Buscar

Anhembi Morumbi DL independencia mexico e argentina

Prévia do material em texto

26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQHC… 1/18
Unidade 2 - Identidade nacional
na América Latina
Gabriela Salvador da Silva
Iniciar
Introdução
Nesta unidade, vamos nos debruçar sobre a construção das identidades nacionais na
América Latina partindo dos diversos projetos de consolidação dos Estados
Nacionais que estudamos na Unidade 1.
Conheceremos com centralidade os processos que culminaram na Revolução
Mexicana. Debateremos como a questão das terras ganharam proeminência no
interior deste momento de transformações históricas neste país. A partir disso,
elaboraremos um breve acompanhamento historiográ�co das etapas da Revolução.
Além disso, nos debruçaremos sobre as diferentes políticas que visavam negociar
com as demandas sociais dos setores massivos dos países latino-americanos,
desvendando as origens, intenções e consequências dos populismos.
26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQHC… 2/18
Para o conjunto de nossos estudos, devemos, portanto, sempre ter em mente uma
pergunta norteadora: a formação de uma identidade nacional depende diretamente
do projeto de Nação? Qual o papel que devemos cumprir ao nos propormos a
desvendar os processos históricos de formação das nações da América Latina?
Vamos lá?
Bons estudos!
1. Construção da identidade
nacional a América Latina
As discussões sobre a construção de identidade nacional na América Latina sempre
foram bastante con�itantes. Quem é o Americano? Devemos levar em consideração
que, de acordo com a história da colonização do continente, o americano é uma
mistura dos povos indígenas nativos de cada região, do europeu colonizador e dos
africanos que aqui foram escravizados. Já em 1819, Simón Bolívar em seu discurso de
Angostura a�rma:
Não somos europeus, não somos índios, mas sim uma espécie intermédia entre os aborígenes
e os espanhóis. Americanos por nascimento e europeus por direito, nos encontramos em meio
ao con�ito de disputar os títulos de propriedade aos nativos e manter-nos no país que nos viu
nascer, contra a oposição dos invasores. De maneira que o nosso caso é extremamente
extraordinário e complicado (...) Estamos colocados num grau inferior ao da servidão.
Mantenhamos presente que o nosso povo não é nem europeus, nem americano do norte, é
antes uma composição de África e América do que uma emanação da Europa (...) é impossível
determinar com propriedade a que família humana pertencemos ( BOLÍVAR, 1982, p. 13 ).
Após os processos de independência na América Latina, os países aqui constituídos
são tomados por um complexo de inferioridade em relação à cultura europeia. Por
isso, começa-se a defender a ideia de que a América Latina deveria se modernizar e,
é neste contexto, que Domingo Faustino Sarmiento proporá a civilização frente à
barbárie do passado colonial e indígena e apresentará paradigmas aos países ao sul
dos Estados Unidos. Com isso, os colonizadores do século XIX vestem a máscara da
civilização europeia e norte-americana.
26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQHC… 3/18
Este projeto de adotar a cultura europeia e norte-americana como nossa fracassou
em decorrência da presença de uma múltipla cultura na América. Assim, surgiram
alguns historiadores que combatem a ideia de apagar a história dos povos da
América para assumir padrões de uma “civilização” que nos é estranha. Para isso, foi
necessário incentivar e unir os anseios de formação de nações fortes e esforços de
elaboração conceitual para que a cultura de cada país americano se emancipasse das
demais.
Em contraponto à proposição de Civilização e Barbárie de Sarmiento, José
Vasconcelos propõe a Raça Cósmica, ou seja, a mestiçagem como vetor da integração
nacional uma vez que a mestiçagem deve ser vista como algo bené�co pois gera uma
nova raça.
Há, ainda, uma vertente historiográ�ca, que exige a incorporação dos grupos
indígenas à vida latino americana tendo como principal �gura José Carlos Mariátegui.
Para ele, o índio não é a expressão da barbárie e, por isso, não deve ser visto como
inferior e deve participar dos rumos de sua pátria. Sobre isso, a�rma:  "o conceito de
raças inferiores serviu ao ocidente para sua obra de expansão e conquista"
(MARIÁTEGUI, 1989, p. 96).
Mariátegui defendia a existência de dois Perus e, logo, duas Américas: a dos
exploradores e dos explorados e, portanto, para superar a exploração era necessário
construir uma só nação e um só homem americano.
Você quer ler?
Para se aprofundar no tema da construção das identidades nacionais na
América Latina, recomenda-se a leitura da obra “América Latina no século
XIX” da autora Maria Lígia Coelho Prado, professora do Departamento de
História da USP.
26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQHC… 4/18
2. Revolução mexicana
A chamada Revolução Mexicana ocorre entre 1910 e 1914 e tem como principal
questão a falta de um programa prévio e de uma unidade interna para sua eclosão.
Diferentemente do que ocorre com a História Europeia, a temática de História da
América tem menos enfoque no ensino básico, no Brasil.
De acordo com a historiogra�a brasileira, os liberais e conservadores brasileiros não
se diferenciavam em projetos políticos, somente em seus interesses. Isto não se
aplica à América Hispânica, já que do ponto de vista de projeto político liberais e
conservadores são extremamente diferentes.
No México, os conservadores são a ala política que faz alianças com a Igreja Católica,
defende o positivismo, a formação de exércitos permanentes, a manutenção das
isenções �scais desfrutadas pela própria Igreja e a obrigatoriedade do ensino
religioso, ao passo que os liberais são a ala política anticlerical, que rejeita o
positivismo e defende a laicização estatal, o ensino laico e um sistema federativo
descentralizado. O objetivo em comum entre ambos consiste em manter as
hierarquias sociais, o que signi�ca conservar o poder político da elite criolla sobre os
camponeses e trabalhadores indígenas, mestiços e negros.
Dessa forma, o jogo entre conservadores e liberais é o que caracteriza o jogo político
mexicano nos séculos XIX e XX e é o que alimenta esta revolução.
Saiba mais
Foi a partir da Revolução Francesa que o termo “revolução” é cunhado e
entendido por aquilo que conhecemos hoje, ou seja, como uma mudança
estrutural da sociedade, desde o campo cientí�co, econômico, cultural e
social.
26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQHC… 5/18
2.1. Os desdobramentos do processo
revolucionário
Para entendermos o processo revolucionário mexicano, devemos ressaltar questões
a respeito de sua formação territorial. O Sul, à época, era predominantemente
agrícola, com alta concentração de comunidades indígenas. Enquanto o Norte, além
de sua produção agrícola, tinha uma presença enorme da mineração e da
industrialização e, por isso, uma crescente atuação e mobilização de movimentos
operários. Esta região, vale considerar, é a de maior proximidade aos Estados Unidos
– o que pode ser positivo, já que essa baixa distância torna mais fácil o envio de
armamentos dos Estados Unidos para o México; ou negativo já que os Estados
Unidos têm maior facilidade em intervir no México a �m de conter possíveis
movimentos insurrecionais.
O coração da revolução era o movimento do Zapatismo, que defendia a terra e a
liberdade. Podemos identi�car, portanto, um caráter agrário nesse movimento – já
que, na época, o México possuía cerca de 15 milhõesde habitantes, sendo
aproximadamente 80% da população, camponesa. Dessa forma, a questão central da
revolução passa a ser fundiária.
No cenário político pré-revolucionário, temos a vigência do Por�rismo em que, de um
lado, o país cresce economicamente e concentra terras e, de outro, determina razões
para que a população não esteja contente com a gestão. Este regime dura 30 anos,
sob governo do general Por�riato, que viria a ser derrubado pela revolução. Ao longo
do governo de Porfírio Díaz, o México viveu um período de grande estabilidade
econômica que veio seguida por graves desigualdades sociais geradas a partir da
concentração de terras. Por isso, o descontentamento da população e ação dos
revoltosos.
O México do Por�riato abre cada vez mais estradas de ferro para levar a cabo a
montagem da malha ferroviária e de estradas ao Norte que, a princípio, são inúteis
pois não ligam áreas estratégicas do território - as estradas deveriam ligar as zonas
mineradoras aos portos, mas acabam por ligar pontos economicamente inúteis. A
lógica que preside Por�riato não é só a inserção do México na economia
26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQHC… 6/18
internacional, mas também o maior controle da região norte para conter
movimentos insurrecionais.
O primeiro chamado à Revolução ocorre em 1903 através da liderança de Ricardo
Flores Magón, pelo jornal Regeneración. Até então, apesar de uma rebeldia alastrada
pelo Norte, não existia uma ideia de Revolução dentro do México. Neste sentido, o
Partido Liberal Mexicano (PLM) que reúne aqueles que iam contra às medidas
por�ristas havia sido fundado por Magón, tendo como um de seus integrantes
Francisco I. Madero, outra liderança revolucionária. Podemos de�nir esse partido
como uma espécie de frente antipor�rista e como um embrião do que será o
primeiro tempo da Revolução Mexicana.
Inicialmente, o PLM buscava um caminho institucional, sem assumir, a priori, uma
vertente revolucionária. Tinha como características a defesa de mandatos
presidenciais de 4 anos, não-reeleição, eliminação do serviço militar obrigatório,
abolição da pena de morte, multiplicação das escolas primárias, obrigatoriedade dos
estrangeiros de naturalizar-se ao adquirir propriedades, restrição à imigração,
imposição de impostos à Igreja, direitos trabalhistas e direito à produção agrária.
Entretanto, apesar das demandas presentes, há uma grande questão: após a
destruição do Por�riato, o que deverá ser colocado em seu lugar? Qual seria o
projeto político mexicano?
Da mesma forma que surge o PLM, surgem diversas lideranças locais rebeldes e
tradicionais com mais ou menos intensidade. Ao Norte, ganha força o líder Orozco e
no Sul ganha força Zapata – ambos líderes rurais que defendem a pequena
propriedade e denunciam a situação precária do homem do campo e os mecanismos
de repressão. Devemos ressaltar que Zapata é herdeiro de uma família que
participava da política local.
26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQHC… 7/18
Figura 1 - Emiliano Zapata. Fonte: UOL, 2019.
Figura 2 - Pasqual Orozco. Fonte: Wikimedia, 2019
Em 1910, Francisco Madero lança-se candidato à Presidência e a base de sua
propaganda política era a proposta de “anti-reeleicionismo”. Este viés de discurso, na
verdade, procura ser tática para reunir num campo político todos aqueles que
concordavam com este projeto de alteridade no México.
A campanha de Madero é bastante empolgante e congrega diversas pessoas a
aderirem à causa. Contudo, sua candidatura passa a incomodar o Por�rismo e, por
conta disso, Madero é preso duas semanas antes das eleições e Porfírio Díaz é
reeleito Presidente do México.
Dentre os nomes de lideranças, é interessante notar como a candidatura de Madero
é encarada: Zapata, por exemplo, aproveita esse momento e aumenta a sua
in�uência; Orozco crítica Porfírio, mas não adere à Madero, pois não acredita em
uma saída constitucional, assim como Magón. Já Francisco “Pancho” Villa, famosa
liderança oposicionista, adere a Madero ao perceber que havia algo além da luta
contra os proprietários de terras e, dessa forma, Villa via Madero como a grande
saída.
Consequentemente, Madero é liberado logo após as eleições e Porfírio Díaz é reeleito
presidente por mais 4 anos de mandato (1910-1914). Neste contexto, é lançado o
Plano de São Luís de Potosí com o intuito de derrubar o governo Díaz através da não-
26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQHC… 8/18
reeleição – este Plano conta com a articulação de vários movimentos contra Porfírio,
dando início ao processo revolucionário mexicano.
Passados seis meses do princípio da Revolução, em maio, Porfírio Díaz foge do
México para Europa. Após sua fuga, o país vive um período de expectativa até as
eleições em outubro de 1911 – este primeiro turno da revolução é muito breve e
impreciso. Nestas eleições, Madero se lança nas três chapas que concorrem (com
diferentes vices), o que indica que no México não havia outros projetos políticos
capazes de pleitear as eleições. Além disso, indica que não havia outra �gura
nacional importante o su�ciente para concorrer contra Madero.
Madero torna-se presidente e toma posse em 6 de novembro de 1911 com o vice-
presidente Pino Suárez. Depois de dezenove dias, Zapata lança o chamado Plano de
Ayala através do qual Madero foi considerado traidor da Revolução pelo uso da força
contra os próprios revolucionários.
Agora, temos uma pergunta importante: será que Madero é, de fato, um traidor?
Seria su�ciente dezenove dias para se resolver questões fundiárias reinante a quatro
séculos? Ao longo de seu Manifesto é possível notar que os critérios defendidos por
Zapata e Orozco era incompatíveis com o plano de Madero desde muito antes das
eleições.
Durante os próximos dois anos, permanece uma luta constante contra Madero. O
Plano de Ayala abordava a questão da terra e uma proposta resolutiva. Portanto, era
uma proposta mais alinhada com os anseios e demandas da população mexicana,
quando comparado ao Plano de Potosí. Se o plano que elege Madero se mostra, em
um primeiro turno de revolução, de orientação mais político e reformador, o de Ayala
mostra um segundo turno revolucionário mais social e de ruptura mais radical frente
às circunstâncias impostas no México pelos herdeiros do poder colonial.
Em fevereiro de 1913, Madero deixa o poder em decorrência de um golpe advindo de
Huerta, apoiado por Orozco que mobiliza suas tropas contra a divisão do Norte.
Huerta consegue apoio norte-americano para conter os levantes e esta aliança
política foi feita a partir de concessões �nanceiras.
26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQHC… 9/18
O governo de Huerta não teve base social e retomou o Por�rismo, ou seja, procurou
restabelecer o que dominava antes da revolução. Em contrapartida, Villa e Zapata
aliam-se e estabelecem o Pacto de Xoximilca.
É importante lembrar que a interferência dos Estados Unidos à época do governo de
Huerta não muda os rumos da revolução. Ela somente indica que os Estados Unidos
abdica de uma posição de mero observador e passa a temer uma vitória popular.
Neste sentido, o movimento de renúncia de Huerta é o momento central do
processo revolucionário mexicana e Carranza é nomeado o Presidente do México
após a renúncia de Huerta.
Após a queda de Huerta, se dá aliança entre os dois grupos, que são os mais bem
articulados naquele momento: os villistas e zapatistas. Como consequência há a
assinatura do Pacto de Xoximilco, em 4 de dezembro de 1914, através do qualfoi
possível a tomada da Cidade do México pelas tropas rebeldes.
É importante ressaltar que não há nenhuma tentativa de tomada do poder por parte
destes grupos, nem a tentativa de controlar o Estado mexicano, pois estas não eram
pautas do movimento revolucionário, pois apenas ansiavam pela derrota dos setores
que representavam os grandes proprietários de terra e os interesses
estadunidenses. Os grupos revolucionários não intentavam governar o México, mas
libertar o povo, através da garantia de que o Plano de Ayala fosse acatado e terras
fossem destinadas a toda a população. Dezembro é, portanto, o momento que mais
longe chega o avanço e a perspectiva de uma vitória popular. Entretanto, ao �nal de
1914, temos a ausência de soluções políticas.
Você quer ler?
Sobre a tomada da cidade do México pelas tropas rebeldes, vale a pena
conferir a obra de Camilo de Mello Vasconcellos “ Imagens da Revolução do
México, 1940-1982 ”.
26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQH… 10/18
No início de 1915, há um primeiro movimento dos carrancistas de aproximação e
diálogo com a revolução popular no que diz respeito às terras a partir de uma lei de
reforma agrária, já aprovada em janeiro.  O controle da região de Morelos, a partir de
setembro de 1914, começa essa política agrária de negociação.
Encontrava-se, entretanto, uma di�culdade imensa em discutir o tema das terras,
pois alguns setores mais moderados da situação de poder se dispunham à
redistribuição das terras, contanto que os movimentos populares depusessem
armas. O que demandava da parte dos revolucionários uma con�ança nos setores
dominantes mexicanos que historicamente já estava completamente desacreditada.
Ao �m, o projeto de Carranza não foi aplicado, pois junto dele vinha uma grande
opressão armada contra os movimentos populares. Se o gesto de Carranza sugere, à
primeira vista, a ressurreição da política, também sugere o maior controle do Estado,
pois tudo indica que o presidente não tinha a intenção de aplicar essa reforma.
Em fevereiro de 1915, ocorre um acordo militar entre segmentos revolucionários
mais moderados e Carranza, denotando assim o apoio do operariado socialista à
Carranza. Em março do mesmo ano, depois da formação dos Batalhões Vermelhos,
acontece a Batalha de Celaya que foi central na revolução. Esta foi uma batalha
guerrilheira que teve como consequência a derrota de Pancho Villa, que se rende em
1920.
Depois da batalha resta pouca resistência da divisão do Norte, o que permite a
convocação de uma Constituinte ao �nal de 1916 e uma Constituição promulgada em
1917. Essa Constituinte acontece sem que haja cessar-fogo e conta com a
participação de mulheres indígenas, camponesas e operárias nos debates. Mesmo
após a Constituinte, a revolução continua, pois ainda há inúmeros con�itos e
combates dentro do México.
Você quer ver?
26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQH… 11/18
2.2. A constituição de 1917
O �m da revolução através de um processo constituinte indica uma vitória liberal.
Mas isso não signi�ca que vários temas populares não tivessem sido debatidos e
atendidos. O principal deles foi o tema da terra. Não houve a devolução de territórios
indígenas, mas houveram alguns mecanismos de redistribuição.
A partir dessa Constituição temos o “Èjido Revolucionário” : terras dotadas ao
conjuntos de famílias que têm usufruto, mas não posse dessas terras – ou seja, a
partir disso, as família que ocuparam terras e as exploram devidamente conseguem
concessão.
Contudo, o Zapatismo permanece até 1919. Em 1920, aceita o acordo de deposição
de armas, e a divisão do Norte recebe terras em troca do acordo. Além disso,
Carranza é assassinado, em 1920, e é sucedido por Obregón na presidência. O
assassinato de Carranza ocorre perante a impossibilidade de fazer frente e defender
com êxito a capital perante o ataque iminente de grupos de oposição - com isso,
Carranza dirige-se para o Palácio Nacional, mas no meio do caminho é emboscado e
assassinado.
Em 1923, Pancho Villa lança-se candidato ao governo de Chihuaua, mas é
assassinado de forma que até hoje é bastante controversa pouco tempo depois –
atualmente, o assassinato é atribuído às ordens de Obregón. Obregón permanece na
presidência até 1924 e propõe que se faça uma reforma constitucional para que seja
novamente inserida a reeleição desde que não fosse em mandatos consecutivos
(algo que a Constituição de 1917 havia abolido). Essa reforma foi aceita e, em 1928,
Obregón candidatou-se novamente à presidência, mas foi assassinado durante sua
Para ilustrar o processo revolucionário mexicano, assista ao �lme
“Chicogrande”, do diretor mexicano Felipe Cazals. O �lme inaugurou a 58ª
edição do Festival Internacional de Cinema de San Sebastián e trata da
Revolução Mexicana no momento de entrada de tropas americanas para
capturar Pancho Villa.
26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQH… 12/18
campanha, em um restaurante na Cidade do México por José de León Toral, um
fanático católico. Com isso, há um movimento de volta à Constituição de 1917 que
não permite a reeleição de presidenciáveis.
Figura 3 - Revolução Mexicana e a participação popular. Fonte: Os divergentes.com, 2019
3. Políticas de massa e
reformas sociais
Saindo do cenário mexicano, analisaremos agora outros exemplos de negociações
nacionais em torno das políticas de Estado. Buscaremos, neste momento, nos ater a
respeito da orientação governamental que se tornou padrão em nosso continente e
que �cou conhecida como populismo. Iniciaremos esta análise a partir do processo
acontecido na Argentina.
Ao longo do século XX, alguns países da América Latina passam por signi�cativos
crescimentos econômicos, que é o caso da Argentina, chegando a ser a 6ª economia
mundial.
Além disso, neste momento o continente passa por uma ebulição cultural e, por isso,
há muitos livros e revistas sendo escritos e vendidos. No imaginário argentino, surge
a ideia de que nada pararia este crescimento, já que o país vivia um período que
�cou conhecido como Argentina Grande.
3.1. Populismo na Argentina
26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQH… 13/18
Ao longo da história, o termo Populismo foi amplamente utilizado e ganhou diversos
sentidos. O termo foi cunhado, inicialmente, nos Estados Unidos e na Rússia e logo
se transplantou à América Latina, consolidando-se, em 1950, no Brasil com um
sentido bastante pejorativo em que um líder utiliza-se de manipulação do povo para
atingir seus objetivos.
Dos anos 1990 para cá, o conceito foi revisitado inúmeras vezes em decorrência do
anseio de se destacar as importâncias das lutas populares e os avanços alcançados
por elas dentro da estrutura populista.
Vale lembrar que a volta a este conceito acontece em um momento em que os
partidos de esquerda entram em crise na América e há uma tentativa de voltar ao
passado para fortalecer estes instrumentos.
Alguns historiadores a�rmam que o populismo na América Latina foi interrompido
em todos os países pelo estabelecimento de ditaduras militares que implementaram
desmontes no campo dos direitos sociais. No caso argentino, o populismo clássico
ocorrerá no governo de Juan Domingo Perón (1946-1955), que consolida e
impulsiona o movimento peronista. Tal força política seria catalizadora de diversos
processos políticos centrais na história argentina, a exemplo a liderança exercida em
diversas greves nos anos 1960, da luta armada nos anos de 1970 e da negociação
com os interesses imperialistas concretizando a adaptaçãodo regime neoliberalista
nos anos 1990 para o contexto daquela nação.
É importante que lembremos o cenário político da Argentina antes da
implementação do populismo na região. No início do século XX, a Argentina
encontrava-se sob o governo radical de Yrigoyen, que tinha como base política as
camadas médias urbanas e setores aliados do poder pela oligarquia dominante.
Dessa forma, este governo não representou uma ruptura à dominação dos grandes
oligarcas vinculados à agroexportação, além de chegar aos anos 1929 sob intensa
crise capitalista, resultante também de problemáticas no cenário econômico
mundial. A partir dessa grave instabilidade, no entanto, podemos a�rmar que existe
uma ruptura ao quadro político vigente, uma vez que as camadas médias urbanas e
o proletariado ascendem e passam a exercer forte oposição ao regime oligárquico
instaurado no país.
26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQH… 14/18
Como consequência da Crise de 1929, conservadores inspirados no fascismo depõe
Yrigoyen através de um golpe de Estado. Temos, então, uma sucessão de presidentes
fascistas governando o país que visavam a manutenção da ordem oligárquica e que
se mantivessem distantes da política toda e qualquer aspiração popular. Neste
cenário, os governos fascistas passam a investir em industrialização, ao mesmo
tempo em que o Estado passa a investir fortemente na economia.
No cenário internacional, a Argentina vivia uma situação delicada no contexto de
Segunda Guerra Mundial já que os países latino-americanos tinham acordos de
solidariedade para com os Estados Unidos e, com isso, a Argentina abraçaria a causa
estadunidense e entraria na guerra.
Entretanto, ao chegar 1943, há um segundo golpe de Estado na Argentina, que coloca
�m no ciclo oligárquico, objetivando restaurar a democracia. Dessa forma, o exército
toma frente a esta revolução empregando um discurso de que os partidos
dominantes na cena política estavam desgastados pelas fraudes e clientelismo
eleitoral.
3.2. Governo de Perón
Juan Domingo Perón, nascido em 1895, governou a Argentina de 1946 a 1955. De
carreira militar, passou a tomar conhecimento dos acontecimentos políticos em seu
país a partir da década de 1930. Já em 1943, os setores do exército articularam um
golpe que colocou �m à antiga ordem oligárquica.
Figura 3 - Juán Domingo Perón. Fonte: Opinião e Notícia, 2019.
26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQH… 15/18
De 1943 a 1946, Perón assumiu cargos de vice-presidente e ministro da previdência e
do trabalho, destacando-se na carreira política. Vale lembrar que o cenário pós-crise
de 1929 se con�gura por um grande número de pessoas saindo dos campos em
direção às cidades em busca de empregos acabaram formando, no país, uma massa
urbana de trabalhadores que se organizaram ao longo da década de 1930. Neste
contexto, o discurso de Perón era a favor dos trabalhadores e humildes e defendia o
nacionalismo e o desenvolvimento da Argentina – o que o levou a colocar em prática
uma série de leis trabalhistas como salário mínimo, jornada de trabalho de oito
horas, 13º salário e pleno emprego, ao mesmo tempo em que propunha a unidade
nacional para que o país pudesse de desenvolver.
Os setores contrários à agenda política de Perón chegaram a prendê-lo, mas após
forte pressão popular Perón foi solto e eleito presidente em 1946. Em um primeiro
momento de seu governo, cria-se uma ideologia política na Argentina chamada de
Peronismo, que designa a expressão máxima do populismo no país. Esta ideologia
tinha como característica um caráter personalista e, por isso, conseguiu grande apoio
da Igreja e dos trabalhadores, governando de 1946 a 1951.
Economicamente, Perón alavancou o país para a industrialização, que foi possível
graças ao cenário internacional da Segunda Guerra Mundial, pois através deste
momento a Argentina estipulou a substituição de importações. A intenção de Perón
era agregar a massa trabalhadora no cenário industrial.
Entretanto, apesar do caráter nacionalistas, personalista, desenvolvimentista e
popular do governo de Perón, este não deixa de possuir caráter autoritário, o que o
transformou em uma ditadura extremamente rígida.
Em seu segundo governo (1951 a 1955), Perón passa a sofrer enorme revés – a morte
de sua esposa Evita e desavenças com a Igreja fazem diminuir sua popularidade.
Além disso, sua política baseada em uma república sindicalista desagradava os mais
conservadores, abrindo espaço à um golpe militar que retirou Perón do poder e
obrigou-o a exilar-se. Mesmo após seu exílio, a ideologia peronista não deixou de
fazer parte do imaginário dos trabalhadores.
Síntese
26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQH… 16/18
Nesta unidade 2, desenvolvemos os assuntos de América Contemporânea referentes
à Identidade latino-americana,  Revolução Mexicana e Populismo na Argentina.
Nos é importante lembrar que o território da América Latina é extremamente amplo
e, por isso, abrange diversas culturas, políticas governamentais e línguas. Muitas
dessas diferenças são heranças diretas dos processos de colonização Hispânica e
Portuguesa na região, enquanto outras são consequências diretas dos projetos de
governo e de sociedade que cada um dos países já independentes montaram para si.
Independentemente das diferenças e semelhanças que encontramos na região, a
questão da terra e dos trabalhadores do campo está sempre presente, o que nos faz
imaginar o porquê de poucos governantes terem dado atenção su�ciente à esta
camada a �m de conter diversos movimentos rebeldes.
Nesta unidade você teve a oportunidade de:
● Compreender a construção das Identidades Nacionais na América Latina;
● Os processos revolucionários da Revolução Mexicana e seus desdobramentos;
● Algumas das Políticas de Massa e Reformas Sociais que ocorreram na América
Latina, em especial na Argentina;
● Governo de Perón e sua postura Populista.
Download do PDF da unidade
Bibliografia
Arnaldo Córdova. La ideología de la Revolución Mexicana . México: Era, 1984, p. 142-
187
DABENE, Olivier. América Latina no século XX . Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003.
DECHANCIE, John. Perón. São Paulo: Nova Cultural, 1987.
26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQH… 17/18
DONGHI, Túlio Halperin. História da América Latina . São Paulo: Círculo do Livro,
19[?]. FERREIRA, Jorge (org.).  O populismo e sua História: debate e crítica. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
Jose Carlos MARIÁTEGUI, citado por Leopoldo ZEA, " Negritude e Indigenismo " , in:
German MARQUINEZ ARGOTE, Temas de antropologia Latinoamericana, Coleccion
Antologia, N.2, Bogotá, Editorial El Buho, 5ª Edição, 1989, p. 96
Juan Domingo Perón. Doctrina peronista . Buenos Aires: Ediciones Macacha
Güemes, 1973, p. 83-88, 127-150, 357-365
Mariano Plotkin. Mañana es San Perón . Buenos Aires: Ariel, 1993, p. 75-103
Octavio Paz. “Todos os Santos, dia de �nados” e “Da Independência à Revolução”
. O labirinto da solidão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984, p. 45-61, 107-134
“Plan de San Luis de Potosí” (outubro de 1910) e “Plan de Ayala” (novembro de 1911),
in Arnaldo Córdova. La ideología de la Revolución Mexicana . México: Era, 1984, p. 428-
439
PRADO, Luiz Fernando S. História Contemporânea da América Latina : 1930-1960.
Porto Alegre: Ed. UFRGS, 1996.
Simón BOLÍVAR, " Discurso de Angostura ", 15-02-1819, citado por Hugo ASSMANN.
Filoso�a da Libertação, mimeo, UNIMEP, Piracicaba, Junho de 1982, p.13.
Referências imagéticas:
Figura 1 - UOL. Emiliano Zapata. Disponível em:<
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/assassinato-do-lider-
revolucionario-mexicano-emiliano-zapata-completa-100-anos.phtml >. Acesso em: 18
jul. 2019.
Figura 2 - WIKIMEDIA. Pasqual. Disponível em: <
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/be/Pasqual_Orozco_435
0858909_e010cde9b1_o.jpg/220px-Pasqual_Orozco_4350858909_e010cde9b1_o.jpg
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/assassinato-do-lider-revolucionario-mexicano-emiliano-zapata-completa-100-anos.phtml
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/be/Pasqual_Orozco_4350858909_e010cde9b1_o.jpg/220px-Pasqual_Orozco_4350858909_e010cde9b1_o.jpg
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/assassinato-do-lider-revolucionario-mexicano-emiliano-zapata-completa-100-anos.phtml
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/be/Pasqual_Orozco_4350858909_e010cde9b1_o.jpg/220px-Pasqual_Orozco_4350858909_e010cde9b1_o.jpg
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/assassinato-do-lider-revolucionario-mexicano-emiliano-zapata-completa-100-anos.phtml
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/be/Pasqual_Orozco_4350858909_e010cde9b1_o.jpg/220px-Pasqual_Orozco_4350858909_e010cde9b1_o.jpg
26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQH… 18/18
>. Acesso em: 18 jul. 2019.
Figura 3 - Opinião e Notícia. Domingo Peron. Disponível em: <
http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/morre-juan-domingo-peron/ >. Acesso
em: 18 jul. 2019.
Figura 4: Revolução Mexicana e participação popular. Disponível em:
https://osdivergentes.com.br/orlando-brito/as-fotos-sensacionais-de-augustin-
casasola-da-revolucao-mexicana/. Acesso em: 27/08/2019.
http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/morre-juan-domingo-peron/
https://osdivergentes.com.br/orlando-brito/as-fotos-sensacionais-de-augustin-casasola-da-revolucao-mexicana/
http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/morre-juan-domingo-peron/
https://osdivergentes.com.br/orlando-brito/as-fotos-sensacionais-de-augustin-casasola-da-revolucao-mexicana/
http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/morre-juan-domingo-peron/
https://osdivergentes.com.br/orlando-brito/as-fotos-sensacionais-de-augustin-casasola-da-revolucao-mexicana/