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26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2 https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQHC… 1/18 Unidade 2 - Identidade nacional na América Latina Gabriela Salvador da Silva Iniciar Introdução Nesta unidade, vamos nos debruçar sobre a construção das identidades nacionais na América Latina partindo dos diversos projetos de consolidação dos Estados Nacionais que estudamos na Unidade 1. Conheceremos com centralidade os processos que culminaram na Revolução Mexicana. Debateremos como a questão das terras ganharam proeminência no interior deste momento de transformações históricas neste país. A partir disso, elaboraremos um breve acompanhamento historiográ�co das etapas da Revolução. Além disso, nos debruçaremos sobre as diferentes políticas que visavam negociar com as demandas sociais dos setores massivos dos países latino-americanos, desvendando as origens, intenções e consequências dos populismos. 26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2 https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQHC… 2/18 Para o conjunto de nossos estudos, devemos, portanto, sempre ter em mente uma pergunta norteadora: a formação de uma identidade nacional depende diretamente do projeto de Nação? Qual o papel que devemos cumprir ao nos propormos a desvendar os processos históricos de formação das nações da América Latina? Vamos lá? Bons estudos! 1. Construção da identidade nacional a América Latina As discussões sobre a construção de identidade nacional na América Latina sempre foram bastante con�itantes. Quem é o Americano? Devemos levar em consideração que, de acordo com a história da colonização do continente, o americano é uma mistura dos povos indígenas nativos de cada região, do europeu colonizador e dos africanos que aqui foram escravizados. Já em 1819, Simón Bolívar em seu discurso de Angostura a�rma: Não somos europeus, não somos índios, mas sim uma espécie intermédia entre os aborígenes e os espanhóis. Americanos por nascimento e europeus por direito, nos encontramos em meio ao con�ito de disputar os títulos de propriedade aos nativos e manter-nos no país que nos viu nascer, contra a oposição dos invasores. De maneira que o nosso caso é extremamente extraordinário e complicado (...) Estamos colocados num grau inferior ao da servidão. Mantenhamos presente que o nosso povo não é nem europeus, nem americano do norte, é antes uma composição de África e América do que uma emanação da Europa (...) é impossível determinar com propriedade a que família humana pertencemos ( BOLÍVAR, 1982, p. 13 ). Após os processos de independência na América Latina, os países aqui constituídos são tomados por um complexo de inferioridade em relação à cultura europeia. Por isso, começa-se a defender a ideia de que a América Latina deveria se modernizar e, é neste contexto, que Domingo Faustino Sarmiento proporá a civilização frente à barbárie do passado colonial e indígena e apresentará paradigmas aos países ao sul dos Estados Unidos. Com isso, os colonizadores do século XIX vestem a máscara da civilização europeia e norte-americana. 26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2 https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQHC… 3/18 Este projeto de adotar a cultura europeia e norte-americana como nossa fracassou em decorrência da presença de uma múltipla cultura na América. Assim, surgiram alguns historiadores que combatem a ideia de apagar a história dos povos da América para assumir padrões de uma “civilização” que nos é estranha. Para isso, foi necessário incentivar e unir os anseios de formação de nações fortes e esforços de elaboração conceitual para que a cultura de cada país americano se emancipasse das demais. Em contraponto à proposição de Civilização e Barbárie de Sarmiento, José Vasconcelos propõe a Raça Cósmica, ou seja, a mestiçagem como vetor da integração nacional uma vez que a mestiçagem deve ser vista como algo bené�co pois gera uma nova raça. Há, ainda, uma vertente historiográ�ca, que exige a incorporação dos grupos indígenas à vida latino americana tendo como principal �gura José Carlos Mariátegui. Para ele, o índio não é a expressão da barbárie e, por isso, não deve ser visto como inferior e deve participar dos rumos de sua pátria. Sobre isso, a�rma: "o conceito de raças inferiores serviu ao ocidente para sua obra de expansão e conquista" (MARIÁTEGUI, 1989, p. 96). Mariátegui defendia a existência de dois Perus e, logo, duas Américas: a dos exploradores e dos explorados e, portanto, para superar a exploração era necessário construir uma só nação e um só homem americano. Você quer ler? Para se aprofundar no tema da construção das identidades nacionais na América Latina, recomenda-se a leitura da obra “América Latina no século XIX” da autora Maria Lígia Coelho Prado, professora do Departamento de História da USP. 26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2 https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQHC… 4/18 2. Revolução mexicana A chamada Revolução Mexicana ocorre entre 1910 e 1914 e tem como principal questão a falta de um programa prévio e de uma unidade interna para sua eclosão. Diferentemente do que ocorre com a História Europeia, a temática de História da América tem menos enfoque no ensino básico, no Brasil. De acordo com a historiogra�a brasileira, os liberais e conservadores brasileiros não se diferenciavam em projetos políticos, somente em seus interesses. Isto não se aplica à América Hispânica, já que do ponto de vista de projeto político liberais e conservadores são extremamente diferentes. No México, os conservadores são a ala política que faz alianças com a Igreja Católica, defende o positivismo, a formação de exércitos permanentes, a manutenção das isenções �scais desfrutadas pela própria Igreja e a obrigatoriedade do ensino religioso, ao passo que os liberais são a ala política anticlerical, que rejeita o positivismo e defende a laicização estatal, o ensino laico e um sistema federativo descentralizado. O objetivo em comum entre ambos consiste em manter as hierarquias sociais, o que signi�ca conservar o poder político da elite criolla sobre os camponeses e trabalhadores indígenas, mestiços e negros. Dessa forma, o jogo entre conservadores e liberais é o que caracteriza o jogo político mexicano nos séculos XIX e XX e é o que alimenta esta revolução. Saiba mais Foi a partir da Revolução Francesa que o termo “revolução” é cunhado e entendido por aquilo que conhecemos hoje, ou seja, como uma mudança estrutural da sociedade, desde o campo cientí�co, econômico, cultural e social. 26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2 https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQHC… 5/18 2.1. Os desdobramentos do processo revolucionário Para entendermos o processo revolucionário mexicano, devemos ressaltar questões a respeito de sua formação territorial. O Sul, à época, era predominantemente agrícola, com alta concentração de comunidades indígenas. Enquanto o Norte, além de sua produção agrícola, tinha uma presença enorme da mineração e da industrialização e, por isso, uma crescente atuação e mobilização de movimentos operários. Esta região, vale considerar, é a de maior proximidade aos Estados Unidos – o que pode ser positivo, já que essa baixa distância torna mais fácil o envio de armamentos dos Estados Unidos para o México; ou negativo já que os Estados Unidos têm maior facilidade em intervir no México a �m de conter possíveis movimentos insurrecionais. O coração da revolução era o movimento do Zapatismo, que defendia a terra e a liberdade. Podemos identi�car, portanto, um caráter agrário nesse movimento – já que, na época, o México possuía cerca de 15 milhõesde habitantes, sendo aproximadamente 80% da população, camponesa. Dessa forma, a questão central da revolução passa a ser fundiária. No cenário político pré-revolucionário, temos a vigência do Por�rismo em que, de um lado, o país cresce economicamente e concentra terras e, de outro, determina razões para que a população não esteja contente com a gestão. Este regime dura 30 anos, sob governo do general Por�riato, que viria a ser derrubado pela revolução. Ao longo do governo de Porfírio Díaz, o México viveu um período de grande estabilidade econômica que veio seguida por graves desigualdades sociais geradas a partir da concentração de terras. Por isso, o descontentamento da população e ação dos revoltosos. O México do Por�riato abre cada vez mais estradas de ferro para levar a cabo a montagem da malha ferroviária e de estradas ao Norte que, a princípio, são inúteis pois não ligam áreas estratégicas do território - as estradas deveriam ligar as zonas mineradoras aos portos, mas acabam por ligar pontos economicamente inúteis. A lógica que preside Por�riato não é só a inserção do México na economia 26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2 https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQHC… 6/18 internacional, mas também o maior controle da região norte para conter movimentos insurrecionais. O primeiro chamado à Revolução ocorre em 1903 através da liderança de Ricardo Flores Magón, pelo jornal Regeneración. Até então, apesar de uma rebeldia alastrada pelo Norte, não existia uma ideia de Revolução dentro do México. Neste sentido, o Partido Liberal Mexicano (PLM) que reúne aqueles que iam contra às medidas por�ristas havia sido fundado por Magón, tendo como um de seus integrantes Francisco I. Madero, outra liderança revolucionária. Podemos de�nir esse partido como uma espécie de frente antipor�rista e como um embrião do que será o primeiro tempo da Revolução Mexicana. Inicialmente, o PLM buscava um caminho institucional, sem assumir, a priori, uma vertente revolucionária. Tinha como características a defesa de mandatos presidenciais de 4 anos, não-reeleição, eliminação do serviço militar obrigatório, abolição da pena de morte, multiplicação das escolas primárias, obrigatoriedade dos estrangeiros de naturalizar-se ao adquirir propriedades, restrição à imigração, imposição de impostos à Igreja, direitos trabalhistas e direito à produção agrária. Entretanto, apesar das demandas presentes, há uma grande questão: após a destruição do Por�riato, o que deverá ser colocado em seu lugar? Qual seria o projeto político mexicano? Da mesma forma que surge o PLM, surgem diversas lideranças locais rebeldes e tradicionais com mais ou menos intensidade. Ao Norte, ganha força o líder Orozco e no Sul ganha força Zapata – ambos líderes rurais que defendem a pequena propriedade e denunciam a situação precária do homem do campo e os mecanismos de repressão. Devemos ressaltar que Zapata é herdeiro de uma família que participava da política local. 26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2 https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQHC… 7/18 Figura 1 - Emiliano Zapata. Fonte: UOL, 2019. Figura 2 - Pasqual Orozco. Fonte: Wikimedia, 2019 Em 1910, Francisco Madero lança-se candidato à Presidência e a base de sua propaganda política era a proposta de “anti-reeleicionismo”. Este viés de discurso, na verdade, procura ser tática para reunir num campo político todos aqueles que concordavam com este projeto de alteridade no México. A campanha de Madero é bastante empolgante e congrega diversas pessoas a aderirem à causa. Contudo, sua candidatura passa a incomodar o Por�rismo e, por conta disso, Madero é preso duas semanas antes das eleições e Porfírio Díaz é reeleito Presidente do México. Dentre os nomes de lideranças, é interessante notar como a candidatura de Madero é encarada: Zapata, por exemplo, aproveita esse momento e aumenta a sua in�uência; Orozco crítica Porfírio, mas não adere à Madero, pois não acredita em uma saída constitucional, assim como Magón. Já Francisco “Pancho” Villa, famosa liderança oposicionista, adere a Madero ao perceber que havia algo além da luta contra os proprietários de terras e, dessa forma, Villa via Madero como a grande saída. Consequentemente, Madero é liberado logo após as eleições e Porfírio Díaz é reeleito presidente por mais 4 anos de mandato (1910-1914). Neste contexto, é lançado o Plano de São Luís de Potosí com o intuito de derrubar o governo Díaz através da não- 26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2 https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQHC… 8/18 reeleição – este Plano conta com a articulação de vários movimentos contra Porfírio, dando início ao processo revolucionário mexicano. Passados seis meses do princípio da Revolução, em maio, Porfírio Díaz foge do México para Europa. Após sua fuga, o país vive um período de expectativa até as eleições em outubro de 1911 – este primeiro turno da revolução é muito breve e impreciso. Nestas eleições, Madero se lança nas três chapas que concorrem (com diferentes vices), o que indica que no México não havia outros projetos políticos capazes de pleitear as eleições. Além disso, indica que não havia outra �gura nacional importante o su�ciente para concorrer contra Madero. Madero torna-se presidente e toma posse em 6 de novembro de 1911 com o vice- presidente Pino Suárez. Depois de dezenove dias, Zapata lança o chamado Plano de Ayala através do qual Madero foi considerado traidor da Revolução pelo uso da força contra os próprios revolucionários. Agora, temos uma pergunta importante: será que Madero é, de fato, um traidor? Seria su�ciente dezenove dias para se resolver questões fundiárias reinante a quatro séculos? Ao longo de seu Manifesto é possível notar que os critérios defendidos por Zapata e Orozco era incompatíveis com o plano de Madero desde muito antes das eleições. Durante os próximos dois anos, permanece uma luta constante contra Madero. O Plano de Ayala abordava a questão da terra e uma proposta resolutiva. Portanto, era uma proposta mais alinhada com os anseios e demandas da população mexicana, quando comparado ao Plano de Potosí. Se o plano que elege Madero se mostra, em um primeiro turno de revolução, de orientação mais político e reformador, o de Ayala mostra um segundo turno revolucionário mais social e de ruptura mais radical frente às circunstâncias impostas no México pelos herdeiros do poder colonial. Em fevereiro de 1913, Madero deixa o poder em decorrência de um golpe advindo de Huerta, apoiado por Orozco que mobiliza suas tropas contra a divisão do Norte. Huerta consegue apoio norte-americano para conter os levantes e esta aliança política foi feita a partir de concessões �nanceiras. 26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2 https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQHC… 9/18 O governo de Huerta não teve base social e retomou o Por�rismo, ou seja, procurou restabelecer o que dominava antes da revolução. Em contrapartida, Villa e Zapata aliam-se e estabelecem o Pacto de Xoximilca. É importante lembrar que a interferência dos Estados Unidos à época do governo de Huerta não muda os rumos da revolução. Ela somente indica que os Estados Unidos abdica de uma posição de mero observador e passa a temer uma vitória popular. Neste sentido, o movimento de renúncia de Huerta é o momento central do processo revolucionário mexicana e Carranza é nomeado o Presidente do México após a renúncia de Huerta. Após a queda de Huerta, se dá aliança entre os dois grupos, que são os mais bem articulados naquele momento: os villistas e zapatistas. Como consequência há a assinatura do Pacto de Xoximilco, em 4 de dezembro de 1914, através do qualfoi possível a tomada da Cidade do México pelas tropas rebeldes. É importante ressaltar que não há nenhuma tentativa de tomada do poder por parte destes grupos, nem a tentativa de controlar o Estado mexicano, pois estas não eram pautas do movimento revolucionário, pois apenas ansiavam pela derrota dos setores que representavam os grandes proprietários de terra e os interesses estadunidenses. Os grupos revolucionários não intentavam governar o México, mas libertar o povo, através da garantia de que o Plano de Ayala fosse acatado e terras fossem destinadas a toda a população. Dezembro é, portanto, o momento que mais longe chega o avanço e a perspectiva de uma vitória popular. Entretanto, ao �nal de 1914, temos a ausência de soluções políticas. Você quer ler? Sobre a tomada da cidade do México pelas tropas rebeldes, vale a pena conferir a obra de Camilo de Mello Vasconcellos “ Imagens da Revolução do México, 1940-1982 ”. 26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2 https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQH… 10/18 No início de 1915, há um primeiro movimento dos carrancistas de aproximação e diálogo com a revolução popular no que diz respeito às terras a partir de uma lei de reforma agrária, já aprovada em janeiro. O controle da região de Morelos, a partir de setembro de 1914, começa essa política agrária de negociação. Encontrava-se, entretanto, uma di�culdade imensa em discutir o tema das terras, pois alguns setores mais moderados da situação de poder se dispunham à redistribuição das terras, contanto que os movimentos populares depusessem armas. O que demandava da parte dos revolucionários uma con�ança nos setores dominantes mexicanos que historicamente já estava completamente desacreditada. Ao �m, o projeto de Carranza não foi aplicado, pois junto dele vinha uma grande opressão armada contra os movimentos populares. Se o gesto de Carranza sugere, à primeira vista, a ressurreição da política, também sugere o maior controle do Estado, pois tudo indica que o presidente não tinha a intenção de aplicar essa reforma. Em fevereiro de 1915, ocorre um acordo militar entre segmentos revolucionários mais moderados e Carranza, denotando assim o apoio do operariado socialista à Carranza. Em março do mesmo ano, depois da formação dos Batalhões Vermelhos, acontece a Batalha de Celaya que foi central na revolução. Esta foi uma batalha guerrilheira que teve como consequência a derrota de Pancho Villa, que se rende em 1920. Depois da batalha resta pouca resistência da divisão do Norte, o que permite a convocação de uma Constituinte ao �nal de 1916 e uma Constituição promulgada em 1917. Essa Constituinte acontece sem que haja cessar-fogo e conta com a participação de mulheres indígenas, camponesas e operárias nos debates. Mesmo após a Constituinte, a revolução continua, pois ainda há inúmeros con�itos e combates dentro do México. Você quer ver? 26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2 https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQH… 11/18 2.2. A constituição de 1917 O �m da revolução através de um processo constituinte indica uma vitória liberal. Mas isso não signi�ca que vários temas populares não tivessem sido debatidos e atendidos. O principal deles foi o tema da terra. Não houve a devolução de territórios indígenas, mas houveram alguns mecanismos de redistribuição. A partir dessa Constituição temos o “Èjido Revolucionário” : terras dotadas ao conjuntos de famílias que têm usufruto, mas não posse dessas terras – ou seja, a partir disso, as família que ocuparam terras e as exploram devidamente conseguem concessão. Contudo, o Zapatismo permanece até 1919. Em 1920, aceita o acordo de deposição de armas, e a divisão do Norte recebe terras em troca do acordo. Além disso, Carranza é assassinado, em 1920, e é sucedido por Obregón na presidência. O assassinato de Carranza ocorre perante a impossibilidade de fazer frente e defender com êxito a capital perante o ataque iminente de grupos de oposição - com isso, Carranza dirige-se para o Palácio Nacional, mas no meio do caminho é emboscado e assassinado. Em 1923, Pancho Villa lança-se candidato ao governo de Chihuaua, mas é assassinado de forma que até hoje é bastante controversa pouco tempo depois – atualmente, o assassinato é atribuído às ordens de Obregón. Obregón permanece na presidência até 1924 e propõe que se faça uma reforma constitucional para que seja novamente inserida a reeleição desde que não fosse em mandatos consecutivos (algo que a Constituição de 1917 havia abolido). Essa reforma foi aceita e, em 1928, Obregón candidatou-se novamente à presidência, mas foi assassinado durante sua Para ilustrar o processo revolucionário mexicano, assista ao �lme “Chicogrande”, do diretor mexicano Felipe Cazals. O �lme inaugurou a 58ª edição do Festival Internacional de Cinema de San Sebastián e trata da Revolução Mexicana no momento de entrada de tropas americanas para capturar Pancho Villa. 26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2 https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQH… 12/18 campanha, em um restaurante na Cidade do México por José de León Toral, um fanático católico. Com isso, há um movimento de volta à Constituição de 1917 que não permite a reeleição de presidenciáveis. Figura 3 - Revolução Mexicana e a participação popular. Fonte: Os divergentes.com, 2019 3. Políticas de massa e reformas sociais Saindo do cenário mexicano, analisaremos agora outros exemplos de negociações nacionais em torno das políticas de Estado. Buscaremos, neste momento, nos ater a respeito da orientação governamental que se tornou padrão em nosso continente e que �cou conhecida como populismo. Iniciaremos esta análise a partir do processo acontecido na Argentina. Ao longo do século XX, alguns países da América Latina passam por signi�cativos crescimentos econômicos, que é o caso da Argentina, chegando a ser a 6ª economia mundial. Além disso, neste momento o continente passa por uma ebulição cultural e, por isso, há muitos livros e revistas sendo escritos e vendidos. No imaginário argentino, surge a ideia de que nada pararia este crescimento, já que o país vivia um período que �cou conhecido como Argentina Grande. 3.1. Populismo na Argentina 26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2 https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQH… 13/18 Ao longo da história, o termo Populismo foi amplamente utilizado e ganhou diversos sentidos. O termo foi cunhado, inicialmente, nos Estados Unidos e na Rússia e logo se transplantou à América Latina, consolidando-se, em 1950, no Brasil com um sentido bastante pejorativo em que um líder utiliza-se de manipulação do povo para atingir seus objetivos. Dos anos 1990 para cá, o conceito foi revisitado inúmeras vezes em decorrência do anseio de se destacar as importâncias das lutas populares e os avanços alcançados por elas dentro da estrutura populista. Vale lembrar que a volta a este conceito acontece em um momento em que os partidos de esquerda entram em crise na América e há uma tentativa de voltar ao passado para fortalecer estes instrumentos. Alguns historiadores a�rmam que o populismo na América Latina foi interrompido em todos os países pelo estabelecimento de ditaduras militares que implementaram desmontes no campo dos direitos sociais. No caso argentino, o populismo clássico ocorrerá no governo de Juan Domingo Perón (1946-1955), que consolida e impulsiona o movimento peronista. Tal força política seria catalizadora de diversos processos políticos centrais na história argentina, a exemplo a liderança exercida em diversas greves nos anos 1960, da luta armada nos anos de 1970 e da negociação com os interesses imperialistas concretizando a adaptaçãodo regime neoliberalista nos anos 1990 para o contexto daquela nação. É importante que lembremos o cenário político da Argentina antes da implementação do populismo na região. No início do século XX, a Argentina encontrava-se sob o governo radical de Yrigoyen, que tinha como base política as camadas médias urbanas e setores aliados do poder pela oligarquia dominante. Dessa forma, este governo não representou uma ruptura à dominação dos grandes oligarcas vinculados à agroexportação, além de chegar aos anos 1929 sob intensa crise capitalista, resultante também de problemáticas no cenário econômico mundial. A partir dessa grave instabilidade, no entanto, podemos a�rmar que existe uma ruptura ao quadro político vigente, uma vez que as camadas médias urbanas e o proletariado ascendem e passam a exercer forte oposição ao regime oligárquico instaurado no país. 26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2 https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQH… 14/18 Como consequência da Crise de 1929, conservadores inspirados no fascismo depõe Yrigoyen através de um golpe de Estado. Temos, então, uma sucessão de presidentes fascistas governando o país que visavam a manutenção da ordem oligárquica e que se mantivessem distantes da política toda e qualquer aspiração popular. Neste cenário, os governos fascistas passam a investir em industrialização, ao mesmo tempo em que o Estado passa a investir fortemente na economia. No cenário internacional, a Argentina vivia uma situação delicada no contexto de Segunda Guerra Mundial já que os países latino-americanos tinham acordos de solidariedade para com os Estados Unidos e, com isso, a Argentina abraçaria a causa estadunidense e entraria na guerra. Entretanto, ao chegar 1943, há um segundo golpe de Estado na Argentina, que coloca �m no ciclo oligárquico, objetivando restaurar a democracia. Dessa forma, o exército toma frente a esta revolução empregando um discurso de que os partidos dominantes na cena política estavam desgastados pelas fraudes e clientelismo eleitoral. 3.2. Governo de Perón Juan Domingo Perón, nascido em 1895, governou a Argentina de 1946 a 1955. De carreira militar, passou a tomar conhecimento dos acontecimentos políticos em seu país a partir da década de 1930. Já em 1943, os setores do exército articularam um golpe que colocou �m à antiga ordem oligárquica. Figura 3 - Juán Domingo Perón. Fonte: Opinião e Notícia, 2019. 26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2 https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQH… 15/18 De 1943 a 1946, Perón assumiu cargos de vice-presidente e ministro da previdência e do trabalho, destacando-se na carreira política. Vale lembrar que o cenário pós-crise de 1929 se con�gura por um grande número de pessoas saindo dos campos em direção às cidades em busca de empregos acabaram formando, no país, uma massa urbana de trabalhadores que se organizaram ao longo da década de 1930. Neste contexto, o discurso de Perón era a favor dos trabalhadores e humildes e defendia o nacionalismo e o desenvolvimento da Argentina – o que o levou a colocar em prática uma série de leis trabalhistas como salário mínimo, jornada de trabalho de oito horas, 13º salário e pleno emprego, ao mesmo tempo em que propunha a unidade nacional para que o país pudesse de desenvolver. Os setores contrários à agenda política de Perón chegaram a prendê-lo, mas após forte pressão popular Perón foi solto e eleito presidente em 1946. Em um primeiro momento de seu governo, cria-se uma ideologia política na Argentina chamada de Peronismo, que designa a expressão máxima do populismo no país. Esta ideologia tinha como característica um caráter personalista e, por isso, conseguiu grande apoio da Igreja e dos trabalhadores, governando de 1946 a 1951. Economicamente, Perón alavancou o país para a industrialização, que foi possível graças ao cenário internacional da Segunda Guerra Mundial, pois através deste momento a Argentina estipulou a substituição de importações. A intenção de Perón era agregar a massa trabalhadora no cenário industrial. Entretanto, apesar do caráter nacionalistas, personalista, desenvolvimentista e popular do governo de Perón, este não deixa de possuir caráter autoritário, o que o transformou em uma ditadura extremamente rígida. Em seu segundo governo (1951 a 1955), Perón passa a sofrer enorme revés – a morte de sua esposa Evita e desavenças com a Igreja fazem diminuir sua popularidade. Além disso, sua política baseada em uma república sindicalista desagradava os mais conservadores, abrindo espaço à um golpe militar que retirou Perón do poder e obrigou-o a exilar-se. Mesmo após seu exílio, a ideologia peronista não deixou de fazer parte do imaginário dos trabalhadores. Síntese 26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2 https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQH… 16/18 Nesta unidade 2, desenvolvemos os assuntos de América Contemporânea referentes à Identidade latino-americana, Revolução Mexicana e Populismo na Argentina. Nos é importante lembrar que o território da América Latina é extremamente amplo e, por isso, abrange diversas culturas, políticas governamentais e línguas. Muitas dessas diferenças são heranças diretas dos processos de colonização Hispânica e Portuguesa na região, enquanto outras são consequências diretas dos projetos de governo e de sociedade que cada um dos países já independentes montaram para si. Independentemente das diferenças e semelhanças que encontramos na região, a questão da terra e dos trabalhadores do campo está sempre presente, o que nos faz imaginar o porquê de poucos governantes terem dado atenção su�ciente à esta camada a �m de conter diversos movimentos rebeldes. Nesta unidade você teve a oportunidade de: ● Compreender a construção das Identidades Nacionais na América Latina; ● Os processos revolucionários da Revolução Mexicana e seus desdobramentos; ● Algumas das Políticas de Massa e Reformas Sociais que ocorreram na América Latina, em especial na Argentina; ● Governo de Perón e sua postura Populista. Download do PDF da unidade Bibliografia Arnaldo Córdova. La ideología de la Revolución Mexicana . México: Era, 1984, p. 142- 187 DABENE, Olivier. América Latina no século XX . Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003. DECHANCIE, John. Perón. São Paulo: Nova Cultural, 1987. 26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2 https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQH… 17/18 DONGHI, Túlio Halperin. História da América Latina . São Paulo: Círculo do Livro, 19[?]. FERREIRA, Jorge (org.). O populismo e sua História: debate e crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. Jose Carlos MARIÁTEGUI, citado por Leopoldo ZEA, " Negritude e Indigenismo " , in: German MARQUINEZ ARGOTE, Temas de antropologia Latinoamericana, Coleccion Antologia, N.2, Bogotá, Editorial El Buho, 5ª Edição, 1989, p. 96 Juan Domingo Perón. Doctrina peronista . Buenos Aires: Ediciones Macacha Güemes, 1973, p. 83-88, 127-150, 357-365 Mariano Plotkin. Mañana es San Perón . Buenos Aires: Ariel, 1993, p. 75-103 Octavio Paz. “Todos os Santos, dia de �nados” e “Da Independência à Revolução” . O labirinto da solidão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984, p. 45-61, 107-134 “Plan de San Luis de Potosí” (outubro de 1910) e “Plan de Ayala” (novembro de 1911), in Arnaldo Córdova. La ideología de la Revolución Mexicana . México: Era, 1984, p. 428- 439 PRADO, Luiz Fernando S. História Contemporânea da América Latina : 1930-1960. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 1996. Simón BOLÍVAR, " Discurso de Angostura ", 15-02-1819, citado por Hugo ASSMANN. Filoso�a da Libertação, mimeo, UNIMEP, Piracicaba, Junho de 1982, p.13. Referências imagéticas: Figura 1 - UOL. Emiliano Zapata. Disponível em:< https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/assassinato-do-lider- revolucionario-mexicano-emiliano-zapata-completa-100-anos.phtml >. Acesso em: 18 jul. 2019. Figura 2 - WIKIMEDIA. Pasqual. Disponível em: < https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/be/Pasqual_Orozco_435 0858909_e010cde9b1_o.jpg/220px-Pasqual_Orozco_4350858909_e010cde9b1_o.jpg https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/assassinato-do-lider-revolucionario-mexicano-emiliano-zapata-completa-100-anos.phtml https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/be/Pasqual_Orozco_4350858909_e010cde9b1_o.jpg/220px-Pasqual_Orozco_4350858909_e010cde9b1_o.jpg https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/assassinato-do-lider-revolucionario-mexicano-emiliano-zapata-completa-100-anos.phtml https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/be/Pasqual_Orozco_4350858909_e010cde9b1_o.jpg/220px-Pasqual_Orozco_4350858909_e010cde9b1_o.jpg https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/assassinato-do-lider-revolucionario-mexicano-emiliano-zapata-completa-100-anos.phtml https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/be/Pasqual_Orozco_4350858909_e010cde9b1_o.jpg/220px-Pasqual_Orozco_4350858909_e010cde9b1_o.jpg 26/08/23, 21:45 SU-BL2-EDU_HIAMCO_19_E_2 https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=dEH%2bbZ450tlBqd20PhS3tg%3d%3d&l=67lo%2f1EfHrtqEdSWNhl0zg%3d%3d&cd=xQH… 18/18 >. Acesso em: 18 jul. 2019. Figura 3 - Opinião e Notícia. Domingo Peron. Disponível em: < http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/morre-juan-domingo-peron/ >. Acesso em: 18 jul. 2019. Figura 4: Revolução Mexicana e participação popular. Disponível em: https://osdivergentes.com.br/orlando-brito/as-fotos-sensacionais-de-augustin- casasola-da-revolucao-mexicana/. Acesso em: 27/08/2019. http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/morre-juan-domingo-peron/ https://osdivergentes.com.br/orlando-brito/as-fotos-sensacionais-de-augustin-casasola-da-revolucao-mexicana/ http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/morre-juan-domingo-peron/ https://osdivergentes.com.br/orlando-brito/as-fotos-sensacionais-de-augustin-casasola-da-revolucao-mexicana/ http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/morre-juan-domingo-peron/ https://osdivergentes.com.br/orlando-brito/as-fotos-sensacionais-de-augustin-casasola-da-revolucao-mexicana/