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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
SAÚDE DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE
Meu nome é Laís Fumincelli, sou enfermeira graduada pela 
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade 
de São Paulo (EERP-USP) e doutora pelo Programa de 
Enfermagem Fundamental da EERP-USP. Atuei como 
enfermeira no Hospital Escola Municipal – Prof. Dr. Horácio 
Carlos Panepucci (Enfermaria e Pronto Atendimento 
Pediátrico) e no Hospital das Clínicas da Faculdade de 
Medicina de Ribeirão Preto – USP (Enfermaria Pediátrica 
e CTI Pediátrico). 
Claretiano – Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
claretiano.edu.br/batatais
Laís Fumincelli
Batatais
Claretiano
2019
SAÚDE DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE
© Ação Educacional Claretiana, 2018 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma 
e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o 
arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação 
Educacional Claretiana.
CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera 
• Cátia Aparecida Ribeiro • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins 
• Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • 
Patrícia Alves Veronez Montera • Simone Rodrigues de Oliveira
Revisão: Eduardo Henrique Marinheiro • Filipi Andrade de Deus Silveira • Rafael Antonio 
Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni • Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia 
Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires 
Botta Murakami
Videoaula: André Luís Menari Pereira • Bruna Giovanaz Bulgarelli • Gustavo Fonseca • Luis 
Gustavo Millan • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso
Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
 610.7362 F976s 
 Fumincelli, Laís 
 Saúde da criança e do adolescente / Laís Fumincelli – Batatais, SP: Claretiano, 2019. 
 106 p. 
 ISBN: 978-65-88553-04-6 
1. Saúde da criança. 2. Saúde do adolescente. 3. Enfermagem. 4. Atenção Primária à Saúde.
I. Saúde da criança e do adolescente.
 CDD 610.7362 
INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Saúde da Criança e do adolescente 
Versão: ago./2019
Formato: 15x21 cm
Páginas: 106 páginas
SUMÁRIO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ........................................................................... 12
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ............................................................... 17
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 18
5. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 18
UNIDADE 1 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: 
PERSPECTIVAS HISTÓRICAS-SOCIAIS 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 21
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 22
2.1. CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL DA ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA E 
DO ADOLESCENTE .................................................................................... 22
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 28
3.1. VIGILÂNCIA EM SAÚDE NA ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA: 
ATENÇÃO À PRIMEIRÍSSIMA INFÂNCIA ................................................ 
29
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 34
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 35
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 36
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 37
UNIDADE 2 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: 
PERSPECTIVAS DE SAÚDE E ÉTICO-LEGAIS
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 41
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 41
2.1. POLÍTICAS PÚBLICAS E OS PROGRAMAS DE SAÚDE DIRECIONADOS 
PARA A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE .................................................. 41
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 53
3.1. ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS NO CUIDADO À CRIANÇA, AO 
ADOLESCENTE E À FAMÍLIA .................................................................... 53
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 60
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 61
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 61
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 63
UNIDADE 3 – DIMENSIONALIDADES DO CUIDAR NO CENÁRIO 
ESCOLAR DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 67
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 67
2.1. PROMOÇÃO DA SAÚDE DA CRIANÇA E A ESCOLA ................................ 68
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 76
3.1. EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO CUIDADO DE ENFERMAGEM À 
CRIANÇA E AO ADOLESCENTE NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA.. 76
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 82
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 84
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 84
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 86
UNIDADE 4 – DIMENSIONALIDADES DO CUIDAR NOS CENÁRIOS 
DE ATENDIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: 
CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 89
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 89
2.1. CONSULTA DE ENFERMAGEM E VISITA DOMICILIAR À 
CRIANÇA E AO ADOLESCENTE NO CONTEXTO FAMILIAR ..................... 89
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 97
3.1. UTILIZAÇÃO DO RACIOCÍNIO CLÍNICO PARA O 
ESTABELECIMENTO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM ........................ 97
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 102
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 103
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 103
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 105
7
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Conteúdo 
A disciplina Saúde da Criança e do Adolescente trata das políticas nacionais de 
assistência à criança e ao adolescente dentro do contextodo Sistema Único de 
Saúde (SUS), incluindo os indicadores epidemiológicos de morbimortalidade 
na infância e adolescência, bem como direitos da criança e do adolescente 
na sociedade brasileira, enfocando o estatuto da criança e do adolescente. 
Estuda o crescimento e desenvolvimento, priorizando a alimentação, imuni-
zação recomendada pelo Ministério da Saúde e as medidas de proteção na 
infância e na adolescência. Engloba a assistência integral à saúde da criança 
e do adolescente, doenças prevalentes na infância e a atuação do enfermeiro 
na atenção básica.
Bibliografia Básica
HOCKENBERRY, M. J.; WILSON, D. (Ed.). Wong: fundamentos de enfermagem 
pediátrica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. 1142p.
LOPEZ, F. A. L.; CAMPOS Jr, D. (Org.). Tratado de pediatria. 2. ed. Barueri: Manole, 
2010. v.1 e v.2.
SCHMITZ, E. M. R. Enfermagem em pediatria e puericultura. São Paulo: Atheneu, 2005.
Bibliografia Complementar
BORGES, A. L. V.; FUJIMORI, E. Enfermagem e a saúde do adolescente na atenção 
básica. Barueri: Manole, 2009. 580p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de 
Atenção Básica. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento / Ministério da 
Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília: 
Ministério da Saúde, 2012. (Cadernos de Atenção Básica, nº 33). Disponível em: 
8 © SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
<http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/caderno_33.pdf>. 
Acesso em: 4 abr. 2019. 
ELSEN, I.; SOUZA, A. J.; MARCON, S. S. Enfermagem à família: dimensões e perspectiva. 
Maringá: Eduem, 2011.
FUJIMORI, E.; OHARA. C. V. S. Enfermagem e a saúde da criança na atenção básica. 
Barueri: Manole. 2009. 548p.
É importante saber
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá 
ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias 
à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos, 
os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento 
ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de 
saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente se-
lecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados 
em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é 
imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos, 
não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitu-
ra de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade 
e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigató-
rios, para efeito de avaliação.
9© SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)!
Vamos iniciar nosso estudo sobre Saúde da Criança e do 
Adolescente, por meio do qual você obterá as informações e 
realizará tarefas importantes e precisas para o embasamento 
teórico da sua futura profissão e para as atividades práticas aqui 
propostas. 
Nesse sentido, elaboramos conteúdos que possam pro-
porcionar conhecimento capaz de viabilizar um subsídio para a 
prática profissional do enfermeiro, em especial, no ambiente da 
atenção primária à saúde, assim como na estratégia de saúde da 
família, escolas, creches, domicílios e comunidade. No decorrer 
das unidades, espera-se que os estudos desenvolvam o funda-
mento para o raciocínio clínico do enfermeiro, o qual é essen-
cial para um cuidado seguro e eficaz à criança, ao adolescente, à 
família e à comunidade.
O raciocínio clínico e a destreza mental do enfermeiro em 
benefício do ser humano devem estar presentes em todas as 
etapas do processo de enfermagem como um pensar lógico que 
norteia a conduta profissional. 
As etapas são compostas pela investigação, diagnóstico de 
enfermagem, planejamento, implementação e avaliação. Para 
isso, o enfermeiro deve reconhecer pistas sobre a situação que 
está investigando (conceber a ideia); conseguir diferenciar uma 
situação de outra similar ou parecida (elaborar o seu juízo); e 
concluir o seu pensamento a partir de dois ou mais juízos relacio-
nados, previamente conhecidos (raciocínio). 
É responsabilidade do enfermeiro interpretar as respos-
tas humanas de modo preciso para selecionar as intervenções 
10 © SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
apropriadas e avaliar o resultado alcançado. Nesse contexto, ao 
realizar um julgamento, o enfermeiro utiliza o seu pensamento 
crítico. Este já envolve um conjunto de habilidades aprendidas 
e atitudes necessárias para o desenvolvimento do raciocínio 
clínico. 
O desenvolvimento dessas habilidades é fundamental para 
o enfermeiro construir o seu raciocínio clínico. Desse modo, este 
é compreendido como o processo de pensamento e tomada 
de decisão integrado na prática clínica para o atendimento aos 
usuários dos sistemas de saúde.
No Brasil, a saúde infantil apresenta um perfil intimamente 
relacionado às condições básicas de vida, como renda familiar, 
moradia, educação, saneamento básico, condições ambientais, 
lazer, transporte, entre outras. 
É importante ressaltar que o Estatuto da Criança e Adoles-
cente (ECA) estabelece "criança" na faixa etária de zero a 12 anos 
incompletos, enquanto que “adolescente” compreende de 12 a 
18 anos completos. 
Atualmente, a Política Nacional de Atenção Integral à 
Saúde da Criança (PNAISC), Portaria nº 1130/2015, considera a 
criança na faixa etária de zero a nove anos e primeira infância 
de zero a cinco anos. Neste estudo, vamos considerar os está-
gios de crescimento e desenvolvimento para recém-nascido (do 
nascimento a 30 dias de vida), lactente (de 30 dias a um ano de 
idade), infante/toddler (1 a 3 anos), pré-escolar (3 a 5 anos), es-
colar (6 a 12 anos) e adolescência (12 a 18 anos).
A infância é marcada por etapas com diversas mudanças 
físicas, emocionais relacionais, cognitivas e espirituais. Trata-se 
de um processo dinâmico que abrange diversas dimensões in-
11© SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
ter-relacionadas. Nesse sentido, para promover a vida e a saúde 
da criança é indispensável compreender as peculiaridades dela, 
assim como identificar e oferecer condições socioambientais fa-
voráveis ao seu crescimento e desenvolvimento. Por essa razão, 
o conhecimento sobre o crescimento e desenvolvimento infantil 
é essencial para todos os profissionais da saúde que lidam com 
crianças. 
Em relação à atenção primária à saúde da criança e do ad-
olescente, as ações do enfermeiro abrangem o monitoramento 
do crescimento e desenvolvimento infanto-juvenil e dos agravos 
mais prevalentes, como o modo de cuidar da saúde. Nesse sen-
tido, a enfermagem desempenha um papel essencial no cuidado 
primário à saúde junto às famílias e comunidades na perspectiva 
da integralidade, humanização, equidade, cidadania e interseto-
rialidade. A equipe de saúde na atenção básica deve ampliar sua 
atuação principalmente na dimensão relacional, intersubjetiva e 
de reconstrução das práticas, de forma a recompor a saúde da cri-
ança e do adolescente no contexto da família e da comunidade.
Dessa forma, o cuidado e a comunicação são ressaltados 
como aspectos centrais e instrumentos transformadores na 
construção de novos modos de cuidar em saúde, visando à pro-
moção de saúde e prevenção de riscos e situações vulneráveis de 
uma população. Na atenção à saúde da criança e do adolescente, 
é fundamental conhecer a cultura, os valores e necessidades das 
famílias e conversar sobre eles, que são elementos da mudança 
paradigmática para um olhar prático, um modo de lidar com a 
sabedoria prática das singularidades e particularidades da infân-
cia e adolescência. 
Dessa forma, apreender saúde da criança e do adolescente 
no contexto da atençãoprimária à saúde tem como desafios: 
12 © SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
ampliação do acesso da população aos serviços de saúde; 
intervenção nos determinantes e condicionantes do processo 
saúde-doença e cuidado; vínculo e parceria com as famílias, 
comunidades e demais setores, como escolas; e mudanças no 
modelo assistencial com abordagem integral à saúde.
Portanto, na Unidade 1, estudaremos saúde da criança e 
adolescente sob as perspectivas históricas, sociais e de saúde. 
Desse modo, podemos prosseguir na discussão e estudos 
sobre os aspectos relacionados ao contexto histórico-social 
(pregresso e contemporâneo) da atenção à saúde da criança, 
do adolescente e família e políticas públicas e os programas de 
saúde direcionados à saúde da criança e do adolescente.
Nesse sentido, inserimos a próxima unidade de estudo 
com pontos específicos da dimensão do cuidado em saúde 
e assistência de enfermagem infanto-juvenil no contexto da 
atenção primária em saúde. Ressaltamos que a assistência à 
saúde da criança e do adolescente ainda está em processo de 
construção, juntamente com a assistência à saúde em geral, do 
modelo centrado na patologia e na criança para um modelo de 
construção de redes e inclusão da família no cuidado integral.
Vamos iniciar este desafio? Convidamos você a percorrer as 
unidades de estudo, sem esquecer da grande responsabilidade 
que terá de agora em diante em trabalhar os cuidados 
relacionados à saúde da criança e do adolescente.
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS 
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida 
e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom 
13© SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de 
conhecimento dos temas tratados.
1) Adolescente: pessoa com 13 a 18 anos de idade.
2) Atenção primária à saúde: assistência sanitária es-
sencial baseada em métodos e tecnologias práticas, 
cientificamente fundados e socialmente aceitáveis, 
postos ao alcance de todos os indivíduos e famílias da 
comunidade mediante a sua plena participação e a um 
custo que a comunidade e o país possam suportar, em 
todas e cada etapa do seu desenvolvimento, com um 
espírito de autorresponsabilidade e autodeterminação 
(DECLARAÇÃO DE ALMA-ATA – ORGANIZAÇÃO PAN-
-AMERICANA DA SAÚDE, 2003). 
3) Avaliação de enfermagem: a avaliação envolve o exa-
me de todas as outras etapas do processo de enfer-
magem. A avaliação crítica é a chave para a excelência 
na enfermagem, ou seja, uma avaliação cuidadosa, 
deliberada, dos vários aspectos para o paciente com 
alcance de um plano de cuidado individualizado, qua-
lificado e eficaz.
4) Coleta de dados: é um processo permanente, inicia-se 
na admissão do paciente e continua até a alta. Primei-
ramente, coletam-se as informações sobre o estado 
de saúde do paciente por meio das pessoas significa-
tivas (familiares, profissionais de saúde, entre outros), 
registros clínicos anteriores, entrevista e exame físico. 
Após, identificam-se os dados significativos, e as par-
tes relacionadas das informações obtidas são agrupa-
das para ajudar a identificar e decidir como estabele-
cer as prioridades conforme as necessidades básicas 
do indivíduo.
14 © SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
5) Crescimento infantil: consiste no aumento de massa 
corporal e nas modificações quantitativas decorren-
tes de hipertrofia e hiperplasia celular, podendo ser 
mensurável.
6) Criança: pessoa de 6 a 12 anos de idade. Um indivíduo 
de 2 até 5 anos de idade é pré-escolar. 
7) Cuidado centrado na família: reconhece a família 
como uma constante na vida da criança, que os profis-
sionais de saúde devem apoiar, respeitar, encorajar e 
potencializar a sua força e competência, desenvolven-
do uma parceria com os pais.
8) Desenvolvimento infantil: processo de aquisição de 
novas funções, que levam a modificações qualitativas, 
graduais e expansão nas atividades do indivíduo.
9) Diagnósticos de enfermagem: são identificadas as 
necessidades básicas afetadas e o grau de dependên-
cia do paciente em relação à enfermagem para o seu 
atendimento.
10) Educação em saúde: a educação em saúde objetiva 
desenvolver nas pessoas um sentido de responsabi-
lidade como indivíduo, membro de uma família e de 
uma comunidade, para com a saúde, tanto individual 
como coletivamente.
11) Família: grupo social que consiste de pais, ou pais 
substitutos, e crianças.
12) Implementação de enfermagem: a prescrição de en-
fermagem posta em ação é a fase de implementação, 
ou seja, colocar o plano de cuidados em prática e 
avaliar.
15© SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
13) Pediatria: especialidade médica voltada para a manu-
tenção da saúde e para a oferta de cuidados médicos 
às crianças desde o nascimento até a adolescência.
14) Planejamento de enfermagem: trata-se de atender às 
prioridades urgentes, esclarecer as metas e os resulta-
dos esperados, decidir sobre os problemas que devem 
ser registrados, determinar as intervenções de enfer-
magem individualizada e garantir que o plano seja ade-
quadamente registrado.
15) Política pública: curso ou método de ação escolhido 
geralmente por um governo entre várias alternativas 
para guiar ou determinar decisões presentes e futuras. 
16) Política demográfica: decisões e ações do poder públi-
co com o objetivo de nortear ou determinar resoluções 
presentes ou futuras que influenciam nas variáveis de-
mográficas (Adaptação do original: POPLINE, 2002).
17) Promoção da saúde: é o processo de capacitação do 
indivíduo em melhorar e controlar sua saúde. Para al-
cançar o estado de completo bem-estar físico, mental 
e social, um indivíduo ou grupo deve ser capaz de iden-
tificar aspirações, satisfazer necessidades e mudar ou 
lidar com seu ambiente. Saúde é vista, portanto, como 
um meio de vida e não um objetivo. Política de promo-
ção de saúde envolve abordagens diversas, mas com-
plementares, levando em conta as diferenças sociais, 
culturais e econômicas de cada país (OTTAWA CHAR-
TER, 1986).
18) Segurança do paciente: a redução, a um mínimo acei-
tável, do risco de um dano desnecessário associado ao 
cuidado de saúde.
16 © SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
19) Serviços de Saúde da Criança: serviços organizados 
para proporcionar assistência integral à saúde da crian-
ça, abrangendo seus aspectos físico, psíquico e social.
20) Serviços de Saúde Escolar: serviços preventivos de 
saúde prestados a escolares, exclui estudantes univer-
sitários de escolas superiores. 
21) School Health: ações voltadas à comunidade escolar 
para concretização das propostas de promoção da 
saúde. O período escolar é fundamental para se tra-
balhar saúde na perspectiva de sua promoção, desen-
volvendo ações para a prevenção de doenças e para 
o fortalecimento dos fatores de proteção (MINISTÉRIO 
DA SAÚDE DO BRASIL. SECRETARIA DE POLÍTICAS DE 
SAÚDE, 2002). 
22) Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE): 
é uma atividade privativa do enfermeiro, que, através 
de um método e estratégia de trabalho científico, rea-
liza a identificação das situações de saúde/doença, 
subsidiando a prescrição e implementação das ações 
de Assistência de Enfermagem, que possam contribuir 
para a promoção, prevenção, recuperação e reabili-
tação em saúde do indivíduo, família e comunidade. 
A SAE requer do enfermeiro interesse em conhecer o 
paciente como indivíduo, utilizando, para isso, seus co-
nhecimentos e habilidades, além de orientação e trei-
namento da equipe de enfermagem para a implemen-
tação das ações sistematizadas. 
23) Vigilância: precaução, cuidado, prevenção. Atividade 
técnica de controle e medição de parâmetros defini-
dos como indicadores de um risco específico ou de um 
desastre (Material III – Ministério da Ação Social, Bra-
sília, 1992).
17© SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
24) Visita domiciliar: visita feita por profissionaisa um pa-
ciente no domicílio deste com o propósito de realizar 
um diagnóstico ou tratamento.
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE
O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos 
conceitos mais importantes deste estudo. 
Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Saúde da Criança e do Adolescente. 
18 © SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAUJO, J. P. et al. História da saúde da criança: conquistas, políticas e perspectivas. 
Revista brasileira de enfermagem, Brasília , v. 67, n. 6, p. 1000-1007, Dez. 2014 .
ÁRIES, P. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de 
Atenção Básica. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento / Ministério da 
Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica – Brasília: 
Ministério da Saúde, 2012. 272 p.: il. (Cadernos de Atenção Básica, nº 33)
HOCKENBERRY, J.; WILSON, D. (Ed.). Wong: fundamentos de enfermagem pediátrica. 
8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 
5. E-REFERÊNCIAS
FIGUEIREDO, G. L. A.; MELLO D. F. Atenção à saúde da criança no Brasil: aspectos da 
vulnerabilidade programática e dos direitos humanos. Rev. Latino-Am. Enfermagem, 
v. 15, n. 6, p. 1171-1176, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692007000600018&lng=en>. Acesso em: 4 abr. 
2019. 
FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA (UNICEF). ECA 25 anos. Avanços e 
desafios para a infância e a adolescência no Brasil, 2015. Disponível em: <https://
www.unicef.org/brazil/pt/ECA25anosUNICEF.pdf>. Acesso em: 19 set. 2017. 
19
UNIDADE 1
SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: 
PERSPECTIVAS HISTÓRICAS-SOCIAIS 
Objetivos 
• Compreender e refletir sobre a transformação do perfil epidemiológico da 
saúde da criança e do adolescente conforme os principais aspectos geopo-
líticos, socioeconômicos, culturais, incluindo as perspectivas étnico-raciais 
e de gênero.
• Definir o contexto histórico-social da saúde da criança e adolescente no 
Brasil. 
Conteúdo 
• Contexto histórico-social (pregresso e contemporâneo) da atenção à saúde 
da criança, do adolescente e família. 
• Perfil epidemiológico infantil do adolescente no Brasil.
• Integração e aplicação de conhecimentos teóricos no contexto da criança e 
da família na perspectiva da primeiríssima infância.
Orientações para o estudo da unidade
Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:
1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; bus-
que outras informações em referências bibliográficas, apresentadas ao fi-
nal de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamen-
to pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual e 
prática profissional.
2) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteú-
do Digital Integrador. 
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UNIDADE 1 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS HISTÓRICAS-SOCIAIS
1. INTRODUÇÃO
Vamos iniciar nossa primeira unidade de estudo? 
Abordaremos como a atenção à saúde da criança e do ado-
lescente está sofrendo transformações, com diversas influências 
de cada período histórico, mudanças epidemiológicas, dos avan-
ços do conhecimento técnico-científico, de diretrizes públicas e 
sociais, como também do envolvimento de vários agentes e seg-
mentos da sociedade brasileira.
Estudos evidenciam as expressivas transformações dos 
perfis epidemiológicos e demográficos da população geral e in-
fanto-juvenil. Na população brasileira, a proporção de crianças 
e adolescentes vem diminuindo em razão da tendência de en-
velhecimento do país e redução das taxas de fecundidade e a 
mortalidade. Atualmente, o Brasil possui, aproximadamente, 60 
milhões de crianças e adolescentes na faixa etária entre zero e 
19 anos, sendo a região Norte com maior proporção de crianças 
e adolescentes, cerca de 37% de sua população total (BRASIL, 
2012). 
Nesse contexto, as mudanças populacionais refletem na 
assistência à saúde da criança e do adolescente, por exemplo, 
com implementação de políticas e programas nacionais e inter-
nacionais, avanços científicos, maior participação de pais/re-
sponsáveis na assistência à saúde, reconhecimento do trabalho 
interdisciplinar e preocupação significativa com a qualidade de 
vida e direitos humanos de crianças e adolescentes (ARAUJO et 
al., 2014; FIGUEIREDO; MELLO, 2007).
Assim, vamos iniciar nossos estudos sobre o tema, uma vez 
que o conhecimento das transformações dos perfis históricos, 
epidemiológicos e demográficos proporciona aos profissionais 
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UNIDADE 1 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS HISTÓRICAS-SOCIAIS
envolvidos uma melhor compreensão dos diferenciais de saúde 
e de doença de uma população, fundamentais para uma as-
sistência em saúde de qualidade, eficaz, humanizada e segura.
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA
O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão 
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo da assis-
tência integral à Saúde da Criança e do Adolescente. 
2.1. CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL DA ATENÇÃO À SAÚDE DA 
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Sob a perspectiva histórica, as crianças por muitos anos 
foram tratadas da mesma forma que adultos, sem considera-
ções relacionadas aos aspectos essenciais de crescimento e de-
senvolvimento infantil. No século 11, eram tidas como infantes 
(“quietinhos”, do francês), objetos da esfera doméstica, com 
ausência de voz e expressão na sociedade. A infância não era 
considerada pela família e Estado como uma etapa vital do ci-
clo de vida, com singularidades físicas, emocionais relacionais, 
cognitivas e espirituais, ou seja, um processo dinâmico do ser 
humano com diversas dimensões inter-relacionadas (ARAUJO et 
al., 2014). 
Áries (1981, p. 156) afirma que “na sociedade medieval 
a criança a partir do momento em que passava a agir sem so-
licitude de sua mãe, ingressava na sociedade dos adultos e não 
se distinguia mais destes”. As crianças eram como adultos em 
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miniatura, vestidas e incorporadas aos mesmos costumes dos 
adultos. Neste período, não existia o chamado sentimento de 
infância, uma vez que as crianças não tinham um tratamento 
diferenciado, nem um mundo próprio. Já no século 15 se inicia, 
pelos pintores da época, o reconhecimento das particularidades 
infantis apenas por sua beleza e graciosidade, pois ainda não 
eram incluídas em um grupo de atenção específica da sociedade 
(ARAUJO et al., 2014; ÁRIES, 1981). 
No Brasil, o período colonial foi caracterizado pelos altos 
índices de mortalidade infantil. As crianças eram agentes passi-
vos para as famílias, com desumanos castigos físicos, submetidas 
constantemente aos serviços e ordens familiares. Por outro lado, 
muitas eram abandonadas em casas de caridade ou hospitais. 
As precárias condições sanitárias, nutricionais, de vestimenta e 
sociais também colaboraram para a morbimortalidade infantil 
e adoecimento, além das pequenas acomodações, numerosos 
membros de família, péssimas condições de higiene, entre out-
ros fatores (ARAUJO et al., 2014; CARVALHO, 2012). 
No século 17, observa-se a inclusão da criança no espaço 
social. A sociedade começa a considerar a criança como centro 
para as famílias, as quais demonstraram sentimentos de carinho 
e amor ao infante e um olhar diferenciado às mudanças físicas 
e mentais. A concepção de infância efetivou-se somente no sé-
culo 17, com o surgimento do sentimento de infância. Do ponto 
de vista biológico, passam a ser tratadas com particularidades, a 
serem percebidas na sua singularidade por possuírem sentimen-
tos próprios (ARAUJO et al., 2014). 
Conforme Áries (1981), o sentimentoda infância desen-
volve-se paralelamente ao sentimento da família, por meio de 
intimidade e diálogo de modo que a família se volta para a cri-
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UNIDADE 1 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS HISTÓRICAS-SOCIAIS
ança. Neste contexto, a criança surge para ser amada e educada, 
sendo deveres constituídos para a família como base da socie-
dade. Os pais e familiares passaram a se sentir responsáveis pelo 
futuro da criança, por exemplo, com implicação até no planeja-
mento dos nascimentos (FUJIMORI; OHARA, 2009). 
Entretanto, mesmo com o reconhecimento do sentimento 
da infância e o valor do cuidado infantil, a prática do abandono 
continuou aceita por muito tempo pela sociedade. No século 18, 
havia um sistema de rodas denominado “Roda dos Enjeitados” 
ou “Rodas dos Expostos”. Tratavam-se de objetos cilíndricos com 
uma abertura quando rodados que se localizavam em instituições 
de caridade ou hospitais, onde as crianças eram abandonadas e 
mantido o anonimato de quem as deixava. Entre os principais 
motivos de abandono estavam pobreza, nascimento de um filho 
fora do casamento, adoecimento ou morte dos pais, abandono 
dos filhos de escravas mães de leite de famílias da elite, entre 
outros (ARAUJO et al., 2014). 
Até meados do século 19, instituições caritativas, apesar 
de sua forma precária, acolhiam todas as crianças abandonadas, 
oferecendo abrigo e alimentação. Ainda no século 19, a sepa-
ração das crianças dos pais também aconteceu com base nas 
concepções higienistas por colégios internos ou internatos, na 
intenção de proteger e educar as crianças, prevenindo e evitan-
do mortes prematuras. Todavia, as mudanças efetivas nas taxas 
de mortalidade infantil foram possíveis quando a sociedade se 
conscientizou da situação da criança e políticas públicas foram 
implementadas na saúde materno-infantil por meio de ações ed-
ucativas de vigilância e preventivas para a criança e sua família 
(ARAUJO et al., 2014; FUJIMORI; OHARA, 2009). 
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Já no final do século 19, o Brasil recebia as influências 
da transformação mundial que ocorria nesse momento. Nesse 
período, o país passava do regime monárquico para o republi-
cano, o que acarretava significativas mudanças da nova nação. 
Nesse sentido, a infância e a adolescência, ao longo dos anos, 
evidenciaram inúmeras transformações e ocuparam diferentes 
posições na sociedade até serem identificadas como sujeitos de 
direito (ARAUJO et al., 2014).
Nesse momento, a figura do adolescente também foi de-
lineada com precisão por meio de alguns marcos da época como 
no menino, da primeira comunhão até o bacharelado, e na me-
nina, da primeira comunhão ao casamento. Ao longo do século 
19, a adolescência é reconhecida como um "momento crítico" da 
existência humana. É temida como uma fase de riscos em poten-
cial para o próprio indivíduo e para a sociedade como um todo 
(JAGER et al., 2014). 
Em relação ao século 20, este foi um período marcado 
pelas guerras mundiais que assinalaram o desenvolvimento da 
adolescência. Nos períodos anteriores às guerras, a literatura de-
stacava os adolescentes como indisciplinados e preguiçosos; en-
quanto que, durante as guerras e nos anos seguintes, percebeu-
se a importância do trabalho dos adolescentes para a sociedade. 
A concepção da adolescência está fortemente relacionada à de-
mocratização da educação e ao surgimento de leis trabalhistas 
(JAGER et al., 2014; CARVALHO, 2012). 
Tal fato favoreceu o surgimento da instituição escolar. Nes-
sa circunstância, os pais também começaram a preocupar-se 
com a educação das crianças e proporcionar a elas seu mundo 
próprio. A criança e o adolescente começaram a ser reconheci-
dos como indivíduos sociais, inseridos na coletividade, com par-
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UNIDADE 1 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS HISTÓRICAS-SOCIAIS
ticularidades significativas que exigiram transformações sociais, 
econômicas e políticas (ÁRIES, 1981). 
Nesse contexto, na década de 1920, as organizações públi-
cas e privadas iniciam ações principalmente relacionadas ao pro-
cesso de saúde-doença infanto-juvenil, deixando de ser apenas 
atuação de entidades caritativas. Entre 1930 e 1940, iniciaram-se 
os programas de proteção à maternidade, à infância e à adoles-
cência, todos submetidos às propostas do Departamento Nacio-
nal da Criança (DNCr) (ARAUJO et al., 2014; BRASIL, 2012). 
Na década de 1970, foi implantado o Programa Nacional 
de Saúde Materno-Infantil, com objetivo principal de reduzir a 
morbimortalidade entre crianças e puérperas. Já nas décadas 
de 1980 e 1990, ocorreram transformações no âmbito da saúde 
geral, por meio da Constituição Federal de 1988 e as Leis Orgâni-
cas 8.080 e 8.142 de 1990. Tais leis contribuíram profundamente 
para delinear, em 13 de julho de 1990, a Lei n° 8.069, que dispõe 
sobre o ECA, a partir do qual passaram a adquirir amplos direi-
tos de proteção de integridade física e psicológica, lazer e bem-
estar, devendo ser amparados pela família, comunidade e Estado 
(BRASIL, 2012; 1990).
Nesse sentido, a criança e o adolescente são considerados 
seres competentes na sociedade, têm suas necessidades e seu 
modo de pensar e agir. Ressalta-se que as representações de in-
fância e adolescência variam conforme a cultura familiar em que 
estão inseridos, a classe social, a questão de gênero, etnia, grupo 
etário, na sociedade em geral (FUJIMORI; OHARA, 2009).
No Brasil, conforme dados do Censo Demográfico de 2010, 
a taxa de mortalidade infantil diminui muito nas últimas déca-
das devido à diminuição da pobreza, aumento do acesso à es-
cola, ampliação da cobertura da Estratégia Saúde da Família, 
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UNIDADE 1 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS HISTÓRICAS-SOCIAIS
entre outros fatores. A queda na mortalidade infantil no país 
demonstra melhorias nos indicadores relacionados a crianças 
e adolescentes, como no Índice de Desenvolvimento Humano 
(IDH) brasileiro, o que evidencia a importância do investimento 
na infância para a melhoria das condições de vida do país como 
um todo. Entretanto, a meta de garantir a toda criança brasilei-
ra o direito à vida e à saúde ainda não foi alcançada, uma vez 
que persistem as desigualdades regionais e sociais no país. Para 
superar tal realidade, é necessário, sobretudo, adotar políticas 
públicas capazes de combater as desigualdades geográficas, so-
ciais e étnicas brasileiras (BRASIL, 2012).
 Em 2015, os países-membros das Nações Unidas adota-
ram o documento “Transformando nosso mundo: a Agenda 2030 
para o Desenvolvimento Sustentável”, contendo 17 objetivos e 
169 metas que almejam erradicar a pobreza, reduzir as desigual-
dades e os impactos das mudanças climáticas e promover a 
justiça e a paz e segurança de todos (OMS, 2015). 
Nesse sentido, o monitoramento e o cumprimento dessa 
agenda pelos países-membros, como o Brasil, têm o potencial de 
impactar positivamente a qualidade de vida, bem-estar, cidada-
nia e segurança das crianças e adolescentes. 
É de extrema importância que os profissionais de saúde, 
como o enfermeiro, busquem articular o conhecimento das per-
spectivas histórico-social infanto-juvenil, as diretrizes de políti-
cas públicas e as práticas de saúde, procurando ampliá-las por 
meio de pesquisas e discussões em equipe e instituições que 
possibilitem a reorganização das práticas de saúde e promovam 
a saúde e qualidade de vida de crianças e famílias para respeitar, 
proteger e efetivar os direitos humanos.
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UNIDADE 1 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS HISTÓRICAS-SOCIAIS
Portanto, nas concepções atuais, crianças e adolescentes 
são considerados como seres histórico-sociais, condicionados 
por diversos aspectos, como sociais, econômicos, culturais, es-
pirituais e político. Na próximaseção, vamos discutir as políticas 
públicas e os programas de saúde direcionados à criança e ao 
adolescente.
Com as leituras propostas no Tópico 3.1., você vai apren-
der sobre a vigilância em saúde na atenção à saúde da criança 
e do adolescente. Antes de prosseguir para o próximo assunto, 
realize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo 
estudado.
Lembre-se que, antes de realizar as questões autoavalitivas 
propostas no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no 
Tópico 3. 1. para compreender sobre a Vigilância em saúde na 
atenção à saúde da criança brasileira. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento 
de Atenção Básica. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento / 
Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de 
Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 272 p.: il. – (Cadernos 
de Atenção Básica, nº 33).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR
O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição 
necessária e indispensável para você compreender integralmente 
os conteúdos apresentados nesta unidade.
29© SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
UNIDADE 1 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS HISTÓRICAS-SOCIAIS
3.1. VIGILÂNCIA EM SAÚDE NA ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIAN-
ÇA: ATENÇÃO À PRIMEIRÍSSIMA INFÂNCIA 
No Brasil, a vigilância em saúde está intrinsicamente re-
lacionada às práticas de atenção e promoção da saúde dos ci-
dadãos e aos mecanismos adotados para prevenção de doenças 
e promoção da saúde. Integra diversas áreas do conhecimento e 
aborda diferentes temas, tais como política e planejamento, ter-
ritorialização, epidemiologia, processo saúde-doença, condições 
de vida e situação de saúde das populações, ambiente e saúde e 
processo de trabalho. 
A proposta da vigilância em saúde foi primeiramente refer-
ida no país no início da década de 1990, durante o processo de 
construção e implementação do Sistema Único de Saúde (SUS). 
Trata-se de um instrumento de transformação dos determinantes 
e condicionantes de saúde e doença em uma determinada base 
territorial e requer ações de intersetorialidade, participação da 
população e promoção à saúde (FUJIMORI; OHARA, 2009).
A vigilância em saúde está baseada em sistemas geográfi-
cos de informação, por meio da análise da microlocalização de 
problemas, visando ao planejamento local. Tem como objeto 
os modos de vida dos diferentes grupos sociais que habitam 
determinado território e as diversas expressões do processo 
saúde-doença e do trabalho com grupos prioritários. Dentre os 
grupos prioritários está a infância, marcada por etapas com mu-
danças físicas, emocionais, relacionais, cognitivas e espirituais. 
Desse modo, é essencial realizar o monitoramento dos efetivos 
dos agravos e riscos, como também da adesão aos cuidados de 
saúde e as estratégias essenciais de intervenção (BRASIL, 2012; 
FUJIMORI; OHARA, 2009).
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UNIDADE 1 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS HISTÓRICAS-SOCIAIS
Atualmente, com a evolução dos exames e estudos da 
neurociência, comprovou-se que os primeiros anos de vida são 
extremamente relevantes ao desenvolvimento do ser humano. 
Este período compreende uma fase da vida marcada pela com-
plexa inter-relação entre genes e ambiente e intensa interação 
entre sistema cerebral e os sistemas biológicos de vida, estabel-
ecendo as bases para as habilidades e competências físicas, cog-
nitivas, socioemocionais e linguísticas. 
Conforme relatório da UNICEF (2006), nos primeiros anos 
de vida, o cérebro necessita de mais estímulos para criar ou for-
talecer estruturas mentais, cognitivas e emocionais, uma vez 
que, até os seis anos, se formam 90% das sinapses cerebrais. As 
experiências sociais e ambientais influenciam as vias neurobi-
ológicas e afetam a saúde, a aprendizagem e o comportamento 
ao longo da vida. Desta forma, os estudos têm demonstrado que 
as interações sociais estão envolvidas no desenvolvimento cere-
bral nos primeiros anos de vida, assim como a nutrição, higiene, 
imunização e os cuidados físicos (SCHNEIDER; FRUTUOSO; CATA-
NELI, 2015). 
Para tanto, em 2016, a série Early Childhood Develop-
ment Series destacou o desenvolvimento da primeira infância 
nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de 2030. Esta 
série considera novas evidências científicas para intervenções e 
propõe caminhos para a implementação do desenvolvimento da 
primeira infância em escala. A série também enfatiza “cuidados 
nutricionais”, especialmente das crianças menores de três anos, 
e intervenções multissetoriais que começam com a saúde, que 
podem ter amplo alcance para famílias e crianças pequenas por 
meio da saúde e nutrição (THE LANCET, 2016).
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UNIDADE 1 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS HISTÓRICAS-SOCIAIS
A atuação da família na primeiríssima infância pode pro-
mover também o desenvolvimento infantil. A identificação e a 
aproximação da família como fontes de sustento emocional, ma-
terial, de serviços e de informações facilitam a superação de de-
safios e a construção de ações que estimulem o desenvolvimen-
to infantil. O apoio dos profissionais às famílias nesse período é 
proporcionar o foco em suas ações, ajudando-as a reconhecer as 
funções maternas e paternas e redes de apoio. Trata-se de am-
pliar a prática, acrescentando o cuidado com a qualidade das in-
terações e dos vínculos entre os pais/responsáveis, filhos, família 
e comunidade (SCHNEIDER; FRUTUOSO; CATANELI, 2015).
Em relação à Política Nacional de Atenção Integral à Saúde 
da Criança – PNAISC, seu objetivo também enfatiza atenção 
especial à primeira infância. Em consonância com o documen-
to, considera-se a criança na faixa etária de zero a nove anos; 
e primeira infância, de zero a cinco anos. Estudos destacam a 
primeiríssima infância entre o período do nascimento e os três 
anos. Assim, dentre os sete eixos estratégicos, destacam-se, para 
a primeiríssima e primeira infância (BRASIL, 2015): 
1) Atenção humanizada e qualificada à gestação, ao par-
to, ao nascimento e ao recém-nascido: consiste na me-
lhoria do acesso, cobertura, qualidade e humanização 
da atenção obstétrica e neonatal, integrando as ações 
do pré-natal;
2) Aleitamento materno e alimentação complementar 
saudável: estratégia ancorada na promoção, proteção 
e apoio ao aleitamento materno, iniciando na gesta-
ção, considerando-se as vantagens da amamentação 
para a criança, a mãe, a família e a sociedade, bem 
como a importância de estabelecimento de hábitos 
alimentares saudáveis;
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UNIDADE 1 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS HISTÓRICAS-SOCIAIS
3) Promoção e acompanhamento do crescimento e do 
desenvolvimento integral: consiste na vigilância e es-
tímulo do pleno crescimento e desenvolvimento da 
criança, em especial do “Desenvolvimento na Primeira 
Infância (DPI)”, pela atenção básica à saúde, conforme 
as orientações da “Caderneta de Saúde da Criança”, in-
cluindo ações de apoio às famílias para o fortalecimen-
to de vínculos familiares;
4) Vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e mater-
no: consiste na contribuição para o monitoramento e 
investigação da mortalidade infantil e fetal e possibilita 
a avaliação das medidas necessárias para a prevenção 
de óbitos evitáveis (BRASIL, 2015).
Diante da relevância das ações na primeira infância, em 
2007, foi criada a Rede Nacional Primeira Infância (RNPI). Trata-
se de uma articulação nacional de organizações da sociedade 
civil, do governo, do setor privado e de outras redes que atuam 
pela promoção e garantia dos direitos da Primeira Infância – 
sem discriminação étnico-racial, de gênero, regional, religiosa, 
socioeconômica, ou de qualquer outra natureza. A RNPI 
promove a implementação do Plano Nacional pela Primeira 
Infância, aprovado pelo ConselhoNacional pelos Direitos da 
Criança (CONANDA) em dezembro de 2010, que engloba todos 
os direitos da Primeira Infância, com metas até 2022.
Em 2016, a Lei nº 13.257 dispõe sobre as políticas públicas 
para a primeira infância e altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho 
de 1990 (ECA), a qual estabelece princípios e diretrizes para a 
implementação de políticas públicas para a primeira infância em 
atenção à especificidade e à relevância dos primeiros anos de 
vida no desenvolvimento infantil e no desenvolvimento do ser 
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UNIDADE 1 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS HISTÓRICAS-SOCIAIS
humano. Além disso, os profissionais de saúde devem orientar 
e capacitar gestantes e as famílias com crianças na primeira 
infância sobre maternidade e paternidade responsáveis, 
aleitamento materno, alimentação complementar saudável, 
crescimento e desenvolvimento infantil integral, prevenção de 
acidentes e educação sem uso de castigos físicos. O objetivo é 
favorecer e garantir a formação e a consolidação de vínculos 
afetivos e estimular o desenvolvimento integral na primeira 
infância (BRASIL, 2016).
Além disso, no artigo 10, relata:
Os profissionais que atuam nos diferentes ambientes de ex-
ecução das políticas e programas destinados à criança na pri-
meira infância terão acesso garantido e prioritário à qualifica-
ção, sob a forma de especialização e atualização, em programas 
que contemplem, entre outros temas, a especificidade da pri-
meira infância, a estratégia da intersetorialidade na promoção 
do desenvolvimento integral e a prevenção e a proteção contra 
toda forma de violência contra a criança (BRASIL, 2018). 
Mediante o foco na primeiríssima infância, o governo do 
Estado de São Paulo implantou o Programa São Paulo pela Pri-
meiríssima Infância com objetivo de promover a saúde integral 
da criança e o aprimoramento das ações de prevenção de agra-
vos e assistência, favorecendo o desenvolvimento da criança em 
todo o seu potencial. As intervenções propostas pelo Programa 
abrangem três áreas de atendimento à Primeira Infância: Saúde, 
Educação e Desenvolvimento Social (SCHNEIDER; FRUTUOSO; 
CATANELI, 2015).
Nesse contexto, as iniciativas de políticas, leis, programas 
apresentam um dos principais aspectos da vigilância em saúde, 
principalmente em um período crucial do desenvolvimento hu-
mano, a primeiríssima infância. Trata-se da possibilidade de se 
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UNIDADE 1 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS HISTÓRICAS-SOCIAIS
construir uma resposta social organizada por meio do conhe-
cimento sobre os determinantes de saúde-doença dos grupos 
sociais que estão inseridos em um território, da distribuição 
desigual de agravos e riscos em saúde, identificação antecipada 
de necessidades e do trabalho com grupos prioritários. 
Portanto, realize a leitura a seguir:
• VICTORA, C. G. et al. Saúde de mães e crianças no Brasil: 
progressos e desafios. Série Lancet, v. 48, n. 5, p. 32-
50, 2011. Disponível em: <https://www.thelancet.com/
pdfs/journals/lancet/PIIS0140-6736(11)60138-4.pdf>. 
Acesso em: 2 maio 2019. 
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para 
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em re-
sponder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos 
estudados para sanar as suas dúvidas. 
1) Na perspectiva histórica-social da infância, quanto ao sentimento da in-
fância por Áries (1987), pode-se afirmar:
a) Infância retratada na sociedade medieval totalmente ingressava na so-
ciedade dos adultos.
b) Reconhecimento das particularidades infantis apenas por sua beleza e 
graciosidade pelos artistas renascentistas. 
c) Desenvolvimento paralelo ao sentimento da família, por meio de inti-
midade e diálogo de modo que a família se volta para a criança. 
d) Futuro da criança na sociedade contemporânea com o planejamento 
dos nascimentos.
2) Como o adolescente foi retratado no decorrer do processo histórico-social?
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UNIDADE 1 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS HISTÓRICAS-SOCIAIS
Gabarito 
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões 
autoavaliativas propostas:
1) c.
2) (Resposta sugerida pela autora) A adolescência passou por diferentes 
marcos histórico-sociais com precisão de fatos especialmente no século 
19 como um “momento crítico” da existência humana, sendo assinalado 
no período das duas guerras mundiais de adolescentes indisciplinados e 
preguiçosos a representações importantes de trabalho na sociedade, uma 
vez que está intimamente relacionada à democratização da educação e ao 
surgimento de leis trabalhistas.
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da primeira unidade, na qual você teve 
a oportunidade de compreender a importância do conhecimen-
to histórico-social da criança, adolescente e família no Brasil. 
A evolução histórica da participação da criança na socie-
dade, assim como os cuidados à saúde voltados a essa popu-
lação, apresentou avanços, tendo como reflexo a redução da 
mortalidade infantil e implantação de diversas políticas públicas 
de saúde. Entretanto, como historicamente este fato é recente, 
muitas ações ainda precisam ser pontuadas, discutidas em pro-
fundidade, reorganizadas e pactuadas para que esses avanços 
possam realmente refletir as reais necessidades da população 
infanto-juvenil brasileira.
Veja agora os Conteúdos Digitais Integradores, que ampli-
arão seu conhecimento sobre o assunto. Na próxima unidade, 
você aprenderá as perspectivas da criança e do adolescente no 
âmbito da área da saúde e ético-legal.
36 © SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
UNIDADE 1 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS HISTÓRICAS-SOCIAIS
6. E-REFERÊNCIAS
ARAUJO, J. P. et al . História da saúde da criança: conquistas, políticas e perspectivas. 
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(Estatuto da Criança e do Adolescente), o Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 
1941 (Código de Processo Penal), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada 
pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, a Lei no 11.770, de 9 de setembro 
de 2008, e a Lei no 12.662, de 5 de junho de 2012. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. 
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UNIDADE 1 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS HISTÓRICAS-SOCIAIS
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das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) e revisado pela Coordenadoria-Geral de 
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do adolescente. São Paulo: Atheneu, 2012.
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intervenção na família. 5. ed. São Paulo: Roca, 2011.
39
SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: 
PERSPECTIVAS DE SAÚDE E ÉTICO-LEGAIS
Objetivos 
• Conhecer os principais programas de atenção à saúde da criança no con-
texto das políticas de saúde do Brasil.
• Refletir sobre a importância desses programas na intervenção dos agravos 
prevalentes na infância e adolescência. 
• Compreender os aspectos éticos e legais que norteiam o cuidado prestado 
em saúde à criança, ao adolescente e à família.
Conteúdo 
• Políticas públicas e os programas de saúde direcionados à saúde da criança 
e do adolescente.
• Princípios da bioética e sua inserção na prática cotidiana da atenção à saú-
de da criança.
• Inserção da bioética na prática da atenção à saúde da criança e do adoles-
cente na atenção básica.
Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:
1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; bus-
que outras informações em referências bibliográficas, apresentadas ao fi-
nal de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamen-
to pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual e 
prática profissional.
2) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteú-
do Digital Integrador. 
UNIDADE 2
© SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
41© SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
UNIDADE 2 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS DE SAÚDE E ÉTICO-LEGAIS
1. INTRODUÇÃO
Neste momento, abordaremos como as mudanças popu-
lacionais refletem na assistência à saúde da criança e do ado-
lescente, por exemplo, com implementação de políticas e pro-
gramas nacionais e internacionais, avanços científicos, maior 
participação de pais/responsáveis na assistência à saúde, recon-
hecimento do trabalho interdisciplinar e preocupação significa-
tiva com a qualidade de vida e direitos humanos de crianças e 
adolescentes (ARAUJO et al., 2014; FIGUEIREDO; MELLO, 2007).
Portanto, ressaltamos que o conhecimento das trans-
formações dos perfis históricos-sociais, epidemiológicos e de-
mográficos juntamente com as políticas de saúde vigentes e em 
construção capacitam os profissionais de saúde a contribuírem 
positivamente para o estabelecimento de uma vivência saudáv-
el, tendo o enfermeiro um importante papel neste processo.
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA
O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão 
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo da assis-
tência integral à Saúde da Criança e do Adolescente. 
2.1. POLÍTICAS PÚBLICAS E OS PROGRAMAS DE SAÚDE DIRE-
CIONADOS PARA A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE 
Neste momento, você terá a oportunidade de estudar uma 
abordagem geral sobre as principais políticas públicas e os pro-
gramas de saúde estabelecidos pelo Ministério da Saúde e órgãos 
internacionais direcionados para a criança e ao adolescente. 
42 © SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
UNIDADE 2 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS DE SAÚDE E ÉTICO-LEGAIS
No decorrer dos anos, o Brasil vem construindo e aprimo-
rando políticas, legislações, programas, leis, portarias, entre out-
ros instrumentos normativos para assistência à saúde integral da 
criança e do adolescente. É evidente que as mudanças ocorridas 
do início do século 20 até os dias atuais, no âmbito nacional e 
internacional, apoiam e fundamentam intervenções integradas 
entre a saúde, renda familiar, desenvolvimento social, educação, 
condições ambientais, entre outras, as quais estão sob a ótica 
constante da vigilância em saúde infantil (ARAUJO et al., 2014; 
FIGUEIREDO; MELLO, 2007). 
Com a Declaração de Alma-Ata, em 1978, propõe-se um 
novo modelo sobre a inter-relação entre doença, pobreza e de-
senvolvimento socioeconômico, em que emerge a discussão so-
bre atenção primária à saúde em nível mundial. Trata-se da ne-
cessidade de políticas de saúde norteadoras que propiciem em 
especial a proteção da vida com qualidade às crianças e aos ado-
lescentes. Desde a década de 1980, inúmeras ações foram plane-
jadas e criadas com o intuito de ampliar o acesso aos serviços de 
saúde, desfragmentar a assistência e proporcionar mudança na 
forma como o cuidado estava sendo realizado no âmbito mater-
no-infantil (FUJIMORI; OHARA, 2009).
Neste contexto, em 1984, o Ministério da Saúde e o Minis-
tério da Previdência Social aprovaram o Programa de Atenção 
Integral à Saúde da Criança (PAISC), com objetivo de reduzir a 
morbimortalidade na faixa etária de zero a cincoanos. Ações 
norteadoras para atenção à saúde da criança, recomendadas 
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Fundo das Nações 
Unidas em Favor da Criança (UNICEF), foram implementadas 
como promoção e prevenção relativas à imunização, acompan-
hamento de crescimento e desenvolvimento, estímulo ao aleit-
amento materno, orientações de alimentação, com prevenção 
43© SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
UNIDADE 2 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS DE SAÚDE E ÉTICO-LEGAIS
das doenças respiratórias, diarreica, com comprovada eficácia na 
redução da mortalidade infantil (CARVALHO, 2012).
Nesse sentido, a área da Saúde da Criança é considerada, 
entre outras, área estratégica em âmbito de vigilância em saúde 
nacional, o que, em 1988, incorporou as diretrizes fundamen-
tais do Sistema Único de Saúde (SUS), que considera o sujeito 
em sua singularidade, complexidade, integralidade, sempre com 
base em sua inserção sociocultural. Ressaltam-se os princípios 
e os conceitos: universalidade, acessibilidade, coordenação do 
cuidado, vínculo, integralidade, responsabilização, humanização, 
equidade e participação social (FUJIMORI; OHARA, 2009). 
Em relação ao contexto de políticas públicas destinadas 
aos adolescentes, destaca-se, em 1989, o Programa Saúde do 
Adolescente (PROSAD), marco da 42ª Assembleia Mundial de 
Saúde, promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 
Apresenta como proposta a atenção integral ao adolescente na 
atenção primária à saúde. As necessidades específicas desse pú-
blico foram ressaltadas, como gravidez, doenças sexualmente 
transmissíveis, álcool e outras drogas. Nesse sentido, observou-
se uma reorientação para a Atenção Básica por meio do PROSAD, 
com a efetivação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde 
dos Adolescentes (JAGER et al., 2014). 
Em 1990, no Encontro Mundial de Cúpula em Favor da Cri-
ança, houve uma revisão crítica das metas da Declaração de Al-
ma-Ata sobre a necessidade do estabelecimento de prioridades 
para a redução da morbidade e mortalidade do grupo mater-
no-infantil até o ano de 2000. Nesta perspectiva, o Brasil, junto 
aos demais países membros da ONU, assumiu o compromisso 
internacional de atingir as metas referentes aos "Objetivos de 
Desenvolvimento do Milênio". Dentre as metas estabelecidas, 
44 © SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
UNIDADE 2 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS DE SAÚDE E ÉTICO-LEGAIS
destacam-se as relacionadas à área de saúde da criança Meta 
4 – Reduzir a mortalidade infantil; e 5 – Melhorar a saúde das 
gestantes (BRASIL, 2012). 
Nessa perspectiva, inicia-se um desafio de transformação 
nos serviços de saúde, do Modelo de Atenção Médica para o 
Modelo de Vigilância à Saúde. O conceito de saúde passa a ser 
implantado de forma ampla, de maneira que o aspecto social 
é considerado como determinante da incidência dos problemas 
e incorporado ao conceito de qualidade de vida. A doença não 
está relacionada apenas à manifestação de sinais e sintomas em 
função única da exposição a determinado agente etiológico (FU-
JIMORI; OHARA, 2009). 
Trata-se de considerar a integralidade em saúde, em que 
o sinal físico ou sintoma é compreendido com base tanto nas 
condições de vida da criança e do adolescente, como também 
da organização e relação familiar e grupais. Busca-se uma maior 
compreensão da realidade de vida e das possibilidades de mu-
dança para diminuição das vulnerabilidades e riscos. Por exemp-
lo, as condições de saúde de um determinado grupo de crianças 
se produzem no local onde vivem, no âmbito de suas famílias, 
da escola ou da creche e em outros lugares onde se concretiza 
a vida nessa fase. Portanto, os fatos cotidianos são questões im-
portantes que integram processos de vida e devem ser apreendi-
dos pelos profissionais de saúde durante assistência à criança e 
família (FUJIMORI; OHARA, 2009).
O PAISC ampliava a proposta de cobertura com base nos 
princípios e conceitos do SUS, todavia, ainda se restringia às 
ações de sobrevivência, com assistência fracionada entre os di-
versos profissionais e desconhecimento da realidade social das 
famílias das crianças e dos adolescentes. Vale ressaltar que, 
45© SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
UNIDADE 2 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS DE SAÚDE E ÉTICO-LEGAIS
neste período, em 1990, houve a criação do Estatuto da Criança 
e do Adolescente (ECA), que reconhece a criança e o adoles-
cente como cidadãos. O ECA, juntamente com os ordenamentos 
jurídicos da Constituição Federal de 1988 e as Leis Orgânicas de 
Saúde, proporcionou a criação e legitimação de um novo para-
digma e compreensão da criança e do adolescente na sociedade 
brasileira (BRASIL, 2012; FIGUEIREDO; MELLO, 2007). 
Já em 1993, diante do reconhecimento mundial da con-
stante situação precária de saúde do grupo infantil, a OMS, Orga-
nização Pan-americana de Saúde (OPAS) e UNICEF propuseram 
a estratégia de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na 
Infância (AIDPI), a qual foi introduzida oficialmente no Brasil 
em 1996. A estratégia da AIDPI tem como finalidade reduzir a 
mortalidade infantil, reforçar o conceito da integralidade da at-
enção à saúde da criança e fortalecer a capacidade de planeja-
mento e resolução de problemas no nível primário de atenção. 
Dispõe aos profissionais de saúde as ferramentas mais apropria-
das para lidar com os principais agravos prevalentes na infância. 
Possibilita ao profissional de saúde a avaliação e a identificação 
precoce de problemas ou sinais de enfermidades durante a con-
sulta médica ou de enfermagem, por exemplo. Além disso, essa 
estratégia refere-se à capacitação dos pais/responsáveis para o 
reconhecimento dos sinais e sintomas de doença e para a busca 
rápida por assistência adequada (BRASIL, 2012). 
Conforme a realidade brasileira, a estratégia do AIPDI re-
introduziu o conceito da integralidade, surgindo como base para 
aplicar as ações existentes no PAISC, tendo suporte do Programa 
de Agentes Comunitários em Saúde e Programa de Saúde da 
Família para sua incorporação e reconhecimento das crianças 
em seu contexto social. Nesse sentido, em 2002, o Ministério da 
Saúde disponibiliza, entre os Cadernos de Atenção Básica, um 
46 © SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
UNIDADE 2 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS DE SAÚDE E ÉTICO-LEGAIS
específico para Saúde da Criança, que visa ao acompanhamento 
do crescimento e desenvolvimento infantil, com medidas que se 
integram à AIDPI para o desenvolvimento saudável, e à incorpo-
ração das atividades do PACS e PSF (BRASIL, 2012; FIGUEIREDO; 
MELLO, 2007). 
Esse tipo de abordagem potencializa as ações de vigilân-
cia em saúde da criança e do adolescente, com destaque para 
a disseminação do uso do Cartão da Criança, reforçando, junto 
às mães/responsáveis, a importância no acompanhamento da 
saúde de seus filhos, em especial no desenvolvimento e cres-
cimento na primeira infância. Além disso, demais inciativas in-
tersetoriais e ações foram propostas pelo Ministério da Saúde, 
visando à diminuição da mortalidade e estímulo ao aleitamento 
materno: Banco de Leite, Iniciativa do Hospital Amigo da Criança, 
Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso (Método 
Mãe-Canguru) e Estratégia Nacional para Promoção do Aleita-
mento Materno e Alimentação Complementar Saudável no SUS; 
e Programa de Humanização do Parto e Nascimento e Projeto 
Nascer (BRASIL, 2012). 
Em 2000, o Ministério da Saúde também lançou o Pro-
grama de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN), que 
objetivava, principalmente, reorganizar a assistência e vincular 
formalmente o pré-natal ao parto e ao puerpério. Dentre as fases 
da infância, a primeira infância (período do nascimento aos cinco 
anos) é o período considerado o mais importante para o desen-
volvimento infantil. Neste contexto, das condições de saúde in-
fantil desde a gestação, ao nascimento e ao pleno desenvolvi-
mento da criança, em especial dos primeiros anos de vida, o 
Ministério da Saúdetambém organizou uma grande estratégia, a 
Rede Cegonha, a fim de qualificar as Redes de Atenção Materno-
47© SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
UNIDADE 2 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS DE SAÚDE E ÉTICO-LEGAIS
Infantil e reduzir as taxas, ainda elevadas, de morbimortalidade 
materna e infantil (BRASIL, 2012; FIGUEIREDO; MELLO, 2007).
A Rede Cegonha constitui-se de um conjunto de iniciativas 
que envolvem mudanças no modelo de cuidado à gravidez, ao 
parto/nascimento e à atenção integral à saúde da criança, com 
foco nos primeiros dois anos e, em especial, no período neona-
tal. Baseia-se na articulação da atenção em saúde em rede, qual-
ificação técnica das equipes de atenção básica para estimular a 
prática do parto fisiológico e a humanização do parto e do nasci-
mento. Propõe garantir a todos os recém-nascidos boas práticas 
de atenção, embasadas em evidências científicas e nos princípios 
de humanização, tais como: clampeamento tardio do cordão, 
permanência do RN ao lado da mãe durante todo o tempo de 
internação, desde os primeiros momentos de vida, com contato 
pele a pele e apoio à amamentação (se possível, ainda na pri-
meira hora de vida), estímulo à participação do pai, tentativa de 
se evitar procedimentos iatrogênicos "de rotina", sem embasa-
mento científico, além de oferta de todas as triagens neonatais 
com o teste do pezinho, olhinho e orelhinha, entre outros (BRA-
SIL, 2012; FIGUEIREDO; MELLO, 2007). 
Em relação aos recém-nascidos de risco (como os de baixo 
peso, os prematuros), a proposta da Rede Cegonha é garantir 
maternidades de referência do país, para atendimento às gestan-
tes e aos recém-nascidos de risco por meio de leitos de unidades 
de terapia intensiva, de cuidados intermediários e leitos Cangu-
ru. No caso destes recém-nascidos, nascidos em maternidades 
que não sejam de referência, trabalha-se na contratualização do 
processo de referência-contrarreferência entre todas as materni-
dades das regiões metropolitanas envolvidas. O suporte de um 
transporte neonatal especializado para fazer a transferência de 
pacientes é esperado entre os referidos estabelecimentos hospi-
48 © SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
UNIDADE 2 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS DE SAÚDE E ÉTICO-LEGAIS
talares, denominado “Samu Cegonha” (BRASIL, 2012; FIGUEIRE-
DO; MELLO, 2007).
Já no ano de 2004 e reeditada em 2005, o Ministério da 
Saúde lançou a Agenda de Compromissos para Saúde Integral 
da Criança e Redução da Mortalidade Infantil ("Agenda"), com 
as principais diretrizes para o desenvolvimento de políticas de 
atenção à criança, constituindo mais uma ferramenta em prol da 
redução da mortalidade infantil e no processo de reorganização 
e garantia da rede de assistência à infância nos seus vários níveis: 
pública, integral, qualificada, segura e humanizada. Apresenta 
como estratégias, que norteiam a ação das Unidades Básicas de 
Saúde e da rede como um todo: vigilância em saúde pela equipe 
de atenção básica; vigilância da mortalidade materna e infantil; 
educação continuada das equipes de atenção à criança; e orga-
nização das linhas de cuidado. Esta última é uma estratégia para 
superar a desarticulação entre os diversos níveis de atenção em 
saúde e garantir a continuidade do cuidado integral, desde as 
ações de promoção até aquelas relacionadas ao tratamento e 
reabilitação (CARVALHO, 2012).
Em particular, na Área Técnica de Saúde do Adolescente 
e do Jovem, o Ministério da Saúde também orienta e capacita 
os profissionais de saúde no atendimento ao adolescente nas 
unidades de saúde. Há ferramentas disponibilizadas por meio da 
divulgação de programas e materiais como: "A saúde de Adoles-
centes e Jovens – uma metodologia de autoaprendizagem para 
equipes de atenção básica de saúde: módulo básico" (2007), 
"Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional 
em Saúde – Pró-Saúde" (2005) e "Caderneta de Saúde do ado-
lescente" (2009). Dentre outras estratégias, a Área de Saúde da 
Criança está expressa no Pacto pela Vida, que constituiu uma das 
dimensões do pacto pela saúde, lançado em 2006, com a finali-
49© SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
UNIDADE 2 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS DE SAÚDE E ÉTICO-LEGAIS
dade de consolidar a implementação do SUS. Assim, a redução 
da mortalidade infantil constitui uma das seis prioridades nacio-
nais pactuadas (BRASIL, 2012). 
Portanto, diante das estratégias, políticas, programas e 
vigilância constante em saúde da área de saúde da criança, a 
partir da década de 1990, observa-se uma diminuição na taxa 
de mortalidade infantil referente às crianças menores, os óbitos 
infantis diminuíram de 47,1 a cada mil nascidos vivos, em 1990, 
para 15,6 em 2010. Entretanto, a meta de garantir a toda criança 
brasileira o direito à vida e à saúde ainda não foi alcançada na to-
talidade, uma vez que persistem desigualdades regionais e soci-
ais no país. Além disso, 68,6% das mortes de crianças com menos 
de um ano acontecem no período neonatal (até 27 dias de vida), 
sendo a maioria no primeiro dia de vida. Trata-se de um número 
expressivo de mortes por causas evitáveis por ações dos serviços 
de saúde brasileiro, por exemplo, a atenção pré-natal, ao parto e 
ao recém-nascido (BRASIL, 2012).
Nesse contexto, os esforços do Ministério da Saúde e de-
mais órgãos internacionais têm sido redirecionados para as 
ações à gestante desde a assistência pré-natal até o nascimento, 
assim como os cuidados ao recém-nascido e puérpera. Além dis-
so, ações também estão voltadas para o aleitamento materno, 
uma vez que apresenta impacto expressivo na redução da mor-
bimortalidade infantil, no crescimento, no desenvolvimento e na 
prevenção de doenças na infância e idade adulta. Diante disso 
e mais os compromissos internacionais dos quais o Brasil é sig-
natário, em 2015, o Ministério da Saúde instituiu a Política Na-
cional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) (Portaria 
nº1130/2015).
50 © SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
UNIDADE 2 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS DE SAÚDE E ÉTICO-LEGAIS
A PNAISC tem por objetivo:
[...] promover e proteger a saúde da criança e o aleitamento 
materno, mediante a atenção e cuidados integrais e integrados 
da gestação aos 9 (nove) anos de vida, com especial atenção 
à primeira infância e às populações de maior vulnerabilidade, 
visando à redução da morbimortalidade e um ambiente 
facilitador à vida com condições dignas de existência e pleno 
desenvolvimento (BRASIL, 2018). 
Os princípios orientadores da PNAISC são: direito à vida e à 
saúde; prioridade absoluta da criança; acesso universal à saúde; 
e integralidade do cuidado. Sintetiza de maneira clara e objetiva 
os eixos de ações da atenção integral à saúde da criança, a fim 
de facilitar sua implementação pelas gestões estadual e munici-
pal e pelos profissionais de saúde. Nessa perspectiva, a PNAISC 
organiza-se a partir das redes de atenção à saúde e de seus eixos 
estratégicos, na qual a atenção primária à saúde se configura 
como coordenadora do cuidado à criança e ponto central desse 
processo (BRASIL, 2015). 
Na atenção primária à saúde, espera-se garantir uma visita 
domiciliar da equipe de saúde ao binômio mãe e recém-nascido 
no contexto da família, para orientação de todos sobre o cuidado 
de ambos, bem como para ofertar as ações programadas para a 
primeira semana de saúde na unidade de saúde de referência, 
para as ações de: consultar ambos (mãe e recém-nascido), es-
timular a presença do pai sempre que possível, incentivar o aleit-
amento materno, imunizações, coleta de sangue para o teste do 
pezinho, entre outros (FUJIMORI; OHARA, 2009; FIGUEIREDO; 
MELLO, 2007). 
Depois, até a criança completar dois anos, o objetivo é um 
acompanhamento cuidadoso do crescimento e do desenvolvim-
ento da criança pela equipe de saúde, inclusive com busca de 
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UNIDADE 2 – SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PERSPECTIVAS DE SAÚDE E ÉTICO-LEGAIS