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JURISPRUDENCIA

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JURISPRUPRUDÊNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
THALISSON FALEIRO 
 
 
Preparam-se os seus cavalos para o dia da batalha, porém, só Deus lhe dará 
Vitória 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PENAL E LEGISLAÇÃO ESPECIAL 
 
Se o indivíduo possui contra si uma condenação criminal transitada em julgado, ele não 
poderá ser vigilante, mesmo que já tenha cumprido a pena há mais de 5 anos Viola o princípio 
da presunção de inocência o impedimento de participação ou registro de curso de formação ou 
reciclagem de vigilante, por ter sido verificada a existência de inquérito ou ação penal não 
transitada em julgado. Assim, não havendo sentença condenatória transitada em julgado, o 
simples fato de existir um processo penal em andamento não pode ser considerada 
antecedente criminal para o fim de impedir que o vigilante se matricule no curso de reciclagem. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1597088/PE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/08/2017. 
A existência de condenação criminal transitada em julgado impede o exercício da atividade 
profissional de vigilante por ausência de idoneidade moral. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.666.294-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, j. em 05/09/2019 (Info 658). 
Admite-se o uso de informações processuais extraídas dos sítios eletrônicos dos tribunais, 
quando completas, a fim de demonstrar a reincidência do réu Para fins de comprovação da reincidência, 
é necessária documentação hábil que traduza o cometimento de novo crime depois de transitar em 
julgado a sentença condenatória por crime anterior, mas não se exige, contudo, forma específica para 
a comprovação. Desse modo, é possível que a reincidência do réu seja demonstrada com informações 
processuais extraídas dos sítios eletrônicos dos tribunais. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 448.972/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 16/08/2018. 
STF. 1ª Turma. HC 162548 AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 16/6/2020 (Info 982). 
Condenações anteriores transitadas em julgado não podem ser utilizadas como conduta social 
desfavorável. Não é possível a utilização de condenações anteriores com trânsito em julgado como 
fundamento para negativar a conduta social. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1.760.972-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 08/11/2018 (Info 639). 
Folha de antecedentes criminais é um documento válido para comprovar maus antecedentes ou 
reincidência 
Súmula 636-STJ: A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus antecedentes e 
a reincidência. 
Havendo pluralidade de causas de aumento de pena e sendo apenas uma delas empregada na 
terceira fase, as demais podem ser utilizadas nas demais etapas da dosimetria da pena O deslocamento 
da majorante sobejante para outra fase da dosimetria, além de não contrariar o sistema trifásico, é a 
que melhor se coaduna com o princípio da individualização da pena. 
Exemplo: Camila foi condenada pela prática do crime de roubo circunstanciado com o 
reconhecimento de três causas de aumento de pena (art. 157, § 2º, II, V e VII). O juiz pode empregar a 
majorante do inciso II (concurso de agentes) na terceira fase da dosimetria e utilizar as outras na 
primeira fase como circunstâncias judiciais negativas. 
STJ. 3ª Seção. HC 463.434-MT, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/11/2020 (Info 684) 
 
 
 
Condenações anteriores transitadas em julgado não podem ser utilizadas como personalidade ou 
conduta social desfavorável. Eventuais condenações criminais do réu transitadas em julgado e não 
utilizadas para caracterizar a reincidência somente podem ser valoradas, na primeira fase da 
dosimetria, a título de antecedentes criminais, não se admitindo sua utilização também para 
desvalorar a personalidade ou a conduta social do agente. 
A conduta social e a personalidade do agente não se confundem com os antecedentes criminais, 
porquanto gozam de contornos próprios - referem-se ao modo de ser e agir do autor do delito -, os 
quais não podem ser deduzidos, de forma automática, da folha de antecedentes criminais do réu. 
Trata-se da atuação do réu na comunidade, no contexto familiar, no trabalho, na vizinhança (conduta 
social), do seu temperamento e das características do seu caráter, aos quais se agregam fatores 
hereditários e socioambientais, moldados pelas experiências vividas pelo agente (personalidade 
social). 
Já a circunstância judicial dos antecedentes se presta eminentemente à análise da folha criminal do 
réu, momento em que eventual histórico de múltiplas condenações definitivas pode, a critério do 
julgador, ser valorado de forma mais enfática, o que, por si só, já demonstra a desnecessidade de se 
valorar negativamente outras condenações definitivas nos vetores personalidade e conduta social. 
STJ. 3ª Seção. EAREsp 1.311.636-MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/04/2019 (Info 647). 
 
Reiteração criminosa no crime de descaminho e princípio da insignificância. A reiteração 
criminosa inviabiliza a aplicação do princípio da insignificância nos crimes de descaminho, 
ressalvada a possibilidade de, no caso concreto, as instâncias ordinárias verificarem que a 
medida é socialmente recomendável. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.217.514-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 9/12/2015 (Info 575). 
 
Motivo torpe e feminicídio: inexistência de bis in idem. Não caracteriza bis in idem o 
reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de feminicídio no crime de homicídio 
praticado contra mulher em situação de violência doméstica e familiar. Isso se dá porque o 
feminicídio é uma qualificadora de ordem OBJETIVA - vai incidir sempre que o crime estiver 
atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita, enquanto que a torpeza é de 
cunho subjetivo, ou seja, continuará adstrita aos motivos (razões) que levaram um indivíduo 
a praticar o delito. 
STJ. 6ª Turma. HC 433.898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/04/2018 (Info 625) 
 
Momento consumativo do FURTO 
Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço 
de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica 
ou desvigiada. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.524.450-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 14/10/2015 (recurso repetitivo) (Info 572). 
 
 
 
 
Momento consumativo do ROUBO 
Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante 
emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à 
perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse 
mansa e pacífica ou desvigiada. 
 
Hipótese de inaplicabilidade do princípio da consunção com o furto/roubo 
O delito de estelionato não será absorvido pelo de roubo na hipótese em que o agente, dias 
após roubar um veículo e os objetos pessoais dos seus ocupantes, entre eles um talonário de 
cheques, visando obter vantagem ilícita, preenche uma de suas folhas e, diretamente na 
agência bancária, tenta sacar a quantia nela lançada. A falsificação da cártula não é mero 
exaurimento do crime antecedente. Isso porque há diversidade de desígnios e de bens 
jurídicos lesados. Dessa forma, inaplicável o princípio da consunção. 
STJ. 5ª Turma. HC 309.939-SP, Rel. Min. Newton Trisotto (Desembargador convocado do TJ SC), julgado em 28/4/2015 
(Info 562). 
 
A dívida de corrida de táxi não pode ser considerada coisa alheia móvel para fins de 
configuração da tipicidade dos delitos patrimoniais A dívida de corrida táxi não pode ser 
considerada coisa alheia móvel para fins de configuração da tipicidade dos delitos 
patrimoniais. 
Ex: João pegou um táxi. Ao final da corrida, ele saiu do carro e disse que não iria pagar a 
corrida. O motorista também saiu do veículo e foi tentar segurá-lo para que ele não fugisse 
sem quitar o débito. João puxou, então, uma faca e desferiu um golpe no taxista, que morreu 
no local. 
O agente nãopraticou roubo com resultado morte (art. 157, § 3º, II, do CP). Isso porque não 
houve, no contexto delitivo, nenhuma subtração ou tentativa de subtração de coisa alheia 
móvel, o que afasta a conduta de roubo qualificado pelo resultado, composto pelo verbo 
“subtrair” e pelo complemento “coisa alheia móvel”. O agente se negou a efetuar o 
pagamento da corrida de táxi e desferiu um golpe de faca no motorista, sem (tentar) subtrair 
objeto algum, de modo a excluir o animus furandi. Não se pode equiparar “dívida de 
transporte” com a “coisa alheia móvel” prevista no tipo do art. 157 do Código Penal, sob pena 
de violação dos princípios da tipicidade e da legalidade estrita, que regem a aplicação da lei 
penal. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1.757.543-RS, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 24/09/2019 (Info 658). 
 
Furto privilegiado 
Súmula 511-STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP 
nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o 
pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva. 
 
 
 
Causa de aumento do § 1º pode ser aplicada tanto para furto simples como qualificado 
O 1º do art. 155 do CP prevê que a pena do crime de furto será aumentada de um terço, se 
o crime é praticado durante o repouso noturno. A causa de aumento de pena prevista no § 
1° pode ser aplicada tanto para os casos de furto simples (caput) como para as hipóteses de 
furto qualificado (§ 4°). Não existe nenhuma incompatibilidade entre a majorante prevista 
no § 1° e as qualificadoras do § 4º. São circunstâncias diversas, que incidem em momentos 
diferentes da aplicação da pena. Assim, é possível que o agente seja condenado por furto 
qualificado (§ 4º) e, na terceira fase da dosimetria, o juiz aumente a pena em 1/3 se a 
subtração ocorreu durante o repouso noturno. 
STJ. 6ª Turma. HC 306.450-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2014 (Info 554). 
 
Para que configure a qualificadora da destreza, é necessário que o agente tenha subtraído o 
bem com excepcional habilidade sem ser descoberto. No crime de furto, não deve ser 
reconhecida a qualificadora da “destreza” (art. 155, § 4º, II, do CP) caso inexista comprovação 
de que o agente tenha se valido de excepcional – incomum – habilidade para subtrair a coisa 
que se encontrava na posse da vítima sem despertar-lhe a atenção. 
Destreza, para fins de furto qualificado, é a especial habilidade física ou manual que permite 
ao agente subtrair bens em poder direto da vítima sem que ela perceba o furto. É o chamado 
“punguista”. 
STJ. 5ª Turma. REsp 1.478.648-PR, Rel. para acórdão Min. Newton Trisotto (desembargador convocado do TJ/SC), julgado 
em 16/12/2014 (Info 554) 
 
Adulterar o sistema de medição da energia elétrica para pagar menos que o devido: 
estelionato (não é furto) A alteração do sistema de medição, mediante fraude, para que 
aponte resultado menor do que o real consumo de energia elétrica configura estelionato. 
Ex: as fases “A” e “B” do medidor foram isoladas por um material transparente, que permitia 
a alteração do relógio fazendo com que fosse registrada menos energia do que a consumida. 
STJ. 5ª Turma. AREsp 1.418.119-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 07/05/2019 (Info 648). 
Cuidado para não confundir: 
• Agente desvia a energia elétrica por meio de ligação clandestina (“gato”): crime de FURTO 
(há subtração e inversão da posse do bem). 
• Agente altera o sistema de medição para que aponte resultado menor do que o real 
consumo: crime de ESTELIONATO. 
 
 
 
 
 
 
É necessário que a arma de fogo utilizada no roubo seja apreendida e periciada para que 
incida a majorante? 
NÃO. O reconhecimento da causa de aumento prevista no art. 157, § 2º-A, I, do Código Penal 
prescinde (dispensa) da apreensão e da realização de perícia na arma de fogo, desde que provado o 
seu uso no roubo por outros meios de prova. 
Se o acusado alegar o contrário ou sustentar a ausência de potencial lesivo na arma empregada para 
intimidar a vítima, será dele o ônus de produzir tal prova, nos termos do art. 156 do Código de 
Processo Penal. 
2) Se, após o roubo, foi constatado que a arma de fogo empregada pelo agente apresentava defeito, 
incide mesmo assim a majorante? 
Depende: 
• Se o defeito faz com que o instrumento utilizado pelo agente seja absolutamente ineficaz, 
não incide a majorante. Ex: revólver que não possui mecanismo necessário para efetuar 
disparos. Nesse caso, o revólver defeituoso servirá apenas como meio para causar a grave 
ameaça à vítima, conforme exige o caput do art. 157, sendo o crime o de roubo simples; 
Se o defeito faz com que o instrumento utilizado pelo agente seja relativamente ineficaz, 
INCIDE a majorante. Ex: revólver que algumas vezes trava e não dispara. Nesse caso, o 
revólver, mesmo defeituoso, continua tendo potencialidade lesiva, de sorte que poderá 
causar danos à integridade física, sendo, portanto, o crime o de roubo circunstanciado. 
3) O Ministério Público que deve provar que a arma de fogo utilizada estava em perfeitas 
condições de uso? NÃO. Cabe ao réu, se assim for do seu interesse, demonstrar que a arma 
é desprovida de potencial lesivo, como na hipótese de utilização de arma de brinquedo, arma 
defeituosa ou arma incapaz de produzir lesão (STJ REsp 961.863/RS). 
4) Se, após o roubo, foi constatado que a arma de fogo estava desmuniciada no momento 
do crime, incide mesmo assim a majorante? 
• STJ: NÃO. O emprego de arma de fogo desmuniciada tem o condão de configurar a grave 
ameaça e tipificar o crime de roubo, no entanto NÃO É suficiente para caracterizar a 
majorante do emprego de arma, pela ausência de potencialidade lesiva no momento da 
prática do crime (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1536939/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 
julgado em 15/10/2015). 
• STF: SIM. É irrelevante o fato de estar ou não municiada para que se configure a majorante 
do roubo (STF. 2ª Turma. RHC 115077, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 06/08/2013). 
5) Além do roubo circunstanciado, o agente responderá também pelo porte ilegal de arma 
de fogo (art. 14 ou 16, da Lei n. 10.826/2003)? 
Em regra, não. Geralmente, o crime de porte ilegal de arma de fogo é absorvido pelo crime 
de roubo circunstanciado. Aplica-se o princípio da consunção, considerando que o porte 
ilegal de arma de fogo funciona como crime meio para a prática do roubo (crime fim), sendo 
por este absorvido 
 
 
 
 
Latrocínio 
Súmula 610-STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não 
se realize o agente a subtração de bens da vítima. 
Extorsão 
Súmula 96-STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da 
vantagem indevida. 
A extorsão pode ser praticada mediante a ameaça feita pelo agente de causar um “mal 
espiritual” na vítima Configura o delito de extorsão (art. 158 do CP) a conduta do agente que 
submete vítima à grave ameaça espiritual que se revelou idônea a atemorizá-la e compeli-la 
a realizar o pagamento de vantagem econômica indevida. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1.299.021-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 14/2/2017 (Info 598). 
 
DVD pirata 
O ato de vender ou expor à venda CDs e DVDs falsificados é conduta formal e materialmente 
típica, estando prevista no art. 184, § 2º, do Código Penal. Assim, não se pode alegar que tal 
conduta deixou de ser crime por conta do princípio da adequação social. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.193.196-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 26/9/2012 
Súmula 502-STJ: Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime 
previsto no artigo 184, parágrafo 2º, do Código Penal, a conduta de expor à venda CDs e 
DVDs piratas 
 
Crime de violação de direito autoral e comprovação da materialidade 
Súmula 574-STJ: Para a configuração do delito de violação de direito autoral e a comprovação 
de sua materialidade,é suficiente a perícia realizada por amostragem do produto 
apreendido, nos aspectos externos do material, e é desnecessária a identificação dos 
titulares dos direitos autorais violados ou daqueles que os representem. 
 
Fita adesiva e art. 311 do CP 
Segundo a jurisprudência atual do STJ e do STF, a conduta de colocar uma fita adesiva ou 
isolante para alterar o número ou as letras da placa do carro e, assim, evitar multas, pedágio, 
rodízio etc, configura o delito do art. 311 do CP. 
STF. 2ª Turma. RHC 116371/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/8/2013. 
 
 
 
 
Prostituta que arranca cordão de cliente que não quis pagar o programa responde por 
exercício arbitrário das próprias razões 
A prostituta maior de idade e não vulnerável que, considerando estar exercendo pretensão 
legítima, arranca cordão do pescoço de seu cliente pelo fato de ele não ter pago pelo serviço 
sexual combinado e praticado consensualmente, pratica o crime de exercício arbitrário das 
próprias razões (art. 345 do CP) e não roubo (art. 157 do CP). 
STJ. 6ª Turma. HC 211.888-TO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 17/5/2016 (Info 584) 
 
Importação de colete à prova de balas configura contrabando 
Configura crime de contrabando (art. 334-A do CP) a importação de colete à prova de balas 
sem prévia autorização do Comando do Exército. 
STJ. 6ª Turma. RHC 62.851-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 16/2/2016 (Info 577). 
 
Introduzir chip de aparelho celular em presídio não caracteriza crime 
A conduta de ingressar em estabelecimento prisional com chip de celular não se subsome ao 
tipo penal previsto no art. 349-A do Código Penal. 
Cuidado para não confundir: 
A posse de chip de telefone celular pelo preso, dentro de estabelecimento prisional, 
configura falta disciplinar de natureza grave, ainda que ele não esteja portando o aparelho 
STJ. 5ª Turma. HC 619.776/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/04/2021 (Info 693). 
 
PROCESSO PENAL 
 
Requisitos estipulados pelo STF para a validade da decretação da prisão temporária 
A decretação de prisão temporária somente é cabível quando: 
(i) for imprescindível para as investigações do inquérito policial; 
(ii) houver fundadas razões de autoria ou participação do indiciado; 
(iii) for justificada em fatos novos ou contemporâneos; 
(iv) for adequada à gravidade concreta do crime, às circunstâncias do fato e às condições 
pessoais do indiciado; e 
(v) não for suficiente a imposição de medidas cautelares diversas. 
STF. Plenário. ADI 3360/DF e ADI 4109/DF, Rel. Min. Carmen Lúcia, redator para o acórdão Min. Edson Fachin, julgados 
em 11/2/2022 (Info 1043). 
 
 
O acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei nº 
13.964/2019, desde que não recebida a denúncia 
A Lei nº 13.964/2019 (“Pacote Anticrime”) inseriu o art. 28-A ao CPP, criando, no 
ordenamento jurídico pátrio, o instituto do acordo de não persecução penal (ANPP). 
A Lei nº 13.964/2019, no ponto em que institui o ANPP, é considerada lei penal de natureza 
híbrida, admitindo conformação entre a retroatividade penal benéfica e o tempus regit 
actum. 
O ANPP se esgota na etapa pré-processual, sobretudo porque a consequência da sua recusa, 
sua não homologação ou seu descumprimento é inaugurar a fase de oferecimento e de 
recebimento da denúncia. 
O recebimento da denúncia encerra a etapa pré-processual, devendo ser considerados 
válidos os atos praticados em conformidade com a lei então vigente. 
Dessa forma, a retroatividade penal benéfica incide para permitir que o ANPP seja viabilizado 
a fatos anteriores à Lei nº 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. 
Assim, mostra-se impossível realizar o ANPP quando já recebida a denúncia em data anterior 
à entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019. 
STJ. 5ª Turma. HC 607.003-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/11/2020 (Info 683). 
STF. 1ª Turma. HC 191464 AgR, Rel. Roberto Barroso, julgado em 11/11/2020. 
 
Indiciamento 
O indiciamento é ato privativo da autoridade policial, segundo sua análise técnico-jurídica do 
fato. O juiz não pode determinar que o Delegado de Polícia faça o indiciamento de alguém. 
STF. 2ª Turma. HC 115015/SP, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/8/2013 
 
Redução a condição análoga à de escravo: Justiça FEDERAL 
Compete à justiça FEDERAL processar e julgar o crime de redução à condição análoga à de 
escravo (art. 149 do CP). O tipo previsto no art. 149 do CP caracteriza-se como crime contra 
a organização do trabalho e, portanto, atrai a competência da justiça federal (art. 109, VI, da 
CF/88). 
STF. Plenário. RE 459510/MT, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 26/11/2015 
(Info 809)

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