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Linguagem e Design Audiovisual

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PRODUÇÃO 
AUDIOVISUAL
Victor Andrei Silva
Texto, som e imagem
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Distinguir o produto audiovisual do impresso, web e radiofônico. 
  Definir as principais características do texto para um audiovisual. 
  Produzir textos para um audiovisual noticioso.
Introdução
A audição e a visão são dois componentes muitos importantes no pro-
cesso comunicativo. Certamente, se não houvesse um deles, talvez o 
processo comunicativo que conhecemos hoje seria muito diferente ou 
até mesmo inviável. Nesse sentido, quando equacionamos ou somamos 
os elementos visuais e sonoros, chegamos ao audiovisual. A soma desses 
dois elementos interfere diretamente nos sentidos humanos e no modo 
como enxergamos o mundo. 
Atualmente, o uso da tecnologia está ligado à necessidade constante 
de interação e comunicação que o ser humano possui em sociedade. 
Como essa necessidade de interação vem se exacerbando, o audiovisual 
ganha cada vez mais espaço entre crianças, jovens e adultos. Pela junção 
de recursos tecnológicos em um único aparelho, as novas tecnologias 
mostram-se a serviço da produção audiovisual. 
Neste capítulo, você vai aprender a reconhecer as diferenças entre 
produtos audiovisuais, impressos, da web e radiofônicos. Além disso, verá 
como o texto é aplicado e elaborado ao meio audiovisual. 
1 O texto e a palavra
Nossa ideia aqui não é fazer um resgate histórico sobre os conceitos, a desco-
berta do texto e sua evolução cronológica ao longo do tempo, e sim examinar 
o texto em sua roupagem contemporânea. De acordo com Camocardi e Flory 
(2003, p. 7), “[...] a palavra existe a serviço da comunicação e, assim sendo, 
vai ser sempre um vazio a ser preenchido pela consciência do receptor da 
mensagem”. 
Nesse sentido, o desejo de comunicação de nossas ideias é mediado por uma 
unidade menor, chamada de signo. Um signo é o símbolo de objetos ou ideias 
que se deseja comunicar, seja pela expressão oral ou pela expressão escrita 
(CAMOCARDI; FLORY, 2003). A maneira como articulamos as palavras e 
as organizamos em um texto determina o nosso discurso, bem como nossa 
expressão pessoal, que é basicamente o estilo. 
No texto, a palavra ou vocabulário de palavras usadas representa o signo 
linguístico que tem como objetivo expressar uma ideia que pode ser repre-
sentada por um determinado objeto, imagem, sentido perceptivo ou um ser. 
O texto é a matéria-prima da expressão. 
O jornalismo impresso e televisivo faz o uso inteligente dessa ferramenta. 
É muito comum vermos profissionais de comunicação, sejam eles jornalistas, 
publicitários ou profissionais de relações públicas, expressarem-se com ma-
estria pelo uso do texto nos jornais impressos. 
Mas como podemos definir o que é um texto? De modo simples e didático, 
Camocardi e Flory (2003, p. 7) definem texto:
[...] como uma unidade de linguagem, de extensão variável, produzido a partir 
de determinado contexto ou situação. Além do contexto ou situação, há outros 
dois elementos dos quais depende a significação do texto: o locutor, emissor 
ou sujeito e o interlocutor, receptor ou destinatário. 
O ser humano começou a comunicar entre si por meio de gestos e sons. Sons se 
transformaram em palavras, palavras dão sentidos e sentidos geram sentimentos. De 
forma sintética, esse ciclo nos conduziu até o momento atual, mas ainda assim temos 
muitas dificuldades de compreender como ocorre o processo comunicativo em 
nossos dias. Uma hipótese instigante vem recebendo cada vez mais defensores nas 
áreas de história, linguística e psicologia. Você pode aprender mais sobre ela buscando 
na internet o texto “Linguagem humana evoluiu de forma abrupta, mostra estudo 
da FFLCH”, publicado no site oficial da Universidade de São Paulo (UP). A referência 
completa pode ser encontrada ao final deste capítulo, na seção Leituras recomendadas.
Texto, som e imagem2
É bem verdade que o conceito de texto tem, ao longo dos últimos anos, 
evoluído, e não somente de textos escritos e verbais, mas também de textos na 
forma oral e visual, cujo principal objetivo é a comunicação e a apresentação 
de um sentido. A comunicação precisa fazer sentido e ter significado, caso 
contrário não é comunicação. Um dos objetivos da comunicação é a troca de 
informação entre os envolvidos, e o texto tem exatamente essa função. 
Para Field (2001, p. 22), 
[...] todo texto exige pesquisa e pesquisa significa reunir informação. Lembre-
-se: a parte mais difícil de escrever é saber o que escrever. Fazendo pesqui-
sa — seja em fontes escritas como livros, revistas e jornais, ou através de 
entrevistas pessoais — você adquire informação”.
2 Audiovisual: texto, som e imagem
No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (AUDIOVISUAL, 2009, p. 343), 
o conceito de audiovisual é defi nido como qualquer comunicação, mensagem, 
recurso, material “[...] que se destina a ou visa estimular os sentidos da audição 
e da visão simultaneamente”. O audiovisual é utilizado em todas áreas, desde 
a educação ao entretenimento. Vídeos institucionais, animações, jogos de 
videogame, fi lmes, podcast, vídeos no YouTube, curtas-metragens ou apresen-
tações são alguns exemplos de audiovisuais que reúnem texto, som e imagem. 
O processo de produção de audiovisual, embora pareça simples, segue um 
fluxograma que pode ser entendido conforme o esquema da Figura 1.
Figura 1. Da concepção ao produto: a cadeia de produção do audiovisual.
Fonte: Adaptada de Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (2008).
Tal processo não é um modelo-padrão adotado por empresas ou por áreas 
envolvidas com o produto audiovisual. Na verdade, esse modelo funciona como 
uma base fundamental e, dependendo do produto que se deseja alcançar, esse 
processo pode ser muito mais complexo.
3Texto, som e imagem
[A] pré-produção é onde se produz o roteiro, define a equipe que será res-
ponsável pelo projeto e inicia o processo criativo do produto. Em seguida, 
inicia-se a produção, que é onde se reúnem os materiais como câmeras, luz, 
filmagem, equipe técnica e figurinos, por exemplo. Na pós-produção, realiza-se 
a edição dos materiais, regulagem de som etc. A distribuição é o processo de 
entrega dos materiais finalizados para a veiculação na televisão, internet ou 
por mídias físicas (RABIGER, 2011, p. 118, acréscimo nosso).
A Walt Disney Animation Studios é uma pioneira mundial na criação de animações. 
O estúdio é responsável pela criação de diversos produtos, mas dentre seus audiovisuais 
que deram o pontapé inicial nesse segmento está Branca de Neve e os Sete Anões. A 
animação foi lançada nos Estados Unidos em 1937 e chegou ao Brasil em janeiro de 1938.
Audiovisual é a junção de texto, movimento e sonoridade em um mesmo 
produto. Por isso, seu processo produtivo é complexo, pois é necessário que 
haja o envolvimento de diversos profissionais, que se encarregam da realização 
de cada tarefa para então, em determinados momentos, encontrarem para a 
concepção audiovisual ficar completa. 
Aristóteles definiu as três unidades de ação dramática: tempo, espaço e ação. 
O filme hollywoodiano normal tem a duração aproximada de duas horas, ou 
120 minutos, ao passo que os europeus, ou filmes estrangeiros, têm apro-
ximadamente 90 minutos. Uma página de roteiro equivale a um minuto de 
projeção. Não importa se o roteiro é todo descrito em ação, todo em diálogos 
ou qualquer combinação de ambos; em geral, uma página de roteiro corres-
ponde a um minuto de filme (FIELD, 2001, p. 13).
O audiovisual: a web, o impresso e o rádio 
Na categoria de impressos, são considerados livros, jornais, revistas, folhetos e 
todo tipo de material gráfi co em formato físico. Textos jornalísticos impressos são 
elaborados com determinadas características e especifi cidades, que visam atingir 
determinado segmento ou público (FIELD, 2001). Normalmente, tal público é 
mais criterioso e exigente com relação ao consumo de notícias e informações. 
Nesse sentido, no textoimpresso o uso da linguagem é mais formal. Outro fator 
importante é que no jornal a publicação só é realizada após a apuração dos fatos 
e das notícias, ou seja, diversos critérios precisam ser seguidos. 
Texto, som e imagem4
Já o aspecto funcional e prático é a diagramação do material impresso, que 
representa sua limitação técnica. Por se tratar de material físico, fatores como 
tinta, tipos de papéis, qualidade das máquinas e conhecimento dos profissionais 
fazem parte do complexo sistema produtivo para se chegar ao produto final, 
neste caso o jornal impresso. 
Nos dias de hoje, alguns grupos jornalísticos centenário no Brasil, mesmo 
enfrentando sérias dificuldades financeiras, tentam sobreviver bravamente 
ao avanço dos aparatos tecnológicos que fomentam as notícias numa velo-
cidade nunca vista antes. É uma luta ingrata e desleal, mas que em breve 
pode ter um fim.
Existem organizações comerciais jornalísticas que utilizam equipamentos 
mais modernos e processos mais simplificados que a produção de um jornal, 
como aquelas que produzem revistas, catálogos e folhetos. É bem verdade 
que em muitas cidades brasileiras o jornal impresso já deixou de existir, 
mas mesmo assim o processo de produção segue resistindo Brasil afora em 
alguns lugares. 
De acordo com Rodriguez (2006, p. 56): 
[...] com essa recente democratização da internet no Brasil e a evolução tec-
nológica, veio também a facilidade de acesso ao consumo de informações e 
dados e, com isto, o crescimento do produto audiovisual alcançou um status 
muito importante como ferramenta disseminadora de conteúdos. 
É fácil notar essa nova evidência, bastando observar quando se está passeando 
em um parque ou até mesmo por uma rua de uma cidade qualquer. É muito 
comum vermos pessoas fazendo selfies, realizando filmagens, tirando fotos 
com um único aparelho em mãos, o smartphone. Essa cena é muito comum e 
retrata a forma de viver da nova geração tecnológica. 
Termo muito utilizado no Brasil de forma recente, a selfie é um neologismo da língua 
inglesa que significa “autorretrato”. Essa palavra ganhou popularidade após a massi-
ficação do uso de celulares para fazer fotos em grupos ou individuais. Seu objetivo é 
fazer com que o próprio "fotógrafo" apareça na foto.
5Texto, som e imagem
Pelo verdadeiro bombardeio constante das redes sociais, esse novo compor-
tamento tem muito a ver com a nova geração, que está bastante preocupada com 
os movimentos e dinamismos que o novo padrão de sociedade impõe (RODRI-
GUEZ, 2006). Será que podemos dizer que hoje os indivíduos são educados 
pelo audiovisual? Essa é uma pergunta de resposta complexa, mas não podemos 
negar que com a popularização dos celulares, notebooks, tablets, smart TVs e 
produtos similares o audiovisual passou a fazer parte da vida das pessoas de 
forma quase que totalitária. Usamos a tecnologia audiovisual para tudo. 
Hoje, na era das tecnologias da informação e da comunicação, com um 
celular nas mãos todas as pessoas são autoridades, leitores do mundo e cinegra-
fistas. Todo portador de uma tecnologia é um difusor de produto audiovisual. 
Um vídeo qualquer pode viralizar em questão de minutos (RABIGER, 2011). 
Quando ocorre um acidente de trânsito, por exemplo, antes mesmo da 
chegada dos socorristas e da impressa para realizar a cobertura, é possível 
quase que imediatamente fazer uma transmissão ao vivo por qualquer mídia 
social e transmitir o ocorrido para dezenas ou centenas de pessoas. 
A produção radiofônica, assim como a produção audiovisual, requer a 
participação de diversos profissionais. Evidentemente, temos algumas exce-
ções que fogem à regra, pois há rádios que rodam com poucos profissionais, 
sobretudo rádios FM, em que os locutores acumulam diversas funções que 
vão da locução à área comercial, por exemplo. A produção radiofônica, assim 
como a produção do audiovisual, também requer uma sequência. 
De acordo com Field (2001, p. 278), na produção de rádio: 
[...] estão o diretor (quem comanda a equipe), o roteirista (quem escreve o 
programa), o produtor (responsável pela preparação do programa), o operador 
de áudio (opera os equipamentos), o programador musical (responsável pela 
parte musical) e o locutor (quem narra os fatos).
Assim, as etapas da produção de rádio podem ser definidas da seguinte 
forma (FIELD, 2001):
  Etapa 1: definir o roteiro.
  Etapa 2: voz (gravação).
  Etapa 3: tratamento da voz.
  Etapa 4: aplicação de efeitos e trilhas.
  Etapa 5: mixagem da voz.
  Etapa 6: masterização.
Texto, som e imagem6
Hoje é muito comum encontrar programas de rádio transmitidos pela inter-
net nas mídias sociais e sites, o chamada rádio web. Esse fenômeno também 
ocorre com o jornal, que, além de físico, é disponibilizado em formato digital.
De maneira geral, o audiovisual, o impresso, a web e o produto radiofônico 
formam um pacote interativo. Juntos, compõem um combo de comunicação que 
visa unicamente a atingir os públicos desejados. Hoje, o audiovisual é uma pode-
rosa ferramenta no uso de propagação de ideias a uma velocidade assustadora. 
3 As características do texto para o audiovisual
Assim como nos demais contextos, o texto para o audiovisual possui ca-
racterísticas próprias que lhe conferem identidade única. De acordo com 
Paternostro (2006, p. 87), “[...] quando pensamos em criar ou construir um 
produto audiovisual, é necessário observar o tipo de narrativa a ser empregada, 
ou seja, que tipo de texto será empregado”. A primeira regra a ser seguida 
no audiovisual é saber contar uma boa história. Assim, é importante saber 
se expressar ou transmitir uma ideia por meio de imagens, o que nos remete 
ao texto literário. A relação do texto literário com os demais tipos de textos, 
entre eles os jornalísticos, sempre foi próxima. Desde o texto para teatro até as 
adaptações de novelas, os textos para audiovisuais também têm uma relação 
bem íntima com a literatura. Essa relação é antiga, pois as obras literárias 
sempre serviram como uma espécie de exemplo ou fonte inspiradora para a 
produção de telenovelas, minisséries, fi lmes ou até mesmo desenhos
Para Pereira (2002, p. 165), no Brasil:
[...] o texto televisivo é de longe o veículo de comunicação com maior força de 
penetração em todo o conjunto da população, seja pelo modelo de massa, ou 
TV aberta, que difunde um patrimônio de informação para públicos vastos 
e diversificados, seja pelo modelo segmentado, ou TV fechada, voltado para 
um público de maior poder aquisitivo, com demandas mais particularizadas.
Com novos aparatos técnicos surgindo a todo o momento, a linguagem 
textual do audiovisual se renova. Por possuir uma gramática de identidade 
própria, a imagem e o som, juntamente com as palavras, criam uma estrutura 
inteligente que, aliada aos diversos meios de comunicação, visa dar sentidos 
e significados por meio de sensações, informações e ideias para influenciar 
seu público-alvo.
7Texto, som e imagem
[...] a construção textual no audiovisual é um trabalho coletivo em que oralidade 
e imagem fundem-se na linguagem audiovisual. Pelo próprio imbricamento entre 
texto verbal e texto visual, significante e significado atrelam-se causando efeitos de 
sentido com um nível relevante de argumentatividade (BARTHES, 1992, p. 45).
Ainda conforme Barthes (1992, p. 43), “[...] na linguagem audiovisual, a 
representação do signo pode se dar de modo que um significante verbal invoque 
um significado imagético e vice-versa, e os planos de expressão e conteúdo 
alternam-se conforme a necessidade do ato comunicativo”.
Processo de elaboração textual 
para um audiovisual noticioso
Cerca de 100 anos atrás, a única fonte de informação era o jornal impresso. Não 
muito tempo depois, vieram a televisão e o rádio. Ainda mais tarde, chegou 
a era da internet, que transformou as coisas. Hoje, a informação está a um 
clique de distância e plenamente acessível para qualquer pessoa.
Ao contrário de outras épocas, em que o público era específico e definido, atu-
almentetemos um público virtual, não compondo um destinatário especificamente 
definido. Para Maingueneau (2013, p. 60), “[...] toda enunciação, mesmo produzida 
sem a presença de um destinatário, é de fato marcada por uma interatividade consti-
tutiva, uma troca, explícita ou implícita, com outros enunciadores, virtuais ou reais”. 
No processo de produção para produtos audiovisuais, é preciso sempre pensar 
no público, ou seja, com quem iremos falar. As questões regionais, por exemplo, 
devem ser muito bem avaliadas nesse quesito. Em se tratando de comunicação 
audiovisual, devemos compreender que o destinatário é virtual, sendo preciso 
existir um diálogo simulado por meio de uma narrativa ilustrada por imagens 
que representam algo que expresse a realidade (MAINGUENEAU, 2013).
O texto jornalístico sempre teve como objetivo informar seu leitor (FIELD, 
2001). O texto para o audiovisual noticioso, como no próprio jornalismo, 
deve possuir uma linguagem mais coloquial e concisa, pois a veiculação ou 
transmissão tem a intenção de atingir o maior número de telespectadores. 
Nesse sentido, o texto coloquial garante mais credibilidade e imparcialidade. 
Segundo Rodriguez (2006, p. 134), “[...] o texto do audiovisual noticioso 
também deve cuidar e evitar ao máximo certo vícios de linguagem, como as 
gírias e até sotaques”. Quando pensamos na abrangência nacional de veiculação 
de um produto audiovisual, o sotaque do jornalista pode criar certas barrei-
ras, sobretudo no aspecto cultural. Vivemos num país que possui dimensões 
continentais e que apresenta diferenças culturais peculiares, ou seja, sem uma 
identidade cultura única. 
Texto, som e imagem8
Outro fator a ser considerado no texto para o audiovisual noticioso é a 
criação de lides diretos, ou seja, iniciando a apresentação do telejornal pela 
ideia principal. O audiovisual de notícias, seja ele transmitido na televisão ou 
na internet, tem como uma regra básica a instantaneidade e obtém melhores 
efeitos com uma linguagem mais direta. 
O apresentador desempenha um papel importante nesse contexto. Como 
o lide no vídeo é basicamente interpretado por quem narra o texto, o fator 
instantaneidade é mais evidenciado no audiovisual televisivo. Nos demais 
produtos, como vídeos e animações, isso já não acontece, por causa do roteiro 
que precisa ser seguido. 
No lide, procura-se responder a cinco perguntas básicas: O quê? Quem? 
Quando? Onde? Como? Vale ressaltar o emprego de frases com verbos, objetos 
e sujeitos (CAMOCARDI; FLORY, 2003) A mecânica do lide nos produtos 
audiovisuais tem o mesmo funcionamento daquele aplicado ao jornalismo 
impresso e radiofônico. 
Na televisão, o texto é o lide que o apresentador do jornal lê, e seu objetivo é 
reter a atenção do telespectador para a notícia. Se não houver um apresentador 
para a leitura do lide, essa informação se dá em off. Assim como no jornalismo 
impresso, o lide também destaca e responde as perguntas que são a base de 
uma notícia, seja para o impresso ou para a televisão. Nos demais produtos 
audiovisuais, como vídeos e animações, o lide tem a mesma função, mas sua 
ação é minimizada e estruturada de outras formas.
Por se tratar de uma técnica de aplicação chamada pirâmide invertida, o lide 
no produto audiovisual segue a mesma regra utilizada no jornalismo impresso, 
ou seja, uma estrutura baseada na apresentação da informação principal que 
busca responder para o telespectador as cinco perguntas recém-mencionadas. 
A diferença aqui é a presença do apresentador, que fará o papel de intermediador 
no processo de explanação da notícia.
Os produtos audiovisuais noticiosos são normalmente de curta duração 
e as matérias precisam ter início, meio e fim. Nesse sentido, a descrição das 
imagens precisa ser feita com muita lucidez. Vídeos e vinhetas, por exemplo, 
são dois produtos que que devem possuir essa característica. É pela clareza 
que o público irá entender a história que está sendo contada. Somente com 
a história sendo compreendida é que será possível emitir alguma opinião a 
respeito do conteúdo noticiado.
A criatividade no emprego das palavras também precisa fazer parte do 
processo de criação para produtos audiovisuais noticiosos. O uso de sinônimos 
deixa o texto menos cansativo e repetitivo para o público. E nem é preciso dizer 
que concordâncias verbais precisam ser respeitadas (PATERNOSTRO, 2006).
9Texto, som e imagem
Embora pareça simples, o processo criativo de texto para produtos au-
diovisuais noticiosos, sejam eles telejornais, documentários, vídeos, curtas-
-metragens e até mesmo cinema, precisa ser minuciosamente detalhado. 
O processo deve ser muito bem estabelecido e conciso, desde a criação do 
roteiro, passando pelo uso da linguagem até a história a ser contada. 
De modo geral, é preciso compreender que existem muitas possibilidades 
de construção de linguagens em produtos audiovisuais e que não há um mé-
todo único que possa ser considerado o ideal, mas sim modelos que vêm se 
mostrando mais ou menos eficazes (MOLETTA, 2009). 
AUDIOVISUAL. In: INSTITUTO ANTÔNIO HOUAISS DE LEXICOGRAFIA. Dicionário Houaiss 
da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
BARTHES, R. Elementos de semiologia. São Paulo: Cultrix, 1992.
CAMOCARDI, E. M.; FLORY, S. F. V. Estratégias de persuasão: em textos jornalísticos, 
literários e publicitários. São Paulo: Arte e Ciência, 2003.
FIELD, S. Manual do roteiro: os fundamentos do texto cinematográfico. Rio de Janeiro: 
Objetiva, 2001.
MAINGUENEAU, D. Análise de textos de comunicação. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2013.
MOLETTA, A. Criação de curta-metragem em vídeo digital: uma proposta de produção 
de baixo custo. 4. ed. São Paulo: Summus, 2009.
PATERNOSTRO, V. I. O texto na TV: manual de telejornalismo, 7ª edição, Editora Campus, 
São Paulo, 2006.
PEREIRA, C. A. M. Televisão e cultura no Brasil na virada do século. In: OLINTO, H. K.; 
SCHØLLHAMMER, K. E. (org.). Literatura e mídia. São Paulo: Loyola, 2002.
RABIGER, M. Direção de documentário. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
RODRIGUEZ, A. A dimensão sonora da linguagem audiovisual. São Paulo: Senac SP, 2006. 
Leituras recomendadas
BARBEIRO, H.; LIMA, P. R. Manual de jornalismo para rádio, tv e novas mídias. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2013.
REIS, G. L. Linguagem humana evoluiu de forma abrupta, mostra estudo da FFLCH. 2015. 
Disponível em: https://www5.usp.br/93831/linguagem-humana-evoluiu-de-forma-
-abrupta-mostra-estudo-da-fflch/. Acesso em: 7 abr. 2020.
Texto, som e imagem10
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Produção audiovisual: estudos 
de mercado Sebrae/ESPM. Brasília: Sebrae/ ESPM, 2008. (E-book). (Série Mercado).
TURNER, D.; MUÑOZ, J. Para os filhos dos filhos de nossos filhos: uma visão da sociedade 
internet. São Paulo: Summus, 2002.
11Texto, som e imagem
PRODUÇÃO 
AUDIOVISUAL 
Victor Andrei Silva 
Produção audiovisual e 
convergência de mídias 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar o papel do audiovisual nas informações radiofônicas, im-
pressas e na web.
  Caracterizar a narrativa transmídia e seu papel no contexto de con-
vergência midiática.
  Desenvolver um produto audiovisual para complementar um pro-
grama de rádio, uma coluna de jornal e uma página da web.
Introdução
O consumo e a busca por produtos audiovisuais têm aumentando a cada 
ano que passa. A tecnologia potencializa esse efeito, pois dá a quem 
consome diversas formas e possibilidades de alcance e consumo de 
produtos audiovisuais dos mais diversos tipos. Isso é reflexo do hábitode consumo das pessoas, que anos atrás consumiam produtos audiovi-
suais com menor frequência e hoje, devido às tecnologias à disposição, 
não param de consumir. Assim, as novas tecnologias da informação e 
da comunicação mudaram sensivelmente a forma de interação entre 
público e mídia. 
Neste capítulo, você conhecerá o papel do audiovisual nas informa-
ções radiofônicas, impressas e na web. Além disso, estudará detalhes da 
narrativa transmídia e seu papel no contexto de convergência midiática. 
Por fim, verá como produtos audiovisuais complementam um programa 
de rádio, uma coluna de jornal ou uma página da web. 
1 O audiovisual e as informações radiofônicas, 
impressas e digitais
A utilização sincronizada do som (áudio), imagem (vídeo) e o texto (palavras) 
constitui o produto audiovisual, que ao longo do tempo vem passando por 
mudanças quase que constantes. Esses elementos, de maneira conjunta, se 
tornam em informação. De acordo com Marques (2007, p. 69) :“[...] a informa-
ção audiovisual possui sentidos multidisciplinares que, ao longo do tempo, foi 
se modifi cando e atualizando, conforme a própria sociedade está evoluindo, 
assim como o próprio produto audiovisual”.
Essa evolução ocorreu e ocorre de maneira natural e influenciou outras 
áreas. Aspectos ligados ao audiovisual sempre geraram fascínio nas pessoas. 
A fotografia é um exemplo disso, pois funcionou como combustível para que 
essa mudança fosse ainda mais rápida e acelerada. A fotografia saiu do preto 
e branco e foi para o colorido, saiu do filme e foi para o digital. Evoluiu das 
câmeras para as lentes do smartphones. 
Há não muito tempo, a fotografia era o único recurso instrumental para 
se contar uma história, narrar fatos e registrar acontecimentos, mesmo que 
houvesse na mesma época o jornal impresso publicando e relatando as notícias e 
informações aos leitores. Em seguida, vieram os filmes por película, que deram 
no cinema e até na própria televisão, considerados meios de comunicação de 
vanguarda. A televisão, por exemplo, revolucionou a forma de se dar notícia. 
Em quase um século de sua existência, a televisão revolucionou a forma como 
as pessoas veem o mundo. As grandes descobertas da ciência, as guerras das 
décadas de 1990 e 2000, a chegada do homem à lua em 1969, os eventos espor-
tivos como a olimpíadas (1972) e a Copa do Mundo de Futebol transmitidos 
ao vivo para vários países desde 1966. Os filmes de Hollywood puderam se 
popularizar ao redor do planeta dispensando a necessidade de se sair de casa 
para ir ao cinema. Tragédias foram transmitidas ao vivo, bem como grandes 
eventos internacionais (SANTOS, 2019, p. 11).
A cada momento da era moderna, as novas tecnologias da informação e co-
municação se tornam cada vez mais populares. Não existe mais a possibilidade de 
acompanhar ou segurar esse movimento. Vivemos na era da geração da conecti-
vidade e da interação, em que os recursos audiovisuais se tornaram ferramentas 
estratégicas de aplicação no uso da disseminação da informação (Figura 1). 
Produção audiovisual e convergência de mídias2
Figura 1. Nos últimos anos, as novas tecnologias ajudaram a mudar o com-
portamento das pessoas. 
Fonte: fkdkondmi/Shutterstock.com.
Para Castells (1999, p. 44): “[...] as novas tecnologias da informação ex-
plodiram em todos os tipos de aplicações e usos que, por sua vez, produziram 
inovação tecnológica, acelerando a velocidade e ampliando o escopo das 
transformações tecnológicas, bem como diversificando suas fontes”. 
O audiovisual tem um papel muito importante para o engajamento do 
público. O potencial enquanto ferramenta é uma das principais caracte-
rísticas que o produto do audiovisual possui no uso da disseminação da 
informação. Para Primo (2007, p. 1) “[...] o audiovisual é muito importante 
por potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização 
de informações”. 
Produtos audiovisuais se fazem valer de outros produtos noticiosos para 
justificarem suas existências, seja uma simples notícia jornalística, filmes 
publicitários, podcasts, produtos para o cinema, animações ou vídeo para a 
internet. De acordo com Prado (1985, p. 48):
[...] nunca houve consenso sobre a definição de notícia. Diversos autores, 
escolas e diversas épocas dão assim mesmo definições diversas [....] [A] 
notícia radiofônica obriga o ouvinte a realizar um exercício de transfor-
mação das ideias transmitidas pelas imagens sonoras em imagens visuais 
imaginárias. 
Produção audiovisual e convergência de mídias 3
Com o auxílio de produtos audiovisuais, essa tarefa se torna muito mais 
fácil, pois a mesma notícia dada pela televisão, por exemplo, pode ter um 
maior engajamento e surtir muito mais resultados. 
No cinema, a história se repete. A chamada indústria cinematográfica 
iniciou suas atividades de forma humilde e têm como seus percussores os 
irmãos Lumière e Thomas Edison, que criaram engenhocas que captavam e 
projetavam imagens. Foi assim que o cinema, em meados de 1894, deu seus 
primeiros passos e ficou conhecido como “cinema mudo”, pois não havia 
reprodução do áudio.
Os irmãos franceses Auguste Marie Louis Nicholas Lumière e Louis Jean Lumière, 
também conhecidos como irmãos Lumière, são os criadores do cinématographe, 
traduzido para português como cinematógrafo. Assim foi inaugurada a era da chamada 
“imagem-movimento”. A primeira exibição de um filme, com o título de La sortie de 
l'usine Lumière à Lyon, ou A saída da fábrica Lumière em Lyon, ocorreu no dia 22 de 
março de 1895.
Desde então, seja tentando contar uma história real ou fictícia, o fato é que 
o cinema introduziu o que chamamos de linguagem visual e mudou a maneira 
de se criar conteúdos. Do produto jornalístico impresso, evoluiu-se para a 
produção de rádio e, em 1950, com a chegada da televisão, deu-se o início ao 
produto audiovisual chamado de telejornalismo, que ao longo dos anos não 
parou de evoluir, alcançando até a internet e se tornando o webjornalismo. 
O audiovisual também tem e teve um papel muito importante na construção 
do chamado webjornalismo. O jornalismo começou sua viagem no mundo 
virtual há pouco mais de duas décadas. A internet foi a porta de entrada e, 
desde então, o processo de crescimento não parou mais (EDGAR-HUNT; 
MARLAND; RAWLE, 2013)
Para Barbosa (2005, p. 2) “[...] como forma de jornalismo mais recente, 
o webjornalismo é a modalidade na qual as novas tecnologias já não são 
consideradas como ferramentas, mas, sim, como constitutivas dessa prática 
jornalística”. Sob a ótica do produto noticioso para web, o audiovisual criou 
uma nova forma de se praticar o jornalismo convencional. 
Produção audiovisual e convergência de mídias4
O webjornalismo não é apenas "jornal na internet”, pois envolve aspectos tecnológicos, 
tem editoriais diferentes e particularidades interessantes se serem compreendidas. 
Para se aprofundar no assunto, procure na internet pela monografia “Características e 
gerações do Webjornalismo: análise dos aspectos tecnológicos, editoriais e funciona”, 
de Thiara Luiza da Rocha Reges. A referência completa encontra-se ao final do capítulo, 
na seção Leituras Recomendadas.
Seja como ferramenta de utilização para a construção das informações em 
produtos radiofônicos, impressos ou digitais (web), seja como um mero processo 
evolutivo do ato de se comunicar, o papel do audiovisual foi fundamental 
para romper com paradigmas centenários e ajudou a reconstruir a forma de 
atuação dos meios de comunicação existentes, criando um hibridismo que 
automaticamente leva à convergência das mídias (CHONG, 2011).
2 O papel da narrativa transmídia 
na convergência midiática
Já faz algum tempo que as tecnologias estão presentes nas vidas das pessoas 
e, por costume, elas já fazem parte de uma nova formatação de sociedade. Ou 
seja, a tecnologia está “formando” novos tipos de cidadãos. Tudo, absoluta-
mente tudo, incluindo uma casa automatizada, carros inteligentes, aparelhos 
telefônicos modernos, televisores interativos e diversosoutros mecanismos, 
contribui para a criação dessa nova sociedade. 
Por estarem tão presentes nas vidas pessoas, essas tecnologias vêm alterando 
a forma dessas pessoas interagirem entre si, pois romperam com suas funções 
e características iniciais de criação. É o caso, por exemplo, do telefone móvel, 
que há 20 anos tinha como função principal a mobilidade de contato direto 
com demais pessoas e hoje basicamente serve para diversas funções, tendo 
seu uso para “ligações” quase que inutilizado.
Antes da explosão da democratização da internet, que disseminou novos 
formatos de mídias, cada conteúdo era bem definido para um determinado 
meio. Jornais eram vendidos em bancas, novelas eram produzidas para ser 
exibidas na televisão e livros, para serem vendidos fisicamente em livrarias 
(CAMORCADI; FLORY, 2003). 
Produção audiovisual e convergência de mídias 5
As atuais tecnologias possuem funções e usabilidades que praticamente 
se fundem, ou seja, convergem entre si. Devido a essa convergência, quem 
consome cada produto constrói uma ideia com base na captação de fragmentos 
e informações que o meio de comunicação oferece. De acordo com Jenkins 
(2009, p. 30): “[...] a convergência é um processo que ocorre dentro do cérebro 
das pessoas e reflete nas suas interações sociais com os outros”. A definição 
de convergência midiática pode ser entendida como:
[...] mudanças tecnológicas, industriais, culturais e sociais no modo como 
as mídias circulam em nossa cultura. Algumas das ideias comuns expressas 
por este termo incluem o fluxo de conteúdos através de várias plataformas 
de mídia, a cooperação entre as múltiplas indústrias midiáticas, a busca de 
novas estruturas de financiamento das mídias que recaiam sobre os interstícios 
entre antigas e novas mídias, e o comportamento migratório da audiência, 
que vai a quase qualquer lugar em busca das experiências [...] que deseja 
(JENKINS, 2009, p. 377).
A convergência entre as tecnologias afeta diversas áreas do mercado e recria conceitos 
que estão transformando diversas empresas. Quer saber como as empresas de TI estão 
sendo impactadas? Procure na internet pela postagem “Convergência tecnológica: 
como o conceito vem transformando as empresas de TI” no blog Runrun.it. A referência 
completa pode ser encontrada na seção Leituras Recomendadas, ao final deste capítulo.
Os anos se passaram e as tecnologias e os meios de comunicação evo-
luíram para a multiplicação de usabilidades. Hoje, produtos audiovisuais 
podem ser consumidos por diversos tipos de plataformas. Além dos meios 
tradicionais de comunicação, podemos acompanhar uma partida de futebol 
do nosso time do coração pelo celular, pelo notebook ou no computador na 
casa de um amigo. A mesma regra vale para diversos outros produtos, como 
reality shows, shows musicais, eventos esportivos, novelas, séries, entre 
outros (SANTOS, 2019).
De acordo com Evans (2011, p. 21): “[...] a narrativa transmídia foi utilizada 
pela primeira vez por Marsha Kinder e Mary Celeste Kearney como uma 
prática promocional envolvendo merchandising, adaptações, sequências e 
Produção audiovisual e convergência de mídias6
franquias”. A terminologia narrativa transmídia foi utilizada por diversos 
artistas, estudiosos e críticos, ganhando certa popularidade durante deter-
minado período da indústria cultural. O termo narrativa transmídia fez 
sucesso, pois era entendido por muitos como um novo modelo de narrativa. 
Para Jenkins (2009, p. 138), ela: 
[...] se desenrola por meio de múltiplas plataformas de mídia, com cada novo 
texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo. [...] Na forma 
ideal de narrativa transmídia, cada meio faz o que faz de melhor — a fim 
de que uma história possa ser introduzida num filme, ser expandida pela 
televisão, romances e quadrinhos; seu universo possa ser explorado em 
games ou experimentado em parques de diversão. Cada acesso à franquia 
deve ser autônomo, para que não seja necessário ver o filme para gostar 
do game e vice-versa.
De maneira simplista, podemos dizer que a narrativa transmídia é ba-
sicamente uma forma de contar histórias, sustentada por três pilares muito 
importantes, que são a participação cultural, a inteligência da coletividade e 
a convergência das mídias (JENKINS, 2009).
As narrativas transmídias são objetos de estudos de diversas áreas, entre elas a narrato-
logia. A narratologia estuda os princípios da narrativa e também suas representações.
De acordo com Costa e Novaes (2016, p. 1), a participação cultural ou “[...] 
a cultura participativa enxerga os consumidores de mídia como possíveis 
participantes que interagem para formar novos conteúdos”. Já nas palavras de 
Lévy (2003, p. 28), a inteligência coletiva pode ser explicada com “[...] uma 
inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada 
em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências”. 
Por sua vez, a convergência midiática, conceito amplamente defendido por 
Jenkins, estuda a tendência que os meios de comunicação estão seguindo para 
se adaptarem à internet (Figura 2).
Produção audiovisual e convergência de mídias 7
Figura 2. A convergência midiática.
Fonte: r.classen/Shutterstock.com.
Uma narrativa pode ter seu papel desempenhado nas convergências mi-
diáticas de diferentes maneiras. Jenkins (2009, p. 183) aponta que elas são 
“[...] o potencial de compartilhamento versus profundidade, o potencial de 
continuidade versus multiplicidade, imersão e extração, a construção de 
universos, a serialidade, a subjetividade e a performance”. 
Profissionais que atuam na área ou em departamentos de comunicação 
podem, por exemplo, usar a narrativa transmídia de forma bem estratégica em 
suas campanhas publicitárias e de comunicação. De acordo com Massarolo 
e Mesquita (2014, p. 8), “[...] a área de marketing, para suprir as demandas de 
transmidiação de conteúdos, utiliza como principal estratégia comunicacional 
e discursiva o storytelling das marcas”.
Além do marketing tradicional, agências especializadas em marketing digital tam-
bém estabelecem para suas campanhas as estratégias transmídias. No âmbito 
digital, elas podem ser vistas nas redes sociais, sites, plataforma de vídeos, plataforma 
de fotos, etc. 
Produção audiovisual e convergência de mídias8
3 O produto audiovisual como elemento 
complementar
Durante muitos anos, antes da chegada da televisão, o rádio foi, sem sombra de 
dúvida, um grande veículo de comunicação. Era comum ver pessoas reunidas 
ao redor do rádio para ouvir programas sobre notícias, jogos de futebol ou 
até radionovelas. 
Quando pensamos no rádio, logo nos vem à mente o papel oral da lingua-
gem, ou seja, os fatos são narrados para que os ouvintes escutem o que está 
sendo dito. O rádio também é marcado pela improvisação, instantaneidade e 
sensorialidade, ou seja, o ato de envolver e conquistar o ouvinte por meio de 
uma conversa mental.
Ao mesmo tempo, desperta a imaginação através da emocionalidade das 
palavras e dos recursos de sonoplastia, permitindo que as mensagens tenham 
nuances individuais, de acordo com as expectativas de cada um. No caso da 
televisão, a decodificação das mensagens também se dá ao nível sensorial, só 
que a imaginação é limitada pela presença da imagem. No caso dos veículos 
impressos, a sensorialidade está muito mais contida, permitindo uma deco-
dificação ao nível racional, sem envolvimentos emocionais que são criados 
pela presença da voz (ORTRIWANO, 1985, p. 80).
Mas quem nunca ouviu falar do ditado popular “uma imagem vale mais 
que mil palavras” ou da frase “se não tem foto não tem fato”? Esses ditos 
podem ser muito bem empregados quando o assunto é o rádio. Para construir 
uma ideia na mente do ouvinte, sempre foi característico o uso das palavras, 
sendo certamente necessário usar no rádio bem mais de mil palavras para se 
criar uma determinada imagem na mente do ouvinte. Essa ideia traduz um 
conceito sobre um novo sistema de comunicação. 
É precisamentedevido a sua diversificação, multimodalidade e versatilidade 
que o novo sistema de comunicação é capaz de abarcar e integrar todas as 
formas de expressão, bem como a diversidade de interesses, valores e imagi-
nações, inclusive a expressão de conflitos sociais (CASTELLS, 1999, p. 461).
Isso é possível porque somos programados para imaginar e para criar o 
imaginário em nossas cabeças. Somos dotados de emoções, razões, desejos e 
sentimentos. Somos dotados da capacidade de criação e temos a condição de 
Produção audiovisual e convergência de mídias 9
transformar palavras em imagens e imagens em sentimentos (JENKINS, 2009). 
Nossos conhecimentos adquiridos ao longo dos anos e no decorrer de nossa 
formação, educação e experiências, por exemplo, são fatores condicionantes 
que nos ajudam a criar esse imaginário.
Para Castells (2007, p. 398): “[...] o novo sistema de comunicação transforma 
radicalmente o espaço e o tempo, as dimensões fundamentais da vida humana”. 
O autor, nesse sentido, refere-se ao novo comportamento adotado pela sociedade 
de buscar no uso das imagens uma forma de comunicação plena. Nunca se 
consumiu tantos produtos audiovisuais como agora. Smartphones, aparelhos 
de televisão, tablets e notebooks se tornaram “extensões dos nossos corpos”.
A produção audiovisual se tornou uma ferramenta de apoio para a produ-
ção de produtos radiofônicos, jornalísticos e para a web, seja em canais no 
YouTube, em portais de notícias, sites ou redes sociais. Devido ao alto grau de 
consumo de conteúdo, a convergência midiática tem crescido cada vez mais 
em nos nossos dias e a produção audiovisual funciona nesse sentido como um 
potencializador (BARBEIRO; LIMA, 2013).
Tomemos o exemplo do rádio. A grande maioria dos carros comercializados 
no mundo possui centrais multimídia em que é possível “ver e ouvir rádio”. 
“Ver rádio” é acompanhar a programação normal, porém transmitida via 
câmera no estúdio. Vários estúdios produzem programas de rádio para serem 
transmitidos por multiplataformas. Você pode acompanhar um determinado 
programa do seu carro ou ainda do celular, tablet ou computador em seu local 
de trabalho. Os aplicativos de comunicação complementam a interação entre 
emissora e público.
A internet não para de “recrutar” novos seguidores, e o jornal segue esse 
mesmo caminho. Em alguns lugares, o formato de jornal impresso já deixou 
de existir, restando apenas o jornal televisivo e o webjornalismo (jornalismo 
on-line). É preciso deixar claro que os jornais não migraram para a web; eles 
criaram, isso sim, braços de atuação no ambiente digital. Essa ação nos leva 
mais uma vez ao movimento da convergência midíatica. Toda a estrutura 
jornalística e forma de atuação é pensada em multiplataformas, visando atender 
os diversos tipos de públicos com conteúdos complementares. 
O produto audiovisual tem ser tornado uma ferramenta bem estratégica na 
produção de conteúdo nos meios radiofônicos, impressos e na web. O processo 
de produção de conteúdos audiovisuais é bem definido e tem se encaixado 
perfeitamente nos meios de comunicação mais tradicionais. Estamos na era do 
consumo da comunicação visual e essa característica foi moldada pela atual 
sociedade, que busca nos meios de comunicação cada vez mais entretenimento, 
conteúdo, interatividade e informação. 
Produção audiovisual e convergência de mídias10
Produção audiovisual e convergência de mídias 11
BARBEIRO, H.; LIMA, P. R. Manual de jornalismo para rádio, tv e novas mídias. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2013.
BARBOSA. S. Bases de dados e webjornalismo em busca de novos conceitos. In:
CAMOCARDI, E. M.; FLORY, S. F. V. Estratégias de persuasão: em textos jornalísticos, 
literários e publicitários. São Paulo: Arte e Ciência, 2003.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. 10. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. 8. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999. v. 1.
CHONG, A. Animação digital. Porto Alegre: Bookman, 2011.
COSTA, F. S.; NOVAES, L. C. K. O. Cultura Participativa: uma Análise de Representação das 
Fanfictions da Telenovela Carrossel. In: CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO 
NA REGIÃO SUDESTE, 21., 2016, Salto. 2016. Anais [...]. Salto, SP: Intercom, 2016.
EDGAR-HUNT, R.; MARLAND, J.; RAWLE, S. A linguagem do cinema. Porto Alegre: Book-
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EVANS, E. Transmedia television: audiences, new media and daily life. New York: Rou-
tledge, 2011.
JENKINS, H. A cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2009.
LÉVY, P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 4. ed. São Paulo: 
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MARQUES, A. Ideias em movimento: produzindo e realizando filmes no Brasil. Rio de 
Janeiro: Rocco, 2007.
MASSAROLO, J. C.; MESQUITA, D. Reflexões teóricas e metodológicas sobre as narrativas 
transmídia. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE 
PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO (COMPÓS), 23., 2014. Belém. Anais [...]. Belém: 
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ORTRIWANO, G. S. A informação no rádio: os grupos de poder e determinação de 
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PRADO, E. Estrutura da informação radiofônica. São Paulo: Summus, 1985.
PRIMO, A. Interação mediada por computador: comunicação, cibercultura, cognição. 
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Paco Editorial, 2019. 
SOPCOM 2005. 4º Congresso da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação. 
P. 1417–1458, 2005. Anais [...]. Aveiro, Portugal, 2005.
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Produção audiovisual e convergência de mídias12
Leituras recomendadas
REGES, T. L. R. Características e gerações do webjornalismo: análise dos aspectos tecno-
lógicos, editoriais e funcionais. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) — 
Faculdade São Francisco de Barreiras, 2010. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/
reges-thiara-caracteristicas-e-geracoes-do-webjornalismo.pdf. Acesso em: 05 abr. 2020.
RUNRUN IT. Convergência tecnológica: como o conceito vem transformando as em-
presas de TI. 2018. Disponível em: https://blog.runrun.it/convergencia-tecnologica/. 
Acesso em: 05 abr. 2020.
ROST, A. Interatividade: definições, estudos e tendências. In: CANAVILHAS, J. (Org.). 
Webjornalismo: 7 características que marcam a diferença. Covilhã, Portugal: LabCom, 
2014. p. 53–88.
PRODUÇÃO 
AUDIOVISUAL
Victor Andrei Silva 
A reportagem televisiva
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer o papel da TV na evolução do audiovisual.
  Identificar os elementos de noticioso de televisão. 
  Analisar as etapas da produção e veiculação de uma reportagem de TV.
Introdução
Nos últimos tempos, o telejornalismo e a reportagem em televisão têm 
sido objeto dos mais diversos tipos de estudos. Em meio à multiplicação 
das plataformas de informação e comunicação, produzir notícia em 
televisão tem se tornado um grande desafio para emissoras de todos os 
tamanhos e portes no Brasil e no mundo. O consumo de informações 
tem sido frenético por parte do público, mas a televisão, nesse sentido, 
não acompanha tamanha velocidade, por apresentar características bem 
peculiares. De todo modo, com o passar dos anos, a evolução tecnológica 
levou naturalmente ao desenvolvimento da televisão, e hoje ela se torna 
uma mídia cada vez mais interativa e convergente com os demais meios 
de comunicação.
Neste capítulo, vamos estudar o papel da televisão na evolução do 
audiovisual, identificar quais são os elementos presentes na notícia em 
televisão e analisar as etapas da produção e veiculação de uma repor-
tagem de TV. 
1A televisão e a evolução do audiovisual
Considerada um dos principais meios de comunicação do século XX, a televisão 
foi e continua sendo um dos meios mais consumidos pelas sociedades ao redor 
de todo o mundo. Por muito tempo, a televisão vem sendo considerada um dos 
meios mais efi cientes para a difusão de informações, ideias e conteúdos. Desde 
sua criação, é uma mídia que revolucionou a forma de divulgar e compreender 
o que é comunicação. 
Desde sua invenção até os dias atuais, a televisão passou por diversas 
fases, com destaque para a mudança de sinal analógico para digital. Hoje esse 
processo de digitalização está acelerando e modificando a forma de se produzir 
conteúdos para televisão. A atual expansão da televisão no Brasil está ligada 
diretamente à convergência digital que vem sendo aplicada na produção de 
conteúdos multipltaformas. 
As transformações mais significativas da televisão aberta brasileira decorrem 
de processos de duas ordens que repercutiram nos meios de comunicação 
como um todo: de um lado, o desenvolvimento acelerado das tecnologias 
digitais e, de outro lado, a intensificação dos fluxos mediáticos transnacionais 
(RIBEIRO; SACRAMENTO; ROXO, 2010, p. 280).
Diante desse contexto evolutivo, a cada dia cresce o número de produções 
audiovisuais no Brasil e no mundo, e a qualidade também acompanha esse 
crescimento. Já é possível produzir conteúdo 4K nas mais diversas plataformas 
audiovisuais. Além disso, existe uma grande oferta de telejornais, portais de 
notícias, jornais on-line, plataformas de canais de vídeos, filmes, animações, 
webinários e diversos outros produtos audiovisuais. A programação televisiva 
vem convergindo em podcasts, blogs, sites e smartphones. Assim, a questão 
transmídia já é uma realidade no âmbito da televisão.
A atual produção de conteúdo para a televisão visa à interatividade, e para 
que exista essa interatividade, essa produção baseia-se em convergência. Hoje, 
busca-se constantemente a participação direta do expectador nos programas, 
ou seja, sua interatividade, o que pode ser articulado de diversas formas. A 
televisão deixou de desempenhar o papel de ferramenta de monólogos como 
sempre ocorreu. Para Ribeiro, Sacramento e Roxo, (2010, p. 280): 
[...] essa articulação assume as mais distintas formas de manifestação. Temos 
hoje programas de auditório que reproduzem os vídeos mais comentados 
na internet, que exibem vídeos enviados por internautas. [...] Neste mesmo 
contexto evolutivo da comunicação, os telejornais também se convergem para 
as plataformas web [e] os assuntos abordados na edição do telejornal do dia 
passam a ser oferecidos em textos complementares (serviços, documentos 
na integra, receitas etc.) ou conversas por meio de chats com especialistas. 
A reportagem televisiva2
Automação na captação de leads, realidade virtual, câmeras compactas, protocolos de 
internet e one touch — essas são apenas algumas das últimas tecnologias adotadas 
no âmbito do audiovisual nos últimos anos. Para ficar por dentro dessas e outras 
novidades, consulte o artigo “O que evoluiu em tecnologia audiovisual”, assinado por 
Luiz Gustavo Pacete (2017), publicado no site Meio & Mensagem.
Nos dias atuais, produzir conteúdos e produtos audiovisuais para fins 
televisivos tem sido desafiador para veículos, meios e programas de televisão, 
mas mesmo diante dessas dificuldades a televisão tem se reinventado e sido 
uma grande fomentadora para o crescimento de produtos audiovisuais no 
Brasil e no mundo. 
O processo natural de evolução e revolução da televisão ocorrido nos 
últimos anos vem impulsionando o crescimento das chamadas convergências 
midiáticas. Não apenas a televisão, mas a web, mídias sociais, canais de vídeos 
e plataformas de streaming caminham para se tornar um complemento unitário 
de comunicação e informação.
A criação de produtos televisivos, entre eles o jornalismo, passa sobretudo 
pelo o entendimento prático da aplicação de conteúdos, além de convergi-los 
para diversos outros canais. Praticar convergências entre as mídias não é 
uma mera questão de mudança tecnológica ou mesmo de adaptação, como 
erroneamente muitas pessoas acreditam ser. É usar estrategicamente os meios 
de comunicação em prol de um bem comum, a mensagem. Nas palavras de 
Jenkins (2008, p. 27), convergência refere-se ao: 
[...] fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, à coopera-
ção entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos 
públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca 
das experiências de entretenimento que desejam. Convergência é uma palavra 
que consegue definir transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais 
e sociais, dependendo de quem está falando e do que imaginam estar falando.
Quando o assunto é conteúdo, o uso da imagem e o apelo visual têm represen-
tado nos dias atuais um grande atrativo para a sociedade de consumo. Recursos 
audiovisuais têm um grande apelo e, além de serem extremamente convidativos à 
3A reportagem televisiva
interação, são ferramentas importantes quando o objetivo é o convencimento. Essa 
é uma das maiores contribuições que a televisão propiciou para o desenvolvimento 
e evolução do audiovisual no mundo. Podemos dizer que esse legado contribuiu 
para a difusão das demais tecnologias audiovisuais que conhecemos.
Com a chegada da internet, o audiovisual tornou-se mais democrático. 
Diariamente, conteúdos veiculados na televisão são compartilhados por pes-
soas nas mais diferentes plataformas. Muitos autores e estudiosos da área 
sustentam que essa evolução avança para a construção da chamada era da 
civilização audiovisual.
2 A televisão e os elementos noticiosos
Todos os dias, a população consume notícias pela televisão. Seja em canais 
abertos ou fechados, existem diversos tipos de telejornais e editoriais informa-
tivos, e o ritmo de oferta desses produtos tem sido frenético. Para grande parte 
da população, a televisão ainda é o único instrumento de acesso à informação. 
Esse fator pode ser compreendido pela característica desse veículo tão poderoso 
enquanto meio de comunicação gratuito. 
Ao longo do dia, os telejornais da televisão aberta das mais variadas emissoras 
ainda são a fonte primordial de informação para grande maioria da população, 
reportando sobre esportes, política, aspectos econômicos, etc. Os níveis de au-
diência demonstram que, mesmo em meio às diversas outras formas de mídia, a 
televisão ainda ocupa um espaço cativo de preferência no cotidiano das pessoas 
quando o assunto é a busca pela notícia. A televisão é o mecanismo-chave que 
faz o telejornalismo ter essa função e, ao abordar o telejornalismo, é necessário 
pensar em seus elementos noticiosos como um todo, entre eles a notícia. 
Mas o que é a notícia? Para Henn (1996, p. 111), “A notícia desenvolve-se 
como leitura e tradução do mundo, condição denominada de atividade inter-
pretante, segundo a semiótica peirceana. Sendo tradução, recria o mundo, 
dando-lhe formato narrativo e hierarquizado”.
A notícias são selecionadas como resumos diários para pessoas com pouco 
tempo e precisam ser traduzidas em texto e comunicação as mais diversas 
idades, culturas e níveis sociais. O processo de criação de uma notícia em 
televisão passa, sobretudo, pela interferência do jornalista que seleciona, lê 
e compreende o ocorrido, para então fazer uso do recurso visual para narrar 
os fatos. Porém, isso depende da captação da imagem feita pelo repórter ci-
nematográfico, que faz a mediação nesse processo de elaboração do produto 
inicial em produto final, ou seja, na prática, a transformação da notícia em 
A reportagem televisiva4
reportagem. De acordo com Araújo (2017, p. 179): “[...] a reportagem na tele-
visão é a narrativa de uma história contada por palavras através do jornalista 
e de seus entrevistados, com o uso de sons (ambiente ou editado) e imagens 
(registradas pelas câmeras ou produzidas pela arte digital)”.
Os gêneros do telejornalismopodem ser categorizados em jornalismo informa-
tivo, jornalismo de opinião, interpretativo e de divertimento (GOMES, 2002). O 
jornalismo informativo lida com os formatos nota, notícia, reportagem, entrevista e 
prestação de serviço. Já o jornalismo de característica opinativa lida com os formatos 
editorial, comentários, resenhas, crônicas e caricaturas. Por fim, o jornalismo de 
divertimento visa entreter com notícias do cotidiano e de interesse comum, enquanto 
o jornalismo interpretativo aborda pesquisas, por exemplo. (GOMES, 2002).
Elementos noticiosos
Quando falamos em elementos noticiosos, é importante distinguir e entender suas 
diferenças e a importância de sua aplicação e utilização. Para Pena (2005, p. 70): 
[...] a distinção entre nota, notícia e reportagem está na progressão dos acon-
tecimentos. A nota corresponde ao relato dos acontecimentos, a notícia é o 
relato integral de um fato que já eclodiu no organismo social e a reportagem 
é o relato ampliado de um acontecimento que repercutiu no organismo social.
Para que um telejornal vai ao ar, vale ressaltar a importância técnica da 
aplicação de alguns elementos, como nota pelada (NP), nota coberta (NC), 
flash ou boletim, stand up, matéria e reportagem. A objetividade e a clareza 
de conteúdo na utilização desses elementos são fundamentais para se atingir 
o objetivo proposto por um telejornal. 
Em quaisquer desses elementos, quando se estrutura um texto apresentando logo 
no início suas informações mais importantes, isso tende a estimular os espectadores 
a prosseguir até o fim do conteúdo. 
NP é um termo jornalístico que se aplica quando uma notícia é veiculada e 
o apresentador do telejornal narra o fato sem o recurso visual. NPs são comuns 
no telejornalismo, pois refletem o interesse do veículo de comunicação em 
5A reportagem televisiva
noticiar o fato. Limitações técnicas, de infraestrutura e de equipamentos das 
emissoras são fatores que contribuem para a utilização de NPs nos telejornais.
Por sua vez, uma NC corresponde “[...] ao texto lido em off pelo apre-
sentador e coberto por imagens referentes ao assunto” (PENA, 2005, p. 70). 
Em transmissões ao vivo, as NCs têm a função de ajudar os telespectadores 
a entender melhor os fatos. Vale ressaltar que seu texto não tem a função de 
descrever as imagens, apenas de complementá-las. 
Um boletim ou flash é basicamente a intervenção ou entrada do repórter 
durante o fato. Essa entrada pode ser ao vivo ou gravada. Comparado à NP e à 
NC, este elemento da notícia é mais completo, pois exige a presença de jornalistas 
no local do fato. Em sua aplicação prática, o boletim se assemelha muito com o 
stand up, afora que este último inclui um entrevistado no local da notícia, podendo 
ser direta ou indiretamente. É esse entrevistado quem fornecerá informações 
que complementarão a notícia, dando mais credibilidade à reportagem. 
Além disso, é muito comum haver confusão sobre o que é matéria e o que é 
uma reportagem. Para Pena (2005), a matéria é algo mais factual e mais resumido. 
Trata-se, assim, de uma síntese bem estruturada que leva menos tempo para ser 
produzida. Por outros lado, ainda de acordo com Pena (2005, p. 70): “A reportagem 
é mais completa, é mais elaborada e detalhada e, para se construir uma reportagem, 
se gasta mais tempo, pois seu conteúdo é mais complexo e extenso”. Obviamente, 
ambos tipos de textos jornalísticos buscam a imparcialidade.
Conforme Araújo (2017, p. 181), na notícia ou reportagem “[...] os textos 
jornalísticos são sempre divididos em três partes, sendo o título (manchete), o 
lead (resumo) e o corpo do texto (detalhamento das informações)”. Os gêneros 
de reportagem televisiva apresentam as seguintes características: textos em 
primeira ou terceira pessoa, temas de interesse social, linguagem simples, 
clara e dinâmica, discurso direto e indireto, objetividade ou subjetividade e 
textos assinados pelos autores.
Dentre os tipos de reportagens, existe a chamada reportagem de ação (action story), 
que é aquela que apresenta o desenrolar dos fatos. Geralmente, inicia-se pelo acon-
tecimento mais atraente e vai se deslocando para outros que contribuem para o 
detalhamento da história.
A reportagem televisiva6
Em geral, a aplicação técnica de certos elementos na notícia pode trazer 
inúmeros benefícios. Na televisão, o uso do texto narrativo, por exemplo, 
confere um maior poder de persuasão e profundidade ao tema. Essa técnica 
fará com que o conteúdo seja mais criativo e gere o interesse desejado para 
o leitor. Além disso, não se pode esquecer de uma regra básica e que deveria 
ser óbvia: toda notícia deve ter início, meio e fim. Enfim, cada fato e cada 
notícia deve ser apresentado ao telespectador de uma forma corrente e gradual, 
baseando-se sempre no contexto como um todo. 
3 Reportagem para televisão: da produção 
à veiculação
Somos movidos por informação e impactados por conteúdos. Todos os dias, 
quando ligamos nossa TV logo pela manhã e escolhemos o canal de nossa 
preferência, um telejornal regional ou nacional estará sendo transmitido. Nesse 
telejornal, certamente estarão passando reportagens de interesse coletivo das 
mais diversas particularidades e importâncias, abordando temas como saúde, 
emprego, economia, políticas públicas, etc. 
Embora pareça uma simples transmissão de notícias, a junção de textos, 
artes, imagens e narrações de fatos não é algo simples ou fácil de criar e 
executar. A corrida contra o tempo é grande e diversos desafios precisam 
ser superados por quem produz conteúdo para televisão. Tivemos, porém, 
avanços tecnológicos e, com eles, novas maneiras de se fazer reportagens. 
Independentemente de sua linha jornalística, a reportagem assumiu um papel 
de mediação nas discussões de assuntos de interesse geral (ARAÚJO, 2017).
A produção de uma reportagem costuma exigir uma equipe formada por 
profissionais de vídeo e de áudio, dependendo da estrutura e do tamanho de 
cada emissora. De acordo Araújo (2017), a uma reportagem para a televisão 
pode ser dividida em pré-produção, produção e pós-produção. Na pré-produção, 
elabora-se a pauta jornalística definem-se as fontes de pesquisas e os persona-
gens da entrevista. Na produção, busca-se os fatos e ajusta-se o material bruto. 
Por fim, na pós-produção o material é editado e disponibilizado para ir ao ar.
De acordo Squirra (1993, p. 84) “[...] a produção de reportagem para o 
telejornalismo requer muita atenção, pesquisa, checagem, além de muito 
profissionalismo da parte de todos os envolvidos no processo”. Nesse sentido, 
uma reportagem jornalística é estruturada em pauta, informação apurada 
(investigação), entrevistas, texto e edição final para veiculação.
7A reportagem televisiva
A pauta
Construir pautas para telejornais requer esforço, pesquisa, estudo e dinamismo. 
Antes de qualquer notícia ir ao ar e chegar à televisão de cada telespectador, 
vários profi ssionais envolvidos no telejornalismo (repórteres, apresentado-
res, editores, produtores, cinegrafi stas e técnicos) atuam com um objetivo 
comum: a busca de informações para a proposição ou construção de pautas. 
Esse exercício é realizado em conjunto pelas diversas áreas de um programa 
telejornalístico. Nesse contexto, toda matéria jornalística é pautada por um 
determinado assunto e deve ser debatida. 
Dependendo do perfil do programa, a escolha da pauta é feita pelas equipes 
de produção e edição, que se reúnem com demais membros para definir qual 
será o foco de cada matéria. Definida a pauta, parte-se para a produção. Para 
se construir boas pautas, o conteúdo é o segredo. Assim, estar antenado ao que 
está acontecendo local ou nacionalmente é fundamental. Isso varia conforme 
a abrangência e alcance do telejornal, e pode fazer uma grande diferença em 
termos de reportagens televisivas. 
A busca pela informação
Buscar informações é parte importante da produção de uma reportagem tele-
jornalística e dever de quem está produzindo um conteúdo que será veiculado 
para dezenasde milhares de pessoas. A existência de documentação que 
comprove os fatos e entrevistas com envolvidos ajudam a compor os elementos 
do texto, que são os personagens e as fontes. Esses elementos não podem 
faltar na reportagem televisiva ou em qualquer outro veículo de comunicação. 
Para Lage (2009, p. 62): “[...] as fontes podem ser mais ou menos confiáveis 
(confiança, como se sabe, é coisa que se conquista), pessoais, institucionais 
ou documentais”. São esses elementos que dão maior credibilidade ao veículo 
de comunicação e à reportagem.
Proteger as fontes é uma medida fundamental que deve ser praticada pelo jornalismo. 
Portanto, a ética deve ser colocada sempre em primeiro lugar para que a matéria ou 
reportagem jornalística tenha o efeito desejado. 
A reportagem televisiva8
São consideradas fontes confiáveis: órgãos do governo, institutos, organiza-
ções, entidades, associações e sindicatos. As fontes fazem parte da reportagem 
e sua checagem deve ser muito rigorosa, avaliando sempre de forma imparcial 
a veracidade dos fatos. São as fontes jornalísticas que ajudarão a estruturar 
o conteúdo de uma notícia. 
Para Cruz Neto (2008, p. 32): “[...] o uso das fontes deve seguir um caminho du-
plo: é preciso ouvir as fontes autorizadas sobre o assunto em pauta, mas é necessário 
estar sempre atento a outras opiniões, a pessoas que tenham algo novo a dizer”. 
As entrevistas
De acordo com Lage (2009, p. 66): “[...] a entrevista é o procedimento clássico 
de apuração de informações em jornalismo. É uma expansão da consulta às 
fontes, objetivando, geralmente, a coleta de interpretações e a reconstituição 
de fatos”. Para a realização de reportagens em televisão, o tipo de entrevista 
de ocasião é a que mais cria interação. Entrevistas desse tipo costumam ser 
realizadas ao vivo e permitem ao entrevistado falar de situações com since-
ridade por estar compromissado com a verdade.
A entrevista em televisão tem o poder de transmitir o que o jornalismo impresso 
nem sempre consegue: a exposição da intimidade do entrevistado. Os gestos, o 
olhar, o tom de voz, o modo de se vestir, a mudança no semblante influenciam o te-
lespectador e a própria ação do entrevistador, que ao adquirir experiência consegue 
tirar do entrevistado mais do que ele gostaria de dizer (BARBEIRO, 2013, p. 85).
É importante lembrar que uma entrevista é baseada numa estrutura básica 
em que deve existir a interação entre os participantes, representados na pessoa 
do entrevistador e do entrevistado. Essa interação será o fator gerador de 
credibilidade ao fato. 
O jornalismo brasileiro possui em sua galeria brilhantes profissionais que ao longo de 
suas carreiras protagonizaram grandes entrevistas. No site Observatório da Imprensa, o 
professor de jornalismo Pedro Celso Campos (2002), da Unesp–Bauru, publicou o artigo 
“Técnicas de entrevista”, que traz uma compilação de definições, dicas e estratégias 
de renomados repórteres brasileiros. 
9A reportagem televisiva
O texto e a edição final 
Quando nos referimos ao texto em telejornalismo, estamos falando de off , que 
também pode ser chamado de narrativa textual da reportagem telejornalística. 
Segundo Rezende (2000, p. 149), off é a parte da notícia gravada pelo repór-
teres ou pelo apresentador “[...] para ser conjugada com as imagens do fato, 
sem que o rosto de quem faz a leitura apareça no vídeo. Nas matérias em off , 
a narração do locutor ou do repórter deve estar harmoniosamente conjugada 
com as imagens que cobrem o texto lido”. Assim como no rádio, na televisão 
o texto deve ser coloquial. Para Barbeiro (2013, p. 97), o jornalista precisa ter 
em mente que está contando uma história para alguém, em “[...] um casamento 
da palavra com a imagem”. Nesse caso, podem ser usadas imagens coletadas 
por repórteres cinematográfi cos ou imagens produzidas por artistas gráfi cos. 
Despois de gravadas as imagens e o texto, resta a edição final do material, 
que será conduzida por profissionais de audiovisual que cuidarão do som e 
da imagem e de tudo mais que for necessário para deixar o material com 
qualidade para ser veiculado. 
É muito importante a presença do profissional de sonoplastia no telejornalismo. Esse 
profissional está apto a cuidar do som e criar efeitos e fundos sonoros na reportagem, 
com o objetivo de atrair e mexer com emoção do telespectador.
Na edição final do material, inicia-se o processo de refinamento, em que 
profissionais e repórteres dão os ajustes necessários para que o material atenda 
a seu propósito inicial, que é transmitir o conteúdo e a notícia sem o mínimo de 
ruído possível. Na edição, observa-se o texto, a fala do entrevistado, o volume 
do áudio captado, o ajuste de cores da câmera e a cronometragem do material.
O responsável por essas e outras ações é o editor. Para Barbeiro (2013, 
p. 102): 
[...] a função de editor na TV é trabalhosa, dá pouca visibilidade ao jorna-
lista, mas é de fundamental importância, pois a edição é a montagem final 
da reportagem que vai ao ar no telejornal. É nessa etapa de elaboração da 
matéria que fica mais clara a ação do jornalista em excluir e suprimir parte 
do material colhido, sob ação da subjetividade. 
A reportagem televisiva10
A veiculação da notícia em qualquer telejornal parte da escolha feita pelo editor. 
Se uma determinada reportagem tem a intenção de atingir determinado público, até 
o horário é escolhido estrategicamente. Em geral, o objetivo é prender a atenção do 
telespectador e gerar curiosidade sobre o assunto. Isso implica a criação de artes, 
vinhetas, chamadas e até efeitos visuais, se necessário. A utilização desses efeitos 
gráficos passou a fazer parte do contexto jornalístico nos anos 1970. A carência 
de imagens, em certas situações, fez com que profissionais de computação gráfica 
começassem a fazer parte da equipe de produção jornalística, atuando como novos 
mediadores nesse processo de produção da reportagem televisiva.
ARAÚJO, G. F. Telejornalismo: da história às técnicas. Curitiba: Intersaberes, 2017.
BARBEIRO, H.; LIMA, P. R. Manual de jornalismo para rádio, tv e novas mídias. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2013.
CAMPOS, P. C. Técnicas de entrevista. Observatório da Imprensa, 13 mar. 2002. Dispo-
nível em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/primeiras-edicoes/tcnicas-de-
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CRUZ NETO, J. E. Reportagem de televisão: como produzir, executar e editar. Petrópolis: 
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GOMES, I. M. M. A noção de gênero televisivo como estratégia de interação. Revista 
Fronteiras — Estudos midiáticos, v. 4, n. 2, p. 165–185, dez. 2002.
HENN, R. Pauta e notícia: uma abordagem semiótica. Canoas: Ulbra, 1996.
JENKINS, H. Cultura da convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2009.
LAGE, N. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de 
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PACETE, L. G. O que evoluiu em tecnologia audiovisual. Meio&Mensagem, 27 abr. 2017. 
Disponível em: https://www.meioemensagem.com.br/home/midia/2017/04/27/o-
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PENA, F. Teoria do jornalismo. São Paulo: Contexto, 2005.
REZENDE, G. J. Telejornalismo no Brasil: um perfil editorial. São Paulo: Summus, 2000.
RIBEIRO, A. P. G.; SACRAMENTO, I.; ROXO, M. A história da televisão no Brasil. São Paulo: 
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SQUIRRA, S. Boris Casoy: o âncora no telejornalismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1993.
11A reportagem televisiva
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Leituras recomendadas
BISTANE, L.; BACELLAR, L. Jornalismo de TV. São Paulo: Contexto, 2005.
CAMOCARDI, E. M.; FLORY, S.F. V. Estratégias de persuasão: em textos jornalísticos, 
literários e publicitários. São Paulo: Arte e Ciência, 2003.
CURADO, O. A notícia na TV: o dia-a-dia de quem faz telejornalismo. São Paulo: Alegro, 
2002.
DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2015.
FLOSI, E. Por trás da notícia: o processo de criação das grandes reportagens. São Paulo: 
Summus, 2012.
FOLHA DE S. PAULO. Manual de Redação. 12. ed. São Paulo: Publifolha, 2008.
PATERNOSTRO, V. I. O texto na TV: manual de telejornalismo. 7. ed. São Paulo: Campus, 
2006.
A reportagem televisiva12
PRODUÇÃO 
AUDIOVISUAL 
Otavia Alves Cé
Produção de audiovisual 
institucional
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Explicar o que é produção audiovisual.
  Definir audiovisual institucional.
  Reconhecer as etapas da produção de uma obra audiovisual 
institucional.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a etapa de produção audiovisual, em 
especial questões relacionadas à composição, à linguagem estética e à 
equipe de produção. Você também vai conhecer conceitos relacionados 
com a produção audiovisual institucional, uma ferramenta de comunica-
ção poderosa para a criação, a manutenção ou a mudança da imagem 
de empresas e instituições. Além disso, você vai ver as peculiaridades da 
produção audiovisual institucional, bem como acompanhar uma reflexão 
acerca do trabalho do comunicador responsável por tal processo.
Hora de gravar: a produção audiovisual
Uma produção audiovisual exige um projeto e um planejamento detalhados. É 
preciso defi nir o que se quer dizer, como contar, com o que gravar, com quem 
trabalhar e para quem. Ou seja: muitas perguntas têm de ser respondidas para 
evitar erros, surpresas ou esquecimentos, minimizando possíveis imprevistos, 
atrasos e difi culdades que possam surgir durante a gravação. Só depois é que 
se passa para o estágio de fi lmagem.
A maneira como a gravação vai se desenvolver depende de que produto 
se deseja obter ao final da produção. A primeira diferença fundamental é 
em relação à abordagem, ou seja, é preciso definir se a produção será uma 
ficção ou um documentário. Na produção de ficção, tudo deve ser muito 
mais controlado, fechado e medido. Há pouco espaço para improvisação ou 
mudanças importantes. Geralmente, há a exigência de uma grande equipe 
para uma produção de ficção profissional. Tudo deve ser controlado minu-
ciosamente para se obter um bom resultado e não haver dispêndio de verbas 
não previstas.
Já a produção de documentários ou reportagens é muito mais aberta no 
momento da gravação ou filmagem. É comum a equipe de produção se ver 
frente a situações que não haviam sido antecipadas, que podem conferir mais 
riqueza ao produto em elaboração. O roteiro do documentário é muito mais 
aberto, por exemplo, e em muitas ocasiões ele só fica completo no momento 
da produção. As filmagens geralmente são feitas com muito menos recursos 
humanos e materiais. As pessoas ou animais que aparecem nos documentários 
são geralmente personagens reais, e não atores ou atrizes.
Composição
A composição, Segundo Dondis (1991, p. 6), se aplicada à pintura, é con-
ceituada como “[...] a arte de agrupar as fi guras e acessórios para obter o 
melhor efeito, de acordo com o que se quer representar”. Em uma produção 
audiovisual, pode-se dizer que a composição é a arte de ordenar, selecionar 
e arranjar os elementos necessários para comunicar ao público o que se 
pretende dizer.
A câmera oferece milhares de possibilidades para compor ou enquadrar 
uma cena. O enquadramento é tudo o que se coleta através do visor da câmera. 
A composição que se realiza dentro da estrutura da câmera depende:
  do ponto de vista, ou seja, de onde a câmera é colocada;
  do tipo de plano utilizado;
  do tipo de objetivo narrativo.
O ponto de vista é definido pelo lugar onde a câmera é colocada para a 
gravação: pode ser um pouco mais alto ou um pouco mais baixo, um pouco 
para a esquerda ou mais para a direita, na frente ou atrás da personagem. 
Dependendo de onde se coloca a câmera, gera-se um efeito ou outro. Assim, 
de acordo com o ângulo em que se posiciona a câmera em relação ao assunto, 
é possível obter três tipos de enquadramento. Veja a seguir.
Produção de audiovisual institucional2
  Ângulo normal: a câmera é colocada na mesma altura dos olhos 
do sujeito que está sendo gravado. É a altura usual do horizonte e 
a presente na maior parte do tempo nas produções. É o plano que 
menos impressiona porque as pessoas estão acostumadas a olhar a 
partir dessa posição.
  Ângulo picado: a câmera é colocada acima dos olhos do assunto gra-
vado. Esse ângulo estabelece uma relação de superioridade em relação ao 
personagem registrado, que é visto de maneira inferior pelo observador. 
O ângulo picado também ajuda a fazer planos muito amplos de uma 
cidade, um campo ou uma paisagem.
  Ângulo contrapicado: a câmera está localizada abaixo dos olhos do 
assunto gravado. Assim, uma relação de inferioridade é estabelecida 
perante o personagem que está sendo gravado, que parece superior e 
mais importante do que o observador.
Por sua vez, a escolha de um tipo de plano tem implicações em termos 
do grau de proximidade e da privacidade que a câmera estabelece em relação 
ao assunto. O tipo de plano também se relaciona à quantidade de informação 
que se deseja fornecer. É possível priorizar o contexto, em um plano geral, 
ou a expressão do rosto, em um primeiro plano. A seguir, veja os principais 
tipos de planos.
  Grande plano geral: plano muito aberto em que a figura humana é 
mal percebida e em que prevalece o contexto geral. Serve para situar 
a narração em seu espaço.
  Plano geral: a figura humana é vista em seu contexto. Esse plano ajuda 
a situar a personagem na cena e a dar informações ao espectador sobre 
os elementos e as pessoas que a cercam.
  Plano americano: a figura humana é vista dos joelhos para cima. Esse 
plano também é chamado de plano três quartos. Ele era muito usado nos 
westerns porque permitia ver os cartuchos dos caubóis. Nesse plano, o 
espaço em torno das mãos também é importante.
  Plano médio: a figura humana é vista da cintura para cima. Esse tipo 
de plano permite uma abordagem maior sobre o assunto em questão. 
É um plano amplamente utilizado nos diálogos entre as personagens.
  Primeiro plano: a figura humana é vista do pescoço para cima. É um 
tipo de plano em que a força da imagem recai sobre o rosto e a expressão 
3Produção de audiovisual institucional
da personagem. A abordagem da câmera informa sobre a importância 
dessa personagem e confere certo grau de intimidade com a pessoa 
retratada e com os seus sentimentos. Nesse tipo de plano, o contexto 
desaparece, porque não importa muito onde a personagem está, mas 
como ela fala ao interlocutor. Esse tipo de plano é amplamente utilizado 
em entrevistas íntimas ou depoimentos em que se almeja identificação 
e empatia com a pessoa retratada.
  Primeiríssimo plano: detalhe da face da figura humana. Procura uma 
abordagem mais próxima da pessoa do que no caso do primeiro plano. 
Esse plano serve para focalizar o olhar do observador em um ponto da 
personagem, tais como olhos ou lábios.
  Plano detalhe: detalhe de qualquer elemento, seja da figura humana ou 
de um objeto. É uma espécie de plano que, embora não seja fundamental 
na sequência narrativa gravada, pode facilitar a montagem e melhorar 
o ritmo dela, além de fornecer mais informações.
Aprenda mais sobre planos de enquadramento no link a seguir.
https://qrgo.page.link/6PfXw
O tipo de objetivo narrativo que se usa também é decisivo na composição. 
Os objetivos são as formas de captação da visão, que variam de acordo com 
o tipo de lente utilizada no processo de gravação. O ângulo de visão depende 
da distância focal da lente. Basicamente, pode-se falar sobre três tipos de 
objetivos, como você pode ver a seguir.
  Lente objetiva normal:

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