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CPF: 005.281.232-46
JULIANA AGRA CARNEIRO | 9291196447 | juliana.agrac@hotmail.com | CPF: 005.281.232-46
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
1 
CURSO MEGE 
Site: www.mege.com.br 
Celular/Whatsapp: (99) 982622200 (Tim) 
Fanpage /cursomege 
Instagram: @cursomege 
Turma: Clube Delta 
 
 
 
 
 
 
 
 
MATERIAL DE APOIO 
SUPER JULGADOS DOS TRIBUNAIS SUPERIORES1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Baseado na obra de Márcio André Lopes Cavalcante e Julgados dos Tribunais Superiores (STF e STJ) 
CPF: 005.281.232-46
JULIANA AGRA CARNEIRO | 9291196447 | juliana.agrac@hotmail.com | CPF: 005.281.232-46
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2 
1. DIREITO PENAL 
 
1. 1 Princípio da Insignificância 
 
Não pode ser aplicado para fins de incidência do princípio da insignificância nos crimes 
tributários estaduais o parâmetro de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), estabelecido no art. 20 da 
Lei 10.522/2002, devendo ser observada a lei estadual vigente em razão da autonomia do ente 
federativo. STJ. 5ª Turma. AgRg-HC 549.428-PA. Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/05/2020. 
É possível utilizar o parâmetro mínimo de 20 mil reais (criado para a execução fiscal) como 
critério para aplicação do princípio da insignificância nos crimes tributários? 
NÃO é possível a aplicação do princípio da 
insignificância aos crimes tributários de 
acordo com o montante definido em 
parâmetro estabelecido para a propositura 
judicial de execução fiscal. 
STF. 1ª Turma. HC-AgR 144.193-SP, Rel. Min. 
Alexandre de Moraes, julgado em 
15/04/2020 
SIM, é possível a aplicação do princípio da 
insignificância aos crimes tributários e de 
descaminho quando o débito tributário 
verificado não ultrapassar o limite de 
R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do 
disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com 
as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 
e 130, ambas do Ministério da Fazenda. 
STF. 2ª Turma. HC-AgR 160.239-SP, Rel. Min. 
Gilmar Mendes; Julg. 22/05/2020. STF. 2ª 
Turma. HC-AgR 174.329-SC, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski; Julg. 05/11/2019; DJE 
18/11/2019. STJ. 3ª Seção. HC 535.063-SP. Rel. 
Min. Sebastião Reis Júnior; Julg. 10/06/2020; 
DJE 25/08/2020 
 
É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de mercadorias avaliadas em 
R$ 29,15, mesmo que a subtração tenha ocorrido durante o período de repouso noturno e 
mesmo que o agente seja reincidente. Vale ressaltar que os produtos haviam sido furtados de 
um estabelecimento comercial e que logo após o agente foi preso, ainda na porta do 
estabelecimento. Objetos furtados: R$ 4,15 em moedas, uma garrafa de Coca-Cola, duas garrafas 
de cerveja e uma garrafa de pinga marca 51, tudo avaliado em R$ 29,15. STF. 2ª Turma. HC 
181389 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/4/2020 (Info 973). 
 
É possível a aplicação do princípio da insignificância para o agente que praticou o furto de um 
carrinho de mão avaliado em R$ 20,00 (3% do salário-mínimo), mesmo ele possuindo 
antecedentes criminais por crimes patrimoniais. STF. 1ª Turma. RHC 174784/MS, rel. orig. Min. 
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/2/2020 (Info 966). Em 
outro precedente mais recente: É possível a aplicação do princípio da insignificância em face de 
réu reincidente e realizado no período noturno. Na espécie, trata-se de furto de R$ 4,15 em 
moedas, uma garrafa pequena de refrigerante, duas garrafas de 600 ml de cerveja e uma de 1 
litro de pinga, tudo avaliado em R$ 29,15. STF. 2ª Turma. HC 181389/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, 
julgado em 14/04/2020 (Info 973) 
 
CPF: 005.281.232-46
JULIANA AGRA CARNEIRO | 9291196447 | juliana.agrac@hotmail.com | CPF: 005.281.232-46
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3 
A despeito da presença de qualificadora no crime de furto possa, à primeira vista, impedir o 
reconhecimento da atipicidade material da conduta, a análise conjunta das circunstâncias 
pode demonstrar a ausência de lesividade do fato imputado, recomendando a aplicação do 
princípio da insignificância. STJ. 5ª Turma. HC 553872-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 
julgado em 11/02/2020 (Info 665). 
 
Não se admite a incidência do princípio da insignificância na prática de estelionato qualificado 
por médico que, no desempenho de cargo público, registra o ponto e se retira do hospital. A 
jurisprudência do STJ não tem admitido, nos casos de prática de estelionato “qualificado”, a 
incidência do princípio da insignificância (princípio inspirado na fragmentariedade do Direito 
Penal). Isso porque se identifica, neste caso, uma maior reprovabilidade da conduta delitiva. No 
caso concreto, o STJ afirmou que não era possível o trancamento da ação penal, sob o 
fundamento de inexistência de prejuízo expressivo para a vítima, considerando que, em se 
tratando de hospital universitário, os pagamentos aos médicos são provenientes de verbas 
federais. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 548869-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 
12/05/2020 (Info 672). 
 
Os delitos de posse e de porte de arma de fogo são crimes de perigo abstrato, de forma que, 
em regra, é irrelevante a quantidade de munição apreendida. No entanto, o STF e o STJ, a 
depender do caso concreto, reconhece a possibilidade de aplicação do princípio da 
insignificância para o crime de posse ou porte ilegal de pouca quantidade de munição 
desacompanhada da arma. O atual entendimento do STJ é no sentido de que a apreensão de 
pequena quantidade de munição, desacompanhada da arma de fogo, permite a aplicação do 
princípio da insignificância ou bagatela. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 517.099/MS, Rel. Min. Joel 
Ilan Paciornik, julgado em 06/08/2019. O STJ, alinhando-se ao STF, tem entendido pela incidência 
do princípio da insignificância aos crimes previstos na Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do 
Desarmamento), afastando a tipicidade material da conduta quando evidenciada flagrante 
desproporcionalidade da resposta penal. A aplicação do princípio da insignificância deve, 
contudo, ficar restrita a hipóteses excepcionais que demonstrem a inexpressividade da lesão, de 
forma que a incidência do mencionado princípio não pode levar ao esvaziamento do conteúdo 
jurídico do tipo penal em apreço - porte de arma, incorrendo em proteção deficiente ao bem 
jurídico tutelado. STJ. 6ª Turma. HC 473.334/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 21/05/2019. 
 
Não se aplica o princípio da insignificância para o crime de apropriação indébita 
previdenciária. Não é possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes de 
apropriação indébita previdenciária e de sonegação de contribuição previdenciária, 
independentemente do valor do ilícito, pois esses tipos penais protegem a própria subsistência 
da Previdência Social, de modo que é elevado o grau de reprovabilidade da conduta do agente 
que atenta contra este bem jurídico supraindividual. O bem jurídico tutelado pelo delito de 
apropriação indébita previdenciária é a subsistência financeira da Previdência Social. Logo, não 
há como afirmar-se que a reprovabilidade da conduta atribuída ao paciente é de grau reduzido, 
considerando que esta conduta causa prejuízo à arrecadação já deficitária da Previdência Social, 
configurando nítida lesão a bem jurídico supraindividual. O reconhecimento da atipicidade 
material nesses casos implicaria ignorar esse preocupante quadro. STF. 1ª Turma. HC 102550, 
Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20/09/2011. STF. 2ª Turma. RHC 132706 AgR, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, julgado em 21/06/2016. STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.881/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, 
julgado em 22/05/2019. 
 
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4 
A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da 
conduta, à luz dos elementos do caso concreto. No entanto, com base no caso concreto, o juiz 
pode entender que a absolvição com base nesse princípio é penal ou socialmente indesejável. 
Nesta hipótese, o magistrado condena o réu, mas utiliza a circunstância de o bem furtado ser 
insignificante para fins de fixar o regime inicial aberto. Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas 
utiliza a insignificância para criar uma exceção jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, 
com base no princípio da proporcionalidade STF. 1ª Turma. HC 135164/MT, Rel. Min. Marco 
Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 23/4/2019 (Info 938). 
 
Em regra, o reconhecimento do princípio da insignificância gera a absolvição do réu pela 
atipicidade material. Em um caso concreto, contudo, o STF reconheceu a insignificância do bem 
subtraído, mas, como o réu era reincidente em crime patrimonial, em vez de absolvê-lo, o 
Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a substituição da pena privativa de 
liberdade por restritiva de direitos. Em razão da reincidência, o STF entendeu que não era o 
caso de absolver o condenado, mas, em compensação, determinou que a pena privativa de 
liberdade fosse substituída por restritiva de direitos. STF. 1ª Turma. HC 137217/MG, Rel. Min. 
Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/8/2018 (Info 913). 
 
Em regra, a habitualidade delitiva específica (ou seja, o fato de o réu já responder a outra ação 
penal pelo mesmo delito) é um parâmetro (critério) que afasta o princípio da insignificância 
mesmo em se tratando de bem de reduzido valor. Excepcionalmente, no entanto, as 
peculiaridades do caso concreto podem justificar o afastamento dessa regra e a aplicação do 
princípio, com base na ideia da proporcionalidade. É o caso, por exemplo, do furto de um galo, 
quatro galinhas caipiras, uma galinha garnizé e três quilos de feijão, bens avaliados em pouco 
mais de cem reais. O valor dos bens é inexpressivo e não houve emprego de violência. Enfim, é 
caso de mínima ofensividade, ausência de periculosidade social, reduzido grau de 
reprovabilidade e inexpressividade da lesão jurídica. Mesmo que conste em desfavor do réu 
outra ação penal instaurada por igual conduta, ainda em trâmite, a hipótese é de típico crime 
famélico. A excepcionalidade também se justifica por se tratar de hipossuficiente. Não é razoável 
que o Direito Penal e todo o aparelho do Estado-polícia e do Estado-juiz movimente-se no 
sentido de atribuir relevância a estas situações. STF. 2ª Turma. HC 141440 AgR/MG, Rel. Min. 
Dias Toffoli, julgado em 14/8/2018 (Info 911). 
 
O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, 
II, da Lei 9.605/98: Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares 
interditados por órgão competente: Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas 
as penas cumulativamente. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: II - pesca 
quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, 
técnicas e métodos não permitidos; Caso concreto: realização de pesca de 7kg de camarão em 
período de defeso com o uso de método não permitido. STF. 1ª Turma. HC 122560/SC, Rel. Min. 
Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 901). Outro caso concreto: realização de pesca com 
rede de oitocentos metros e apreensão de oito quilos de pescados. STF. 2ª Turma. HC-AgR 
163.907-RJ. Relª Min. Cármen Lúcia, julgado em 17/03/2020. Obs: apesar de a redação utilizada 
no informativo original ter sido bem incisiva (“O princípio da bagatela não se aplica ao crime 
previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98”), existem julgados tanto do STF 
como do STJ aplicando, excepcionalmente, o princípio da insignificância para o delito de pesca 
ilegal. Deve-se ficar atenta(o) para como isso será cobrado no enunciado da prova. 
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5 
 
O VALOR MÁXIMO CONSIDERADO INSIGNIFICANTE NO CASO DE CRIMES TRIBUTÁRIOS E 
DESCAMINHO É DE 20 MIL REAIS PARA O STF E STJ 
POSIÇÃO MAJORITÁRIA A 1ª TURMA DO STF 
Incide o princípio da insignificância aos crimes 
tributários federais e de descaminho quando o 
débito tributário verificado não ultrapassar o 
limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor 
do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, 
com as atualizações efetivadas pelas Portarias 
n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1688878-SP, Rel. Min. 
Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 
(recurso repetitivo). STF. 2ª Turma. HC 
155347/PR, Rel. Min. Dias Tóffoli, julgado em 
17/4/2018 (Info 898). 
Não é possível a aplicação do princípio da 
insignificância aos crimes tributários de acordo 
com o montante definido em parâmetro 
estabelecido para a propositura judicial de 
execução fiscal. STF. 1ª Turma. HC-AgR 
144.193-SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, 
julgado em 15/04/2020. 
 
Súmula 606-STJ: Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina 
de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei 
n. 9.472/1997. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 11/04/2018, DJe 17/04/2018. 
 
Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o 
débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do 
disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 
e 130, ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião 
Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo). A posição acima explicada é a 
majoritária. Vale ressaltar, no entanto, que a 1ª Turma do STF tem decidido em sentido contrário: 
Não é possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes tributários de acordo com o 
montante definido em parâmetro estabelecido para a propositura judicial de execução fiscal. 
STF. 1ª Turma. HC-AgR 144.193-SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 15/04/2020. 
 
1.2 Prescrição 
 
Nos termos do inciso IV do artigo 117 do Código Penal, o acórdão condenatório sempre 
interrompe a prescrição, inclusive quando confirmatório da sentença de 1º grau, seja 
mantendo, reduzindo ou aumentando a pena anteriormente imposta. A prescrição é, como se 
sabe, o perecimento da pretensão punitiva ou da pretensão executória pela inércia do próprio 
Estado. No art. 117 do Código Penal, que deve ser interpretado de forma sistemática, todas as 
causas interruptivas da prescrição demonstram, em cada inciso, que o Estado não está inerte. 
Não obstante a posição de parte da doutrina, o Código Penal não faz distinção entre acórdão 
condenatório inicial e acórdão condenatório confirmatório da decisão. Não há, 
sistematicamente, justificativa para tratamentos díspares. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 
1668298-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 12/05/2020 (Info 672). STF. Plenário. HC 
176473/RR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/04/2020. STF. 1ª Turma. RE 1195122 
AgR-segundo, Rel. Min. Marco Aurélio, Red. acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 
30/11/2020. 
CPF: 005.281.232-46
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6 
 
De acordo com o parágrafo único do art. 116 do Código Penal, “depois de passada em julgado 
a sentença condenatória, a prescrição não corre duranteo tempo em que o condenado está 
preso por outro motivo”. Ao interpretar o referido dispositivo legal, o STJ pacificou o 
entendimento de que o cumprimento de pena imposta em outro processo, ainda que em 
regime aberto ou em prisão domiciliar, impede o curso da prescrição executória. Assim, não há 
que se falar em fluência do prazo prescricional, o que impede o reconhecimento da extinção de 
sua punibilidade. O fato de o prazo prescricional não correr durante o tempo em que o 
condenado está preso por outro motivo não depende da unificação das penas. STJ. 5ª Turma. 
AgRg no RHC 123523-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 13/04/2020 (Info 670). 
 
 É possível aplicar a redução do art. 115 do CP no momento do acórdão (ou seja, após a 
sentença), se a sentença foi absolutória e o primeiro decreto condenatório foi a apelação. 
Assim, a redução do prazo prescricional à metade, com base no art. 115 do Código Penal, aplica-
se aos réus que atingirem a idade de 70 anos até a primeira condenação, tenha ela se dado na 
sentença ou no acórdão. STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no AREsp 491258/TO, Rel. Min. Antonio 
Saldanha Palheiro, julgado em 07/02/2019. STJ. 6ª Turma. HC 316110/SP, Rel. Min. Rogerio 
Schietti Cruz, julgado em 25/06/2019. 
 
Por expressa previsão do art. 115 do CP, são reduzidos pela metade os prazos de prescrição 
quando o criminoso era, na data da sentença, maior de 70 anos. O termo sentença deve ser 
compreendido como a primeira decisão condenatória, seja sentença ou acórdão proferido em 
apelação. A redução do prazo prescricional prevista no art. 115 do CP não se relaciona com as 
causas interruptivas da prescrição previstas no art. 117 do mesmo diploma legal, tratando-se 
de fenômenos distintos e que repercutem de maneira diversa. STJ. 6ª Turma. HC 316110-SP, 
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 25/06/2019 (Info 652). ATENÇÃO! Em alguns julgados 
a 6ª Turma do STJ tem admitido a aplicação do art. 115 do CP caso o acórdão tenha confirmado 
a condenação, mas tenha também modificado substancialmente a sentença a ponto de ser 
considerado um novo édito condenatório. 
SE O MINISTÉRIO PÚBLICO NÃO RECORREU CONTRA A SENTENÇA CONDENATÓRIA, TENDO HAVIDO 
APENAS RECURSO DA DEFESA, QUAL DEVERÁ SER O TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO 
EXECUTIVA? 
POSICIONAMENTO PACÍFICO DO STJ 1ª TURMA DO STF 
o termo inicial da prescrição da pretensão 
executória é a data do trânsito em julgado da 
sentença condenatória para a acusação, ainda 
que a defesa tenha recorrido e que se esteja 
aguardando o julgamento desse recurso. Aplica-
se a interpretação literal do art. 112, I, do CP, 
considerando que ela é mais benéfica ao 
condenado. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 
555.043/SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 
05/05/2020. 
o início da contagem do prazo de prescrição somente 
se dá quando a pretensão executória pode ser 
exercida. Se o Estado não pode executar a pena, não 
se pode dizer que o prazo prescricional já está 
correndo. Assim, mesmo que tenha havido trânsito 
em julgado para a acusação, se o Estado ainda não 
pode executar a pena (ex: está pendente uma 
apelação da defesa), não teve ainda início a contagem 
do prazo para a prescrição executória. É preciso fazer 
uma interpretação sistemática do art. 112, I, do CP. 
STF. 1ª Turma. RE 696533/SC, Rel. Min. Luiz Fux, red. 
p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 6/2/2018 
(Info 890) 
 
Obs: a posição majoritária é a que adota a redação literal do art. 112, I, do CP. No entanto, o 
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7 
tema será definitivamente julgado pelo STF no ARE 848107 RG, admitido para ser decidido pelo 
Plenário da Corte sob a sistemática da repercussão geral. 
 
1.3 Outros temas da parte geral 
 
A teoria do domínio do fato não permite, isoladamente, que se faça uma acusação pela prática 
de qualquer crime, eis que a imputação deve ser acompanhada da devida descrição, no plano 
fático, do nexo de causalidade entre a conduta e o resultado delituoso. A teoria do domínio do 
fato funciona como uma ratio, a qual é insuficiente, por si só, para aferir a existência do nexo de 
causalidade entre o crime e o agente. É equivocado afirmar que um indivíduo é autor porque 
detém o domínio do fato se, no plano intermediário ligado à realidade, não há nenhuma 
circunstância que estabeleça o nexo entre sua conduta e o resultado lesivo. Não há como 
considerar, com base na teoria do domínio do fato, que a posição de gestor, diretor ou sócio-
administrador de uma empresa implica a presunção de que houve a participação no delito, se 
não houver, no plano fático probatório, alguma circunstância que o vincule à prática delitiva. Em 
decorrência disso, também não é correto, no âmbito da imputação da responsabilidade penal, 
partir da premissa ligada à forma societária, ao número de sócios ou ao porte apresentado pela 
empresa para se presumir a autoria, sobretudo porque nem sempre as decisões tomadas por 
gestor de uma sociedade empresária ou pelo empresário individual, - seja ela qual for e de que 
forma esteja constituída—implicam o absoluto conhecimento e aquiescência com os trâmites 
burocráticos subjacentes, os quais, não raro, são delegados a terceiros. STJ. 6ª Turma. REsp 
1854893-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 08/09/2020 (Info 681). 
 
O art. 149 do CPP, ao exigir que o acusado seja submetido a exame médico-legal, não 
contempla hipótese de prova legal ou tarifada. A despeito disso, a partir de uma interpretação 
sistemática das normais processuais penais que regem a matéria, deve-se concluir que o 
reconhecimento da inimputabilidade ou semi-imputabilidade do réu (art. 26, caput e parágrafo 
único do CP) depende da prévia instauração de incidente de insanidade mental e do respectivo 
exame médico-legal nele previsto. Vale ressaltar, por fim, que o magistrado poderá discordar 
das conclusões do laudo, desde que o faça por meio de decisão devidamente fundamentada. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1802845-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 23/06/2020 (Info 
675). 
 
 
Não há se falar em irretroatividade de interpretação jurisprudencial, uma vez que o 
ordenamento jurídico proíbe apenas a retroatividade da lei penal mais gravosa. Os preceitos 
constitucionais relativos à aplicação retroativa da norma penal benéfica, bem como à 
irretroatividade da norma mais grave ao acusado (art. 5º, XL, da Constituição Federal), são 
inaplicáveis aos precedentes jurisprudenciais. STF. 1ª Turma. HC 161452 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, 
julgado em 6/3/2020. STJ. 5ª Turma. AgRg nos EDcl no AREsp 1361814/RJ, Rel. Min. Reynaldo 
Soares da Fonseca, julgado em 19/05/2020. 
 
É possível o reconhecimento da causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do Código 
Penal (arrependimento posterior) para o caso em que o agente fez o ressarcimento da dívida 
principal (efetuou a reparação da parte principal do dano) antes do recebimento da denúncia, 
mas somente pagou os valores referentes aos juros e correção monetária durante a 
tramitação da ação penal. Nas exatas palavras do STF: “É suficiente que ocorra arrependimento, 
uma vez reparada parte principal do dano, até o recebimento da inicial acusatória, sendo 
inviável potencializar a amplitude da restituição.” STF. 1ª Turma. HC 165312/SP, Rel. Min. Marco 
Aurélio, julgado em 14/4/2020 (Info 973) 
 
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8 
Na aplicação do art. 97 do CP não deve ser considerada a natureza da pena privativa de 
liberdade aplicável, mas sim a periculosidade do agente, cabendo ao julgador a faculdade de 
optar pelo tratamento que melhor se adapte ao inimputável. Se fosse adotadaa redação literal 
do art. 97 teríamos o seguinte cenário: Se o agente praticou fato punido com reclusão, ele 
receberá, obrigatoriamente, a medida de internação. Ao revés, se o agente praticou fato punido 
com detenção, o juiz, com base na periculosidade do agente, poderá submetê-lo à medida de 
internação ou tratamento ambulatorial. O STJ, contudo, abrandou a regra legal e construiu a tese 
de que o art. 97 do CP não deve ser aplicado de forma isolada, devendo analisar também qual é 
a medida de segurança que melhor se ajusta à natureza do tratamento de que necessita o 
inimputável. Em outras palavras, o STJ afirmou o seguinte: mesmo que o inimputável tenha 
praticado um fato previsto como crime punível com reclusão, ainda assim será possível submetê-
lo a tratamento ambulatorial (não precisando ser internação), desde que fique demonstrado que 
essa é a medida de segurança que melhor se ajusta ao caso concreto. À luz dos princípios da 
adequação, da razoabilidade e da proporcionalidade, na fixação da espécie de medida de 
segurança a ser aplicada não deve ser considerada a natureza da pena privativa de liberdade 
aplicável, mas sim a periculosidade do agente, cabendo ao julgador a faculdade de optar pelo 
tratamento que melhor se adapte ao inimputável. Desse modo, mesmo em se tratando de delito 
punível com reclusão, é facultado ao magistrado a escolha do tratamento mais adequado ao 
inimputável. STJ. 3ª Seção. EREsp 998128-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 27/11/2019 
(Info 662). 
 
1.4 Das penas 
 
É possível o aumento de pena-base fundado nos abalos psicológicos causados à vítima 
sobrevivente. No caso concreto, a pena-base foi exasperada em razão do abalo psicológico 
causado à ofendida que precisou vender sua residência por valor muito inferior ao de mercado, 
pois não conseguia conviver com as lembranças que o local lhe trazia e precisou adquirir com 
urgência outro imóvel para morar. A presença de sequelas psicológicas decorrentes do crime 
tem sido considerado fundamento idôneo para justificar o afastamento da pena-base do piso 
legal, pois demonstra que a conduta do agente extrapolou os limites ordinários do tipo penal 
violado, merecendo, portanto, maior repreensão. Para tanto, a exasperação da pena-base deve 
estar fundamentada em dados concretos extraídos da conduta imputada ao acusado, os quais 
devem desbordar dos elementos próprios do tipo penal. STJ. 5ª Turma. HC 624.350/SC, Rel. 
Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/12/2020. 
 
Não se aplica a agravante prevista no art. 61, II, “h”, do Código Penal na hipótese em que o 
crime de furto qualificado pelo arrombamento à residência ocorreu quando os proprietários 
não se encontravam no imóvel, não havendo que se falar, portanto, em ameaça à vítima ou 
em benefício do agente para a prática delitiva em razão de sua condição de fragilidade. Art. 
61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o 
crime: II - ter o agente cometido o crime: h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo 
ou mulher grávida; STJ. 5ª Turma. HC 593219-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 
25/08/2020 (Info 679). 
 
A existência de condenação anterior, ocorrida em prazo superior a cinco anos, contado da 
extinção da pena, poderá ser considerada como maus antecedentes? Após o período 
depurador, ainda será possível considerar a condenação como maus antecedentes? SIM. As 
condenações atingidas pelo período depurador quinquenal do art. 64, inciso I, do CP, embora 
afastem os efeitos da reincidência, não impedem a configuração de maus antecedentes, na 
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9 
primeira etapa da dosimetria da pena. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 558.745/SP, Rel. Min. Reynaldo 
Soares da Fonseca, julgado em 15/09/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 471.346/MS, Rel. Min. 
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 21/05/2019. Não se aplica para o reconhecimento dos maus 
antecedentes o prazo quinquenal de prescrição da reincidência, previsto no art. 64, I, do Código 
Penal. STF. Plenário. RE 593818/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/8/2020 
(Repercussão Geral - Tema 150). 
 
Para fins de comprovação da reincidência, é necessária documentação hábil que traduza o 
cometimento de novo crime depois de transitar em julgado a sentença condenatória por crime 
anterior, mas não se exige, contudo, forma específica para a comprovação. Desse modo, é 
possível que a reincidência do réu seja demonstrada com informações processuais extraídas dos 
sítios eletrônicos dos tribunais. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 448972/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares 
da Fonseca, julgado em 16/08/2018. STF. 1ª Turma. HC 162548 AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, 
julgado em 16/6/2020 (Info 982). 
 
O STF, ao julgar a ADI 3.150/DF, declarou que, à luz do preceito estabelecido pelo art. 5º, XLVI, 
da Constituição Federal, a multa, ao lado da privação de liberdade e de outras restrições – 
perda de bens, prestação social alternativa e suspensão ou interdição de direitos –, é espécie 
de pena aplicável em retribuição e em prevenção à prática de crimes, não perdendo ela sua 
natureza de sanção penal. Diante da eficácia erga omnes e do vinculante dessa decisão, não se 
pode mais declarar a extinção da punibilidade pelo cumprimento integral da pena privativa de 
liberdade quando pendente o pagamento da multa criminal. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 
1850903-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 28/04/2020 (Info 671) 
 
As hipóteses de reincidência específica ou multirreincidência podem justificar a exasperação da 
pena, na segunda fase da dosimetria, acima do patamar de 1/6, para a agravante de reincidência. 
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 548.769/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro Aurélio, em 10/03/2020. STJ. 5ª 
Turma. HC 462.137/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 02/04/2019. 
 
Súmula 636-STJ: A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus 
antecedentes e a reincidência. Aprovada em 26/06/2019, DJe 27/06/2019. Importante. 
 
Atos infracionais não podem ser considerados maus antecedentes para a elevação da pena-
base, tampouco podem ser utilizados para caracterizar personalidade voltada para a prática 
de crimes ou má conduta social. Há impropriedade na majoração da pena-base pela 
consideração negativa da personalidade do agente em razão da prévia prática de atos 
infracionais, pois é incompossível exacerbar a reprimenda criminal com base em passagens pela 
Vara da Infância. STJ. 5ª Turma. HC 499987/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 30/05/2019. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1702051/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 
06/03/2018. 
 
Súmula 630-STJ: A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito 
de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera 
admissão da posse ou propriedade para uso próprio. 
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10 
 
Eventuais condenações criminais do réu transitadas em julgado e não utilizadas para 
caracterizar a reincidência somente podem ser valoradas, na primeira fase da dosimetria, a 
título de antecedentes criminais, não se admitindo sua utilização também para desvalorar a 
personalidade ou a conduta social do agente. A conduta social e a personalidade do agente não 
se confundem com os antecedentes criminais, porquanto gozam de contornos próprios - 
referem-se ao modo de ser e agir do autor do delito -, os quais não podem ser deduzidos, de 
forma automática, da folha de antecedentes criminais do réu. Trata-se da atuação do réu na 
comunidade, no contexto familiar,no trabalho, na vizinhança (conduta social), do seu 
temperamento e das características do seu caráter, aos quais se agregam fatores hereditários e 
socioambientais, moldados pelas experiências vividas pelo agente (personalidade social). Já a 
circunstância judicial dos antecedentes se presta eminentemente à análise da folha criminal do 
réu, momento em que eventual histórico de múltiplas condenações definitivas pode, a critério 
do julgador, ser valorado de forma mais enfática, o que, por si só, já demonstra a desnecessidade 
de se valorar negativamente outras condenações definitivas nos vetores personalidade e 
conduta social. STJ. 3ª Seção. EAREsp 1311636-MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 
julgado em 10/04/2019 (Info 647). 
 
O Ministério Público possui legitimidade para propor a cobrança de multa decorrente de 
sentença penal condenatória transitada em julgado, com a possibilidade subsidiária de 
cobrança pela Fazenda Pública. Quem executa a pena de multa prioritariamente é o Ministério 
Público, na vara de execução penal, aplicando-se a LEP. Caso o MP se mantenha inerte por mais 
de 90 dias, após ser devidamente intimado, a Fazenda Pública executará na vara de execuções 
fiscais, aplicando-se a Lei nº 6.830/80. STF. Plenário. ADI 3150/DF, Rel. para acórdão Min. 
Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927). STF. Plenário. AP 470/MG, Rel. Min. 
Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927). 
 Obs: a Súmula 521-STJ fica superada e deverá ser cancelada. 
 
ATENÇÃO: PENA DE MULTA E O PACOTE ANTICRIME! 
ANTES DA LEI 13.964/2019 APÓS LEI 13.964/2019 
 Art. 51. Transitada em julgado a sentença 
condenatória, a multa será considerada dívida 
de valor, aplicando-se-lhes as normas da 
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda 
Pública, inclusive no que concerne às causas 
interruptivas e suspensivas da prescrição 
Art. 51. Transitada em julgado a sentença 
condenatória, a multa será executada 
perante o juiz da execução penal e será 
considerada dívida de valor, aplicáveis as 
normas relativas à dívida ativa da Fazenda 
Pública, inclusive no que concerne às causas 
interruptivas e suspensivas da prescrição. 
 
Ao analisar a redação anterior do art. 51 veremos que o legislador não dispôs acerca da 
legitimidade prioritária do Ministério Público. Tampouco havia prazo de 90 dias ou mesmo 
distinção de dois foros competentes. Porquanto, foi uma construção do STF sem previsão legal. 
Assim, não se pode afirmar que a alteração legislativa promovida pelo Pacote Anticrime 
modificou o entendimento do STF porque ele não estava expressamente baseado na lei. 
Para fins de provas, é importante fixar o posicionamento do STF, memorar a nova redação do 
art. 51. e sobretudo saber que, em embargos de declaração, o Tribunal decidiu modular os 
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11 
efeitos do entendimento acima e afirmou que existe competência concorrente da Procuradoria 
da Fazenda Pública quanto às execuções findas ou iniciadas até a data do trânsito em julgado 
da presente ação direta de inconstitucionalidade (STF. Plenário. ADI 3150 ED, Rel. Min. Roberto 
Barroso, julgado em 20/04/2020) 
 
 A prática sucessiva de roubo e, no mesmo contexto fático, de extorsão, com subtração violenta 
de bens e posterior constrangimento da vítima a entregar o cartão bancário e a respectiva 
senha, revela duas condutas distintas, praticadas com desígnios autônomos, devendo-se 
reconhecer, portanto, o concurso material. STF. 1ª Turma. HC 190909, rel. org. Min. Marco 
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/10/2020. 
 
Crime continuado do caput do art. 71 do CP: o critério para se determinar o quantum da 
majoração (entre 1/6 a 2/3) é apenas a quantidade de delitos cometidos. Assim, quanto mais 
infrações, maior deve ser o aumento. Crime continuado específico (art. 71, parágrafo único, do 
CP): a fração de aumento será determinada pela quantidade de crimes praticados e também 
pela análise das circunstâncias judicias do art. 59 do Código Penal. STJ. 5ª Turma. REsp 
1718212/PR, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/04/2018. 
 
Súmula 631-STJ: O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória), 
mas não atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais. 
 
João, reincidente, foi condenado a uma pena de 1 ano e 4 meses de reclusão, em regime inicial 
fechado, pela prática do crime de furto simples (art. 155, caput, do CP). A defesa postulou a 
aplicação do regime aberto com base no princípio da insignificância, considerado o objeto 
furtado ter sido apenas uma garrafa de licor. O STF decidiu impor o regime semiaberto. 
Entendeu-se que, de um lado, o regime fechado deve ser afastado. Por outro, não se pode 
conferir o regime aberto para um condenado reincidente, uma vez que isso poderia se tornar 
um incentivo à criminalidade, ainda mais em cidades menores, onde o furto é, via de regra, 
perpetrado no mesmo estabelecimento. A reincidência delitiva do paciente, que praticou o 
quinto furto em pequeno município, eleva a gravidade subjetiva de sua conduta. STF. 1ª Turma. 
HC 136385/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 
7/8/2018 (Info 910). 
 
Em caso de descumprimento injustificado da pena restritiva de direitos (ex: prestação 
pecuniária), o CP prevê, como consequência, a reconversão da pena restritiva de direitos em 
privativa de liberdade. Logo, o juiz não deve decretar o arresto dos bens do condenado como 
forma de cumprimento forçado da pena substitutiva. A possibilidade de reconversão da pena 
já é a medida que, por força normativa, atribui coercividade à pena restritiva de direitos. STJ. 6ª 
Turma. REsp 1699665-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 07/08/2018 (Info 
631). 
 
1.5 CRIMES EM ESPÉCIE 
O homicídio perpetrado conta a vítima jovem ceifa uma vida repleta de possibilidades e 
perspectivas, que não guardam identidade ou semelhança com aquelas verificadas na vida 
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adulta. Há que se sopesar, ainda, as consequências do homicídio contra vítima de tenra idade 
no núcleo familiar respectivo: pais e demais familiares enlutados por um crime que subverte a 
ordem natural da vida. Não se pode olvidar, ademais, o aumento crescente do número de 
homicídios perpetrados contra adolescentes no Brasil, o que reclama uma resposta estatal. 
Assim, deve prevalecer a orientação no sentido de que a tenra idade da vítima (menor de 18 
anos de idade) é elemento concreto e transborda aqueles inerentes ao crime de homicídio, 
sendo apto, pois, a justificar o agravamento da pena-base, mediante valoração negativa das 
consequências do crime, ressalvada, para evitar bis in idem, a hipótese em que aplicada a causa 
de aumento prevista no art. 121, § 4º (parte final), do Código Penal. STJ. 3ª Seção. AgRg no REsp 
1851435-PA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 12/08/2020 (Info 679). 
 
Não há incompatibilidade entre o dolo eventual e o reconhecimento do meio cruel, na medida 
em que o dolo do agente, direto ou indireto, não exclui a possibilidade de a prática delitiva 
envolver o emprego de meio mais reprovável, como veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura 
ou outro meio insidioso ou cruel (art. 121, § 2º, III, do CP). . STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 
1573829/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/04/2019. STJ. 6ª Turma. REsp 
1829601-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 04/02/2020 (Info 665). 
 
Verifica-se a existência de dolo eventual no ato de dirigir veículo automotor sob a influência 
de álcool, além de fazê-lona contramão. Esse é, portanto, um caso específico que evidencia a 
diferença entre a culpa consciente e o dolo eventual. O condutor assumiu o risco ou, no mínimo, 
não se preocupou com o risco de, eventualmente, causar lesões ou mesmo a morte de outrem. 
STF. 1ª Turma. HC 124687/MS, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, 
julgado em 29/5/2018 (Info 904). 
 
A qualificadora da “paga ou promessa de recompensa” prevista no inciso I do § 2º do art. 121 
do CP é aplicada, sem dúvidas, ao executor do crime. No entanto, indaga-se: essa qualificadora 
também se comunica ao mandante do crime? 
 Há divergência no STJ a respeito do tema: 
 1ª corrente: NÃO. A qualificadora de ter sido o delito praticado mediante paga ou promessa de 
recompensa é circunstância de caráter pessoal e, portanto, incomunicável, por força do art. 30 
do CP. Nesse sentido: STJ. 5ª Turma. HC 403263/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 
julgado em 13/11/2018. 
 2ª corrente: SIM. No homicídio mercenário, a qualificadora da paga ou promessa de 
recompensa é elementar do tipo qualificado, comunicando-se ao mandante do delito. Sobre o 
tema: STJ. 6ª Turma. AgInt no REsp 1681816/GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 
03/05/2018. 
 
Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de 
feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica 
e familiar. Isso se dá porque o feminicídio é uma qualificadora de ordem OBJETIVA - vai incidir 
sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita, 
enquanto que a torpeza é de cunho subjetivo, ou seja, continuará adstrita aos motivos (razões) 
que levaram um indivíduo a praticar o delito. STJ. 6ª Turma. HC 433898-RS, Rel. Min. Nefi 
Cordeiro, julgado em 24/04/2018 (Info 625). 
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Configura difamação a conduta do agente que publica vídeo de um discurso no qual a frase 
completa do orador é editada, transmitindo a falsa ideia de que ele estava falando mal de 
negros e pobres. A edição de um vídeo ou áudio tem como objetivo guiar o espectador e, quando 
feita com o objetivo de difamar a honra de uma pessoa, configura dolo da prática criminosa. Vale 
ressaltar que esta conduta do agente, ainda que praticada por Deputado Federal, não estará 
protegida pela imunidade parlamentar. STF. 1ª Turma. AP 1021/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado 
em 18/8/2020 (Info 987). 
 
Maria e João trabalhavam em um órgão público. Maria ligou para o ramal telefônico de João para 
falar sobre um requerimento de abono de faltas que ela havia solicitado. Maria avisou, então, 
que Rodrigo (chefe do setor) havia indeferido o pedido. Ao saber de tal fato, João passou a 
proferir ofensas contra ele, afirmando para Maria: “este macaco, preto sem vergonha está 
indeferindo a minha falta”. Vale ressaltar, contudo, que, momentos antes, Rodrigo, que estava 
no mesmo setor que Maria, havia retirado o telefone do gancho para fazer uma ligação e acabou 
por ouvir as palavras injuriosas proferidas por João. O Ministério Público ofereceu denúncia 
contra João pela prática do crime de injúria racial (art. 140, § 3º do CP): Art. 140 (...) § 3º Se a 
injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a 
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de um a três anos e multa. 
Para o STJ, não houve crime. Isso porque o delito de injúria se consuma quando a ofensa chega 
ao conhecimento da vítima, sendo necessário dolo específico de ofender a honra subjetiva da 
vítima. A acusada não tinha como saber que a vítima estava ouvindo o teor da conversa pela 
extensão telefônica. Como a injúria se consuma com a ofensa à honra subjetiva de alguém, 
não há que se falar em dolo específico no caso em que a vítima não era seu interlocutor na 
conversa telefônica e, acidentalmente, tomou conhecimento do teor da conversa. O tipo penal 
em questão exige que a ofensa seja dirigida ao ofendido com a intenção de menosprezá-lo, 
ofendendo-lhe a honra subjetiva. STJ. 6ª Turma. REsp 1765673-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 
julgado em 26/05/2020 (Info 672). 
 
A esposa tem legitimidade para propor queixa-crime contra autor de mensagem que insinua 
que o seu marido tem uma relação extraconjugal com outro homem. Se alguém alega que um 
indivíduo casado mantém relação homossexual extraconjugal com outro homem, a esposa deste 
indivíduo tem legitimidade para ajuizar queixa-crime por injúria, alegando que também é 
ofendida. Caso concreto: Roberto insinuou que Weverton teria um relacionamento homossexual 
extraconjugal com outro homem. A mulher de Weverton tem legitimidade para ajuizar queixa-
crime contra Roberto pela prática do crime de injúria. STF. 1ª Turma. Pet 7417 AgR/DF, Rel. Min. 
Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/10/2018 (Info 
 
Para a configuração da circunstância majorante do § 1º do art. 155 do Código Penal, basta que 
a conduta delitiva tenha sido praticada durante o repouso noturno, dada a maior precariedade 
da vigilância e a defesa do patrimônio durante tal período e, por consectário, a maior 
probabilidade de êxito na empreitada criminosa, sendo irrelevante o fato das vítimas não 
estarem dormindo no momento do crime, ou, ainda, que tenha ocorrido em estabelecimento 
comercial ou em via pública, dado que a lei não faz referência ao local do crime. STJ. 5ª Turma. 
AgRg-AREsp 1.746.597-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 17/11/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg 
nos EDcl no REsp 1849490/MS, Rel. Min. Antonio Saldanha, julgado em 15/09/2020. 
 
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Enunciado 9 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ: A escusa absolutória do 
art. 181, inc. II, do Código Penal abrange também a paternidade e filiação socioafetivas. 
 
A mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida pela Lei nº 13.964/2019, retroage 
para alcançar os processos penais que já estavam em curso? Mesmo que já houvesse denúncia 
oferecida, será necessário intimar a vítima para que ela manifeste interesse na continuidade do 
processo? 
1ª CORRENTE (MAJORITÁRIA) 2ª CORRENTE* 
NÃO retroage a norma prevista no § 5º do art. 
171 do CP, incluída pela Lei 13.964/2019 
(“Pacote Anticrime”), que passou a exigir a 
representação da vítima como condição de 
procedibilidade para a instauração de ação 
penal, nas hipóteses em que o Ministério 
Público tiver oferecido a denúncia antes da 
entrada em vigor do novo diploma legal. A 
retroatividade da representação prevista no § 
5º do art. 171 do CP deve se restringir à fase 
policial. A exigência de representação no crime 
de estelionato, trazida pelo Pacote Anticrime, 
não afeta os processos que já estavam em 
curso quando entrou em vigor a Lei nº 
13.964/2019. Assim, se já havia denúncia 
oferecida quando entrou em vigor a nova Lei, 
não será necessária representação do 
ofendido. STJ. 5ª Turma. HC 573093-SC, Rel. 
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
09/06/2020 (Info 674). STF. 1ª Turma. HC 
187341/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, 
julgado em 13/10/2020 (Info 995). STF. 2ª 
Turma. ARE 1230095 AgR, Rel. Gilmar Mendes, 
julgado em 24/08/2020. 
SIM. A retroatividade da representação 
prevista § 5º do art. 171 alcança todos os 
processos em curso. A exigência de 
representação no crime de estelionato, trazida 
pelo Pacote Anticrime, afeta não apenas os 
inquéritos, mas também os processos em 
curso, desde que ainda não tenham transitado 
em julgado. Assim, mesmo que já houvesse 
denúncia oferecida quando aLei entrou em 
vigor, o juiz deverá intimar a vítima para 
manifestar interesse na continuidade da 
persecução penal, no prazo de 30 dias, sob 
pena de decadência. STJ. 6ª Turma. HC 
583837/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 
julgado em 04/08/2020. 
 
*Registre-se a posição minoritária da 6ª Turma 
do STJ, que deve ser superada em breve. 
 
Ação penal no caso do crime de estelionato 
ANTES DO PACOTE ANTICRIME 
(LEI 13.964/2019) 
DEPOIS DO PACOTE ANTICRIME 
(LEI 13.964/2019) 
Ação penal pública incondicionada Em regra, é crime de ação penal pública 
condicionada à representação. 
Exceções: Será de ação penal incondicionada 
quando a vítima for: a) a Administração 
Pública, direta ou indireta; b) criança ou 
adolescente; c) pessoa com deficiência mental; 
ou d) maior de 70 (setenta) anos de idade ou 
incapaz. 
CPF: 005.281.232-46
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ATENÇÃO! A exigência de representação no crime de estelionato, trazida pelo Pacote Anticrime, 
não afeta os processos que já estavam em curso quando entrou em vigor a Lei nº 13.964/2019. 
Assim, se já havia denúncia oferecida quando entrou em vigor a nova Lei, não será necessária 
representação do ofendido. STJ. 5ª Turma. HC 573.093/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 
julgado em 09/06/2020. 
 
Configura o crime de roubo (e não estelionato) a conduta do funcionário de uma empresa que 
combina com outro indivíduo para que este simule que assalta o empregado com uma arma 
de fogo e, dessa forma, leve o dinheiro da empresa. STF. 1ª Turma. HC 147584/RJ, Rel. Min. 
Marco Aurélio, julgado em 2/6/2020 (Info 980). 
 
No caso em que a vítima, induzida em erro, efetuou depósito em dinheiro e/ou transferência 
bancária para a conta de terceiro (estelionatário), a obtenção da vantagem ilícita ocorreu 
quando o estelionatário se apossou do dinheiro, ou seja, no momento em a quantia foi 
depositada em sua conta. STJ. 3ª Seção. CC 167.025/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 
julgado em 14/08/2019. STJ. 3ª Seção. CC 169.053/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado 
em 11/12/2019. 
 
Na hipótese em que o estelionato se dá mediante vantagem indevida, auferida mediante o 
depósito em favor de conta bancária de terceiro, a competência deverá ser declarada em favor 
do juízo no qual se situa a conta favorecida. No caso em que a vítima, induzida em erro, efetuou 
depósito em dinheiro e/ou transferência bancária para a conta de terceiro (estelionatário), a 
obtenção da vantagem ilícita ocorreu quando o estelionatário se apossou do dinheiro, ou seja, 
no momento em a quantia foi depositada em sua conta. STJ. 3ª Seção. CC 167025/RS, Rel. Min. 
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 14/08/2019. STJ. 3ª Seção. CC 169053-DF, Rel. Min. 
Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/12/2019 (Info 663). 
ATENÇÃO! 
Não confundir: 
ESTELIONATO QUE OCORRE POR MEIO DO 
SAQUE (OU COMPENSAÇÃO) DE CHEQUE 
CLONADO, ADULTERADO OU FALSIFICADO 
ESTELIONATO QUE OCORRE QUANDO A 
VÍTIMA, INDUZIDA EM ERRO, SE DISPÕE A 
FAZER DEPÓSITOS OU TRANSFERÊNCIAS 
BANCÁRIAS PARA A CONTA DE TERCEIRO 
(ESTELIONATÁRIO) 
A competência é do local onde a vítima possui 
a conta bancária. Isso porque, nesta hipótese, 
o local da obtenção da vantagem ilícita é 
aquele em que se situa a agência bancária 
onde foi sacado o cheque adulterado, ou seja, 
onde a vítima possui conta bancária. Aplica-se 
o raciocínio da súmula 48 do STJ (Compete ao 
juízo do local da obtenção da vantagem ilícita 
processar e julgar crime de estelionato 
cometido mediante falsificação de cheque.) 
A competência é do local onde o estelionatário 
possui a conta bancária. Isso porque, neste 
caso, a obtenção da vantagem ilícita ocorre 
quando o estelionatário efetivamente se 
apossa do dinheiro, ou seja, no momento em 
que ele é depositado em sua conta. 
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Quanto à escalada, a jurisprudência do STJ entende que a incidência da qualificadora prevista 
no art. 155, § 4º, inciso II, do Código Penal exige exame pericial, somente admitindo-se prova 
indireta quando justificada a impossibilidade de realização do laudo direito. STJ. 5ª Turma. HC 
508.935/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 30/05/2019. 
 
O reconhecimento da qualificadora de rompimento de obstáculo exige a realização de exame 
pericial, o qual somente pode ser substituído por outros meios probatórios quando inexistirem 
vestígios, o corpo de delito houver desaparecido ou as circunstâncias do crime não permitirem 
a confecção do laudo. Ainda que a presença da circunstância qualificadora esteja em 
consonância com a prova testemunhal colhida nos autos, mostra-se imprescindível a realização 
de exame de corpo de delito, nos termos do art. 158 do CPP. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 
1814051/RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 07/11/2019. 
 
Carlos e Luiza estão entrando no carro quando são rendidos por João, assaltante armado, que 
deseja subtrair o veículo. Carlos acaba reagindo e João atira contra ele e Luiza, matando o 
casal. João foge levando o carro. Haverá dois crimes de latrocínio em concurso formal de ou 
um único crime de latrocínio? 
STJ STF E DOUTRINA MAJORITÁRIA 
concurso formal impróprio um único crime de latrocínio 
 
A dívida de corrida táxi não pode ser considerada coisa alheia móvel para fins de configuração 
da tipicidade dos delitos patrimoniais. Isso porque não houve, no contexto delitivo, nenhuma 
subtração ou tentativa de subtração de coisa alheia móvel, o que afasta a conduta de roubo 
qualificado pelo resultado, composto pelo verbo “subtrair” e pelo complemento “coisa alheia 
móvel”. O agente se negou a efetuar o pagamento da corrida de táxi e desferiu um golpe de faca 
no motorista, sem (tentar) subtrair objeto algum, de modo a excluir o animus furandi. Não se 
pode equiparar “dívida de transporte” com a “coisa alheia móvel” prevista no tipo do art. 157 do 
Código Penal, sob pena de violação dos princípios da tipicidade e da legalidade estrita, que 
regem a aplicação da lei penal. STJ. 6ª Turma. REsp 1757543-RS, Rel. Min. Antonio Saldanha 
Palheiro, julgado em 24/09/2019 (Info 658). 
A alteração do sistema de medição, mediante fraude, para que aponte resultado menor do 
que o real consumo de energia elétrica configura estelionato. Ex: as fases “A” e “B” do medidor 
foram isoladas por um material transparente, que permitia a alteração do relógio fazendo com 
que fosse registrada menos energia do que a consumida. STJ. 5ª Turma. AREsp 1.418.119-DF, Rel. 
Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 07/05/2019 (Info 648). 
 
ATENÇÃO! 
AGENTE DESVIA A ENERGIA ELÉTRICA POR 
MEIO DE LIGAÇÃO CLANDESTINA (“GATO”) 
AGENTE ALTERA O SISTEMA DE MEDIÇÃO 
PARA QUE APONTE RESULTADO MENOR 
DO QUE O REAL CONSUMO 
furto mediante fraude estelionato 
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No caso de furto de energia elétrica mediante fraude, o adimplemento do débito antes do 
recebimento da denúncia não extingue a punibilidade. O furto de energia elétrica não pode 
receber o mesmo tratamento dado ao inadimplemento tributário, de modo que o pagamento 
do débito antes do recebimento da denúncia não configura causa extintiva de punibilidade, mas 
causa de redução de pena relativa ao arrependimento posterior (art. 16 do CP). Isso porque nos 
crimes contra a ordem tributária, o legislador (Leis nº 9.249/1995 e nº 10.684/2003), ao 
consagrar a possibilidade da extinção da punibilidadepelo pagamento do débito, adota política 
que visa a garantir a higidez do patrimônio público, somente. A sanção penal é invocada pela 
norma tributária como forma de fortalecer a ideia de cumprimento da obrigação fiscal. Já nos 
crimes patrimoniais, como o furto de energia elétrica, existe previsão legal específica de causa 
de diminuição da pena para os casos de pagamento da “dívida” antes do recebimento da 
denúncia. Em tais hipóteses, o Código Penal, em seu art. 16, prevê o instituto do arrependimento 
posterior, que em nada afeta a pretensão punitiva, apenas constitui causa de diminuição da 
pena. Outrossim, a jurisprudência se consolidou no sentido de que a natureza jurídica da 
remuneração pela prestação de serviço público, no caso de fornecimento de energia elétrica, 
prestado por concessionária, é de tarifa ou preço público, não possuindo caráter tributário. Não 
há como se atribuir o efeito pretendido aos diversos institutos legais, considerando que o 
disposto no art. 34 da Lei nº 9.249/1995 e no art. 9º da Lei nº 10.684/2003 fazem referência 
expressa e, por isso, taxativa, aos tributos e contribuições sociais, não dizendo respeito às tarifas 
ou preços públicos. STJ. 3ª Seção. RHC 101299-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. Acd. Min. Joel 
Ilan Paciornik, julgado em 13/03/2019 (Info 645). 
 
A Lei nº 13.654/2018 entrou em vigor no dia 24/04/2018. Antes dessa Lei, o emprego de arma 
branca era considerado causa de aumento de pena no roubo. Essa Lei, contudo, deixou de 
prever a arma branca como majorante. Suponhamos que, no dia 25/04/2018, João, usando um 
canivete, ameaçou a vítima, subtraindo dela o telefone celular. O juiz, ao condenar o réu, não 
poderá, na 3ª fase da dosimetria da pena, utilizar a “arma branca” como causa de aumento de 
pena. Diante disso, nada impede que o magistrado utilize esse fato (emprego de arma branca) 
como uma circunstância judicial negativa, aumentando a pena-base na 1ª fase da dosimetria da 
pena. Assim, no período de aplicação da Lei nº 13.654/2018, o juiz está proibido de utilizar essa 
circunstância (emprego de arma branca) como causa de aumento de pena, mas nada impede 
que considere isso como circunstância judicial negativa, na fase do art. 59 do CP. STJ. 5ª Turma. 
HC 556629-RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/03/2020 (Info 668). 
 
É necessário que a arma utilizada no roubo seja apreendida e periciada para que incida a 
majorante do art. 157, § 2º-A, I, do Código Penal? NÃO. O reconhecimento da referida causa de 
aumento prescinde (dispensa) da apreensão e da realização de perícia na arma, desde que o seu 
uso no roubo seja provado por outros meios de prova, tais como a palavra da vítima ou mesmo 
de testemunhas. STF. 1ª Turma. HC 108034/MG, rel. Min. Rosa Weber, julgado em 05/06/2012. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1076476/RO, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 04/10/2018. STJ. 
6ª Turma. AgRg no HC 449102/MS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 09/10/2018. 
Arma de fogo desmuniciada conduz a majoração do crime de roubo? 
STJ STF 
NÃO. O emprego de arma de fogo 
desmuniciada tem o condão de configurar 
SIM. É irrelevante o fato de estar ou não 
municiada para que se configure a majorante do 
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a grave ameaça e tipificar o crime de 
roubo, no entanto NÃO É suficiente para 
caracterizar a majorante do emprego de 
arma, pela ausência de potencialidade 
lesiva no momento da prática do crime 
(STJ. 5ª Turma. HC 449.697/SP, Rel. Min. 
Felix Fischer, julgado em 21/06/2018; STJ. 
6ª Turma. AgRg no REsp 1536939/SC , Rel. 
Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 
15/10/2015) 
roubo (STF. 2ª Turma. RHC 115077 , Rel. Min. 
Gilmar Mendes, julgado em 06/08/2013). 
 
O emprego de arma branca deixou de ser majorante do crime de roubo com a modificação 
operada pela Lei nº 13.654/2018, que revogou o inciso I do § 2º do art. 157 do Código Penal. 
Diante disso, constata-se que houve abolitio criminis, devendo a Lei nº 13.654/2018 ser aplicada 
retroativamente para excluir a referida causa de aumento da pena imposta aos réus condenados 
por roubo majorado pelo emprego de arma branca.* Trata-se da aplicação da novatio legis in 
mellius, prevista no art. 5º, XL, da Constituição Federal. STJ. 5ª Turma. REsp 1519860/RJ, Rel. 
Min. Jorge Mussi, julgado em 17/05/2018 (Info 626). STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1249427/SP, 
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/06/2018. 
 
ATENÇÃO! O emprego de arma branca voltou a ser uma causa de aumento de pena do roubo 
(inciso VII do § 2º do art. 157 do CP, com base na Lei 13.964/2019 - "Pacote Anticrime") 
 
O estelionato judicial consistiria no uso do processo judicial para auferir lucros ou vantagens 
indevidas, mediante fraude, ardil ou engodo, ludibriando a Justiça. A jurisprudência entende 
que esta conduta é penalmente atípica e não configura o delito do art. 171 do CP. Assim, não 
configura crime de “estelionato judicial” a conduta de fazer afirmações possivelmente falsas, 
com base em documentos também tidos por adulterados, em ação judicial. Isso porque a 
Constituição Federal assegura à parte o acesso ao Poder Judiciário. O processo tem natureza 
dialética, possibilitando o exercício do contraditório e a interposição dos recursos cabíveis, não 
se podendo falar, no caso, em “indução em erro” do magistrado. A deslealdade processual é 
combatida por meio do Código de Processo Civil, que prevê a condenação do litigante de má-fé 
ao pagamento de multa, e ainda passível de punição disciplinar no âmbito do Estatuto da 
Advocacia. Assim, o chamado “estelionato judicial” pode ensejar infrações civil e administrativa, 
mas não configura crime. Vale ressaltar que o indivíduo poderá responder por eventual ilicitude 
dos documentos que embasaram o pedido judicial, sendo isso, contudo, um crime autônomo 
(ex: falsidade documental), que não se confunde com a imputação de estelionato judicial. STJ. 
5ª Turma. HC 435.818/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/05/2018. STJ. 6ª Turma. RHC 
88.623/PB, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 13/03/2018. 
 
A existência de sistema de vigilância em estabelecimento comercial não constitui óbice para a 
tipificação do crime de furto. STF. 1ª Turma.HC 111278/MG, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. 
p/ o ac. Min. Luiz Roberto Barroso, julgado em 10/4/2018 (Info 897). STF. 1ª Turma. HC HC 
183.570, Rel.. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/11/2020. Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância 
realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de 
estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. 
CPF: 005.281.232-46
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Não se aplica o princípio da insignificância ao furto de bem de inexpressivo valor pecuniário 
de associação sem fins lucrativos com o induzimento de filho menor a participar do ato. STJ. 
6ª Turma. RHC 93472-MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 15/03/2018 (Info 
622). 
 
Não há nenhuma nulidade quando o Juiz refuta o exame pericial não esclarecedor nos crimes 
de estupro de vulnerável sem conjunção carnal, para, acolhendo as demais provas, 
principalmente o depoimento da vítima e das testemunhas, concluir pela condenação do réu, 
porque no sistema jurídico penal brasileiro vigora o princípio do “livre convencimento 
motivado” do julgador. STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no RHC 127.089/MG, Rel. Ministro Nefi 
Cordeiro, julgado em 24/11/2020. 
 
“J” (30 anos) era casado com “M” (20 anos). “J” praticou, durante anos, estupro de vulnerável 
contra a sua cunhada “L” (criança de 6 anosde idade). “L” era irmã de “M”. Os abusos ocorriam 
nas vezes em que “L” ia visitar sua irmã. Certo dia, “M” descobriu que os estupros estavam 
ocorrendo, mas, apesar disso, não tomou qualquer atitude para impedir que as condutas 
criminosas continuassem. Ao contrário, continuou permitindo que a irmã fosse até a sua casa e 
que ficasse sozinha na residência com o marido. “M”, a irmã da vítima, deve responder pelo 
delito de estupro de vulnerável por omissão imprópria. Para que uma pessoa responda por um 
crime omissivo impróprio é preciso que, na situação concreta, ela tivesse o dever legal de agir e, 
mesmo assim, deixou de atuar, o que acabou auxiliando na produção do resultado delituoso. 
Existem três hipóteses legais nas quais há esse dever de agir. Essas situações estão previstas nas 
alíneas do § 2º do art. 13 do CP: Art. 13 (...) § 2º A omissão é penalmente relevante quando o 
omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha 
por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a 
responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da 
ocorrência do resultado. Muito embora uma irmã mais velha não possa ser enquadrada na alínea 
“a” do art. 13, §2º, do CP, pois o mero parentesco não torna penalmente responsável um irmão 
para com o outro, ela pode, de acordo com o caso concreto, se amoldar à figura do “garantidor”, 
nos termos previstos nas duas alíneas seguintes “b” e “c”. No caso concreto, a acusada omitiu-
se, durante anos, quanto aos abusos sexuais praticados pelo seu marido, na residência do casal, 
contra sua irmã menor. Vale ressaltar que ela assumiu a responsabilidade ao levar a criança para 
a sua casa sem a companhia da genitora e criou risco da ocorrência do resultado ao não 
denunciar o agressor, mesmo ciente de suas condutas, bem como ao continuar deixando a 
menina sozinha em casa. STJ. 5ª Turma. HC 603195-PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 
06/10/2020 (Info 681). 
 
O art. 225 do CP, na época da Lei 12.015/2009, tinha a seguinte redação: Art. 225. Nos crimes 
definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública 
condicionada à representação. Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal 
pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável. 
Segundo tese defensiva, o estupro de vulnerável do art. 217-A, § 1º, do CP somente é de ação 
penal pública incondicionada quando a vulnerabilidade for permanente (ex: doente mental). Se 
a vulnerabilidade for temporária (ex: decorrente de embriaguez), a ação penal seria 
condicionada à representação. Assim, quando o art. 225, parágrafo único do CP (com redação 
dada pela Lei nº 12.015/2009) fala em “pessoa vulnerável”, ele está se referindo à pessoa que é 
CPF: 005.281.232-46
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vulnerável (vulnerabilidade permanente) e não à pessoa que está vulnerável (vulnerabilidade 
temporária). Essa tese defensiva acima exposta é acolhida pelo STJ? 
5ª Turma do STJ 6ª Turma do STJ 
NÃO. Em casos de vulnerabilidade da 
ofendida, a ação penal é pública 
incondicionada, nos moldes do parágrafo 
único do art. 225 do CP. Esse dispositivo não 
fez qualquer distinção entre a vulnerabilidade 
temporária ou permanente, haja vista que a 
condição de vulnerável é aferível no momento 
do cometimento do crime, ocasião em que há 
a prática dos atos executórios com vistas à 
consumação do delito. Em outras palavras, 
seja a vulnerabilidade permanente ou 
temporária, no caso de estupro de vulnerável 
a ação penal é sempre incondicionada. STJ. 5ª 
Turma. AgRg no AREsp 1103678/PR, Rel. Min. 
Ribeiro Dantas, julgado em 26/02/2019. 
SIM. A “pessoa vulnerável” de que trata o 
parágrafo único do art. 225 do CP é somente 
aquela que possui uma incapacidade 
permanente de oferecer resistência à prática 
dos atos libidinosos. Se a pessoa é incapaz de 
oferecer resistência apenas na ocasião da 
ocorrência dos atos libidinosos, ela não pode 
ser considerada vulnerável para os fins do 
parágrafo único do art. 225, de forma que a 
ação penal permanece sendo condicionada à 
representação da vítima. No crime sexual 
cometido durante vulnerabilidade temporária 
da vítima, sob a égide do art. 225 do Código 
Penal com a redação dada pela Lei nº 
12.015/2009, a ação penal pública é 
condicionada à representação. STJ. 6ª Turma. 
REsp 1814770-SP, Rel. Min. Antonio Saldanha 
Palheiro, julgado em 05/05/2020 (Info 675). 
 
ATENÇÃO: A discussão acima exposta existia antes da Lei nº 13.718/2018. Atualmente não 
interessa mais, salvo para definir situações pretéritas. Isso porque a Lei 13.718/2018 alterou a 
redação do art. 225 do CP e passou a prever que TODOS os crimes contra a dignidade sexual são 
de ação pública incondicionada (sempre). Não há exceções 
Um homem beijou uma criança de 5 anos de idade, colocando a língua no interior da boca. O 
STF entendeu que essa conduta caracteriza o chamado “beijo lascivo”, havendo, portanto, a 
prática do crime de estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A do Código Penal. Não é 
possível desclassificar essa conduta para a contravenção penal de molestamento (art. 65 do 
Decreto-Lei nº 3.668/41). Para determinadas idades, a conotação sexual é uma questão de 
poder, mais precisamente de abuso de poder e confiança. No caso concreto, estão presentes a 
conotação sexual e o abuso de confiança para a prática de ato sexual. Logo, não há como 
desclassificar a conduta do agente para a contravenção de molestamento (que não detém essa 
conotação sexual). O art. 227, § 4º, da CF/88 exige que a lei imponha punição severa à violação 
da dignidade sexual da criança e do adolescente. Além do mais, a prática de qualquer ato 
libidinoso diverso ou a conduta de manter conjunção carnal com menor de 14 anos se subsome, 
em regra, ao tipo penal de estupro de vulnerável, restando indiferente o consentimento da 
vítima. STF. 1ª Turma. HC 134591/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre 
de Moraes, julgado em 1/10/2019 (Info 954). 
 
O crime de assédio sexual (art. 216-A do CP) é geralmente associado à superioridade 
hierárquica em relações de emprego, no entanto pode também ser caracterizado no caso de 
constrangimento cometido por professores contra alunos. STJ. 6ª Turma. REsp 1759135/SP, Rel. 
Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. p/ Acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/08/2019 
(Info 658). 
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Não é possível a desclassificação da figura do estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) para o 
crime do art. 215-A do CP (importunação sexual). Isso porque o tipo penal do art. 215-A é 
praticado sem violência ou grave ameaça e o delito do art. 217-A inclui a presunção absoluta 
de violência ou grave ameaça, por se tratar de menor de 14 anos. STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 
4.969/DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/06/2019. 
 
O “cliente” pode ser punido sozinho, ou seja, mesmo que não haja um proxeneta. Assim, ainda 
que o próprio cliente tenha negociado o programa sem intermediários, haverá o crime Nos 
termos do art. 218-B do Código Penal, são punidos tanto aquele que capta a vítima, inserindo-a 
na prostituição ou outra forma de exploração sexual (caput), como também o cliente do menor 
prostituído ou sexualmente explorado (§ 1º). STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, 
julgado em 19/03/2019 (Info 645). A vulnerabilidade no caso do art. 218-B do CP é relativa. No 
art. 218-B do Código Penal não basta aferir a idade da vítima, devendo-seaveriguar se o menor 
de 18 (dezoito) anos ou a pessoa enferma ou doente mental, não tem o necessário 
discernimento para a prática do ato, ou por outra causa não pode oferecer resistência. STJ. 5ª 
Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/03/2019 (Info 645). O tipo penal 
não exige habitualidade. Basta um único contato consciente com a adolescente submetida à 
prostituição para que se configure o crime O crime previsto no inciso I do § 2º do art. 218 do 
Código Penal se consuma independentemente da manutenção de relacionamento sexual 
habitual entre o ofendido e o agente. Em outras palavras, é possível que haja o referido delito 
ainda que tenha sido um único ato sexual. Logo, como não se exige a habitualidade para a sua 
consumação, é possível a incidência da continuidade delitiva, com a aplicação da causa de 
aumento prevista no art. 71 do Código Penal. STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, 
julgado em 19/03/2019 (Info 645) 
 
Não se tratando de estabelecimento voltado exclusivamente para a prática de mercancia 
sexual, tampouco havendo notícia de envolvimento de menores de idade, nem comprovação 
de que o réu tirava proveito, auferindo lucros da atividade sexual alheia mediante ameaça, 
coerção, violência ou qualquer outra forma de violação ou tolhimento à liberdade das pessoas, 
não há falar em fato típico a ser punido na seara penal. Não se trata do crime do art. 229 do 
CP. Mesmo após as alterações legislativas introduzidas pela Lei nº 12.015/2009, a conduta 
consistente em manter “Casa de Prostituição” segue sendo crime tipificado no art. 229 do 
Código Penal. Todavia, com a novel legislação, passou-se a exigir a “exploração sexual” como 
elemento normativo do tipo, de modo que a conduta consistente em manter casa para fins 
libidinosos, por si só, não mais caracteriza crime, sendo necessário, para a configuração do delito, 
que haja exploração sexual, assim entendida como a violação à liberdade das pessoas que ali 
exercem a mercancia carnal. STJ. 6ª Turma. REsp 1683375-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis 
Moura, julgado em 14/08/2018 (Info 631). 
 
A Súmula 608 do STF prevê que “no crime de estupro, praticado mediante violência real, a 
ação penal é pública incondicionada.” O entendimento dessa súmula pode ser aplicado 
independentemente da existência da ocorrência de lesões corporais nas vítimas de estupro. A 
violência real se caracteriza não apenas nas situações em que se verificam lesões corporais, mas 
sempre que é empregada força física contra a vítima, cerceando-lhe a liberdade de agir segundo 
a sua vontade. Assim, se os atos foram praticados sob grave ameaça, com imobilização de 
vítimas, uso de força física e, em alguns casos, com mulheres sedadas, trata-se de crime de 
estupro que se enquadra na Súmula 608 do STF e que, portanto, a ação é pública incondicionada. 
STF. 2ª Turma. RHC 117978, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 05/06/2018 (Info 905). A Súmula 
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608 do STF permaneceu válida mesmo após o advento da Lei nº 12.015/2009. Assim, em caso 
de estupro praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada mesmo após 
a Lei nº 12.015/2009. STF. 1ª Turma. HC 125360/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. 
Alexandre de Moraes, julgado em 27/2/2018 (Info 892). 
 
A falsidade ideológica é crime formal e instantâneo, cujos efeitos podem se protrair no tempo. 
A despeito dos efeitos que possam, ou não, gerar, a falsidade ideológica se consuma no 
momento em que é praticada a conduta. Diante desse contexto, o termo inicial da contagem 
do prazo da prescrição da pretensão punitiva é o momento da consumação do delito (e não o 
da eventual reiteração de seus efeitos). STJ. 3ª Seção. RvCr 5233-DF, Rel. Min. Reynaldo Soares 
da Fonseca, julgado em 13/05/2020 (Info 672). 
 
O Código Penal prevê o crime de adulteração de sinal identificador de veículo automotor: Art. 
311. Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo 
automotor, de seu componente ou equipamento: (...) A conduta de adulterar placa de veículo 
reboque ou semirreboque é formalmente atípica. O reboque e o semirreboque são veículos, no 
entanto, não são veículos automotores. Isso porque veículo automotor é aquele que pode 
circular por seus próprios meios. O reboque e o semirreboque não conseguem circular por seus 
próprios meios. Precisam ser “puxados” por um veículo automotor. STJ. 6ª Turma. RHC 98058-
MG, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 24/09/2019 (Info 657). 
 
O art. 291 do Código Penal tipifica, entre outras condutas, a posse ou guarda de maquinismo, 
aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda. 
A expressão “especialmente destinado” não diz respeito a uma característica intrínseca ou 
inerente do objeto. A dicção legal está relacionada ao uso que o agente pretende dar ao objeto, 
ou seja, a consumação depende da análise do elemento subjetivo do tipo (dolo), de modo que, 
se o agente detém a posse de impressora, ainda que manufaturada visando ao uso doméstico, 
mas com o propósito de a utilizar precipuamente para contrafação de moeda, incorre no referido 
crime. STJ. 6ª Turma. REsp 1758958-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/09/2018 
(Info 633). 
 
A norma do art. 331 do Código Penal, que tipifica o crime de desacato, foi recepcionada pela 
Constituição de 1988. Trata-se de arguição de descumprimento de preceito fundamental em 
que se questiona a conformidade com a Convenção Americana de Direitos Humanos, bem como 
a recepção pela Constituição de 1988, do art. 331 do Código Penal, que tipifica o crime de 
desacato. De acordo com a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos e do 
Supremo Tribunal Federal, a liberdade de expressão não é um direito absoluto e, em casos de 
grave abuso, é legítima a utilização do direito penal para a proteção de outros interesses e 
direitos relevantes. A diversidade de regime jurídico – inclusive penal – existente entre agentes 
públicos e particulares é uma via de mão dupla: as consequências previstas para as condutas 
típicas são diversas não somente quando os agentes públicos são autores dos delitos, mas, de 
igual modo, quando deles são vítimas. A criminalização do desacato não configura tratamento 
privilegiado ao agente estatal, mas proteção da função pública por ele exercida. Vale ressaltar, 
no entanto, que, considerando que os agentes públicos em geral estão mais expostos ao 
escrutínio e à crítica dos cidadãos, deles se exige maior tolerância à reprovação e à insatisfação, 
limitando-se o crime de desacato a casos graves e evidentes de menosprezo à função pública. 
STF. Plenário. ADPF 496, Rel. Roberto Barroso, julgado em 22/06/2020 (Info 992 – clipping). 
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Uma determinada empresa havia prestado serviços para a Petrobrás e não tinha recebido todo 
o valor que entendia devido. Essa empresa entrou em contato com determinado Deputado 
Federal para que ele resolvesse a situação. Este Deputado comprometeu-se a falar com o 
diretor de abastecimento da Petrobrás, mas exigiu o pagamento de vantagem indevida. O 
Deputado conseguiu que a Petrobrás pagasse, por meio de um acordo extrajudicial, R$ 69 
milhões para a empresa e, em troca, recebeu R$ 3 milhões de propina. O STF entendeu que esta 
conduta se enquadra no crime de corrupção passiva (art. 317 do CP). STF. 2ª Turma. AP 
1002/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2020 (Info 981). 
 
Comete crime de desobediência (art. 330 do CP) o indivíduo que não atende

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