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AULA 2 CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES E COMPETÊNCIAS Profª Ana Carolina Bustamante 2 TEMA 1 – TREINAMENTO: CONCEITO Crédito: Matej Kastelic/Shutterstock. O mundo corporativo vem passando por grandes transformações e, cada vez mais, o treinamento vem sendo considerado como elemento fundamental no processo de desenvolvimento organizacional por ser uma maneira eficaz de aumentar as habilidades e os conhecimentos de seus colaboradores, que são o diferencial da organização. Os programas de treinamento têm por finalidade o alcance dos objetivos estratégicos da organização, ou seja, são uma oportunidade para que os colaboradores obtenham conhecimentos e aprimorem habilidades principalmente no que tange à realização de suas atividades. Sempre existe uma certa confusão quando falamos em treinamento, pois muito se fala em treinamento e desenvolvimento. Mas você sabia que são conceitos diferentes? Treinamento é uma espécie de processo educacional de curso prazo que utiliza procedimentos para as pessoas aprenderem conhecimentos e habilidades principalmente técnicas para um objetivo definido. Já o desenvolvimento também é um processo educacional, porém de longo prazo, que utiliza procedimentos para a aprendizagem de conhecimentos conceituais. Eles se diferem no que será aprendido, como será aprendido, a maneira como e quando ocorre a aprendizagem. De acordo com Boog e Boog (2013), o treinamento começa como uma resposta a uma necessidade ou a uma oportunidade. Os resultados de um treinamento geralmente são satisfatórios e obtidos a curto prazo, por isso há grande aceitação por parte das empresas e dos colaboradores. Já o 3 desenvolvimento é um processo de aprimoramento contínuo, que oferece condições e amparo para a pessoa utilizar suas capacidades e aplicar seus conhecimentos e experiências na prevenção e solução de novas e diferentes situações. Na visão de França (2011), treinamento é a educação profissional que adapta os indivíduos para um cargo ou uma função, e desenvolvimento é o processo de longo prazo utilizado para aperfeiçoar as habilidades a fim de torná- los futuros membros preciosos da organização. Outras diferenças estão listadas no Quadro 1. Quadro 1 — Diferenças entre treinamento e desenvolvimento TREINAMENTO DESENVOLVIMENTO • Visa suprir carências específicas de um funcionário para o desempenho de seu cargo; • Tem função corretiva: o funcionário deveria apresentar determinadas competências hoje, mas não as apresenta; • Tem foco no curto prazo; • Voltado ao cargo; • É específico e pontual. • Visa ao crescimento integral da pessoa, de maneira que ela desenvolva ou aprofunde competências importantes para ela e para a organização; • Tem função preventiva: no futuro, será bom que a pessoa apresente aquelas competências; • Tem foco no médio e no longo prazo; • Voltado à pessoa; • Procura entender a totalidade e é abrangente. Fonte: Elaborado com base em Pequeno, 2012. Podemos verificar que o treinamento e o desenvolvimento são considerados estratégias fundamentais para gerir as pessoas no ambiente organizacional, pois permitem identificar as necessidades e o potencial dos indivíduos. O conhecimento do negócio e das estratégias organizacionais possibilita a correta definição das necessidades de treinamento e desenvolvimento a curto, médio e longo prazos, além do acompanhamento dos indivíduos e de suas evoluções. Apesar de diferentes e complementares, tanto o 4 conceito de treinar quanto o de desenvolver são capazes de promover mudanças, porque passam pelo interesse das pessoas em querer fazer. Nesse cenário de mudanças, exige-se sempre algo a mais das organizações, então podemos dizer que as empresas buscam cada vez mais investir na educação profissional de seus colaboradores, preparando-os adequadamente para desempenhar o exercício de seus cargos da melhor forma possível, assim como aperfeiçoar suas capacidades e aumentar sua motivação. “A ideia de ensinar uma pessoa a fazer algo novo existe desde que o mundo é mundo. Na verdade, é um mecanismo fundamental à sobrevivência da espécie” (Boog; Boog, 2007). Podemos ainda citar que o treinamento nas empresas serve para desenvolver os colaboradores em sua respectiva função. Para Nunes et al. (2018), o treinamento e o desenvolvimento, aliados à função de selecionar os melhores profissionais para a organização, constituem o cerne da área de Recursos Humanos, que deve treinar os funcionários para o cumprimento de suas atividades e, ainda, desenvolver programas que busquem a evolução dos colaboradores para uma função cada vez melhor no futuro. Saiba mais Para adquirir ainda mais conhecimento sobre o assunto, acesse os links disponíveis em: <https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/as-diferenas-entre- treinamento-e-desenvolvimento/>. Acesso em: 6 abr. 2022. Disponível em: <https://aprepro.org.br/conbrepro/2020/anais/arquivos/10302020_171005_5f9c7 1b509cae.pdf>. Acesso em: 6 abr. 2022. É necessário, porém, que as pessoas envolvidas compreendam seu significado e, para tanto, é importante que os programas de treinamento e desenvolvimento sejam construídos de acordo com a realidade e com os objetivos organizacionais. Quanto maior for o alinhamento entre os programas, os objetivos e a estratégia da empresa, maior será a assertividade no levantamento das necessidades a serem desenvolvidas, sempre olhando o presente e o futuro. A elaboração de um projeto de treinamento contempla quatro etapas, segundo Chiavenato (2014), conforme a Figura 1. 5 Figura 1 – Etapas do projeto de treinamento Fonte: Chiavenato, 2014. Para ser efetivo, o treinamento precisa ter seu objetivo e sua finalidade bem definidos. O conteúdo do treinamento deve envolver informações necessárias para desenvolvimento do profissional, buscando aprimorar as relações interpessoais na organização e aumentar a produtividade. TEMA 2 – IDENTIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES Crédito: Graphic farm/Shutterstock Na primeira etapa do projeto, identificam-se as necessidades de treinamento, ou seja, é feito um levantamento das lacunas ou pontos a serem Identificação das necessidades Planejamento e programação Execução Avaliação dos resultados 6 melhorados em determinada área, cargo etc. As necessidades de treinamento são a lacuna entre o que a organização deseja e os aspectos técnicos e operacionais do profissional que demandam conhecimento. Nesse criterioso levantamento das necessidades que fundamentam esse programa, é essencial identificar os objetivos do treinamento, identificando quem deve ser treinado e o que deve ser treinado. A etapa consiste em levantar as informações sobre as necessidades de se realizar o treinamento de forma a preencher essas lacunas e, como consequência, atender às estratégias organizacionais. De acordo com Snell e Bohlander (2009, p. 253), essa primeira etapa pode ser realizada em três dimensões: da empresa, das tarefas e das pessoas, como apresentado na Figura 2. Figura 2 — Dimensões da identificação das necessidades de treinamento Fonte: Snell, Bohlander, 2009, p. 253. Boog e Boog (2007) complementam essa afirmação definindo três fontes para diagnosticar as necessidades do treinamento. A primeira seria a organização, na qual poderiam ser verificados os resultados da pesquisa de clima, para melhorar e entender o contexto organizacional; os relatórios gerenciais e estratégicos; as observações feitas por clientes externos; os relatórios do serviço de atendimento ao cliente, entre outros. A outra fonte é a análise da área de recursos humanos, em que seriam verificados o número de colaboradores; o nível de conhecimento e a qualificação requeridos para o trabalho de cada um deles; tempo de treinamento necessário; índice de absenteísmo, turnovere afastamentos; análise de problemas de pessoal, expansão da empresa e • ambiente, estratégias e recursos para determinar onde enfatizar o treinamento Análise da empresa • das atividades a serem executadas, a fim de determinar as competências exigidas Análise das tarefas • de desempenho, conhecimento e habilidades, a fim de determinar quem precisa de treinamento. Análise das pessoas 7 admissão de novos colaboradores; comportamentos, atitudes e competências; competências necessárias para o alcance dos objetivos organizacionais, entre outros. E como a terceira fonte temos a análise das operações e tarefas, que verificariam metas desejadas; análise dos processos operacionais; definição do CHA — conhecimento, habilidade e atitude — pertinente ao cargo e a fase do processo operacional; programas de qualidade e certificações; equipamentos e materiais disponíveis e a sua utilização; modernização do maquinário e equipamentos, despesas de manutenção; número de acidentes, erros e sucatas, condições físicas do trabalho, entre outros relacionados à área. Essa análise é compartilhada também por Chiavenato (2014), que complementa discorrendo sobre a análise das competências organizacionais, da estrutura dos cargos e do treinamento, sendo verificados os requisitos exigidos para os cargos; a definição das competências necessárias; o diagnóstico das competências existentes e dos objetivos a serem utilizados na avaliação do programa de treinamento. Segundo Pequeno (2012), os principais meios para a realização e a identificação das necessidades de treinamento são: • Mapeamento de competências: a identificação das necessidades atuais e almejadas é primordial para definir as necessidades de treinamento. • Questionários: podem ser aplicados tanto aos superiores quantos aos ocupantes de cada cargo. • Entrevistas: como são mais demoradas que os questionários, na maioria das vezes a organização se aplica às pessoas-chave • Avaliação de desempenho: ferramenta utilizada para levantar em que cada funcionário pode melhorar. • Documento do processo seletivo: revela lacunas na formação ou na experiência do funcionário recém-contratado. • Entrevista de desligamento: ajuda a identificar possíveis problemas no cargo que foi ocupado ou na área à qual o desligado pertencia. • Pesquisa de clima organizacional: identificação de problemas no clima, como o tratamento inadequado de um líder à sua equipe, necessidade de treinamento ao líder. • Análise de cargo: juntamente com o mapeamento de competências, consegue-se visualizar onde estão as “falhas”. 8 • Solicitação de supervisores e gerentes: quando a carência é mais significativa, ocorre a solicitação de treinamento. Knapik (2013) corrobora com esse pensamento, acrescentando que podem ser utilizados os seguintes meios para levantar as necessidades passadas, presentes ou futuras: avaliação de desempenho, observação, discussão em equipes, questionários, reuniões de departamentos, pesquisa e clima organizacional, pesquisa de satisfação de clientes e entrevistas de desligamento. Essa análise fornece uma visão global da organização, apresentando necessidades atuais e também futuras para os responsáveis pela área de treinamento e desenvolvimento definirem o planejamento e a programação do treinamento. TEMA 3 – PLANEJAMENTO E PROGRAMAÇÃO DO TREINAMENTO Crédito: Surasak Chuaymoo/Shutterstock. Realizado o diagnóstico, passa-se a seu desenho, planejamento e programação. A etapa do planejamento consiste em analisar e direcionar as ações de acordo com seu grau de importância e impacto no negócio, organizando, assim, as informações anteriormente levantadas. O que faz parte da elaboração do planejamento? Essa etapa envolve o conteúdo do treinamento, ou seja, o que será ensinado ou desenvolvido, a quem se dirige o treinamento e os métodos de treinamento. Assim, é fundamental definir as estratégias e ferramentas de acordo com a realidade de cada empresa, e não simplesmente adquirir pacotes prontos, pois um tipo de treinamento pode funcionar em uma empresa, mas não em outra. 9 De acordo com Chiavenato (2021), a programação de treinamento é sistematizada e fundamentada de acordo com as informações obtidas no levantamento das necessidades, como veremos na Figura 3. Figura 3 — Principais itens de uma programação de treinamento Fonte: Chiavenato, 2022, p. 56. Quem deve ser treinado Treinandos Quem vai treinar Treinador ou instrutor Em que vai treinar Assunto ou conteúdo do treinamento Onde treinar Local físico, órgão ou entidade Como treinar Métodos de treinamento ou recursos necessários Quando treinar Agenda e horário do treinamento Quanto treinar Volume, duração ou intensidade Para que treinar Objetivo ou resultados desejados 10 Por meio dessa importante etapa, programa de treinamento pode ser executado de forma correta. Vemos, então, que os preparativos são de extrema importância. Em uma festa, por exemplo, você não prepara tudo com antecedência, para que no dia tudo corra tranquilamente, sem nenhum percalço? Nas organizações é a mesma coisa. Depois de planejar tudo, os responsáveis tiram o programa do papel e passam a efetivamente executá-lo. TEMA 4 – EXECUÇÃO DO TREINAMENTO Crédito: Rawpixel.com/Shutterstock Na etapa da execução ou de implementação, é aplicado tudo o que foi planejado depois do diagnóstico. Nesse momento, é necessário garantir que os procedimentos estejam alinhados aos objetivos que foram propostos. Esta etapa vai variar bastante dependo do treinamento que foi planejado. De acordo com Chiavenato (2021), a execução do treinamento depende de uma série de fatores, os quais elencamos no Quadro 1. 11 Quadro 1 — Fatores a serem considerados na execução do treinamento Adequação do programa de treinamento às necessidades da organização e do aprendiz A decisão de estabelecer programas de treinamento depende da necessidade de melhorar o nível dos colaboradores. O treinamento deve ser a solução dos problemas que deram origem às necessidades diagnosticadas, mas deve estar adequado às necessidades tanto da organização quanto dos colaboradores. A qualidade do material de treinamento apresentado O material de ensino visa concretizar a instrução, facilitar a compreensão pela utilização de recursos audiovisuais eficazes, aumentar o rendimento do treinamento e racionalizar a tarefa do instrutor. A cooperação dos gestores e dirigentes da empresa O treinamento deve ser feito com todo o pessoal da empresa, em todos os níveis e funções, em um mutirão de esforços coordenados. Sua manutenção envolve grande esforço e entusiasmo de todos que estejam ligados ao assunto, além de implicar um custo que deve ser encarado como um investimento que capitalizará dividendos no médio e no curto prazo e não uma despesa inativa e sem retorno. A cooperação dos gestores e dirigentes da empresa É necessário contar com a cooperação do pessoal e com o apoio dos dirigentes, pois todos os gestores devem participar da execução do programa. A qualidade e o preparos dos instrutores O sucesso da execução dependerá do interesse, do gabarito e do treinamento dos instrutores. Por isso é a seleção dos instrutores é importante e deve envolver critérios como qualidades pessoais, como facilidade no relacionamento humano, motivação, raciocínio, didática, exposição fácil, além do conhecimento da especialidade. Os instrutores podem ser selecionados entre os vários níveis e áreas da empresa, devem conhecer as responsabilidades da função e estar dispostos a assumi-las. A qualidade dos aprendizes A qualidade dos aprendizes influi nos resultados do programa de treinamento. Os melhores resultados são obtidos com uma seleção adequada dos aprendizes, em função da forma e do conteúdodo programa e dos objetivos do treinamento, para que se tenha um grupo homogêneo de pessoas. Em grupos heterogêneos, o timing de todos poderá ser limitado por um aprendiz mais lento. Fonte: Elaborado com base em Chiavenato, 2021, p. 67. 12 No ponto de vista de Marras (2009, p. 157), “a execução do treinamento consiste na aplicação prática daquilo que foi planejado como também programado para suprir as necessidades de aprendizagem detectadas na organização”. Chiavenato (2014) classifica as tecnologias educacionais que sustentam os programas de treinamento quanto ao uso, ao tempo (época) e ao local, conforme apresenta o Quadro 2. Quadro 2 — Classificação de tecnologias educacionais Quanto ao uso Orientadas para o conteúdo Orientadas para o processo Orientadas para o conteúdo e processo Leitura, instrução programada, instrução assistida por computador Dramatização, treinamento da sensitividade, desenvolvimento de grupos Estudos de caso, jogos de simulações, conferências e várias técnicas on the job Quanto ao tempo Antes do ingresso na empresa Depois do ingresso na empresa Programas de indução e/ou de integração Treinamento no local (em serviço) e fora do local (fora do serviço) Quanto ao local No local de trabalho Fora do local de trabalho Treinamento em tarefas, rodízio de cargos, enriquecimento de cargos Aulas, filmes, painéis, casos, dramatização, debates, simulações, jogos Fonte: Elaborado com base em Chiavenato, 2014, p. 324. Podemos verificar que é nessa etapa que o programa realmente acontece. Ela inclui, entre outras ações, a delegação de responsabilidades e produção de material didático, e o seu resultado é muito importante, pois é por meio desse programa que a empresa conseguirá alcançar seus objetivos. É importante ressaltar que, para alcançar o sucesso no treinamento, conforme descrevem Araújo e Garcia (2009), é necessário alinhamento aos objetivos estratégicos, atendendo à realidade da organização, assim como 13 assegurar a qualidade dos participantes, por meio de seleção criteriosa tanto do treinador como do treinado. Outros fatores cruciais são a qualidade dos recursos didáticos e audiovisuais e a facilidade de comunicação, a qual deve ser acessível a todos para que tenham as informações necessárias para participar do programa. Espera-se, ainda, que haja envolvimento da administração superior, pois sem isso o programa pode cair em descrédito. Esse envolvimento é a afirmação da importância do treinamento para o crescimento das pessoas e da organização. Por fim, é importante que o programa seja flexível, pois em diversos momentos podem ser necessários ajustes e modificações para atender ao contexto, visando à qualidade do programa. TEMA 5 – AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DO TREINAMENTO Crédito: Blue Planet Studio/Shutterstock. Essa etapa final do treinamento é considerada por diversos autores a segunda mais importante, sendo a primeira o planejamento, pois, se tudo o que se planejou e programou estiver correto, a execução transcorre da melhor maneira possível. Então, a avaliação é a forma de identificar se os objetivos foram atingidos e, por esse motivo, o programa de treinamento deve ter uma avaliação de sua eficiência. De acordo com Chiavenato (2021), a avaliação deve verificar dois aspectos: se o treinamento produziu as modificações desejadas no comportamento dos colaboradores e se os resultados do treinamento provocaram algum impacto positivo no alcance dos objetivos e das metas empresariais. 14 Além dessas questões, é necessário também certificar-se de que as técnicas escolhidas para o treinamento foram eficazes para alcançar os objetivos propostos na etapa do planejamento conforme o Quadro 3. Quadro 3 — Indicadores da avaliação do treinamento Avaliação ao nível organizacional •Aumento da eficácia organizacional. •Melhoria da imagem da empresa. •Melhoria do clima organizacional. •Melhor relacionamento entre empresa e colaboradores. •Facilidade nas mudanças e na inovação. •Aumento da eficiência operacional etc. Avaliação ao nível das pessoas •Redução da rotatividade de pessoal. •Redução do absenteísmo. •Aumento da eficiência individual dos colaboradores. •Aumento das habilidades das pessoas. •Aumento do conhecimento das pessoas. •Mudanças de atitudes e de comportamentos das pessoas etc. Avaliação ao nível das tarefas e das operações •Aumento de produtividade. •Melhoria da qualidade dos produtos e dos serviços. •Aumento na velocidade do fluxo da produção. •Melhor atendimento ao cliente. •Redução do índice de acidentes. •Redução do índice de manutenção de máquinas e equipamentos etc. Fonte: Elaborado com base em Chiavenato, 2021, p. 70. 15 De acordo com Pequeno (2012), Donald Kirkpatrick criou, em 1970, um modelo de avaliação de resultados para treinamento que é muito utilizado até hoje, contemplando quatro níveis de avaliação. Posteriormente devido às mudanças ocorridas, o modelo acrescentou mais um nível de avaliação, conforme exposto por Chiavenato (2021). Quadro 4 — Modelo de avaliação de resultados para treinamentos 1. Reação e/ou satisfação Resposta satisfatória pessoal em relação ao programa ou à experiência do treinamento. Realizado muitas vezes por questionário. 2. Conhecimento, aprendizado de novas habilidades Aquisição de novas habilidades e conhecimentos e mudam suas atitudes e comportamentos como resultante do treinamento, melhorando seu desempenho. Pode ser realizado por meio de questionário, como uma prova, sem punição para o colaborador caso ele não acerte, para avaliar o quanto aprendeu com o treinamento. 3. Comportamento, aplicação no trabalho das habilidades aprendidas Aplicam as novas habilidades ao trabalho e adotam novas atitudes que mudam seu comportamento. 4. Impacto nos resultados dos negócios Produção de um impacto direto nos resultados do negócio, reduzindo custos operacionais, aumentando lucros, melhorando a qualidade do trabalho, diminuindo a rotatividade ou acelerando o tempo de ciclo de produção 5. ROI Produção de forte impacto monetário nos negócios da empresa. O treinamento traz um retorno financeiro à empresa, se positivo o treinamento 16 trouxe lucro, se negativo provoca prejuízo. Fonte: Elaborado com base em Pequeno, 2012; Chiavenato, 2021. Sabemos que nem todas as empresas conseguem avaliar os cinco níveis, mas ainda assim é fundamental realizar essa avaliação nos níveis em que isso é possível. O resultado do programa executado e da avaliação gera inúmeras ações a serem realizadas. Boog e Boog (2007) apresentam algumas ações que podem ser tomadas baseando-se nos resultados obtidos pela avaliação. Resultados: • aumento da produtividade; • melhoria da qualidade; • otimização nos processos e nas atividades; • redução de custos; • redução no número de acidentes e da rotatividade; • melhoria de clima e motivação; • modificação de atitudes e comportamentos; • elevação do saber. Ações: • ações de incentivo e motivação, como implementação de plano de participação de resultados, formação de multiplicadores de treinamento, reconhecimento de mérito por desempenho, implantação de central de atendimento ao cliente, novos treinamentos e ações de conscientização; • analisar outros aspectos que influenciaram para o não atingimento dos resultados (melhoria dos processos, mudança do gestor, retirada de um produto da linha); • ao observar que não houve retorno, identificar a necessidade de novo treinamento, desligar o colaborador, identificar os aspectos que levaram ao não atingimento (desmotivação, conflitos no ambiente de trabalho, acomodação). Diante do exposto, podemos verificar que o treinamento é uma poderosa ferramenta de transformaçãono mundo organizacional, que deve contribuir para a conquista dos resultados da empresa e dos indivíduos que nela trabalham. Esse 17 papel de importância se dá pela atenção dada à correlação entre a competência e a otimização dos resultados, que coloca a competência profissional como elemento-chave da sobrevivência da empresa nesse ambiente mutável e competitivo. Afinal, pessoas preparadas produzem melhor e se sentem mais autoconfiantes e motivadas, pois o treinamento envolve transmissão de conhecimentos específicos relacionados ao trabalho, atitudes frente a aspectos da organização, desenvolvendo habilidades. Saiba mais Vídeo: Entendendo a importância do treinamento e desenvolvimento, disponível em: <https://youtu.be/0p2vw6V7m3E>. Acesso em: 6 abr. 2022. Leitura: Estratégia Organizacional: utilizando a política de treinamento e desenvolvimento como vantagem competitiva. Disponível em: <https://goo.gl/Xsxh3s>. Acesso em: 6 abr. 2022. Treinamento e Desenvolvimento Organizacional, uma ferramenta nas empresas atuais. Disponível em: <https://goo.gl/xvfSRf>. Acesso em: 6 abr. 2022. 18 REFERÊNCIAS ARAÚJO, L. C. G. de; GARCIA, A. A. Gestão de pessoas: estratégias e integração organizacional. São Paulo: Atlas, 2009. BOOG, G.; BOOG, M. Manual de treinamento e desenvolvimento: gestão e estratégias. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2007. BOOG, G.; BOOG, M. Manual de treinamento e desenvolvimento: gestão e estratégias. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Manole, 2014. CHIAVENATO, I. Fundamentos de Administração: os pilares da gestão no planejamento, organização, direção e controle das organizações para incrementar competitividade e sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2021. FRANÇA, A. C. L. Práticas de recursos humanos – PRH: conceitos, ferramentas e procedimentos. São Paulo: Atlas, 2011. KNAPIK, Janete. Gestão de pessoas e talentos. Curitiba: InterSaberes, 2013. MARRAS, J. P. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. 13 ed. São Paulo: Futura, 2009 NUNES, E; OLIVEIRA, N. C. B; DETOMI, B; VILAS BOAS, A. A; MARTINS, M. S. A. Práticas de Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas em Prestadoras de Serviços e Comércio. Rev. FSA, Teresina, v.15, n. 3, art. 12, p. 234-252, mai./jun. 2018. PEQUENO, A. Administração de recursos humanos. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. SNELL, S. A.; Bohlander, G. Administração de Recursos Humanos. São Paulo: Cengage Learning, 2009.
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