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Sustentabilidade ambiental

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8
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA – CCN 
CURSO DE CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
Sustentabilidade ambiental: Consumo e cidadania
				Caio Burton Alves Alencar Pereira 
TERESINA
2023
Tire as construções da minha praia
Não consigo respirar
As meninas de mini saia
Não conseguem respirar
Especulação imobiliária
E o petróleo em alto mar
Subiu o prédio eu ouço vaia
Baiana System
Ecologia a serviço do capital
Muito tem se discutido nos últimos cinquenta anos sobre a relação entre desenvolvimento e meio ambiente de forma a procurar alternativas sólidas sem que haja o risco da degradação irreversível da natureza – compreendendo a extinção humana como parte desse processo. Assim, segundo Nascimento (2012), a noção de sustentabilidade ambiental possui duas origens distintas, mas que se interrelacionam:
A primeira, na biologia, por meio da ecologia. Refere-se à capacidade de recuperação e reprodução dos ecossistemas (resiliência) em face de agressões antrópicas (uso abusivo dos recursos naturais, desflorestamento, fogo etc.) ou naturais (terremoto, tsunami, fogo etc.). A segunda, na economia, como adjetivo do desenvolvimento, em face da percepção crescente ao longo do século XX de que o padrão de produção e consumo em expansão no mundo, sobretudo no último quarto desse século, não tem possibilidade de perdurar. (NASCISMENTO, 2012, p. 51)
Desse modo, a noção de sustentabilidade, enquanto consciência coletiva do uso dos recursos dispostos pela natureza de forma responsável, surge a partir dos efeitos negativos à saúde e bem-estar das populações – sobretudo as mais empobrecidas. As primeiras deliberações e encaminhamentos acerca desse tema em escala global ocorrera na Conferência de Estocolmo (1972) onde houve o embate entre desenvolvimentistas dos países de primeiro mundo, defendendo a preservação dos recursos naturais em face de um desenvolvimento sustentável dentro do sistema capitalista, e do outro lado havia os países considerados subdesenvolvidos, trazendo como prioridade a erradicação da pobreza como sendo o principal estágio para a preservação do meio ambiente. Dessa reunião entre potências industriais e de fornecedoras de matérias-primas, é encaminhada a desaceleração da industrialização nos países desenvolvidos e do crescimento populacional nos países subdesenvolvidos.
Anos após a reunião de Estocolmo, ficou claro que a pauta ambiental ficara em segundo plano na agenda dos países industriais. Esse processo torna-se mais evidente com o triunfo do neoliberalismo nos Estados Unidos da América (EUA) e Inglaterra e, mais tarde, na dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
A globalização produziu-se da forma como a conhecemos, porque a revolução científico-tecnológica dos anos 1980 encontrou um campo político-ideológico favorável com a vitória do neoliberalismo na Inglaterra e nos Estados Unidos nos anos 1970. A supremacia da ideologia do mercado, no mundo todo, com suas especificidades históricas, criou um terreno favorável para a adoção das novas tecnologias. (Ibidem, p. 57)
Com efeito, o medo da eclosão de uma guerra nuclear, a partir dos ataques em Hiroshima e Nagazaki ao fim da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945) e das frequentes ameaças entre as grandes potências mundiais EUA e URSS na chamada Guerra Fria (1947 – 1991), dá espaço agora para o medo da autodestruição, com o uso insustentável dos recursos naturais e o advento do consumismo[footnoteRef:1], a partir da ideologia de mercado. [1: Segundo Maciel (2020), para o consumismo, novas práticas culturais de consumo não são necessárias, priorizando apenas a busca por satisfações individualistas, sem considerar os riscos que trarão a todos os habitantes do planeta Terra.] 
Nesse processo, os consumidores passam a criar necessidades que antes não existiam, onde passam a trocar de produto em um intervalo de tempo menor que os das décadas anteriores. O consumidor, por sua vez, passa a ser cooptado pela emoção e não mais pela razão e não se preocupa com os resíduos que o produto irá gerar. Além disso, essa tecnologia e ideologia de consumo vai condicionando o ser humano a se tornar cada vez mais individualista na medida que vai mutilando indiretamente sua criatividade e suas relações com o coletivo. Nesta sociedade, as pessoas são consumidoras não por costume, e sim, por fazerem parte de um sistema de consumo indissociável de suas vidas. Na análise de Conceição, 
O sistema capitalista apenas se preocupa com o consumo e o produto; as pessoas e o ambiente são apenas um detalhe que só entram no projeto como consumidores e fornecedores de matéria-prima, intensificando ainda mais o mercado – esta é a lógica do capital. (CONCEIÇÃO et al, 2014 p. 93)
Entre os estudiosos radicais do ambientalismo, portanto, há uma clareza quanto o agravamento da crise ambiental a partir do consumismo desenfreado: é possível que a humanidade cause sua auto extinção até os fins do século XXI. Logo infere-se que para evitar essa tragédia anunciada promovida por grandes corporações que administram, com aval do estado, a economia de mercado neoliberal, deve-se haver uma subversão do sistema vigente, assim como seus valores, para que não haja somente a reflexão de novas alternativas, mas também sua práxis. Assim, Nascimento confirma que
A saída é a adoção de novos valores e novos costumes, com abandono da moda, do instantâneo, em troca de uma produção duradoura e decrescente. Enfim, adoção de um novo estilo de vida. (NASCIMENTO, 2012, p. 61)
Esse novo estilo de vida deverá ser ensinado para as futuras gerações através de valores socioeducativos construídos no ambiente escolar para a formação da cidadania ecológica – onde o indivíduo reflete o diálogo entre sociedade-natureza. Repensar a condição humana desde a educação primária, fazendo o indivíduo entender-se como parte da natureza é parte de um projeto que visa uma educação de viés transformador. 
A educação para construção da cidadania
O primeiro passo para construir uma noção plena de cidadania, onde o indivíduo compreende seu papel na sociedade nas dimensões de seus direitos e deveres, é fazê-lo entender os processos anteriores àquela sociedade em que ele está situado. À vista disso, a História Ambiental vem com esta proposta de apresentar as relações dialéticas entre homem e natureza situando-os em um espaço e tempo específicos.
Esse novo paradigma educacional tem propostas promissoras para a reflexão do indivíduo e sua relação com a natureza a partir da sua história. Destarte, 
A relevância das problemáticas locais articula-se à formação política dos alunos, nas possibilidades de suas ações e interferências enquanto cidadão na lula cotidiana pela qualidade de vida, e, portanto, contribui para alcançar a formação política do cidadão. (BITTENCOURT, 2003, p. 53)
Exemplificando, o caso do lixo é um problema aparentemente distante das questões históricas tradicionais do ensino. Mas se partimos do lixo industrial e caseiro e chegamos ao lixo atômico, podemos situar este problema em outros momentos e sociedades. Esse retrospecto faz com que o aluno faça um link entre problemáticas passadas e as atuais, tomando a história como lição para transformação do presente.
A construção da cidadania a partir da educação tem a ver com a identidade e o pertencimento a uma coletividade. Consequentemente, educação ambiental como formação e exercício de cidadania refere-se a uma nova forma de encarar a relação do homem com a natureza, baseada numa nova ética, que pressupõe outros valores morais e uma forma diferente de ver o mundo e os homens.
À guisa de conclusão
Nesse breve trabalho, podemos confirmar a relação entre sociedade de consumo e modo de produção capitalista como os principais agentes propulsores da degradação ambiental e da ameaça de extinção não somente da raça humana, mas também dos diversos ecossistemas do globo. 
Dessa forma, deve-se pensar em alternativas realmente radicais para não somente darmos uma alternativareformista às problemáticas e crises ambientais criadas pelo Capital, posto que, teleologicamente, o trajeto do projeto neoliberal guiar-nos-á tão somente para a nossa auto extinção. 
Um dos passos que apontamos fora a construção da consciência ambiental a partir da formação de indivíduos conscientes dos seus direitos e deveres. Esse processo parte de um projeto educativo que, para além de ensinar o R’s da sustentabilidade, visa fazer o cidadão refletir sobre sua relação com o meio ambiente para saber identificar as raízes da problemática ambiental a partir de sua história.
É evidente que, para alcançar o objetivo da sociedade sustentável, onde há uma relação de respeito ao meio ambiente, há meios diversos. Roos & Becker inferem que uma das possibilidades é
[...] unir todas as esferas, desde o empresariado até as crianças na escola, e assim convencer as grandes corporações, os produtores rurais, os trabalhadores e demais profissionais de que essas práticas não acarretarão na diminuição do lucro para os seus empreendimentos e negócios e sim, em muitos casos, possibilitará a concepção de um importante diferencial que poderá alavancar seus negócios e também oferecer novas oportunidades de obter uma lucratividade ainda maior do que a atual. (ROOS & BECKER, 2012, p. 859)
Entretanto, nessa afirmativa há um caráter utópico – para não dizer inocente – de conciliação e diálogo com os produtores de desigualdade social e degradação ambiental. A cerne da questão ambiental não é tão somente uma preservação, com políticas públicas, legislações ambientais e conscientização coletiva, mas uma transformação de caráter sistemático haja vista que, em sua essência, a demanda das indústrias, em seus diversos setores, por matéria-prima ocorre de forma exponencial, inviabilizando a recuperação daquilo que fora devastado. Os danos, desse modo, tornam-se irreversíveis.
Consequentemente à devastação, não somente a fauna e a flora sofrem, mas também populações indígenas, quilombolas e, no ambiente urbano, populações historicamente marginalizadas que vivem em lugares de risco por não terem a garantia de moradia e saneamento básico. Ora, como, nessas condições, essas pessoas podem adquirir a tão difundida consciência ambiental? 
A real alternativa é fazer com que o cidadão crie ciência de sua trajetória e da sua condição de classe para, assim, ter a capacidade de mobilização e articulação em prol da superação do sistema vigente. Essa perspectiva deve reconhecer que a problemática ambiental sempre afetará mais a uns que a outros. É certo que os menos abastados socioeconomicamente serão mais afetados com a degradação ambiental ocasionada pelas indústrias e pelo agronegócio.
Portanto, a alternativa constrói-se pelas vias de quem mais sofre com a degradação do meio ambiente em prol da acumulação de capital pela classe dominante: a classe trabalhadora. Quando esta toma para si a consciência histórica e passa a organizar-se para derrocada da raiz de todo o mal, a teleologia neoliberal tem sua trajetória abruptamente interrompida. Nesse processo, todas as reflexões acerca da relação sociedade-natureza serão levadas à cabo enquanto um projeto verdadeiramente prático e sério, onde prevalecerá a consciência coletiva acerca da preservação ambiental e o entendimento de que, por sermos parte da natureza, devemos preservá-la através de políticas sistemáticas.
Referências
BITTENCOURT, Circe M. F. Meio ambiente e ensino de História. História & Ensino, Londrina, v. 9, p. 63-96, out. 2003.
CONCEIÇÃO, J.T.P. et al 2014. Obsolescência programada – Tecnologia a serviço do capital. INOVAE - Journal of Engineering and technology Innovation v.2 n.1, p.90-105.
JACOBI, Pedro Roberto. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa (Fundação Carlos Chagas), São Paulo, v. 118, p. 189-205, 2003.
MARCIEL, 2020. Consumismo - do copo descartável à pegada ecológica. In Martins, et al. Reflexões em Biologia da Conservação - Volume 2. 
Nascimento, E. P. 2012. Trajetória da sustentabilidade: do ambiental ao social, do social ao econômico. Estudos Avançados 26. 51-64.
ROOS, A.; BECKER, E. L. S. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, v. 5, n°5, p. 857 - 866, 2012.
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