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PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Victor Andrei Silva Texto, som e imagem Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Distinguir o produto audiovisual do impresso, web e radiofônico. Definir as principais características do texto para um audiovisual. Produzir textos para um audiovisual noticioso. Introdução A audição e a visão são dois componentes muitos importantes no pro- cesso comunicativo. Certamente, se não houvesse um deles, talvez o processo comunicativo que conhecemos hoje seria muito diferente ou até mesmo inviável. Nesse sentido, quando equacionamos ou somamos os elementos visuais e sonoros, chegamos ao audiovisual. A soma desses dois elementos interfere diretamente nos sentidos humanos e no modo como enxergamos o mundo. Atualmente, o uso da tecnologia está ligado à necessidade constante de interação e comunicação que o ser humano possui em sociedade. Como essa necessidade de interação vem se exacerbando, o audiovisual ganha cada vez mais espaço entre crianças, jovens e adultos. Pela junção de recursos tecnológicos em um único aparelho, as novas tecnologias mostram-se a serviço da produção audiovisual. Neste capítulo, você vai aprender a reconhecer as diferenças entre produtos audiovisuais, impressos, da web e radiofônicos. Além disso, verá como o texto é aplicado e elaborado ao meio audiovisual. 1 O texto e a palavra Nossa ideia aqui não é fazer um resgate histórico sobre os conceitos, a desco- berta do texto e sua evolução cronológica ao longo do tempo, e sim examinar o texto em sua roupagem contemporânea. De acordo com Camocardi e Flory (2003, p. 7), “[...] a palavra existe a serviço da comunicação e, assim sendo, vai ser sempre um vazio a ser preenchido pela consciência do receptor da mensagem”. Nesse sentido, o desejo de comunicação de nossas ideias é mediado por uma unidade menor, chamada de signo. Um signo é o símbolo de objetos ou ideias que se deseja comunicar, seja pela expressão oral ou pela expressão escrita (CAMOCARDI; FLORY, 2003). A maneira como articulamos as palavras e as organizamos em um texto determina o nosso discurso, bem como nossa expressão pessoal, que é basicamente o estilo. No texto, a palavra ou vocabulário de palavras usadas representa o signo linguístico que tem como objetivo expressar uma ideia que pode ser repre- sentada por um determinado objeto, imagem, sentido perceptivo ou um ser. O texto é a matéria-prima da expressão. O jornalismo impresso e televisivo faz o uso inteligente dessa ferramenta. É muito comum vermos profissionais de comunicação, sejam eles jornalistas, publicitários ou profissionais de relações públicas, expressarem-se com ma- estria pelo uso do texto nos jornais impressos. Mas como podemos definir o que é um texto? De modo simples e didático, Camocardi e Flory (2003, p. 7) definem texto: [...] como uma unidade de linguagem, de extensão variável, produzido a partir de determinado contexto ou situação. Além do contexto ou situação, há outros dois elementos dos quais depende a significação do texto: o locutor, emissor ou sujeito e o interlocutor, receptor ou destinatário. O ser humano começou a comunicar entre si por meio de gestos e sons. Sons se transformaram em palavras, palavras dão sentidos e sentidos geram sentimentos. De forma sintética, esse ciclo nos conduziu até o momento atual, mas ainda assim temos muitas dificuldades de compreender como ocorre o processo comunicativo em nossos dias. Uma hipótese instigante vem recebendo cada vez mais defensores nas áreas de história, linguística e psicologia. Você pode aprender mais sobre ela buscando na internet o texto “Linguagem humana evoluiu de forma abrupta, mostra estudo da FFLCH”, publicado no site oficial da Universidade de São Paulo (UP). A referência completa pode ser encontrada ao final deste capítulo, na seção Leituras recomendadas. Texto, som e imagem2 É bem verdade que o conceito de texto tem, ao longo dos últimos anos, evoluído, e não somente de textos escritos e verbais, mas também de textos na forma oral e visual, cujo principal objetivo é a comunicação e a apresentação de um sentido. A comunicação precisa fazer sentido e ter significado, caso contrário não é comunicação. Um dos objetivos da comunicação é a troca de informação entre os envolvidos, e o texto tem exatamente essa função. Para Field (2001, p. 22), [...] todo texto exige pesquisa e pesquisa significa reunir informação. Lembre- -se: a parte mais difícil de escrever é saber o que escrever. Fazendo pesqui- sa — seja em fontes escritas como livros, revistas e jornais, ou através de entrevistas pessoais — você adquire informação”. 2 Audiovisual: texto, som e imagem No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (AUDIOVISUAL, 2009, p. 343), o conceito de audiovisual é defi nido como qualquer comunicação, mensagem, recurso, material “[...] que se destina a ou visa estimular os sentidos da audição e da visão simultaneamente”. O audiovisual é utilizado em todas áreas, desde a educação ao entretenimento. Vídeos institucionais, animações, jogos de videogame, fi lmes, podcast, vídeos no YouTube, curtas-metragens ou apresen- tações são alguns exemplos de audiovisuais que reúnem texto, som e imagem. O processo de produção de audiovisual, embora pareça simples, segue um fluxograma que pode ser entendido conforme o esquema da Figura 1. Figura 1. Da concepção ao produto: a cadeia de produção do audiovisual. Fonte: Adaptada de Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (2008). Tal processo não é um modelo-padrão adotado por empresas ou por áreas envolvidas com o produto audiovisual. Na verdade, esse modelo funciona como uma base fundamental e, dependendo do produto que se deseja alcançar, esse processo pode ser muito mais complexo. 3Texto, som e imagem [A] pré-produção é onde se produz o roteiro, define a equipe que será res- ponsável pelo projeto e inicia o processo criativo do produto. Em seguida, inicia-se a produção, que é onde se reúnem os materiais como câmeras, luz, filmagem, equipe técnica e figurinos, por exemplo. Na pós-produção, realiza-se a edição dos materiais, regulagem de som etc. A distribuição é o processo de entrega dos materiais finalizados para a veiculação na televisão, internet ou por mídias físicas (RABIGER, 2011, p. 118, acréscimo nosso). A Walt Disney Animation Studios é uma pioneira mundial na criação de animações. O estúdio é responsável pela criação de diversos produtos, mas dentre seus audiovisuais que deram o pontapé inicial nesse segmento está Branca de Neve e os Sete Anões. A animação foi lançada nos Estados Unidos em 1937 e chegou ao Brasil em janeiro de 1938. Audiovisual é a junção de texto, movimento e sonoridade em um mesmo produto. Por isso, seu processo produtivo é complexo, pois é necessário que haja o envolvimento de diversos profissionais, que se encarregam da realização de cada tarefa para então, em determinados momentos, encontrarem para a concepção audiovisual ficar completa. Aristóteles definiu as três unidades de ação dramática: tempo, espaço e ação. O filme hollywoodiano normal tem a duração aproximada de duas horas, ou 120 minutos, ao passo que os europeus, ou filmes estrangeiros, têm apro- ximadamente 90 minutos. Uma página de roteiro equivale a um minuto de projeção. Não importa se o roteiro é todo descrito em ação, todo em diálogos ou qualquer combinação de ambos; em geral, uma página de roteiro corres- ponde a um minuto de filme (FIELD, 2001, p. 13). O audiovisual: a web, o impresso e o rádio Na categoria de impressos, são considerados livros, jornais, revistas, folhetos e todo tipo de material gráfi co em formato físico. Textos jornalísticos impressos são elaborados com determinadas características e especifi cidades, que visam atingir determinado segmento ou público (FIELD, 2001). Normalmente, tal público é mais criterioso e exigente com relação ao consumo de notícias e informações. Nesse sentido, no textoimpresso o uso da linguagem é mais formal. Outro fator importante é que no jornal a publicação só é realizada após a apuração dos fatos e das notícias, ou seja, diversos critérios precisam ser seguidos. Texto, som e imagem4 Já o aspecto funcional e prático é a diagramação do material impresso, que representa sua limitação técnica. Por se tratar de material físico, fatores como tinta, tipos de papéis, qualidade das máquinas e conhecimento dos profissionais fazem parte do complexo sistema produtivo para se chegar ao produto final, neste caso o jornal impresso. Nos dias de hoje, alguns grupos jornalísticos centenário no Brasil, mesmo enfrentando sérias dificuldades financeiras, tentam sobreviver bravamente ao avanço dos aparatos tecnológicos que fomentam as notícias numa velo- cidade nunca vista antes. É uma luta ingrata e desleal, mas que em breve pode ter um fim. Existem organizações comerciais jornalísticas que utilizam equipamentos mais modernos e processos mais simplificados que a produção de um jornal, como aquelas que produzem revistas, catálogos e folhetos. É bem verdade que em muitas cidades brasileiras o jornal impresso já deixou de existir, mas mesmo assim o processo de produção segue resistindo Brasil afora em alguns lugares. De acordo com Rodriguez (2006, p. 56): [...] com essa recente democratização da internet no Brasil e a evolução tec- nológica, veio também a facilidade de acesso ao consumo de informações e dados e, com isto, o crescimento do produto audiovisual alcançou um status muito importante como ferramenta disseminadora de conteúdos. É fácil notar essa nova evidência, bastando observar quando se está passeando em um parque ou até mesmo por uma rua de uma cidade qualquer. É muito comum vermos pessoas fazendo selfies, realizando filmagens, tirando fotos com um único aparelho em mãos, o smartphone. Essa cena é muito comum e retrata a forma de viver da nova geração tecnológica. Termo muito utilizado no Brasil de forma recente, a selfie é um neologismo da língua inglesa que significa “autorretrato”. Essa palavra ganhou popularidade após a massi- ficação do uso de celulares para fazer fotos em grupos ou individuais. Seu objetivo é fazer com que o próprio "fotógrafo" apareça na foto. 5Texto, som e imagem Pelo verdadeiro bombardeio constante das redes sociais, esse novo compor- tamento tem muito a ver com a nova geração, que está bastante preocupada com os movimentos e dinamismos que o novo padrão de sociedade impõe (RODRI- GUEZ, 2006). Será que podemos dizer que hoje os indivíduos são educados pelo audiovisual? Essa é uma pergunta de resposta complexa, mas não podemos negar que com a popularização dos celulares, notebooks, tablets, smart TVs e produtos similares o audiovisual passou a fazer parte da vida das pessoas de forma quase que totalitária. Usamos a tecnologia audiovisual para tudo. Hoje, na era das tecnologias da informação e da comunicação, com um celular nas mãos todas as pessoas são autoridades, leitores do mundo e cinegra- fistas. Todo portador de uma tecnologia é um difusor de produto audiovisual. Um vídeo qualquer pode viralizar em questão de minutos (RABIGER, 2011). Quando ocorre um acidente de trânsito, por exemplo, antes mesmo da chegada dos socorristas e da impressa para realizar a cobertura, é possível quase que imediatamente fazer uma transmissão ao vivo por qualquer mídia social e transmitir o ocorrido para dezenas ou centenas de pessoas. A produção radiofônica, assim como a produção audiovisual, requer a participação de diversos profissionais. Evidentemente, temos algumas exce- ções que fogem à regra, pois há rádios que rodam com poucos profissionais, sobretudo rádios FM, em que os locutores acumulam diversas funções que vão da locução à área comercial, por exemplo. A produção radiofônica, assim como a produção do audiovisual, também requer uma sequência. De acordo com Field (2001, p. 278), na produção de rádio: [...] estão o diretor (quem comanda a equipe), o roteirista (quem escreve o programa), o produtor (responsável pela preparação do programa), o operador de áudio (opera os equipamentos), o programador musical (responsável pela parte musical) e o locutor (quem narra os fatos). Assim, as etapas da produção de rádio podem ser definidas da seguinte forma (FIELD, 2001): Etapa 1: definir o roteiro. Etapa 2: voz (gravação). Etapa 3: tratamento da voz. Etapa 4: aplicação de efeitos e trilhas. Etapa 5: mixagem da voz. Etapa 6: masterização. Texto, som e imagem6 Hoje é muito comum encontrar programas de rádio transmitidos pela inter- net nas mídias sociais e sites, o chamada rádio web. Esse fenômeno também ocorre com o jornal, que, além de físico, é disponibilizado em formato digital. De maneira geral, o audiovisual, o impresso, a web e o produto radiofônico formam um pacote interativo. Juntos, compõem um combo de comunicação que visa unicamente a atingir os públicos desejados. Hoje, o audiovisual é uma pode- rosa ferramenta no uso de propagação de ideias a uma velocidade assustadora. 3 As características do texto para o audiovisual Assim como nos demais contextos, o texto para o audiovisual possui ca- racterísticas próprias que lhe conferem identidade única. De acordo com Paternostro (2006, p. 87), “[...] quando pensamos em criar ou construir um produto audiovisual, é necessário observar o tipo de narrativa a ser empregada, ou seja, que tipo de texto será empregado”. A primeira regra a ser seguida no audiovisual é saber contar uma boa história. Assim, é importante saber se expressar ou transmitir uma ideia por meio de imagens, o que nos remete ao texto literário. A relação do texto literário com os demais tipos de textos, entre eles os jornalísticos, sempre foi próxima. Desde o texto para teatro até as adaptações de novelas, os textos para audiovisuais também têm uma relação bem íntima com a literatura. Essa relação é antiga, pois as obras literárias sempre serviram como uma espécie de exemplo ou fonte inspiradora para a produção de telenovelas, minisséries, fi lmes ou até mesmo desenhos Para Pereira (2002, p. 165), no Brasil: [...] o texto televisivo é de longe o veículo de comunicação com maior força de penetração em todo o conjunto da população, seja pelo modelo de massa, ou TV aberta, que difunde um patrimônio de informação para públicos vastos e diversificados, seja pelo modelo segmentado, ou TV fechada, voltado para um público de maior poder aquisitivo, com demandas mais particularizadas. Com novos aparatos técnicos surgindo a todo o momento, a linguagem textual do audiovisual se renova. Por possuir uma gramática de identidade própria, a imagem e o som, juntamente com as palavras, criam uma estrutura inteligente que, aliada aos diversos meios de comunicação, visa dar sentidos e significados por meio de sensações, informações e ideias para influenciar seu público-alvo. 7Texto, som e imagem [...] a construção textual no audiovisual é um trabalho coletivo em que oralidade e imagem fundem-se na linguagem audiovisual. Pelo próprio imbricamento entre texto verbal e texto visual, significante e significado atrelam-se causando efeitos de sentido com um nível relevante de argumentatividade (BARTHES, 1992, p. 45). Ainda conforme Barthes (1992, p. 43), “[...] na linguagem audiovisual, a representação do signo pode se dar de modo que um significante verbal invoque um significado imagético e vice-versa, e os planos de expressão e conteúdo alternam-se conforme a necessidade do ato comunicativo”. Processo de elaboração textual para um audiovisual noticioso Cerca de 100 anos atrás, a única fonte de informação era o jornal impresso. Não muito tempo depois, vieram a televisão e o rádio. Ainda mais tarde, chegou a era da internet, que transformou as coisas. Hoje, a informação está a um clique de distância e plenamente acessível para qualquer pessoa. Ao contrário de outras épocas, em que o público era específico e definido, atu- almentetemos um público virtual, não compondo um destinatário especificamente definido. Para Maingueneau (2013, p. 60), “[...] toda enunciação, mesmo produzida sem a presença de um destinatário, é de fato marcada por uma interatividade consti- tutiva, uma troca, explícita ou implícita, com outros enunciadores, virtuais ou reais”. No processo de produção para produtos audiovisuais, é preciso sempre pensar no público, ou seja, com quem iremos falar. As questões regionais, por exemplo, devem ser muito bem avaliadas nesse quesito. Em se tratando de comunicação audiovisual, devemos compreender que o destinatário é virtual, sendo preciso existir um diálogo simulado por meio de uma narrativa ilustrada por imagens que representam algo que expresse a realidade (MAINGUENEAU, 2013). O texto jornalístico sempre teve como objetivo informar seu leitor (FIELD, 2001). O texto para o audiovisual noticioso, como no próprio jornalismo, deve possuir uma linguagem mais coloquial e concisa, pois a veiculação ou transmissão tem a intenção de atingir o maior número de telespectadores. Nesse sentido, o texto coloquial garante mais credibilidade e imparcialidade. Segundo Rodriguez (2006, p. 134), “[...] o texto do audiovisual noticioso também deve cuidar e evitar ao máximo certo vícios de linguagem, como as gírias e até sotaques”. Quando pensamos na abrangência nacional de veiculação de um produto audiovisual, o sotaque do jornalista pode criar certas barrei- ras, sobretudo no aspecto cultural. Vivemos num país que possui dimensões continentais e que apresenta diferenças culturais peculiares, ou seja, sem uma identidade cultura única. Texto, som e imagem8 Outro fator a ser considerado no texto para o audiovisual noticioso é a criação de lides diretos, ou seja, iniciando a apresentação do telejornal pela ideia principal. O audiovisual de notícias, seja ele transmitido na televisão ou na internet, tem como uma regra básica a instantaneidade e obtém melhores efeitos com uma linguagem mais direta. O apresentador desempenha um papel importante nesse contexto. Como o lide no vídeo é basicamente interpretado por quem narra o texto, o fator instantaneidade é mais evidenciado no audiovisual televisivo. Nos demais produtos, como vídeos e animações, isso já não acontece, por causa do roteiro que precisa ser seguido. No lide, procura-se responder a cinco perguntas básicas: O quê? Quem? Quando? Onde? Como? Vale ressaltar o emprego de frases com verbos, objetos e sujeitos (CAMOCARDI; FLORY, 2003) A mecânica do lide nos produtos audiovisuais tem o mesmo funcionamento daquele aplicado ao jornalismo impresso e radiofônico. Na televisão, o texto é o lide que o apresentador do jornal lê, e seu objetivo é reter a atenção do telespectador para a notícia. Se não houver um apresentador para a leitura do lide, essa informação se dá em off. Assim como no jornalismo impresso, o lide também destaca e responde as perguntas que são a base de uma notícia, seja para o impresso ou para a televisão. Nos demais produtos audiovisuais, como vídeos e animações, o lide tem a mesma função, mas sua ação é minimizada e estruturada de outras formas. Por se tratar de uma técnica de aplicação chamada pirâmide invertida, o lide no produto audiovisual segue a mesma regra utilizada no jornalismo impresso, ou seja, uma estrutura baseada na apresentação da informação principal que busca responder para o telespectador as cinco perguntas recém-mencionadas. A diferença aqui é a presença do apresentador, que fará o papel de intermediador no processo de explanação da notícia. Os produtos audiovisuais noticiosos são normalmente de curta duração e as matérias precisam ter início, meio e fim. Nesse sentido, a descrição das imagens precisa ser feita com muita lucidez. Vídeos e vinhetas, por exemplo, são dois produtos que que devem possuir essa característica. É pela clareza que o público irá entender a história que está sendo contada. Somente com a história sendo compreendida é que será possível emitir alguma opinião a respeito do conteúdo noticiado. A criatividade no emprego das palavras também precisa fazer parte do processo de criação para produtos audiovisuais noticiosos. O uso de sinônimos deixa o texto menos cansativo e repetitivo para o público. E nem é preciso dizer que concordâncias verbais precisam ser respeitadas (PATERNOSTRO, 2006). 9Texto, som e imagem Embora pareça simples, o processo criativo de texto para produtos au- diovisuais noticiosos, sejam eles telejornais, documentários, vídeos, curtas- -metragens e até mesmo cinema, precisa ser minuciosamente detalhado. O processo deve ser muito bem estabelecido e conciso, desde a criação do roteiro, passando pelo uso da linguagem até a história a ser contada. De modo geral, é preciso compreender que existem muitas possibilidades de construção de linguagens em produtos audiovisuais e que não há um mé- todo único que possa ser considerado o ideal, mas sim modelos que vêm se mostrando mais ou menos eficazes (MOLETTA, 2009). AUDIOVISUAL. In: INSTITUTO ANTÔNIO HOUAISS DE LEXICOGRAFIA. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. BARTHES, R. Elementos de semiologia. São Paulo: Cultrix, 1992. CAMOCARDI, E. M.; FLORY, S. F. V. Estratégias de persuasão: em textos jornalísticos, literários e publicitários. São Paulo: Arte e Ciência, 2003. FIELD, S. Manual do roteiro: os fundamentos do texto cinematográfico. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. MAINGUENEAU, D. Análise de textos de comunicação. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2013. MOLETTA, A. Criação de curta-metragem em vídeo digital: uma proposta de produção de baixo custo. 4. ed. São Paulo: Summus, 2009. PATERNOSTRO, V. I. O texto na TV: manual de telejornalismo, 7ª edição, Editora Campus, São Paulo, 2006. PEREIRA, C. A. M. Televisão e cultura no Brasil na virada do século. In: OLINTO, H. K.; SCHØLLHAMMER, K. E. (org.). Literatura e mídia. São Paulo: Loyola, 2002. RABIGER, M. Direção de documentário. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. RODRIGUEZ, A. A dimensão sonora da linguagem audiovisual. São Paulo: Senac SP, 2006. Leituras recomendadas BARBEIRO, H.; LIMA, P. R. Manual de jornalismo para rádio, tv e novas mídias. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. REIS, G. L. Linguagem humana evoluiu de forma abrupta, mostra estudo da FFLCH. 2015. Disponível em: https://www5.usp.br/93831/linguagem-humana-evoluiu-de-forma- -abrupta-mostra-estudo-da-fflch/. Acesso em: 7 abr. 2020. Texto, som e imagem10 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Produção audiovisual: estudos de mercado Sebrae/ESPM. Brasília: Sebrae/ ESPM, 2008. (E-book). (Série Mercado). TURNER, D.; MUÑOZ, J. Para os filhos dos filhos de nossos filhos: uma visão da sociedade internet. São Paulo: Summus, 2002. 11Texto, som e imagem PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Victor Andrei Silva Produção audiovisual e convergência de mídias Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar o papel do audiovisual nas informações radiofônicas, im- pressas e na web. Caracterizar a narrativa transmídia e seu papel no contexto de con- vergência midiática. Desenvolver um produto audiovisual para complementar um pro- grama de rádio, uma coluna de jornal e uma página da web. Introdução O consumo e a busca por produtos audiovisuais têm aumentando a cada ano que passa. A tecnologia potencializa esse efeito, pois dá a quem consome diversas formas e possibilidades de alcance e consumo de produtos audiovisuais dos mais diversos tipos. Isso é reflexo do hábitode consumo das pessoas, que anos atrás consumiam produtos audiovi- suais com menor frequência e hoje, devido às tecnologias à disposição, não param de consumir. Assim, as novas tecnologias da informação e da comunicação mudaram sensivelmente a forma de interação entre público e mídia. Neste capítulo, você conhecerá o papel do audiovisual nas informa- ções radiofônicas, impressas e na web. Além disso, estudará detalhes da narrativa transmídia e seu papel no contexto de convergência midiática. Por fim, verá como produtos audiovisuais complementam um programa de rádio, uma coluna de jornal ou uma página da web. 1 O audiovisual e as informações radiofônicas, impressas e digitais A utilização sincronizada do som (áudio), imagem (vídeo) e o texto (palavras) constitui o produto audiovisual, que ao longo do tempo vem passando por mudanças quase que constantes. Esses elementos, de maneira conjunta, se tornam em informação. De acordo com Marques (2007, p. 69) :“[...] a informa- ção audiovisual possui sentidos multidisciplinares que, ao longo do tempo, foi se modifi cando e atualizando, conforme a própria sociedade está evoluindo, assim como o próprio produto audiovisual”. Essa evolução ocorreu e ocorre de maneira natural e influenciou outras áreas. Aspectos ligados ao audiovisual sempre geraram fascínio nas pessoas. A fotografia é um exemplo disso, pois funcionou como combustível para que essa mudança fosse ainda mais rápida e acelerada. A fotografia saiu do preto e branco e foi para o colorido, saiu do filme e foi para o digital. Evoluiu das câmeras para as lentes do smartphones. Há não muito tempo, a fotografia era o único recurso instrumental para se contar uma história, narrar fatos e registrar acontecimentos, mesmo que houvesse na mesma época o jornal impresso publicando e relatando as notícias e informações aos leitores. Em seguida, vieram os filmes por película, que deram no cinema e até na própria televisão, considerados meios de comunicação de vanguarda. A televisão, por exemplo, revolucionou a forma de se dar notícia. Em quase um século de sua existência, a televisão revolucionou a forma como as pessoas veem o mundo. As grandes descobertas da ciência, as guerras das décadas de 1990 e 2000, a chegada do homem à lua em 1969, os eventos espor- tivos como a olimpíadas (1972) e a Copa do Mundo de Futebol transmitidos ao vivo para vários países desde 1966. Os filmes de Hollywood puderam se popularizar ao redor do planeta dispensando a necessidade de se sair de casa para ir ao cinema. Tragédias foram transmitidas ao vivo, bem como grandes eventos internacionais (SANTOS, 2019, p. 11). A cada momento da era moderna, as novas tecnologias da informação e co- municação se tornam cada vez mais populares. Não existe mais a possibilidade de acompanhar ou segurar esse movimento. Vivemos na era da geração da conecti- vidade e da interação, em que os recursos audiovisuais se tornaram ferramentas estratégicas de aplicação no uso da disseminação da informação (Figura 1). Produção audiovisual e convergência de mídias2 Figura 1. Nos últimos anos, as novas tecnologias ajudaram a mudar o com- portamento das pessoas. Fonte: fkdkondmi/Shutterstock.com. Para Castells (1999, p. 44): “[...] as novas tecnologias da informação ex- plodiram em todos os tipos de aplicações e usos que, por sua vez, produziram inovação tecnológica, acelerando a velocidade e ampliando o escopo das transformações tecnológicas, bem como diversificando suas fontes”. O audiovisual tem um papel muito importante para o engajamento do público. O potencial enquanto ferramenta é uma das principais caracte- rísticas que o produto do audiovisual possui no uso da disseminação da informação. Para Primo (2007, p. 1) “[...] o audiovisual é muito importante por potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização de informações”. Produtos audiovisuais se fazem valer de outros produtos noticiosos para justificarem suas existências, seja uma simples notícia jornalística, filmes publicitários, podcasts, produtos para o cinema, animações ou vídeo para a internet. De acordo com Prado (1985, p. 48): [...] nunca houve consenso sobre a definição de notícia. Diversos autores, escolas e diversas épocas dão assim mesmo definições diversas [....] [A] notícia radiofônica obriga o ouvinte a realizar um exercício de transfor- mação das ideias transmitidas pelas imagens sonoras em imagens visuais imaginárias. Produção audiovisual e convergência de mídias 3 Com o auxílio de produtos audiovisuais, essa tarefa se torna muito mais fácil, pois a mesma notícia dada pela televisão, por exemplo, pode ter um maior engajamento e surtir muito mais resultados. No cinema, a história se repete. A chamada indústria cinematográfica iniciou suas atividades de forma humilde e têm como seus percussores os irmãos Lumière e Thomas Edison, que criaram engenhocas que captavam e projetavam imagens. Foi assim que o cinema, em meados de 1894, deu seus primeiros passos e ficou conhecido como “cinema mudo”, pois não havia reprodução do áudio. Os irmãos franceses Auguste Marie Louis Nicholas Lumière e Louis Jean Lumière, também conhecidos como irmãos Lumière, são os criadores do cinématographe, traduzido para português como cinematógrafo. Assim foi inaugurada a era da chamada “imagem-movimento”. A primeira exibição de um filme, com o título de La sortie de l'usine Lumière à Lyon, ou A saída da fábrica Lumière em Lyon, ocorreu no dia 22 de março de 1895. Desde então, seja tentando contar uma história real ou fictícia, o fato é que o cinema introduziu o que chamamos de linguagem visual e mudou a maneira de se criar conteúdos. Do produto jornalístico impresso, evoluiu-se para a produção de rádio e, em 1950, com a chegada da televisão, deu-se o início ao produto audiovisual chamado de telejornalismo, que ao longo dos anos não parou de evoluir, alcançando até a internet e se tornando o webjornalismo. O audiovisual também tem e teve um papel muito importante na construção do chamado webjornalismo. O jornalismo começou sua viagem no mundo virtual há pouco mais de duas décadas. A internet foi a porta de entrada e, desde então, o processo de crescimento não parou mais (EDGAR-HUNT; MARLAND; RAWLE, 2013) Para Barbosa (2005, p. 2) “[...] como forma de jornalismo mais recente, o webjornalismo é a modalidade na qual as novas tecnologias já não são consideradas como ferramentas, mas, sim, como constitutivas dessa prática jornalística”. Sob a ótica do produto noticioso para web, o audiovisual criou uma nova forma de se praticar o jornalismo convencional. Produção audiovisual e convergência de mídias4 O webjornalismo não é apenas "jornal na internet”, pois envolve aspectos tecnológicos, tem editoriais diferentes e particularidades interessantes se serem compreendidas. Para se aprofundar no assunto, procure na internet pela monografia “Características e gerações do Webjornalismo: análise dos aspectos tecnológicos, editoriais e funciona”, de Thiara Luiza da Rocha Reges. A referência completa encontra-se ao final do capítulo, na seção Leituras Recomendadas. Seja como ferramenta de utilização para a construção das informações em produtos radiofônicos, impressos ou digitais (web), seja como um mero processo evolutivo do ato de se comunicar, o papel do audiovisual foi fundamental para romper com paradigmas centenários e ajudou a reconstruir a forma de atuação dos meios de comunicação existentes, criando um hibridismo que automaticamente leva à convergência das mídias (CHONG, 2011). 2 O papel da narrativa transmídia na convergência midiática Já faz algum tempo que as tecnologias estão presentes nas vidas das pessoas e, por costume, elas já fazem parte de uma nova formatação de sociedade. Ou seja, a tecnologia está “formando” novos tipos de cidadãos. Tudo, absoluta- mente tudo, incluindo uma casa automatizada, carros inteligentes, aparelhos telefônicos modernos, televisores interativos e diversosoutros mecanismos, contribui para a criação dessa nova sociedade. Por estarem tão presentes nas vidas pessoas, essas tecnologias vêm alterando a forma dessas pessoas interagirem entre si, pois romperam com suas funções e características iniciais de criação. É o caso, por exemplo, do telefone móvel, que há 20 anos tinha como função principal a mobilidade de contato direto com demais pessoas e hoje basicamente serve para diversas funções, tendo seu uso para “ligações” quase que inutilizado. Antes da explosão da democratização da internet, que disseminou novos formatos de mídias, cada conteúdo era bem definido para um determinado meio. Jornais eram vendidos em bancas, novelas eram produzidas para ser exibidas na televisão e livros, para serem vendidos fisicamente em livrarias (CAMORCADI; FLORY, 2003). Produção audiovisual e convergência de mídias 5 As atuais tecnologias possuem funções e usabilidades que praticamente se fundem, ou seja, convergem entre si. Devido a essa convergência, quem consome cada produto constrói uma ideia com base na captação de fragmentos e informações que o meio de comunicação oferece. De acordo com Jenkins (2009, p. 30): “[...] a convergência é um processo que ocorre dentro do cérebro das pessoas e reflete nas suas interações sociais com os outros”. A definição de convergência midiática pode ser entendida como: [...] mudanças tecnológicas, industriais, culturais e sociais no modo como as mídias circulam em nossa cultura. Algumas das ideias comuns expressas por este termo incluem o fluxo de conteúdos através de várias plataformas de mídia, a cooperação entre as múltiplas indústrias midiáticas, a busca de novas estruturas de financiamento das mídias que recaiam sobre os interstícios entre antigas e novas mídias, e o comportamento migratório da audiência, que vai a quase qualquer lugar em busca das experiências [...] que deseja (JENKINS, 2009, p. 377). A convergência entre as tecnologias afeta diversas áreas do mercado e recria conceitos que estão transformando diversas empresas. Quer saber como as empresas de TI estão sendo impactadas? Procure na internet pela postagem “Convergência tecnológica: como o conceito vem transformando as empresas de TI” no blog Runrun.it. A referência completa pode ser encontrada na seção Leituras Recomendadas, ao final deste capítulo. Os anos se passaram e as tecnologias e os meios de comunicação evo- luíram para a multiplicação de usabilidades. Hoje, produtos audiovisuais podem ser consumidos por diversos tipos de plataformas. Além dos meios tradicionais de comunicação, podemos acompanhar uma partida de futebol do nosso time do coração pelo celular, pelo notebook ou no computador na casa de um amigo. A mesma regra vale para diversos outros produtos, como reality shows, shows musicais, eventos esportivos, novelas, séries, entre outros (SANTOS, 2019). De acordo com Evans (2011, p. 21): “[...] a narrativa transmídia foi utilizada pela primeira vez por Marsha Kinder e Mary Celeste Kearney como uma prática promocional envolvendo merchandising, adaptações, sequências e Produção audiovisual e convergência de mídias6 franquias”. A terminologia narrativa transmídia foi utilizada por diversos artistas, estudiosos e críticos, ganhando certa popularidade durante deter- minado período da indústria cultural. O termo narrativa transmídia fez sucesso, pois era entendido por muitos como um novo modelo de narrativa. Para Jenkins (2009, p. 138), ela: [...] se desenrola por meio de múltiplas plataformas de mídia, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo. [...] Na forma ideal de narrativa transmídia, cada meio faz o que faz de melhor — a fim de que uma história possa ser introduzida num filme, ser expandida pela televisão, romances e quadrinhos; seu universo possa ser explorado em games ou experimentado em parques de diversão. Cada acesso à franquia deve ser autônomo, para que não seja necessário ver o filme para gostar do game e vice-versa. De maneira simplista, podemos dizer que a narrativa transmídia é ba- sicamente uma forma de contar histórias, sustentada por três pilares muito importantes, que são a participação cultural, a inteligência da coletividade e a convergência das mídias (JENKINS, 2009). As narrativas transmídias são objetos de estudos de diversas áreas, entre elas a narrato- logia. A narratologia estuda os princípios da narrativa e também suas representações. De acordo com Costa e Novaes (2016, p. 1), a participação cultural ou “[...] a cultura participativa enxerga os consumidores de mídia como possíveis participantes que interagem para formar novos conteúdos”. Já nas palavras de Lévy (2003, p. 28), a inteligência coletiva pode ser explicada com “[...] uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências”. Por sua vez, a convergência midiática, conceito amplamente defendido por Jenkins, estuda a tendência que os meios de comunicação estão seguindo para se adaptarem à internet (Figura 2). Produção audiovisual e convergência de mídias 7 Figura 2. A convergência midiática. Fonte: r.classen/Shutterstock.com. Uma narrativa pode ter seu papel desempenhado nas convergências mi- diáticas de diferentes maneiras. Jenkins (2009, p. 183) aponta que elas são “[...] o potencial de compartilhamento versus profundidade, o potencial de continuidade versus multiplicidade, imersão e extração, a construção de universos, a serialidade, a subjetividade e a performance”. Profissionais que atuam na área ou em departamentos de comunicação podem, por exemplo, usar a narrativa transmídia de forma bem estratégica em suas campanhas publicitárias e de comunicação. De acordo com Massarolo e Mesquita (2014, p. 8), “[...] a área de marketing, para suprir as demandas de transmidiação de conteúdos, utiliza como principal estratégia comunicacional e discursiva o storytelling das marcas”. Além do marketing tradicional, agências especializadas em marketing digital tam- bém estabelecem para suas campanhas as estratégias transmídias. No âmbito digital, elas podem ser vistas nas redes sociais, sites, plataforma de vídeos, plataforma de fotos, etc. Produção audiovisual e convergência de mídias8 3 O produto audiovisual como elemento complementar Durante muitos anos, antes da chegada da televisão, o rádio foi, sem sombra de dúvida, um grande veículo de comunicação. Era comum ver pessoas reunidas ao redor do rádio para ouvir programas sobre notícias, jogos de futebol ou até radionovelas. Quando pensamos no rádio, logo nos vem à mente o papel oral da lingua- gem, ou seja, os fatos são narrados para que os ouvintes escutem o que está sendo dito. O rádio também é marcado pela improvisação, instantaneidade e sensorialidade, ou seja, o ato de envolver e conquistar o ouvinte por meio de uma conversa mental. Ao mesmo tempo, desperta a imaginação através da emocionalidade das palavras e dos recursos de sonoplastia, permitindo que as mensagens tenham nuances individuais, de acordo com as expectativas de cada um. No caso da televisão, a decodificação das mensagens também se dá ao nível sensorial, só que a imaginação é limitada pela presença da imagem. No caso dos veículos impressos, a sensorialidade está muito mais contida, permitindo uma deco- dificação ao nível racional, sem envolvimentos emocionais que são criados pela presença da voz (ORTRIWANO, 1985, p. 80). Mas quem nunca ouviu falar do ditado popular “uma imagem vale mais que mil palavras” ou da frase “se não tem foto não tem fato”? Esses ditos podem ser muito bem empregados quando o assunto é o rádio. Para construir uma ideia na mente do ouvinte, sempre foi característico o uso das palavras, sendo certamente necessário usar no rádio bem mais de mil palavras para se criar uma determinada imagem na mente do ouvinte. Essa ideia traduz um conceito sobre um novo sistema de comunicação. É precisamentedevido a sua diversificação, multimodalidade e versatilidade que o novo sistema de comunicação é capaz de abarcar e integrar todas as formas de expressão, bem como a diversidade de interesses, valores e imagi- nações, inclusive a expressão de conflitos sociais (CASTELLS, 1999, p. 461). Isso é possível porque somos programados para imaginar e para criar o imaginário em nossas cabeças. Somos dotados de emoções, razões, desejos e sentimentos. Somos dotados da capacidade de criação e temos a condição de Produção audiovisual e convergência de mídias 9 transformar palavras em imagens e imagens em sentimentos (JENKINS, 2009). Nossos conhecimentos adquiridos ao longo dos anos e no decorrer de nossa formação, educação e experiências, por exemplo, são fatores condicionantes que nos ajudam a criar esse imaginário. Para Castells (2007, p. 398): “[...] o novo sistema de comunicação transforma radicalmente o espaço e o tempo, as dimensões fundamentais da vida humana”. O autor, nesse sentido, refere-se ao novo comportamento adotado pela sociedade de buscar no uso das imagens uma forma de comunicação plena. Nunca se consumiu tantos produtos audiovisuais como agora. Smartphones, aparelhos de televisão, tablets e notebooks se tornaram “extensões dos nossos corpos”. A produção audiovisual se tornou uma ferramenta de apoio para a produ- ção de produtos radiofônicos, jornalísticos e para a web, seja em canais no YouTube, em portais de notícias, sites ou redes sociais. Devido ao alto grau de consumo de conteúdo, a convergência midiática tem crescido cada vez mais em nos nossos dias e a produção audiovisual funciona nesse sentido como um potencializador (BARBEIRO; LIMA, 2013). Tomemos o exemplo do rádio. A grande maioria dos carros comercializados no mundo possui centrais multimídia em que é possível “ver e ouvir rádio”. “Ver rádio” é acompanhar a programação normal, porém transmitida via câmera no estúdio. Vários estúdios produzem programas de rádio para serem transmitidos por multiplataformas. Você pode acompanhar um determinado programa do seu carro ou ainda do celular, tablet ou computador em seu local de trabalho. Os aplicativos de comunicação complementam a interação entre emissora e público. A internet não para de “recrutar” novos seguidores, e o jornal segue esse mesmo caminho. Em alguns lugares, o formato de jornal impresso já deixou de existir, restando apenas o jornal televisivo e o webjornalismo (jornalismo on-line). É preciso deixar claro que os jornais não migraram para a web; eles criaram, isso sim, braços de atuação no ambiente digital. Essa ação nos leva mais uma vez ao movimento da convergência midíatica. Toda a estrutura jornalística e forma de atuação é pensada em multiplataformas, visando atender os diversos tipos de públicos com conteúdos complementares. O produto audiovisual tem ser tornado uma ferramenta bem estratégica na produção de conteúdo nos meios radiofônicos, impressos e na web. O processo de produção de conteúdos audiovisuais é bem definido e tem se encaixado perfeitamente nos meios de comunicação mais tradicionais. Estamos na era do consumo da comunicação visual e essa característica foi moldada pela atual sociedade, que busca nos meios de comunicação cada vez mais entretenimento, conteúdo, interatividade e informação. Produção audiovisual e convergência de mídias10 Produção audiovisual e convergência de mídias 11 BARBEIRO, H.; LIMA, P. R. Manual de jornalismo para rádio, tv e novas mídias. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. BARBOSA. S. Bases de dados e webjornalismo em busca de novos conceitos. In: CAMOCARDI, E. M.; FLORY, S. F. V. Estratégias de persuasão: em textos jornalísticos, literários e publicitários. São Paulo: Arte e Ciência, 2003. CASTELLS, M. A sociedade em rede. 10. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007. CASTELLS, M. A sociedade em rede. 8. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999. v. 1. CHONG, A. Animação digital. Porto Alegre: Bookman, 2011. COSTA, F. S.; NOVAES, L. C. K. O. Cultura Participativa: uma Análise de Representação das Fanfictions da Telenovela Carrossel. In: CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUDESTE, 21., 2016, Salto. 2016. Anais [...]. Salto, SP: Intercom, 2016. EDGAR-HUNT, R.; MARLAND, J.; RAWLE, S. A linguagem do cinema. Porto Alegre: Book- man, 2013. EVANS, E. Transmedia television: audiences, new media and daily life. New York: Rou- tledge, 2011. JENKINS, H. A cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2009. LÉVY, P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2003. MARQUES, A. Ideias em movimento: produzindo e realizando filmes no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 2007. MASSAROLO, J. C.; MESQUITA, D. Reflexões teóricas e metodológicas sobre as narrativas transmídia. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO (COMPÓS), 23., 2014. Belém. Anais [...]. Belém: Compós, 2014. ORTRIWANO, G. S. A informação no rádio: os grupos de poder e determinação de conteúdo. São Paulo: Summus, 1985. PRADO, E. Estrutura da informação radiofônica. São Paulo: Summus, 1985. PRIMO, A. Interação mediada por computador: comunicação, cibercultura, cognição. Porto Alegre: Sulina, 2007. SANTOS, C. R. P. A TV pública não pública: as televisões não comerciais do Brasil. Jundiaí: Paco Editorial, 2019. SOPCOM 2005. 4º Congresso da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação. P. 1417–1458, 2005. Anais [...]. Aveiro, Portugal, 2005. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Produção audiovisual e convergência de mídias12 Leituras recomendadas REGES, T. L. R. Características e gerações do webjornalismo: análise dos aspectos tecno- lógicos, editoriais e funcionais. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) — Faculdade São Francisco de Barreiras, 2010. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/ reges-thiara-caracteristicas-e-geracoes-do-webjornalismo.pdf. Acesso em: 05 abr. 2020. RUNRUN IT. Convergência tecnológica: como o conceito vem transformando as em- presas de TI. 2018. Disponível em: https://blog.runrun.it/convergencia-tecnologica/. Acesso em: 05 abr. 2020. ROST, A. Interatividade: definições, estudos e tendências. In: CANAVILHAS, J. (Org.). Webjornalismo: 7 características que marcam a diferença. Covilhã, Portugal: LabCom, 2014. p. 53–88. PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Victor Andrei Silva A reportagem televisiva Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer o papel da TV na evolução do audiovisual. Identificar os elementos de noticioso de televisão. Analisar as etapas da produção e veiculação de uma reportagem de TV. Introdução Nos últimos tempos, o telejornalismo e a reportagem em televisão têm sido objeto dos mais diversos tipos de estudos. Em meio à multiplicação das plataformas de informação e comunicação, produzir notícia em televisão tem se tornado um grande desafio para emissoras de todos os tamanhos e portes no Brasil e no mundo. O consumo de informações tem sido frenético por parte do público, mas a televisão, nesse sentido, não acompanha tamanha velocidade, por apresentar características bem peculiares. De todo modo, com o passar dos anos, a evolução tecnológica levou naturalmente ao desenvolvimento da televisão, e hoje ela se torna uma mídia cada vez mais interativa e convergente com os demais meios de comunicação. Neste capítulo, vamos estudar o papel da televisão na evolução do audiovisual, identificar quais são os elementos presentes na notícia em televisão e analisar as etapas da produção e veiculação de uma repor- tagem de TV. 1A televisão e a evolução do audiovisual Considerada um dos principais meios de comunicação do século XX, a televisão foi e continua sendo um dos meios mais consumidos pelas sociedades ao redor de todo o mundo. Por muito tempo, a televisão vem sendo considerada um dos meios mais efi cientes para a difusão de informações, ideias e conteúdos. Desde sua criação, é uma mídia que revolucionou a forma de divulgar e compreender o que é comunicação. Desde sua invenção até os dias atuais, a televisão passou por diversas fases, com destaque para a mudança de sinal analógico para digital. Hoje esse processo de digitalização está acelerando e modificando a forma de se produzir conteúdos para televisão. A atual expansão da televisão no Brasil está ligada diretamente à convergência digital que vem sendo aplicada na produção de conteúdos multipltaformas. As transformações mais significativas da televisão aberta brasileira decorrem de processos de duas ordens que repercutiram nos meios de comunicação como um todo: de um lado, o desenvolvimento acelerado das tecnologias digitais e, de outro lado, a intensificação dos fluxos mediáticos transnacionais (RIBEIRO; SACRAMENTO; ROXO, 2010, p. 280). Diante desse contexto evolutivo, a cada dia cresce o número de produções audiovisuais no Brasil e no mundo, e a qualidade também acompanha esse crescimento. Já é possível produzir conteúdo 4K nas mais diversas plataformas audiovisuais. Além disso, existe uma grande oferta de telejornais, portais de notícias, jornais on-line, plataformas de canais de vídeos, filmes, animações, webinários e diversos outros produtos audiovisuais. A programação televisiva vem convergindo em podcasts, blogs, sites e smartphones. Assim, a questão transmídia já é uma realidade no âmbito da televisão. A atual produção de conteúdo para a televisão visa à interatividade, e para que exista essa interatividade, essa produção baseia-se em convergência. Hoje, busca-se constantemente a participação direta do expectador nos programas, ou seja, sua interatividade, o que pode ser articulado de diversas formas. A televisão deixou de desempenhar o papel de ferramenta de monólogos como sempre ocorreu. Para Ribeiro, Sacramento e Roxo, (2010, p. 280): [...] essa articulação assume as mais distintas formas de manifestação. Temos hoje programas de auditório que reproduzem os vídeos mais comentados na internet, que exibem vídeos enviados por internautas. [...] Neste mesmo contexto evolutivo da comunicação, os telejornais também se convergem para as plataformas web [e] os assuntos abordados na edição do telejornal do dia passam a ser oferecidos em textos complementares (serviços, documentos na integra, receitas etc.) ou conversas por meio de chats com especialistas. A reportagem televisiva2 Automação na captação de leads, realidade virtual, câmeras compactas, protocolos de internet e one touch — essas são apenas algumas das últimas tecnologias adotadas no âmbito do audiovisual nos últimos anos. Para ficar por dentro dessas e outras novidades, consulte o artigo “O que evoluiu em tecnologia audiovisual”, assinado por Luiz Gustavo Pacete (2017), publicado no site Meio & Mensagem. Nos dias atuais, produzir conteúdos e produtos audiovisuais para fins televisivos tem sido desafiador para veículos, meios e programas de televisão, mas mesmo diante dessas dificuldades a televisão tem se reinventado e sido uma grande fomentadora para o crescimento de produtos audiovisuais no Brasil e no mundo. O processo natural de evolução e revolução da televisão ocorrido nos últimos anos vem impulsionando o crescimento das chamadas convergências midiáticas. Não apenas a televisão, mas a web, mídias sociais, canais de vídeos e plataformas de streaming caminham para se tornar um complemento unitário de comunicação e informação. A criação de produtos televisivos, entre eles o jornalismo, passa sobretudo pelo o entendimento prático da aplicação de conteúdos, além de convergi-los para diversos outros canais. Praticar convergências entre as mídias não é uma mera questão de mudança tecnológica ou mesmo de adaptação, como erroneamente muitas pessoas acreditam ser. É usar estrategicamente os meios de comunicação em prol de um bem comum, a mensagem. Nas palavras de Jenkins (2008, p. 27), convergência refere-se ao: [...] fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, à coopera- ção entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam. Convergência é uma palavra que consegue definir transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo de quem está falando e do que imaginam estar falando. Quando o assunto é conteúdo, o uso da imagem e o apelo visual têm represen- tado nos dias atuais um grande atrativo para a sociedade de consumo. Recursos audiovisuais têm um grande apelo e, além de serem extremamente convidativos à 3A reportagem televisiva interação, são ferramentas importantes quando o objetivo é o convencimento. Essa é uma das maiores contribuições que a televisão propiciou para o desenvolvimento e evolução do audiovisual no mundo. Podemos dizer que esse legado contribuiu para a difusão das demais tecnologias audiovisuais que conhecemos. Com a chegada da internet, o audiovisual tornou-se mais democrático. Diariamente, conteúdos veiculados na televisão são compartilhados por pes- soas nas mais diferentes plataformas. Muitos autores e estudiosos da área sustentam que essa evolução avança para a construção da chamada era da civilização audiovisual. 2 A televisão e os elementos noticiosos Todos os dias, a população consume notícias pela televisão. Seja em canais abertos ou fechados, existem diversos tipos de telejornais e editoriais informa- tivos, e o ritmo de oferta desses produtos tem sido frenético. Para grande parte da população, a televisão ainda é o único instrumento de acesso à informação. Esse fator pode ser compreendido pela característica desse veículo tão poderoso enquanto meio de comunicação gratuito. Ao longo do dia, os telejornais da televisão aberta das mais variadas emissoras ainda são a fonte primordial de informação para grande maioria da população, reportando sobre esportes, política, aspectos econômicos, etc. Os níveis de au- diência demonstram que, mesmo em meio às diversas outras formas de mídia, a televisão ainda ocupa um espaço cativo de preferência no cotidiano das pessoas quando o assunto é a busca pela notícia. A televisão é o mecanismo-chave que faz o telejornalismo ter essa função e, ao abordar o telejornalismo, é necessário pensar em seus elementos noticiosos como um todo, entre eles a notícia. Mas o que é a notícia? Para Henn (1996, p. 111), “A notícia desenvolve-se como leitura e tradução do mundo, condição denominada de atividade inter- pretante, segundo a semiótica peirceana. Sendo tradução, recria o mundo, dando-lhe formato narrativo e hierarquizado”. A notícias são selecionadas como resumos diários para pessoas com pouco tempo e precisam ser traduzidas em texto e comunicação as mais diversas idades, culturas e níveis sociais. O processo de criação de uma notícia em televisão passa, sobretudo, pela interferência do jornalista que seleciona, lê e compreende o ocorrido, para então fazer uso do recurso visual para narrar os fatos. Porém, isso depende da captação da imagem feita pelo repórter ci- nematográfico, que faz a mediação nesse processo de elaboração do produto inicial em produto final, ou seja, na prática, a transformação da notícia em A reportagem televisiva4 reportagem. De acordo com Araújo (2017, p. 179): “[...] a reportagem na tele- visão é a narrativa de uma história contada por palavras através do jornalista e de seus entrevistados, com o uso de sons (ambiente ou editado) e imagens (registradas pelas câmeras ou produzidas pela arte digital)”. Os gêneros do telejornalismopodem ser categorizados em jornalismo informa- tivo, jornalismo de opinião, interpretativo e de divertimento (GOMES, 2002). O jornalismo informativo lida com os formatos nota, notícia, reportagem, entrevista e prestação de serviço. Já o jornalismo de característica opinativa lida com os formatos editorial, comentários, resenhas, crônicas e caricaturas. Por fim, o jornalismo de divertimento visa entreter com notícias do cotidiano e de interesse comum, enquanto o jornalismo interpretativo aborda pesquisas, por exemplo. (GOMES, 2002). Elementos noticiosos Quando falamos em elementos noticiosos, é importante distinguir e entender suas diferenças e a importância de sua aplicação e utilização. Para Pena (2005, p. 70): [...] a distinção entre nota, notícia e reportagem está na progressão dos acon- tecimentos. A nota corresponde ao relato dos acontecimentos, a notícia é o relato integral de um fato que já eclodiu no organismo social e a reportagem é o relato ampliado de um acontecimento que repercutiu no organismo social. Para que um telejornal vai ao ar, vale ressaltar a importância técnica da aplicação de alguns elementos, como nota pelada (NP), nota coberta (NC), flash ou boletim, stand up, matéria e reportagem. A objetividade e a clareza de conteúdo na utilização desses elementos são fundamentais para se atingir o objetivo proposto por um telejornal. Em quaisquer desses elementos, quando se estrutura um texto apresentando logo no início suas informações mais importantes, isso tende a estimular os espectadores a prosseguir até o fim do conteúdo. NP é um termo jornalístico que se aplica quando uma notícia é veiculada e o apresentador do telejornal narra o fato sem o recurso visual. NPs são comuns no telejornalismo, pois refletem o interesse do veículo de comunicação em 5A reportagem televisiva noticiar o fato. Limitações técnicas, de infraestrutura e de equipamentos das emissoras são fatores que contribuem para a utilização de NPs nos telejornais. Por sua vez, uma NC corresponde “[...] ao texto lido em off pelo apre- sentador e coberto por imagens referentes ao assunto” (PENA, 2005, p. 70). Em transmissões ao vivo, as NCs têm a função de ajudar os telespectadores a entender melhor os fatos. Vale ressaltar que seu texto não tem a função de descrever as imagens, apenas de complementá-las. Um boletim ou flash é basicamente a intervenção ou entrada do repórter durante o fato. Essa entrada pode ser ao vivo ou gravada. Comparado à NP e à NC, este elemento da notícia é mais completo, pois exige a presença de jornalistas no local do fato. Em sua aplicação prática, o boletim se assemelha muito com o stand up, afora que este último inclui um entrevistado no local da notícia, podendo ser direta ou indiretamente. É esse entrevistado quem fornecerá informações que complementarão a notícia, dando mais credibilidade à reportagem. Além disso, é muito comum haver confusão sobre o que é matéria e o que é uma reportagem. Para Pena (2005), a matéria é algo mais factual e mais resumido. Trata-se, assim, de uma síntese bem estruturada que leva menos tempo para ser produzida. Por outros lado, ainda de acordo com Pena (2005, p. 70): “A reportagem é mais completa, é mais elaborada e detalhada e, para se construir uma reportagem, se gasta mais tempo, pois seu conteúdo é mais complexo e extenso”. Obviamente, ambos tipos de textos jornalísticos buscam a imparcialidade. Conforme Araújo (2017, p. 181), na notícia ou reportagem “[...] os textos jornalísticos são sempre divididos em três partes, sendo o título (manchete), o lead (resumo) e o corpo do texto (detalhamento das informações)”. Os gêneros de reportagem televisiva apresentam as seguintes características: textos em primeira ou terceira pessoa, temas de interesse social, linguagem simples, clara e dinâmica, discurso direto e indireto, objetividade ou subjetividade e textos assinados pelos autores. Dentre os tipos de reportagens, existe a chamada reportagem de ação (action story), que é aquela que apresenta o desenrolar dos fatos. Geralmente, inicia-se pelo acon- tecimento mais atraente e vai se deslocando para outros que contribuem para o detalhamento da história. A reportagem televisiva6 Em geral, a aplicação técnica de certos elementos na notícia pode trazer inúmeros benefícios. Na televisão, o uso do texto narrativo, por exemplo, confere um maior poder de persuasão e profundidade ao tema. Essa técnica fará com que o conteúdo seja mais criativo e gere o interesse desejado para o leitor. Além disso, não se pode esquecer de uma regra básica e que deveria ser óbvia: toda notícia deve ter início, meio e fim. Enfim, cada fato e cada notícia deve ser apresentado ao telespectador de uma forma corrente e gradual, baseando-se sempre no contexto como um todo. 3 Reportagem para televisão: da produção à veiculação Somos movidos por informação e impactados por conteúdos. Todos os dias, quando ligamos nossa TV logo pela manhã e escolhemos o canal de nossa preferência, um telejornal regional ou nacional estará sendo transmitido. Nesse telejornal, certamente estarão passando reportagens de interesse coletivo das mais diversas particularidades e importâncias, abordando temas como saúde, emprego, economia, políticas públicas, etc. Embora pareça uma simples transmissão de notícias, a junção de textos, artes, imagens e narrações de fatos não é algo simples ou fácil de criar e executar. A corrida contra o tempo é grande e diversos desafios precisam ser superados por quem produz conteúdo para televisão. Tivemos, porém, avanços tecnológicos e, com eles, novas maneiras de se fazer reportagens. Independentemente de sua linha jornalística, a reportagem assumiu um papel de mediação nas discussões de assuntos de interesse geral (ARAÚJO, 2017). A produção de uma reportagem costuma exigir uma equipe formada por profissionais de vídeo e de áudio, dependendo da estrutura e do tamanho de cada emissora. De acordo Araújo (2017), a uma reportagem para a televisão pode ser dividida em pré-produção, produção e pós-produção. Na pré-produção, elabora-se a pauta jornalística definem-se as fontes de pesquisas e os persona- gens da entrevista. Na produção, busca-se os fatos e ajusta-se o material bruto. Por fim, na pós-produção o material é editado e disponibilizado para ir ao ar. De acordo Squirra (1993, p. 84) “[...] a produção de reportagem para o telejornalismo requer muita atenção, pesquisa, checagem, além de muito profissionalismo da parte de todos os envolvidos no processo”. Nesse sentido, uma reportagem jornalística é estruturada em pauta, informação apurada (investigação), entrevistas, texto e edição final para veiculação. 7A reportagem televisiva A pauta Construir pautas para telejornais requer esforço, pesquisa, estudo e dinamismo. Antes de qualquer notícia ir ao ar e chegar à televisão de cada telespectador, vários profi ssionais envolvidos no telejornalismo (repórteres, apresentado- res, editores, produtores, cinegrafi stas e técnicos) atuam com um objetivo comum: a busca de informações para a proposição ou construção de pautas. Esse exercício é realizado em conjunto pelas diversas áreas de um programa telejornalístico. Nesse contexto, toda matéria jornalística é pautada por um determinado assunto e deve ser debatida. Dependendo do perfil do programa, a escolha da pauta é feita pelas equipes de produção e edição, que se reúnem com demais membros para definir qual será o foco de cada matéria. Definida a pauta, parte-se para a produção. Para se construir boas pautas, o conteúdo é o segredo. Assim, estar antenado ao que está acontecendo local ou nacionalmente é fundamental. Isso varia conforme a abrangência e alcance do telejornal, e pode fazer uma grande diferença em termos de reportagens televisivas. A busca pela informação Buscar informações é parte importante da produção de uma reportagem tele- jornalística e dever de quem está produzindo um conteúdo que será veiculado para dezenasde milhares de pessoas. A existência de documentação que comprove os fatos e entrevistas com envolvidos ajudam a compor os elementos do texto, que são os personagens e as fontes. Esses elementos não podem faltar na reportagem televisiva ou em qualquer outro veículo de comunicação. Para Lage (2009, p. 62): “[...] as fontes podem ser mais ou menos confiáveis (confiança, como se sabe, é coisa que se conquista), pessoais, institucionais ou documentais”. São esses elementos que dão maior credibilidade ao veículo de comunicação e à reportagem. Proteger as fontes é uma medida fundamental que deve ser praticada pelo jornalismo. Portanto, a ética deve ser colocada sempre em primeiro lugar para que a matéria ou reportagem jornalística tenha o efeito desejado. A reportagem televisiva8 São consideradas fontes confiáveis: órgãos do governo, institutos, organiza- ções, entidades, associações e sindicatos. As fontes fazem parte da reportagem e sua checagem deve ser muito rigorosa, avaliando sempre de forma imparcial a veracidade dos fatos. São as fontes jornalísticas que ajudarão a estruturar o conteúdo de uma notícia. Para Cruz Neto (2008, p. 32): “[...] o uso das fontes deve seguir um caminho du- plo: é preciso ouvir as fontes autorizadas sobre o assunto em pauta, mas é necessário estar sempre atento a outras opiniões, a pessoas que tenham algo novo a dizer”. As entrevistas De acordo com Lage (2009, p. 66): “[...] a entrevista é o procedimento clássico de apuração de informações em jornalismo. É uma expansão da consulta às fontes, objetivando, geralmente, a coleta de interpretações e a reconstituição de fatos”. Para a realização de reportagens em televisão, o tipo de entrevista de ocasião é a que mais cria interação. Entrevistas desse tipo costumam ser realizadas ao vivo e permitem ao entrevistado falar de situações com since- ridade por estar compromissado com a verdade. A entrevista em televisão tem o poder de transmitir o que o jornalismo impresso nem sempre consegue: a exposição da intimidade do entrevistado. Os gestos, o olhar, o tom de voz, o modo de se vestir, a mudança no semblante influenciam o te- lespectador e a própria ação do entrevistador, que ao adquirir experiência consegue tirar do entrevistado mais do que ele gostaria de dizer (BARBEIRO, 2013, p. 85). É importante lembrar que uma entrevista é baseada numa estrutura básica em que deve existir a interação entre os participantes, representados na pessoa do entrevistador e do entrevistado. Essa interação será o fator gerador de credibilidade ao fato. O jornalismo brasileiro possui em sua galeria brilhantes profissionais que ao longo de suas carreiras protagonizaram grandes entrevistas. No site Observatório da Imprensa, o professor de jornalismo Pedro Celso Campos (2002), da Unesp–Bauru, publicou o artigo “Técnicas de entrevista”, que traz uma compilação de definições, dicas e estratégias de renomados repórteres brasileiros. 9A reportagem televisiva O texto e a edição final Quando nos referimos ao texto em telejornalismo, estamos falando de off , que também pode ser chamado de narrativa textual da reportagem telejornalística. Segundo Rezende (2000, p. 149), off é a parte da notícia gravada pelo repór- teres ou pelo apresentador “[...] para ser conjugada com as imagens do fato, sem que o rosto de quem faz a leitura apareça no vídeo. Nas matérias em off , a narração do locutor ou do repórter deve estar harmoniosamente conjugada com as imagens que cobrem o texto lido”. Assim como no rádio, na televisão o texto deve ser coloquial. Para Barbeiro (2013, p. 97), o jornalista precisa ter em mente que está contando uma história para alguém, em “[...] um casamento da palavra com a imagem”. Nesse caso, podem ser usadas imagens coletadas por repórteres cinematográfi cos ou imagens produzidas por artistas gráfi cos. Despois de gravadas as imagens e o texto, resta a edição final do material, que será conduzida por profissionais de audiovisual que cuidarão do som e da imagem e de tudo mais que for necessário para deixar o material com qualidade para ser veiculado. É muito importante a presença do profissional de sonoplastia no telejornalismo. Esse profissional está apto a cuidar do som e criar efeitos e fundos sonoros na reportagem, com o objetivo de atrair e mexer com emoção do telespectador. Na edição final do material, inicia-se o processo de refinamento, em que profissionais e repórteres dão os ajustes necessários para que o material atenda a seu propósito inicial, que é transmitir o conteúdo e a notícia sem o mínimo de ruído possível. Na edição, observa-se o texto, a fala do entrevistado, o volume do áudio captado, o ajuste de cores da câmera e a cronometragem do material. O responsável por essas e outras ações é o editor. Para Barbeiro (2013, p. 102): [...] a função de editor na TV é trabalhosa, dá pouca visibilidade ao jorna- lista, mas é de fundamental importância, pois a edição é a montagem final da reportagem que vai ao ar no telejornal. É nessa etapa de elaboração da matéria que fica mais clara a ação do jornalista em excluir e suprimir parte do material colhido, sob ação da subjetividade. A reportagem televisiva10 A veiculação da notícia em qualquer telejornal parte da escolha feita pelo editor. Se uma determinada reportagem tem a intenção de atingir determinado público, até o horário é escolhido estrategicamente. Em geral, o objetivo é prender a atenção do telespectador e gerar curiosidade sobre o assunto. Isso implica a criação de artes, vinhetas, chamadas e até efeitos visuais, se necessário. A utilização desses efeitos gráficos passou a fazer parte do contexto jornalístico nos anos 1970. A carência de imagens, em certas situações, fez com que profissionais de computação gráfica começassem a fazer parte da equipe de produção jornalística, atuando como novos mediadores nesse processo de produção da reportagem televisiva. ARAÚJO, G. F. Telejornalismo: da história às técnicas. Curitiba: Intersaberes, 2017. BARBEIRO, H.; LIMA, P. R. Manual de jornalismo para rádio, tv e novas mídias. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. CAMPOS, P. C. Técnicas de entrevista. Observatório da Imprensa, 13 mar. 2002. Dispo- nível em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/primeiras-edicoes/tcnicas-de- -entrevista/. Acesso em: 10 maio 2020. CRUZ NETO, J. E. Reportagem de televisão: como produzir, executar e editar. Petrópolis: Vozes, 2008. GOMES, I. M. M. A noção de gênero televisivo como estratégia de interação. Revista Fronteiras — Estudos midiáticos, v. 4, n. 2, p. 165–185, dez. 2002. HENN, R. Pauta e notícia: uma abordagem semiótica. Canoas: Ulbra, 1996. JENKINS, H. Cultura da convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2009. LAGE, N. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro: Record, 2009. PACETE, L. G. O que evoluiu em tecnologia audiovisual. Meio&Mensagem, 27 abr. 2017. Disponível em: https://www.meioemensagem.com.br/home/midia/2017/04/27/o- -que-evoluiu-em-tecnologia-de-captacao-e-producao-audiovisual.html. Acesso em: 10 maio 2020. PENA, F. Teoria do jornalismo. São Paulo: Contexto, 2005. REZENDE, G. J. Telejornalismo no Brasil: um perfil editorial. São Paulo: Summus, 2000. RIBEIRO, A. P. G.; SACRAMENTO, I.; ROXO, M. A história da televisão no Brasil. São Paulo: Contexto, 2010. SQUIRRA, S. Boris Casoy: o âncora no telejornalismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1993. 11A reportagem televisiva Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Leituras recomendadas BISTANE, L.; BACELLAR, L. Jornalismo de TV. São Paulo: Contexto, 2005. CAMOCARDI, E. M.; FLORY, S.F. V. Estratégias de persuasão: em textos jornalísticos, literários e publicitários. São Paulo: Arte e Ciência, 2003. CURADO, O. A notícia na TV: o dia-a-dia de quem faz telejornalismo. São Paulo: Alegro, 2002. DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2015. FLOSI, E. Por trás da notícia: o processo de criação das grandes reportagens. São Paulo: Summus, 2012. FOLHA DE S. PAULO. Manual de Redação. 12. ed. São Paulo: Publifolha, 2008. PATERNOSTRO, V. I. O texto na TV: manual de telejornalismo. 7. ed. São Paulo: Campus, 2006. A reportagem televisiva12 PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Otavia Alves Cé Produção de audiovisual institucional Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar o que é produção audiovisual. Definir audiovisual institucional. Reconhecer as etapas da produção de uma obra audiovisual institucional. Introdução Neste capítulo, você vai estudar a etapa de produção audiovisual, em especial questões relacionadas à composição, à linguagem estética e à equipe de produção. Você também vai conhecer conceitos relacionados com a produção audiovisual institucional, uma ferramenta de comunica- ção poderosa para a criação, a manutenção ou a mudança da imagem de empresas e instituições. Além disso, você vai ver as peculiaridades da produção audiovisual institucional, bem como acompanhar uma reflexão acerca do trabalho do comunicador responsável por tal processo. Hora de gravar: a produção audiovisual Uma produção audiovisual exige um projeto e um planejamento detalhados. É preciso defi nir o que se quer dizer, como contar, com o que gravar, com quem trabalhar e para quem. Ou seja: muitas perguntas têm de ser respondidas para evitar erros, surpresas ou esquecimentos, minimizando possíveis imprevistos, atrasos e difi culdades que possam surgir durante a gravação. Só depois é que se passa para o estágio de fi lmagem. A maneira como a gravação vai se desenvolver depende de que produto se deseja obter ao final da produção. A primeira diferença fundamental é em relação à abordagem, ou seja, é preciso definir se a produção será uma ficção ou um documentário. Na produção de ficção, tudo deve ser muito mais controlado, fechado e medido. Há pouco espaço para improvisação ou mudanças importantes. Geralmente, há a exigência de uma grande equipe para uma produção de ficção profissional. Tudo deve ser controlado minu- ciosamente para se obter um bom resultado e não haver dispêndio de verbas não previstas. Já a produção de documentários ou reportagens é muito mais aberta no momento da gravação ou filmagem. É comum a equipe de produção se ver frente a situações que não haviam sido antecipadas, que podem conferir mais riqueza ao produto em elaboração. O roteiro do documentário é muito mais aberto, por exemplo, e em muitas ocasiões ele só fica completo no momento da produção. As filmagens geralmente são feitas com muito menos recursos humanos e materiais. As pessoas ou animais que aparecem nos documentários são geralmente personagens reais, e não atores ou atrizes. Composição A composição, Segundo Dondis (1991, p. 6), se aplicada à pintura, é con- ceituada como “[...] a arte de agrupar as fi guras e acessórios para obter o melhor efeito, de acordo com o que se quer representar”. Em uma produção audiovisual, pode-se dizer que a composição é a arte de ordenar, selecionar e arranjar os elementos necessários para comunicar ao público o que se pretende dizer. A câmera oferece milhares de possibilidades para compor ou enquadrar uma cena. O enquadramento é tudo o que se coleta através do visor da câmera. A composição que se realiza dentro da estrutura da câmera depende: do ponto de vista, ou seja, de onde a câmera é colocada; do tipo de plano utilizado; do tipo de objetivo narrativo. O ponto de vista é definido pelo lugar onde a câmera é colocada para a gravação: pode ser um pouco mais alto ou um pouco mais baixo, um pouco para a esquerda ou mais para a direita, na frente ou atrás da personagem. Dependendo de onde se coloca a câmera, gera-se um efeito ou outro. Assim, de acordo com o ângulo em que se posiciona a câmera em relação ao assunto, é possível obter três tipos de enquadramento. Veja a seguir. Produção de audiovisual institucional2 Ângulo normal: a câmera é colocada na mesma altura dos olhos do sujeito que está sendo gravado. É a altura usual do horizonte e a presente na maior parte do tempo nas produções. É o plano que menos impressiona porque as pessoas estão acostumadas a olhar a partir dessa posição. Ângulo picado: a câmera é colocada acima dos olhos do assunto gra- vado. Esse ângulo estabelece uma relação de superioridade em relação ao personagem registrado, que é visto de maneira inferior pelo observador. O ângulo picado também ajuda a fazer planos muito amplos de uma cidade, um campo ou uma paisagem. Ângulo contrapicado: a câmera está localizada abaixo dos olhos do assunto gravado. Assim, uma relação de inferioridade é estabelecida perante o personagem que está sendo gravado, que parece superior e mais importante do que o observador. Por sua vez, a escolha de um tipo de plano tem implicações em termos do grau de proximidade e da privacidade que a câmera estabelece em relação ao assunto. O tipo de plano também se relaciona à quantidade de informação que se deseja fornecer. É possível priorizar o contexto, em um plano geral, ou a expressão do rosto, em um primeiro plano. A seguir, veja os principais tipos de planos. Grande plano geral: plano muito aberto em que a figura humana é mal percebida e em que prevalece o contexto geral. Serve para situar a narração em seu espaço. Plano geral: a figura humana é vista em seu contexto. Esse plano ajuda a situar a personagem na cena e a dar informações ao espectador sobre os elementos e as pessoas que a cercam. Plano americano: a figura humana é vista dos joelhos para cima. Esse plano também é chamado de plano três quartos. Ele era muito usado nos westerns porque permitia ver os cartuchos dos caubóis. Nesse plano, o espaço em torno das mãos também é importante. Plano médio: a figura humana é vista da cintura para cima. Esse tipo de plano permite uma abordagem maior sobre o assunto em questão. É um plano amplamente utilizado nos diálogos entre as personagens. Primeiro plano: a figura humana é vista do pescoço para cima. É um tipo de plano em que a força da imagem recai sobre o rosto e a expressão 3Produção de audiovisual institucional da personagem. A abordagem da câmera informa sobre a importância dessa personagem e confere certo grau de intimidade com a pessoa retratada e com os seus sentimentos. Nesse tipo de plano, o contexto desaparece, porque não importa muito onde a personagem está, mas como ela fala ao interlocutor. Esse tipo de plano é amplamente utilizado em entrevistas íntimas ou depoimentos em que se almeja identificação e empatia com a pessoa retratada. Primeiríssimo plano: detalhe da face da figura humana. Procura uma abordagem mais próxima da pessoa do que no caso do primeiro plano. Esse plano serve para focalizar o olhar do observador em um ponto da personagem, tais como olhos ou lábios. Plano detalhe: detalhe de qualquer elemento, seja da figura humana ou de um objeto. É uma espécie de plano que, embora não seja fundamental na sequência narrativa gravada, pode facilitar a montagem e melhorar o ritmo dela, além de fornecer mais informações. Aprenda mais sobre planos de enquadramento no link a seguir. https://qrgo.page.link/6PfXw O tipo de objetivo narrativo que se usa também é decisivo na composição. Os objetivos são as formas de captação da visão, que variam de acordo com o tipo de lente utilizada no processo de gravação. O ângulo de visão depende da distância focal da lente. Basicamente, pode-se falar sobre três tipos de objetivos, como você pode ver a seguir. Lente objetiva normal:
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