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Prévia do material em texto

VIVIANE DE PAULA
Olá. Meu nome é Viviane de Paula. Sou formada em Letras, 
especializada em Revisão e Preparação Textual, com uma experiência 
técnico-profissional na área de docência e também na área de educação 
a distância, possuindo mais de oito anos de experiência nesses campos. 
Passei por empresas como a Kroton Educacional, na qual atuei na área de 
EaD, e no Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), em parceria com 
a Fundação Roberto Marinho, atuando como Instrutora de Aprendizagem 
Multidisciplinar para jovens e adultos. Sou apaixonada pela Educação e 
adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em 
suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar 
seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar 
você nessa fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
A AUTORA
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo 
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha 
de aprendizagem toda vez que:
ICONOGRÁFICOS
INTRODUÇÃO: 
para o início do desen-
volvimento de uma 
nova competência;
DEFINIÇÃO: 
houver necessida-
de de se apresentar 
um novo conceito;
NOTA: 
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE: 
as observações es-
critas tiveram que ser 
priorizadas para você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado 
ou detalhado;
VOCÊ SABIA? 
curiosidades e inda-
gações lúdicas sobre 
o tema em estudo, se 
forem necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamento 
do seu conhecimento;
REFLITA: 
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou 
discutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO: 
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma ativi-
dade de autoaprendi-
zagem for aplicada;
TESTANDO: 
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Compreendendo os fundamentos epistemológicos, 
históricos e metodológicos ............................................. 12
Panorama histórico do ensino de Língua Portuguesa ........ 12
Transformações na metodologia de ensino de Língua 
Portuguesa ....................................................................... 15
Refletindo sobre o aprender e o ensinar na escola ........ 17
Texto como unidade de ensino: como utilizá-lo? .............. 18
Analisando os objetivos, os conteúdos e as orientações 
didáticas em língua portuguesa .................................... 21
Educação Infantil: objetivos, conteúdos e orientações 
didáticas ........................................................................... 21
Tratamento didático dos conteúdos pelo professor de Língua 
Portuguesa ....................................................................... 28
Processo de avaliação de aprendizagem para a Educação 
Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental ............ 31
Panorama histórico da avaliação ...................................... 31
 O que significa avaliar? ................................................... 34
O processo avaliativo na Educação Infantil e primeiros anos 
do Ensino Fundamental .................................................... 37
Avaliação e os tipos de função ......................................... 40
Viviane de Paula .............................................................. 46
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa ................. 46
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 9
UNIDADE
01
FUNDAMENTOS DO ENSINO DA LÍNGUA 
PORTUGUESA
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa10
É de suma importância para aqueles que atuam nas escolas 
considerarem de forma contínua a reflexão de sua atuação docente 
para que suas práticas sejam aprimoradas e desenvolvidas. Esta 
disciplina se preocupa em compreender os Fundamentos do Ensino 
de Língua Portuguesa e procura abrir caminhos para novas alternativas 
e formas de se pensar e fazer. Assim, vamos abordar os fundamentos 
epistemológicos, históricos e metodológicos, além de refletir sobre o 
aprender e o ensinar na escola, abordando os objetivos, os conteúdos e 
as orientações didáticas em língua portuguesa para a Educação Infantil e 
os anos iniciais do Ensino Fundamental. Por fim, vamos ver o processo de 
avaliação de aprendizagem para a Educação Infantil e os anos iniciais do 
Ensino Fundamental. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai 
mergulhar neste universo!
INTRODUÇÃO
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 11
Olá. Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 1, nosso objetivo é 
auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais 
até o término desta etapa de estudos:
1. Compreender os fundamentos epistemológicos, históricos e 
metodológicos;
2. Refletir sobre o aprender e o ensinar na escola;
3. Analisar os objetivos, os conteúdos e as orientações didáticas 
em língua portuguesa para a Educação Infantil e os anos iniciais do 
Ensino Fundamental;
4. Abordar o processo de avaliação de aprendizagem para a 
Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental.
Então? Preparado para adquirir conhecimento sobre um assunto 
fascinante e inovador como esse? Vamos lá!
OBJETIVOS
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa12
Compreendendo os fundamentos 
epistemológicos, históricos e 
metodológicos
Podemos perceber que no Brasil, em suma, é priorizado o 
ensino da língua materna a partir da gramática tradicional, ou seja, da 
norma culta. Não é raro ouvirmos afirmações de que saber a gramática 
é dominar completamente a Língua Portuguesa, isto é, comunicar-se 
efetivamente nas mais diversas esferas comunicativas. 
Bentes e Mussalim (1997) denominam essas práticas que 
privilegiam a gramática de visão formalista da língua, aquela que se 
atém aos aspectos normativos e como eles se relacionam entre isso.
Essa priorização da gramática pode ser como uma tradição 
história, que está embasada em uma concepção de caráter clássico da 
língua, que muitas vezes desconsidera as interações comunicativas e a 
diversidade linguística que possuímos em nosso país. Essa concepção 
de que saber português se dá pelo domínio da gramática tem seu cerne 
estabelecido com a chegada dos jesuítas no Brasil. 
EXPLICANDO MELHOR:
A priorização da gramática no ensino brasileiro teve sua base 
fundamentada com a chegada dos jesuítas, que propuseram 
em seu ensino o aperfeiçoamento do português que 
encontraram entre os índios que habitavam nossas terras. 
Assim, permitiam somente que professores que tivessem 
aprendido e tivessem completo domínio da gramática 
normativa, apenas ensinassem gramática, completando, 
assim, uma tradição normativa com poucas perspectivas de 
mudanças.
Panorama histórico do ensino de Língua 
Portuguesa
A exaltação da gramática no ensino brasileiro foi sendo reforçada 
por algumas normas legislativas no decorrer dos tempos. Lima (1985) 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 13
cita que, por exemplo, em 1959 tivemos a portaria 36, do Ministério 
da Educação e Cultura (MEC) que, em suma, disciplina a adoção da 
Nomenclatura Gramatical Brasileira, bem como recomendava que esta 
fosse usada em um ensino de caráter programático, como também 
previa exercícios constantes de verificação da aprendizagem. 
Figura 1
Fonte: Pixabay
A exaltação da gramática no ensino brasileiro foi sendo reforçada 
por algumas normas legislativas no decorrer dos tempos. Lima (1985) 
cita que, por exemplo, em 1959 tivemos a portaria 36, do Ministério 
da Educação e Cultura (MEC) que, em suma, disciplina a adoção da 
Nomenclatura Gramatical Brasileira, bem como recomendava que esta 
fosse usada em um ensino de caráter programático, como também 
previa exercícios constantes de verificação da aprendizagem.Ainda segundo esse estudioso, a Portaria 36 concebia grande 
relevância à revisão da doutrina gramatical com, por exemplo, exercícios 
de repetição; e também à realização de pesquisas constantemente, para 
verificar os equívocos mais recorrentes em relação ao uso da gramática 
realizado pelos discentes. 
Nesse sentido, podemos perceber que não havia espaço para 
variação e diversidade linguística, sendo considerado plausível aquele 
aluno que meramente fizesse bom uso das regras e normas gramaticais; 
práticas essas bastante comuns no ensino tradicional. Essa portaria 
reforça, portanto, a importância da gramática em detrimento de outras 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa14
práticas pedagógicos que considerassem o aluno em sua totalidade 
linguística.
Já a Lei 5.692/71, apesar de ter apresentado uma pequena 
evolução no quadro da legislação, também reproduzia uma situação 
bastante paradoxal do ensino da Língua Portuguesa. Em síntese, 
segundo Lima (1985, p. 2), “a legislação assume a posição de distinguir 
um ensino centrado no uso da língua de um ensino a respeito da língua”. 
Isso fica muito evidente na leitura do parecer 853/71. Vejamos o que 
Lima (1985, p. 2) nos afirma:
O artigo 5º desse Parecer afirma que nas séries iniciais, sem 
ultrapassar a quinta, a língua será desenvolvida sob a forma 
de Comunicação e Expressão, tratada predominantemente 
como atividade; em seguida, até o fim desse grau, sob a 
forma de Comunicação em Língua Portuguesa, tratada 
predominantemente como área de estudo; no ensino do 2º 
grau, sob a forma de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, 
tratada predominantemente como disciplina (LIMA, 1985, p. 2).
O estudioso também cita o artigo 4º que define que as atividades 
deveriam propor que os discentes atingissem a sistematização do 
conteúdo e nas disciplinas a aprendizagem se desenvolveria de forma 
predominante sobre conhecimentos sistemáticos.
EXPLICANDO MELHOR:
Esses fatores, como podemos perceber, dificultavam os 
avanços na metodologia do ensino da Língua Portuguesa, 
devido, principalmente, à exclusividade da gramática em 
detrimento de outras práticas pedagógicas.
Uma característica bastante marcante dessa época, impulsionada 
pelo processo de industrialização, era a apresentação de alunos prontos 
para o mercado de trabalho, com bastante foco na memorização de 
informações e conteúdos ao invés de saber empregá-los de forma 
correta e agir em relação a eles.
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 15
Era característica dessa época a apresentação de produtos 
feitos e acabados, assim como a memorização. Surgiram, então, as 
transformações sociais decorrentes da industrialização. Seus valores 
começaram a passar pelo crivo de uma forte e contínua crítica e muita 
rejeição. 
Transformações na metodologia de ensino 
de Língua Portuguesa
Com as transformações sociais no decorrer dos tempos, devido 
aos processos que decorreram da industrialização, começaram, então, 
a emergir fortes críticas e rejeição a essa modelo focado puramente no 
ensino da gramática.
Nesse novo modelo, o professor teria a tarefa de mediador de 
conhecimentos, levando a criança a saber questionar, criticar, pensar e 
criar novos modelos, partilhando conhecimento de uma forma constante 
e aberta, aceitando opiniões e diversas formas de pensar e falar. 
Figura 2
Fonte: a autora
A escola ganha uma nova roupagem e, sobretudo, um novo 
sentido. A leitura também surge com um novo enfoque, passando a ser 
um instrumento que liberta, possibilita o conhecimento, a consciência 
crítica, a reflexão e a formação do discente enquanto cidadão. 
É importante refletirmos como a leitura pode nos tornar 
pensadores, já que essa é uma forma de instrumentalizar-nos a 
compreender de uma maneira a sociedade na qual estamos inseridos, 
bem como entendermos como outras sociedades – diferentes das 
nossas – comportam-se e modificam-se com o passar dos anos. As 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa16
sociedades são vivas, por isso estão em constante mudança, assim 
como a língua que vive e altera-se no decorrer dos anos. Portanto, uma 
língua que não muda é uma língua morta. 
Podemos dizer que à escola foi concebido um novo olhar, no qual 
o professor já não é a única fonte imutável de informações, ele atua como 
mediador e gera a aprendizagem de seus alunos, suscitando dúvidas 
e levantando questionamentos, buscando construir e desenvolver a 
criticidade inerente ao ser humano. 
O professor de língua portuguesa passa a ter novo papel, 
principalmente em decorrência do massivo recebimento e 
compartilhamento de informações, possibilitado pela globalização 
e informatização. Hoje, mais do que nunca o professor deve prover 
ferramentas e recursos necessários para que o discente não seja um 
mero receptor passivo de informações, mas deve refletir sobre o que lê, 
vê e escuta, construindo o conhecimento que nunca estará pronto, mas 
em processo constante de aprimoramento. 
Figura 3
Fonte: Pixabay
Assim, o aluno não será um produto acabado, mas um cidadão 
em construção de seus conhecimentos e, nesse sentido, o professor de 
Língua Portuguesa é uma peça fundamental.
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 17
Fonte: Pixabay
Fonte: a autora
Refletindo sobre o aprender e o ensinar 
na escola
Como podemos notar, o ensino-aprendizagem não deve se 
prender somente ao ensino da gramática tradicional ou memorização 
de conteúdos. O professor de Língua Portuguesa deve compreender 
que o ensino não deve ser somente pautado na gramática normativa 
e que o seu domínio não é suficiente para determinar se um aluno tem 
conhecimentos suficientes para o domínio da Língua Portuguesa e seus 
usos nas mais diversas esferas comunicativas. 
Figura 6
Figura 5
Assim, segundo Lima (1985), o ensino de Língua Portuguesa deve 
estar pautado em dois principais aspectos. Vejamos a seguir:
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa18
EXEMPLO: Um exemplo bastante claro que o professor de 
Língua Portuguesa pode utilizar é exemplificar o uso das habilidades 
linguísticas em uma entrevista de emprego, na qual necessita ser mais 
formal, normalmente, com um vocabulário mais rebuscado e o emprego 
adequado da norma culta. Por outro lado, em uma conversa com amigos 
há espaço para informalidades, dialetos e gírias, já que esse é um 
contexto comunicativo que existe maior proximidade com o receptor. 
Texto como unidade de ensino: como 
utilizá-lo?
Figura 7
Fonte: Pixabay
Os Parâmetros Nacionais Curriculares – PCNs (1997) afirmam que 
o ensino da Língua Portuguesa tem sido marcado, sobretudo, por uma 
sequência de conteúdos que buscam fazer com que o aluno saiba juntar 
letras ou sílabas para formar palavras e, por sua vez, juntar palavras para 
formar sentenças. Por fim, agrupa-se as sentenças para se formar um 
texto. 
Essa abordagem meramente sistemática levou à concepção do 
texto apenas com um pretexto para se ensinar, no entanto, sem que o 
aluno tenha compreensão e aprofundamento significativo no que está 
lendo ou escrevendo. 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 19
Assim, caso o professor de Língua Portuguesa tenha como 
objetivo promover a interpretação de texto, não deve tomar como 
unidade básica de ensino a letra, sílaba, palavra ou frase, pois estas 
sem serem empregadas em um contexto de ensino não se atém à 
competência discursiva, que aqui é a peça principal. 
O professor não deve focalizar a leitura do texto em palavras 
ou situações didáticas que possam emergir, mas considerar o texto 
como unidade de ensino a ser trabalhada em sua totalidade, sendo 
complementar à escrita, como podemos ver neste excerto dos PCNs 
(1997):
Apesar de apresentadas como dois sub-blocos, é necessário 
que se compreenda que leitura e escrita são práticas 
complementares, fortemente relacionadas, que se modificam 
mutuamente no processo de letramento — a escrita transforma 
a fala(a constituição da “fala letrada”) e a fala influencia a 
escrita (o aparecimento de “traços da oralidade” nos textos 
escritos). São práticas que permitem ao aluno construir 
seu conhecimento sobre os diferentes gêneros, sobre os 
procedimentos mais adequados para lê-los e escrevê-los e 
sobre as circunstâncias de uso da escrita (BRASIL, 1997, p. 41). 
Precisamos também ressaltar que, muitas vezes, os professores 
tendem a facilitar demais os textos, com sentenças curtas e poucos 
parágrafos, desconsiderando as habilidades de seus alunos.
Logo, os PCNs (1997) mostram que é um grande equívoco por 
parte dos docentes de Língua Portuguesa tentarem aproximar os textos 
dos alunos, isto é, simplificando e negando as suas capacidades. 
Ao contrário, deve-se aproximar esses discentes aos textos de 
qualidades, já que não formam leitores assíduos – aqueles que leem 
fora do ambiente escolar –, somente oferecendo textos simplificados ou 
empobrecidos, que não têm a qualidade e a capacidade de instigar a 
formação de leitores.
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa20
Figura 8
Fonte: Pixabay
Dessa forma, os professores acabam insistindo em textos pouco 
interessantes, que se tornam cansativos e diminuem a experiência de 
leitura satisfatório dos discentes, fazendo com que eles vejam a leitura 
como uma obrigação e não como uma atividade prazerosa, lúdica e 
relaxante. 
Assim, é importante investir e atentar-se à iniciação da criança no 
mundo da leitura e da escrita, já que será nessa fase que ela construirá 
seus gostos e suas preferências. Nesse sentido, o professor de Língua 
Portuguesa que traz aos seus alunos textos interessantes, tem maior 
probabilidade de formar leitores críticos e assíduos.
O trabalho com o texto literário permite que sejam construídas 
capacidades de crítica e de reflexão, devendo ser incorporado às 
práticas cotidianas da sala de aula, e não somente como um pretexto 
para ensinar.
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 21
Figura 9
Analisando os objetivos, os conteúdos 
e as orientações didáticas em língua 
portuguesa 
Tanto na Educação Infantil quanto nos anos iniciais do Ensino 
Fundamental, a participação dos professores em atuação contínua 
com outros profissionais e instituição, bem como com a participação 
da sociedade, é fundamental para que os objetivos sejam atingidos, 
os conteúdos sejam transmitidos de forma assertiva e significativa 
para o processo de ensino-aprendizagem e para que as orientações 
didáticas estejam em consonância com os objetivos gerais e específicos 
propostos. 
Educação Infantil: objetivos, conteúdos e 
orientações didáticas
Para iniciarmos os nossos estudos, é de suma importância 
destacarmos que, segundo os Parâmetros de Qualidade para Educação 
Infantil (2006), existem alguns aspectos que os professores de Língua 
Portuguesa devem se atentar em relação às crianças na Educação 
Infantil. Vamos conferir cada um deles?
Fonte: a autora
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa22
Bentes e Mussalim (1997) afirmam que estudos em relação ao 
modo que as crianças aprendem e adquirem a linguagem apenas se 
deram recentemente. Denominam, assim, a aquisição da linguagem 
como uma área “híbrida, heterogênea ou multidisciplinar” (BENTES; 
MUSSALIM; 1997, p. 205).
Ainda antes de se expressarem por meio da linguagem verbal, 
as crianças já são capazes de interagir por outros meios, tais como: 
utilizando gestos, músicas, expressão do corpo e brincadeiras, por 
exemplo, desde que assistidas por parceiros mais experientes. 
Nesse sentido, Castilho revela que a linguagem é uma forma de 
comunicação que vai muito além do campo verbal. Assim, a linguagem 
pode ser a comunicação por sinais, a comunicação por movimentos 
corporais e gestos. 
Figura 10
Fonte: Pixabay
De acordo os Parâmetros de Qualidade para Educação Infantil 
(2006), existem algumas formas com as quais os professores podem 
contribuir de maneira bastante significativa para a aprendizagem e o 
desenvolvimento das crianças. Vamos conhecer cada uma delas?
 • Organização em pequenos grupos: as crianças, quando estão 
em parceria com outras, atuam de maneira mais assertiva, aumentando 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 23
a autoestima, motivação e autonomia. Pertencer a um grupo também é 
importante para a Educação Infantil. 
 • Incentivar a brincadeira: jogos, atividades e brincadeiras 
lúdicas podem contribuir bastante para o ensino-aprendizagem da 
criança, pois possibilita um elo entre o brincar, o aprender e o ensinar. 
 • Estimular a troca entre os parceiros: em atividades em 
grupos, é importante que o professor sempre possibilite e permita 
o compartilhamento de ideias. Nesse estágio, a troca é um elemento 
essencial, que leva as crianças a se identificarem com as atividades e 
situações propostas pelo professor. 
 • Estipular tempo para o desenvolvimento das atividades: é 
importante que o professor estabeleça previamente um tempo máximo 
para a realização de determinada tarefa. Assim, é possível desenvolver 
nas crianças senso de gestão de tempo e de responsabilidade, que 
utilizarão não somente na escola, mas também em seu cotidiano fora 
dela.
 • Oferecer diferentes tipos de materiais em função dos 
objetivos que se deseja alcançar: as crianças tendem a se entediar e 
perder o foco constantemente, por isso é importante que o professor 
ofereça diferentes tipos de materiais para incentivá-las e evitar que a 
aula seja desestimulante ou cansativa. 
Essas simples estratégias permitem que a criança comece a 
respeitar e levar em consideração a opinião do outro, aprendendo a 
ouvir e aceitar diferentes pontos de vista. 
Assim, permite-se uma maior circulação de ideias e minimiza 
a resistências às iniciativas e opiniões de outros colegas. A oposição, 
quando bem gerida pelo professor, é bastante saudável e enriquecedora, 
pois instiga a capacidade argumentativa, desenvolve a organização de 
ideias e pensamentos e incita o recuo reflexivo das crianças. 
É importante também destacar que a Educação Infantil, que 
atende crianças de 0 a 5 anos, é a primeira etapa da Educação Básica, 
tendo todos os direitos, bem como as diretrizes que são voltadas para a 
educação de uma forma geral. 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa24
VOCÊ SABIA?
Até a década de 1980, era utilizada no Brasil a expressão 
pré-escolar, no entanto, esse termo levava ao entendimento 
de que a Educação Infantil era uma etapa anterior, isto é, 
uma etapa que estava fora do eixo da educação formal. No 
entanto, somente em 1996, com a promulgação da LDB, a 
Educação Infantil passou a ser finalmente considerada como 
parte da Educação Básica, assim como o Ensino Fundamental 
e o Ensino Médio. 
Há seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento que 
asseguram a aprendizagem das crianças para que elas possam agir 
ativamente em sociedade. Vamos conhecê-los melhor?
Figura 11
Fonte: A autora
Ensino Fundamental: objetivos, conteúdos e orientações didáticas
Primeiramente, é importante observar que o Ensino Fundamental 
tem nove anos de duração, sendo essa a etapa mais longa da Educação 
básica e compreende os discentes entre 6 e 14 anos. Nesse estágio, 
percebemos que os alunos passam por mudanças – referentes a 
aspectos físicos, cognitivos, afetivos, sociais e emocionais – que são 
bastante perceptíveis e acentuadas, por isso é uma etapa que demanda 
grande atenção e suporte do professor de Língua Portuguesa. 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 25
Figura 12
A BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais valoriza situações 
lúdicas para o desenvolvimento do aluno, apontando para uma 
necessidade de articulação com as experiências que foram vividas pelo 
discente na Educação Infantil. Essa articulação, portanto, precisa ter uma 
progressiva sistematização das experiências e do desenvolvimento do 
aluno dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Fonte: Pixabay
É necessário queo professor de Língua Portuguesa proporcione 
ao aluno novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades 
de ler e de formular respostas, testá-las, refutá-las, agir sobre elas, 
elaborar suas próprias conclusões, agindo ativamente para construção 
e reconstrução constante de seu conhecimento.
A BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais aponta que, nesse 
momento, é crucial a atenção do professor de Língua Portuguesa, pois 
os alunos estão passando por um processo de mudanças importantes 
em seu processo de desenvolvimento. Essas mudanças, por sua vez, 
refletem na relação consigo mesmas e com a sociedade.
Segundo o documento, há também alguns desafios para esse 
docente, como podemos ler a seguir:
Ampliam-se também as experiências para o desenvolvimento 
da oralidade e dos processos de percepção, compreensão 
e representação, elementos importantes para a apropriação 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa26
do sistema de escrita alfabética e de outros sistemas 
de representação, como os signos matemáticos, os 
registros artísticos, midiáticos e científicos e as formas de 
representação do tempo e do espaço. Os alunos se deparam 
com uma variedade de situações que envolvem conceitos 
e fazeres científicos, desenvolvendo observações, análises, 
argumentações e potencializando descobertas (BRASIL, p. 2, 
2018).
É importante também frisarmos que nos primeiros dois anos do 
Ensino Fundamental a ação pedagógica deve se focar na alfabetização, 
a fim de proporcionar oportunidades para que os alunos consigam 
realizar a apropriação do sistema de escrita alfabética em harmonia com 
o desenvolvimento de outras habilidades, tais como a leitura e a escrita. 
Isso irá proporcionar também o envolvimento em práticas diversificadas 
de letramento importantes para essa etapa da aprendizagem. 
Os PCNs (1997) dissertam sobre a importância do diagnóstico 
para o ensino-aprendizagem da criança dos anos iniciais do Ensino 
Fundamental, detectando aquilo que o aluno já sabe:
Os conhecimentos linguísticos construídos por uma criança 
que inicia o primeiro ciclo serão tanto mais aprofundados e 
amplos quanto o permitirem as práticas sociais mediadas 
pela linguagem das quais tenha participado até então. É pela 
mediação da linguagem que a criança aprende os sentidos 
atribuídos pela cultura às coisas, ao mundo e às pessoas; é 
usando a linguagem que constrói sentidos sobre a vida, sobre 
si mesma, sobre a própria linguagem. Essas são as principais 
razões para, da perspectiva didática, tomar como ponto de 
partida os usos que o aluno já faz da língua ao chegar à escola, 
para ensinar-lhe aqueles que ainda não conhece (BRASIL, 
1997, p. 67).
Assim, podemos dizer que, nessa fase de aprendizagem, são 
objetivos da instituição escolar ao aluno: 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 27
 • Estimular a reflexão e a análise de forma profunda e que 
contribua para o estudante atingir uma visão crítica da sociedade que 
o cerca;
 • Compreender e estimular as novas linguagens e como estas 
funcionam;
 • Educar para o uso das tecnologias para uma participação 
consciente e ativa em meios digitais;
 • Propiciar a formação integral do aluno, conforme os princípios 
dos Direitos Humanos e princípios democráticos.
A respeito das habilidades que se espera que o aluno atinja ao 
longo de sua passagem pelo Ensino Fundamental, temos como objetivos 
do professor de Língua Portuguesa os seguintes aspectos:
 • Expandir o uso da linguagem;
 • Usar diferentes registros, sabendo adequá-los a situações 
distintas;
 • Conhecer e respeitar as variações linguísticas;
 • Capacidade de interpretação e inferência;
 • Valorização da leitura como fonte de informação e 
conhecimento;
 • Utilizar a linguagem como instrumento de aprendizagem, 
sabendo como buscar, discernir e agir sobre as informações que se tem 
acesso;
 • Conhecer as possibilidades de uso da linguagem, bem como 
a capacidade de análise crítica daquilo que se tem acesso;
 • Fazer uso da linguagem para melhorar as suas relações 
pessoais;
 • Ser capaz de refletir e analisar criticamente os usos da língua 
como veículo de valores e preconceitos de classe, credo, gênero ou 
etnia.
É essencial que essas habilidades sejam utilizadas de forma 
articulada, então, o currículo deve ser organizado de maneira que 
favoreça a aprendizagem e que esta seja ainda mais aprimorada e 
significativa para o aluno.
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa28
Tratamento didático dos conteúdos pelo 
professor de Língua Portuguesa
A respeito do tratamento didático que se dá ao conteúdo, é 
importante deixar claro que quando se pretende que o aluno construa 
um conhecimento, a principal questão que surge para o professor de 
Língua Portuguesa é qual tratamento deve ser dado à informação que 
se deseja oferecer.
Muitos professores, ao contrário, gastam muito tempo refletindo 
sobre qual informação apresentar aos discentes, esquecendo-se de que 
o mais importante nesses casos é como essa informação será levada 
à turma. Por isso, o docente deve pensar sobre as seguintes questões:
 • O que os alunos sabem sobre isso? Quais são seus 
conhecimentos de mundo?
 • Essa informação é relevante para essa turma?
 • Quais objetivos almejo alcançar com essa informação?
 • Esse conteúdo faz parte do contexto sociocultural dos alunos?
 • Qual é a forma mais relevante de oferecer essa informação?
Pensando nesses questionamentos e procurando respondê-los, 
o professor de Língua Portuguesa irá ter como foco a aprendizagem do 
aluno, tornando essa experiência mais significativa e satisfatória.
O docente de Língua Portuguesa também deve buscar ser 
modelo para seus discentes. Além de ser aquele que ensina e gera os 
conteúdos, é papel do professor ensinar o valor que a língua tem. 
Muitas vezes, especialmente em comunidades pouco letradas, o 
hábito de leitura é realmente bastante escasso. Logo, talvez o professor 
seja o único modelo de leitor que o aluno terá durante o seu processo de 
formação. Assim, o professor atua como exemplo para os seus alunos, 
motivando-os e instigando-os em suas práticas.
EXEMPLO: Se o professor é apaixonado por uma série policial 
de literatura, é importante que esse docente compartilhe com a sala o 
seu gosto. Para isso, pode apresentar a sua coleção à turma, comentar 
constantemente sobre suas leituras, demonstrar como é interessante o 
hábito de ler. Dessa forma, os alunos verão esse professor como um 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 29
modelo de leitor a seguir, inspirando-se nele pela representatividade 
que possui.
Vamos, então, nos aprofundar em relação ao conceito de leitura? 
A leitura é um processo ativo de construção de um texto, a partir 
da construção de significados, que se dá a partir do conhecimento do 
leitor, de aspetos como o conhecimento do gênero, do autor, da obra e 
de suas referências, do sistema de escrita, entre outros.
O processo de leitura não se trata de meramente extrair uma 
informação, decodificando letra por letra. Ao contrário, o processo 
de leitura envolve uma construção de significados constantes. Nesse 
processo, o leitor age ativamente em relação ao que está sendo lido, 
sendo um equívoco acreditar que o que se lê está pronto e acabado, ou 
seja, uma verdade imutável.
Dessa forma, podemos dizer que o processo de leitura começa 
muito antes do texto começar a ser lido. Assim, é importante destacar 
que a leitura envolve uma série de outras estratégias, tais como:
 • Seleção;
 • Antecipação;
 • Inferência;
 • Verificação.
Com esses procedimentos, o leitor conseguirá controlar aquilo 
que está sendo lido e agir ativamente sobre o texto, procurando tomar 
decisões em relação à compreensão de trechos difíceis, arriscar-se 
diante de um termo que se desconhece, buscar no texto a comprovação 
– ou não – de suas inferências.
IMPORTANTE:
Um leitor competente, portanto, será aquele que possui 
autonomiapara se ter iniciativa própria. Esse indivíduo será 
capaz de usar estratégias de leituras adequadas e buscar 
textos que se adequem às suas necessidades – dentre tantos 
que circulam socialmente.
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa30
Com o tratamento adequado dos conteúdos, é possível que 
o professor forme um leitor competente, que será capaz de ler nas 
entrelinhas, compreender suas inferências, criticar o que está sendo 
lido, construir novos sentidos, estabelecer relações entre o texto que 
está sendo lido e aquele que já se leu, localizar e analisar elementos 
discursos, entre outras habilidades.
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 31
Processo de avaliação de aprendizagem 
para a Educação Infantil e anos iniciais 
do Ensino Fundamental
Muitas vezes, percebemos que a avaliação é vista somente como 
uma forma de classificar ou selecionar as crianças com base naquilo que 
foi aprendido, por isso, em geral, esse momento é visto pelos alunos 
como uma etapa em que serão criticados e julgados.
O professor de Língua Portuguesa deve transparecer em sala de 
aula que o processo avaliativo não deve ser visto como um monstro de 
sete cabeças e que as críticas, quando construtivas e bem empregadas, 
fazem parte do processo de formação, tanto do aluno como do professor.
Panorama histórico da avaliação
Figura 13
Fonte: Pixabay
Vamos discutir um pouco sobre a história da avaliação no decorrer 
dos séculos? A avaliação da aprendizagem tem o seu cerne da Psicologia 
e, nesse sentido, as primeiras décadas do século XX tiveram bastante 
presente no desenvolvimento de testes padronizados que buscavam a 
melhora das habilidades e aptidões.
Podemos considerar a avaliação uma disciplina ainda nova e que 
se encontra em desenvolvimento contínuo. Cada vez mais estudiosos 
das mais diversas áreas têm dedicado seus estudos a essa área. 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa32
No primeiro período, entre os últimos anos do século XIX e as 
primeiras décadas do século XX, a avaliação era tida somente como 
uma forma de quantificar os conhecimentos dos alunos. Naquela época, 
não havia a preocupação com a formação de um currículo ou com o 
estabelecimento de objetivos que mensurassem o que deveria ser 
aprendido pelos alunos.
Assim, nessa fase, podemos dizer que a avaliação não tinha 
objetivos claros e palpáveis, sendo praticada sem intencionalidades. 
Dessa forma, a avaliação era feita por meio de aplicação de testes que 
buscavam meramente verificar e quantificar a aprendizagem, sobretudo 
por meio de números e outras classificações similares.
Vamos à segunda geração?
A segunda geração compreende as décadas de 1934 a 1945 
e, nessa fase, a avaliação tinha como se focalizar nos objetivos 
educacionais que eram formulados com antecedência. O estudioso 
Tyle é tido como o grande precursor da avaliação educacional, sendo 
aquele que proporcionou maior visibilidade para avaliação no campo 
educacional. Na concepção desse teórico, objetivos educacionais e 
processo avaliativo deveriam caminhar juntos para que a aprendizagem 
do aluno fosse significativa.
SAIBA MAIS:
Ralph W. Tyler (1902-1994) foi um educador norte-americano 
essencial no campo da avaliação. Tyler participou do 
aconselhamento de diversos órgãos e ministérios que 
auxiliaram a definir diretrizes para o gasto com fundos federais. 
Ele também teve grande influência na política subjacente da 
Lei do Ensino Fundamental e Secundário no ano de 1965.
Ainda na segunda geração houve um grande aumento da 
tecnologia em relação à produção de testes. Estudiosos e teóricos dessa 
fase acreditavam que os testes eram a única forma de definir com êxito 
as habilidades e o que os alunos tinham aprendido ou não.
Já conhecemos o primeiro e o segundo período e vimos como a 
avaliação começou a mudar. Vamos, agora, aprender um pouco sobre o 
terceiro período?
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 33
De 1946 a 1957, décadas que compreendem o terceiro período, 
os procedimentos avaliativos perderam a sua importância de forma 
gradativamente. A relevância que foi dada para a avaliação nas épocas 
anteriores não permaneceu no nesse período. 
No entanto, no quarto período (1958-1972), a importância da 
avaliação cresce de uma forma surpreendente e passa a ser considerada 
como uma das práticas mandatórias no currículo escolar. Essa mudança 
teve como precursor Robert Kennedy, ex-senador dos Estados Unidos.
Vamos conferir o que muda nesse quarto período da história da 
avaliação?
 • Houve a necessidade de se avaliar a escola como um todo, 
incluindo, professores, metodologias, gestão, alunos, etc.;
 • O enfoque quantitativo perde espaço e dá lugar a um caráter 
qualitativo.
No quinto período (1973), denominado de período da 
profissionalização da avaliação, tivemos teorias mais consistentes 
em relação a essa área de estudo. Nessa época, foram criados novos 
modelos de avaliação, buscando uma consolidação também da 
produção científica nesse ramo.
Também no quinto período, podemos dizer que houve um maior 
enfoque para o desenvolvimento dos avaliadores, que passaram a ser 
qualificados, o que foi inédito na história da avaliação até então.
A avaliação, dessa forma, começa a ter um enfoque formativo, 
buscando acompanhar o processo de ensino-aprendizagem do aluno, 
realizando intervenções para que ele alcance os objetivos propostos. 
Nesse período, ainda que a avaliação ganhe um novo enfoque, 
percebemos que ainda consideravam a aplicação de testes como a 
única forma de controle e fiscalização dos discentes.
A partir de 1980, a avaliação passou a ser vista como uma forma 
bastante importante de se contribuir para formação, tanto do aluno 
quanto do professor. A instituição escolar começou a perceber que a 
avaliação não é somente classificar, medir e apurar dados e não acontece 
somente no final do semestre por meio de uma prova com dezenas de 
questões.
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa34
 O que significa avaliar?
Figura 14
Fonte: Pixabay
É importante que os professores de Língua Portuguesa reflitam 
sobre os seus processos avaliativos, de forma que estes sejam menos 
frustrantes e tensos para o aluno. Primeiramente, o que é avaliar?
O ato de avaliar significar apreciar, reconhecer e atribuir valor. 
Assim, avaliar não é meramente descrever e mensurar a qualidade dos 
processos de ensino-aprendizagem, mas diz respeito, sobretudo, aos 
mecanismos de gestão de formação de professores. 
Outro ponto importante sobre a avaliação é que o ato de avaliar 
é, sobretudo, acolher o aluno. Luckesi (2000) aponta que, antes de mais 
nada, avaliar implica acolher. O estudioso afirma que é preciso acolher o 
educando, conhecê-lo e, a partir disso, decidir o que fazer.
A habilidade de acolher deve estar no avaliador, isto é, nos 
professores. O estudioso explica que não é possível avaliar de forma 
satisfatória uma pessoa ou ação caso ela seja recusada desde o início 
ou julgada previamente. Para isso, Luckesi (2000) utiliza exemplos 
cotidianos para nos mostrar como acolher é um ato importante. Vejamos:
Imaginemos um médico que não tenha a disposição para 
acolher o seu cliente, no estado em que está; um empresário 
que não tenha a disposição para acolher a sua empresa na 
situação em que está; um pai ou uma mãe que não tenha 
a disposição para acolher um filho ou uma filha em alguma 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 35
situação embaraçosa em que se encontra. Ou imaginemos 
cada um de nós, sem disposição para nos acolhermos a nós 
mesmos no estado em que estamos (LUCKESI, 2000, p. 1).
Antes de avaliar um aluno, é necessário acolhê-lo. Isso vale para 
qualquer prática avaliativa. Assim, professores de Língua Portuguesa 
não devem julgar os seus alunos previamente, antes de conhecê-los, 
pois essa prática exclui e afasta, sendo completamente aposta à ideia de 
acolhimento à qual devem se ater em suas práticas educativas.A habilidade de acolher – como qualquer outra habilidade – pode 
ser desenvolvida com o tempo, já que os professores não nascem com 
ela, mas a desenvolvem no decorrer de sua prática docente. No entanto, 
é importante que, para ocorrer essa mudança, o professor reflita sobre 
as suas práticas, a fim de perceber se está ou não acolhendo o seu lado. 
REFLITA:
Pense em suas práticas enquanto indivíduo – não somente 
enquanto profissional – e tente perceber se em seu cotidiano 
costuma julgar de forma positiva ou negativa automaticamente 
algo que você escuta ou vê. Caso você possua esses hábitos, 
ainda não é capaz de acolher, pois a prática do acolhimento 
se afasta de quaisquer pré-julgamentos. 
Luckesi (2000) ainda aponta que o ato de avaliar implica 
diagnosticar e, sobretudo, decidir. Vamos explicar melhor!
Para se avaliar, além da habilidade acolhedora do educador, é 
preciso de meios eficazes para diagnosticar as principais dificuldades do 
aluno e aquilo que ele já sabe. No entanto, o que o professor deve fazer 
com os resultados obtidos? Apenas usá-los para classificar os discentes 
com média 5,0 ou com nota 10,0? A avaliação vai muito além disso. 
Vamos entender o porquê!
A prática avaliativa presume muito mais do usar as notas em uma 
reunião de pais ou para mostrar aos alunos o quanto eles são bons ou 
medíocres a partir de uma numeração. 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa36
Assim, quando se qualifica algo – um objeto, uma ação ou um 
aluno – deve-se tomar uma decisão sobre os resultados que se obteve. 
Por isso, é importante dizer que a avaliação não acaba no momento em 
que os alunos entregam as provas e o professor soma as notas e decide 
qual irá atribuir àquele aluno.
A avaliação é um instrumento fundamental para que o professor 
avalie as suas práticas e decida o que pode mudar, o que funciona 
melhor para aquele aluno, como melhorar as suas ações em sala de 
aula, para quais conteúdos deve conceber maior atenção, etc. É um 
processo de tomada de decisões que se dá a partir de critérios e objetivos 
estabelecidos que buscam prioritariamente uma melhor experiência de 
ensino-aprendizagem.
Figura 15
Fonte: Pixabay
O principal objetivo da avaliação, ao contrário do que se pensa, 
é desenvolver o processo educacional como um todo, isto é, em todos 
os seus aspectos. Também é um equívoco afirmar que se o aluno não 
aprendeu a culpa é do professor por não ter ensinado direito. 
A avaliação não é uma forma de constatação, que atribui uma nota 
positiva ou negativa àquele que está sendo avaliado. Quando a avaliação 
é somente aplicada no final do processo, de forma descontextualizada, 
não existe uma contribuição significativa para formação do aluno.
Logo, precisamos ter nas escolas um modelo de avaliação 
contínua, que leve em conta o desenvolvimento das competências do 
aluno. 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 37
EXEMPLO: Se o professor consegue perceber durante o processo 
de ensino que os alunos não conseguiram atingir alguns dos objetivos 
propostos, esse é o momento de analisar as suas práticas e redirecionar 
as suas ações para que os objetivos sejam alcançados de forma 
satisfatória.
Podemos notar que o professor possui papel fundamental no 
processo de avaliação dos alunos, pois é ele quem está mais próximo, 
acompanhando e analisando o seu desenvolvimento em sala de aula.
É imprescindível que o docente faça registros regulares. Vejamos 
a seguir alguns dos fatores que devem ser periodicamente observados:
 • As particularidades de cada aluno;
 • Sua participação em jogos, brincadeiras e atividades;
 • Seu empenho e grau de autonomia;
 • Seus potenciais e suas dificuldades;
 • Seu comportamento em grupo;
 • Sua relação com outros colegas e professores;
 • Sua forma de reagir diante de conquistas e adversidades;
 • Sua reação a conflitos;
 • Seu desenvolvimento em sala de aula.
Outras situações que o professor deve considerar pertinentes 
podem ser registradas e anotadas para que sejam utilizadas no 
processo de avaliação. Com essas práticas implementadas no processo 
de avaliação, o docente será capaz de conhecer melhor o seu aluno e, a 
partir disso, definir estratégias e novos caminhos para que os discentes 
se sintam mais motivados e para que seus objetivos sejam alcançados 
com êxito.
O processo avaliativo na Educação Infantil 
e primeiros anos do Ensino Fundamental
Geralmente, quando chega a etapa de testes, os alunos 
começam a ficar nervosos, sendo gerado na sala de aula um enorme 
clima de insatisfação que pode comprometer diretamente o ensino-
aprendizagem. Isso acontece porque, na maioria das vezes, o aluno só 
é avaliado no fim do semestre, ou seja, a avaliação não tem o caráter 
formativo que deveria ter.
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa38
Figura 16
Fonte: Pixabay
O professor de Língua Portuguesa da Educação Infantil e 
primeiros anos do Ensino Fundamental deve ter em mente que registros 
são necessários ao longo de todo o semestre. Assim, jogos, atividades 
e brincadeiras devem ser registros de forma contínua para que o 
professor tenha subsídios suficientes para avaliar com propriedade as 
competências de determinado aluno.
A avalição é dominada meramente pelo uso de instrumentos 
normativos que são direcionados para a identificação das deficiências 
das crianças, não se atentando aos aspectos que mais importam nessas 
fases: os componentes sociais, culturais e interativos do processo de 
ensino-aprendizagem.
Dessa forma, percebemos que os professores precisam abandonar 
práticas avaliativas descontextualizadas e que ignoram o fato de que 
cada criança possui sua individualidade. Assim, a instituição escolar 
deve buscar incluir em seu currículo práticas mais saudáveis e menos 
traumatizantes de se avaliar, considerando a unicidade e autenticidade 
de cada aluno e o seu desenvolvimento.
Os indivíduos não aprendem da mesma forma ou no mesmo ritmo. 
Os estímulos e fatores motivacionais também são totalmente distintos, 
por isso existem diversos fatores que precisam ser considerados no 
processo avaliativo. 
A utilização de instrumentos de avaliação que não levam em conta 
as particularidades do ser humano não cumpre com êxito o principal 
objetivo da avaliação, que é o de desenvolver competências. 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 39
O caráter classificatório que, às vezes, as avaliações também têm 
podem desmotivar os alunos, pois acabam negando outros avanços que 
eles podem ter tido. Dessa forma, as crianças que estão sempre em 
contextos de provas podem não se sentir integradas à escola, devido 
à tensão gerada no ambiente e também por conta da sensação de 
fracasso predominante.
O ideal é que a gestão escolar se atente à construção de um 
modelo avaliativo que considere o processo educacional como um todo, 
e não como uma prática isolada somente no final do semestre. Esse 
modelo avaliativo deve ter como base principal a coleta de informações 
registradas por meio de atividades que levem em consideração aquilo 
que os discentes sabem e não puramente o que ainda não possuem 
domínio.
O Projeto Político-Pedagógico (PPP) da instituição de Educação 
Infantil e Ensino Fundamental nos anos iniciais deve pensar formas 
de promover situações que motivem e desafiem os seus alunos, 
possibilitando que estes se apropriem de linguagens e saberes distintos, 
valorizando tanto produções e atividades individuais quanto coletivas. 
O processo avaliativo deve, portanto, contemplar a avaliação 
e, por meio dela, promover uma recepção constante em relação aos 
resultados alcançados, visando analisar se estes foram realmente 
satisfatórios e, caso não, o que se deve mudar ou alterar. 
Para que a ação pedagógica favoreça os alunos no processo 
avaliativo, esta deve:
 • Ser planejada;
 • Aplicada na prática;
 • Avaliada;
 • Replanejada.
É importante conversar com os alunos sempre que houver uma 
avaliação, explicaro que será feito, os critérios a serem analisados 
e garantir que esse seja um momento saudável para que eles se 
desenvolvam da melhor forma possível e para que o professor avalie as 
suas práticas.
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa40
Assim, contribui-se para práticas que não tentem encontrar 
culpados e julgar os erros, mas que a avaliação seja um momento para 
que haja transformação e melhora do trabalho do docente.
A avaliação na visão tradicional acaba assustando os discentes 
e, muitas vezes, não consegue avaliar de forma significativa o que foi 
aprendido, pois em situações de apreensão e tensão diversos alunos 
acabam esquecendo conceitos, devido à pressão psicológica. 
Para ser adequada, a avaliação deve suscitar a autonomia do 
aluno, levando à reflexão de suas práticas e ser um caminho para que 
reveja os seus pontos de dificuldades e potencialize os seus pontos 
fortes.
Vejamos, a seguir, um quadro que mostra as principais diferenças 
entre as características de uma avaliação que causa medo e nervosismo 
e uma avaliação que leva em conta as especificidades do aluno, sendo 
um processo natural do aprendizado.
Figura 17
Fonte: A autora
Avaliação e os tipos de função
Antes de avaliar os alunos, é extremamente importante que o 
professor defina de forma adequada os objetivos que se deseja atingir. O 
ato de avaliar é algo permanente em nossas vidas e, desde os primórdios, 
as formas de avaliar já estavam em nossa sociedade.
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 41
Figura 18
Fonte: Pixabay
Caso os objetivos não sejam atingidos, devem ser retomados 
e propostos novos caminhos para que o ensino-aprendizagem seja 
significativo, por isso podemos dizer que a avaliação é também uma 
maneira do professor repensar as suas práticas. 
Para o professor, a avaliação é o seu ponto de parada, é um modo 
de refletir sobre suas ações, suscitando questões como:
 • Quais são os meus objetivos e o que estou fazendo para que 
eles sejam alcançados?
 • Quais crianças precisam mais de minha atenção?
 • Como posso cativar mais meus alunos?
 • Quais estratégias posso utilizar?
Assim, segundo Bloom (1993), o processo avaliativo tem três 
funções imprescindíveis para o processo de ensino-aprendizagem, que 
são diagnosticar, controlar e classificar. O estudioso divide o processo 
avaliativo em:
 • Função diagnóstica (analítica);
 • Função formativa (controladora);
 • Função somativa (classificatória).
A função diagnóstica tem como principais objetivos identificar 
e analisar as causas das dificuldades recorrentes entre os discentes. 
Assim, busca orientar o aluno em suas práticas, diagnosticando quais 
aspectos podem ser mais dificultosos para determinado aluno.
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa42
EXEMPLO: Na medicina, por exemplo, médicos e pacientes se 
reúnem para realizar um diagnóstico de uma possível doença e/ou 
complicação. Essa prática é realizada para que problemas futuros com 
a saúde do paciente sejam minimizados e ele possua um tratamento 
mais eficaz. Na sala de aula não é diferente. Os professores de Língua 
Portuguesa precisam diagnosticar as maiores dificuldades dos alunos 
para que estas não se tornem um empecilho para o ensino-aprendizagem.
A avaliação diagnóstica deve sempre ocorrer antes de qualquer 
processo educativo, com objetivo de reconhecer se a metodologia a ser 
utilizada é a mais adequada para o aprendizado do discente. Assim, em 
síntese, podemos afirmar que a avaliação diagnóstica busca:
 • Organizar a aprendizagem;
 • Detectar os pontos fracos e os potenciais dos alunos;
 • Focalizar naquilo que os alunos conseguem produzir antes de 
começar qualquer tipo de formação.
Já o caráter formativo da avaliação busca encontrar e apontar as 
principais deficiências, verificando se os instrumentos estão de acordo 
com os objetivos que o professor deseja alcançar. 
A avaliação formativa está sempre ligada à relação pedagógica 
com o aluno. Podemos dizer que acompanha todo o seu percurso, de 
forma contínua e constante, buscando encontrar métodos para que o 
aluno esteja sempre em progresso e melhora de suas competências. 
Objetiva também que o discente tenha consciência de sua 
aprendizagem e de como atingir os objetivos propostos. A avaliação 
formativa tem como principal foco as atividades desenvolvidas, 
buscando sempre facilitar a aprendizagem por meio da adequação de 
estratégias. 
VOCÊ SABIA?
 A avaliação formativa tem um caráter regulador que busca 
reforçar, corrigir e adequar a jornada de aprendizagem do 
aluno, considerando que estes estarão sempre em um 
processo constante de evolução.
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 43
A respeito da função somativa, podemos citar o papel de 
problematizador do professor, que deve levantar questionamentos ao 
aluno para que ele construa o seu próprio conhecimento. Para isso, 
devemos buscar adequar o conteúdo que está sendo aprendido ao 
contexto social, histórico e cultural no qual o discente está inserido. 
Vamos conhecer um pouco mais a fundo as características da avaliação 
somativa?
A avaliação é somativa porque apresenta a função de certificar, 
ou seja, verificar e qualificar aquilo que os alunos apreenderam. Tem 
uma certa similaridade com a avaliação diagnóstica, pois também se 
atém àquilo que os alunos são capazes de produzir.
No entanto, a avaliação diagnóstica, como dissemos, está no 
começo do processo educativo; já a avaliação somativa localiza-se 
no final deste. Podemos dizer que a avaliação somativa classifica os 
discentes, colocando-os em posições distintas a depender do resultado 
obtido.
REFLITA:
 Hoje em dia, ainda percebemos que muitas instituições 
escolares continuam buscando em sala de aula um modelo 
de avaliação cansativo e que não motiva os alunos, ao 
contrário, acaba gerando frustrações e ansiedade. Basta citar 
o termo “prova” que muitos alunos já começam a arrancar 
os cabelos. É muito comum os professores de Língua 
Portuguesa buscarem que seus alunos decorem normas, 
classes gramaticais e infinitivas regras de acentuação, 
entendendo que o sucesso deve ser totalmente baseado no 
domínio desses aspectos. Você acredita que a avaliação deve 
continuar focada em erros e acertos, não focalizando aquilo 
que o aluno aprendeu durante todo o processo? 
Segundo Bloom (1993), essas três funções que citamos, 
diagnóstica, formativa e somativa, devem estar presentes no processo 
de avaliação para garantir a sua eficácia. É também importante lembrar 
que, para um processo avaliativo significativo, professores e alunos 
aprendem, trocam experiências e constroem conhecimento de forma 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa44
mútua. Não devemos nos ater à concepção de que o docente é o 
detentor do saber.
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso à 
seguinte fonte de consulta e aprofundamento:
Artigo: “O que é mesmo o ato de avaliar a aprendizagem?” 
Cipriano Carlos Luckesi de Luckesi. Disponível em: 
https://bit.ly/3gZdLLV. Acesso em: 8 mar. 2019.
https://bit.ly/3gZdLLV.
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 45
BIBLIOGRAFIA
BENTES, A. C.; MUSSALIM, F. Introdução à linguística: fundamentos 
epistemológicos. São Paulo, 2007.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental (1997). Parâmetros Curriculares 
Nacionais: língua portuguesa/Brasília: Secretaria de Educação Fundamental. 
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro02.pdf. Acesso 
em: 10 mar. 2019.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação Infantil. 2018. 
Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/base/o-que. 
Acesso em: 10 mar. 2019.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros 
de Qualidade para a Educação Infantil. Brasília: MEC, 2006. Disponível em: 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/eduinfparqualvol1.pdf. 
Acesso em: 3 mar. 2019. 
LIMA, R. P. O ensino da Língua Portuguesa: aspectos metodológicose 
linguísticos. Educar em Revista. n. 4. Curitiba jan./dez. 1985. Disponível em: http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010440601985000100002. 
Acesso em: 8 mar. 2019.
LUCKESI, C. C. O que é mesmo o ato de avaliar a aprendizagem? Revista 
Pátio 12. 2000. 6-11. Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/
biblioteca/imagem/2511.pdf. Acesso em: 8 mar. 2019.
XAVIER, A. Carlos & CORTEZ, S. (orgs.). Conversas com linguistas: virtudes e 
controvérsias da linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2003, pp. 13 - 24. 
DÉBORA LUIZA DA SILVA
Olá. Meu nome é Débora Luiza da Silva. Sou formada em Letras 
(Habilitação Português) pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – 
Unisinos e Especialista em Educação a Distância: Gestão e Docência 
pela mesma instituição, com uma experiência técnico-profissional na 
área da docência e elaboração de conteúdos pedagógicos para cursos 
da modalidade a distância. Passei por diferentes instituições, dentre 
elas o Governo do Estado do Rio Grande do Sul e outras privadas, tais 
como a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), a UniRitter e a 
Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (Fadergs), ambas do 
Grupo Laureate International Universities, nas quais já atuei como analista 
acadêmica de EAD, professora-tutora, designer educacional e docente de 
EAD. Atualmente sou professora de Língua Portuguesa e Literatura da EJA 
EAD do Serviço Social da Indústria (SESI/RS). Sou apaixonada pelo que faço 
e adoro transmitir minha experiência de vida, bem como contribuir com o 
aprendizado daqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, 
fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores 
independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito 
estudo e trabalho. Conte comigo!
A AUTORA
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo 
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha 
de aprendizagem toda vez que:
ICONOGRÁFICOS
INTRODUÇÃO: 
para o início do desen-
volvimento de uma 
nova competência;
DEFINIÇÃO: 
houver necessida-
de de se apresentar 
um novo conceito;
NOTA: 
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE: 
as observações es-
critas tiveram que ser 
priorizadas para você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado 
ou detalhado;
VOCÊ SABIA? 
curiosidades e inda-
gações lúdicas sobre 
o tema em estudo, se 
forem necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamento 
do seu conhecimento;
REFLITA: 
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou 
discutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO: 
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma ativi-
dade de autoaprendi-
zagem for aplicada;
TESTANDO: 
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Analisando o funcionamento da fala e da leitura .........10
Como a fala funciona ........................................................11
Como a leitura funciona ....................................................12
Compreendendo os fenômenos da variação linguística e os 
processos da fonologia .....................................................15
Variação linguística no contexto escolar ............................16
Processos fonológicos na escola .......................................18
Reconhecendo as características dos diferentes tipos de 
leitura...............................................................................20
Gêneros e tipos textuais: Identificando as diferenças .........20
Textos orais ..............................................................23
Textos escritos ..........................................................24
Demonstrando o funcionamento da leitura na escola ....26
Prática da leitura ...............................................................26
Atividades de escuta de textos orais .........................28
Atividades de leitura de textos escritos .....................29
Atividades de leitura de textos literários ...................31
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 7
UNIDADE
02
LIVRO DIDÁTICO DIGITAL
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa8
Nos últimos anos, as concepções de ensino de Língua Portuguesa, 
voltadas à prática da leitura, da escrita e da oralidade, foram se ampliando, 
através dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Por isso, a prática docente 
exige que o profissional da área educacional, e aqui, em especial, da 
Educação Infantil e do Ensino Fundamental, busque alternativas para 
desenvolver habilidades e competências por parte dos alunos. Nesta 
Unidade, analisaremos o funcionamento da fala e da leitura na escola, 
buscaremos compreender os fenômenos da variação linguística e os 
processos da fonologia, reconheceremos as características dos diferentes 
tipos de leitura e, por fim, demonstraremos como as atividades de 
leitura funcionam no ambiente escolar. Além de nos basearmos no que 
dispõem os PCNs (1997), utilizaremos como ponto de partida as teorias de 
estudiosos do campo da linguística e da educação. Entendeu? Ao longo 
desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
INTRODUÇÃO
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 9
Olá. Seja muito bem-vindo à nossa Unidade 2, nosso objetivo é 
auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais 
até o término desta etapa de estudos:
1. Analisar o funcionamento da fala e da leitura;
2. Compreender os fenômenos da variação linguística e da 
fonologia;
3. Reconhecer as características dos diferentes tipos de leitura;
4. Demonstrar como funciona a leitura na escola.
Então? Preparado para adquirir conhecimento sobre um assunto 
fascinante e inovador como esse? Vamos lá!
OBJETIVOS
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa10
Analisando o funcionamento da fala e da 
leitura 
Há algumas décadas, o ensino de Língua Portuguesa vem sendo 
apontado como um dos responsáveis pelos altos índices de reprovação 
e da necessidade de melhorar a educação brasileira. Essa realidade, 
portanto, está diretamente ligada às práticas de leitura e escrita 
desenvolvidas nas escolas.
REFLITA:
 Pense nas suas práticas individuais enquanto leitor, não 
apenas como estudante de nível superior e futuro profissional 
da educação. Reflita se você tem um bom relacionamento 
com a Língua Portuguesa, especialmente no que se refere à 
leitura e à escrita. Você costuma praticá-las fora do ambiente 
de ensino? 
Esse processo se dá a partir dos primeiros anos do Ensino 
Fundamental, especialmente após a alfabetização, mas permanece 
durante toda a trajetória de ensino, cujos alunos do ensino superior 
também demonstram grandes dificuldades nas competências de leitura 
e escrita.
Atualmente, através do ensino de Língua Portuguesa, espera-
se que os alunos adquiram ao longo dos anos na escola competências 
que possibilitem a resolução de problemas cotidianos, por meio da 
linguagem. 
No que se refere à fala, esta não está entre os papéis da escola, 
devido ao fato de que a criança a desenvolve muito antes da idade 
escolar. Mas, com o planejamento de atividades que contemplem 
a produção oral, é possível desenvolvê-las, de maneira a articular os 
textos orais e escritos.
Quanto à leitura, esta ainda é um desafio para muitos professores 
do cenário educacional brasileiro, visto que a principal fonte de leitura 
dos estudantes durante o período da escola passa a ser por um longo 
período, apenas por meio do livro didático.
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 11
Assim, segundo os PCNs:
Quando se afirma, portanto, que a finalidade do ensino de 
Língua Portuguesa é a expansão do uso da linguagem, 
assume-se que as capacidadesa serem desenvolvidas estão 
relacionadas a quatro habilidades básicas: falar, escutar, ler e 
escrever (BRASIL, 1997, p. 35). 
Dessa forma, ao longo desta Unidade de estudos, verificaremos 
como cada uma dessas habilidades é desenvolvida nas instituições de 
ensino do nosso país.
Figura 1: Leitura na escola
Fonte: Pixabay
Como a fala funciona
Até a chegada da escola, as crianças reproduzem a fala em 
ambientes conhecidos e privados, geralmente relacionados ao seu 
contexto familiar. Nesse sentido, o papel da escola não é ensinar ao aluno 
o que ele já sabe, mas garantir espaços de fala, escuta e compreensão 
da língua.
De acordo com Vigotski (1993) o desenvolvimento da fala e da 
escrita não se desenvolve da mesma maneira. Ambas se diferenciam 
tanto na estrutura, quanto no funcionamento, entretanto, fala e escrita 
estão fortemente ligadas, pois é através da fala que se expressa de 
maneira escrita aquilo que está em nosso pensamento.
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa12
Quando falamos estamos praticando ações, ordenamos, 
questionamos, lamentamos, julgamos, entre outras. O ato de se 
expressar por meio da oralidade requer ao falante da língua agir com 
confiança, pois ao mesmo tempo que não se ensina a falar na escola, se 
corrige o “falar errado” do aluno. Por essa razão, a escola deve ensinar o 
uso adequado da língua e, ao mesmo tempo, respeitar e acolher o modo 
como cada sujeito se expressa.
Além desse acolhimento, é fundamental propiciar instrumentos 
que colaborem para o desenvolvimento da linguagem oral de maneira 
competente. Porém, cabe ao professor pensar em atividades que 
contemplem as práticas sociais dos alunos. De acordo com os PCNs 
(1997), ao adotar as práticas sociais como ponto de partida do trabalho 
escolar, promove-se o desenvolvimento de competências básicas para 
a ação. Isso contribui para que o aluno possa se colocar como produtor 
de conhecimento, de sujeito ativo e protagonista do seu meio social. 
REFLITA:
Quando a prática social é adotada como ponto de partida do 
trabalho escolar, é possível desenvolver competências básicas 
para que o aluno se torne produtor do seu conhecimento. 
Nesse sentido, ele levará para a sala de aula as experiências 
da sua própria vida, e as conciliará com conhecimentos reais 
de uso da língua.
Por isso, além da produção, é preciso proporcionar espaços 
de contextualização. Como sugerem os PCNs (1997), essas atividades 
devem contribuir com a compreensão, com o ato de ficar quieto, esperar 
a oportunidade de fala e para o respeito pela fala do outro, como algo 
natural e necessário e não apenas por uma exigência do professor.
Como a leitura funciona
A leitura não pode ser compreendida apenas como um processo 
de decodificação de letras, a fim de transformá-las em sons, mas deve 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 13
proporcionar ao indivíduo a capacidade de compreender as informações 
dispostas nos textos e, a partir deles, se tornar um sujeito crítico.
Nesse sentido, a leitura não pode funcionar como um produto 
final, mas pode ser utilizada como um meio, pois quem lê pode utilizá-
la com inúmeros objetivos. Entretanto, para a formação de leitores 
competentes, é preciso criar condições para que os alunos se tornem 
bons leitores. Por isso, a escola necessitará de mecanismos que motivem 
internamente os alunos para que pratiquem a leitura.
Figura 2: Funcionamento da leitura
Fonte: Pixabay
Segundo os PCNs (1997), algumas condições contribuem para 
que esse processo seja realizado de maneira satisfatória:
 • Dispor de uma biblioteca de qualidade na escola;
 • Disponibilizar, desde os anos iniciais, de um acervo com livros 
e outros materiais de leitura;
 • Organizar momentos de leitura também realizadas pelo 
professor, para que todos estejam envolvidos nessa prática;
 • Propor que a leitura ganhe a mesma importância das demais 
atividades diárias;
 • Possibilitar que os alunos possam escolher suas leituras em 
alguns momentos;
 • Garantir que os alunos não sejam incomodados nos seus 
momentos de leitura;
 • Abrir espaços para que os alunos também sugiram títulos a 
serem adquiridos pela escola;
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa14
 • Proporcionar a maior diversidade possível de títulos disponíveis 
na escola;
 • Propor espaços de discussão para que toda a comunidade 
escolar de envolva na prática da leitura.
Contudo, sabemos que essa realidade nem sempre é possível 
em algumas regiões do Brasil. Assim, as famílias, bem como toda a 
comunidade escolar, também exercem um papel muito importante na 
formação de leitores. Em momento especial desta Unidade, ampliar 
nosso enfoque no que se refere à leitura.
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 15
Compreendendo os fenômenos da 
variação linguística e os processos da 
fonologia
A variedade linguística é uma realidade dos falantes da Língua 
Portuguesa, visto que aspectos geográficos e sociais interferem nas 
diferentes formas da oralidade. Por esse motivo, o preconceito linguístico 
ainda é muito comum na sociedade brasileira.
Quando não são bem compreendidas e direcionadas de 
maneira adequada, as variedades dialetais podem causar preconceito 
e discriminação. Por isso, é fundamental explicitar aos alunos que as 
variações de dialeto ocorrem em outras línguas e que isso não é apenas 
uma particularidade do português.
EXPLICANDO MELHOR:
Variedades dialetais ou dialetos são compreendidos como os 
diferentes falares regionais presentes numa dada sociedade, 
num dado momento histórico (BRASIL, 1997, p. 26).
Figura 3: Aspectos geográficos que interferem na oralidade do português brasileiro
Fonte: Pixabay
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa16
De acordo com os PCNs: 
Toda educação verdadeiramente comprometida com 
o exercício da cidadania precisa criar condições para o 
desenvolvimento da capacidade de uso eficaz da linguagem 
que satisfaça necessidades pessoais — que podem estar 
relacionadas às ações efetivas do cotidiano, à transmissão e 
busca de informação, ao exercício da reflexão (BRASIL, 1997, 
p. 25). 
Nesse sentido, veremos a seguir o que compete à escola ensinar 
quando se trata de níveis de fala distintos.
Variação linguística no contexto escolar
Dominar uma língua possibilita aos indivíduos o poder de fazer 
parte de uma sociedade de maneira ativa, a fim de se comunicar, se 
informar, defender seus direitos e seu ponto de vista.
Conforme já abordamos, a fala não é objeto de ensino da escola. 
Quando se tentou ensiná-la, foi de maneira inadequada, tentando 
consertar o “erro” por parte do estudante, reforçou-se ainda mais o 
preconceito com os indivíduos que falavam diferente à variedade 
linguística prestigiada (BRASIL, 1997).
Mas é dever da educação proporcionar estratégias de combate 
às diferenças, cujo respeito seja privilegiado nesses espaços. No que se 
refere ao ensino da Língua Portuguesa, a escola deve agir de maneira 
a se livrar dos paradigmas de falar certo ou errado, pois haverá sempre 
o seguinte questionamento: O falar correto deveria ser embasado no 
modo correto de escrever?
Para isso, caberá ao professor considerar o contexto da 
comunicação. Ele será o responsável por balizar o falar e como fazê-
lo, para quem fazê-lo. Assim, não nos restringiremos a um modelo 
educacional que visa apenas o ato de corrigir, mas capaz de demonstrar 
a adequação das circunstâncias de comunicação.
Seguindo o que dispõem os PCNs (1997), em suma, a utilização 
eficaz da linguagem ocorre quando falar bem e adequadamente é 
produzir o efeito pretendido.
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 17
Ao longo dos anos, o aluno deverá desenvolver capacidades que 
o possibilitem o conhecimento de diferentes manifestações culturais. 
Com isso, espera-se que ele seja capaz de se posicionar, compreender, 
aplicar e transformar cada uma delas de acordo com a necessidade de 
utilizá-las.
Dessa maneira, ao entrarem contato com a gama de diversidade 
de uma sala de aula, será possível torná-la em um espaço multicultural. 
O que caberá à escola ensinar no âmbito da oralidade é demonstrar que 
os grupos sociais fazem diferentes usos da linguagem, como preparar 
o aluno para perceber a importância da fala adequada ao contexto, 
principalmente em situações formais, que ocorrerão ao longo da sua 
vida, tais como entrevista de emprego, seminários, debates, entre outras. 
Até a chegada dos Parâmetros Curriculares Nacionais da 
Educação, pouco se discutia sobre as concepções de ensino de língua 
nas escolas brasileiras, no que tange à diversidade linguística que 
abrange todo o território brasileiro.
Figura 4: Diferentes aspectos das variações linguísticas
Fonte: Elaborado pela autora
Variações linguísticas
Variação regional:
a língua varia de região 
para região, como o 
sotaque e os termos 
usados nas diferentes 
regiões do Brasil
Variação social: 
as marcas 
socioculturais ocorrem 
em decorrência das 
diferenças a nível de 
escolarização, entre 
outros fatores, tais 
como: diferença de 
idade, raça, profissão, 
posição social, etc. 
Variação temporal: 
manifesta-se através 
das marcas linguísticas 
que variam de uma 
época a outra, 
observadas ao longo 
do tempo.
Variação situacional: 
é observada nas 
situações de 
comunicação distintas, 
tais como: a língua 
falada e a língua 
escrita, língua usual e 
literária, entre outras.
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa18
É inevitável que o ensino de Língua Portuguesa seja realizado a 
partir da gramática normativa. Todavia, o preconceito proveniente da 
diversidade linguística deve ser combatido na escola. Nesse sentido, 
cabe ressaltar que são inúmeras as causas do preconceito linguístico, 
pois são diversas as variações, sejam elas sociais, regionais, profissionais, 
de gênero, entre outros fatores.
Há de se considerar que para qualquer brasileiro, torna-se um 
grande esforço escrever de acordo com a norma padrão, uma vez que 
na oralidade utiliza-se a linguagem coloquial. Geralmente, é do professor 
de língua materna o papel de identificar e corrigir as incoerências dos 
processos fonológicos dos alunos e, por isso, considera-se a tarefa 
como árdua e de difícil execução.
REFLITA:
Pense no cenário educacional brasileiro no que se refere 
à seguinte questão: Você acredita que é somente dos 
professores de anos iniciais e, posteriormente, dos professores 
de Língua Portuguesa a responsabilidade de trabalhar e 
cobrar as incoerências do uso da língua? Como podemos 
mudar esta situação?
Posto isso, optar pelo modo mais adequado de falar é compreender 
a situação comunicativa, a qual se está inserido. O professor então deve 
tornar legítimo o ensino da língua sem discriminar os dialetos, mas 
também sem excluir o ensino da norma culta da língua.
Processos fonológicos na escola 
No ambiente escolar é possível observar inúmeros processos 
fonológicos decorrentes do uso do português brasileiro. Considera-se 
que na nossa língua o domínio fonológico ocorre por volta dos 5 anos 
de idade. 
Contudo, algumas crianças podem apresentar dificuldades e 
desvios nesse processo. Entretanto, faz parte que cada criança vá se 
desenvolvendo e superando as falhas durante o seu crescimento, pois 
são inúmeros os fatores que contribuem para que algumas não sejam 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 19
capazes de corrigi-los.
Nesse contexto, o professor poderá criar estratégias para auxiliar os 
alunos a repararem seus desvios fonológicos, que mais tarde poderão se 
tornar também desvios ortográficos na escrita. Atividades como ditados 
e “trava-línguas”, por exemplo, contribuem para o desenvolvimento da 
língua materna em sala de aula.
IMPORTANTE:
A Fonologia é parte da linguística que estuda o sistema sonoro 
dos idiomas, além dos sons das línguas, sua organização e 
classificação. Neste sentido, o principal objeto de estudo 
dessa área são os fonemas, considerados a menor unidade 
de som das palavras.
É necessário, sobretudo, que a sociedade entenda que é possível 
conviver e aceitar as diversas variações da língua na escola, mas ao 
professor caberá a tarefa de sanar os problemas decorrentes desses 
fenômenos, principalmente por serem tão comuns às práticas de 
preconceito no que se refere à variação linguística do território brasileiro, 
porém não somente o educador deveria fazer parte desse processo. 
Outros setores, tais como o poder público e os profissionais da saúde 
contribuem ativamente para que não ocorra o agravamento desses 
problemas. 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa20
Reconhecendo as características dos 
diferentes tipos de leitura
Quando pensamos na palavra “texto”, imaginamos que se trata de 
um conjunto de palavras organizado em formato de frases ou parágrafos.
Entretanto, cabe ressaltar que os textos não necessariamente 
se organizam apenas dessa forma. Além disso, eles não podem ser 
considerados apenas como elementos verbais e escritos, mas também 
podem ser não verbais e orais.
Figura 5: Reconhecendo os diversos tipos de leitura
Fonte: Pixabay
Conforme Coseriu (1979), o texto é uma unidade linguística 
concreta, tomada pelos usuários de uma determinada língua, em 
situações de interação comunicativa específica. Em suma, os textos 
precisam apresentar sentido completo, bem como devem garantir uma 
intenção comunicativa definida.
Gêneros e tipos textuais: Identificando as 
diferenças
Partiremos do conceito de gênero para entender os diversos 
tipos de texto e, consequentemente, os diferentes tipos de leitura. 
Segundos Marchuschi (2006, p. 25) “Todas as nossas manifestações 
verbais mediante a língua se dão como textos e não como elementos 
linguísticos isolados”, por isso é impossível comunicar-se a não ser por 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa 21
Fonte: Pixabay
algum gênero, bem como é impossível comunicar-se a não ser por 
algum texto.
IMPORTANTE:
Os gêneros textuais podem ser entendidos como 
realizações linguísticas concretas, definidas por propriedades 
sociocomunicativas.
O autor afirma que “em geral, os tipos textuais abrangem cerca de 
meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, 
exposição, descrição, injunção” (MARCUSCHI, 2006). Se os tipos textuais 
são considerados poucos, os gêneros textuais são inúmeros. Em 
resumo, os textos se organizam dentro de determinados gêneros, dadas 
as intenções comunicativas (KOCH, 2004).
Figura 6: Diferentes formas de comunicação através dos textos
Com a incorporação dos PCNs de Língua Portuguesa, entre os 
anos de 1997 e 1998, passou-se a dar importância tanto para a produção 
quanto para a circulação de textos. Com isso, ao trabalhar com a ideia 
de gêneros e não tipos textuais, o professor favorece o ensino de leitura 
e produção de textos, tanto orais quanto escritos.
Para Marcuschi (2013, p. 19),
Já se tornou trivial a ideia de que os gêneros textuais são 
fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa22
e social. Fruto de trabalho coletivo, os gêneros contribuem 
para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia 
a dia. São entidades sociodiscursivas e formas de ação social 
incontornáveis em qualquer situação comunicativa. 
Figura 7: Gêneros e tipos textuais
Fonte: Elaborado pela autora
Tipos textuais – Função social ou 
propósito comunicativo
Gêneros textuais – Alguns exemplos
Narração Piada, novela, romance, crônica, 
conto, lenda, etc.
Argumentação Carta do leitor, artigo de opinião, 
editorial, etc.
Injunção Receita de bolo, bula de remédio, 
manual de instruções, etc.
Informação Notícia, reportagem, verbete de 
dicionário, etc.
Descrição Biografia e autobiografia, diário, 
cardápio, anúncio de classificado, etc.
Exposição Entrevista de emprego, palestra, 
conferência.
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