões de infecções por ano). Quando se contabiliza somente o número de pessoas sintomáticas com o parasito, esse número cai drasticamente. A ameba é transmitida, com frequência, pelas mãos sujas, que, infectadas durante a higiene anal, podem albergar a E. histolytica por um período de até 5 minutos e/ou água e alimentos contaminados. Outro fator de risco é a relação sexual desprotegida, principalmente a penetração anal e a prática de sexo oral. • Países com precárias condições de higiene, educação sanitária e alimentação • Atinge todas as idades • Cistos permanecem viáveis durante 20 dias (ao abrigo da luz solar e em condições de umidade) • Morfologia • A classificação das espécies do gênero Entamoeba baseia-se muito em caracteres morfológicos, fato este que determina, por vezes, confusão taxonômica (Ciência que classifica os seres vivos). Possui duas formas: trofozoíto e cisto, sendo que o trofozoíto não apresenta forma definida (ameboide), mede de 20-30 µm e apresenta um único núcleo (Figura 3.5A). A espécie que determina patogenia em seres humanos é a E. histolytica. As formas coradas apresentam-se esféricas, porém, em vivo, são móveis e permitem observar a emissão de pseudópodes. Essa forma pode ser invasiva ou extraintestinal, determinando casos graves. O cisto de E. histolytica é esférico e mede ao redor de 8-20 µm de diâmetro, podendo ser visualizado tanto em preparações coradas com lugol quanto pela hematoxilina férrica; possui de 1 a 4 núcleos, sendo o cisto tetranucleado a forma infectiva (Figura 3.5B). Tanto no trofozoíto como no cisto, a disposição do material genético no núcleo permite a diferenciação específica, possuindo E. histolytica uma cromatina delicadamente dispersa ao longo da carioteca e um cariossoma (material nuclear destacado da cromatina periférica) puntiforme e centralizado. Cabe salientar que uma segunda espécie morfologicamente idêntica à E. histolytica, porém não patogênica, chamada E. dispar, é comumente encontrada em infecções únicas e/ou mistas com aquela espécie, levando a diagnósticos errôneos. Além disso, outra espécie denominada E. coli, considerada comensal, também é frequentemente encontrada infectando seres humanos. 6 Trofozoíto de Entamoeba histolytica: Resumo das Principais Características Morfológicas Parâmetro Descrição Variação de tamanho 8–65 μm Motilidade Progressiva, pseudó-podos digitiformes Número de núcleos Um Cariossomo Pequeno e central Cromatina periférica Delgada e distribuída uniformemente Citoplasma Finamentegranular Inclusões citoplasmáticas Eritrócitos fagocitados Amebiase é a 3° doença de maior importância epidemiologia, 1° malária e 2° esquistossomose, em número de casos de pessoas que morrem. No Brasil há circulação de cepas com baixa virulência, porém nos países africanos e na índia há uma taxa alta principalmente infantil. O trofozoíto está sempre dentro dos hospedeiros. Apresenta um único núcleo, não há forma definida. O citoplasma é diferenciado em ectoplasma e endoplasma. Região mais interna e mais corada mais concentrada, é o endoplasma. O ectoplasma é mais externo e mais fluídico. Endoplasma empurra o ectoplasma e assim o ectoplasma faz com que a membrana sofra a proeminência. Com esse fluxo a ameba consegue se deslocar e também se alimentar através da fagocitose. Vamos ter o CISTO, pré-cisto e o metacisto. Nesse ciclo temos o trofozoíto, a forma metacística (forma multinucleada onde o trofozoíto está se multiplicando), estagio que antecede o cisto, chamado de pré-cisto é um estágio circular, e tem um núcleo único e grande. O núcleo do pré-cisto se divide em dois ou até em quatro, a entamoeba histolitica apresenta de 1 a 4 núcleos visíveis no cisto, nem sempre dá pra FIGURA 3-2 A, Trofozoíto de Entamoeba histolytica. B, Trofozoíto de Entamoeba histolytica. Endoplasma Ectoplasma Pseudópode 7 enxergar. E o cisto é a forma de resistência, apresenta vacúolos de glicogênio também. Para identificar as diferentes espécies de ameba leva se em consideração a quantidade de núcleos dentro do cisto. Presença de entamoeba coli, é uma indicadora de contaminação fecal, não faz parte dos microbiotas no organismo. Amebas comensais, exercem comensalismo, sem prejuízo para o hospedeiro não é uma relação ecológica de parasitismo, porem são espécies que entram em nossos organismos por ingestão de alimentos contaminados exemplo: Entamoeba Coli é a mesma abreviação da bactéria, se atentar a isso. A importância das comensais é por que são indicadoras de contaminação fecal, por isso é importante saber delas. O habitat da E. Histolytica é no intestino grosso, podendo ocasionalmente penetrar na mucosa e causar ulcerações intestinais ou em outras regiões, vive como espécie cavitaria, inclusive quando está vivendo na luz intestinal não é parasita, passa a ser apenas quando invade e se alimenta das nossas células e no local onde ela penetra destrói o tecido e causa ulcera. Ela pode causar essas ulcerações em outras regiões seria uma amebíase Extraintestinal. Se locomovem por pseudópodes, ingestão por fagócitos e pinocitose e se multiplicam por divisão binária ou assexuado. 8 Trofozoítos. Os trofozoítos de E. histolytica variam em tamanho de 8 a 65 μm, com um tamanho médio de 12 a 25 μm (Figs. 3-2 a 3-4; Tabela 3-1). Note que os nomes de parasitos são frequentemente abreviados, utilizando apenas a primeira letra do gênero seguida do nome da espécie; portanto, E. histolytica é a versão abreviada de Entamoeba histolytica. As abreviaturas serão utilizadas para todos os nomes de parasitos neste livro, quando apropriado. Os trofozoítos apresentam movimentos rápidos, unidirecionais e contínuos, obtidos através da emissão de pseudópodos hialinos digitiformes. O único núcleo contém uma pequena massa central de cromatina conhecida como cariossomo. Variantes do cariossomo incluem material cariossômico excêntrico ou fragmentado. O cariossomo desta ameba é circundado por uma estrutura morfológica denominada cromatina periférica. Esta cromatina periférica é tipicamente delgada e igualmente distribuída ao redor do núcleo em um círculo perfeito. Variações, como cromatina periférica irregular, também podem ser observadas. Apesar da aparência do cariossomo e da cromatina periférica poderem variar, a maioria dos trofozoítos mantém as características mais típicas descritas acima. O núcleo, quase invisível em preparações não coradas, se torna aparente quando corado. Preparações coradas podem revelar fibrilas localizadas entre o cariossomo e a cromatina periférica. O trofozoíto de E. histolytica tem citoplasma finamente granular, lembrando a aparência de vidro fosco. A presença de eritrócitos no citoplasma é considerada patognomônica, pois E. histolytica é a única ameba intestinal que exibe essas características. Bactérias, leveduras e outros detritos também podem ser encontrados no interior do citoplasma, entretanto sua presença não é exclusiva desta espécie. FIGURA 3-3 Trofozoíto de Entamoeba histolytica apresentando cariossomo central típico e cromatina periférica uniforme, resultando em um perímetro nuclear liso (coloração tricrômica, ×1000). FIGURA 3-4 Trofozoíto atípico de Entamoeba histolytica. Note o cariossomo excêntrico (coloração por hematoxilina férrica, ×1000). https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595151475/epub/OEBPS/Text/B9788535274776500112.xhtml?create=true&favre=brett#f2 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595151475/epub/OEBPS/Text/B9788535274776500112.xhtml?create=true&favre=brett#f2 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595151475/epub/OEBPS/Text/B9788535274776500112.xhtml?create=true&favre=brett#cetable1 9 Cistos Os cistos arredondados a esféricos de E. histolytica são menores do que os trofozoítos, medindo de 8 a 22 μm, com uma média de 12 a 18 μm (Figs. 3-5 e 3-6; Tabela 3-2). A presença de uma parede cística hialina auxilia a identificação deste estádio evolutivo. Cistos imaturos apresentam estruturas quadradas ou arredondadas denominadas corpos cromatoides, compostas por RNA condensado. Um vacúolo de glicogênio sem limites definidos, o qual se acredita ser uma reserva nutritiva, também é visível em cistos imaturos. À medida que o cisto amadurece, o vacúolo de glicogênio desaparece, provavelmente em virtude do uso do nutriente armazenado. Normalmente são observados de um a quatro núcleos. Estes núcleos têm morfologia similar ao núcleo do trofozoíto, porém normalmente são menores. Variações nucleares podem ocorrer, sendo as mais comuns a posição excêntrica do cariossomo (em vez da localização central típica), a presença de placas finas de cromatina periférica ou um agrupamento de cromatina periférica em um lado do núcleo, conferindo aparência de formato crescente. Os núcleos na Figura 3-3 estão aumentados para demonstrar a morfologia nuclear. O cisto infectante maduro é tetranucleado (contém quatro núcleos). O citoplasma é fino e granular. Eritrócitos, bactérias, leveduras e outros detritos não são encontrados no estádio de cisto. Trofozoíto: - Lesões tissulares, em culturas ou disenterias; FIGURA 3-5 A, Cisto de Entamoeba histolytica. B, Cisto de Entamoeba histolytica-Entamoeba dispar. FIGURA 3-6 Cisto de Entamoeba histolytica. Note o núcleo único e corpos cromatoides evidentes (coloração por hematoxilina férrica, ×1000). Coloração tricrômica de um cisto de Entamoeba histolytica, com dois núcleos e corpos cromatoides, em forma de barras, no citoplasma. https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595151475/epub/OEBPS/Text/B9788535274776500112.xhtml?create=true&favre=brett#f5 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595151475/epub/OEBPS/Text/B9788535274776500112.xhtml?create=true&favre=brett#f6 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595151475/epub/OEBPS/Text/B9788535274776500112.xhtml?create=true&favre=brett#cetable2 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595151475/epub/OEBPS/Text/B9788535274776500112.xhtml?create=true&favre=brett#f3 10 - Único núcleo; - Citoplasma diferenciado em ectoplasma e endoplasma. Pré-cisto: - Fase intermediária entre o trofozoíto e o cisto; Metacisto: - Forma multinucleada; - Encontrada no intestino delgado, onde sofre divisões, originando trofozoítos. Cistos ou forma de resistência: - Possuem de um à quatro núcleos; - Cariossoma pequeno e central; - Citoplasma com vacúolos de glicogênio e corpos cromatoídes.Habitat: luz do intestino grosso podendo ocasionalmente penetrar na mucosa e produzir ulcerações intestinais ou em outras regiões; - Locomoção: pseudópodes; - Ingestão: fagocitose e pinocitose; - Divisão binária dos trofozoítos. • Ciclo Biológico • As amebas intestinais apresentam um ciclo relativamente simples. A infecção começa com a ingestão de formas resistentes, os cistos, em geral com água ou alimentos contaminados por fezes de indivíduos portadores de E. histolytica. O desencistamento, que tem lugar no intestino delgado do novo hospedeiro, só se opera a partir de cistos maduros e não exige mais que temperatura adequada (37°C) e um meio anaeróbio. Aí, de cada cisto tetranucleado formam-se oito pequenas amebas com um só núcleo — estádio ou forma 11 metacística — que se alimentam e crescem na luz intestinal para logo alcançarem a forma trofozoítica (Fig. 9.1). As amebas maduras são maiores que as metacísticas e muito ativas. Fagocitam bactérias e outras partículas nutritivas do meio e podem multiplicar-se indefinidamente na luz do intestino grosso. Mas, em dado momento, algumas das formas trofozoíticas que se encontram no bolo fecal reduzem sua atividade, deixam de emitir pseudópodes, fagocitar e formar vacúolos digestivos, diminuem de tamanho e se arredondam para constituir uma forma pré-cística. Em torno das amebas pré-císticas é segregado um envoltório resistente, a parede cística, e o núcleo divide-se duas vezes para que se constituam novamente cistos típicos, com quatro núcleos. Graças ao encistamento, os parasitos expulsos com as fezes podem resistir às condições do meio exterior e propagar-se. Em alguns casos, a E. histolytica apresenta capacidade invasiva da mucosa intestinal, penetra nos tecidos e aí coloniza, produzindo formas trofozoíticas maiores que as encontradas na cavidade intestinal. Estas amebas grandes e invasivas constituem a forma que alguns autores denominam “magna” de E. histolytica. O parasito desenvolve, então, um ciclo patogênico, alimentando-se de hemácias, de células ou de fragmentos celulares. Multiplica-se nos tecidos do hospedeiro por divisão binária, mas sem produzir cistos. O ciclo não patogênico, na luz do intestino grosso, e o ciclo patogênico, que se realiza nos tecidos da parede intestinal, do fígado ou de outros órgãos, podem ocorrer simultaneamente ou não. Entretanto, a sobrevivência do parasito, a largo prazo, depende das amebas que permanecem na luz intestinal, únicas capazes de produzir cistos, que passam de um hospedeiro a outro. O ciclo da E. histolytica (Figura 18.1) é monoxênico. No hospedeiro humano, o parasito desenvolve- se quando o indivíduo ingere cistos maduros presentes em água, alimento e mãos sujas. A prática de sexo anal/oral é também uma fonte de aquisição dessas formas evolutivas. Os cistos são resistentes ao suco gástrico, e somente no intestino delgado começam a sofrer modificações, mais especificamente na região ileocecal. Nesse local, ocorre o processo de desencistamento (saída do metacisto por uma fenda na parede cística), favorecido por temperatura compatível e meio anaeróbio. O metacisto sofre, então, diversas divisões celulares, formando quatro e, posteriormente, oito trofozoítos metacísticos uninucleares. Chegando ao intestino grosso, essas estruturas se desenvolvem e originam os trofozoítos, que ali permanecem aderidos. Por um processo ainda não muito bem esclarecido, tais formas sofrem desidratação, formando os pré-cistos. Por último, esses agentes recém-formados secretam uma membrana cística, dando origem ao cisto, que será eliminado nas fezes, continuando o ciclo. Assim, o ciclo biológico da E. histolytica envolve quatro estágios: cisto, metacisto, trofozoíto e pré-cisto. Ciclo biológico: O ciclo de E. histolytica é direto e monoxênico, iniciando pela ingestão de formas císticas maduras presentes em alimentos e/ ou água contaminados com fezes de indivíduos infectados (Figura 3.6). Após a passagem pelo tratamento ácido do estômago, as formas desencistam na porção terminal do intestino delgado ou mesmo no intestino grosso. Após a diferenciação em formas trofozoítas, o parasito realiza divisões binárias simples e vive junto à mucosa intestinal. Em condições normais, essas formas desprendem-se e ao longo do trato intestinal grosso novamente diferenciam-se em cistos, realizando sucessivas divisões nucleares. Até esse ponto, o ciclo é o mesmo que para E. coli e E. dispar. Quando da ocorrência de amebíase extraintestinal, que tem como agente causal exclusivamente a E. histolytica, formas trofozoítas perfuram a parede do intestino e disseminam-se pelo organismo. Em casos disentéricos, a presença de formas trofozoítas contendo hemácias pode ser observada nas fezes diarreicas. Imunologia e patologia A infecção provocada pela cepa invasiva pode cursar com quadro assintomático em cerca de 10 a 40% dos casos de infecção. No entanto, acredita-se que, em um período de um ano, essa cepa seja capaz de causar a síndrome da amebíase invasiva. O contrário acontece com a cepa não patogênica, que representa a maior parte dos casos na população e cursa em 90% das vezes com quadro assintomático. Um dos fatores que diferencia a cepa patogênica da não patogênica e que, por isso, influencia seu mecanismo patológico, é a presença da lectina de aderência, encontrada na superfície da cepa patogênica. Trata-se de uma adesina essencial para a função citolítica, de aderência e reconhecimento da E. histolytica, pela célula-alvo. Além disso, essa molécula constitui importante marcador laboratorial no diagnóstico da doença. Ao entrar em contato com a superfície epitelial intestinal, a lectina é inibida pela galactose ali presente, estimulando uma resposta T supressora, inibindo a formação de uma resposta celular efetiva e https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527736473/epub/OEBPS/Text/chapter018.xhtml?create=true&favre=brett#fig18-1 12 favorecendo o braço humoral Th2 (imunoglobulina G [IgG]-específica), podendo ocorrer a amebíase aguda. Entretanto, considerando o estímulo contínuo da imunidade celular e humoral, o processo invasivo pode ser limitado, posteriormente. O contato do agente etiológico (por meio da lectina) com a superfície epitelial leva à citólise, processo no qual as membranas epiteliais são destruídas e, os restos celulares fagocitados pela E. histolytica, mais precisamente pelos seus trofozoítos, dando início a um processo de ulceração. Ocorre, então, um afastamento das células, formando um espaço intercelular denominado foco de adesão. Todo esse mecanismo ocorre devido à presença de cisteíno-proteinases, hemolisinas e fosfolipases, as quais degradam elastina, colágeno e fibronectina. O processo inflamatório estabelecido e intensificado na região infectada atrai ainda mais células imunes, como neutrófilos, macrófagos, e eleva a produção de citocinas como interleucina 1 (IL-1) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), aumentando ainda mais o processo ulcerativo da parede intestinal. Esse processo contínuo e invasivo pode permitir aos trofozoítos alcançaremos vasos sanguíneos e acometer órgãos como fígado e pulmão. Com a evolução da doença, pode ser observado um tecido granulomatoso, caracterizado pela angiogênese, o que demonstra a cura da lesão. Habitat: A E. histolytica, assim como E. dispar e E. coli, habita a luz do trato intestinal grosso, especialmente o cólon, onde persiste em um habitat anaeróbico. Em condições normais, a formação de cistos ocorre ao longo do trato intestinal grosso. Excepcionalmente, E. histolytica pode evadir o trato intestinal e determinar a amebíase extraintestinal, ou invasiva, podendo alcançar vários órgãos do organismo, especialmente os mais oxigenados. Imunidade E. histolytica induz respostas celular e humoral (porque ela invade, se ela não invadir não vai induzir a humoral, mas sabe se que vai chegar uma hora que ela invade, pode demorar mais, porem é uma tendencia), porémnão indicativa de imunidade efetiva após a infecção. - Mecanismos envolvidos pouco conhecidos. Resumo do Ciclo Os mesmos mecanismos de transmissão da giardíase, ingestão de cistos maduros, passou pelo estomago ocorre o desencistamento e termina totalmente o desencistamento no intestino, desencista e forma o trofozoíto que migra para o intestino grosso, e lá na luz intestinal do intestino grosso começa a assumir formas multinucleadas chamadas de metacisto (estágio intermediário de reprodução, duplica os núcleos do primeiro material genético, depois separa o material citoplasmático e forma novos trofozoítos). Esses trofozoítos vivem no intestino grosso e de tempos em tempos forma o pre cisto e depois e o cisto. Entra como cisto → metacisto → pre cisto → cisto. Até aqui não há parasitismo. O Ciclo está ocorrendo na luz intestinal. Mas se esses trofozoítos que estão se reproduzindo invadem nossa mucosa intestinal passa a ser parasitismo. Uma vez que o cisto invade não há mais formação de cisto nem de pre cisto. PARA TUDO. Inicia-se um novo ciclo. Os trofozoítos continuam se multiplicando APENAS como trofozoítos, não será encontrado cistos nessa fase (por isso não adianta coletar fezes, nem analisar) não encontrará mais cistos nessa fase, pois os trofozoítos já penetraram, e continuam o ciclo se reproduzindo apenas como trofozoítos, não vão encistar pois não vão abandonar o hospedeiro. Vão ficar retidos nas lesões que eles mesmos causam. O que leva esse protozoário a invadir a nossa mucosa? Transmissão: A transmissão da amebíase ocorre pela ingestão de água e, principalmente, alimentos contaminados com cistos tetranucleados. Ingestão de cistos maduros. • Ingestão de cistos juntamente com alimentos sólidos ou líquidos e água contaminada; • Alimentos podem ser contaminados por cistos veiculados nas pernas de baratas e moscas, ou através da regurgitação destes animais; • Higiene Infectividade e Virulência: Principais fatores determinantes da invasão: (fatores assosciaos diretamente com a E. Histolytica.) 13 • Ruptura do equilíbrio Parasito/Hospedeiro em favor do parasito tornando a ameba de comensal para invasora. O que leva a ruptura do equilíbrio? → • Patogenicidade da cepa (se for mais infectante quebra a barreira do equilíbrio) e alta capacidade de eritrofagocitose. • Vitalidade e número de cistos ingeridos. Vários fatores podem determinar invasão, apesar de ainda ser preciso muita pesquisa, até o momento sabe-se que os principais fatores que determinam a invasão, podem ser a ruptura do equilíbrio do parasito-hospedeiro. O que contribui para essa quebra da relação parasito-hospedeiro. Patogenicidade da cepa (se for mais infectante quebra a barreira do equilíbrio) cepas com alta capacidade de eritrofagocitose, pois a ameba se alimenta dos eritrócitos, quando tem capacidade marcante é mais patogênica e facilmente invade. Outro motivo vitalidade e número de cistos, carga parasitaria é um fator importante para determinar a invasão. Fatores determinantes da invasão ligados AO MEIO onde as amebas vivem: • Bactérias: (Escherichia coli, Salmonella, Shigella, Enterobacter e Clostridium). São todas essas ENTEROBACTERIA (intestino). Essas amebas se ligam • Bactérias potencialização da virulência de E. histolytica através de ligações a receptores de superfícies. As amebas se ligam a essas bactérias, quando a bactéria se liga aos trofozoítos da e. coli ocorre uma potencialização, da virulência da histolitica, e essa ligação ocorre pelos receptores de membranas da ameba com a membrana das bactérias. Potencialização: aumenta a capacidade da ameba conseguindo romper as barreiras da mucosa e penetrar. Clostridium E.coli Shigella Salmonela 14 Fatores determinantes da invasão por parte do hospedeiro: etnia, idade (adultos tem maior desgaste de mucosa), sexo (gênero masculino é mais suscetível, gênero feminino tem uma maior barreira de proteção por conta dos hormônios femininos), alcoolismo (compromete a integridade da mucosa), dieta (indivíduos que não se alimentam de fibras e ingerem água causa lesões, pois são fatores importantes para manter a integridade da mucosa), resposta imunológica, estado nutricional e hábitos sexuais. Tudo que compromete a mucosa contribui para invasão das amebas. Quanto mais se reproduz no ser humano, mais se torna virulento e pode causar reinfecções (não induz memoria imunológica). Aumento da virulência: passagem sucessiva em diversos hospedeiros ou em reinfecções. Patogenia: • Invasão: forte adesão entre as células e a ameba, sendo mediada por lectinas de superfície da ameba; • Dificuldade em penetrar na mucosa intacta; • - Após a invasão ulcerações típicas; • - Trofozoítos podem induzir uma resposta inflamatória proliferativa com formação de massa granulomatosa ameboma. (ulcera intestinal Na figura 1, podemos notar ocorre a forte adesão entre as células e amebas, e essa adesão é mediada pelas lectinas na superfície da ameba, se unem as proteínas das membranas das nossas células intestinais, Úlcera intestinal Úlcera hepática lectinas trofozoíto adesão a mucosa intestinal destruição tecidual com ulcerações órgãos Figura 1 15 receptor de membrana com receptor, favorecendo a adesão da mucosa intestinal, é como se fosse um comando que libera o acesso e ocorre a invasão. A partir do momento que os trofozoítos invadem, se multiplicam por divisão binaria, não forma mais cistos porque não irá mais abandonar o hospedeiro e ele destruirá o tecido formando ulceras. As ulceras intestinais primarias/inicias são sempre no intestino grosso e as secundárias podem ocorrer em outros órgãos, se os trofozoítos, através da circulação, chegar em outros órgãos pode ocorrer lesões secundarias, normalmente fígado e baço pela proximidade. Manifestações Clínicas • Período de incubação: 7 dias à 4 meses (período longo). • Formas assintomáticas: encontro de cistos no exame de fezes. (São as mais frequentes no nosso país). • Formas sintomáticas: duas situações → Colites não disentéricas: 2 a 4 evacuações diarreicas ou não por dia, com muco ou sangue (dor abdominal ou cólicas); Disentéricas: cólicas intestinais e diarreia, evacuações mucossanguinolentas, 8 a 10 vezes por dia (cólicas, hemorragia, apendicite e ameboma). (Formas mais graves). A diferença é a quantidade de evacuações diárias. Quanto maior a quantidade de evacuações maior o risco de desidratação e de óbito, principalmente em crianças. No Brasil predomina as formas assintomáticas. Cistos (são de difíceis diagnóstico). Amebíase extraintestinal: Abcesso hepático (dor, febre e hepatomegalia, calafrio, anorexia, perda de apetite e perda de peso) sendo uma única lesão. Aspectos clínicos: Doença em humanos As manifestações clínicas da amebíase são condicionadas por fatores que envolvem a virulência do agente etiológico associada à resposta do indivíduo infectado (principalmente a sua resposta inata), o que pode resultar em uma doença intestinal ou extraintestinal, além da infecção assintomática, que corresponde a 80 a 99% dos casos. Embora a E. dispar seja considerada não patogênica, existem evidências de participação dessa espécie em processos de adoecimento humano, incluindo relatos de que possa causar abscesso hepático amebiano e diarreia crônica. Do mesmo modo, existem descrições de patogenicidade pela E. moshkovskii associada a diarreia. A doença pode manifestar-se de maneira aguda (amebíase aguda) ou crônica (colite crônica). Inicialmente, nas lesões intestinais, os trofozoítos infectam o epitélio da superfície mucosa; entretanto, com a reação inflamatória, tais formas evolutivas podem alcançar níveis mais profundos do tecido conjuntivo e suas glândulas. Esse processo de lesão progressiva produz áreas de necrose e úlceras distribuídas ao longo16 da parede intestinal, sendo mais comumente encontradas na região cecal, no sigmoide e no reto, caracterizando a colite crônica. A Organização da Entamoeba histolytica As características da E. histolytica na fase trofozoítica diferem um pouco se a considerarmos durante o ciclo patogênico, isto é, sua forma invasora dos tecidos, ou se a tomarmos durante o ciclo apatogênico. Forma Invasiva (Patogênica). Compreende células relativamente grandes que medem em termos médios entre 20 e 30 µm, mas que podem chegar até 60µm. Elas aparecem raramente nas fezes, a não ser em casos de diarreia ou de disenteria. In vivo, vê-se que a ameba modifica constantemente sua forma pela emissão de pseudópodes grossos e digitiformes, às vezes de modo explosivo. Outras vezes, com um único pseudópode anterior, ela parece deslizar sobre uma superfície sólida. O citoplasma, em uma estreita faixa cortical ou ectoplasma, é hialino e contrasta com a massa central de aspecto granuloso, o endoplasma, onde estão o núcleo e os vacúolos digestivos. O conteúdo dos vacúolos da forma patogênica é, quase sempre, constituído de hemácias fagocitadas ou de hemoglobina em maior ou menor grau de digestão; também de células dos tecidos parasitados ou fragmentos delas englobados pelas amebas. O núcleo em geral não é visível nas preparações a fresco, e em microscopia com contraste de fase aparece como uma vesícula de contorno refringente. Depois de fixada e corada a ameba pela hematoxilina férrica, pode-se ver a membrana nuclear, forrada internamente por uma série de pequenos grânulos escuros, aproximadamente de mesmo tamanho e separados por curtos intervalos claros. Ocupando posição central no núcleo, há outro granulo punctiforme, de contorno regular e igualmente escuro, denominado cariossomo. A forma invasora não evolui para a formação de cistos, razão pela qual estes não são encontráveis nos tecidos do hospedeiro infectados com E. histolytica, contrariamente ao que se observa nas infecções por Acanthamoeba. Forma Não invasiva (não patogênica). De dimensões menores, pois mede geralmente 10 a 20 µm, é a mais frequentemente encontrada em exames de fezes líquidas. Deve ser considerada a forma normal do parasito, única capaz de produzir cistos e, portanto, de completar o ciclo biológico da espécie. Muito ativa, emite pseudópodes continuamente. Nas preparações coradas, vê-se que o ectoplasma é pouco abundante e os vacúolos digestivos, em lugar de eritrócitos, contém bactérias fagocitadas na luz intestinal, bem como outros materiais provenientes desse meio. No mais, a morfologia é semelhante à da forma patogênica. Forma pré cística. Em determinadas circunstâncias, a forma não invasiva da luz intestinal evolui para a constituição de cistos resistentes às condições do meio externo. Nessa transição a ameba reduz sua motilidade, deixa de emitir pseudópodes e de fagocitar, desaparecendo os vacúolos digestivos. O parasito torna-se esférico ou ovoide. Desaparece também a distinção entre endoplasma e ectoplasma e, no cito- plasma, começam a formar-se estruturas refringentes em forma de bastão ou de charuto que se coram fortemente pela hematoxilina: são os corpos cromatoides, constituídos por agregados de ribonucleoproteínas. 17 Cistos. Com pequeno aumento, os cistos de E. histolytica apresentam-se ao microscópio como minúsculas esferas refringentes e hialinas A parede cística é delgada, mas nas preparações coradas exibe duplo contorno. Os núcleos, dificilmente visíveis a fresco, podem ser postos em evidência com uma gota de Lugol que se junte à preparação; ou, melhor ainda, quando tratados pela hematoxilina. Nos cistos jovens há um só núcleo, semelhante em tamanho e aspecto ao da forma pré cística. Grande área de citoplasma é ocupada por uma formação rica em glicogênio que, por isso, cora-se em castanho- avermelhado pelo Lugol, enquanto o citoplasma fica amarelado. As técnicas de coloração pela hematoxilina removem o glicogênio, deixando em seu lugar um espaço claro, donde a denominação de “vacúolo” de glicogênio que se lhe dá. Uns poucos corpos cromatoides podem ser vistos nos cistos imaturos. À medida que os cistos amadurecem o núcleo divide-se, produzindo primeiro cistos binucleados, depois tetra nucleados. Sinais de amadurecimento dos cistos são, também, o desaparecimento de corpos cromatoides e “vacúolos” de glicogênio, raramente observados naqueles que já exibem quatro núcleos. Fisiologia da Entamoeba histolytica As amebas ingerem alimentos quer por fagocitose quer por pinocitose ou por transporte de materiais através da membrana. As amebas intestinais acumulam grandes reservas de polissacarídeos dos quais ao menos uma parte é glicogênio, e os metabolizam ciclicamente. Nos cistos, as reservas concentram-se nos chamados “vacúolos” de glicogênio que aparecem e logo desaparecem sem que se saiba por quê. A E. histolytica, considerada outrora como um organismo anaeróbio, é reconhecida hoje como microaerófila. Ela deriva sua energia da transformação da glicose em ácido pirúvico por um processo algo diferente da via clássica encontrada nos demais organismos. E. histolytica tem necessidade de ferro em quantidade acima da média normal. O ferro é utilizado pelo protozoário para formar ferro-sulfoproteínas com importante função nos mecanismos respiratórios do protozoário. A avidez que os trofozoítos demonstram pelas hemácias talvez esteja relacionada com isso e se reflete na patogenicidade. Imunidade. É inquestionável existir uma resistência dos pacientes ao parasitismo. Porém, quase nada sabemos sobre os mecanismos envolvidos. Até aqui, não se conseguiu demonstrar uma correlação significativa entre a presença de reações imunológicas e a proteção do hospedeiro. Os portadores assintomáticos de E. histolytica em geral não apresentam anticorpos específicos no soro, o que se explica pela ausência de poder invasivo das amebas que colonizam apenas na luz intestinal. Nos casos sintomáticos, várias técnicas imunológicas demonstram a presença de imunoglobulinas especificas no soro da maioria dos pacientes, sendo os títulos sempre elevados em relação aos níveis normais. A produção de anticorpos pode persistir, depois de curada a infecção, por períodos compreendidos entre seis meses e alguns anos. 18 FIGURA 18.1 Ciclo biológico de Entamoeba histolytica. Formas evolutivas de protozoário, cistos e trofozoítos (A), e sua evolução (B). FIGURA 18.2 Entamoeba histolytica, trofozoíto (seta) (400× de aumento). Acervo do Laboratório de Agentes Patogênicos da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Foto: Paulo Sérgio Balbino Miguel (UFV). 19 2Ciclo vital de Entamoeba histolytica/E. dispar. Observa-se que os trofozoítos eventualmente eliminados nas fezes diarreicas não são infectantes. As localizações mais comuns de acometimento intestinal e extraintestinal também são representadas. Evolução das infecções por Entamoeba histolytica/E. dispar, com representação dos estágios evolutivos eliminados em cada quadro clínico (A) e localização das lesões mais frequentes causadas por E. histolytica (B). 20 A amebíase não costuma cursar com febre, e os sintomas que aparecem com maior frequência são: disenteria, enterorragia, tenesmo, dor abdominal em cólica, perda de peso, anorexia, náuseas, vômitos e mal-estar geral. É importante ressaltar que o início da doença é de caráter insidioso, podendo apresentar um padrão agudo, sendo esse menos comum. O período de incubação varia de 7 dias a 4 meses. A colite não disentérica é uma das apresentações mais comuns da doença, manifestando-se de maneira mais leve, diferentemente da colite disentérica que se apresenta de maneira mais intensa, com número de evacuações superior (podendo chegar a 10 por dia). A amebíase intestinal,se não tratada, pode cursar com complicações como perfuração intestinal, peritonite, apendicite e hemorragias. A amebísase pode afetar o fígado (principalmente o lobo direito), insidiosamente, e neste órgão causar abscessos e lesões difusas. Clinicamente, o paciente apresenta-se com icterícia e, em um pequeno número de casos, desconforto no hipocôndrio direito, hepatimetria alterada e sintomas inespecíficos, como febre, náuseas e vômitos. No pulmão, pode ocorrer a denominada amebíase pleuropulmonar, caracterizada por dor torácica, tosse e expectoração com cheiro e odor de “molho de tomate”, chocolate ou até mesmo gelatina, podendo ocorrer também derrame pleural. Essas lesões podem ocorrer ainda no cérebro, embora sejam raras Diagnóstico diferencial A colite causada pela amebíase deve ser diferenciada daquela decorrente de outros agentes, tais como Shygella e Campylobacter, além das alterações produzidas por Schistosoma mansoni ou outros helmintos. Na maioria das vezes, o exame parasitológico de fezes é suficiente para essa diferenciação. Abscessos hepáticos causados por trofozoítos são confundidos, clinicamente, com abscessos piogênicos e tumorações hepáticas; porém, nesses casos, a sorologia para amebíase corrobora o diagnóstico da protozoonose. Em caso de lesão pulmonar, a broncopneumonia deve ser considerada no diagnóstico diferencial. Doença em animais não humanos Em animais diferentes do Homo sapiens, principalmente primatas, são encontradas cepas idênticas às dos humanos, e o quadro clínico normalmente consiste em evacuações hemorrágicas e dores abdominais. Os macacos do Novo Mundo são mais sensíveis que os do Velho Mundo, apesar de ainda haver espécies Sequência de eventos que resultam na amebíase invasiva. O excistamento ocorre na luz do intestino e os trofozoítos aderem à camada mucosa que recobre as células epiteliais, via lectina Gal/Ga/NAc. Os componentes da camada mucosa são degradados por glicos 21 resistentes à doença, como é o caso dos macacos Rhesus (Macaca mulatta). Outros animais sensíveis à E. histolytica são porcos, gatos e cachorros; no entanto, a maioria deles apresenta infecção assintomática. Diagnóstico laboratorial A pesquisa de trofozoítos e cistos nas fezes continua sendo o método mais empregado para o diagnóstico. Contudo, para aumentar a sensibilidade do exame, é preconizada a coleta múltipla de fezes, ou seja, obtenção de material fecal em pelo menos 3 dias diferentes. Casos as fezes estejam líquidas, o método direto é o mais recomendado para a observação de trofozoítos, que permanecem viáveis entre 15 e 30 minutos, enquanto os cistos são mais frequentemente identificados nas fezes formadas. Os testes sorológicos por ELISA indireto não são indicados, principalmente em áreas endêmicas, visto que não são capazes de diferenciar infecção atual de infecção pregressa. O ELISA direto ou o “sanduíche” empregam anticorpos monoclonais anti-GIAP e são úteis na busca por coproantígenos específicos de E. histolytica em amostras fecais. A reação em cadeia da polimerase (PCR) também pode ser usada para o diagnóstico da infecção, por pesquisa do DNA do parasito em amostra de fezes. Essas duas técnicas permitem a diferenciação do complexo E. histolytica/dispar. O teste de hemaglutinação indireta, quando disponível, pode ser bastante útil, e a biopsia da borda de úlcera, por meio da retossigmoidoscopia/colonoscopia, deverá ser avaliada quanto à necessidade. Para diagnóstico de amebíase extraintestinal, exames sorológicos e de imagem podem confirmar os casos de abcesso hepático, além de outros exames que podem ser solicitados para avaliação do paciente, entre os quais: análise bioquímica do fígado – tais como dosagem de bilirrubinas, fosfatase alcalina, gamaglutamil transpeptidase e aminotransferases – e hemograma. Nesses casos, a associação com a clínica do paciente é essencial. A apresentação da sensibilidade dos principais métodos diagnósticos empregados na amebíase – abscesso hepático e colite – está disponível no Quadro 18.2. Um quadro clínico típico – associado à E. histolytica presente no exame parasitológico de fezes, juntamente com teste sorológico positivo e boa resposta terapêutica específica – oferece um diagnóstico seguro de amebíase. • Dificuldades no diagnóstico • Retossigmoidoscopia: visualização de úlceras • Abcessos hepáticos: raio X, ultra-sonografia e tomografia • Diagnóstico Laboratorial • Exame de fezes • Coleta e condicionamento adequados • Aspecto e consistência das fezes, presença de muco ou sangue • Dificuldades no diagnóstico • Retossigmoidoscopia: visualização de úlceras • Abcessos hepáticos: raio X, ultra-sonografia e tomografia • Diagnóstico Laboratorial • Exame de fezes • Coleta e condicionamento adequados • Aspecto e consistência das fezes, presença de muco ou sangue Avaliação por métodos complementares Exames de imagem, como a telerradiografia de tórax, podem ser utilizados para visualizar a existência de atelectasias, derrame pleural e outras lesões da amebíase pleuropulmonar. Ultrassonografia e tomografia computadorizada de abdome podem ser úteis para identificação e diferenciação mais detalhada da lesão hepática, podendo também ser indicadas nos casos em que a drenagem cirúrgica seja necessária. https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527736473/epub/OEBPS/Text/chapter018.xhtml?create=true&favre=brett#qua18-2 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527736473/epub/OEBPS/Text/chapter018.xhtml?create=true&favre=brett#qua18-2 22 Tratamento Todos os pacientes infectados por E. histolytica (Quadro 18.3) deverão ser tratados, independentemente da presença ou ausência de sintomas, uma vez que existe risco de desenvolvimento de doença invasiva ou outros indivíduos. Sabe-se que a colonização da E. histolytica é maior no ceco, cólon ascendente, cólon descendente e reto; portanto, os fármacos utilizados para tratamento da doença devem alcançar essas regiões (a excreção biliar garante essa característica). Para as formas não invasivas, fármacos que alcancem o lúmen intestinal podem ser utilizados como monoterapia. Exemplos desses fármacos são os derivados da dicloroacetamida (teclozana e etofamida). As infecções intraluminais podem também ser tratadas com fármacos como: etofamida (adultos: 100 a 200 mg, 5 vezes ao dia, por 3 dias; ou 500 mg, 2 vezes ao dia, por 3 dias; as crianças deverão receber metade da dose); teclozana (adultos: 1,5 g, em dose única – ou fracionada em três tomadas, ao longo das 24 horas; crianças: 50 mg, 3 vezes ao dia, por 5 dias). Já os pacientes com doença invasiva devem ser tratados com associação dos fármacos de ação intraluminal e tissular. Assim, para esses doentes, acrescenta-se um derivado nitroimidazólico (metronidazol, tinidazol, ornidazol, secnidazol ou nitazoxanida), o qual se é absorvido melhor por via oral. QUADRO 18.2 Sensibilidade dos ensaios utilizados para o diagnóstico de amebíase (abscesso hepático e colite). Ensaio Abscesso hepático amebiano Colite amebiana Exame microscópico de fezes 10 a 40% 25 a 60% Exame microscópico do fluido do abscesso < 20% Não se aplica Pesquisa de antígenos fecais 40% 80% Investigação de antígenos séricos > 95% 65% Reação em cadeia da polimerase (PCR) tempo real > 95% > 95% Teste sorológico (hemaglutinação indireta) – fase aguda 70 a 80% 70% Teste sorológico (hemaglutinação indireta) – fase convalescença > 90% > 90% QUADRO 18.3 Tratamento da amebíase. Fármaco indicado Doses (VO) Observações Teclozana Adultos: 1,5 g dose única. Crianças menores de 7 anos: 50 mg, 3 vezes/dia durante 5 dias Fármaco bem tolerado Etofamida Adultos: 500 mg, 2 vezes/dia; ou 100/200 mg, 5 vezes/dia, durante 3 dias. Crianças: metade da dose durante 3 dias. Não sofre absorção se administrado por via oral; por isso, é completamente eliminado nas fezes Metronidazol Adultos: 500 a 750 mg, 3 vezes/dia, durante5 a 10 dias. Crianças: 35 a 50 mg/kg/dia, divididas em 3 tomadas, durante 5 a 10 dias. Associado a uma substância de ação intraluminal, tem ação mais efetiva Tinidazol Adultos: 2 g/dia em tomada única (ou fracionada a cada 12 horas), durante 2 a 3 dias. Crianças: 50 mg/kg/dia, dose única ou fracionada durante 2 a 3 dias. https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527736473/epub/OEBPS/Text/chapter018.xhtml?create=true&favre=brett#qua18-3 23 Secnidazol Adultos: 2 g, dose única diária, durante 2 a 5 dias. Crianças: 30 mg/kg/dia, dose única diária, durante 2 a 5 dias. Recomenda-se o uso de metronidazol na dose de 500 a 750 mg, de 8 em 8 horas, durante 5 a 10 dias, e, para crianças, 35 a 50 mg/kg/dia durante 10 dias. O tinidazol é prescrito na dose de 2 g/dia em tomada única (ou fracionada a cada 12 horas), durante 2 a 3 dias; na criança utiliza-se a dose de 50 mg/kg/dia, dose única ou fracionada, por 2 a 3 dias. Por último, o secnidazol é recomendado na dose única de 2 g em adultos dose única diária, por 2 a 5 dias, e para crianças 30 mg/kg/dia, dose única diária, por 2 a 5 dias. Amebíase extraintestinal deve ser avaliada para possíveis procedimentos cirúrgicos, como a drenagem de abscessos hepáticos. A nitazoxanida tem sido proposta como um agente alternativo no tratamento da amebíase. Aspectos nutricionais A amebíase pode levar a um quadro de desequilíbrio nutricional em decorrência da diminuição da absorção de nutrientes intestinais bem como pela reação inflamatória intensa que prejudica a utilização dos nutrientes. Há, igualmente, um intenso catabolismo orgânico, que causa perda de nutrientes importantes na manutenção da homeostase. Em crianças, por exemplo, o crescimento e o desenvolvimento podem ser prejudicados Profilaxia e controle As medidas de controle e profilaxia da amebíase devem ser pautadas nos pilares da educação em saúde, diagnóstico e tratamento dos infectados, e políticas públicas de controle e saneamento básico. Os indivíduos devem ser informados a respeito dos modos de transmissão e dos fatores de risco associados à infecção, para o respectivo controle. Além disso, o diagnóstico e o tratamento dos infectados são extremamente relevantes, considerando a possibilidade da contaminação ambiental e disseminação da doença, via fecal- oral. E, por fim, devem ser ressaltadas as medidas de saneamento básico, as quais são essenciais para impedir o estabelecimento do ciclo biológico do parasito. Vacinas, apesar de ainda não estarem disponíveis, vêm sendo testadas com bons resultados Exame dos manipulares de alimentos para a detecção de casos assintomáticos: -Educação sanitária, combate as moscas, que frequentam lixos e dejetos humanos, proteção aos alimentos e higienização.