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Curso de Direito da UEFS Hermenêutica Jurídica Professora: Flávia Pita – Semestre 2023.1 Esta atividade pode ser feita individualmente ou em duplas. Atividade Avaliativa 3 ALUNO: EDJAN PINTO DA SILVA Atividade Individual Referencial teórico: FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão, dominação. São Paulo: Atlas, 2003 Capítulos 5.2 (Métodos e tipos dogmáticos de interpretação) e 5.3 (Interpretação e integração do Direito); 4.3.3.2 (Costume); 4.3.3.3 (princípios gerais do direito, equidade). Sugestão complementar: Vídeos do episódio sobre “Equidade” do programa Direito e Literatura https://www.youtube.com/watch?v=K24kLdtT8ok (bloco 1) https://www.youtube.com/watch?v=gtaBqucGQ9s (bloco 2) https://www.youtube.com/watch?v=7KMij8yyhIg (bloco 3) https://www.youtube.com/watch?v=5wnHbn8xZLE (bloco 4) 1) Inicialmente, sintetize(m) uma definição de cada um desses métodos. Em que consistem? A resposta não pode consistir na simples colagem da definição proposta no referencial teórico lido/assistido. Métodos de interpretação Em que consiste? Dúvidas? Interpretação Gramatical Esta interpretação consiste no entendimento que a justaposição de um termo se encontra na dissertação dos fatos ou na formação da lei. Segundo Tercio Ferraz: “Quando se enfrenta uma questão léxica, a doutrina costuma falar em Interpretação gramatical. Parte-se do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estão conectadas são importantes para obter-se o correto significado da norma”. Na interpretação gramatical, a derivação de palavras, bem como o seu desuso pelo decorrer do tempo, levaria o intérprete à incompreensão das normas jurídicas? Interpretação Lógica A interpretação lógica busca pela incompatibilidade dos termos, tal qual a interpretação gramatical, porém, não se atendo a sua escrita, mas à sua interpretação dual. Conforme diz Ferraz: Se tentássemos um quadro esquemático, poderíamos dizer que as incompatibilidades lógicas são evitadas conforme três procedimentos retóricos: a atitude formal, a atitude prática e a atitude diplomática. Interpretação Sistemática A interpretação sistêmica é aquela que dará ao jurista o panorama geral das normas e suas especificidades, uma vez que, analisará a subjugação da norma geral sobre a especial, até que todas as normas estejam alinhadas com a norma basilar do ordenamento jurídico. Interpretação Histórica A interpretação histórica está atrelada ao momento em que a norma foi constituída, bem como os fatores que antecederam esta norma e a legitimaram. Assim, o intérprete busca ao longo da história o interesse para a constituição normativa, e como isso implica na sua validade https://www.youtube.com/watch?v=K24kLdtT8ok https://www.youtube.com/watch?v=gtaBqucGQ9s https://www.youtube.com/watch?v=7KMij8yyhIg https://www.youtube.com/watch?v=5wnHbn8xZLE agora. Neste sentido, a interpretação histórica é o estudo dos precedentes normativos. Interpretação Sociológica A definição sociológica da interpretação está entrelaçada com a histórica, todavia, sua distinção faz-se na interação sociológica do nascimento e aplicação da norma jurídica. Leva em consideração os efeitos da norma na composição social e o papel desempenhado dos termos e seu significado no contexto ao qual se encontra na sociedade. Interpretação evolutiva Na interpretação evolutiva, a norma é interpretada de acordo com o decorrer do tempo, reconhecendo o contexto em que fora criada e propondo soluções que se adaptem a sua vigência atual, sem necessariamente modificá-la, contudo, adaptá-la aos princípios e valores constitucionais. Interpretação teleológica Diz respeito a atribuição do propósito da norma, sua finalidade, onde o intérprete busca compreender qual o sentido ou a função que a norma visa cumprir na sociedade. Interpretação axiológica A interpretação axiológica leva em conta o julgamento de valo de determinada situação, em especial o valor moral no tempo da ação. Métodos de integração Em que consiste? Dúvidas? Integração por analogia A integração por analogia é uma interpretação extensiva da norma, extrapolando sua abrangência específica e abarcando outro conteúdo no qual não havia preceito legal, supondo semelhanças entre os casos. Notório salientar que a norma jurídica proíbe expressamente analogias in malam partem, como disposto no Art. 5° inciso XXXIX da CF/88 Integração por meio dos costumes A integração por costumes supre a lacuna deixada pela falta da norma através dos costumes, sempre que a norma legal for omissa. Integração por meio dos princípios gerais de direito A integração por meio dos princípios gerais orienta a interpretação da norma jurídica, norteando a sua elaboração e análise, suprindo assim as lacunas existentes. Os princípios são universais, como normas garantidoras da plena cidadania e do exercício regular dos direitos. Integração por equidade A integração por equidade desempenha a função de suprir as lacunas da norma através dos princípios da igualdade formal e material, onde todos são iguais perante a lei, e tratando os desiguais na medida de sua desigualdade. Assim, o juízo por equidade exige, em muitos casos o juízo de valor, assentindo circunstâncias diversas daquelas expressas na norma. 2) A partir de busca no banco de dados da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça1, escolham um julgado em que se faça menção a um dos métodos tratados pelo autor no texto lido. Reproduza(m) abaixo a ementa da Decisão e, em seguida, comente(m) sobre como o método escolhido foi empregado pelo órgão judicial. RECURSO ESPECIAL No 1.159.242 - SP (2009/0193701-9) RELATORA: MINISTRA NANCY ANDRIGHI RECORRENTE: ANTONIO CARLOS JAMAS DOS SANTOS ADVOGADO: ANTÔNIO CARLOS DELGADO LOPES E OUTRO(S) RECORRIDO: LUCIANE NUNES DE OLIVEIRA SOUZA ADVOGADO: JOÃO LYRA NETTO EMENTA CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. ABANDONO AFETIVO. COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL. POSSIBILIDADE. 1. Inexistem restrições legais à aplicação das regras concernentes à responsabilidade civil e o consequente dever de indenizar/compensar no Direito de Família. 2. O cuidado como valor jurídico objetivo está incorporado no ordenamento jurídico brasileiro não com essa expressão, mas com locuções e termos que manifestam suas diversas desinências, como se observa do art. 227 da CF/88. 3. Comprovar que a imposição legal de cuidar da prole foi descumprida implica em se reconhecer a ocorrência de ilicitude civil, sob a forma de omissão. Isso porque o non facere, que atinge um bem juridicamente tutelado, leia-se, o necessário dever de criação, educação e companhia – de cuidado – importa em vulneração da imposição legal, exsurgindo, daí, a possibilidade de se pleitear compensação por danos morais por abandono psicológico. 4. Apesar das inúmeras hipóteses que minimizam a possibilidade de pleno cuidado de um dos genitores em relação à sua prole, existe um núcleo mínimo de cuidados parentais que, para além do mero cumprimento da lei, garantam aos filhos, ao menos quanto à afetividade, condições para uma adequada formação psicológica e inserção social. 5. A caracterização do abandono afetivo, a existência de excludentes ou, ainda, fatores atenuantes – por demandarem revolvimento de matéria fática – não podem ser objeto de reavaliação na estreita via do recurso especial. 6. A alteração do valor fixado a título de compensação por danos morais é possível, em recurso especial, nas hipóteses em que a quantia estipulada pelo Tribunal de origem revela- se irrisória ou exagerada. 7. Recurso especial parcialmente provido. 1 Consulte: https://www.stj.jus.br/ . Ao se utilizar do mecanismo de busca, atentem para os “operadores” de busca, de modo que a consulta retorne resultados mais precisos. Explorem as diversas opções de busca do site: este seráum espaço a que você retornará constantemente no seu trabalho como profissional(is) do Direito. https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Inicio Este é um Recurso Especial, no qual a relatora usa a interpretação sistêmica para embasar seu voto pela procedência da ação, além de usar a analogia para consagrar a precípua decisão. Faz-se uso também da interpretação gramatical, quando no ponto 2 da ementa explicita que: “O cuidado como valor jurídico objetivo está incorporado no ordenamento jurídico brasileiro não com essa expressão, mas com locuções e termos que manifestam suas diversas desinências, como se observa do art. 227 da CF/88”. Fazendo valer-se da interpretação sistêmica, a relatora Min. Nancy Andrighi elenca em rol taxativo diversos dispositivos legais que arrolam o dano ao bem jurídico e justificam a tipificação da conduta de abandono afetivo e danos morais. Desdobrando-se sobre o julgado, é notório que a decisão se pautou também na integração por analogia, uma vez que tanto o artigo 927 do Código Civil, que trata do abandono afetivo, quanto o artigo 186 do mesmo dispositivo tratando a respeito de danos morais, não tipificam de forma clara a conduta do agente em voga. Neste sentido, tanto o abandono afetivo, quanto os danos morais, foram, por analogia, imputados em benefício da recorrida.