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1 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL 1 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 2 SUMÁRIO CONCEITOS IMPORTANTES ........................................................................... 4 NORMAS TÉCNICAS ........................................................................................ 7 DEFINIÇÃO, EVOLUÇÃO E OBJETIVOS.......................................................... 8 PRINCÍPIOS E BENEFÍCIOS DA NORMALIZAÇÃO ......................................... 9 SISTEMA INTERNACIONAL DE NORMATIZAÇÃO E A DINÂMICA DA CERTIFICAÇÃO ............................................................................................... 11 CERTIFICAÇÃO NBR ISO 14001 – GESTÃO AMBIENTAL ............................ 14 BREVES REFLEXÕES .................................................................................... 14 SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO ......................................................... 15 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL: INTERAÇÃO ENTRE LCM E LCA ......... 17 A SUSTENTABILIDADE E A GESTÃO AMBIENTAL ....................................... 17 A NORMA ISO 14001 ...................................................................................... 23 TC- GERENCIAMENTO AMBIENTAL ............................................................. 23 REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL DA ISO 14001 ......... 27 MODELO DE SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ........................................ 28 SUBSEÇÃO 4.2 - POLÍTICA AMBIENTAL ....................................................... 29 SUBSEÇÃO 4.3 - PLANEJAMENTO ............................................................... 29 SUBSEÇÃO 4.4 - IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO ..................................... 30 SUBSEÇÃO 4.5 - VERIFICAÇÃO .................................................................... 32 SUBSEÇÃO 4.6 - ANÁLISE PELA ADMINISTRAÇÃO .................................... 34 CERTIFICAÇÃO NBR 16000 E ISO 26000 – GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE ......................................................................................................................... 34 CONTEXTUALIZAÇÃO DAS CERTIFICAÇÕES .............................................. 34 PRINCÍPIOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL ........................................... 37 PROGRAMA BRASILEIRO DE CERTIFICAÇÃO EM RESPONSABILIDADE SOCIAL ............................................................................................................ 40 3 CERTIFICAÇÃO OHSAS 18000 – SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL 42 CERTIFICAÇÃO PARA SISTEMAS DE SEGURANÇA ................................... 46 IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVAS PARA CERTIFICAÇÃO PARA SISTEMAS DE SEGURANÇA ............................................................................................. 46 AUDITORIA E PRÉ-AUDITORIA ..................................................................... 51 ETAPAS DO LICENCIAMENTO ...................................................................... 53 O que fazer quando estiver em operação, mas sem a Licença? ...................... 60 Modificar atividade ou empreendimento é preciso uma nova Licença? ........... 60 OBTENÇÃO DAS LICENÇAS AMBIENTAIS ................................................... 65 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 75 4 CONCEITOS IMPORTANTES Na gestão de negócios, qualquer que seja ele, área industrial, saúde, educação, encontramos pelo menos quatro funções ou ações básicas que se fazem presentes: planejar, executar, controlar e avaliar, objetivando que o negócio cresça, que se mantenha no mercado, que atenda ao seu público com eficiência e eficácia, entregando-lhe produtos e/ou serviços de qualidade sem perder de vista seu objetivo maior. Grosso modo, no caso da empresa privada seria o lucro mediante redução de custos e em se tratando de empresas públicas, atendimento ao público com qualidade. Qualidade, eficiência, eficácia são alguns dos critérios que nos levam aos Sistemas de Gestão Integrados, os conhecidos SIG’s, que vão além da satisfação dos clientes, objeto do sistema de gestão de qualidade, ou de proteção ao meio ambiente, objeto do sistema de gestão ambiental. Os SIGs garantem que, respondendo às exigências de uma regulamentação cada vez mais rigorosa, respeitando o ambiente e preocupando- se permanentemente com a saúde e a segurança das pessoas no trabalho, ou seja, considerando a dimensão ambiental e social, a satisfação do cliente estará ainda mais garantida, pois são quatro sistemas compatíveis integrados com um único intuito: a obtenção de resultados cada vez melhores para as organizações que os adotem (RIBEIRO NETO; TAVARES; HOFFMANN, 2008). Chegamos onde queríamos: aos sistemas de normalização! A implantação de sistemas de normalização disponibiliza, para os gestores das organizações, poderosa ferramenta para estabelecer e atingir objetivos organizacionais. A utilização da normalização internacional, muito além de impactar na redução de custos de produção e melhoria da qualidade do produto final, tem gerado benefícios não apenas em aspectos tecnológicos, mas também na área econômica e social, tais como: aos consumidores, a conformidade com normas internacionais assegura qualidade, confiabilidade e segurança; aos fornecedores, assegura ampla aceitação internacional de seus produtos, estabilidade, crescimento, parceria com clientes e facilidade de compreensão mútua; 5 aos acionistas, proporciona melhores resultados operacionais, aumento na participação de mercado, crescimento nos lucros e no retorno sobre investimentos; aos empregados, proporciona melhores condições de trabalho, saúde e segurança, estabilidade empregatícia, satisfação com o trabalho e efeitos morais positivos; aos governos, fornece bases tecnológicas e científicas para apoiar a legislação de saúde, segurança e meio ambiente; e, para a sociedade, facilita o cumprimento de requisitos legais e regulamentares, gera melhoria na saúde e segurança e reduz impactos sociais e ambientais. Embora o foco deste módulo seja a Norma ISO 14001, veremos algumas outras, conforme as ilustrações abaixo. A Associação Brasileira de Normas técnicas (ABNT) justifica e explica de maneira sucinta e clara, a importância de tais normas, vejamos algumas delas: a) Sistema de Gestão Ambiental – ABNT NBR 14001 O aumento crescente da consciência ambiental e a escassez de recursos naturais vêm influenciando cada vez mais as organizações a contribuírem de forma sistematizada na redução dos impactos ambientais associados aos seus processos. A Conformidade do sistema com a ABNT NBR 14001 garante a redução da carga de poluição gerada por essas organizações, porque envolve a revisão de um processo produtivo visandoa melhoria contínua do desempenho ambiental, controlando insumos e matérias-primas que representem desperdícios de recursos naturais. Certificar um Sistema de Gestão Ambiental significa comprovar junto ao mercado e à sociedade que a organização adota um conjunto de práticas destinadas a minimizar impactos que imponham riscos à preservação da biodiversidade. Com isso, além de contribuir com o equilíbrio ambiental e a qualidade de vida da população, as organizações obtêm um considerável diferencial competitivo fortalecendo sua ação no mercado. b) Sistema de Gestão da Responsabilidade Social – ABNT NBR 16001 6 O surgimento de movimentos dirigidos aos interesses diversos dos consumidores impõe nas organizações a necessidade de se atualizarem frente a este contexto. Certamente, as organizações que possuem posicionamento ético melhoram sua imagem pública gradativamente, alcançando maior legitimidade social. Para ser realmente eficiente, os procedimentos da organização precisam ser conduzidos dentro de um sistema de gestão estruturado. A partir daí, a Certificação do Sistema de Gestão de Responsabilidade Social demonstrará ao mercado que a organização não existe apenas para explorar os recursos econômicos e humanos, mas também para contribuir com o desenvolvimento social, por meio da realização profissional de seus colaboradores e da promoção de benefícios ao meio ambiente e às partes interessadas. c) Sistema da Segurança e Saúde Ocupacional – OHSAS 18001 Este sistema tem por objetivo assegurar o bom cumprimento de procedimentos e cuidados que venham a garantir o gerenciamento dos riscos de saúde e segurança em uma organização. Também neste caso, nota-se certa pressão da sociedade para que as organizações ajam de maneira que sejam evitados acidentes ou fatalidades com seus colaboradores. Trabalhando com base nesses princípios, a organização consegue também a geração de mais qualidade e produtividade dos empregados e de seus processos fabris. Tendo todos estes procedimentos funcionando, a Certificação do Sistema da Segurança e Saúde Ocupacional serve ainda para mostrar, tanto para os fornecedores quanto para os consumidores, o grau de seriedade do trabalho de uma organização. d) Segurança da informação: Em determinados ramos de negócio, a informação se mostra como o bem mais importante e, sendo assim, precisa ser protegida de acordo com os riscos associados. Para manter características como confidencialidade, integridade e disponibilidade das informações, organizações deste setor buscam várias formas de se protegerem, a fim de garantir a entrega de um bom trabalho. O Sistema de Gestão de Segurança da Informação é uma forma de gerenciamento utilizada para estabelecer políticas baseadas na análise de risco do negócio. Tendo este sistema certificado, a organização demonstrará sua 7 capacidade de definir, implementar, operar, manter e sempre melhorar a segurança da informação (www.abnt.org.br). Mediante as premissas acima, começaremos nossos estudos pela definição de normas técnicas, seus objetivos, os princípios e benefícios. Na sequência, os sistemas de normalização e a dinâmica da certificação. Cada sistema e sua respectiva NBR ISO terá uma unidade específica. Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. NORMAS TÉCNICAS Falar em normas técnicas nos remete de imediato à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e à Organização Internacional para Padronização (ISO). Sobre a ABNT é importante saber: foi fundada em 1940, é o órgão responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro; é uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como único Foro Nacional de Normalização através da Resolução n.º 07 do CONMETRO (Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), de 24.08.1992; é membro fundador da ISO (International Organization for Standardization), da COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e da AMN (Associação Mercosul de Normalização); 8 a ABNT é a única e exclusiva representante no Brasil das seguintes entidades internacionais: ISO (International Organization for Standardization), IEC (International Electrotechnical Commission); e das entidades de normalização regional COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e a AMN (Associação Mercosul de Normalização). Quanto a ISO, em 1946, em Londres, Inglaterra, representantes de vinte e cinco países decidiram criar uma organização internacional com o objetivo de facilitar, em nível mundial, a coordenação e a unificação de normas industriais. Essa organização, com sede em Genebra, Suíça, começou a funcionar oficialmente em 23 de fevereiro de 1947 com a denominação International Organization for Standardization (ISO), ou Organização Internacional de Normalização. A ISO é uma organização não governamental internacional, que hoje reúne mais de uma centena de organismos nacionais de normalização. Representando países que respondem por cerca de 95% do PIB mundial, tem por objetivo promover o desenvolvimento da padronização de atividades correlacionadas, de forma a possibilitar o intercâmbio econômico, científico e tecnológico em níveis mais acessíveis aos aludidos organismos (MARSHALL JR., 2001). DEFINIÇÃO, EVOLUÇÃO E OBJETIVOS Normalização pode ser definida como uma atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva, com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem, em um dado contexto. O contexto da normalização não se restringe à modernidade. Ao contrário, há muito tempo, na história da evolução humana, a normalização é uma constante. Pesos e medidas, dinheiro, leis, expressões gráficas para representar números e letras são exemplos de normalização fundamentais para a vida em coletividade. Segundo Ribeiro Neto, Tavares e Hoffmann (2008), foi em fins do século XVIII que tivemos uma concepção moderna de normalização, de caráter técnico e científico, exatamente quando foi criado o sistema métrico de medidas e surgiu, na indústria, o conceito de produção em série, com a consequente necessidade 9 de intercambialidade de componentes. A percepção dos benefícios decorrentes da intercambialidade de peças, não só em uma mesma fábrica, mas entre diferentes fábricas, estimulou em alguns países o desenvolvimento dos primeiros organismos de normalização. São objetivos da normalização: comunicação – proporciona os meios necessários para a troca adequada de informações entre clientes e fornecedores, com vista a assegurar a confiança e um entendimento comum nas relações comerciais; simplificação – reduz as variedades de produtos e de procedimentos, de modo a simplificar o relacionamento entre produtor e consumidor; proteção ao consumidor – define os requisitos que permitam aferir a qualidade dos produtos e serviços; segurança – estabelece requisitos técnicos destinados a assegurar a proteção da ´´vida humana, da saúde e do meio ambiente; economia– diminui o custo de produtos e serviços mediante a sistematização, racionalização e ordenação dos processos e das atividades produtivas, com a consequente economia para fornecedores e clientes; eliminação de barreiras – evita a existência de regulamentos conflitantes, sobre produtos e serviços, em diferentes países, de forma a facilitar o intermédio comercial. PRINCÍPIOS E BENEFÍCIOS DA NORMALIZAÇÃO O processo de elaboração de normas técnicas está apoiado em princípios, que são fundamentais para que todos os objetivos da normalização sejam atendidos e para que ela seja eficaz na sua aplicação e reconhecida por todos. Princípio da Voluntariedade – a participação em processo de normalização não é obrigatória e depende de uma decisão voluntária dos interessados. Essa vontade de participar é imprescindível para que o processo de elaboração de normas ocorra. Outro aspecto que fundamenta a voluntariedade do processo de normalização é o fato de que o uso da norma também não é obrigatório, devendo ser resultado de 10 uma decisão em que são percebidas mais vantagens no seu uso do que no não uso. Princípio da Representatividade – é preciso que haja participação de especialistas cedidos por todos os setores – produtores, organizações de consumidores e neutros (outras partes interessadas tais como universidades, laboratórios, institutos de pesquisa, órgãos do governo), de modo que a opinião de todos seja considerada no estabelecimento da norma. Dessa forma, ela de fato reflete o real estágio de desenvolvimento de uma tecnologia em um determinado momento, e o entendimento comum vigente, baseado em experiências consolidadas e pertinentes. Princípio da Paridade – não basta apenas a representatividade, é preciso que as classes (produtor, consumidor e neutro) estejam equilibradas, evitando-se assim a imposição de uma delas sobre as demais por conta do maior número de representantes. Assim, deve-se buscar assegurar o equilíbrio das diferentes opiniões no processo de elaboração de normas. Princípio da Atualização – a atualização do processo de desenvolvimento de normas, com a adoção de novos métodos de gestão e de novas ferramentas de tecnologia da informação, contribui para que o processo de normalização acompanhe evolução tecnológica. Esse princípio de atualização deve ser constantemente perseguido para que a normalização atenda à intensa demanda considerando que uma norma defasada tecnologicamente fatalmente cairá no desuso. Princípio da Transparência – todas as partes interessadas devem ser disponibilizadas, a qualquer tempo, as informações relativas ao controle, atividades e decisões sobre o processo de desenvolvimento de normas técnicas. Princípio da Simplificação – o processo de normalização deve ter regras e procedimentos simples e acessíveis, que garantam a coerência, a rapidez e a qualidade no desenvolvimento e implementação das normas. Princípio do Consenso – para que uma norma tenha seu conteúdo o mais próximo possível da realidade de aplicação, é necessário que haja consenso entre os participantes de sua elaboração. Consenso é processo pelo qual um Projeto de Norma deve ser submetido, compreendendo as etapas de análise, apreciação e aprovação por parte de uma comunidade, 11 técnica ou não. A finalidade desse processo de consenso é o de atender aos interesses e às necessidades da coletividade, em seu próprio benefício. Não é uma votação, mas um compromisso de interesse mútuo, não devendo, portanto, ser confundido com unanimidade. Quanto aos inúmeros benefícios, citando apenas alguns, a normalização ajuda a: organização do mercado; constituição de uma linguagem única entre produtor e consumidor; melhorar a qualidade de produtos e serviços; orientar as concorrências públicas; aumentar a produtividade, com consequente redução dos custos de produtos e serviços, a contribuição para o aumento da economia do país e o desenvolvimento da tecnologia nacional. SISTEMA INTERNACIONAL DE NORMATIZAÇÃO E A DINÂMICA DA CERTIFICAÇÃO Um conjunto de partes coordenadas para realizar um conjunto de finalidades é chamado de sistema, o qual trabalha de maneira coordenada, embora cada uma destas partes tenha objetivos próprios. Em se tratando de sistemas de gestão, com foco na ISO 9001, estes são baseados em normas internacionais, ou seja, em especificações estabelecidas em consenso e aprovadas por um organismo específico composto por membros de vários países (FERREIRA, 2012). Segundo a ABNT (2008), dentre alguns dos objetivos da normalização tem-se a possibilidade de uma melhor comunicação entre o cliente e o fornecedor (melhorando a confiabilidade das relações comerciais e de serviços) e a eliminação de barreiras técnicas e comerciais (evitando a existência de regulamentos conflitantes em diferentes países). Assim, observa-se que a normalização está presente em diversas áreas, sendo que, com isso, são geradas várias normas internacionais de gestão que, devido à necessidade das organizações em atender à demanda de diversos grupos de interesse, vêm sendo amplamente adotadas (ZUTSHI; SOHAL, 2005 apud VITORELI, 2011). 12 De acordo com Fortes (2007, p. 47 apud OLIVEIRA et al., 2009, p. 18-9), a ISO é considerada a maior instituição do mundo que trata das “questões de desenvolvimento de padrões voltados à área técnica”, e afirma ainda que “a utilidade dos padrões se estende aos ambientes de produção, tanto privados quanto públicos, tornando-os mais seguros, eficientes e transparentes”. Tais padrões podem ser utilizados “como base técnica para as questões legais que envolvam a saúde, o ambiente e a segurança”. A ABNT foi o órgão nacional responsável por produzir traduções referentes a essas normas. Até dezembro de 2005, haviam sido conferidas 776.608 certificações ISO 9001 em todo o mundo (FNQ, 2006 apud OLIVEIRA et al., 2009). A sobrevivência das organizações em tempos de globalização e competitividade passa pela garantia de produtos e serviços com uma qualidade beirando a excelência. Pois bem, a solução encontrada pelas empresas é investir em um sistema de qualidade, conforme os requisitos normativos da ISO 9001 e outras normas que veremos em detalhes ao longo do módulo, com foco maior na certificação para gestão ambiental. De acordo com Carpinetti et al. (2007 apud STAINO et al., 2011), em alguns casos, essas certificações são necessárias uma vez que são exigidas pelo próprio cliente, em outras situações, mesmo que isso não ocorra, a implementação criteriosa dos requisitos de gestão estabelecidos na norma elevará a eficácia e eficiência da empresa, tornando-a mais competitiva. Para a implantação de sistemas de gestão da qualidade, conforme as normas da série ISO, é necessário atentar para os princípios estabelecidos pela norma, como foco no cliente, liderança, abordagem factual para a tomada de decisão, abordagem sistêmica, abordagem por processos, relação benéfica com fornecedores e melhoria contínua. As empresas devem tomar decisões baseadas em fatos e dados, os quais podem ser obtidos por meio das ferramentas da qualidade. Para identificar os processos-chave de uma organização, deve ser realizado um estudo de todas as atividades que fazem parte da rotina de trabalho da empresa, de forma crítica e sem omissões (STAINO et al., 2011). Segundo Marshall JR. (2001), a ISO tem por objetivo promover o desenvolvimento da padronização e de atividades correlacionadas de forma a 13 possibilitar o intercâmbio econômico, cientifico e tecnológico em níveis mais acessíveis aos aludidos organismos. A família de norma ISO representa um consenso internacional em boas práticas que possam assegurar que a organização forneça produtos/serviços que atendam ou superem as necessidades de seus clientes, que são o foco desta norma. Elasauxiliam na melhoria dos processos internos, no aumento da capacitação dos funcionários, no acompanhamento da satisfação dos clientes, colaboradores e fornecedores, num processo contínuo de melhoria. Para a preparação destas normas internacionais são conciliados os interesses dos produtores, consumidores, comunidade e governo. Na prática, a normalização está presente na fabricação dos produtos, na transferência de tecnologia e na melhoria da qualidade de vida, através de normas relativas à saúde, à segurança e à preservação do meio ambiente. Devido a fatores como a evolução tecnológica, desenvolvimento de novas ferramentas, metodologias, novos requisitos, entre outros, a ISO estabeleceu que as normas devem ser revisadas em períodos inferiores a 5 anos. Nesse contexto, a certificação é um procedimento para alcançar um padrão que assegure qualidade, surgida da necessidade de as organizações comunicarem a seus clientes e ao mercado a adequação de seus princípios de gestão aos requisitos ISO. Como as normas são revisadas periodicamente, a certificação passa a ser uma atividade dinâmica. A certificação é efetuada por um organismo certificador que no âmbito Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade (SBAC) deve estar cadastrado no Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) para exercer tal atividade. Isso acontece para que o processo de certificação seja imparcial e a credibilidade do certificado seja assegurada. As auditorias são realizadas com o objetivo de averiguar se atividades desenvolvidas estão de acordo com o estabelecido previamente. Elas são divididas em auditoria de adequação (verificação da conformidade da documentação da organização à norma) e auditoria de conformidade (verificação por meio de evidência objetiva, da efetiva implementação dos procedimentos que compõem o sistema da qualidade de uma empresa). 14 Também são classificadas como auditorias de primeira parte (auditoria interna), de segunda parte (cliente-fornecedor) e de terceira parte (sem relação comercial, feita por um organismo independente) (MAGALHÃES, 2009). CERTIFICAÇÃO NBR ISO 14001 – GESTÃO AMBIENTAL BREVES REFLEXÕES Não há dúvida que o conceito de sustentabilidade vem evoluindo ao longo do tempo! Principalmente a evolução da percepção de sobrevivência da organização, para o consenso de que é preciso sobreviver sem comprometer as gerações futuras. Essa visão mais ampla de sustentabilidade emergiu em uma perspectiva tridimensional, incorporando as dimensões econômica, social e ambiental, ou o termo em inglês Triple Bottom Line (CARVALHO; MIGUEL, 2012). Esse tripé vem em grande medida responder ao processo de exaustão dos recursos naturais, em grande medida fruto de uma visão míope da dimensão econômica e da perspectiva de curto prazo. Nesta visão antiga, a hipótese que conduzia a ação é que as questões ambientais e sociais trariam impacto negativo na dimensão econômica, o que tem sido contestado nestas últimas décadas, pelas evidências de que as três dimensões se reforçam, formando um ciclo virtuoso (CARVALHO; RABECHINI JR, 2011). Essa nova visão vem não somente como fruto de uma sociedade mais consciente e crítica quanto a questões ambientais e sociais, mas também alarmada pela ocorrência de eventos extremos e aquecimento global. Esse processo resultou em legislações e normas mais rígidas, com maior fiscalização e responsabilização por passivos ambientais. Por outro lado, as empresas também perceberam o potencial competitivo do tema. O desafio de produzir com maior eficiência no uso de recursos naturais cada vez mais escassos, gerindo o ciclo de vida do projeto ao descarte, tem gerado ganhos efetivos e minimizado problemas ambientais, que pode deteriorar a imagem da empresa perante os consumidores. Nesse sentido o “marketing verde” representa fonte de vantagem competitiva desde que feito de forma autêntica e com consistência ao longo do tempo, ou seja, faça parte dos valores da organização (CARVALHO; MIGUEL, 2012). 15 Embora essa nova tendência seja clara, ainda há muito que fazer. Uma pesquisa sobre sustentabilidade realizada com uma centena de empresas da lista da revista Fortune revelou que 72% delas não incluem aspectos relacionados à sustentabilidade em seus projetos, investimentos, transações ou processos de avaliação. É claro que existem empresas pioneiras em adotar a abordagem sustentável, como é o caso da Natura no Brasil ou da americana Body Shop. No entanto, podemos situar as empresas em uma escala contínua que vai de uma postura reativa, com baixo comprometimento com essa causa, cumprindo estritamente a lei, até organizações mais comprometidas, com postura proativa. Nessas empresas mais proativas, observamos uma preocupação sistêmica com a sustentabilidade que, em geral, é desdobrada para os seus sistemas de gestão. Uma das ações nesse sentido é a tentativa de integrar estes sistemas gerenciais por meio de um sistema integrado de gestão. Os sistemas integrados de gestão (SIG) compõem-se de um conjunto de quatro normas gerenciais de cunho voluntário, que, se adotadas em conjunto nas organizações, permitem uma visão de integrada sustentável. É claro que apenas as normas não garantem que a empresa terá uma postura proativa, pois isso depende da estratégia e da cultura e valores da organização. No entanto, a iniciativa de ter um sistema integrado de gestão demonstra o grau comprometimento com a gestão do tripé da sustentabilidade na organização. Esse conjunto de normas é composto pelas normas ISO 9000 e ISO 14000, de gestão da qualidade e de gestão ambiental, respectivamente, acrescidas das normas ISO 26000 de responsabilidade social e da OHSAS 18000 de saúde e segurança ocupacional. SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO O desenvolvimento das três normas da ISO, International Organization for Standardization, veio em ordem cronológica, iniciada pela de gestão da qualidade, seguida da gestão ambiental e, mais recentemente, da norma de responsabilidade social, sendo que a pioneira série ISO 9000, amplamente adota pelas empresas, influenciou fortemente a estrutura das normas subsequentes ISO 14000 e ISO 26000. 16 Ambas adotam o conceito de melhoria contínua e propõem diretrizes de mudança. A outra norma mencionada trata das questões de saúde e segurança ocupacional, denominada da série OHSAS 18001 (Occupational Health and Safety Assessment Series). Essa norma, em conjunto com a família ISO 14000, fornece a base para o que as empresas têm chamado de SMS (saúde, meio ambiente e segurança). Embora sinérgicas, caso implementadas de forma estanque, podem gerar desperdícios e aumento desnecessário de documentação gerando burocracia. Desta forma, as empresas que adotam as quatro normas simultaneamente devem criar um sistema integrado de gestão, o que é relativamente mais simples, dado que as quatro normas adotam estrutura similar. Também o planejamento e gestão dos recursos alocados deve ser conjunto. Há métodos de integração dos sistemas de gestão, a maioria com propostas por fases, que variam de um nível de gestão isolado até a integração plena, passando por níveis intermediários. A integração pode se dar de forma paulatina, em que coexistem documentos dos sistemas, mas o conteúdo é comparado, havendo referências cruzadas e coordenação interna. Na versão integrada há processos genéricos e ciclo de gestão integração (BERNARDO et al., 2009 apud CARVALHO; MIGUEL, 2012). A seguir veremos uma síntese de cada uma das normas usadas em um sistema de gestão integrado, voltado para a sustentabilidade. A preocupação com gestão ambiental pode ter visões distintas conforme a cultura organizacional das empresas. Há três visões mais comuns de abordagem para a gestão ambiental empresarial: a) controle da poluição; b) prevenção da poluição e c)abordagem estratégica. Enquanto na abordagem de controle da poluição, o comportamento é mais reativo, em que a organização responde às pressões da comunidade e cumpre a lei; na abordagem estratégica de gestão ambiental a postura é proativa e concebida como parte do negócio, desde o marketing e projeto do produto até as técnicas de produção mais limpa e o pós-venda. As normas da série ISO 14000, de maneira geral, abordam a gestão ambiental. No entanto, é necessário salientar o conceito de gerenciamento do ciclo de vida (life cycle management – LCM), tratado na norma ISO 14040, que 17 é importante para que a empresa adote uma visão sustentável e que também pertença a esse conjunto de normas. O conceito de ciclo de vida refere-se aos estágios sucessivos e encadeados de um sistema que envolve um produto, desde a aquisição da matéria-prima ou geração de recursos naturais até a sua disposição final. Atrelado a esse conceito temos a avaliação do ciclo de vida (life cycle assessment - LCA), apresentado na norma ISO 14044, que permite identificar e avaliar os impactos ambientais potenciais de um sistema ao longo do ciclo de vida, conforme ilustrado abaixo: SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL: INTERAÇÃO ENTRE LCM E LCA O impacto ambiental pode ser definido como qualquer modificação, positiva ou negativa, no meio ambiente, resultante das atividades, produtos ou serviços de uma organização. Logo, não se trata apenas de identificar os impactos negativos, mas sim antever as oportunidades de melhoria no desempenho ambiental de produtos e serviços, ao mesmo tempo em que identifica os trade offs dessas alternativas com os aspectos social e econômico, o que em regra não é tarefa fácil. Há três elementos obrigatórios na avaliação do impacto do ciclo de vida, segundo a norma ISO 14044: a) seleção das categorias de impacto, b) indicadores de categorias e c) modelos de caracterização. O primeiro, seleção das categorias, identifica as categorias de impacto mais críticas para o perfil ambiental do sistema de produto projetado; a classificação refere-se à correlação entre as cargas ambientais e as categorias de impacto selecionadas; e a caracterização agrega as cargas ambientais correlacionadas às categorias de impacto e as converte para indicadores (CARVALHO; MIGUEL, 2012). Feitas estas considerações, mas antes de mirarmos na norma ISO 14000, vamos falar mais um pouco sobre sustentabilidade! A SUSTENTABILIDADE E A GESTÃO AMBIENTAL Até bem recentemente, acreditava-se de forma generalizada que a atividade humana acarretava apenas reflexos locais ou, no máximo, mudanças regionais no ambiente. É sabido que os efeitos da atividade humana no planeta são de tal envergadura que, atualmente, este se encontra às voltas com 18 experimentações ambientais não planejadas cujos resultados, na maior parte das vezes, são imprevisíveis. O principal objetivo da ciência ambiental, que ainda podemos dizer está emergindo, é obter conhecimentos básicos para entender sistematicamente como o planeta funciona. Esse conhecimento poderá ser aplicado para ajudar a resolver os problemas ambientais globais, portanto, a emergência dessa ciência ambiental abriu novos horizontes para o entendimento das relações entre ciências biológicas e físicas, o que requer cooperação interdisciplinar e educação. Na base de praticamente todos os problemas ambientais está o rápido crescimento da população humana. De fato, será difícil resolver outros problemas, a menos que a quantidade de pessoas que habitam o ambiente esteja de acordo com sua capacidade de sustentação. Talvez a maior responsabilidade nessa área esteja vinculada ao esclarecimento e à educação dos seres humanos para os problemas populacionais. À medida que a população se torna mais educada e a taxa de analfabetismo decresce, o crescimento populacional tende também a se estabilizar, e até a decrescer. Nesse contexto, sustentabilidade é uma terminologia que recentemente ganhou popularidade e que, de uma forma geral, significa a utilização de determinado recurso natural de tal forma que ele permaneça continuamente disponível. Entretanto, o termo é usado de forma vaga e equivocadamente em certas circunstâncias. Alguns o definem como a garantia de que as futuras gerações terão iguais oportunidades de acesso aos recursos oferecidos atualmente pelo planeta. Outros argumentam que sustentabilidade se refere a tipos de desenvolvimento que são economicamente viáveis, não agridem ao ambiente e são socialmente justos. Entretanto, todos concordam com a necessidade de se aprender como manter os recursos ambientais, de forma a continuarem a prover benefícios à população humana e a outras formas de vida no planeta. Por outro lado, um número crescente de pessoas está vivendo em áreas urbanas. Infelizmente os centros urbanos têm sido negligenciados e a qualidade ambiental urbana tem sofrido prejuízos, através de poluição aérea, problemas de destinação de resíduos sólidos, inquietações sociais e outras formas de “estresse” do ambiente. No passado, os poucos que estudavam o ambiente 19 centravam sua atenção no selvagem ou natural, em vez de dirigirem seus esforços na direção do ambiente urbanizado. Hoje já se observa a necessidade de um maior foco em aglomerações urbanas e em cidades como ambiente onde se possa viver. Encontrar soluções para problemas ambientais envolve mais que simplesmente juntar fatos e entendimentos de temas científicos de um problema particular. Também tem muito a ver com os sistemas de valores vigentes e os temas de justiça social. Para resolver problemas ambientais em um determinado local é importante entender quais os seus valores e as possíveis soluções que seriam socialmente justas. A partir daí, é possível aplicar conhecimentos científicos sobre determinado problema e achar soluções aceitáveis para o mesmo (ZILBERMAN, 2004). Ainda sobre a questão da sustentabilidade, na administração contemporânea, a dimensão da gestão ambiental está sendo considerada uma das principais chaves para a solução dos graves problemas que afligem o mundo moderno (MORAES FILHO, 2009). As vantagens da gestão ambiental decorrem de regras e práticas administrativas preestabelecidas que atuam para reduzir os riscos ambientais da atividade, aumentando a motivação e satisfação de seus colaboradores. Os negócios estão se voltando cada vez mais para questões ambientais. Cinco fatores influenciam essa mudança de postura: (1) necessidade de obediência às leis; (2) eficácia em custos; (3) opinião pública; (4) pressão dos movimentos ambientalistas; (5) pensamento a longo prazo. O pensamento sistêmico revela que as questões ambientais permeiam a empresa e por isso deveriam ser abordadas de modo abrangente e integrativo. Assim, a proteção ambiental passou a ser uma necessidade e ao mesmo tempo uma fonte de lucro para os negócios, o que abre uma perspectiva positiva para sua efetiva implementação, pois não transgride o princípio da busca permanente pelo lucro, indissociável da lógica de funcionamento das organizações em meio empresarial. 20 Hoje em dia, face à crescente concorrência dada à globalização, os clientes estão cada vez mais informados e predispostos a comprar e usar produtos que respeitem o meio ambiente. O produto ecologicamente correto vende mais nos mercados e detém a preferência do consumidor. No diagnóstico estratégico ambiental, citam-se dez razões (convincentes, como afirma Moraes, 2009) para a adoção pelas empresas de um design e marketing ambiental para os produtos com melhoria nos processos internos de produção. Elas são: (a) maior satisfação dos clientes; (b) melhor imagem da empresa; (c) conquista de novos mercados; (d) redução de custos pela eliminação de desperdícios; (e) melhoria do desempenho geral da empresa; (f) redução de riscos(multas, ações legais, acidentes); (g) maior permanência do produto nos mercados (ausência de reações negativas); (h) maior facilidade na obtenção de financiamentos; (i) caminho único para a obtenção de certificados ambientais (selos verdes e similares); j) prestação de contas às chamadas partes interessadas (clientes, acionistas, sociedade). Todas essas razões apontam no sentido de um maior fortalecimento da empresa em seu ambiente de negócio, o que leva à hipótese de ser o conceito de sustentabilidade empresarial um caminho não só desejável, como correto e provável de ser seguido. Inúmeras empresas vêm assumindo essa postura, mudando o foco de administrar, colocando a questão ambiental na prioridade de suas ações. E já parece estar surtindo efeitos, a considerar a recente notícia divulgada pela revista científica Nature, segundo publicado no site Globo on-line (maio 2006), de que uma equipe de cientistas havia chegado à conclusão de que a camada de ozônio da Terra que protege o ambiente das radiações ultravioletas está passando por uma lenta recuperação. Uma prova da eficácia e sucesso do Protocolo de Montreal (1987), concluiu (MOARES, 2009). No caso brasileiro, seguindo a literatura disponível, o mesmo autor cita a Petrobras, na exploração de minérios fósseis; as companhias siderúrgicas em 21 geral, tidas anteriormente como vilãs do meio ambiente; as petroquímicas e em especial a Petroflex, em Pernambuco, detentora de vários prêmios e certificados ISO, referenciada como exemplo de preservação ambiental; a Alcan e a Alcoa, no setor de alumínio; a Kablin (maior produtora e exportadora de papel do Brasil), única empresa no país, de acordo com informações em seu site corporativo, a receber o certificado FSC (Forest Stewardship Counsil), pelo manejo de plantas medicinais em suas florestas no Paraná; a Natura, recentemente instalada no México e em Paris em seu processo de internacionalização com forte apelo à ecoeficiência e administração com responsabilidade social com profundo respeito à natureza; a Ripasa, no setor de produção de papel e celulose. A visão de desenvolvimento clássica com foco apenas no crescimento econômico (e que prevalece ainda hoje para muitas economias) não leva em consideração, pelo menos em níveis adequados ou aceitáveis, a questão dos riscos de esgotamento dos recursos naturais, sobretudo os não renováveis e o impacto das atividades econômicas na degradação do meio ambiente. A visão econômica contemporânea ainda em construção, com foco no equilíbrio do ecossistema como precondição para o desenvolvimento social, prevê com maior acuidade a questão da preservação ambiental introduzindo a noção de reciclagem como forma de maior eficiência administrativa e processo por excelência redutor de poluição ambiental e indutor de responsabilidade social. No plano administrativo, a visão de desenvolvimento com foco puramente no crescimento econômico busca levar em conta as seguintes prioridades dentro da empresa por ordem de importância: (a) satisfação dos acionistas ou interesse dos sócios proprietários; (b) satisfação dos distribuidores (maximização das margens de lucro); (c) satisfação dos fornecedores (bons preços nas partidas fornecidas); (d) satisfação dos empregados; (e) satisfação dos consumidores (quando não são satisfeitas, recorrência ao Código de Defesa do Consumidor). A visão com foco no equilíbrio e responsabilidade social apregoando maior respeito ao consumidor leva a inverter a ordem de prioridades dentro da empresa, devendo então estar em primeiro plano: (a) satisfação dos consumidores (norteando as ações das empresas); 22 (b) satisfação dos empregados (valorização do capital humano); (c) satisfação dos fornecedores (preços compatíveis nas partidas fornecidas); (d) satisfação dos distribuidores (margens responsáveis de lucro); (e) satisfação dos acionistas ou sócios proprietários. Muda, portanto, a visão e a forma de administrar. É com essa expectativa que se devem buscar os novos caminhos para o desenvolvimento econômico e social: o caminho da sustentabilidade empresarial. Ela é uma expectativa e uma esperança. Os desdobramentos futuros das relações entre as nações em sua fase atual de globalização da economia nos fornecerão os dados e informações que permitirão avaliar se o caminho apontado está sendo de fato trilhado ou se teimamos em seguir velhos atalhos, ignorando as inter-relações que nos unem como inquilinos comuns de um mesmo condomínio, a Terra (MORAES, 2009). A importância que deve assumir cada indivíduo nas relações entre sistema produtivo e meio ambiente, enquanto consumidor na nova ordem econômica globalizada, parece nos conferir uma importante e poderosa arma. A do controle pelo consumo, isto é, não precisamos de agências institucionais nos moldes tradicionais até então em vigor para executar as vontades ou propósitos que não a da organização em redes, perfeitamente factível com as tecnologias atuais. Ela está ao alcance das mãos. Resta saber se teremos disposição e organização suficientes para usá-la em nosso proveito que se supõe a favor de toda a comunidade. O conceito introduzido no início da década dos anos 80 por Lester Brown (CAPRA, s.d. apud TRIGUEIRO, 2004, p. 19), definindo comunidade sustentável como “a que é capaz de satisfazer às próprias necessidades sem reduzir as oportunidades das gerações futuras”, está pronto para ser modelado. E cabendo a nós pela primeira vez, de forma palpável e inequívoca no atual estágio tecnológico, uma parcela importante da capacidade em influir em nosso destino comum. Urge alinhavá-los dando-lhes consistência, substância e unidade como força capaz de fazer frente aos problemas ambientais contemporâneos na sociedade em que vivemos (MORAES, 2009). 23 A NORMA ISO 14001 A ISO 14001 é uma norma internacionalmente reconhecida que define o que deve ser feito para estabelecer um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) efetivo. A norma é desenvolvida com objetivo de criar o equilíbrio entre a manutenção da rentabilidade e a redução do impacto ambiental; com o comprometimento de toda a organização. Com ela é possível que sejam atingidos ambos objetivos. A origem da norma ISO 14000 se deu no início da década de 1990 quando a ISO se organizou para criar um conjunto de regras que tratassem da questão ecológica, em virtude dos grandes problemas ambientais causados pelo grande desenvolvimento econômico e industrial. Em 1993, a ISO reuniu uma grande quantidade de profissionais e montou um comitê para a criação das normas e deu a ele o nome de TC 207 que tinha por objetivo desenvolver as normas ambientais que regeriam questões relacionadas ao fator ambiental (série 14000), esse comitê foi dividido em subcomitês que cuidariam de áreas específicas no desenvolvimento das normas. TC- GERENCIAMENTO AMBIENTAL Como resultado do trabalho do SC1, foram publicadas em 1996 as normas da série ISSO 14000 voltadas para gestão ambiental, utilizando como referência as normas BS 7750 e os requisitos estabelecidos no Sistema Europeu de Ecogestão e Auditorias Ambientais (Emas). A versão brasileira dessas normas 24 foi publicada também em 1996 pela ABNT, estando sob a responsabilidade do CB 38 – Comitê Brasileiro de Gestão ambiental. Em dezembro de 2004 saiu a segunda edição. O TC 207, por meio de seus diferentes comitês, é responsável pela publicação de um conjunto distinto de normas. O sistema de gestão ambiental mais difundido é o que tem por referência os requisitos estabelecidos pela ISO 14001. Segundo pesquisa publicada pela ISO (ISO Survey 2008), até o final de 2008 foram emitidos 188.815 certificados de conformidade, abrangendo 155 países e representando um incremento de 18% em relação ao número de certificados do ano anterior. O Brasil ocupava a 16ª posiçãono ranking mundial de número de certificados emitidos (RIBEIRO NETO; TAVARES; HOFFMANN, 2008). A ISO 14001 pode ser aplicada em empresas de qualquer porte e qualquer atividade, seja ela indústria, prestadora de serviços, agroindústria, empresas públicas ou até empresas de extração, a ISO 14001 ainda certifica produtos e serviços que estejam de acordo com as normas ambientais. Quanto ao momento de sua aplicação: esse conjunto de normas pode e deve ser aplicado em empresas que tenha qualquer tipo de atividade. A consciência ambiental é uma tendência que cresce a cada dia e que tende a crescer mais ainda, portanto, uma empresa que está no mercado e que deseja continuar e melhorar seu posicionamento no mesmo pode-se utilizar dos benefícios dessa certificação. Em relação ao processo de implantação da norma, ele se dá da seguinte forma: a empresa precisa se adequar a legislação ambiental, para que possa receber a certificação, que só pode ser concedida mediante empresa certificadora especializada para isso. O processo de treinamento de colaboradores está inserido na adequação da empresa de um modo geral. Depois de recebida a certificação a cada determinado período de tempo, a empresa passará por auditorias que serão realizadas por órgãos competentes. São vantagens da implantação da ISO 14001: identificação da empresa com a consciência ambiental; o efeito da consciência ecológica que influenciará os colaboradores. São pontos fortes da norma: 25 redução de desperdícios, pois uma empresa com uma visão ambiental, sempre buscará produzir mais produtos e serviços, com menos recursos; pode ser considerado fator chave – com todas as auditorias e mudanças feitas na empresa por causa da certificação a empresa terá processos mais eficientes, isso trará menores custos, melhor qualidade, maior lucro e maior satisfação do cliente para com a empresa. Em contrapartida, temos também alguns pontos fracos, mas que podem ser corrigidos: necessidade de treinar colaboradores de empresas terceirizadas; inexperiência dos órgãos certificadores. A relevância da norma reside no fato de que: impactos ambientais estão se tornando um tema cada vez mais importante no mundo, com pressão para minimizar esse impacto, oriunda de uma série de fontes: autoridades governamentais locais e nacionais, reguladores, associações comerciais, clientes, colaboradores e acionistas. As pressões sociais também aumentam em função da crescente gama de partes interessadas, tais como consumidores, organizações ambientais e não governamentais de minorias (ONGs), universidades e vizinhos. Então, a ISO 14001 é relevante para todas as organizações, incluindo desde: sites únicos até grandes companhias multinacionais; companhias de alto risco até organizações de serviço de baixo risco; indústrias de manufatura, de processo e de serviço; incluindo governos locais; todos os setores da indústria incluindo setores públicos e privados; montadoras e seus fornecedores. São benefícios da norma: demonstrar, para reguladores e governo, um comprometimento em obter conformidade legal e regulatória; demonstrar seu comprometimento ambiental para os stakeholders; demonstrar uma abordagem inovadora e voltada para o futuro para clientes e futuros colaboradores; aumentar seu acesso a novos clientes e parceiros de negócios; 26 gerenciar melhor seus riscos ambientais, agora e no futuro; reduzir potencialmente seus custos de seguros por responsabilidade pública; melhorar a sua reputação (BSI, 2013). A estrutura de um sistema de gestão ambiental, conforme os requisitos da ISO 14001:2004, para ser aderente às diretrizes e objetivos organizacionais, deve contemplar os seguintes componentes que estão alocados no quadro abaixo: 27 O quê Para quê Identificar os aspectos e impactos ambientais Prevenir a ocorrência de acidentes ambientais, facilitará identificação da legislação aplicável e servir de referência para a estruturação do SGA. Identificar a legislação aplicável Promover a conformidade com a legislação ambiental em todas as esferas, federal, estadual e municipal, aplicáveis ao negócio da organização. Definir a política ambiental, objetivos e metas Explicitar o comprometimento da alta administração com as questões ambientais, com a busca da melhoria contínua, com o atendimento legal, para alinhar os esforços de todos os componentes da força de trabalho. Definir e implementar programas Assegurar atendimento aos objetivos e metas ambientais. Identificar processos e controles necessários Assegurar um melhor entendimento das atividades, identificar os impactos ambientais, as responsabilidades e as formas de controle pertinentes. Sistematizar processos Clarificar responsabilidades, o modo de execução, os controles e minimizar impactos. Identificar e prover os recursos necessários Assegurar equipamentos, softwares, instalações e recursos humanos adequados às necessidades. Executar processos conforme especificado Assegurar que a produção ocorra em condições controladas, gere resultados previsíveis, consistentes e com os menores impactos ambientais. Monitorar, medir e analisar resultados, incluindo atendimento legal Permitir um gerenciamento com base em informações sustentadas pelo atendimento legal e subsidiar as ações de correção e de melhoria. Melhorar continuamente o sistema Assegurar redução de não conformidades, redução do risco de acidentes, redução de sanções legais e aumento contínuo da satisfação das partes interessadas. REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL DA ISO 14001 A ISO 14001:2004 está estruturada em quatro seções; somente a seção 4 é composta de requisitos do sistema de gestão ambiental: Introdução 1. Objetivo e campo de aplicação 2. Referências normativas 3. Termos e definições 28 4. Requisitos do sistema de gestão ambiental 4.1. Requisitos gerais 4.2. Política ambiental 4.3. Planejamento 4.4 Implementação e operação 4.5 Verificação 4.6 Análise pela administração Isto significa que devem ser identificados os aspectos de seu negócio que impactam o meio ambiente e compreender a legislação ambiental relevante à sua situação. O próximo passo é preparar objetivos para melhoria e um programa de gestão para atingi-los, com análises críticas regulares para melhoria contínua. Empresas certificadoras podem periodicamente auditar o sistema e, caso conforme, certificar a sua companhia na ISO 14001. A Figura abaixo representa o modelo do sistema de gestão ambiental conforme a NBR ISO 14001:2004. A sequência e interação proposta dos requisitos possibilitam à organização a implementação de um sistema, com política e objetivos alinhados aos requisitos legais aplicáveis e aos seus aspectos ambientais significativos. Adicionalmente, o sistema de gestão ambiental está alicerçado em uma abordagem por processos, em que é adotada a metodologia do PDCA - Plan, Do, Check and Act, no sentido de promover a melhoria contínua. MODELO DE SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL Temos uma visão geral do requisito e de sua estrutura: SUBSEÇÃO 4.1 - REQUISITOS GERAIS Explicita as diretrizes a observar por uma organização que esteja buscando implementar um sistema de gestão ambiental, segundo a norma NBR ISO 14001:2004. Essa subseção, por ser genérica, tem também como função estabelecer a obrigatoriedade do cumprimento de todos os demais requisitos. Resumo dos requisitos: O que é exigido Para que é exigido Que seja estabelecido, documentado, implementado, mantido e continuamente melhorado o SGA e a forma como serão atendidos os requisitos normativos. Requer Para assegurar o atendimento aos requisitos normativos e o alinhamento aos propósitos da organização. 29 também que seja definido e documentado o escopodo SGA. SUBSEÇÃO 4.2 - POLÍTICA AMBIENTAL A política ambiental contempla as diretrizes da organização em relação aos seus compromissos com o meio ambiente. Cumpre-lhe ser adequada ao perfil da organização, considerando a sua operação, aspectos ambientais significativos, relacionamento com as partes interessadas e legislação pertinente. Deve conter o compromisso com a melhoria contínua e a prevenção da poluição; como tal, é também a base para o estabelecimento dos objetivos e metas ambientais. A divulgação interna da política ambiental é de fundamental importância para garantir que todos entendam as diretrizes estabelecidas. A divulgação externa visa a demonstrar, para as demais partes interessadas, o comprometimento de organização com as questões ambientais. O que é exigido Para que é exigido Que a política ambiental inclua o comprometimento com a melhoria contínua, a prevenção da poluição, o atendimento aos requisitos legais; que seja comunicada e entendida por todos, e que esteja disponível para o público. Para promover o alinhamento de esforços no atendimento dos requisitos da comunidade e da organização no que se refere à proteção ambiental e prevenção de poluição. SUBSEÇÃO 4.3 - PLANEJAMENTO Os requisitos de planejamento têm por objetivo permitir o alinhamento das ações da organização de modo a atender a seus requisitos ambientais e aos requisitos da Norma ISO 14001, otimizando recursos. Para tanto, solicita-se a identificação dos seus aspectos ambientais significativos, os requisitos legais pertinentes, outros requisitos, quando aplicáveis, e a definição dos seus objetivos e metas. Essas informações são de fundamental importância para estruturar os procedimentos de implementação, operação e verificação do sistema de gestão ambiental. A subseção de planejamento é composta dos seguintes itens: 4.3.1 Aspectos ambientais. 4.3.2 Requisitos legais e outros. 30 4.3.3 Objetivos, metas e programas. O que é exigido Para que é exigido 4.3.1 Aspectos ambientais A identificação dos aspectos ambientais das atividades da organização especificando aqueles que possam ter impactos significativos no meio ambiente. Para assegurar uma gestão adequada aos aspectos ambientais identificados e à legislação aplicável. 4.3.2 Requisitos legais e outros A identificação dos requisitos legais aplicáveis e de outros eventualmente subscritos, relacionados com os aspectos ambientais. 4.3.3 Objetivos, metas e programas O estabelecimento de objetivos e metas ambientais, mensuráveis e coerentes com a política ambiental. A elaboração de programas, visando a atender aos objetivos e metas, que incluem: os responsáveis, os meios e os prazos. SUBSEÇÃO 4.4 - IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO A implementação e a operação efetiva de um sistema de gestão ambiental só são possíveis com o comprometimento de todos da organização. O conjunto de requisitos deste item visa a assegurar os recursos e condições para a implementação das diretrizes estabelecidas e para a adequada operação do SGA. Para tal, solicita-se a definição das responsabilidades e autoridades, a identificação e provimento das competências necessárias, procedimentos de comunicação interna e externa, regras de documentação, controle das operações e formas de tratamento a emergências. A subseção de implementação e operação é composta dos seguintes itens: 4.4.1 Recursos, funções, responsabilidades e autoridades 4.4.2 Competência, treinamento e conscientização 4.4.3 Comunicação 4.4.4 Documentação 4.4.5 Controle de documentos 4.4.6 Controle operacional 4.4.7 Preparação e resposta a emergências 31 O que é exigido Para que é exigido 4.4.1 Recursos, funções, responsabilidades e autoridades A disponibilização dos recursos e a definição das responsabilidades e autoridades para a gestão do SGA. Solicita também a nomeação de um representante da administração para assegurar a adequação do SGA e relatar o seu desempenho para a alta administração. Para prover a disponibilização dos recursos, assegurar a competência e a comunicação tanto interna como externamente. 4.4.2 competência, treinamento e conscientização A determinação das competências de todo o pessoal que tenha potencial de causar impactos ambientais, providos os treinamentos necessários e mantidos os registros correspondentes. Requer, também, que seja promovida a conscientização das questões ambientais, para aqueles que trabalham para a organização ou em seu nome. 4.4.3 Comunicação O estabelecimento de um procedimento para promover a comunicação interna e tratamento das solicitações oriundas de partes interessadas externas. 4.4.4 Documentação Que a documentação do SGA contenha política e objetivos, escopo, descrição dos elementos do SGA, sua interação e documentos associados, registros e outros documentos necessários para operação e controle dos processos associados com aspectos ambientais significativos. Para assegurar um entendimento único das diretrizes e procedimentos do SGA. incluindo a estruturação da documentação, forma de controle e definição das responsabilidades. 4.4.5 Controle de documentos O estabelecimento de um procedimento para controlar todos os documentos do SGA, definindo responsabilidades para aprovação e controles para assegurar que as versões vigentes estejam disponíveis nos locais de uso. 32 4.4.6 Controle operacional Que sejam planejadas as operações associadas aos aspectos ambientais significativos, definidos procedimentos e critérios operacionais e comunicado aos fornecedores. Para assegurar o controle das operações com aspectos ambientais significativos. 4.4.7 Preparação e resposta a emergências Que sejam identificadas as potenciais situações de emergência e acidentes, tratadas as situações reais e prevenidos ou mitigados os impactos ambientais associados. Para tratar e/ou mitigar situações de emergência e acidentes. SUBSEÇÃO 4.5 - VERIFICAÇÃO Os requisitos associados à verificação estão vinculados à etapa C, de verificação do PDCA, e têm por objetivo principal garantir o atendimento às diretrizes estabelecidas do SGA por meio de: avaliação do desempenho ambiental; atendimento aos requisitos legais e outros; tratamento de eventuais não conformidades reais e potenciais; controle das evidências; e processos de autoverificação. A subseção de verificação é composta dos seguintes itens: 4.5.1 Monitoramento e medição 4.5.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros 4.5.3 Não conformidade, ação corretiva e ação preventiva 4.5.4 Controle de registros 4.4.5 Auditoria interna O que é exigido Para que é exigido 4.5.1 Monitoramento e medição Que sejam monitoradas e medidas as características operacionais que possam ter impacto ambiental significativo, incluindo o desempenho ambiental, controles operacionais e a conformidade com objetivos e metas. Para permitir o efetivo acompanhamento operacional e aderência às diretrizes organizacionais, visando à rapidez na tomada de ações. 33 4.5.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros O estabelecimento de procedimentos para avaliar o atendimento aos requisitos legais e a outros subscritos pela organização, mantendo- se os registros dessa avaliação. Para garantir a contínua aderência às legislações vigentes, nos âmbitos federal, municipal e estadual. 4.5.3 Não conformidade, ação corretiva e ação preventiva A estruturação de procedimento para tratar das não conformidades reais e potenciais, ações corretivas e ações preventivas, incluindo ações para mitigação dos impactos, análise de causa, registro e análise de eficácia. Para permitir a pronta resposta a ações adversas e prevenir a ocorrência de outras, causando o menorimpacto ao meio ambiente e à organização. 4.5.4 Controle de registro A manutenção de registros para demonstrar a conformidade com os requisitos do sistema de gestão ambiental da organização e da norma IS014001. Um procedimento deverá ser estabelecido para controle desses registros. Para garantir a rastreabilidade das operações e assegurar confiabilidade ao SGA. 4.5.5 Auditoria interna A realização de auditorias internas a intervalos planejados para verificar se o SGA está de acordo com os requisitos da ISO 14001 e com o que foi planejado pela organização; e se está sendo mantido. Um procedimento deverá ser estabelecido definindo as responsabilidades e os requisitos para planejamento e execução de auditorias. Convém consultar a ISO 19011:2002-Diretrizes para auditoria de sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental. Para prover confiança à organização e às demais partes interessadas quanto à conformidade e eficácia do SGA. 34 SUBSEÇÃO 4.6 - ANÁLISE PELA ADMINISTRAÇÃO Os requisitos da análise pela administração preveem que a alta administração da organização atue no sentido de assegurar a contínua adequação, pertinência e eficácia do SGA. Assim, inclui a verificação do cumprimento da política ambiental, da avaliação do grau de atendimento aos objetivos e metas, do desempenho ambiental, do atendimento aos requisitos legais e normativos e à satisfação das partes interessadas. O que é exigido Para que é exigido Que a alta direção analise criticamente a adequação, pertinência e eficácia do SGA a intervalos planejados; que sejam mantidos registros dessas análises. Para assegurar que o SGA se mantenha adequado, pertinente e eficaz. CERTIFICAÇÃO NBR 16000 E ISO 26000 – GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE CONTEXTUALIZAÇÃO DAS CERTIFICAÇÕES Para entendermos a importância da NBR 16000 e ISO 26000 faremos uma breve contextualização do panorama social mundial tomando por base a década de 1970, quando a partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, o mundo começou a conscientizar-se dos problemas oriundos da degradação ambiental e passamos a ver de forma diferenciada nossas relações com a natureza. Foi apenas um passo, é verdade, mas foi um primeiro passo muito importante. Afinal de contas, conscientização é o pontapé inicial para mudanças! De um lado a consciência começando a surgir, de outro, a desigualdade social que se expandia de maneira acelerada e com ela a exclusão social e a violência. Em decorrência destes dois fatores, deparamo-nos, na década de 1990, com um novo fenômeno social, qual seja a proliferação do 3º setor: a esfera pública não-estatal. Somado a isto, ganharam força os movimentos da qualidade empresarial e dos consumidores. De agente passivo de consumo, o consumidor passa a ser agente de transformação social, por meio do exercício do seu poder de compra, uso e descarte de produtos, de sua capacidade de poder privilegiar 35 empresas que tinham valores outros que não somente o lucro na sua visão de negócios. Assim, sociedade civil e empresas passam a estabelecer parcerias na busca de soluções, diante da convicção de que o Estado sozinho não é capaz de solucionar a todos os problemas e a responder a tantas demandas (INMETRO, 2012). É diante desta conjuntura que nasce o movimento da responsabilidade social. Movimento este que vem crescendo e ganhando apoio em todo o mundo, e que propõe uma aliança estratégica entre 1º, 2º e 3º setores na busca da inclusão social, da promoção da cidadania, da preservação ambiental e da sustentabilidade planetária, na qual todos os setores têm responsabilidades compartilhadas e cada um é convidado a exercer aquilo que lhe é mais peculiar, mais característico. E, para que essa aliança seja possível, a ética e a transparência são princípios fundamentais no modo de fazer negócios e de relacionar-se com todas as partes interessadas. À sociedade civil organizada cabe papel fundamental pelo seu poder ideológico – valores, conhecimento, inventividade e capacidades de mobilização e transformação. A responsabilidade social conclama todos os setores da sociedade a assumirem a responsabilidade pelos impactos que suas decisões geram na sociedade e meio ambiente. Nesse sentido, os setores produtivos e empresariais ganham um papel particularmente importante, pelo impacto que geram na sociedade e seu poder econômico e sua capacidade de formular estratégias e concretizar ações. Essa nova postura, de compartilhamento de responsabilidades, não implica, entretanto, em menor responsabilidade dos governos, ao contrário, fortalece o papel inerente ao governo de grande formulador de políticas públicas de grande alcance, visando o bem comum e a equidade social, aumentando sua responsabilidade em bem gerenciar a sua máquina, os recursos públicos e naturais na sua prestação de contas à sociedade. Além disso, pode e deve ser o grande fomentador, articulador e facilitador desse novo modelo que se configura de fazer negócios (INMETRO, 2012). Nesse contexto, o Brasil é um dos pioneiros nesse movimento, contribuindo a partir da elaboração uma norma nacional de responsabilidade 36 social, a ABNT NBR 16001:20041 - Responsabilidade Social - Sistema de gestão - Requisitos, para a qual o Inmetro desenvolveu o Programa Brasileiro de Certificação em Responsabilidade Social. O Brasil também liderou, em parceria com a Suécia, o Grupo de Trabalho da ISO (Internatinal Organization for Standardization) incumbido de elaborar a ISO 26000:2010 - Diretrizes em responsabilidade social, publicada em 1º de novembro de 2010. O Inmetro desenvolveu o Programa Brasileiro de Certificação em Responsabilidade Social de acordo com a NBR 16001, desde a sua primeira versão, e agora definiu um plano de transição (por meio da Portaria INMETRO / MDIC número 407 de 02/08/2012) para as organizações estabelecendo que: I. As organizações certificadas com base na norma ABNT NBR 16001:2004 podem, a qualquer tempo, a contar da data de publicação desta Portaria, migrar para a versão atual da norma, mediante auditoria. II. As solicitações de certificação inicial poderão continuar a ser concedidas com base na norma ABNT NBR 16001:2004 em até 12 (doze) meses contados da publicação desta Portaria. III. As solicitações de recertificação poderão continuar a ser concedidas com base na norma ABNT NBR 16001:2004 em até 24 (vinte e quatro) meses contados da publicação desta Portaria. IV. Todas as certificações vigentes concedidas com base na norma ABNT NBR 16001:2004 deverão ser migradas para a versão atual da norma ou serem canceladas no prazo de 36 (trinta e seis) meses, contar da data de publicação desta Portaria. Ou seja: até 02 de agosto de 2013, as organizações poderão solicitar certificação inicial com base na norma antiga (ABNT NBR 16001:2004); as empresas já certificadas na primeira versão poderão solicitar recertificação até 02 de agosto de 2014; a partir de 02 de agosto de 2015, todas as organizações deverão ter migrado para a versão de 2012. 1 A NBR ISSO 16001 estabelece requisitos mínimos relativos a um sistema de gestão de Responsabilidade Social, permitindo à organização formular e implementar uma política e objetivos que levem em conta as exigências legais, seus compromissos éticos e sua preocupação com a promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável, além da transparência de suas atividades. 37 A norma propõe uma visão holística, em que as questões essenciais de governança organizacional são: direitos humanos; práticas trabalhistas, práticas justas de operações; questões do consumidor, ambiente, envolvimento e desenvolvimento da comunidade, conforme ilustrado abaixo: PRINCÍPIOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL A norma define responsabilidadesocial como sendo a responsabilidade de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comportamento ético e transparente que: contribua para o desenvolvimento sustentável, inclusive a saúde e o bem- estar da sociedade; leve em consideração as expectativas das partes interessadas; esteja em conformidade com a legislação aplicável; seja consistente com as normas internacionais de comportamento; esteja integrada em toda a organização e seja praticada em suas relações. Os princípios que regem a norma são os seguintes: accountability (responsabilização) – assumir voluntariamente as responsabilidades pelas consequências de suas ações e decisões, respondendo pelos seus impactos na sociedade e no meio ambiente, prestando contas aos órgãos de governança e demais partes interessadas; transparência – fornecer às partes interessadas de forma acessível, clara, compreensível e em prazos adequados todas as informações sobre os fatos que possam afetá-las; comportamento ético – agir de modo aceito como correto pela sociedade e de forma consistente com as normas internacionais de comportamento; considerações pelas partes interessadas (stakeholders) – ouvir, considerar e responder aos interesses das pessoas ou entidades que tenham um interesse identificável nas atividades da organização; respeito ao Estado de Direito – ponto de partida mínimo para ser considerado socialmente responsável, cumprir integralmente as leis do local onde está operando; 38 respeito às Normas Internacionais de Comportamento – adotar prescrições de tratados e acordos internacionais favoráveis à responsabilidade social, mesmo que não obrigada por lei; direito humanos – reconhecer a importância e a universalidade dos direitos humanos, cuidando para que as atividades da organização não os agridam direta ou indiretamente, zelando pelo ambiente econômico, social e natural que requerem. São temas centrais desta norma: a) Governança organizacional: trata de processos e estruturas de tomada de decisão, delegação de poder e controle. O tema é, ao mesmo tempo, algo sobre o qual a organização deve agir e uma forma de incorporar os princípios da responsabilidade social à sua forma de atuação cotidiana. b) Direitos humanos: inclui verificação de obrigações e de situações de risco; resolução de conflitos; direito civis, políticos, econômicos, sociais e culturais; direitos fundamentais do trabalho; evitar a cumplicidade e a discriminação; e cuidado com os grupos vulneráveis. c) Práticas trabalhistas: refere-se tanto a emprego direto quanto ao terceirizado e ao trabalho autônomo. Inclui emprego e relações do trabalho; condições de trabalho e proteção social; diálogo social; saúde e segurança ocupacional; desenvolvimento humano dos trabalhadores. d) Meio ambiente: inclui prevenção da poluição; uso sustentável de recursos; combate e adaptação às mudanças climáticas; proteção e restauração do ambiente natural; e os princípios da preocupação, do ciclo de vida, da responsabilidade ambiental e do “poluidor pagador”. e) Práticas operacionais justas: compreende combate à corrupção; envolvimento político responsável; concorrência e negociação justas; promoção da responsabilidade social na esfera da influência da organização e respeito aos direitos de propriedade. f) Questões dos consumidores: inclui práticas justas de negócios, marketing e comunicação; proteção à saúde e a segurança do consumidor; consumo sustentável; serviço e suporte pós-fornecimento; privacidade e proteção de dados; acesso a serviços essenciais; educação e conscientização. g) Envolvimento com a comunidade e seu desenvolvimento: refere-se ao envolvimento com a comunidade; investimento social; desenvolvimento 39 tecnológico; investimento responsável; criação de empregos; geração de riqueza e renda; promoção e apoio à saúde, à educação e à cultura. Segundo Carvalho e Miguel (2012), baseando-se em dados do INMETRO, a ISO 26000 é uma norma de diretrizes, sem o objetivo da certificação, com o propósito de ser aplicável a todos os tipos e porte de organizações (pequenas, médias, e grandes) e de todos os setores (governo, ONGs e empresas privadas). A estrutura compreende as seguintes partes: 1º. Introdução – fornece informações sobre o conceito da norma de diretrizes e os motivos de sua elaboração. 2º. Escopo – define o assunto da norma, sua abrangência e os limites de sua aplicabilidade. 3º. Referências normativas – apresenta uma lista de documentos que devem ser lidos juntamente com a norma de diretrizes; e escopo. 4º. Termos e definições – identifica os termos usados na norma que precisam ser definidos e fornece tais definições. 5º. O contexto da responsabilidade social em que as organizações atuam – apresenta os contextos histórico e contemporâneo relacionados ao tema e também coloca questões emergentes da natureza do conceito de responsabilidade social. 6º. Princípios de responsabilidade social relevantes a todas as organizações – identifica um conjunto de princípios de responsabilidade social extraídos de várias fontes e fornece diretrizes em relação a eles. 7º. Diretrizes sobre temas de responsabilidade social – oferece orientação separada em uma gama de assuntos/questões centrais e as relaciona às organizações. 8º. Diretrizes para todas as organizações na implementação da responsabilidade social – fornece diretrizes práticas para a implementação da responsabilidade social e sua integração com a organização. 9º. Anexos – apresenta uma relação de ferramentas existentes no campo dos temas que a norma aborda. Anexo A – apresenta um cardápio de algumas iniciativas e ferramentas voluntárias relacionadas à RS, de caráter regional ou internacional, identificadas à época. Anexo B – contém abreviaturas usadas na norma 40 PROGRAMA BRASILEIRO DE CERTIFICAÇÃO EM RESPONSABILIDADE SOCIAL Em 2006, o INMETRO publicou através da Portaria INMETRO nº 027, de 09/02/2006, um Regulamento de Avaliação da Conformidade (RAC) com base na NBR 16001 – Responsabilidade Social – Requisitos. O processo de elaboração do RAC foi extremamente participativo e contou com o apoio e envolvimento de todos os setores da sociedade. O regulamento foi revisado em 2009. Em abril de 2007 foi, oficialmente, lançado o Programa Brasileiro de Avaliação da Conformidade em Responsabilidade Social, juntamente com a entrega do 1º Certificado. Hoje o Brasil já conta com 21 empresas certificadas e 3 organismos de certificação dentro do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade, a saber: - FCAV - Fundação Carlos Alberto Vanzolini; - BRTUV Avaliações da Qualidade S.A.; - BVQI do Brasil Sociedade Certificadora Ltda (INMETRO, 2012; CARVALHO; MIGUEL, 2012, p. 425). Em 2011, foi realizada uma pesquisa com organizações certificadas na norma ABNT NBR 16001:2004, pesquisa está decidida pela ABNT/CEE RS sendo recebidas respostas de 16 organizações certificadas. Vale a pena conferir os resultados compilados dessa pesquisa. Quanto ao nível de dificuldade de implantação de cada requisito da norma veja o gráfico abaixo: 41 Fonte: http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/palestras/pesquis a_com_organizacoes_certificadas.pdf Quanto às necessidades de mudanças nos requisitos da norma: Metade dos respondentes concordou que a norma deve conter requisitos de desempenho, enquanto a outra metade não concordou. 42 Quanto à contribuição da norma para melhorar o relacionamento da organização com algumas das partes interessadas, 56% concordaram totalmente; 38% concordaram parcialmente e 6% não avaliaram. Sobre a certificação ter contribuído para melhorar a capacidade da organização de atrair e manter trabalhadores, 50% concordaram parcialmente, 31% concordaramparcialmente, para 13% foi indiferente e 6% não avaliaram. Em relação a melhorar a capacidade da organização em atrair e manter seus clientes/usuários, 44% concordaram parcialmente, 25% totalmente, para 25% foi indiferente e 6% não avaliaram. Quanto às contribuições da norma para melhorar ou fortalecer a imagem e reputação da organização, 63% concordaram totalmente e 37% concordaram parcialmente. 69% concordaram totalmente que a norma agrega valor para a organização. Valores que mostram a aceitação e importância da norma para as organizações! CERTIFICAÇÃO OHSAS 18000 – SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL Segundo a BSI (2013), certificadora muitas organizações estão implementando um Sistema de Gestão de Saúde e de Segurança Ocupacional (SGSSO) como parte de sua estratégia de gestão de riscos para lidar com mudanças na legislação e proteger seus colaboradores. Um SGSSO promove um ambiente de trabalho seguro e saudável através de uma estrutura que permite à sua organização identificar e controlar consistentemente seus riscos à saúde e segurança, reduzir o potencial de acidentes, auxiliar na conformidade legislativa e melhorar o desempenho geral. A OHSAS 18001 é uma especificação de auditoria internacionalmente reconhecida para sistemas de gestão de saúde ocupacional e segurança. Foi desenvolvida por um conjunto de organismos comerciais líderes, organismos internacionais de normas e certificação com foco em uma lacuna para a qual não existe uma norma internacional certificável por organismos certificadores. A OHSAS 18001 foi desenvolvida com compatibilidade com a ISO 9001 e a ISO 14001, para ajudar a organização a cumprir com suas obrigações de saúde e segurança de um modo eficiente, o que se dá mediante formulação de uma política e objetivos para a saúde ocupacional e a segurança, baseada nos conceitos de melhoria contínua e conformidade regulatória. 43 A OHSAS 18001 foca as seguintes áreas chave: planejamento da identificação de perigos, avaliação de riscos e controle dos riscos; estrutura e responsabilidade; treinamento, conscientização e competência; consulta e comunicação; controle operacional; prontidão e resposta a emergências; medição de desempenho, monitoramento e melhoria. A OHSAS 18001 pode ser adotada por qualquer organização que deseja implementar um procedimento formal para redução dos riscos associados com saúde e segurança no ambiente de trabalho para os colaboradores, clientes e o público em geral (BSI, 2013). Carvalho e Miguel (2012) também confirmam que a certificação OHSAS 18001 (Occupational Health and Safety Assessment Series) demonstra o compromisso de uma organização com a segurança, higiene e saúde no trabalho, alinhado com a legislação vigente. A OHSAS 18001 pode ser adotada por organizações de quaisquer porte e natureza que desejam implementar um sistema formal de gestão para redução dos riscos associados com saúde e segurança no ambiente de trabalho para os colaboradores, clientes e o público em geral. A norma especifica requisitos desenvolvidos em conjunto por um grupo de organismos de normalização nacionais na Austrália, Inglaterra, Irlanda, dentre outros, de organismos de certificação internacionais (BVQI, DNY, Lloyds, SGS etc.) e outras partes interessadas. Um sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional visa promover um ambiente de trabalho seguro e saudável, implementado por meio de uma estrutura organizacional que permite identificar e controlar os riscos à saúde e segurança, reduzir o potencial de acidentes, auxiliar na conformidade legislativa e melhorar o desempenho geral, buscando o bem-estar das partes interessadas. A base para essa norma vem da publicação da norma inglesa BS 8800, em 1996. No ano seguinte, a ISO define que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) é o organismo adequado para editar norma sobre este assunto. 44 A primeira versão da norma foi lançada em 1999 e revisada em 2007. Diversas mudanças foram introduzidas desde a primeira edição, que refletem a extensa utilização e experiência com a OHSAS 18001 em mais de 80 países e cerca de 16.000 organizações certificadas no mundo. Em 2000 é publicada a OHSAS 18002:2000; em 2001, a OIT publica finalmente a ILO-OSH-2001 e em 2007, ocorre a atualização da OHSAS 18001:2007. Uma das principais alterações na norma é a ênfase muito maior dada à saúde do que somente à segurança, além da melhoria no alinhamento à ISO 14001:2004 para permitir às organizações o desenvolvimento de sistemas integrados de gestão. A partir de 30 de junho de 2009, as empresas somente poderiam ser certificadas na versão 2007. A norma inicia definindo uma série de termos importantes relacionados à segurança, higiene e saúde no trabalho (risco aceitável, incidente, danos para a saúde, avaliação de riscos, dentre outros), bem como estabelece, a exemplo de outras normas, requisitos gerais e específicos à gestão da estrutura organizacional. A organização inicia com a definição da política de Segurança e Saúde do Trabalho (SST) considerando, no planejamento, requisitos relativos à identificação de perigos, avaliação de riscos e determinação de medidas de controle, além de requisitos legais e outros requisitos. Na implementação e operação do SST, os recursos atribuições, responsabilidade, obrigações e autoridade devem ser estabelecidos, bem como competência, formação e sensibilização dos colaboradores, comunicação interna entre os vários níveis e funções da organização, subcontratados e outros visitantes do local de trabalho e outras partes interessadas. O SST deve ter estrutura de documentação com controle de documentos, controle operacional e preparação e resposta a emergências. Para verificação do SST, a longo prazo, a organização deve estabelecer e manter procedimentos para a medição e monitoramento do desempenho e avaliação da conformidade. Outro grupo de requisitos considera a investigação de acidentes, não conformidades e ações corretivas e preventivas e auditorias internas. A 45 organização deve rever o SST em intervalos planejados, identificando oportunidades de melhoria e necessidade de alterações no SST, para assegurar a sua contínua adequação. No Brasil existem 10 órgãos que fazem a certificação OHSAS 18001. A estimativa é de que pouco mais de 400 empresas sejam certificadas pela OHSAS 18001 no país, tais como: Bradesco, Braskem, CPFL, Embraer, Phillips, SABESP, Siemens, Volvo, Votorantim etc. A Whirlpool, por exemplo, possui a certificação OHSA5 18001 em todas as suas unidades (CARVALHO; MIGUEL, 2012). A norma OHSAS contém: INTRODUÇÃO 1 – Objetivo 2 – Referências normativas 3 – Termos e definições 4 – Requisitos do sistema da gestão de saúde e segurança ocupacional 4.1 – Requisitos gerais 4.2 – Política de saúde e segurança ocupacional – SSO 4.3 – Planejamento 4.3.1 – Identificação de perigos, avaliação de riscos e determinação de controles 4.3.2 - Requisitos legais e outros 4.3.3 – Objetivos e programas 4.4 – Implementação e operação 4.4.1 – Recursos, papéis, responsabilidades e autoridades 4.4.2 – Competência, treinamento e conscientização 4.4.3 – Comunicação, participação e orientação 4.4.4 – Documentação 4.4.5 – Controle de documentos 4.4.6 – Controle operacional 4.4.7 – Preparação e respostas a emergências 4.5 – Verificação 4.5.1 – Monitoramento e medição de desempenho 4.5.2 – Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros 4.5.3 – Investigação de incidentes, não conformidades, ação corretiva e ação 46 preventiva 4.5.4 – Controle de registros 4.5.5 – Auditoria interna 4.6 – Análise crítica pela administração CERTIFICAÇÃO PARA SISTEMAS DE SEGURANÇA IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVAS PARA CERTIFICAÇÃO PARA SISTEMAS DE SEGURANÇA Não somente a área de saúde, mas citando esta como exemplo, utiliza sistemasinformatizados para capturar, armazenar, manusear e transmitir dados do atendimento em saúde. Há uma tendência crescente em substituir o papel pelo formato eletrônico, entretanto, é um assunto complexo em vista de inúmeros fatores, sendo a confiabilidade e segurança dois deles. Como diz a introdução do Manual de Boas Práticas do Tribunal de Contas da União (TCU, 2012, p. 6): Na época em que as informações eram armazenadas apenas em papel, a segurança era relativamente simples. Bastava trancar os documentos em algum lugar e restringir o acesso físico àquele local. Com as mudanças tecnológicas e o uso de computadores de grande porte, a estrutura de segurança ficou um pouco mais sofisticada, englobando controles lógicos, porém ainda centralizados. Com a chegada dos computadores pessoais e das redes de computadores que conectam o mundo inteiro, os aspectos de segurança atingiram tamanha complexidade que há a necessidade de desenvolvimento de equipes e métodos de segurança cada vez mais sofisticados. A segurança de informações visa garantir a integridade, confidencialidade, autenticidade e disponibilidade das informações processadas pela instituição. Integridade de informações consiste na fidedignidade de informações. Sinaliza a conformidade de dados armazenados com relação às inserções, alterações e processamentos autorizados efetuados. Sinaliza, ainda, a conformidade dos dados transmitidos pelo emissor com os recebidos pelo destinatário. A manutenção da integridade pressupõe a garantia de não violação dos dados com intuito de alteração, gravação ou exclusão, seja ela acidental ou proposital. 47 Confidencialidade de informações consiste na garantia de que somente pessoas autorizadas tenham acesso às informações armazenadas ou transmitidas por meio de redes de comunicação. Manter a confidencialidade pressupõe assegurar que as pessoas não tomem conhecimento de informações, de forma acidental ou proposital, sem que possuam autorização para tal procedimento. Autenticidade de informações consiste na garantia da veracidade da fonte das informações. Por meio da autenticação é possível confirmar a identidade da pessoa ou entidade que presta as informações. Disponibilidade de informações consiste na garantia de que as informações estejam acessíveis às pessoas e aos processos autorizados, a qualquer momento requerido, durante o período acordado entre os gestores da informação e a área de informática. Manter a disponibilidade de informações pressupõe garantir a prestação contínua do serviço, sem interrupções no fornecimento de informações para quem é de direito. A importância do zelo pela segurança de informações reside no fato de um ativo ser muito importante para qualquer instituição, podendo ser considerado, atualmente, o recurso patrimonial mais crítico. Informações adulteradas, não disponíveis, sob conhecimento de pessoas de má-fé ou de concorrentes podem comprometer significativamente, não apenas a imagem da instituição perante terceiros, como também o andamento dos próprios processos institucionais. É possível inviabilizar a continuidade de uma instituição se não for dada a devida atenção à segurança de suas informações (TCU, 2012). Voltando ao nosso exemplo da saúde, em 2002, uma parceria entre a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde2 (SBIS) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) levou a aprovação da Resolução N.º 1639: “Normas Técnicas para o Uso de Sistemas Informatizados para a Guarda e Manuseio do Prontuário Médico”, dispondo sobre o tempo de guarda dos prontuários, estabelecendo 2 A SBIS tem como objetivo promover o desenvolvimento de todos os aspectos da Tecnologia da Informação aplicada à Saúde. A tradição da atuação da SBIS é marcada pela realização de eventos nacionais e internacionais, como congressos, simpósios, cursos, seminários, e workshops. A SBIS colabora com os órgãos públicos, como a OPAS, a Finep e o Ministério da Saúde, bem como com outras entidades e associações de classe, como o CFM, a Abramge, a Fenaess e o Sindhosp, para citar apenas alguns exemplo (http://www.sbis.org.br/) 48 critérios para certificação dos sistemas de informação e dando outras providências. A Certificação SBIS/CFM se baseia em conceitos e padrões internacionais da área de Informática em Saúde, muitos dos quais já foram traduzidos para o Português e reconhecidos como padrões brasileiros. Um segundo produto dessa parceria foi a elaboração do Manual de Requisitos de Segurança, Conteúdo e Funcionalidades para Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde (RES). Com base neste manual, publicado em 2004 no sítio da SBIS e do CFM, teve início a Fase 1 do Processo de Certificação, e que até 2007 contava com mais de 70 sistemas autodeclarados (através de seus representantes legais) como estando aderentes ao conjunto de requisitos da versão 2.1 do Manual. A Fase 1 teve seu objetivo de preparar o mercado para o processo de Certificação, o que foi plenamente atingido (LEÃO; COSTA; FORMAN, 2007). O manual já se encontra na versão 4.1 (22/10/2013). Esta versão do Manual de Certificação para Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde (S-RES) revoga e substitui, a partir da data de início de sua vigência, todas as suas versões anteriores (Mais adiante voltaremos a falar desse manual). Segundo a norma NBR ISO/IEC 17799:2005, segurança da informação é a proteção da informação contra vários tipos de ameaças de forma a assegurar a continuidade do negócio, minimizando danos comerciais e maximizando o retorno sobre investimentos e oportunidades de negócios. Ainda segundo a NBR ISO/IEC 17799:2005, a segurança da informação é caracterizada pela preservação dos três atributos básicos da informação: confidencialidade, integridade e disponibilidade. Também em relação à segurança, a NBR ISO IEC 27001:2006 é a norma de certificação para Sistemas de Gestão da Segurança da Informação, editada em português em abril de 2006 e que substituiu a BS 7799-2. Esta norma foi preparada para prover um modelo para o estabelecimento, implementação, operação, monitoramento, revisão, manutenção e melhoria de um Sistema de Gestão de Segurança da Informação. A NBR ISO IEC 27001 e NBR ISO IEC 17799 formam o par consistente de normas relativas ao Sistema de Gestão de Segurança da Informação. 49 Na verdade, a NBR ISO/IEC 17799 é a versão brasileira da norma ISO homologada pela ABNT, a versão válida é de 2005. É o Código de Prática para Gestão da Segurança da Informação. Serve como referência para a criação e implementação de práticas de segurança reconhecidas internacionalmente, incluindo: Políticas, Diretrizes, Procedimentos, Controles. É um conjunto completo de recomendações para: Gestão da Segurança de Informação e Controles e práticas para a Segurança da Informação, mas atenção: a norma de certificação é a NBR ISO IEC 27001:2006, a NBR ISO IEC 17799 é somente uma norma de referência contida na norma de certificação. Todas as grandes organizações do mundo, sejam públicas ou privadas, já tomaram conhecimento sobre as normas ISO 27001. Diversas pesquisas demonstram que muitas dessas organizações já estão incorporando os controles das normas em suas políticas de segurança, haja vista sua importância para as organizações. A importância da ISO 27001 reside no fato da norma permitir que uma empresa construa de forma muito rápida uma política de segurança baseada em controles de segurança eficientes. Os outros caminhos para se fazer o mesmo, sem a norma, são constituir uma equipe para pesquisar o assunto ou contratar uma consultoria para realizar essa tarefas. Quanto a se adaptar a qualquer tipo de organização, as normas foram criadas e se adaptam bem a organizações comerciais. Instituições de ensino, instituições públicas e outras assemelhadas podem terdificuldades em implantar certos controles da norma devido a seus ambientes serem diferentes dos ambientes de uma empresa comercial. Apesar disso, qualquer organização pode aproveitar grande parte dos controles da norma para implementar segurança da informação em suas instalações. Assim, podemos inferir que Sistema de Gestão de Segurança da Informação é o resultado da aplicação planejada de objetivos, diretrizes, políticas, procedimentos, modelos e outras medidas administrativas que, de forma conjunta, definem como são reduzidos os riscos para segurança da informação. Uma empresa que implante a norma ISO 27001 acaba por constituir um SGSI. 50 Para constituir um SGSI, em primeiro lugar deve-se definir quais são seus limites (sua abrangência física, lógica e pessoal). Depois devem ser relacionados os recursos que serão protegidos. Em seguida, relaciona-se quais são as possíveis ameaças a esses recursos, quais são as vulnerabilidades a que eles estão submetidos e qual seria o impacto da materialização dessas ameaças. Por fim, com base nessas informações, são priorizados os controles necessários para garantir a segurança desses recursos. Para implantar a norma em uma empresa não é obrigatório empregar todos os seus controles. Aplicam-se somente os controles para os serviços, facilidades, espaços e condições existentes na empresa. Por exemplo, se a empresa não tem acesso remoto de usuários, todos os controles referentes a esse tipo de acesso podem ser ignorados. Muito se ouve falar na Declaração de Aplicabilidade. Este é um documento exigido pela NBR ISO IEC 27001, no qual a empresa tem que relacionar quais controles do Anexo A são aplicáveis e justificar os que não são aplicáveis ao seu SGSI. Vale lembrar que as normas NBR ISO, assim como as de outros países, têm direitos autorais. As normas da série NBR ISO devem ser adquiridas na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A ISO 27001 harmoniza-se com as normas ISO 9000 e ISO 14000 na medida que segue a suas estruturas e conteúdos. A 27001 inclui um PDCA semelhante aos existentes na ISO 9001 e ISO 14000 com objetivo de estabelecer uma contínua gestão da segurança da informação. Quanto à legislação para uso da ISO 27001, sabemos que as leis variam de país para país. A rigor não existem leis que obriguem o emprego de tais normas. No Brasil, existem recomendações no sentido de empregar-se a norma, emitidas por entidades como a Fenabam, o Conselho Federal de Medicina, a ICP-Brasil, dentre outros. No Reino Unido, a Data Protection Act promulgada em 1998 e, nos Estados Unidos, a lei Sarbanes-Oxley (que atinge subsidiárias de empresas americanas de capital aberto instaladas no Brasil), promulgada em 2002, determinam cuidados no trato das informações que, na prática, obrigam as empresas a empregar a ISO 27001 e ISO 17799 como uma forma de demonstrarem que estão procurando cumprir os requisitos de segurança determinados por essas leis. 51 AUDITORIA E PRÉ-AUDITORIA A norma ISO 27001 pode ser aplicada e realizar apenas uma auditoria interna, sendo o procedimento que mais acontece nas empresas, principalmente porque elas ainda não identificaram a necessidade ou a possibilidade de realizarem o processo de certificação. Segundo o site www.xsec.com, até o final de 2004, mais de 2017 empresas em todo mundo receberam a certificação BS7799-2; a certificação NBR ISO 27001:2005 até o presente momento somente 1 empresa obteve no mundo, e esta empresa foi no Brasil, Módulo Security. Os certificados são emitidos por entidades certificadoras acreditadas por órgãos de credenciamento nacionais ou internacionais após realização de auditorias do SGSI, as quais acontecem em duas etapas: 1ª) Auditoria de Documentação, conhecida como Fase 1. 2ª) Auditoria de Certificação, conhecida como Fase 2. Existe também a Auditoria de Documentação que é o primeiro contato com a equipe auditora, ou seja, faz-se uma análise prévia dos documentos e informações, muitas vezes confidenciais, nas instalações da própria empresa visando à verificação de sua adequação e a segurança dos dados. A diferença entre a auditoria de documentação e pré-auditoria é que Auditoria de Documentação tem como foco a seguinte documentação: Declaração de Aplicabilidade, Relatório de Avaliação de Riscos e Análise Crítica pela Direção entre outros possíveis documentos associados a estes, conforme aplicável. Esta análise não contempla procedimentos e práticas específicos, uma vez que estes são objeto da Pré-auditoria, que tem por objetivo a análise crítica da adequação do sistema à norma. Podemos dizer também que Pré-auditoria é o mesmo que Auditoria de Pré-certificação podendo ou devendo ser solicitada após a implantação do Sistema de Gestão da Segurança da Informação e após ter realizado pelo menos um ciclo de auditoria interna e pelo menos uma análise crítica pela direção para verificar o nível de adequação à norma em questão. A Pré-auditoria tem como principal objetivo a detecção de eventuais problemas conceituais que possam vir a ser despercebidos pela empresa em processo de certificação. Seria um exemplo de problema conceitual, a não 52 aplicação de um requisito ou controle que influencie na Segurança da Informação da empresa. Isto pode ocorrer em razão de uma incorreta interpretação da norma para o negócio da empresa e/ou escopo considerado(s). No entanto, nestes casos, a certificação não pode ser recomendada, causando transtornos para a empresa e uma certa decepção para todos os envolvidos. Essas análises prévias – chamadas pré-auditoria acontecem exatamente para reduzir os riscos de não certificação por problemas de adequação. A Pré- auditoria é realizada nas instalações da empresa e segue os mesmos passos da Auditoria de Certificação: Reunião de Abertura, investigação, relato das não conformidades e reunião de encerramento. Geralmente a equipe auditora da Pré-auditoria será a mesma da Análise Documental e da Auditoria de Certificação. São verificados os procedimentos e a documentação em relação à sua adequação à norma de referência. O tempo dimensionado para esta auditoria, normalmente não permite que a equipe auditora tenha tempo para verificar se as práticas descritas na documentação estão adequadamente implementadas, isto é o que chamamos de auditoria de conformidade, que será realizada durante a Auditoria de Certificação (Inicial) e nas Auditorias de Manutenção (Anuais ou semestrais). De todo modo, há empresas que optam por pular a pré-auditoria, principalmente quando estão seguras que na adequação e conformidade do seu sistema de gestão não há problema algum em ir direto para a Auditoria de Certificação. Ressalte-se que a Pré-auditoria tem objetivo distinto da Auditoria de Certificação. A Pré-auditoria verifica a adequação do sistema, não colhendo evidências suficientes de que as práticas refletem o planejamento contido nos procedimentos. A verificação da implementação é feita na Auditoria de Certificação que não pode ser dispensada em nenhum caso. Com exceção às Auditorias de Manutenção, que devem ocorrer no mínimo anualmente, não há um prazo expressamente definido para que estes eventos ocorram, e os mesmos podem ser discutidos e acordados, conforme as necessidades de cada empresa. Normalmente, a equipe auditora é formada por um ou dois auditores com experiência em auditoria e conhecimentos do segmento de negócio da empresa. 53 Por se tratar de uma norma específica, as auditorias do Sistema de Gestão de Segurança da Informação devem contar sempre auditores que detenham conhecimentos técnicos suficientes para compreender a linguagem dos auditados (FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2006). ETAPAS DO LICENCIAMENTO O Licenciamento Ambiental é a base estrutural do tratamento das questões ambientais pela empresa. É através da Licença que o empreendedorinicia seu contato com o órgão ambiental e passa a conhecer suas obrigações quanto ao adequado controle ambiental de sua atividade. A Licença possui uma lista de restrições ambientais que devem ser seguidas pela empresa. Desde 1981, de acordo com a Lei Federal 6.938/81, o Licenciamento Ambiental tornou-se obrigatório em todo o território nacional e as atividades efetiva ou potencialmente poluidoras não podem funcionar sem o devido licenciamento. Desde então, empresas que funcionam sem a Licença Ambiental estão sujeitas às sanções previstas em lei, incluindo as punições relacionadas na Lei de Crimes Ambientais, instituída em 1998: advertências, multas, embargos, paralisação temporária ou definitiva das atividades. Os conceitos de poluição e degradação trazem termos abstratos que deixam abertura para a determinação da necessidade, ou não, de licenciamento. A definição legal do termo poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades humanas. O termo degradação é traduzido pela legislação como a alteração adversa das características do meio ambiente. Considerando que não há como fixar, de forma definitiva, as atividades que causam degradação ou mesmo o grau de alteração adversa ocasionado, caberá consulta ao órgão ambiental para determinar se o empreendimento necessita de licenciamento. Há, porém, atividades que, conforme a legislação vigente, já se sabe que devem ser necessariamente licenciadas. A Resolução Conama 237/97 traz, em seu Anexo I, um rol de atividades sujeitas ao licenciamento ambiental. Para as atividades lá listadas, o licenciamento é essencial. No entanto, essa relação é exemplificativa e não pretende esgotar todas as possibilidades, o que seria impossível, mas funciona como norteador para os empreendedores. Atividades comparáveis ou com 54 impactos de magnitude semelhante têm grande probabilidade de também necessitarem de licenciamento. Novamente, a consulta ao órgão ambiental elucidará essa dúvida. Muitas vezes, o empreendedor acaba também procurando o órgão ambiental por exigência de outros órgãos da administração pública responsáveis por autorizações de atividades em geral, tais como: - Prefeituras, para loteamentos urbanos e construção civil em geral; - Incra, para atividades rurais; - DNER e DER, para construção de rodovias; - DNPM, para atividade de lavra e/ou beneficiamento mineral; - Ibama ou órgão ambiental estadual, para desmatamento. O mercado cada vez mais exige empresas licenciadas e que cumpram a legislação ambiental. Além disso, os órgãos de financiamento e de incentivos governamentais, como o BNDES, condicionam a aprovação dos projetos à apresentação da Licença Ambiental. Vale dizer que para emissão da licença ambiental é necessário um estudo aprofundado e detalhado caso a caso, onde o Órgão Ambiental analisa de forma especifica o impacto provocado pelo empreendimento e/ou atividade, por isto não existi uma licença padrão. Deve-se ter ciência de que são três esferas, de órgãos ambientais, competentes: Municipal, Estadual e Federal. Sendo que, cada um deles tem suas exigências e responsabilidades perante as atividades ou empreendimento. Esfera Federal IBAMA: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, IBAMA, é o responsável pelo licenciamento de empresas que desenvolvem suas atividades em mais de um estado e que os impactos ambientais possam ultrapassar os limites territoriais. Esfera Estadual – para cada Estado há o seu órgão responsável: A Lei Federal 6.938/81 atribui a cada Estado a competência de licenciar as atividades regionais, isto é, licenciar empresas que desenvolvem suas atividades dentro do seu Estado. Por exemplo, se a sua empresa atua no Estado de Minas Gerais, o órgão estadual responsável é o SEMAD - Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, no Rio de Janeiro, FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente, em São Paulo, CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. 55 Esfera Municipal: O Estado pode delegar a responsabilidade do licenciamento para o Município quando a atividade ou empreendimento impactar o meio ambiente local, conforme a Resolução do CONAMA 237/97. Além disto, é possível se deparar, com o licenciamento ambiental simplificado para atividades e empreendimentos com características específicas, dependendo da natureza e da compatibilidade com o meio ambiente. O que encontramos é um procedimento tradicional de licenciamento ambiental que compreende a Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação. Cada uma é exigida em uma etapa específica do licenciamento. Assim, temos: Licença Prévia (LP) É a primeira etapa do licenciamento, em que o órgão licenciador avalia a localização e a concepção do empreendimento, atestando a sua viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos para as próximas fases. A LP funciona como um alicerce para a edificação de todo o empreendimento. Nesta etapa, são definidos todos os aspectos referentes ao controle ambiental da empresa. De início o órgão licenciador determina, se a área sugerida para a instalação da empresa é tecnicamente adequada. Este estudo de viabilidade é baseado no Zoneamento Municipal. O zoneamento é uma delimitação de áreas em que os municípios são divididos em zonas de características comuns. Com base nesta divisão, a área prevista no projeto é avaliada. Assim, esta avaliação prévia da localização do empreendimento é importante para que no futuro não seja necessária a realocação ou a aplicação de sanções, como multas e interdição da atividade. Nesta etapa podem ser requeridos estudos ambientais complementares, tais como EIA/RIMA e RCA, quando estes forem necessários. O órgão 56 licenciador, com base nestes estudos, define as condições nas quais a atividade deverá se enquadrar a fim de cumprir as normas ambientais vigentes. EIA/RIMA - Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental - Exigência legal, instituída pela Resolução CONAMA 001/86, na implantação de projetos com significativo impacto ambiental. Consiste em um estudo realizado no local, mais precisamente no solo, água e ar para verificar se a área contém algum passivo ambiental além de prever como o meio sócio- econômico-ambiental será afetado pela implantação do empreendimento. RCA - Relatório de Controle Ambiental – Documento que fornece informações de caracterização do empreendimento a ser licenciado. Deverá conter: descrição do empreendimento; do processo de produção; caracterização das emissões geradas nos diversos setores do empreendimento (ruídos, efluentes líquidos, efluentes atmosféricos e resíduos sólidos). O órgão ambiental, de acordo com a Resolução CONAMA 10/90, pode requerer o RCA sempre que houver a dispensa do EIA/RIMA. Durante o processo de obtenção da licença prévia, são analisados diversos fatores que definirão a viabilidade ou não do empreendimento que se pleiteia. É nessa fase que: - são levantados os impactos ambientais e sociais prováveis do empreendimento; - são avaliadas a magnitude e a abrangência de tais impactos; - são formuladas medidas que, uma vez implementadas, serão capazes de eliminar ou atenuar os impactos; - são ouvidos os órgãos ambientais das esferas competentes; - são ouvidos órgãos e entidades setoriais, em cuja área de atuação se situa o empreendimento; - são discutidos com a comunidade, caso haja audiência pública, os impactos ambientais e respectivas medidas mitigadoras e compensatórias; e - é tomada a decisão a respeito da viabilidade ambiental do empreendimento, levando-se em conta sua localização e seus prováveis impactos, em confronto com as medidas mitigadoras dos impactos ambientais e sociais. O prazo de validade da Licença Prévia deverá ser no mínimo, igual ao estabelecido pelo cronogramade elaboração dos planos, programas e projetos 57 relativos ao empreendimento ou atividade, ou seja, ao tempo necessário para a realização do planejamento, não podendo ser superior a cinco anos. Licença de Instalação (LI) Uma vez detalhado o projeto inicial e definidas as medidas de proteção ambiental, deve ser requerida a Licença de Instalação (LI), cuja concessão autoriza o início da construção do empreendimento e a instalação dos equipamentos, de acordo com as especificações que constam nos planos, programas e projetos aprovados pelo Órgão Ambiental, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes. A execução do projeto deve ser feita conforme o modelo apresentado. Qualquer alteração na planta ou nos sistemas instalados deve ser formalmente enviada ao órgão licenciador para avaliação. A Licença de Instalação (LI) autoriza para instalação e edificações de estruturas necessárias para a construção ou operação de um determinado empreendimento. É nessa etapa que o empreendedor deve apresentar os projetos demonstrando como seu empreendimento será de fato construído. É de extrema importância que tais projetos incluam as medidas a serem adotadas para evitar ou minimizar os impactos que a construção irá gerar. Cada projeto, assim como as medidas ambientais a serem tomadas variam de acordo com as características da obra, assim como sua localização. Alguns exemplos de impactos negativos comuns nas fases de instalação são: poeira gerada pelo tráfego de caminhões e ruídos de máquinas e equipamentos que afetam principalmente quem está trabalhando na obra e o impacto visual que afeta a comunidade vizinha. Todos eles podem ser minimizados com a aplicação do que chamamos de medidas mitigadoras. Para casos citados, são exemplos de maneiras de mitigação, respectivamente: o uso de caminhões pipa para irrigação das vias de acesso, fornecimento de abafadores sonoros aos trabalhadores e bloqueio visual, geralmente realizado com plantio de árvores ou com paredes de tábuas. Em suma, através da LI será apontado como o empreendimento e/ou atividade deverá ser construído / implementada, pois somente após a concessão da LI e o cumprimento de suas condicionantes é que pode ser fornecida a Licença de Operação. 58 O prazo de validade da licença de instalação será, no mínimo, igual ao estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a seis anos. Licença de Operação (LO) A Licença de Operação autoriza o funcionamento do empreendimento. Essa deve ser requerida quando a empresa estiver edificada e após a verificação da eficácia das medidas de controle ambiental estabelecidas nas condicionantes das licenças anteriores. Nas restrições da LO, estão determinados os métodos de controle e as condições de operação. O Órgão Ambiental pode fixar condicionantes para o controle ambiental durante as fases do licenciamento do empreendimento e/ou da atividade, como o monitoramento de destinação de resíduos e lançamento de efluentes, entre outras. Sua concessão é por tempo finito. A licença não tem caráter definitivo e, portanto, sujeita o empreendedor à renovação, com condicionantes supervenientes. O prazo de validade da licença de operação deverá considerar os planos de controle ambiental e será, em regra, de, no mínimo, quatro anos e, no máximo, dez anos. Cada ente da federação determinará, dentro desse limite, seus prazos. O ideal é que esse prazo termine quando terminarem os programas de controle ambiental, o que possibilitará uma melhor avaliação dos resultados bem como a consideração desses resultados no mérito da renovação da licença. No entanto, o órgão ambiental poderá estabelecer prazos de validade específicos para a licença de operação de empreendimentos que, por sua natureza e peculiaridades, estejam sujeitos a encerramento ou modificação em prazos inferiores. A renovação da LO deverá ser requerida pelo empreendedor com antecedência mínima de 120 dias do prazo de sua expiração. O pedido de renovação deverá ser publicado no jornal oficial do estado e em um periódico regional ou local de grande circulação. Caso o órgão ambiental não conclua a análise nesse prazo, a licença ficará automaticamente renovada até sua manifestação definitiva. Na renovação da licença de operação, é facultado ao órgão ambiental, mediante justificativa, aumentar ou reduzir seu prazo de validade, mantendo os 59 limites mínimo e máximo de quatro e dez anos. A decisão será tomada com base na avaliação do desempenho ambiental da atividade no período anterior. A licença de operação possui três características básicas: 1. É concedida após a verificação, pelo órgão ambiental, do efetivo cumprimento das condicionantes estabelecidas nas licenças anteriores (prévia e de instalação); 2. Contém as medidas de controle ambiental (padrões ambientais) que servirão de limite para o funcionamento do empreendimento ou atividade; e 3. Especifica as condicionantes determinadas para a operação do empreendimento, cujo cumprimento é obrigatório, sob pena de suspensão ou cancelamento da operação. O licenciamento é um compromisso, assumido pelo empreendedor junto ao órgão ambiental, de atuar conforme o projeto aprovado. Portanto, modificações posteriores, como, por exemplo, redesenho de seu processo produtivo ou ampliação da área de influência, deverão ser levadas novamente ao crivo do órgão ambiental. Além disso, o órgão ambiental monitorará, ao longo do tempo, o trato das questões ambientais e das condicionantes determinadas ao empreendimento. 60 O que fazer quando estiver em operação, mas sem a Licença? Primeiramente é importante que um responsável da empresa, comunique formalmente o Órgão Licenciador e solicite a Licença de Operação. Existem dois tipos de Licenças para esse caso: Licença Preventiva: quando a sua empresa está pronta para operar, mas ainda não iniciaram as atividades internas. Licença Corretiva: para regularizar a situação de atividades em operação. Mas, para isso, faz-se necessária a apresentação de vários documentos, tais como, os projetos previstos para as fases de LP, LI e LO, responsável por definir um prazo para a implantação do Sistema de Controle Ambiental. Modificar atividade ou empreendimento é preciso uma nova Licença? A licença ambiental tem como uma de suas mais importantes características a possibilidade de modificação ou de retirada em determinadas situações. Tal licença é o ato administrativo resultante de um processo 61 administrativo e poderá sofrer modificações posteriormente caso se descubra algum erro ou omissão relevante ou caso haja algum motivo superior que o justifique. O inciso IV do artigo 9º da Lei 6.938/81 determina que “o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras” é um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente. Isso significa que a própria lei que criou o licenciamento já previu a possibilidade de as licenças ambientais serem revistas. A respeito do tema, não se pode confundir revisão com renovação. Falar em revisão do licenciamento implica adequar, anular, cassar, revogar ou suspender a licença concedida em pleno prazo de validade. Por outro lado, falar em renovar implica em requerer uma nova licença ao órgão ambiental, tendo em vista que o prazo da licença vigente está perto de se esgotar. Como qualquer ato administrativo, a licença ambiental está sujeita à revisão, especialmente se houver um relevante interesse público que o justifique. Se o fundamento máximo do poder de polícia é a supremacia do interesse público sobre o individual, é evidente que a administração pública poderá sempre rever qualquer ato que supervenientemente à sua edição se mostre contrário ao interesse coletivo para revogá-lo em benefício da sociedade.Com efeito, se as condições originais que deram ensejo à concessão da licença ambiental mudarem, esta também pode ser modificada ou até retirada. Do ponto de vista prático, são basicamente três as razões que levaram o legislador a considerar a possibilidade de revisar uma licença ambiental. A primeira é a velocidade com que a ciência e a tecnologia evoluem, fazendo com que os órgãos ambientais não tenham como se precaver em face dos riscos ambientais. A segunda é que os órgãos ambientais dispõem de estrutura insuficiente em termos de recursos humanos e materiais e são muito suscetíveis a ingerências de ordem pessoal, política e econômica. A terceira é que dados técnicos relevantes podem ser omitidos ou apresentados de forma distorcida ou mesmo falsa, comprometendo no todo ou em parte o entendimento e a decisão dos órgãos administrativos de meio ambiente. 62 É nesse contexto que os incisos I, II e III do artigo 19 da Resolução 237/97 do Conama determinam que o órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais, omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença e superveniência de graves riscos ambientais e de saúde. Isso significa que a referida resolução determina que a revisão da licença ambiental concedida pode ocorrer em três situações distintas. Na primeira situação, depois de ter sido regularmente licenciada, o responsável pela atividade passa a desrespeitar a legislação ambiental ou a ignorar os condicionantes do licenciamento ambiental, a exemplo do cumprimento de medidas compensatórias ou mitigadoras. É o caso do industrial que se comprometeu formalmente e com prazo determinado em face do órgão ambiental a instalar filtros antipoluição na sua fábrica e também do piscicultor que se comprometeu formalmente e com prazo determinado a instalar uma estação de tratamento de água nos seus viveiros, que após terem recebido a licença não tomaram nenhuma das providências combinadas. É o caso da empresa que de um momento para outro passa a emitir mais ruído ou mais gases poluentes do que o permitido pela legislação. Na segunda situação, é descoberto que o licenciamento de uma determinada atividade se embasou em dados ou documentos falsos ou que deixou de levar em consideração informações relevantes e que por isso a licença deve ser revista. É o caso do licenciamento para a construção de um condomínio privado baseado em um laudo técnico que afirma que a área não possui nenhuma importância especial no que diz respeito à diversidade biológica, e depois é descoberto que, na verdade, a área em questão possui remanescentes de mata atlântica que abrigam espécies raras da fauna e da flora e que por isso a licença deve ser revisada. Na terceira situação, a atividade é devidamente licenciada e passa a cumprir todas as condicionantes da licença ambiental quando, em face de uma nova informação ou de um caso de força maior, a atividade passa a causar graves riscos para o meio ambiente e para a qualidade de vida da coletividade e por isso deve ser revisada. É o caso da descoberta do potencial danoso de uma 63 técnica ou substância utilizada no processo produtivo de uma determinada empresa e cuja adoção tinha sido recomendada pelo próprio órgão ambiental como requisito para a concessão da licença, e também o de um desastre natural a exemplo de um desmoronamento ou de uma tempestade que comprometem o controle de segurança ambiental de uma determinada indústria. Nessas duas situações, mesmo que o responsável pela atividade potencial ou efetivamente poluidora tenha cumprido à risca a legislação ambiental e as condicionantes do licenciamento, a simples iminência de graves riscos poderem ser causados ao meio ambiente e à saúde da coletividade justifica a revisão da licença. É claro que falar em revisão de uma licença não significa necessariamente a nulidade do ato administrativo anteriormente proferido, mas um ajustamento das condicionantes e das medidas de controle de adequação, com o intuito de diminuir ou de retirar a possibilidade de ocorrência de danos ambientais. A revisão da licença ambiental pode implicar na perda de validade temporária da mesma, a fim de que possam ser feitas as adequações necessárias, ou na perda de validade definitiva quando não houver possibilidade de adequação ou também na diminuição quantitativa ou qualitativa da atividade. Mas a revisão também pode ser benéfica ao titular da atividade potencial ou efetivamente poluidora, na medida em que este poderá obter a licença ambiental não conseguida anteriormente ou poderá obter um alargamento do objeto da licença ambiental caso ocorram algumas situações que possam beneficiá-lo. As alíneas II e III do artigo 19 da Resolução 237/97 do Conama falam em omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença e superveniência de graves riscos ambientais e de saúde como justificativa para que a licença ambiental seja revista. É o caso do empreendedor que descobre que o laudo técnico que embasou a negativa da concessão da licença é falso ou que o órgão ambiental não levou em consideração dados essenciais, e que a mesma teria sido concedida se não fosse aquilo. É o caso da negativa da concessão da licença motivada pela existência de forte contaminação e grave risco para o meio ambiente e a saúde pública na área em que a atividade pretendia se instalar, e que, após alguns anos depois do tratamento feito pelo poder público ou por conta 64 da própria recomposição natural, a área volta a ter as características ambientais de antes. A legislação fala em revisão do licenciamento, e não da licença ambiental, exatamente por causa da possibilidade de não apenas as concessões como as negativas de concessão também poderem ser reavaliadas, até porque a licença é apenas uma consequência do licenciamento. Nessas duas situações, pode ocorrer a revisão do licenciamento em favor do titular da atividade potencial ou efetivamente poluidora, de maneira que a licença possa ser concedida caso não tenha sido antes. Se por causa da documentação falsa ou da existência da contaminação a licença foi concedida em termos restritos, ela deverá ser revista de maneira a ser reeditada com um conteúdo mais amplo do que o da licença anterior. Como a realidade ambiental e socioeconômica também sofre modificações aceleradas que podem resultar em situações de mudanças a serem ponderadas podem ocorrer tanto mudanças restritivas quanto liberalizantes na modificação de uma licença ambiental. Entretanto, é muito mais comum que a revisão do licenciamento ocorra para restringir do que para ampliar direitos, até porque de uma forma geral a deterioração da qualidade ambiental é um fenômeno internacional. Vale lembrar que a licença diz respeito ao direito à livre iniciativa econômica do empreendedor e ao direito à saúde pública e à salubridade ambiental da coletividade, tendo, inclusive, o objetivo de condicionar o primeiro ao segundo. A possibilidade de modificação ou de retirada da licença ambiental ocorre com maior frequência na licença de operação, já que ao final do seu prazo de validade novos padrões ambientais podem ser exigidos. De qualquer forma, as demais licenças ambientais estão sujeitas a essa possibilidade de modificação também. Todavia, é importante destacar que a regra é que durante aquele tempo pelo qual foi expedida a validade da licença permanece, bem como as condicionantes estabelecidas, sendo os casos de revisão do licenciamento exceção. 65 OBTENÇÃO DAS LICENÇAS AMBIENTAIS Para obtenção do licenciamento de empreendimento ou atividade potencialmentepoluidores, o interessado deverá dirigir sua solicitação ao órgão ambiental competente para emitir a licença, podendo esse ser o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), os órgãos de meio ambiente dos estados e do Distrito Federal (Oemas) ou os órgãos municipais de meio ambiente (Ommas). 1º passo: Identificação do tipo de licença ambiental a ser requerida. 2º passo: Identificação do órgão a quem solicitar a licença. 3º passo: Solicitação de requerimento e cadastro industrial disponibilizados pelo Estado. 4º passo: Coleta de dados e documentos. 5º passo: Preenchimento do cadastro de atividade industrial. 6º passo: Requerimento da licença - Abertura de processo. 7º Passo: Publicação da abertura de processo. O órgão ambiental poderá estabelecer prazos de análise diferenciados para cada modalidade de licença, em função das peculiaridades da atividade ou empreendimento, bem como para a formulação de exigências complementares, desde que observado o prazo máximo de seis meses a contar do ato de 66 protocolar o requerimento até seu deferimento ou indeferimento, ressalvados os casos em que houver Estudo de Impacto Ambiental – EIA e Relatório de Impacto Ambiental - Rima e/ou audiência pública, quando o prazo será de até doze meses. 1ª ETAPA - IDENTIFICAÇÃO DO ÓRGÃO AMBIENTAL COMPETENTE PARA LICENCIAR De acordo com o art. 23, incisos III, VI e VII da Constituição Federal, é competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios proteger o meio ambiente, combater a poluição em qualquer de suas formas e preservar as florestas, a fauna e a flora. No âmbito do licenciamento, essa competência comum foi delimitada pela Lei 6.938/81. Esse normativo determinou que a tarefa de licenciar é, em regra, dos estados, cabendo ao Ibama uma atuação supletiva, ou seja, substituir o órgão estadual em sua ausência ou omissão. Portanto, não cabe ao órgão federal rever ou suplementar a licença ambiental concedida pelos estados. Ao Ibama também foi dada pelo dispositivo legal competência originária para licenciar. Coube a esse órgão a responsabilidade pelo licenciamento de atividades e obras com significativo impacto ambiental, de âmbito nacional ou regional. A Resolução Conama 237/97 enquadra nessa situação os empreendimentos: 67 - localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no mar territorial; na plataforma continental; na zona econômica exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União; - localizados ou desenvolvidos em dois ou mais estados; - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País ou de um ou mais estados; - destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar ou armazenar material radioativo ou dele dispor, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); - bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a legislação específica. A Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei 11.284/06) incluiu novas competências originárias de licenciamento. A exploração de florestas e formações sucessoras, tanto de domínio público como de domínio privado, dependerá de prévio licenciamento, em regra, dos órgãos ambientais estaduais. Mas será de responsabilidade do Ibama quando se tratar especificamente de: - florestas públicas de domínio da União; - unidades de conservação criadas pela União; - exploração de florestas e formações sucessoras que envolvam manejo ou supressão de espécies enquadradas no Anexo II da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção-CITES, promulgada pelo Decreto 76.623/75, com texto aprovado pelo Decreto Legislativo 54/75; - exploração de florestas e formações sucessoras que envolvam manejo ou supressão de florestas e formações sucessoras em imóveis rurais que abranjam dois ou mais estados; - supressão de florestas e outras formas de vegetação nativa em área maior que: a) dois mil hectares em imóveis rurais localizados na Amazônia Legal; b) mil hectares em imóveis rurais localizados nas demais regiões do país; - supressão de florestas e formações sucessoras em obras ou atividades potencialmente poluidoras licenciadas pelo Ibama; 68 - manejo florestal em área superior a cinquenta mil hectares. A Resolução Conama 237/97 relaciona também as situações em que a competência pelo licenciamento recai sobre os órgãos estaduais e distrital. São de sua responsabilidade os empreendimentos e atividades: - localizados ou desenvolvidos em mais de um município ou em unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal; - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação natural de preservação permanente relacionadas no art. 2º da Lei 4.771/65 e em todas as que assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou municipais; - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um ou mais municípios; - delegados pela União aos estados ou ao Distrito Federal por instrumento legal ou convênio. Aos órgãos ambientais municipais compete o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daqueles sobre os quais houve delegação pelo estado por instrumento legal ou convênio. Recente alteração na competência legal municipal para licenciar também foi introduzida pela Lei de Gestão de Florestas Públicas, que modificou a Lei do Código Florestal. Na exploração de florestas e formações sucessoras, tanto de domínio público como de domínio privado, será competência dos municípios licenciar quando se referir a: - florestas públicas de domínio do município; - unidades de conservação criadas pelo município; - casos que lhe forem delegados por convênio ou outro instrumento admissível, ouvidos, quando couber, os órgãos competentes da União, dos estados e do Distrito Federal. A distribuição de competências realizada pelos normativos é matéria que, por vezes, gera dúvidas e discussões acerca de qual esfera é responsável pelo licenciamento frente a situações concretas. No Parecer 312/CONJUR/MMA/2004, a consultoria jurídica do Ministério do Meio Ambiente examina um caso concreto de conflito de competência entre o Ibama e o órgão estadual e traz esclarecimentos sobre o tema. A conclusão do parecer afirma que o fundamento para repartição da competência para licenciamento entre os 69 entes da federação é o impacto ambiental do empreendimento. Não é relevante para essa repartição se o bem é de domínio da União, dos estados ou dos municípios. O que se considera é a predominância do interesse, com base no alcance dos impactos ambientais diretos (e não indiretos) da atividade. 2ª ETAPA - LICENÇA PRÉVIA Para a obtenção da licença prévia de um empreendimento, o interessado deverá procurar o órgão ambiental competente ainda na fase preliminar de planejamento do projeto. Inicialmente, o órgão ambiental definirá, com a participação do empreendedor, os documentos, projetos e estudos ambientais necessários ao início do processo de licenciamento. Em seguida, o empreendedor contratará a elaboração dos estudos ambientais, que deverão contemplar todas as exigências determinadas pelo órgão licenciador. O Tribunal de Contas da União já firmou entendimento de que o órgão ambiental não poderá admitir a postergação de estudos de diagnóstico próprios da fase prévia para as fases posteriores sob a forma de condicionantes do licenciamento (Acórdão 1.869/2006-Plenário-TCU, item 2.2.2). O empreendedor deverá requerer formalmente a licença e apresentar os estudos, documentos e projetos definidos inicialmente. Nessa fase ainda não é apresentadoo projeto básico, que somente será elaborado depois de expedida a licença prévia. O pedido de licenciamento deverá ser publicado em jornal oficial do ente federativo e em periódico regional ou local de grande circulação No procedimento de licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de vegetação e a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos competentes. Após receber a solicitação de licença e a documentação pertinente, o órgão ambiental analisará o processo e realizará, se necessário, vistoria técnica no local onde será implantado o empreendimento. O órgão ambiental poderá solicitar esclarecimentos e complementações das informações prestadas uma única vez, cabendo reiteração do pedido, caso aqueles não tenham sido satisfatórios. 70 O empreendedor deverá atender à solicitação de esclarecimentos e complementações formuladas pelo órgão ambiental, dentro do prazo máximo de quatro meses, a contar do recebimento da respectiva notificação. Esse prazo poderá ser prorrogado, desde que justificado e com a concordância do empreendedor e do órgão ambiental. Caso as informações não sejam prestadas no prazo legal, o empreendedor poderá ter seu pedido de licença arquivado. Isso ocasionará a necessidade de iniciar outro processo de licenciamento, com novos custos de análise, se for do interesse do particular. Poderá haver, em algumas situações, audiência pública nessa etapa, quando a comunidade é chamada a avaliar os impactos ambientais e sociais do empreendimento e as medidas mitigadoras de cada um deles. As aludidas audiências estão disciplinadas pela Resolução Conama 09/87 e têm por objetivo expor aos interessados o conteúdo do Estudo de Impacto Ambiental – EIA e do Relatório de Impactos sobre o Meio Ambiente – Rima, esclarecendo dúvidas e recolhendo críticas e sugestões a respeito. Se ocorrer audiência, abre-se novo prazo para esclarecimentos e complementações decorrentes dos debates e questões levantadas pelo público. A definição da necessidade de audiência pública, no caso concreto, é feita: a) a critério do órgão ambiental; b) por solicitação de entidade civil; c) por solicitação do Ministério Público; ou d) por abaixo-assinado de pelo menos 50 cidadãos. De qualquer forma, o órgão ambiental deve abrir prazo de 45 dias para a solicitação de audiência pública, a partir da data do recebimento do Rima. No caso de haver solicitação na forma regimental e o órgão ambiental negar a realização, a licença prévia concedida será considerada nula. Finalizada a análise, o órgão licenciador emite parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico, decidindo pelo deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade. Conforme entendimento firmado pelo Tribunal de Contas da União no Acórdão 1.869/2006-Plenário-TCU, o órgão ambiental deverá emitir parecer técnico conclusivo que exprima de forma clara suas conclusões e propostas de encaminhamento bem como sua opinião sobre a viabilidade ambiental do empreendimento. Ao expedir a licença prévia, o órgão ambiental estabelecerá as medidas mitigadoras que devem ser contempladas no projeto de implantação. O 71 cumprimento dessas medidas é condição para se solicitar e obter a licença de instalação. Após pagamento e retirada da licença prévia, o empreendedor deve publicar informativo comunicando a concessão no diário oficial da esfera de governo que licenciou e em jornal de grande circulação. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos com significativo impacto ambiental - assim considerado pelo órgão ambiental, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório (EIA/Rima) - , o empreendedor é obrigado a apoiar financeiramente a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral. Para tanto, o órgão licenciador estabelecerá esse montante com base em percentual sobre os custos totais previstos do empreendimento, de acordo com o grau de impacto ambiental. Este percentual será de, no mínimo, 0,5%. 3ª ETAPA - ELABORAÇÃO DO PROJETO BÁSICO De posse da LP, o próximo passo do empreendedor é elaborar o projeto básico do empreendimento (projeto de engenharia). O projeto básico é o conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado para caracterizar a obra, o serviço, o complexo de obras ou o complexo de serviços objeto da licitação. Ele é elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, de forma a assegurar a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento. O projeto deve possibilitar a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução. O adequado tratamento da questão ambiental no projeto básico significa adotar, na sua elaboração, a localização e a solução técnica aprovadas na licença prévia e incluir as medidas mitigadoras e compensatórias definidas como condicionantes na licença prévia no item “identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e equipamentos a incorporar à obra”. A elaboração do projeto básico antes da concessão da licença prévia não deve ser adotada. Ao solicitar essa licença, o empreendedor não tem garantia 72 de que ela será outorgada. Também é possível que, para ser autorizada, o projeto tenha que sofrer modificações em itens como localização e solução técnica. Por isso, não faz sentido gastarem-se recursos com a elaboração de projeto básico que pode não ser autorizado ou possivelmente tenha de ser modificado na sua essência. Recomenda-se assim que ele seja elaborado após a concessão da licença prévia, quando estará atestada a viabilidade ambiental no que concerne à localização e à concepção do empreendimento. Reconhecendo a necessidade da existência de licença prévia anterior ao projeto básico, o TCU proferiu o Acórdão 516/2003-TCUPlenário, qualificando como indício de irregularidade grave, para efeitos de suspensão de repasses de recursos federais, a juízo do Congresso Nacional, a contratação de obras com base em projeto básico elaborado sem a existência de licença ambiental prévia. 4ª ETAPA - LICENÇA DE INSTALAÇÃO A solicitação da licença de instalação deverá ser dirigida ao mesmo órgão ambiental que emitiu a licença prévia. Quando da solicitação da licença de instalação, o empreendedor deve: - comprovar o cumprimento das condicionantes estabelecidas na licença prévia; - apresentar os planos, programas e projetos ambientais detalhados e respectivos cronogramas de implementação; - apresentar o detalhamento das partes dos projetos de engenharia que tenham relação com questões ambientais. Os planos, programas e projetos ambientais detalhados serão objeto de análise técnica no órgão ambiental, com manifestação, se for o caso, de órgãos ambientais de outras esferas de governo. Após essa análise, é elaborado parecer técnico com posicionamento a favor ou contra a concessão da licença de instalação. Concluída a análise, o empreendedor efetua o pagamento do valor cobrado pela licença, recebe-a e publica anúncio de sua concessão no diário oficial da esfera de governo que concedeu a licença e em periódico de grande circulação na região onde se instalará o empreendimento. 73 Durante a vigência da licença de instalação, o empreendedor deve implementar as condicionantes determinadas, com o objetivo de prevenir ou remediar impactos sociais e ambientais que possam ocorrer durante a fase de construção da obra, por meio de medidas que devem ser tomadas antes do início de operação. O cumprimento das condicionantes é indispensável para a solicitaçãoe obtenção da licença de operação. 5ª ETAPA - LICENÇA DE OPERAÇÃO Ao requerer a licença de operação, o empreendedor deve comprovar junto ao mesmo órgão ambiental que concedeu as licenças prévia e de instalação: - a implantação de todos os programas ambientais que deveriam ter sido executados durante a vigência da licença de instalação; - a execução do cronograma físico-financeiro do projeto de compensação ambiental; - o cumprimento de todas as condicionantes estabelecidas quando da concessão da licença de instalação. Caso esteja pendente alguma condicionante da licença prévia, sua implementação também deverá ser comprovada nessa oportunidade. Após requerer a licença de operação, e antes da sua obtenção, o interessado poderá realizar testes pré-operacionais exclusivamente após autorização do órgão ambiental. Com base nos documentos, projetos e estudos solicitados ao empreendedor, em pareceres de outros órgãos ambientais porventura consultados e em vistoria técnica no local do empreendimento, o órgão elabora parecer técnico sobre a possibilidade da concessão da licença de operação. Em caso favorável, o interessado deve efetuar o pagamento da licença e providenciar a publicação de comunicado a respeito do fato no diário oficial da esfera de governo que licenciou e em jornal regional ou local de grande circulação. Concedida a licença de operação, fica o empreendedor obrigado a implementar as medidas de controle ambiental e as demais condicionantes estabelecidas, sob pena de ter a LO suspensa ou cancelada pelo órgão outorgante. Normalmente as condicionantes visam à implementação correta dos 74 programas de monitoramento e acompanhamento ambiental do empreendimento. Também objetivam prevenir riscos à saúde e ao meio ambiente. REGULARIZAÇÃO DE EMPREENDIMENTO NÃO LICENCIADO DEVIDAMENTE Caso as obras se iniciem sem a competente licença de instalação ou as operações comecem antes da licença de operação, o empreendedor incorre em crime ambiental, conforme previsto no art. 60 da Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98). Para permitir a regularização de empreendimentos, foi estabelecido pelo art. 79-A da Lei de Crimes Ambientais (introduzido pela MP 2.163-41, de 23 de agosto de 2001) o instrumento denominado Termo de Compromisso. É importante observar que o Termo de Compromisso não tem por finalidade aceitar o empreendimento irregular. Ao contrário, serve exclusivamente para permitir que as pessoas físicas ou jurídicas responsáveis por empreendimentos irregulares promovam as necessárias correções de suas atividades, mediante o atendimento das exigências impostas pelas autoridades ambientais competentes. No caso de obras já iniciadas, o órgão ambiental, ao considerar o caso particular, levando em conta o cronograma da obra, os impactos ambientais e os necessários programas de controle ambiental, celebrará Termo de Compromisso com o empreendedor. Nesse caso, será emitida a licença de instalação, sem a necessidade de recorrer ao licenciamento prévio. Ao celebrar o Termo, o empreendedor beneficia-se da suspensão da multa porventura aplicada em decorrência da ausência de licenciamento. 75 REFERÊNCIAS BRASIL. CONAMA. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Ministério do Meio Ambiente. Resolução do CONAMA Nº 237/97. BRASIL. CONAMA. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Ministério do Meio Ambiente. Resolução do CONAMA Nº 378/06. Define os empreendimentos potencialmente causadores de impacto ambiental nacional ou regional, para fins do disposto no inciso III do § 1º do art. 19 da Lei 4.771/65, modificada pela Lei 11.284/06. CUNHA, S. B.; Guerra, A. J. T. (org). Avaliação e perícia ambiental. 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