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MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS Me. Gabriel Sarmento Eid GUIA DA DISCIPLINA 1 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1. CONCEITOS INICIAIS – INVESTIMENTO, INFLAÇÃO, RISCO, TAXA REAL, NOMINAL, BRUTA E LÍQUIDA Objetivo Aprofundar o debate teórico sobre os conceitos que serão vistos ao longo do curso, pertinentes à compreensão do que é o mercado financeiro e de capitais. Auxiliar o aluno na compreensão do que é Investimento, Inflação, Risco, Tipos de Taxas e a relação existente entre esses conceitos. Na nossa primeira aula vamos consolidar e detalhar conceitos que serão fundamentais para a compreensão do mercado financeiros, termos técnicos como Taxa Real e Líquida ou conceitos econômicos fundamentais como Investimento e Inflação. 1.1. Conceituando Investimento O conceito de investir é definido como a aquisição de um ativo financeiro ou real com a esperança de que ele gere renda ou valorize no futuro. Em um sentido econômico, um investimento é a compra de bens que não serão consumidos hoje, mas que serão usados no futuro para criar riqueza. Já em finanças, um investimento é um ativo que irá fornecer renda no futuro ou será vendido a um preço mais alto (o que é chamado de ágio) para se obter lucro. Porém, essas definições são uma simplificação de tudo o que permeia o ato de investir e o ambiente que o investimento pode ocorrer, logicamente, podemos dizer simplesmente que uma faculdade ou um curso de idiomas ou, ainda, a aquisição de um terreno ou abertura de um pequeno negócio são formas de investimento, muito, provavelmente essa afirmação será correta, mas, é preciso verificar se algumas exigências foram cumpridas: 1. Sacrifício de Tempo ou Dinheiro no presente (poupança); 2. Expectativa de ganho de tempo ou dinheiro no futuro (valorização); 3. A quantidade de tempo ou dinheiro recebida ao decorrer do investimento deve superar a quantidade sacrificada (lucro/ágio); 4. O lucro decorrente deve superar o valor temporal do dinheiro: Custos de Oportunidades, Custos de Capital e, principalmente, Inflação (o envelhecimento do dinheiro) (lucro econômico/VPL positivo); 2 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5. Houve um planejamento prévio e uma estratégia de investimentos a ser aplicada, definição de prazos e valores (parâmetros); 6. Riscos foram assumidos (mesmo investimentos com risco “zero”, têm risco). Apesar de ser pré-requisito para investir, poupar e poupança não devem ser confundidos com investimento, o ato de poupar implica, apenas, sacrifício do consumo imediato e o ato de guardar esse dinheiro, o fato da poupança no Brasil render um pouco de juros não a torna um investimento, o ato de investir implica a valorização significativa do dinheiro poupado, mediante uma aplicação de caráter financeiro ou real, que busque superar o desgaste do dinheiro no tempo, ou, mais comumente chamado de Inflação. 1.2. Planejamento e Estratégia de Investimentos Envolve a alocação de capital em ativos adequados de investimento com base nos objetivos futuros do investidor, seu horizonte temporal e prioridades. Devem ser, também, levados em consideração a segurança desses investimentos, bem como a sua liquidez, custos, tributação e o nível de rentabilidade. Idealmente, um planejamento adequado de investimentos permitirá que o capital do investidor produza recompensas financeiras ao longo do tempo que supram as suas necessidades básicas, alcancem suas metas e objetivos e lhe permitam uma aposentadoria mais estável e segura financeiramente. Em outras palavras, o Planejamento ou Plano de Investimentos é a maneira como será Analisado, Acompanhado, Controlado, Selecionado e Realizado os Investimentos, para que dessa forma, eles sejam eficientes e rentáveis. A estratégia de investimento faz parte do planejamento de investimentos, ela é o plano de ataque de um investidor para orientar suas decisões de investimento em cada determinado ativo com base em suas metas e objetivos, ponderada por sua tolerância ao risco e futuras necessidades de capital. Os componentes da maioria das estratégias de investimento incluem a alocação dos ativos, regras de compra e venda (lucro e prejuízo) e diretrizes de prazo, periodicidade, risco, custo e tributação. 3 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Em outras palavras, enquanto no Planejamento são definidos tudo aquilo que é pertinente há como serão aplicados os recursos de tempo e dinheiro, na Estratégia definem-se de que maneira serão aplicados esses recursos de acordo com cada opção de ativo investido. 1.3. Conceituando Inflação A inflação é uma medida quantitativa, ou seja, uma taxa percentual que mede o quanto o nível médio de preços de uma cesta de bens e serviços selecionados em uma economia aumenta durante um período de tempo. A inflação indica uma diminuição no poder de compra da moeda de uma nação, em outras palavras, mede o enfraquecimento ou envelhecimento do dinheiro, que perde seu valor ao longo do tempo. À medida que os preços sobem, eles começam a impactar o custo geral de vida do público comum e a autoridade monetária apropriada do país, como o banco central, toma as medidas necessárias para manter a inflação dentro dos limites permitidos e manter a economia funcionando sem problemas. A inflação é medida de várias maneiras, dependendo dos tipos de bens e serviços considerados, e é o oposto da deflação, que indica uma queda geral nos preços de bens e serviços quando a taxa de inflação fica negativa, o que, por incrível que pareça, é muito pior para a economia. 1 Exemplo de inflação: Imagine que sua avó esqueceu uma nota de R$ 100 em sua antiga carteira no ano de 1995, se ela encontras-se essa nota em 2018, não ficaria tão empolgada quanto ela estava no dia em que guardou essa “fortuna” na carteira em 1995, isso porquê a inflação oficial acumulada, medida pelo IPCA nesse período foi de 385,1%, isso significa que 100 reais compravam muito mais coisas naquela época do que hoje, para comprar a mesma cesta de bens ela teria que ter em mão R$485,10. Logicamente, nesse período diversos produtos ficaram mais caros, mas outros ficaram mais baratos, o combustível era mais barato, mas os produtos de tecnologia como computadores eram uma fábula. Embora seja fácil medir as mudanças de preços de produtos individuais ao longo do tempo, as necessidades humanas vão muito além de um ou dois desses produtos. As 1Acesse o link e se surpreenda com os preços em 1994: https://achadoseconomicos.blogosfera.uol.com.br/2014/08/15/ha-20-anos-arroz- custava-r-064-e-show-do-chitaozinho-r-15-relembre/ https://achadoseconomicos.blogosfera.uol.com.br/2014/08/15/ha-20-anos-arroz-custava-r-064-e-show-do-chitaozinho-r-15-relembre/ https://achadoseconomicos.blogosfera.uol.com.br/2014/08/15/ha-20-anos-arroz-custava-r-064-e-show-do-chitaozinho-r-15-relembre/ 4 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância pessoas precisam de um grande e diversificado conjunto de produtos, além de uma série de serviços para viver uma vida confortável. Eles incluem commodities como grãos de alimentos, metal e combustível, serviços públicos como eletricidade e transporte, e serviços como saúde, entretenimento e trabalho. A inflação visa medir o impacto global das alterações de preços para um conjunto diversificado de produtos e serviços e permite uma representação de valor único do aumento do nível de preços de bens e serviços numa economia ao longo de um período de tempo. Causas da Inflação O aumento dos preços é a raiz da inflação, embora possam ser atribuídos diferentes fatores, tais como: volatilidade cambial (que afeta custos com importaçãoe receitas com exportação), perda de confiança na economia e no governo (uma vez que o dinheiro tem como lastro de valor a economia e a confiança no estado, que é o emissor do papel-moeda), entre outros. No contexto das causas, a inflação pode ser classificada em três tipos principais: inflação demanda, inflação custo e inflação embutida. 1. A inflação por demanda ocorre quando a demanda geral por bens e serviços em uma economia aumenta mais rapidamente do que a capacidade de produção da economia. Isso cria uma lacuna entre demanda2 e oferta que demanda mais alta e menor oferta, o que resulta em preços mais altos. Por exemplo, quando as nações produtoras de petróleo decidem reduzir a produção de petróleo, a oferta total diminui rapidamente. Isso leva a uma demanda maior do que a oferta, o que resulta em aumentos de preços e contribui para a inflação. Além disso, o aumento da oferta de moeda em uma economia também leva à inflação. Com mais dinheiro disponível para os indivíduos, o sentimento positivo do consumidor leva a maiores gastos. Isso aumenta a demanda e leva ao aumento dos preços. A oferta monetária pode ser aumentada pelas autoridades monetárias, seja imprimindo e distribuindo mais dinheiro aos indivíduos, seja desvalorizando 2Essa lacuna pode ser ainda maior em casos de produtos que acabam por criar um alto nível de desejo nos seus consumidores e, a empresa sabendo disso (ou causando isso mediante marketing e publicidade ou monopólio), aumenta seus preços e, consequentemente, seus lucros, ao invés de aumentar a oferta, pois pode ser que essa demanda elevada súbita seja apenas temporária, não justificando um aumento demasiado da sua capacidade produtiva. A Apple é uma empresa que aplicou esses conceitos plenamente nos lançamentos de seus produtos iniciais. 5 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância (reduzindo o valor de) a moeda. Em todos esses casos de aumento de demanda, o dinheiro perde seu poder de compra. Teoricamente, o monetarismo estabelece a relação entre inflação e oferta monetária de uma economia. Por exemplo, após a conquista espanhola dos impérios asteca e inca, quantidades enormes de ouro e prata fluíram para as economias espanhola e outras economias europeias. Como a oferta monetária aumentou rapidamente, os preços aumentaram e o valor do dinheiro caiu, contribuindo para o colapso econômico. O mesmo ocorreu, de maneira semelhante, no Brasil nas décadas da hiperinflação, na qual o excesso de papel- moeda impresso pelo estado alimentou o aumento de preços, dentre outros fatores. 2. A inflação de custo é resultado do aumento nos preços dos insumos do processo de produção. Exemplos incluem aumento nos custos de mão de obra para fabricar um bem ou oferecer um serviço, ou aumentar o custo da matéria- prima. Esses desenvolvimentos levam a um custo mais alto para o produto ou serviço acabado e contribuem para a inflação. Quando o preço do petróleo foi elevado pela OPEP na década de 70 isso elevou imediatamente os custos de todas as atividades econômicas, uma vez que tudo envolve direta ou indiretamente o uso de petróleo, gerando inflação generalizada. 3. A inflação embutida é a terceira causa que se liga às expectativas adaptativas. À medida que o preço dos bens e serviços aumenta, a mão-de-obra espera e exige mais custos / salários para manter seu custo de vida. Seu aumento de salários resulta em maior custo de bens e serviços, e a espiral continua como um fator induz o outro e vice-versa. Isso é bastante comum no Brasil uma vez que temos o mecanismo do dissídio, os constantes reajustes dos salários de servidores públicos, o reajuste de aluguel atrelado ao IGPM e os ajustes anuais das tarifas de serviços públicos e básicos como: luz, água, transporte público, gás, telefonia e energia elétrica. Tipos de índices de inflação Dependendo do conjunto selecionado de bens e serviços utilizados, vários tipos de valores de inflação são calculados e monitorados como índices de inflação. O IPCA é a medida oficial de inflação do país e do Banco Central utilizada como referência para as 6 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância metas de inflação de como indexador de vários títulos de dívida, além deste, temos também o INPC. O Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor – SNIPC produz contínua e sistematicamente o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA que tem por objetivo medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias. Esta faixa de renda foi criada com o objetivo de garantir uma cobertura de 90% das famílias pertencentes às áreas urbanas de cobertura do Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor – SNIPC. Esse índice de preços tem como unidade de coleta estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, concessionária de serviços públicos e internet e sua coleta estende-se, em geral, do dia 01 a 30 do mês de referência (IBGE, 2018). Atualmente, a população-objetivo do IPCA abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, residentes nas áreas urbanas das regiões de abrangência do SNIPC, as quais são: regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia e Campo Grande (IBGE, 2018) O Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor – SNIPC produz contínua e sistematicamente o Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC que tem por objetivo a correção do poder de compra dos salários, através da mensuração das variações de preços da cesta de consumo da população assalariada com mais baixo rendimento. Esta faixa de renda foi criada com o objetivo de garantir uma cobertura populacional de 50% das famílias cuja pessoa de referência é assalariada e pertencente às áreas urbanas de cobertura do SNIPC - Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor. Esse índice de preços tem como unidade de coleta estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, concessionária de serviços públicos e internet e sua coleta estende-se, em geral, do dia 01 a 30 do mês de referência (IBGE, 2018). 7 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Atualmente, a população objetivo do INPC abrange as famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos, cuja pessoa de referência é assalariada, residentes nas áreas urbanas das regiões de abrangência do SNIPC, as quais são: regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia e Campo Grande (IBGE, 2018). Índice Geral de Preços do IBGE (IGP) Começou a ser calculado em 1947, comparando preços do mês anterior com os do mês corrente, coletados em 18 capitais. Há três grupos de preços: os de produtos no atacado, baseado numa amostragem de cerca de 500 mercadorias, com 60 por cento de peso no índice final; os de preços ao consumidor, com base nas compras de famílias com renda de 1 a 33 salários mínimos, entra com 30 por cento; preços da construção civil, com 10 por cento de peso, baseado em planilhas de custo de empresas de engenharia. Um dos menos precisos índices, justamente pela sua abrangência, num quadro muito dispersivo de inflação. É divulgado em duas versões uma contendo apenas os preços do que é produzido internamente, (disponibilidade interna) e outra incluindo preços de importações. Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM) da FGV Criado a pedido da Federação dos Bancos com uma cláusula que impede sua modificação pelogoverno, tinha como função, servir de corretor de contratos bancários aplicável já no dia 30 do mês em curso. É o primeiro a ser divulgado e tem como base os mesmos preços e a mesma ponderação do IGP, mas do dia 20 do mês anterior ao dia 20 do mês em questão. Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do IBGE Para rendas de 1-8 salários mínimos, foi o índice oficial de inflação de 1979 a 1986. Índice de Preços ao Consumidor (IPC) Sucedeu ao INPC como índice oficial, até 1990 e difere apenas no período de coleta dos preços. A importância da inflação para as finanças Os investidores, o BACEN e as empresas monitoram e se preocupam constantemente com o nível de inflação. A inflação reduz o poder de compra que cada unidade de moeda pode comprar. Isso acaba tendo um efeito insidioso: os preços dos insumos ficam mais altos, os custos sobem, os consumidores compram menos bens e as receitas caem, logo, os lucros declinam, desacelerando a economia. 8 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Este impacto negativo do aumento da inflação mantém o BACEN diligente e focado na detecção de sinais de alerta para antecipar qualquer aumento inesperado da inflação. O aumento inesperado da inflação é geralmente considerado o mais doloroso, pois leva várias empresas a repassar os custos de insumos para os consumidores. Da mesma forma, os consumidores sentem o inesperado “aperto” quando os bens e serviços custam mais. Inflação gera volatilidade nos mercados financeiros primários e secundários, impacta diretamente a rentabilidade real de todos investimentos, forçam os bancos centrais a aumentar as taxas de juros e, assim, alterando a taxa mínima de atratividade geral, podendo reduzir o nível de investimentos das empresas e, consequentemente, afetando negativamente as ações, os lucros e a economia, mas em contrapartida, aumentam a rentabilidade nominal dos títulos de dívidas. Além disso, a inflação afeta os lucros das empresas “enganando” os indicadores de rentabilidade, dando a impressão de aumento nos fluxos de caixa da empresa, mas estes ocorreram apenas por conta do aumento de preços e não pelo aumento da atividade da empresa ou econômica. Ademais, investimentos em commodities podem se beneficiar ou não pela inflação, de acordo com o seu tipo. Ouro e outros metais preciosos têm sido considerados uma boa proteção contra a inflação, aumentando em valor à medida que a inflação sobe. Por outro 9 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância lado, commodities consumíveis ou perecíveis como trigo, gado ou petróleo sofrem com a inflação. Por fim, em países em desenvolvimento, em que a taxa de inflação tende a ser maior, é usual que empresas, bancos e governos ofertem títulos de dívida com rentabilidade real, isso significa que além de uma rentabilidade fixa percentual, esses títulos rendem um valor adicional lastreado ao índice de inflação oficial ou semelhante. Isso resulta num aumento do custo de captação de recursos no mercado financeiro para todos os agentes, em contrapartida, garantem uma rentabilidade mínima aceitável para os investidores. 1.4. Conceituando Risco Em poucas palavras, Risco em finanças significa possibilidade ou probabilidade de termos resultados diferentes do que foi previsto, seja para cima ou para baixo, estatisticamente falando, isso se chama Desvio-padrão, é a probabilidade de termos variações nos retornos de um investimento, mesmo que positivos ou negativos, se essa probabilidade é elevada, temos algo chamado de volatilidade, que é outro nome para risco. Porém, essa não é uma definição suficiente para risco, por isso, baixos níveis de incerteza (baixo risco) estão associados a baixos retornos potenciais e altos níveis de incerteza (alto risco) estão associados a altos retornos potenciais. A relação entre risco e retorno é o equilíbrio entre o desejo pelo menor risco possível e o maior retorno possível. Mas, nem sempre isso é regra, podemos ter investimentos com baixo risco e retornos elevados ou negativos, assim como, riscos elevados com retornos baixos ou negativos. No mundo dos investimentos podemos dividir em duas categorias: riscos sistemáticos e não sistemáticos. • Risco Sistemático: Também conhecido como "risco de mercado" ou "risco não diversificável", o risco sistemático é a incerteza inerente a todo o mercado ou a todo o segmento de mercado. Também chamado de volatilidade, o risco sistemático é a flutuação diária do preço de uma ação. A volatilidade é uma medida de risco porque se refere ao comportamento, ou "temperamento", do seu investimento, e não à razão desse comportamento. Como o movimento de mercado é a razão pela qual as pessoas podem ganhar dinheiro com ações, a volatilidade é essencial para os retornos, e quanto mais instável o investimento, mais chance existe de que ele experimente uma mudança dramática em 10 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância qualquer direção. Taxas de juros, recessão e guerras representam fontes de risco sistemático, pois afetam todo o mercado e não podem ser evitadas por meio da diversificação. O risco sistemático pode ser mitigado apenas por ser coberto. • Risco não sistemático: também conhecido como "risco específico", "risco diversificável" ou "risco residual", esse tipo de incerteza vem com a empresa ou o setor em que você investe e pode ser reduzido por meio da diversificação. Por exemplo, notícias específicas de um pequeno número de ações, como uma greve repentina dos funcionários de uma empresa na qual você tem ações, são consideradas um risco não sistemático. Além disso, podemos categorizar os riscos em: 1. Risco de crédito ou de inadimplência: O risco de crédito é o risco de uma empresa ou indivíduo não conseguir pagar os juros contratuais ou o principal sobre suas obrigações de dívida. Este tipo de risco é particularmente preocupante para os investidores que possuem títulos em suas carteiras. Os títulos do governo, especialmente aqueles emitidos pelo governo federal, têm o menor risco de inadimplência e os menores retornos, enquanto os títulos corporativos tendem a ter o maior valor de risco de inadimplência, mas também taxas de juros mais altas. Títulos com menor chance de inadimplência são considerados grau de investimento, enquanto títulos com maiores chances de inadimplência são considerados títulos de alto risco (junk bonds). Os serviços de classificação de títulos, como a Moody's, permitem que os investidores determinem quais títulos são de grau de investimento e quais títulos são lixo. 2. Risco país: refere-se ao risco de que um país não será capaz de honrar seus compromissos financeiros. Quando um país não cumpre as suas obrigações, pode prejudicar o desempenho de todos os outros instrumentos financeiros nesse país, bem como de outros países com os quais tenha relações. O risco- país aplica-se a ações, títulos, fundos mútuos, opções e futuros que são emitidos dentro de um determinado país. Este tipo de risco é mais frequentemente visto em mercados emergentes ou países que têm um défice grave. 11 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3. Risco cambial: Ao investir em países estrangeiros, você deve considerar o fato de que as taxas de câmbio também podem alterar o preço do ativo. O risco cambial aplica-se a todos os instrumentos financeiros que estão em outra moeda que não a moeda nacional. Como exemplo, se você é um residente do Brasil e investe em algumas ações dos EUA em dólares, mesmo que o valor da ação seja apreciado, você pode perder dinheiro se o dólar se depreciar em relação ao real. 4. Risco de Taxa de Juros: O risco de taxa de juros é o risco de que o valor deum investimento irá mudar como resultado de uma alteração nas taxas de juros. Esse risco afeta o valor dos títulos mais diretamente do que ações. 5. Risco Político: O risco político representa o risco financeiro de que o governo de um país mude repentinamente suas políticas. Esta é uma das principais razões pelas quais os países em desenvolvimento não têm investimento estrangeiro. Alguns fatores adicionais que influenciam os retornos reais são os seguintes: • Impostos: No Brasil cada tipo de investimento tem cargas tributárias diferentes, de acordo com prazo, volume e categoria. • Taxas/Custos Associados: os investidores pagam taxas de corretagem para comprar e vender determinados investimentos. Eles também pagam taxas de administração. Essas taxas diminuem os retornos de investimento. Empresas quando emitem seus títulos também tem de pagar pelo serviço de intermediação. 1.5. Conceituando Taxa Nominal, Bruta, Real e Líquida No cotidiano do gestor financeiro que lida com decisões de investimento, tudo o que já foi abordado até aqui resultam em dificuldades para seu planejamento de investimentos, normalmente, os cenários possuem várias incógnitas e exigem a compreensão de todos os conceitos apresentados até o momento simultaneamente. Nominal, Real, Bruta e Líquida, são nomenclaturas associadas as informações financeiras que servem para diferenciar os efeitos da Inflação e dos Tributos sobre a lucratividade das operações financeiras. 12 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância No mundo real, infelizmente, temos que levar essas duas variáveis em conta, a inflação mede a deterioração do dinheiro e a sua perda de poder de compra, logo, tem um efeito negativo sobre a rentabilidade de um investimento. Da mesma maneira, os impostos incidem sobre a lucratividade da operação reduzindo o seu valor final, dessa forma, para se ter uma ideia correta da lucratividade de uma operação financeira é necessário considerar essas duas variáveis. Vamos primeiramente conceituar os tipos de taxas de acordo com a ótica da Rentabilidade: • Taxa Nominal: Apesar da semelhança no nome, nada tem a ver com a Taxa Nominal citada em contratos de crédito3, essa taxa expressa o valor de rentabilidade sem considerar os efeitos da inflação. • Taxa Bruta: É aquela que não considera o abatimento dos tributos. Logo, podemos dizer que a maioria das taxas anunciadas ou pesquisadas são Brutas Nominais. Pois quando verificamos em um site de uma corretora a rentabilidade da CDI ou de um investimento em renda fixa atrelado à SELIC, estamos vendo taxas brutas nominais. • Taxa Real: É aquela em é considerada a inflação, portanto, a taxa de juros da operação deve ser reduzida pela inflação ou acrescida em caso de deflação – que é quando a inflação é menor do que 0. Se um investimento alega ter rentabilidade real, significa que sua rentabilidade será igual ou superior à inflação (normalmente estabelecida por um índice de referência como IPCA), logo, um investimento que rende taxa Real de 5% em relação ao IPCA significa que ele renderá a variação do IPCA acrescidos de 5%. • Taxa Líquida: Por último temos a taxa em que são abatidos os tributos, essa taxa pode ser calculada no final da operação financeira, abatendo os tributos sobre os Juros/Lucros obtidos e depois dividindo o valor obtido pelo Principal, ou, abatendo diretamente o valor da alíquota do imposto sobre a taxa de juros do investimento, com a taxa líquida é possível saber de antemão qual será o lucro da operação financeira após pagos os tributos. 3Taxas de juros equivalentes são aquelas dadas em unidades de tempo diferentes que ao serem aplicadas a um mesmo principal durante um mesmo prazo produzem um mesmo montante acumulado no final daquele tempo, no regime de juros compostos, em via de regra. O conceito de taxas equivalentes está, portanto, diretamente ligado ao regime de capitalização dos juros em uma operação financeira, portanto, podemos observar que a diferença entre as taxas equivalentes e as taxas proporcionais se resume ao regime de capitalização de juros considerado. As taxas proporcionais se baseiam em juros simples e as taxas equivalentes se baseiam em juros compostos. 13 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2. ESTRUTURA E INFRAESTRUTURA DO SFN Objetivo Compreender o funcionamento do sistema financeiro nacional, mediante a explanação de seus principais instrumentos e infraestruturas: SELIC e DI. Além disso, resumidamente, explanar o funcionamento das políticas monetárias no Brasil, pois tem impacto direto sobre o SFN e sobre o mercado financeiro e de capitais. 2.1. Política Monetária Antes de aprofundarmos a estrutura e infraestrutura do SFN, é preciso entender um fato econômico que impacta diretamente todo o mercado financeiro e que, por consequência, impacta o SFN. A Política Monetária desempenhada pelo governo do país se utiliza de seus agentes financeiros e econômicos (e do próprio SFN), logo, precisamos compreender um pouco desse assunto. Definição de Política Monetária Conjunto de medidas adotadas pelo governo visando adequar os meios de pagamentos disponíveis às necessidades da economia do país. Uma das principais funções da política monetária é o controle da oferta de moeda e das taxas de juros, a fim de que sejam atingidos os objetivos da política econômica do governo. A atuação do governo procura regular a moeda circulante no mercado financeiro, o que ocasiona reflexos nas taxas de juros. Ao governo interessa ter instrumentos capazes de interferir no mercado financeiro, dada a importância desse mercado perante o setor produtivo da economia. A taxa de juros tem papel fundamental na realocação de recursos entre os agentes econômicos, assim, quando ocorrem flutuações imprevisíveis das taxas de juros praticadas no mercado, o governo utiliza de instrumentos de política monetária e de crédito para manter essas 14 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância flutuações dentro de uma faixa de previsibilidade que não provoquem sérias distorções ao setor produtivo, seguindo uma programação monetária prévia e pública4. A política monetária pode recorrer à diversas técnicas de intervenção, controlando a taxa de juros pela alteração nos critérios e nas taxas cobradas em operações de redesconto do Banco Central, regulando as operações de Mercado Aberto (Open Market), alterando os percentuais de exigibilidade em Depósitos Compulsórios à vista e a prazo. Em relação ao crédito – normalmente, desempenhadas pelos Bancos Públicos Federais: BB, CEF e BNDES – podem ser adotadas medidas restritivas ou práticas seletivas. As restritivas consistem na fixação de limites de crédito bancário e na redução dos prazos de pagamento dos empréstimos. As práticas seletivas visam, sobretudo, direcionar o crédito para atividades mais rentáveis e produtivas da economia. No Brasil, como na maioria de outros países, o Banco Central é o órgão responsável pela execução das políticas monetária e cambial do País, bem como pela regulação e fiscalização do SFN. O primeiro conjunto de atribuições é o de um banco central clássico, objetivando a estabilidade interna e externa da moeda. Já as funções de órgão supervisor, nem sempre a cargo do banco central em outros países, objetivam manter a estabilidade e solvência do sistema financeiro. A independência do banco central, que em tese ocorre no Brasil e em vários países no mundo – mas na prática, sofrem influência de seus governos, uma vez que os cargos de liderança são nomeados pelo executivo e que membros do estado participam das reuniões – significa dar a ele autonomia plena na execução da política monetária, sem a interferênciapolítica do governo. A suposta necessidade dessa independência é um forte argumento a favor da exclusão da atividade de supervisão bancária do elenco de atribuições de uma autoridade monetária. Em maior ou menor grau, este argumento de proteção ao “guardião da moeda” vem historicamente explicando a opção política de muitos países em retirar do Banco Central a 4Metas de inflação e Política de Taxas de Juros Básicas, a SELIC, são periodicamente divulgadas ao público, assim, o mercado sabe o que esperar as ações do Banco Central. 15 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância função de supervisão bancária, transferindo-a para outro órgão do governo, deixando o banco com foco na Política Monetária do país. 2.2. Instrumentos de Política Monetária Medidas adotadas pelo Banco Central para controlar a oferta de moeda e crédito no mercado financeiro e, assim, controlar as taxas de juros praticadas, liquidez e inflação. Os principais são: Depósitos Compulsórios, Operações de Redesconto e Open-Market. Depósito Compulsório: É um mecanismo que representa o recolhimento de parte do capital captado pelas instituições financeiras aos cofres do BACEN, esterilizando a moeda, inibindo o poder de multiplicação da moeda bancária. Com a fixação de um percentual de compulsório o Banco Central obrigará a instituição financeira a não emprestar integralmente os recursos captados. Depósitos compulsórios: depósitos que os bancos comerciais são obrigados a manter junto ao Banco Central, correspondentes a um percentual dos depósitos à vista. Esse percentual incide sobre a média dos depósitos à vista, calculada num período de duas semanas, e deve ser cumprido, como um valor médio, também num período de duas semanas, não coincidente com o período de cálculo. A cada dia, o depósito compulsório não pode ser inferior a 80% do valor médio diário a ser atingido em duas semanas (BACEN,2005). Assim, somente uma parcela retornará para o mercado financeiro, seja na forma de depósitos à vista ou a prazo. O banco, antes de fazer um novo empréstimo, terá que recolher o valor correspondente ao compulsório para então repassar o valor residual novamente ao mercado, dando continuidade ao ciclo. O excesso de liquidez bancária sofreu um substancial aumento ao longo de 2002 devido a uma série de fatores como os resgates líquidos de títulos públicos federais e a rolagem da dívida cambial por intermédio de swaps “solteiros” (sem vínculo com títulos públicos) a partir de maio. Em consequência, a posição de liquidez bancária esterilizada diariamente pela mesa de mercado aberto do Banco Central aumentou continuadamente durante o ano, passando de uma situação de 16 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância necessidade de injeção de liquidez de R$ 18,7 bilhões no início do ano para um excesso de liquidez de R$ 64,1 bilhões no fechamento do ano e R$ 80,7 bilhões no fim de janeiro de 2003. Utilizando esse instrumento de controle, o Banco Central alterou em diversas ocasiões a regulamentação dos recolhimentos compulsórios e dos encaixes obrigatórios sobre recursos bancários, de forma a neutralizar o excesso de liquidez bancária. O total de depósitos compulsórios no Banco Central aumentou de R$ 63,2 bilhões no final de 2001 para R$ 123,1 bilhões em dezembro de 2002. No dia 19 de fevereiro, o BACEN elevou a alíquota de recolhimento compulsório sobre depósitos à vista de 45% para 60%. As alíquotas do recolhimento compulsório e do encaixe obrigatório sobre depósitos a prazo e de poupança também foram alteradas em 2002, e foi instituída exigibilidade adicional sobre os recursos à vista, a prazo e de depósitos de poupança. O cumprimento da exigibilidade é feito mediante a vinculação de títulos públicos federais no Selic. Fonte:https://www4.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/focus/M20030306- Recolhimentos%20Compuls%C3%B3rios%20- %20Evolu%C3%A7%C3%A3o%20Recente.pdf Linha de Redesconto: De acordo com os seus objetivos, promoverá o aumento/redução do volume financeiro destinado a esta linha de socorro ou então a elevação/redução do custo financeiro, fazendo com que as instituições financeiras mais dependentes desta linha atuem de uma maneira menos agressiva, reduzindo, portanto, o grau de descasamento ou desequilíbrio de seus caixas. É uma assistência de liquidez nos momentos em que determinado banco não consegue resolver seus problemas de caixa com captação junto ao público nem via mercado interbancário. As operações de Redesconto são concedidas a exclusivo critério do Banco Central, por solicitação da instituição financeira interessada. Mercado Aberto (Open Market): O Brasil, como a maioria dos países que adotam um regime de metas para a inflação e utiliza a taxa de juros básica (SELIC2) como principal instrumento na condução da política monetária. Cabe ao Departamento de Operações do Mercado Aberto (Demab) manter a taxa Selic próxima à meta estabelecida pelo Comitê, através das operações de mercado aberto. Na prática, o Banco Central realiza operações compromissadas (compra de títulos públicos com compromisso de revenda ou venda de títulos públicos com compromisso de recompra) de curto prazo, a maioria das vezes por um dia. Essas também são conhecidas como repôs (repurchase agreements). 17 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Operacionalmente, a mesa de operações efetua leilões informais, de forma geral em sistema eletrônico, dos quais participam todos os 22 dealers (primários e especialistas) selecionados duas vezes ao ano dentre as instituições mais ativas do sistema financeiro. Os dealers intermedeiam o relacionamento do Banco Central com o restante do mercado, e são escolhidos através de critérios de desempenho, incluindo o desempenho de cada instituição nos mercados primários e secundários de títulos públicos, no mercado de operações compromissadas e seu relacionamento com o Banco Central. 2.3. Estrutura do SFN O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é formado por um conjunto de entidades e instituições que promovem a intermediação financeira, isto é, o encontro entre credores e tomadores de recursos. É por meio do sistema financeiro que as pessoas, as empresas e o governo circulam a maior parte dos seus ativos, pagam suas dívidas e realizam seus investimentos. O SFN é organizado por agentes normativos, supervisores e operadores. Os órgãos normativos determinam regras gerais para o bom funcionamento do sistema. As entidades supervisoras trabalham para que os integrantes do sistema financeiro sigam as regras definidas pelos órgãos normativos. Os operadores são as instituições que ofertam serviços financeiros, no papel de intermediários. Diretrizes para o sistema O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão normativo responsável pela formulação da política da moeda e do crédito, ou seja, é a instância de coordenação da política macroeconômica do governo federal. É no CMN em que se decide a meta para a inflação, as diretrizes para o câmbio e as normas principais para o funcionamento das instituições financeiras, entre outras atribuições. Compete ao Banco Central do Brasil (BCB) garantir o cumprimento das normas do CMN. O BC monitora e fiscaliza o sistema financeiro e executa as políticas monetária, cambial e de crédito. Seguros e previdência O Sistema Financeiro Nacional tem outros dois órgãos normativos: o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e o Conselho Nacional de Previdência 18 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Complementar (CNPC). Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN) O Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN) é um órgãocolegiado, de segundo grau, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda e tem por finalidade julgar, em última instância administrativa, os recursos contra as sanções aplicadas pelo BC e CVM e, nos processos de lavagem de dinheiro, as sanções aplicadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) e demais autoridades competentes. O SFN é divido em três ramos: 1. Moeda, crédito, capitais e câmbio: O principal ramo do SFN lida diretamente com quatro tipos de mercado: Monetário, que é o mercado que fornece à economia papel-moeda (dinheiro “vivo”) e moeda escritural (dinheiro digital); Crédito, que é o mercado que fornece recursos para o consumo das pessoas em geral e para o funcionamento das empresas; Capitais, que é o mercado que permite às empresas em geral captar recursos de terceiros/investidores e, portanto, compartilhar os ganhos e os riscos; Câmbio, que é o mercado de compra e venda de moeda estrangeira. 2. Seguros privados: É o ramo do SFN para quem busca: Seguros privados, que é o mercado que oferece serviços de proteção contra riscos; Previdência complementar aberta, que é um tipo de plano para aposentadoria, poupança ou pensão que funciona à parte do regime geral de previdência e aceita a participação do público em geral (mas remunera de maneira bem diferente do INSS); Contratos de capitalização, que são os acordos em que o contratante deposita valores podendo recebê-los de volta com juros e concorrer a prêmios (tele-sena, hipercap, megasena, lotofácil etc.) 3. Previdência fechada: Voltado para funcionários de empresas e organizações. O ramo dos fundos de pensão trata de planos de aposentadoria, poupança ou pensão para funcionários de empresas, servidores públicos e integrantes de associações ou entidades de classe (diferente do INSS). Cada ramo conta com a atuação de três tipos de agentes: 19 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1. Os órgãos normativos, que determinam regras gerais para o bom funcionamento do Sistema Financeiro Nacional: CMN, CNSP e CNPC 2. As entidades supervisoras, que trabalham para que os cidadãos e os integrantes do sistema financeiro sigam as regras definidas pelos órgãos: BC, CVM, Susep e Previc 3. Os operadores são as instituições que lidam diretamente com o público, no papel de intermediário financeiro, são Agentes Públicos e Privados sob supervisão de: a) BACEN: Bancos, Caixas Econômicas, Adm. de Consórcios, Cooperativas de crédito, CTVM e DTVM, Instituições de Pagamento e Instituições Não bancárias; b) CVM: Bolsas de valores, de mercadorias e futuros, CTVM e DTVM. c) Susep: Seguradoras e Resseguradoras, Entidades abertas de previdência e sociedades de capitalização; d) Previc: Entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão). 2.4. Operadores do SFN (ou, Agentes do mercado financeiro) Vamos ver em detalhes cada um desses operadores (adaptado de BC, 2018): • Adm. de Consórcios: A administradora de consórcios é a pessoa jurídica prestadora de serviços com objeto social principal voltado à administração de grupos de consórcio, constituída sob a forma de sociedade limitada ou sociedade anônima. • Bancos: Banco é a instituição financeira especializada em intermediar o dinheiro entre poupadores e aqueles que precisam de empréstimos, além de custodiar (guardar) esse dinheiro. Ele providencia serviços financeiros para os clientes (saques, empréstimos, investimentos, entre outros). Os bancos são supervisionados pelo Banco Central (BC), que trabalha para que as regras e regulações do Sistema Financeiro Nacional (SFN) sejam seguidas por eles. A manutenção da estabilidade e da solidez do SFN e, consequentemente, da economia de um país, passa por um sistema bancário eficiente e seguidor das regras determinadas pelo regulador. • Caixas econômicas: Caixas econômicas são empresas públicas que exercem atividades típicas de banco comercial, com prioridade institucional para concessão de empréstimos e financiamentos de programas e projetos de 20 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância natureza social. Atualmente, a única instituição desse segmento em atividade é a Caixa Econômica Federal (CEF), vinculada ao Ministério da Fazenda. A CEF integra o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), é gestora dos recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e de outros fundos do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Também é responsável pelo Programa de Integração Social (PIS) e pelo Seguro-Desemprego e detém o monopólio de venda da loteria federal. A CEF prioriza a concessão de empréstimos e financiamentos de programas e projetos nas áreas de assistência social, saúde, educação, trabalho e esporte. • Cooperativas de Crédito e Bancos Cooperativos: Cooperativa de crédito é uma instituição financeira formada pela associação de pessoas para prestar serviços financeiros exclusivamente aos seus associados. Os cooperados são ao mesmo tempo donos e usuários da cooperativa, participando de sua gestão e usufruindo de seus produtos e serviços. Nas cooperativas de crédito, os associados encontram os principais serviços disponíveis nos bancos, como conta corrente, aplicações financeiras, cartão de crédito, empréstimos e financiamentos. Os associados têm poder igual de voto independentemente da sua cota de participação no capital social da cooperativa. O cooperativismo não visa lucros, os direitos e deveres de todos são iguais e a adesão é livre e voluntária. Por meio da cooperativa de crédito, o cidadão tem a oportunidade de obter atendimento personalizado para suas necessidades. O resultado positivo da cooperativa é conhecido como sobra e é repartido entre os cooperados em proporção com as operações que cada associado realiza com a cooperativa. Assim, os ganhos voltam para a comunidade dos cooperados. No entanto, assim como partilha das sobras, o cooperado está sujeito a participar do rateio de eventuais perdas, em ambos os casos na proporção dos serviços usufruídos. As cooperativas de crédito são autorizadas e supervisionadas pelo Banco Central, ao contrário dos outros ramos do cooperativismo, tais como transporte, educação e agropecuária; o Resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) n° 2.788/2000 autorizou a constituição de bancos cooperativos mediante controle acionário de cooperativas centrais. Eles atuam com o objetivo de possibilitar o acesso aos produtos e serviços bancários não disponíveis às cooperativas de crédito, tais como acesso à câmara de compensação de cheques, aos créditos oficiais, à reserva bancária e ao mercado 21 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância interfinanceiro. Os bancos cooperativos subordinam-se à legislação e à regulamentação aplicáveis aos bancos comerciais e aos bancos múltiplos em geral. Vejamos o quadro informativo do BC que detalha os tipos de bancos: 22 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • Instituições não-bancárias são consideradas 'não bancárias' pois não recebem depósitos à vista, nem podem criar moeda (por meio de operações de crédito). Elas operam com ativos não monetários como ações, CDBs, títulos, letras de câmbio e debêntures. Elas são: Sociedades de crédito; Agências de Fomento; APE; SCI; SCMEPP; CH; SAM; o As sociedades de crédito, financiamento e investimento (SCFI), conhecidas como “financeiras”, são instituições privadas que fornecem empréstimo e financiamento para aquisição de bens, serviços e capital de giro. Muitas das financeiras não ligadas a bancos fazem parte de conglomerados econômicos e operam como braço financeiro de grupos comerciais ou industriais. É o caso, por exemplo, de algumas lojas de departamentoe montadoras de veículos que possuem suas próprias financeiras, concentrando suas operações no financiamento de seus próprios produtos. As SCFIs também podem operar em nichos que não são atendidos pelos conglomerados bancários, principalmente nos empréstimos e financiamentos com características específicas (risco mais elevado, financiamento de veículos usados, convênios com estabelecimentos comerciais). Devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima, em cuja denominação social deve constar a expressão "Crédito, Financiamento e Investimento". São supervisionadas pelo Banco Central. Não é possível abrir uma conta corrente na SCFI. As Financeiras captam recursos por meio de aceite e colocação de Letras de Câmbio, Recibos de Depósitos Bancários - RDB, Depósitos Interfinanceiros - DI, operações de cessão de créditos, e mais recentemente, Depósitos a Prazo com Garantia Especial do Fundo Garantidor de Créditos – DPGE. o Agência de fomento é a instituição com o objetivo principal de financiar capital fixo e de giro para empreendimentos previstos em programas de desenvolvimento, na unidade da Federação onde estiver sediada. Entre os potenciais beneficiários do financiamento (operações ativas) estão projetos de infraestrutura, profissionais liberais e micro e pequenas empresas. Indústria, comércio, agronegócio, turismo e informática são exemplos de áreas que podem ser fomentadas. A agência de fomento pode inclusive abrir linhas de crédito para municípios de seu estado, voltadas para projetos de interesse da população. Excepcionalmente, quando o empreendimento visar benefícios de interesse comum, as agências de fomento podem prestar 23 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância assistência a programas e projetos desenvolvidos em estado limítrofe à sua área de atuação. A agência fomento deve ser constituída sob a forma de sociedade anônima de capital fechado. Cada estado e o Distrito Federal podem constituir uma única agência, que ficará sob o controle do ente federativo onde tenha sede. A expressão Agência de Fomento, acrescida da indicação da Unidade da Federação controladora, deve constar obrigatoriamente da denominação social da instituição. A supervisão de suas atividades é feita pelo Banco Central. ▪ Atividades permitidas às agências de fomento: Financiamento para o desenvolvimento de empreendimentos de natureza profissional, comercial ou industrial, de pequeno porte, inclusive a pessoas físicas; Financiamento de capitais fixo e de giro associados a projetos; Operações de crédito rural; Cessão de créditos; Prestação de garantias em operações compatíveis com o objeto social; Prestação de serviços de consultoria e de agente financeiro; Prestação de serviços de administrador de fundos de desenvolvimento; Operações específicas de câmbio; Aplicação de disponibilidades de caixa em títulos públicos federais, ou em cotas de fundos de investimento cujas carteiras estejam representadas exclusivamente por títulos públicos federais, desde que assim conste nos regulamentos dos fundos; Aquisição de créditos oriundos de operações compatíveis com o objeto social; Participação societária em sociedades empresárias não integrantes do sistema financeiro; Swap para proteção de posições próprias; Operações de arrendamento mercantil; Integralização de cotas de fundos que tenham participação da União: Aplicação em operações de micro finanças (DIM). ▪ Além de recursos próprios, essas instituições só podem, em operações passivas, empregar recursos provenientes de fundos e programas oficiais; orçamentos federal, estaduais e municipais; organismos e instituições financeiras nacionais e internacionais de desenvolvimento; e captação de depósitos interfinanceiros vinculados a operações de micro finanças (DIM). É vedada a captação de recursos junto do público. Ademais, essas instituições devem constituir e manter, permanentemente, fundo de liquidez equivalente, no mínimo, a 10% do valor de suas obrigações, a ser integralmente aplicado em títulos públicos federais. 24 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância o Associação de Poupança e Empréstimo (APE) é uma instituição criada para facilitar aos associados a aquisição da casa própria e captar, incentivar e disseminar a poupança. Os depositantes tornam-se associados da instituição. Estão e desuso e, atualmente, só existe uma, ela é gerida pela Fundação Habitacional do Exército (FHE). o A Sociedade de Crédito Imobiliário (SCI) é um tipo de instituição financeira especializada no financiamento habitacional, integrante do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). O foco da SCI consiste no financiamento para construção de habitações, na abertura de crédito para compra ou construção de casa própria e no financiamento de capital de giro a empresas incorporadoras, produtoras e distribuidoras de material de construção. Atualmente, em decorrência da sua condição de repassadora, as SCIs têm atuado de forma mais limitada, voltando-se para operações específicas, como o programa “Minha Casa, Minha Vida”. A SCI é constituída na forma de sociedade anônima e é supervisionada pelo Banco Central. Deve constar de sua denominação social a expressão crédito imobiliário. Desde a década de 80, as SCIs não captam recursos do público e atuam somente na condição de repassadoras. o A sociedade de crédito ao microempreendedor e à empresa de pequeno porte (SCMEPP) é a instituição criada para ampliar o acesso ao crédito por parte dos microempreendedores (pessoas naturais) e empresas de pequeno porte (pessoas jurídicas). Essas instituições são impedidas de captar, sob qualquer forma, recursos do público, bem como emitir títulos e valores mobiliários destinados à colocação e oferta públicas. Por outro lado, podem atuar como correspondentes no país. As SCMEPPs devem ser instituídas sob a forma de companhia fechada ou de sociedade limitada, devendo constar a expressão "Sociedade de Crédito ao Microempreendedor e à Empresa de Pequeno Porte" na denominação social. São supervisionadas pelo Banco Central. As SCMEPP somente podem conceder financiamentos e prestação de garantias às microempresas ou empresas de pequeno porte, conforme definidas no Capítulo II - Da Definição de Microempresa e de Empresa de Pequeno Porte, da Lei Complementar nº 123/2006, bem como a pessoas físicas no desempenho das atividades relativas ao seu objeto social, definido em lei. Além disso, podem ceder ou adquirir créditos em conformidade com seu objeto social e na forma da regulamentação em vigor. 25 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A fim de obter recursos para suas atividades (operações passivas), podem receber repasses e empréstimos originários de instituições financeiras, de entidades voltadas para ações de fomento e desenvolvimento, inclusive de Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP, e de fundos oficiais. Podem ainda captar recursos junto aos bancos por meio de depósito interfinanceiro vinculado a operações de micro finanças – DIM. o Sociedade de arrendamento mercantil5 (SAM) realiza arrendamento de bens móveis e imóveis adquiridos por ela, segundo as especificações da arrendatária (cliente), para fins de uso próprio desta. Assim, os contratantes deste serviço podem usufruir de determinado bem sem serem proprietários dele. Embora sejam fiscalizadas pelo Banco Central do Brasil e realizem operações com características de um financiamento, as sociedades de arrendamento mercantil não são consideradas instituições financeiras, mas sim entidades equiparadas a instituições financeiras. As operações de arrendamento mercantil podem ser divididas em duas modalidades: leasing financeiro e leasing operacional. A diferença básica éque no leasing financeiro o prazo é usualmente maior e o arrendatário tem a possibilidade de adquirir o bem por um valor pré-estabelecido. Ao final do contrato, o arrendatário tem as opções de efetivar a aquisição do bem arrendado ou devolvê-lo. Ao final do leasing financeiro, em geral o cliente já terá pago a maior parte do valor do bem, não sendo a devolução, embora possível, financeiramente vantajosa. O leasing começou a se desenvolver efetivamente no Brasil a partir da década de 70, quando seu tratamento tributário foi disciplinado pela Lei nº 6.099, de 12 de setembro de 1974, que a denominou "Arrendamento Mercantil". ▪ A Resolução nº 2.309, de 28 de agosto de 1996, disciplina e consolida as normas relativas às operações de arrendamento mercantil, dispondo acerca da constituição e o funcionamento das Sociedades de Arrendamento Mercantil (SAM). Essas sociedades são constituídas sob a forma de sociedade anônima, devendo constar obrigatoriamente na sua denominação social a expressão "Arrendamento Mercantil". 5Para um explicação detalhada sobre Arrendamento Mercantil: https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/sociedadearrendamentomercantil https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/sociedadearrendamentomercantil 26 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância ▪ Além de recursos próprios, as SAM podem aplicar em suas atividades os provenientes de: empréstimos contraídos no exterior; empréstimos e financiamentos de instituições financeiras nacionais, inclusive de repasses de recursos externos; instituições financeiras oficiais, destinados a repasses de programas específicos; colocação de debêntures de emissão pública ou particular e de notas promissórias destinadas à oferta pública; cessão de contratos de arrendamento mercantil, bem como dos direitos creditórios deles decorrentes; e depósitos interfinanceiros, nos termos da regulamentação em vigor. o Companhia hipotecária (CH) tem por objetivo a concessão de financiamentos imobiliários residenciais ou comerciais, empréstimos garantidos por hipotecas ou alienação fiduciária de imóveis e repasses de recursos relacionados a programas imobiliários, além da administração de fundos de investimento imobiliário. Foi criada pela Resolução 2.122, de 30 de novembro de 1994, para fomentar o financiamento imobiliário além dos limites do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Com a publicação da Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009, que instituiu o Programa Minha Casa, Minha Vida, a Companhia Hipotecária passou a fazer parte do SFH. A CH não recebe depósitos de poupança. Seus recursos provêm, entre outros, de letras hipotecárias, debêntures, empréstimos, financiamentos no País e no Exterior e letras de crédito imobiliário (LCI). Considerada instituição financeira, a CH é autorizada e supervisionada pelo Banco Central e regulada não só por esta autarquia, como também pelo Conselho Monetário Nacional. Deve ser constituída sob a forma de sociedade anônima e a expressão “Companhia Hipotecária” deve constar de sua denominação social. 27 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • Corretoras de Valores: Segundo BACEN (2018), “A corretoras de títulos e valores mobiliários (CTVM) e a distribuidora de títulos e valores mobiliários (DTVM) atuam nos mercados financeiro e de capitais e no mercado cambial intermediando a negociação de títulos e valores mobiliários entre investidores e tomadores de recursos. Com a Decisão Conjunta 17/2009, que autorizou as distribuidoras a operar diretamente nos ambientes e sistemas de negociação dos mercados organizados de bolsa de valores, eliminou-se a principal diferença entre as corretoras e as distribuidoras de títulos e valores mobiliários, que hoje podem realizar praticamente as mesmas operações (BACEN, 2018). As corretoras e distribuidoras, na atividade de intermediação, oferecem serviços como plataformas de investimento pela internet (home broker), consultoria financeira, clubes de investimentos, financiamento para compra de ações (conta margem) e administração e custódia de títulos e valores mobiliários dos clientes. Na remuneração pelos serviços, essas instituições podem cobrar comissões e taxas. As corretoras e as distribuidoras devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada. São supervisionadas tanto pelo Banco Central quanto pela Comissão de Valores Mobiliários. ” Principais Atividades das Corretoras e Distribuidoras Comprar e vender títulos e valores mobiliários por conta própria e de terceiros; operar em bolsas de mercadorias e de futuros por conta própria e de terceiros; intermediar a oferta pública e distribuição de títulos e valores mobiliários no mercado; operar em bolsas de valores; administrar carteiras e custodiar de títulos e valores mobiliários; subscrever emissões de títulos e valores mobiliários no mercado; exercer funções de agente fiduciário; instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento; intermediar operações de compra e venda de moeda estrangeira, além de outras operações no mercado de câmbio; praticar operações de compra e venda de metais preciosos, no mercado físico, por conta própria e de terceiros; realizar operações compromissadas; praticar operações de conta margem; prestar serviços de intermediação e de assessoria ou assistência técnica, em operações e atividades nos mercados financeiro e de capitais. 28 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Instituição de pagamento (IP) é a pessoa jurídica que viabiliza serviços de compra e venda e de movimentação de recursos, no âmbito de um arranjo de pagamento, sem a possibilidade de conceder empréstimos e financiamentos a seus clientes. As instituições de pagamento possibilitam ao cidadão realizar pagamentos independentemente de relacionamentos com bancos e outras instituições financeiras. Com o recurso financeiro movimentável, por exemplo, por meio de um cartão pré-pago ou de um telefone celular, o usuário pode portar valores e efetuar transações sem estar com moeda em espécie. Graças à interoperabilidade, o usuário pode, ainda, receber e enviar dinheiro para bancos e outras instituições de pagamento. Importante lembrar que serviços de pagamento são prestados não só por IPs, mas também por instituições financeiras, especialmente bancos, financeiras e cooperativas de crédito. Nesse tipo de transação, é necessário haver: • Uma instituição de pagamento ou uma instituição financeira que tenham aderido a um arranjo de pagamento; • O instrumento de pagamento, que é o dispositivo utilizado para comprar produtos/serviços ou para transferir recursos, como o cartão de débito ou de crédito, o boleto ou o telefone celular; 29 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • O instituidor do arranjo de pagamento, que é a pessoa jurídica responsável pela criação e organização do arranjo, como as bandeiras de cartão de crédito; • Os arranjos de pagamento criados pelo instituidor, que são as regras e procedimentos que disciplinam a prestação de serviços de pagamento ao público; entre estas regras estão: o Os prazos de liquidação; as condições para uma instituição de pagamento ou financeira aderir ao arranjo; as regras de segurança para proteger consumidores e lojistas de riscos, fraudes, clonagem de cartões etc. • Todos os envolvidos no pagamento devem aderir e aceitar as regras do arranjo (emissores dos instrumentos de pagamento e credenciadores desses instrumentos). A participação em um arranjo une todos os integrantes da cadeia de pagamento, permitindo que, por meio de suas instituições, o pagador e o recebedorconsigam realizar e aceitar pagamentos; • A conta de pagamento, que é o registro individualizado das transações (transferências, pagamento de contas e de compras, saques e aportes). Instituições de pagamento não são instituições financeiras, portanto não podem realizar atividades privativas destas instituições, como empréstimos e financiamentos. Ainda assim, estão sujeitas à supervisão do Banco Central. Devem constituir-se como sociedade empresária limitada ou anônima. 2.5. SELIC O principal instrumento de política monetária do Banco Central para atuar sobre a inflação do país é a Taxa SELIC, a taxa básica de juros da economia. Isso porque ela serve de referência básica para todas as taxas de juros praticadas no país – isso não significa que as taxas de juros praticadas pelos bancos é diretamente proporcional à SELIC, não é tão simples assim – logo, quando o Bacen aumenta ou reduz a taxa, mediante a negociação de títulos públicos federais, isso impacta a disponibilidade de dinheiro no sistema financeiro, quando a taxa sobe, menos dinheiro estará disponível e vice-versa, é por conta dessa disponibilidade de dinheiro que as outras taxas de juros no país se alteram, motivo pelo qual a SELIC é a referência básica e capaz de influenciar todas as taxas praticadas no país6. 6Porém, outros fatores relevantes afetam as taxas de juros praticadas: Inflação, Inadimplência, Atividade Econômica, Incentivos Fiscais, Ramo de atuação do credor/tomador de crédito, Tipo de instituição financeira cedente do crédito, Prazo e Volume do crédito/investimento, só para citar alguns. 30 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A taxa Selic refere-se à taxa de juros apurada nas operações de empréstimos de um dia entre as instituições financeiras que utilizam títulos públicos federais como garantia. O BC opera no mercado de títulos públicos para que a taxa Selic efetiva esteja em linha com a meta da Selic definida na reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom) (Fonte: Banco Central, 2018). Assim sendo, temos duas SELICs, a SELIC Meta, que é a anunciada pelo BC, mediante reuniões do COPOM. Ela é uma referência que indica que o Bacen vai atuar junto ao Open Market para alterar a média das taxas dos títulos públicos negociados junto aos dealers selecionados. Essa média das taxas praticadas é a SELIC Over, essa que é, de fato, a taxa básica de juros que está sendo praticada no mercado monetário e que, portanto, vai influenciar os custos de captação de recursos para todo o sistema financeiro, pois é o custo do capital geral do país pago pelos principais agentes financeiros, são eles que vão disponibilizar crédito no país e a SELIC Over é o custo médio deles com esse dinheiro. Isso não significa que um empréstimo vai ser, necessariamente, mais caro que a SELIC ou menor, é apenas uma referência, diversos outros fatores influenciam o custo do crédito no país, como inadimplência, risco de crédito, volume captado, prazo, conjuntura econômica e condições tributárias. Sistema Especial de Liquidação e de Custódia O Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) é o sistema em que se efetua a custódia e se registram as transações com títulos públicos federais. Gerido pelo Banco Central (BC), é uma infraestrutura do mercado financeiro (IMF) e, como tal, o Selic faz parte do Sistema de Pagamentos Brasileiros (SPB). As infraestruturas do mercado financeiro como um todo desempenham um papel fundamental no âmbito do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Seu funcionamento adequado é essencial para a estabilidade financeira e condição necessária para salvaguardar os canais de transmissão da política monetária. O sistema Selic é fundamental em possíveis casos de falência ou insolvência de instituições financeiras. A liquidação em tempo real e o registro das transações com títulos públicos federais em seu banco de dados pode coibir fraudes e prevenir o contágio em outras instituições. Atualmente o sistema Selic possui: 31 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Aproximadamente 500 participantes Em torno de 15 mil clientes individualizados Há 8 tipos de títulos, distribuídos em cerca de 380 vencimentos, que estão depositados e equivalem a 99% da carteira de títulos públicos federais. Mensalmente cerca de 40 leilões de títulos para o Tesouro Nacional, que movimentam um montante de R$ 78 bilhões. Fonte: Banco Central, 2018. Origem do nome "Selic" O nome da taxa Selic vem da sigla do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia. Tal sistema é uma infraestrutura do mercado financeiro administrada pelo BC. Nele são transacionados títulos públicos federais. A taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados nesse sistema corresponde à taxa Selic. 2.6. Taxa DI e o CDI Por conta das Políticas Monetárias, os bancos são obrigados a fechar o dia com um determinado volume de capital depositados, porém, há um descompasso inevitável entre o capital ofertado pelo banco, o captado e o depositado, um banco múltiplo de grande porte no Brasil tem centenas de agências e realiza milhões de operações financeiras em apenas um dia, são milhões de empréstimos, saques, depósitos, transferências e outras movimentações financeiras, logo, para equilibrar isso, e conseguir fechar o dia com o saldo de depósitos compulsórios na percentagem correta, ocorrem operações de crédito, com prazo de 1 dia, entre os bancos, as chamadas CDIs (Certificados de Depósito Interbancário), boa parte deles são feitos nos últimos minutos do dia (literalmente entre 23h50 e 23h59) os bancos realizam. A média de taxa de juros cobrada por esses CDIs é a taxa DI, e estes guardam uma correlação7 alta com a SELIC, quase sempre de 95% a 98% da SELIC, logo, a DI costuma oscilar igual á SELIC. O que é bastante lógico uma vez que ambos ocorrem no mesmo mercado, o monetário e pelos motivos, as políticas monetárias. 7Como os títulos públicos são dados como garantia nessas operações, e estas, são realizadas apenas para equilibrar contas, a taxa DI é sempre menor do que a SELIC, senão, ocorreria que os bancos iriam vender seus títulos para fazer caixa e o CDI não existiria. Assim sendo, os bancos que fecharam o dia com sobras têm de aceitar menos remuneração, ao mesmo tempo, há uma convenção entre os agentes financeiros, como muitos ativos de renda fixa são atrelados à taxa DI, manter a DI abaixo da SELIC reduz o seu custo de captação de recursos junto ao mercado, lembrando que a SELIC é o custo de capital dos bancos, assim sendo, é mais vantajoso para eles, manter esse valor abaixo. 32 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Esses empréstimos entre bancos ocorrem apenas para esse equilíbrio de contas e depósitos, portanto, é um mercado pequeno relativamente, pois a maioria das operações dos bancos são financiadas com operações compromissadas, ou seja, emissão de CDBs, LCs e assim por diante. Acesse o link da B3 em que a explicação das condições de cálculo da DI-Cetip Over são explicadas, em caso de algumas condições não forem respeitadas, o valor da DI será igual à SELIC-Over, havendo as condições, um cálculo estatístico é efetuado conforme as normas técnicas da CETIP. 2.7. Infraestruturas do mercado financeiro - IMF São integrantes do SPB os serviços de compensação de cheques, de compensação e liquidação de ordens eletrônicas de débito e de crédito, de transferência de fundos e de outros ativos financeiros, de compensação e de liquidação de operações com títulos e valores mobiliários, de compensação e de liquidação de operações realizadas em bolsas de mercadorias e de futuros, de depósito centralizado e de registro de ativos financeiros e de valores mobiliários. As entidadesque prestam esses serviços são denominadas Infraestruturas do Mercado Financeiro (IMF) (BC, 2018). No Brasil, qualquer IMF, para funcionar, está sujeita à autorização e à vigilância do BC. Cabe, ainda, ao BC, seguindo diretrizes dadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o papel de regulador, juntamente com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), nas suas respectivas esferas de competência (BC, 2018). Na função de vigilância, cabe ao BC assegurar que as IMF em operação no Brasil sejam administradas consistentemente com os objetivos de interesse público, mantendo a estabilidade financeira e reduzindo o risco sistêmico (BC, 2018). Como regulador, o BC atua no sentido de converter as políticas estabelecidas em regras a serem aplicadas às IMF, além de adequar o arcabouço normativo brasileiro, quando relevante, ao que recomendam os organismos internacionais concernentes, como é o caso do Comitê de Pagamentos e Infraestruturas do Mercado do Banco de Compensações Internacionais (CPMI/BIS) e do Comitê Técnico da Organização Internacional de Comissões de Valores (TC/IOSCO) (BC, 2018). 33 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Além da vigilância e da regulação, o BC também atua como provedor de serviços de liquidação. Nesse papel, o BC opera o Sistema de Transferência de Reservas (STR) e o Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic). O STR é um sistema de transferência de fundos e o Selic é um sistema de liquidação de operações com títulos públicos (BC, 2018). Infográfico: Estrutura da rede do SFN e suas IMFs (BC, 2018) Sistema de Transferência de Reservas (STR) O Sistema de Transferência de Reservas (STR) é o coração do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), onde ocorre a liquidação final de todas as obrigações financeiras no Brasil. A transferência de fundos no STR é irrevogável, isto é, só é possível “desfazer” uma transação por meio de outra transação no sentido contrário. Além disso, para garantir a solidez do sistema, no STR não há possibilidade de lançamentos a descoberto (não se admite saldo negativo). O STR, instituído pela Circular nº 3.100/2002, é um sistema que faz liquidação bruta em tempo real (LBTR), ou seja, que processa e liquida transação por transação (BC, 2018). 34 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Estrutura do STR e Grade Horária (BC, 2018). 35 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3. SFN – ÓRGÃOS NORMATIVOS E FISCALIZADORES8 Objetivo Continuar o detalhamento da estrutura e funcionamento do SFN, mediante o detalhamento dos agentes normativos e fiscalizadores do mercado financeiro. 3.1. CMN O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão superior do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e tem a responsabilidade de formular a política da moeda e do crédito. Seu objetivo é a estabilidade da moeda (controlar a inflação e a volatilidade cambial) e o desenvolvimento econômico e social do país (mediante a defesa do poder de compra e o acesso à crédito) (BC,2019). Os membros do CMN reúnem-se uma vez por mês para deliberar sobre assuntos como adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia; regular o valor interno e externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos; orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras; propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros; zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras; e coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária e da dívida pública interna e externa (BC,2019). Em casos extraordinários, pode acontecer mais de uma reunião por mês. As matérias aprovadas são regulamentadas por meio de Resoluções divulgadas no Diário Oficial da União (DOU) e na página de normas do Conselho e do Banco Central (BC) (BC,2019). Comissão Técnica da Moeda e do Crédito (Comoc) Junto ao CMN funciona a Comoc, que atua como órgão de assessoramento técnico na formulação da política da moeda e do crédito do Brasil. A Comoc manifesta-se previamente sobre assuntos de competência do CMN (BC,2019). 8Os seguintes detalhamento foram extraídos dos sites específicos desses órgãos, uma vez que suas definições e competências são definidas por lei, logo, não podem ser reescritas. 36 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Membros da Comoc • Presidente do Banco Central – coordenador • Presidente da Comissão de Valores Mobiliários • Secretário-Executivo do Ministério da Economia • Secretário de Política Econômica do Ministério da Economia • Secretário do Tesouro Nacional do Ministério da Economia • Diretores do Banco Central do Brasil* *Segundo o regimento interno da Comoc, são "quatro diretores do Banco Central do Brasil, indicados pelo seu Presidente". Como esta indicação é alterada de acordo com a pauta das reuniões, todos os diretores do BC tornam-se membros potenciais da Comoc. A Secretaria-Executiva da Comoc e do CMN é exercida pelo Banco Central. Compete à autoridade monetária organizar e assessorar as sessões deliberativas (preparar, dar suporte, elaborar as atas e manter o arquivo histórico, entre outras funções administrativas) (BC,2019). 3.2. CNSP O Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSP é órgão responsável por fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados. É composto por representantes do Ministério da Fazenda (Presidente), do Ministério da Justiça, do Ministério da Previdência e Assistência Social, da Superintendência de Seguros Privados, do Banco Central do Brasil e da Comissão de Valores Mobiliários. Cabe à Secretaria de Política Econômica - SPE, nos termos do Decreto nº 9.003, de 13 de março de 2017, assessorar o representante do Ministério da Fazenda no Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP, órgão regulador dos setores de seguros, resseguros, previdência complementar aberta e capitalização. 37 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Composição Atual do CNSP9 • MINISTRO DA FAZENDA - Presidente • SUPERINTENDENTE DA SUSEP - Presidente Substituto • Representante do Ministério da Justiça • Representante do Ministério da Previdência e Assistência Social • Representante do Banco Central do Brasil • Representante da Comissão de Valores Mobiliários Atribuições do CNSP • Fixar diretrizes e normas da política de seguros privados; • Regular a constituição, organização, funcionamento e fiscalização dos que exercem atividades subordinadas ao Sistema Nacional de Seguros Privados, bem como a aplicação das penalidades previstas; • Fixar as características gerais dos contratos de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro; • Estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguro; • Conhecer dos recursos de decisão da SUSEP e do IRB; • Prescrever os critérios de constituição das Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entidades de Previdência Privada Aberta e Resseguradores, com fixação dos limites legais e técnicos das respectivas operações; • Disciplinar a corretagem do mercado e a profissão de corretor. SUSEP A SUSEP é o órgão responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro. Autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, foi criada pelo Decreto-lei nº 73, de 21 de novembro de 1966. Missão: "Desenvolver os mercados supervisionados, assegurando sua estabilidade e os direitos do consumidor." 9Essa atual composição está sob revisão, uma vez que o ministério da fazenda foi integrado ao recém-criado ministério da economia, apesar de mudarem osnomes e membros, as atribuições e competências do CNSP e SUSEP não mudaram até o momento. 38 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Atribuições da SUSEP • Fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operação das Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entidades de Previdência Privada Aberta e Resseguradores, na qualidade de executora da política traçada pelo CNSP; • Atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular que se efetua através das operações de seguro, previdência privada aberta, de capitalização e resseguro; • Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados supervisionados; • Promover o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos operacionais a eles vinculados, com vistas à maior eficiência do Sistema Nacional de Seguros Privados e do Sistema Nacional de Capitalização; • Promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição, assegurando sua expansão e o funcionamento das entidades que neles operem; • Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado; • Disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em especial os efetuados em bens garantidores de provisões técnicas; • Cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP e exercer as atividades que por este forem delegadas; • Prover os serviços de Secretaria Executiva do CNSP. 3.3. CNPC e Previc O CNPC é o órgão com a função de regular o regime de previdência complementar operado pelas entidades fechadas de previdência complementar, nova denominação do então Conselho de Gestão da Previdência Complementar. O CNPC10 é presidido pelo ministro da Previdência Social e composto por representantes da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), da Secretaria de Políticas de Previdência Complementar (SPPC), da Casa Civil da Presidência da República, dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão, das entidades fechadas de previdência complementar, dos patrocinadores e instituidores de 10A atual composição dos membros do CNPC assim como sua vinculação ao ministério da previdência social, foi alterada com a reforma ministerial de 2015, ao fundir os ministérios do trabalho e previdência, porém, em 2019, uma nova reforma ocorreu com a criação do ministério da economia, transformando o ministério do trabalho e da previdência social em duas secretarias. 39 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância planos de benefícios das entidades fechadas de previdência complementar e dos participantes e assistidos de planos de benefícios das referidas entidades. O Decreto nº 7.123, de 03 de março de 2010, dispõe sobre a organização e o funcionamento do Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) e dá outras providências. PREVIC A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) é uma autarquia de natureza especial, dotada de autonomia administrativa e financeira e patrimônio próprio, vinculada ao Ministério da Fazenda, com sede e foro no Distrito Federal, tendo atuação em todo o território nacional como entidade de fiscalização e supervisão das atividades das entidades fechadas de previdência complementar e de execução das políticas para o regime de previdência complementar operado pelas referidas entidades. A Previc, de acordo com o Decreto nº 8.992, de 20 de fevereiro de 2017, é dirigida por uma Diretoria Colegiada, composta por: Diretor-Superintendente; Diretor de Administração; Diretor de Licenciamento; Diretor de Fiscalização e Monitoramento; e Diretor de Orientação Técnica e Normas. Possui ainda, em sua estrutura, Gabinete, Assessoria de Comunicação Social e Parlamentar, Coordenação-Geral de Suporte à Diretoria Colegiada, Ouvidoria, Coordenação-Geral de Inteligência e Gestão de Riscos, Coordenação-Geral de Gestão Estratégica e Inovação Institucional, Corregedoria, Auditoria Interna, Procuradoria Federal, além de cinco Escritórios de Representação em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Principais atribuições da Previc As principais competências da Previc, segundo o Decreto nº 8.992, de 20 de fevereiro de 2017, são: I - proceder à fiscalização das atividades das entidades fechadas de previdência complementar e das suas operações; II - apurar e julgar as infrações e aplicar as penalidades cabíveis; III - expedir instruções e estabelecer procedimentos para a aplicação das normas relativas à sua área de competência; 40 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância IV - autorizar: a constituição e o funcionamento das entidades fechadas de previdência complementar e a aplicação dos respectivos estatutos e dos regulamentos de planos de benefícios; as operações de fusão, cisão, incorporação ou qualquer outra forma de reorganização societária, relativas às entidades fechadas de previdência complementar; a celebração de convênios e termos de adesão por patrocinadores e instituidores e as retiradas de patrocinadores e instituidores; e as transferências de patrocínio, grupos de participantes e assistidos, planos de benefícios e reservas entre entidades fechadas de previdência complementar; V - harmonizar as atividades das entidades fechadas de previdência complementar com as normas e as políticas estabelecidas para o segmento; VI – decretar intervenção e liquidação extrajudicial das entidades fechadas de previdência complementar e nomear interventor ou liquidante, nos termos da lei; VII - nomear administrador especial de plano de benefícios específico, podendo atribuir-lhe poderes de intervenção e liquidação extrajudicial, na forma da lei; VIII - promover a mediação e a conciliação entre entidades fechadas de previdência complementar e entre as entidades e seus participantes, assistidos, patrocinadores ou instituidores, bem como dirimir os litígios que lhe forem submetidos na forma da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996; IX - enviar relatório anual de suas atividades ao Ministério da Fazenda e, por seu intermédio, ao Presidente da República e ao Congresso Nacional; e adotar as providências necessárias ao cumprimento de seus objetivos. 3.4. Banco Central O Banco Central é uma autarquia federal ligada ao Ministério da Fazenda, que tem como missão garantir a estabilidade do poder de compra da moeda do país, o Real, e assegurar a eficiência e o bom funcionamento do mercado financeiro local. A instituição é responsável por executar a estratégia estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para manter a inflação sob controle e atua como secretaria executiva desse órgão (BC,2019). O CMN formula as políticas da moeda e do crédito no país. Foi estabelecido em 1964, pela mesma lei que criou o Banco Central. É composto pelo Ministro da Fazenda, que preside o conselho, pelo Ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e pelo presidente do Banco Central (BC,2019). Transparência é um dos valores do Banco Central (BC). Mais do que cumprir as exigências da lei e dos órgãos de controle, o BC vê a transparência como condição necessária para a prestação de serviço eficiente à sociedade. A transparência e a simetria 41 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância de informações fazem parte da comunicação da política monetária e da manutenção da eficiência do sistema financeiro (BC,2019). O público tem ao seu dispor diversas ferramentas para entrar em contato com o Banco Central, seja pelo site, pelo aplicativo BC+Perto, por telefone, carta ou pessoalmente, em um dos escritórios da instituição em cidades brasileiras. Todas as manifestações são registradas e recebem um número de protocolo para que seja possível acompanhar o andamento das demandas.De forma geral, o prazo de atendimento segue as diretrizes do governo brasileiro para a aplicação da Lei de Acesso à Informação: máximo de 20 dias, prorrogáveis por mais dez (BC,2019). O Banco Central (BC) é o guardião dos valores do Brasil. O BC é uma autarquia federal, vinculada - mas não subordinada - ao Ministério da Fazenda, e foi criado pela Lei nº4.595/1964 (BC,2019). As tarefas a cargo do Banco Central são bastante diversas. Inflação baixa e estável Manter a inflação sob controle, ao redor da meta, é objetivo fundamental do BC. A estabilidade dos preços preserva o valor do dinheiro, mantendo o poder de compra da moeda. Para alcançar esse objetivo, o BC utiliza a política monetária, política que se refere às ações do BC que visam afetar o custo do dinheiro (taxas de juros) e a quantidade de dinheiro (condições de liquidez) na economia. Sistema financeiro seguro e eficiente Faz parte da missão do BC assegurar que o sistema financeiro seja sólido (tenha capital suficiente para arcar com seus compromissos) e eficiente. Banco do governo O BC detém as contas mais importantes do governo e é o depositário das reservas internacionais do país. Banco dos bancos As instituições financeiras precisam manter contas no BC. . Essas contas são monitoradas para que as transações financeiras aconteçam com fluidez e para que as próprias contas não fechem o dia com saldo negativo. 42 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Emissor do dinheiro O BC gerencia o meio circulante, que nada mais é do que garantir, para a população, o fornecimento adequado de dinheiro em espécie. 3.5. CVM A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi criada em 07/12/1976 pela Lei 6.385/76, com o objetivo de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil (CVM, 2019). A CVM11 é uma entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda, com personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de autoridade administrativa independente, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária (CVM, 2019). Em 2013, a CVM reformulou sua estratégia institucional e lançou o seu atual Plano Estratégico, reafirmando valores e propósito e definindo os Objetivos Estratégicos com projeção para 2023. Acesse o documento em Plano e Indicadores e obtenha mais informações a respeito da estratégia da instituição (CVM, 2019). Valores: Valorização permanente do corpo funcional, com foco na sua capacitação, comprometimento, motivação e meritocracia. Ambiente de trabalho que preze a coordenação, cooperação e constante diálogo entre as diferentes áreas e níveis hierárquicos. Busca permanente de estruturas organizacional, física e tecnológica adequadas, suportadas por uma autonomia administrativa, orçamentária e financeira. Educação financeira como instrumento essencial para o fortalecimento do mercado de capitais. Atuação coordenada com instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais, na busca de maior eficiência das atividades de regulação, registro, supervisão, fiscalização, sanção e educação. Atuação técnica, independente, célere e transparente, pautada pela ética, eficiência, equilíbrio e segurança jurídica das decisões. Atuação regulatória com foco no atendimento das necessidades do mercado e sua evolução, em consonância com padrões internacionais, e pautada na participação da sociedade, inclusive por meio das audiências públicas. 11Obtenha mais detalhes sobre o Regimento Interno da CVM, acesse a Portaria do Ministério da Fazenda nº 327/77. 43 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Atuação pautada na proteção do investidor, na exigência de ampla divulgação de informação, no monitoramento dos riscos de mercado e na estabilidade financeira, inclusive com o apoio da autorregulação (CVM, 2019). Cadeia de Valor da CVM Cadeia de Valor é uma ferramenta de gestão que apresenta, em uma única imagem12, como uma organização, através dos seus processos, entrega valor para seus clientes. Ela pode ser utilizada para entender como os processos se relacionam entre si, uma vez que mostra a lógica de interdependência e temporalidade. É importante destacar que a cadeia de valor é "viva" e está sujeita a alterações e atualizações periódicas. Pela ótica da CVM, o Mercado (Emissores, Intermediários e Prestadores de Serviço) e a Sociedade (Investidores e Cidadãos) são os clientes e recebem como valor Eficiência, Integridade e Desenvolvimento do Mercado. Para entender melhor como a cadeia de valor é organizada, é importante entender alguns níveis de detalhamento dos processos. Grupamento São os grandes temas nos quais a cadeia é segmentada. No caso da CVM, foram estruturados 5 grupamentos, sendo eles: • Normatização do Mercado • Supervisão do Mercado • Sanção ao Mercado • Orientação ao Mercado e à Sociedade • Gestão, Estratégia e Suporte Os 4 primeiros grupamentos têm impacto direto na entrega de valor para o Mercado e para a Sociedade, enquanto o último é a base que sustenta a Autarquia, tanto em termos operacionais como estratégicos. Processos de gestão, estratégia e suporte têm impacto em praticamente todos os demais processos da organização. Macroprocessos 12http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/menu/acesso_informacao/institucional/sobre/cadeia_de_valor_cvm.pdf http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/menu/acesso_informacao/institucional/sobre/cadeia_de_valor_cvm.pdf 44 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância São considerados conjuntos de processos que, juntos, viabilizam a entrega de grandes serviços, como por exemplo: Elaboração de Normas, Supervisão e Fiscalização do Mercado, Execução de Ações Sancionatórias, Gestão de Pessoas, etc. Processos São conjuntos de atividades e rotinas executadas periodicamente pelas áreas da CVM, como por exemplo: Registrar Regulados, Emitir Ofício de Alerta, Realizar Estudos e Pesquisas Educacionais, Prover Soluções de TI, etc. Mandato Legal13 Desenvolvimento do mercado Estimular a formação de poupança e a sua aplicação em valores mobiliários; promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações; e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social de companhias abertas sob controle de capitais privados nacionais (Lei 6.385/76, art. 4º, incisos I e II). Eficiência e funcionamento do mercado Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados da bolsa e de balcão; assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de valores mobiliários; e assegurar a observância, no mercado, das condições de utilização de crédito fixadas pelo Conselho Monetário Nacional (Lei 6.385/76, art. 4º, incisos III, VII e VIII). Proteção dos investidores Proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores do mercado contra emissões irregulares de valores mobiliários; atos ilegais de administradores e acionistas controladores das companhias abertas, ou de administradores de carteira de valores mobiliários; e o uso de informação relevante não divulgada no mercado de valores mobiliários. Evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários negociados no mercado (Lei 6.385/76, art. 4º, incisos IV e V). Acesso à informação adequada Assegurar o acesso do público a informações sobre os valores mobiliários negociados e as companhias que os tenham emitido, regulamentando a Lei e administrando o sistema de registro de emissores, de distribuição e de agentes regulados (Lei 6.385/76, art. 4º, inciso VI, eart. 8º, incisos I e II). Fiscalização e punição Fiscalizar permanentemente as atividades e os serviços do mercado de valores mobiliários, bem como a veiculação de informações relativas ao mercado, às pessoas que dele participam e aos valores nele negociados, e impor penalidades 13Competências e Funções estabelecidas em lei 45 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância aos infratores das Leis 6.404/76 e 6.385/76, das normas da própria CVM ou de leis especiais cujo cumprimento lhe incumba fiscalizar (Lei 6.385/76, art. 8º, incisos III e V, e art. 11). 46 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4. MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS – CONCEITOS E DEFINIÇÕES Objetivo Conceituar e detalhar a estrutura e funcionamento do mercado financeiro, suas divisões e categorias. 4.1. As diversas facetas do Mercado Financeiro e de Capitais Para compreendermos o mercado de capitais e financeiro, vamos entender um pouco o conceito de mercado: Um mercado é um lugar onde duas partes estão envolvidas na transação de bens e serviços em troca de dinheiro. As duas partes envolvidas são: • Comprador / tomador / devedor • Vendedor/ poupador / credor Em um mercado, o comprador e o vendedor entram em uma plataforma comum, na qual o comprador compra bens e serviços do vendedor em troca de dinheiro. Mercado Financeiro: Um lugar onde os indivíduos estão envolvidos em qualquer tipo de transação financeira refere-se ao mercado financeiro. Mercado financeiro é, portanto, uma plataforma onde compradores e vendedores estão envolvidos na venda e compra de produtos financeiros, como ações, fundos de investimentos, títulos de dívida, commodities e assim por diante. Assim sendo, o mercado financeiro é uma concepção bastante ampla, pois engloba todos os possíveis ambientes e locais, físicos e digitais em que transações envolvendo dinheiro e, ao menos, duas partes: tomador e credor, interagem para atender às suas respectivas necessidades, de um lado, o tomador, a necessidade de crédito, de disponibilização de recursos, para os mais diversos fins, do outro, o credor/investidor, com a necessidade de lucrar mediante o sacrifício do tempo e do dinheiro (ato de poupar), que, para tanto, cobra uma taxa de juros proporcional às suas expectativas de retorno e ao risco da operação financeira. 47 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Vamos então ver os principais tipos de mercados financeiros: • Mercado monetário: Esfera do mercado financeiro aonde as políticas monetárias ocorrem e no qual a liquidez da economia é ajustada, nele ocorrem operações de curtíssimo e curto prazo, como negociação primária de títulos públicos entre o BC e os dealers selecionados, operações de crédito interbancário (CDI) entre os bancos – para equilibrar o saldo de depósitos compulsórios –, além de negociações com CDBs e Debêntures. • Mercado de Crédito: Mercado composto, basicamente, por sociedades de crédito, bancos comerciais e múltiplos com carteira comercial. Nessa esfera ocorrem as operações de financiamento e empréstimos para ativos permanentes e capital de giro, além de crédito ao consumo, são operações de curto e médio prazo, como empréstimos, cheque especial, conta garantida, operações hot- money etc. • Mercado de Capitais: Resumidamente, esfera de maior volume e prazo de movimentação financeira, é o ambiente aonde poupadores e tomadores se encontram, gerando oportunidades de investimento e captação de recursos em grandes volumes para empresas e governos. Composto por diversas instituições, conta com a supervisão da CVM e do BC. • Mercado Cambial: Ambiente em as moedas/câmbio são negociadas. 4.1.1. Mercado de capitais O mercado de capitais é conhecido pelas bolsas de valores e pelas ações, mas esse mercado de investimentos é bem maior e mais diversificado do que isso. É nele em que poupadores/investidores encontram diversas oportunidades de aplicar seus recursos e, dessa forma, financiam os tomadores – empresas S/A, governos, empreendimentos imobiliários e agropecuários. Além disso, esse mercado se caracteriza pelos extensos prazos das aplicações, podendo ser, inclusive, indeterminados, como ocorre no caso das ações. Outra característica evidente desse mercado é a transparência de informações e o sistema de negociações por leilão14. 14Em um mercado de leilões, os compradores inserem lances competitivos e os vendedores enviam ofertas competitivas ao mesmo tempo. O preço pelo qual uma ação é negociada representa o preço mais alto que um comprador está disposto a pagar e o menor preço que um vendedor está disposto a aceitar. Lances e ofertas correspondentes são emparelhados juntos e as ordens são executadas. 48 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Mercado de Capitais é dividido em: 1. Mercado Primário é uma forma de mercado de capitais onde várias empresas emitem novas ações, ações e títulos para investidores na forma de IPO's (Initial Public Offering). O Mercado Primário é uma forma de mercado em que ações e títulos são emitidos pela primeira vez pelas organizações, é aonde os Emissores15 captam os recursos. 2. Mercado Secundário é uma forma de mercado de capitais onde ações e valores mobiliários que foram previamente emitidos são comprados e vendidos, negociados entre partes interessadas, investidores, muitos dos quais são especuladores, ou seja, buscam valorização à curto prazo com a compra e a venda dos papéis/títulos, mas também, é o outro ambiente no qual investidores interessados em construir patrimônio, mediante a aquisição de títulos e papéis, podem aplicar seus recursos caso não tenham conseguido fazê-lo na emissão primária. • OBS: O mercado primário é o ambiente aonde ocorrem as emissões primárias e, portanto, é o local no qual os emissores captam recursos. A partir daí todas as negociações posteriores envolvendo os papéis/títulos emitidos não geram mais recursos aos emissores, porém, isso não significa que o mercado secundário seja menos importante ou, ainda, que os emissores não se importem com o valor de seus papéis e títulos no mercado secundário. Enquanto o mercado primário é importante para a economia ao intermediar tomadores e poupadores e, assim, permitir que estes financiem suas atividades, o mercado secundário é importante por ser o responsável por garantir a liquidez do sistema. Sem o mercado secundário, investidores encontrariam muita dificuldade para negociar seus papéis entre si, reduzindo assim a demanda por esses papéis, e, consequentemente, reduzindo o quanto eles valem, logo, reduzindo, também, o quanto os emissores poderiam ter captado inicialmente. • Sendo assim, os preços praticados nos mercados secundários são relevantes para os emissores uma vez que demonstram as expectativas dos investidores em relação ao emissor, servindo assim, de referência para emissões futuras. 15É o tomador de recursos, uma discussão mais ampla desse termo ocorrerá nessa unidade. 49 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Outras categorizações: • Mercado de Ações: é um tipo de mercado de capitais que lida com a emissão e negociação de ações e cotas de fundos de investimentos a um determinado preço. • Mercados de Títulos: é uma forma de mercado de capitais em que compradores e vendedores estão envolvidos na negociação de títulos de dívidas. • Mercado de Commodities: Um mercado que facilita a venda e compra de produtos primários é chamado de mercado de commodities. No Mercado de commodities, como em qualquer outro mercado, inclui um comprador e um vendedor. Nesse tipo de mercado, o comprador adquire produtos embruto, como arroz, trigo, cereais, gado e assim por diante, do vendedor, a uma taxa mutuamente acordada. • Mercado de Derivativos: O mercado que lida com a negociação de contratos que são derivados de qualquer outro ativo é chamado de mercado de derivativos. • Mercado Futuro: O mercado futuro é um tipo de mercado financeiro que lida com a negociação de instrumentos financeiros a uma taxa específica em que a entrega ocorre no futuro. • Mercado de Seguros: O mercado de seguros lida com a negociação de produtos de seguros, como apólices e cotas de previdência privada. • Mercado Privado ou de balcão: O mercado privado é uma forma de mercado onde a transação de produtos financeiros ocorre diretamente entre duas partes. • Mercado hipotecário: Um tipo de mercado em que várias organizações financeiras estão envolvidas no fornecimento de financiamento imobiliário por um período específico é chamado de mercado hipotecário. O pagamento é feito à pessoa em questão ao enviar certos documentos necessários e preencher certos critérios básicos. Especificamente no caso Brasileiro, a B3 (antiga BM&FBovespa) engloba praticamente todos os mercados financeiros organizados do país, portanto, é pela plataforma da B3 em que são negociados títulos de dívida públicas16 e privadas, Ações, Cotas de Fundos de Investimentos, Commodities, Derivativos, Futuros, Mercado de Balcão, entre outros. 16A infraestrutura é feita pelo TSN – Tesouro Nacional – e o intermédio pela B3. http://ri.bmfbovespa.com.br/?gohome=1 50 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A B3, a bolsa de valores do Brasil A B3 S.A. – Brasil, Bolsa, Balcão é uma das maiores empresas provedoras de infraestrutura para o mercado financeiro do mundo em valor de mercado, oferecendo serviços de negociação (bolsa), pós-negociação (clearing), registro de operações de balcão e de financiamento de veículos e imóveis. A B3 foi criada em março de 2017 a partir da combinação de atividades da BM&FBOVESPA, bolsa de valores, mercadorias e futuros, com a CETIP, empresa prestadora de serviços financeiros no mercado de balcão organizado. Essa combinação consolidou a atuação da Companhia como provedora de infraestrutura para o mercado financeiro, permitindo a ampliação do leque de serviços e produtos oferecidos aos seus clientes e a criação de eficiências para a Companhia e para o mercado. Nos mercados de produtos listados em bolsa, a B3 desenvolve, implanta e provê sistemas e serviços de negociação e pós-negociação (compensação e liquidação) de ações, derivativos de ações, financeiros e de mercadorias, títulos de renda fixa, títulos públicos federais, moedas à vista e commodities agropecuárias. Também oferece o serviço de listagem e de depositária central para os ativos negociados em seus ambientes, bem como oferece os serviços de licenciamento de softwares e índices. Sua atuação nesses mercados requer investimentos constantes em infraestrutura tecnológica, controle e gerenciamento de riscos das operações, que assegurem o funcionamento dos mercados de maneira eficiente e segura. Para os produtos não listados que são negociados por meio de operações bilaterais no mercado de balcão, tais como instrumentos financeiros emitidos por bancos e derivativos customizados, a B3 oferece a infraestrutura para registro dessas operações pelos participantes do mercado. Adicionalmente, por meio de sua unidade de financiamento de veículos e imóveis, a Companhia oferece produtos e serviços que aceleram o processo de análise e aprovação de crédito em território nacional, tornando o acesso ao financiamento fácil, ágil e seguro. Além de primar pela excelência operacional, tecnológica e de gestão de risco, a B3 exerce o papel de fomentar os mercados em que atua por intermédio de inovações e desenvolvimento de produtos, além de programas de educação para a população. A B3 é uma sociedade de capital aberto, cujas ações B3SA3 são negociadas no Novo Mercado — segmento em que as empresas assumem compromissos de melhores práticas de governança corporativa — e integra os índices Ibovespa, IBrX-50, IBrX e Itag, entre outros. Com sede em São Paulo e unidades no Rio de Janeiro e Alphaville, também possui escritórios de representação no Reino Unido (Londres) e na China (Xangai), para oferecer suporte aos participantes desses mercados nas atividades com os clientes estrangeiros e no relacionamento com os órgãos reguladores, além de divulgar seus produtos e práticas de governança a potenciais investidores. Vamos ver agora os dois tipos de mercados financeiros sob a ótica dos investimentos: Renda Fixa e Renda Variável. 51 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4.2. Conceituando a Renda Fixa A Renda Fixa engloba os Investimentos em que, de certa forma, seu Rendimento é garantido, ou seja, jamais irão render menos do que 0% ao ano. Basicamente, a maioria dos investimentos em renda fixa envolvem a compra de um título de dívida. Este título de dívida pode ter as seguintes características: 1. Quem Emite: Se forem Títulos Públicos significa que o título é vendido por uma entidade Pública (exemplo: Títulos de Dívida Pública Federais); se forem Títulos Privados significa que o título é vendido por uma instituição privada (exemplo: CDB emitidos pelos Bancos; Debêntures emitidas por Empresas S/A). 2. Prazo de Vencimento Pré-Determinado: Quando o investidor sabe que o título que ele comprou irá vencer e assim, o investimento será automaticamente encerrado. O recebimento dos juros referentes a esse investimento pode ser pago ao longo da existência do título ou no seu vencimento ou ambos. 3. Prazo de Vencimento Indeterminado: Quando o investimento não tem prazo de vencimento estabelecido, o rendimento nesses casos ocorrerá periodicamente ou quando o investimento for encerrado pelo próprio investidor (exemplo: Poupança e Cotas em Fundos de Investimento em Renda Fixa). 4. Forma de Remuneração Pré-fixada: Um título pré-fixado terá sua Taxa de Rentabilidade pré-definida com base no valor do Indexador de Referência do dia de contratação/compra do título de dívida de renda fixa, ou com base em um Valor pré-definido. A Remuneração desse título, portanto, será fixada com base nesse valor, ou seja, o investidor saberá, normalmente em termos brutos nominais*, o quanto vai ganhar. 5. Forma de Remuneração Pós-Fixada: Um título pós-fixado terá sua Taxa de Rentabilidade baseada no valor do Indexador de Referência definido no ato de contratação/compra do título de dívida de renda fixa. A Remuneração desse título, porém, dependerá da variação mensal do indexador contratado, ou seja, o investidor não saberá ao certo quanto irá ganhar. Apenas ao final de cada período (normalmente é um mês) que irá saber o quanto seu título rendeu no período e isso se sucederá até o vencimento ou encerramento do investimento. 6. Rendimento bruto nominal significa o quanto um investimento rendeu sem descontar os impostos e a inflação. Já o Rendimento líquido nominal é o rendimento auferido após descontados os impostos incidentes sobre aquele determinado investimento. Por sua vez, o Rendimento líquido real é a verdadeira medida de lucro (ou prejuízo) para o investidor, depois de 52 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância descontados os impostos, e obtido o Rendimento líquido nominal esse valor é descontado pela inflação. (Se deseja dominar esses cálculos, inclusive com a HP12C e outras calculadoras e ferramentas de cálculo, inscreva-se no nosso curso de matemática financeira EaD!) 7. Forma de Remuneração – Atualização do Valor do Título: Um título pode ter seu rendimento expresso por meio do Ajuste do valor do título, ou seja, o valor pago pelo investidor na compra do título será atualizado periodicamentepelo Indexador de rentabilidade (seja ele Pré ou Pós). O lucro do investidor ocorrerá, então, por meio da Venda (a terceiros) / Resgate (venda de volta ao emissor) ou por meio do Vencimento do título, daí o investidor receberá o valor atualizado do título. 8. Forma de Remuneração – Pagamento de Bônus periódicos: Um título pode, também, ter seu rendimento por meio do pagamento de bônus/juros periódicos ao portador do título de dívida, esses bônus/juros poderão ser Simples ou Compostos e serão baseados no valor do Indexador. Nada impede de a remuneração do título ser por meio de Bônus/Juros e Atualização do Valor do título ao mesmo tempo. 9. Indexador de Rentabilidade/Referência: É o índice que servirá de referência para o cálculo da Rentabilidade do Título de Dívida. Podem ser índices de preços (IPCA, IGP-M, INCC, IPC, etc.), índices financeiros (DI ou TR), índices de juros estipulados pelo governo (SELIC) entre outros etc. 10. Investimento em Renda Fixa Direto ou Indireto: O investidor pode investir de forma Direta ou Indireta em títulos de renda fixa. No método Direto é ele quem compra o título junto ao emissor e receberá diretamente o rendimento do título, costuma ser o método mais barato e rentável, porém, pode exigir maior conhecimento e capital inicial. Já no método indireto, o investidor investe em renda fixa por meio de um intermediário, ele receberá, normalmente, uma Cota representativa de valor que terá seu valor atualizado e poderá lhe conferir o direito de recebimento total/parcial dos bônus/juros. Esse método foi elaborado para permitir que investidor com menor conhecimento e pouco capital inicial possam ter acesso à ativos de renda fixa mais complexos e caros, porém, quase sempre resultam em alguns custos por conta da intermediação, normalmente, uma taxa de administração cobrada anualmente sobre o valor investido. 53 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Seus principais ativos são: Poupança, CDB e Letras de Crédito (LCA, LCI, LC e LF), Fundos de Investimentos em Renda Fixa e Títulos de Dívida Pública, Privada, Imobiliária (CRI) e Agrária (CRA). 4.3. Conceituando a Renda Variável Ao contrário da Renda Fixa, que em tese não resulta em prejuízos e que, se realizada com planejamento e conhecimento, pode resultar em rendimentos significativos, o investimento em Renda Variável é bem mais volátil, ou seja, tanto pode resultar em lucros extraordinários quanto em prejuízos absolutos. Isso ocorre por diversos motivos, por um lado, o investimento em Renda Variável não é garantido por nenhuma instituição, nem FGC, nem governo, nem o banco ou instituição emissora/gestor do ativo de renda variável, portanto o capital investido não terá coberturas legais. Mas essa é das menores preocupações do investidor em renda variável, porque não se trata de um investimento em que a sua rentabilidade vai depender diretamente do emissor ou gestor do ativo, ela será afetada por outros inúmeros fatores econômicos, sendo assim, o lucro com esse investimento vai depender da oscilação desses fatores e não pela capacidade de remunerar dos gestores e emissores, como acontecia na renda fixa, não se trata mais de um investimento com uma taxa de juros remuneratórios ou algum índice de referência. O investimento na Renda Variável é como um investimento indireto na economia real, ou seja, ao aplicar em ativos de renda variável o investidor está aplicando em negócios (ações), empreendimentos (FIIs), ativos mobiliários (como dólar ou ouro), enfim, em ativos que tem seus valores que oscilando o tempo todo. Ou seja, é um investimento em que Liquidez, Volatilidade e a Lei de Oferta e Demanda são preponderantes, portanto, é preciso compreender esses conceitos: 54 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Por exemplo: se compro Ações de uma empresa listada na bolsa de valores, meu investimento estará atrelado à diversos fatores relacionados à essa empresa, seja sua atividade em si, seus resultados financeiros, notícias sobre o mercado em que ela atua, políticas no mercado dela, enfim, tudo aquilo capaz de afetar direta ou indiretamente a atividade dessa empresa que adquiri as ações. Se aplico em dólar meu investimento dependerá da conjuntura econômica entre Brasil e EUA, da oferta e demanda por essa moeda entre outros fatores políticos e econômicos complexos, esse mix de fatores vai influenciar na subida ou queda do câmbio, consequentemente, no meu lucro ou prejuízo. E o raciocínio segue o mesmo para os diversos ativos da renda variável, fundos imobiliários tem seu valor atrelado ao mercado imobiliário, o ouro varia de acordo com a demanda pelo metal e de acordo com a instabilidade financeira mundial e assim por diante. 4.3.1. Lei da oferta e da demanda, liquidez e volatilidade Quando uma empresa emite papéis, por exemplo ações, no mercado de capitais, ela está buscando financiar suas atividades mediante à venda de parte do negócio, logo, os investidores que irão comprar esses papéis estão, indiretamente, investindo na empresa, é um investimento no mercado real da economia, logo, trata-se de renda variável. Diversos fatores vão determinar os preços iniciais dessa emissão e, posteriormente, os preços dessas ações no mercado secundário. Primeiro, ações são chamados de valores mobiliários17, isso significa que estes papéis podem ser negociados no mercado secundário após a sua emissão, isso garante aos papéis liquidez muito maior do que se apenas houvessem negociações no mercado primário, pois os investidores tem a liberdade de vender esses papéis caso não queiram mais ser sócios da empresa, abrindo mão também, dos dividendos à que tinham direito. Liquidez A liquidez é o volume de negócios realizados com o ativo em questão, ou seja, quanto maior o volume de negócios realizados com um ativo, mais rápido eu 17Diversos ativos de renda fixa e variável possuem essa característica, logo, estão sujeitos à essas forças. 55 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância vou conseguir negociá-lo, comprar ou vender, assim, mais rapidamente eu vou conseguir realizar minha compra e, posteriormente, minha venda com lucro. Um exemplo fácil de compreender a liquidez é o investimento em imóveis, o grande problema desse investimento está justamente na sua liquidez, em certos momentos, você consegue vendê-los rapidamente, logo, quando o imóvel se valoriza eu rapidamente consigo ter meu lucro. Mas também, há momentos em que o mercado desaquece e ninguém consegue vender nada, temos muita gente vendendo e poucos comprando e a consequência inevitável é que você terá de vender o imóvel mais barato para se livrar dele logo, perdendo assim sua lucratividade. Mas apenas ter liquidez não implica que o papel é lucrativo e que este vai valorizar, nem mesmo significa que a empresa vai captar mais recursos na emissão primária, na realidade, a organização e divulgação dos mercados primário e secundário são estratégias que buscam aumentar a liquidez desses mercados para que seja mais fácil comprar e vender papéis, o que é um dos pilares necessários, mas não, o determinante. Isso porquê aonde existe liquidez pode existir volatilidade: Volatilidade A volatilidade é uma medida estatística da dispersão dos retornos para um determinado ativo de renda variável. A volatilidade pode ser medida usando o desvio padrão ou variância entre preços históricos desse ativo. Comumente, quanto maior a volatilidade, maior é o risco e, consequentemente, maior o potencial de retorno. Em outras palavras, a volatilidade refere-se à quantidade de variações, as mudanças no valor de um ativo de investimento. Uma maior volatilidade significa queo valor desse ativo pode sofrer variações por conta de uma grande variedade de fatores. Isso significa que o preço desse ativo pode mudar drasticamente em um curto período de tempo em qualquer direção. Uma menor volatilidade significa que o valor desse ativo não flui de forma dramática, mas muda de valor a um ritmo constante ao longo de um período de tempo. Um indicador de volatilidade relativa comumente utilizado no mercado de ações é o Beta (ß), ele é uma medida estatística de correlação entre um determinado ativo, no caso uma ação, em relação a outro ativo ou indexador/índice. Por exemplo, se uma ação tem um Beta de 1,1 com o CDI, significa que essa ação costuma variar proporcionalmente ao CDI em 1,1 pontos percentuais, quando o CDI cai 1% ela desvaloriza 1,1% e assim por diante. 56 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A volatilidade e a liquidez são dois conceitos fundamentais nas estratégias de investimentos em renda variável, pois é a combinação de ambos que irá determinar o resultado positivo ou negativo dos investimentos, logo, o investidor precisa buscar “prever” as possíveis causas de volatilidade e antecipá-las para obter lucro, ao mesmo tempo, esse lucro depende completamente da liquidez desse ativo, uma vez que ele precisa realizar a compra e a venda desse ativo com velocidade e sem perdas de valor. Porém, apesar desses inúmeros fatores, o que fundamentalmente vai afetar o preço de compra e venda de um ativo de renda variável é a Oferta e a Demanda por ele, ou seja, todas as informações e análises que são feitas vão buscar tentar prever ou especular sobre como será essa Oferta e Demanda por esse ativo no futuro e “jogar” com isso, apostar na realidade, que vamos comprar esse ativo a um preço bom e que no futuro, esse preço vai subir e daí vou vendê-lo com lucro. Para isso, é preciso entender que: • Quanto Maior a Demanda por uma Ativo, maior seu preço, e se sua Oferta for baixa, o preço subirá mais ainda; • Por outro lado, um ativo com pouca Demanda tem um preço baixo, e, se sua Oferta for alta, mais ainda seu preço vai cair. Isso vai influenciar e muito os preços praticados na Emissão Primária – logo, afetando a capacidade do emissor de financiar as suas atividades – e na negociação secundária – afetando muito o potencial de lucro dos investidores – e a relação entre esses dois mercados é recíproca, uma adesão baixa na emissão primária pode ser reflexo de uma baixa demanda por esse papel no mercado secundário e vice-versa. É por conta dessa combinação de fatores que a renda variável tem esse nome: 1. Potencial de lucratividade associado à compra e venda depende das forças de mercado (Liquidez, Volatilidade, Oferta e Demanda, desempenho econômico do emissor do papel); 2. Nenhuma garantia legal ou remuneratória; 3. Potencial de lucratividade com dividendos ou rendimento são atrelados à economia real; 4. Trata-se de um mercado em que as expectativas futuras são trabalhadas, logo, há muita incerteza em jogo, sempre. 57 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5. Ativos, na sua maioria, sem prazo de encerramento ou resgate. Seus principais ativos são: Ações, ETFs, FIIs, Derivativos, Commodities e Câmbio, porém, Derivativos, Commodities e Câmbio são, por conta de outros fatores, mercados à parte. 4.4. IBOVESPA e B3 Criado em 1968, o índice Bovespa18 (Ibov) é o principal índice de mercado da bolsa de valores brasileira (A B3, junção da BM&FBovespa e a CETIP). O índice inclui19 as principais ações das empresas listadas na bolsa, que representam aproximadamente 70% da capitalização total da bolsa e 85% de suas operações. Seu valor representa uma carteira de investimentos fictícia. A bolsa de valores é resultado da união das principais corretoras do país, é uma interface de negociação para diversos ativos de investimento em renda fixa e variável e para operar nela é necessário estar cadastrado em, ao menos, uma corretora listada. A bolsa brasileira é a 18ª maior bolsa do mundo com um volume médio negociado diariamente de 6,6 bilhões de reais, o volume negociado em 2016 totalizou 774 bilhões de dólares. Entre os países emergente só está atrás da China. É a principal bolsa de valores da américa latina e é uma das mais organizadas e seguras graças a CVM. 4.5. Definindo conceitos básicos no mundo financeiro: Emissor e Investidor Um emissor é uma entidade legal que desenvolve, registra e vende títulos para financiar suas operações. Os emissores podem ser empresas, instituições financeiras, fundos de investimento ou governos nacionais ou estrangeiros. Os emissores são legalmente responsáveis pelas obrigações da emissão e por relatar condições financeiras, 18Link para a metodologia de cálculo do Ibov: http://www.bmfbovespa.com.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A828D295048C0EF01514544116A26AB 19É composto pelas ações e units exclusivamente de ações de companhias listadas na B3 que atendem aos critérios de inclusão descritos em sua metodologia não estão incluídos nessa categoria BDRs e ativos de companhias em recuperação judicial ou extrajudicial, regime especial de administração temporária, intervenção ou que sejam negociados em qualquer outra situação especial de listagem (ver manual de definições e procedimentos dos índices da B3). (B3, 2019). http://www.bmfbovespa.com.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A828D295048C0EF01514544116A26AB 58 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância desenvolvimentos relevantes e quaisquer outras atividades operacionais, conforme exigido pelas regulamentações de suas jurisdições. Os emissores mais frequentemente disponibilizam os seguintes tipos de títulos: ações ordinárias e preferenciais, títulos de dívida, notas promissórias, letras de crédito, certificados de depósito e/ recebíveis e derivativos. Para ilustrar o papel de um emissor, imagine que a ABC Corporation venda ações ordinárias ao público em geral no mercado para gerar capital para financiar suas operações comerciais. Isso significa que a ABC Corporation é uma emissora e, portanto, é obrigada a apresentar junto a reguladores, como a CVM, a divulgação de informações financeiras relevantes sobre a empresa. A ABC também deve atender a quaisquer obrigações ou regulamentos legais na jurisdição onde emitiu a ação. O mesmo vale para um banco que emite CDB’s ou Letras de Câmbio, porém, ele deve se reportar ao BC e obedecer as normas de política monetária estipuladas. 4.5.1. Emissores versus investidores Enquanto a entidade que cria e vende um título ou papel é referida como um emissor, o indivíduo que compra o título é um investidor. Em alguns casos, o investidor também é referido como um credor. Essencialmente, o investidor está emprestando os fundos do emissor, que são reembolsáveis quando o título vence ou a ação é vendida. Como resultado, o emissor também é considerado um tomador de empréstimo, e o investidor deve examinar cuidadosamente o risco de inadimplência do tomador antes de comprar o título ou emprestar fundos ao emissor. 4.5.2. Ratings de Crédito de Emissores As empresas de classificação, como a Standard and Poor's e a Moody's, criam classificações de crédito para emissores de títulos de dívida, assim como as agências de crédito criam perfis de crédito e pontuações para consumidores individuais. Em vez de ser expressa como um número, como as pontuações de crédito ao consumidor, as pontuações do emissor estão atreladas às letras. Por exemplo, se uma entidade tiver uma classificação AAA, ela tem um histórico de pagamento de suas dívidas e possui uma taxa muito baixa de inadimplência. Por outro lado, uma entidade tem uma classificação DDD, está em padrão. Emissores com ratingsdo BB ou abaixo têm seus títulos rotulados como lixo, indicando que representam um alto risco de inadimplência para os investidores. 59 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Países também recebem avaliações de crédito. Por exemplo, depois que a Grécia perdeu bilhões de dólares em pagamentos de empréstimos, sua classificação de crédito foi rebaixada para CCC +. No entanto, depois que o país implementou reformas, cortou custos e recapitalizou seus bancos, a Standard and Poor's aumentou seu rating para B-, indicando que os títulos da empresa são um pouco mais seguros. 60 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5. MERCADO DE RENDA FIXA I – MERCADO INTERBANCÁRIO Veremos agora as principais alternativas de investimentos no mercado de Renda Fixa interbancário, isso significa, que veremos apenas investimentos emitidos e negociados por instituições bancárias. Veremos todas essas alternativas sob a ótica do investidor e com alguns apontamentos sob a ótica do emissor. Lembrando, apenas, que estamos, agora, falando de alternativas de investimento, não discutindo se essas alternativas são de fato investimentos sob a ótica da rentabilidade real (aula 1). 5.1. Poupança 5.1.1. Definição, Quem Emite e Funcionamento Apesar do que foi abordado na aula 1, em via de regra, a poupança se enquadra na categoria de investimento pelo fato de possuir uma rentabilidade garantida e proteções legais. Criada em 1861 pelo imperador Dom Pedro II, como uma forma das pessoas poderem guardar seu dinheiro sem perder poder de compra, dessa forma, até 03 de maio de 2012, ela rendia garantidamente, 0,5% ao mês (inclusive, quem tinha saldo na poupança até essa data, e se não efetuou saques, ainda estão recebendo essa rentabilidade). Em 1964 passou a render 0,5% ao mês reais, ou seja, passou a sofrer correção monetária; Na década de 80, em decorrência da hiperinflação, passou a ter correção diária e o sistema do aniversário foi elaborado. A poupança é aplicação mais simples e comum de todas, presente em quase todos os bancos. Basta Abrir uma Conta Poupança ou uma Conta de Serviços Básicos e depositar seu dinheiro na caderneta. Quem Emite Todos os tipos de Bancos, Bancos Cooperativos e Caixas Econômicas podem abrir Contas Poupança, porém, não são obrigados a ter esse tipo de serviço, (a exceção é a Caixa Econômica Federal, pois a Caderneta de Poupança é sua principal finalidade). Sua remuneração é estabelecida por lei, sendo vetada as cobranças de quaisquer taxas de manutenção ou abertura, por se tratar de um produto 61 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância financeiro com características sociais. Dos valores depositados em cadernetas de poupança, ao menos, 65% devem ser destinados ao Sistema de Financiamento Habitacional, se o banco não possuir tais linhas de crédito, deverá remeter esses saldos à CEF. Do ponto de vista do emissor, não há grandes vantagens de lucro para a instituição financeira – uma vez que o capital obtido com os depósitos tem destinação pré-determinada e com baixa rentabilidade20 para o banco – , porém, a caderneta de poupança é o produto de entrada, sendo o mais popular investimento do brasileiro e, quase sempre, o primeiro passo tomado antes de partir para outros tipos de investimentos. Observações importantes: Não há nenhuma orientação que obrigue a definir um depósito inicial mínimo para a abertura de uma poupança, por outro lado, o banco também não é obrigado a abrir uma conta poupança. Além disso, ela deve ter liquidez diária, isso significa que o cliente pode fazer depósitos e retiradas imediatamente e sem limitações, ao contrário do que pode ocorrer com a conta corrente que pode vir a ter limitações no valor sacado. Como Funciona a Poupança A Caderneta de Poupança tem duas características chave: 1. aniversário: Cada depósito efetuado gera uma caderneta individual e uma própria data de aniversário, para fins de rentabilidade, com um detalhe: Depósitos realizados nos dias 29, 30 e 31 tem seu aniversário alterado automaticamente para o dia 1 do mês. 2. Rentabilidade: É mensal, a Caderneta de Poupança não pode ser resgatada até fazer “aniversário” e as Taxas de Juros são Compostas, ou seja, vão se acumulando com o tempo, se não houver resgate. Vamos detalhar o cálculo de rentabilidade em um tópico específico sobre isso. Vamos agora à uma exemplificação do funcionamento do investimento na Poupança. Primeiro vamos entender a criação da data de aniversário e a remuneração que se dá no exato dia do aniversário, mensalmente. 20Financiamento Imobiliários associados ao SFH tem caráter social – como Minha Casa Minha Vida e CDHU – e, consequentemente, devem ser praticadas taxas de juros baixas e controladas, pelo sistema SAC, que gera os menores juros possíveis. 62 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância (Os valores de rentabilidade utilizados são hipotéticos, apenas para fins de exemplificação) Agora vamos ver o que acontece quando realizo mais de um depósito: 5.1.2. Rentabilidade A poupança é um investimento que pode render juros compostos mensalmente – caso certas condições ocorram: não devem haver resgates e os depósitos adicionais devem sempre ocorrer na data de aniversário para que se juntem ao saldo já aplicado na poupança – isso significa que, se feito corretamente, a rentabilidade21 do investimento na poupança, 21Não confundir Rendimento Percentual com Rentabilidade, o rendimento percentual no caso da poupança sempre dependerá da taxa SELIC. É um valor percentual que incidirá sobre seu depósito na caderneta de poupança. Já a Rentabilidade representa o quanto em R$ você terá de retorno mensal em relação ao montante aplicado, esse valor sim, aumenta com o tempo, pois se os juros provenientes da poupança forem reaplicados, eles irão se somar ao seu investimento e irão proporcionar um ganho a mais para a sua poupança. Maiores detalhes sobre estes conceitos e análises serão vistos nos módulos seguintes. Saldo da Poupança: R$0,00 Depósito de R$1000,00 Criada Nova Caderneta com aniversário no dia 2 Saldo da Poupança: R$1000,00 Taxa de Rendimento: 0,5% ao mês 01 de Jan de 2017 02 de Jan de 2017 01 de Fev de 2017 Saldo da Poupança: R$1000,00 02 de Fev de 2017 Saldo da Poupança: R$1005,00 O rendimento só é debitado no dia do aniversário Saldo da Poupança: R$0,00 Novo Saldo da Poupança: R$1000,00 Depósito de R$1000,00 Criada Nova Caderneta com aniversário no dia 2 01 de Jan de 2017 Novo Saldo da Poupança: R$1500,00 Depósito de R$500,00 Criada Nova Caderneta com aniversário no dia 10 Novo Saldo da Poupança: R$1700,00 Depósito de R$200,00 Criada Nova Caderneta com aniversário no dia 15 02 de Jan de 2017 10 de Jan de 2017 15 de Jan de 2017 63 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância ao longo do tempo, irá crescer progressivamente. Isso ocorre porque os juros provenientes desse investimento são depositados na caderneta de poupança mensalmente e, senão forem resgatados, irão se somar ao montante já aplicado e a taxa de juros da poupança irá incidir sobre esse novo saldo. A poupança passou recentemente por um processo de alteração da sua metodologia de cálculo da Rentabilidade. Antigamente, até 03 de Maio de 2012, a Poupança rendia 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR) o que dá 6,17% ao ano mais a TR. Agora a nova Poupança renderá, caso a Taxa SELIC esteja igual ou abaixo de 8,5% ao ano, segundo a seguinte regra: 70% da SELIC ao ano mais TR: 𝑃𝑜𝑢𝑝𝑎𝑛ç𝑎𝑎𝑜𝑚ê𝑠 = [( √(1 + 𝑆𝐸𝐿𝐼𝐶𝑎. 𝑎.) 12 ) − 1] ∗ 70% + 𝑇𝑅 Percebe-se que o cálculo financeiro para encontrar a nova taxa de rendimento da Poupança é um pouco complicado e para simplificar montamos a seguinte tabela: 5.1.3. Custos e Tributação Segundo a Resolução 3.919/10, nenhuma Conta Poupança ou de Serviços Essenciais deve ser Tarifada. Além disso, o investimento em Caderneta de Poupança não estabelece nenhum valor de investimento mínimo, portanto o Capital Inicial pode ser até mesmo R$1,00. Com relação a tributação, as cadernetas de poupança são isentas de tributação segundo o Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – Regulamento do Imposto sobre a Renda – RIR/1999, no seu artigo 39, inciso VIII e a Instrução Normativa RFB nº 1.585, de 64 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 31 de agosto de 2015, no seu artigo 55, inciso I. A única obrigação tributária está na declaração dos valores depositados em conta, na aba rendimentos isentos ou não tributáveis. 5.1.4. Riscos Teoricamente não existem Riscos ao se investir na Poupança, pois se trata de um investimento de Renda Fixa, que possuí uma taxa de rendimento estabelecida em Lei. Mas os Riscos que podemos citar sobre o Investimento na Poupança são três: I. O risco inflacionário associado às oscilações das Taxas de juros (no caso da nova poupança da taxa SELIC), pois isso pode reduzir a rentabilidade da poupança, podendo até mesmo, render menos do que a inflação, prejudicando o investimento. II. O risco de crédito: de o banco falir e não poder honrar os seus depósitos, o que incluí aquilo que você tinha depositado, mas aqui há um detalhe, o FGC* é uma instituição privada que garante até R$250.000,00 aplicados, por CPF ou por Instituição Financeira – ou seja, não adianta abrir 5 poupanças em 5 bancos diferentes com R$250mil cada, só uma delas estará garantida. III. O risco de algo extraordinário acontecer com o dinheiro aplicado nas Cadernetas de Poupança, como foi no Governo Collor. Resumo das principais características da Poupança Funcionamento Cada depósito, quando em dias diferentes, gera uma Caderneta de poupança diferente Rentabilidade só ocorre após o Aniversário Mensal da Caderneta de Poupança Feita junto ao Banco por meio de uma conta comum ou poupança Custos Não há, junto ao banco, pode ser feita por meio da Conta de Serviços básicos ou Conta-Poupança Não há Incidência de nenhum tributo, apenas a obrigação de declarar. Capital Inicial Legalmente não há, os depósitos podem ter qualquer valor, não existe essa história de Depósito Inicial para abertura da poupança Riscos Inflação ser maior que a rentabilidade do investimento, devido às oscilações das taxas de juros – a SELIC no caso da poupança Governo agir sobre as poupanças Banco falir e não honrar sua poupança, o FGC garante até R$250mil 65 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Rentabilidade Mensal, ocorre a cada Aniversário Juros Compostos Depende da SELIC: Acima de 8,5% a.a. será de 0,5% ao mês mais Taxa Referencial Abaixo ou igual à 8,5% a.a. será de 70% da SELIC mais Taxa Referencial (ver tabela) Estratégias Focar em aplicações no mesmo dia para não gerar várias cadernetas e acumular o saldo aplicado na poupança em apenas uma caderneta. Se aplicar um montante elevado, deixar lá e não efetuar resgates antes de 4 anos, para que o efeito dos juros compostos faça a poupança render mais. Se for aplicar mensalmente, tentar manter os depósitos no mesmo dia do aniversário e realizar resgates quando for necessário alterar a data. Vantagens Liquidez imediata Rentabilidade de longo prazo semelhante e, às vezes, ligeiramente superior a outros ativos de renda fixa Nenhum custo e isenção tributária Baixo capital inicial Aplicação extremamente simples Desvantagens Baixa Rentabilidade, as vezes inferior à Inflação Não há possibilidade de trocar o indexador Riscos não mencionados (banco quebrar e governo “mexer”) Garantia legal de apenas R$250m 5.2. Certificado de Depósito Bancário (CDB), Recibo de Depósito Bancário (RDB) e Letras de Câmbio (LC) 5.2.1. Definição, Quem Emite e Funcionamento O CDB é a aplicação de Renda Fixa mais conhecida e comum nos Bancos. Simples e de pouca burocracia, o CDB nada mais é do que um Contrato de Dívida que é realizado entre o Banco e o Investidor, ou seja, o Investidor empresta seu dinheiro ao Banco emissor, que vai remunerá-lo, normalmente baseando-se em uma porcentagem da taxa DI ou uma rentabilidade baseada em taxas de juros fixas ou acrescidas de um indexador de inflação ou, ainda, a combinação de ambos. Quem Emite Os Bancos Comerciais, Múltiplos, de Investimento, de Desenvolvimento, além da Caixa Econômica Federal podem emitir CDB e RDB. As sociedades de crédito, financiamento só podem recorrer ao RDB ou a LC, além disso, as cooperativas de crédito podem emitir RDB, exclusivamente, para seus associados. A emissão de CDB, RDB e LC são uma das principais fontes de captação de recursos dessas instituições financeiras. 66 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Tanto o CDB, quanto o RDB e a LC costumam ter um prazo determinado que varia entre 1 dia a alguns anos. Normalmente, quanto maior o prazo e maior o volume depositado, melhores as condições: maior rendimento e menor a incidência de Imposto de Renda e IOF. Diferenças CDB x RDB A principal diferença do CDB para o RDB, além de quem pode emitir, está na liquidez, o CDB tem liquidez diária, o que significa que o investidor pode efetuar o resgate antecipado (podendo incorrer em penalidades sobre a rentabilidade em alguns casos) ou negociá-los no mercado secundário. Já o RDB não tem essa liberdade, o investidor deve esperar o vencimento do RDB para ocorrer o resgate (que é um procedimento automático) e receber seus proventos, além de serem vedadas as negociações no mercado secundário. Já a Letra de Câmbio – que apesar do nome não tem nada a ver com o câmbio de moeda estrangeira – é exatamente igual ao CDB, sendo o Emissor a única diferença O CDB rende a taxa de juros simples, na maioria dos casos, e se for resgatado antes do término do prazo do contrato poderá sofrer descontos que podem prejudicar o seu investimento, incidência de IR e, dependendo do prazo de resgate, IOF. Como Funciona Para realizar um CDB basta o investidor abrir uma conta no Banco em que deseja fazer o CDB, ou ainda, abrir uma conta em uma corretora de valores que atue com a intermediação de CDB e RDB, então, basta ter o capital necessário depositado na respectiva conta e contratar o CDB/RDB. Em ambos os casos, as diversas alternativas de CDB/RDB já estarão disponibilizadas nas plataformas de investimento da corretora ou do banco, com as condições pré-estabelecidas, como Prazo mínimo de aplicação, Prazo de vencimento/resgate, Capital Mínimo a ser depositado, Rentabilidade e, no caso das corretoras, o nome da instituição emissora. 5.2.2. Rentabilidade De acordo com a forma de rentabilidade (indexador) podem ser separados 4 tipos de CDB/RDB: Pré-Fixado e Pós-Fixado, com Swap do Indexador ou Híbrido. 67 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • No método Pré-Fixado a taxa que irá remunerar o CDB/RDB até o final do período será uma porcentagem da taxa DI do dia de contratação do CDB ou uma taxa de juros pré-fixada. • No método Pós-Fixado a taxa de remuneração será variável, seguindo a variação do indexador de referência – podendo ser uma porcentagem da DI diária, ou um indexador híbrido, com a porcentagem da DI acrescida da variação de um indexador de preços, normalmente, o IPCA ou IGPM – até o final do período. • O Swap é uma alternativa de CDB com a opçãode trocar o Indexador de remuneração do seu CDB, normalmente troca-se a variação da DI pela do IGPM ou Dólar, em CDBs pós fixados, mas essa modalidade é menos comum, sendo substituída pelo modelo híbrido. • Um CDB/RDB/LC híbrido é aquele em que há dois indexadores de rentabilidade, podendo ser pré ou pós-fixado. Se pré-fixado, terá uma taxa de Juros predeterminada ou porcentagem da DI pré-fixada acrescida da oscilação de um indexador de preços, como o IPCA. Se pós-fixada, será uma porcentagem da DI acrescida do indexador. Capitalização das taxas de rentabilidade A remuneração dos CDB/RDB/LC é calculada com Juros Simples, por conta disso, a forma de capitalização dos rendimentos não afeta a remuneração do investimento, sendo assim, pode ser ter como base a taxa DI anual com um prazo em dias, ou vice-versa, logo, um CDB pós fixado pode ter como base a DI do dia ou do mês ou do ano, e, ainda assim, um prazo em dias, meses ou anos, o mais comum é que tudo seja em base diária, mas é comum um CDB ser anunciado com taxa de juros anual e prazo de vencimento em dias. A única exceção à regra de capitalização são os indexadores de preços que costumam ter periodicidades de 15 ou 30 dias. Resumindo a Rentabilidade do CDB/RDB/LC: • Costumam ter uma rentabilidade atrelada à uma porcentagem da Taxa DI; • Apesar de ser um empréstimo do cliente ao banco, ou seja, o banco capta recursos junto ao cliente e o remunera por isso, não muita negociação direta 68 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância entre cliente e banco – salvo raras exceções em decorrência de valores expressivos (normalmente, acima de R$1milhão). E isso vale tanto para o CDB Pré quanto para o CDB Pós, a única grande diferença entre os dois aqui é que no primeiro você saberá o quanto vai ser remunerado no seu investimento quanto ele terminar, e no segundo a sua remuneração varia de acordo com a variação da Taxa DI. média, os bancos costumam pagar entre 80% e 95% da DI para o CDBs de baixo valor aplicado e de prazo curto (até 2 anos), porém, para CDBs com prazo extenso (acima de 2 anos) e que exigem um capital mínimo de investimento elevado (acima de R$10mil) podem chegar a pagar 120% da DI, portanto, vai depender muito do Capital Inicial e Prazo de aplicação. Outro fator preponderante sobre a Rentabilidade dos CDB/RDB é o porte da instituição financeira emissora, uma vez que IF’s com porte menor ou que não detenham carteira de correntistas, precisam recorrer à corretoras de valores para divulgar seus CDB’s/RDB’s e frente a concorrência com outras IF’s, precisam aumentar as taxas de rentabilidade ofertadas, ao mesmo tempo, por se tratar de instituições de porte menor ou sem carteira de clientes, o seu risco de crédito é maior, justificando ainda mais o aumento da rentabilidade ofertada. Vale dizer também, que ao contrário da Poupança, cada aplicação de CDB é uma aplicação independente e não acumulável, mesmo se for efetuada no mesmo dia do CDB anterior, pois se trata de um Contrato de Dívida junto ao banco com prazo de duração pré- estabelecido e com taxa de remuneração que irá depender de negociação, portanto, para o banco e também para você, o interessante no CDB é uma aplicação inicial de alto valor e não aplicações constantes. A única exceção à regra acima seria o CDB diário, no qual o prazo do CDB é de 1 dia, portanto, aplicações diárias irão se acumular, se forem efetuadas após pagamento dos juros, ou se for adotado o CDB diário com reaplicação automática, porém, como foi citado anteriormente, vale lembrar que essa modalidade pode sofrer incidência de IOF de 96% sobre o lucro da operação e IR de 27,5%. Vale a pena sempre analisar e fazer as contas 69 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância antes de fazer. Na prática, a real vantagem do CDB diário está em poder realizar um investimento de prazo inferior há 30 dias, algo que você não pode fazer com a poupança por exemplo. 5.2.3. Custos e Tributação Tanto no CDB quanto no RDB e na LC não há custos relacionados à contratação e manutenção desses investimentos, ou seja, não há cobrança de taxa de administração, nem manutenção de conta, não há custódia nem corretagem. Com relação ao Capital Inicial, é usual os bancos exigirem um valor mínimo de aplicação inicial, normalmente a partir de R$100, mas dependendo do tipo de CDB esse valor mínimo pode chegar até R$100mil. Portanto, apesar de não haver nenhuma obrigação legal ou normativa de aplicação mínima, o montante inicial dessa aplicação pode variar bastante de acordo com o banco, por se tratar de um contrato de dívida entre você e o banco e que, o banco é quem oferece esse contrato. Apesar de parecer que o banco é quem manda nessa relação, você como cliente pode, e deve negociar com o banco as condições como Taxa de Remuneração, Prazo, Aplicação Mínima, afinal, quem precisa do seu dinheiro é o banco e se a oferta dele não lhe agradar, você pode simplesmente ir atrás de outro banco ou instituição financeira que faça CDBs. Porém, ao contrário da Poupança, há incidência de Imposto de Renda e IOF (apenas para resgates antes de 30 dias da contratação) sobre o lucro obtido no investimento do CDB. A tabela de Alíquota do IR está abaixo, assim como um exemplo do cálculo de IR sobre o CDB: 5.2.4. Riscos Assim como na Poupança, teoricamente não existem Riscos ao se investir no CDB/RDB, pois se trata de um investimento de Renda Fixa, que possuí uma taxa de rendimento estabelecida junto ao banco. Portanto, assim como na Poupança os riscos do 70 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância CDB são os mesmo da poupança, e não há, em tese, riscos de o governo “mexer” no CDB. Assim, citamos dois potenciais riscos ao CDB: 1. O risco associado às oscilações das Taxas DI, no caso do investimento Pós fixado, pois isso pode reduzir a rentabilidade da aplicação, podendo até mesmo, render menos do que a inflação, após descontado o IR prejudicando o investimento. 2. O risco de o banco falir e não poder honrar os seus depósitos, o que incluí aquilo que você tinha depositado, mas aqui há um detalhe, o FGC* é uma instituição privada que garante até R$250.000,00 aplicados, por CPF ou por Instituição Financeira – ou seja, não adianta ter diversos CDBs em 5 bancos diferentes com R$250mil cada, só uma delas estará garantida. Lembrando, que o nome desse tipo de risco é risco de crédito do emissor, que, no caso, é coberto até R$250mil. 5.2.5. Formas de Investimento O CDB é um tipo de aplicação que depende muito da porcentagem da taxa DI estabelecida no ato do contrato ou de outra forma de remuneração, normalmente, dois fatores afetam essa porcentagem o Prazo e o Montante Aplicado, isso do ponto de vista do investidor, já pelo lado do emissor, os fatores de risco associados à instituição emissora, como o rating que ela tem e o ambiente em que atua, também influenciam as taxas remuneratórias, assim, é natural que bancos múltiplos de grande porte ofereçam taxas de remuneração baixas22 enquanto sociedades de crédito e bancos comerciais de pequeno porte ofertem remunerações maiores. Para definir qual tipo de CDB adotar, Pré ou Pós 1. Se houver uma expectativa de Redução das taxas de juros da economia, contratar um CDB Pré Fixado. Assim, mesmo que as taxas se reduzam, o seu rendimento estará garantido e será, com certeza, superior em relação à um CDB Pós. 2. Se houver uma expectativa de Elevação das taxas de juros da economia, contratar um CDB Pós Fixado. Assim conforme as taxas de juros se elevam, o seu rendimento se elevará também, e dessa forma, seu rendimento deverá ser superior em relação à um CDB Pré. 22Se o CDB render menos de 90% daDI, irá render quase o mesmo que a Poupança e menos do que Títulos de Dívida Pública, por conta da tributação. 71 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Por sua vez, a decisão de escolher a modalidade com Swap vai depender se a oferta for vantajosa para você e se as exigências dessa modalidade, em relação à modalidade normal, não foram abusivas demais. Normalmente as modalidades de Swap exigem prazos maiores e capital inicial elevado, mas costumam compensar em cenários de Redução de taxas de juros e elevada Inflação. DPGE Existe outro ativo muito semelhante ao CDB recentemente lançado é o: DPGE - Depósito a prazo com garantia especial do FGC. São títulos de renda fixa representativos de depósito a prazo sob a Resolução 3.692/09 do CMN (Conselho Monetário Nacional), emitido por instituições financeiras tem como principal característica a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) no montante de até R$ 20 milhões. Este investimento é destinado a pessoas físicas e jurídicas. O prazo é determinado na contratação do investimento. Os custos, Imposto de Renda e IOF são os mesmo dos CDBs. Os riscos se assemelham ao do CDB com um, porém a garantia legal é bem superior ao do CDB, enquanto uma era de R$250mil o DPGE é de R$20 milhões. Podem ter Rentabilidade Pré-Fixada ou Pós-Fixada indexada à CDI, TR+Cupom ou Índice de Preços+Cupom. Resumo das Principais Características do CDB/RDB/LC Quem Emite Podem emitir CDB os bancos comerciais, múltiplos, de investimento, de desenvolvimento e a Caixa Econômica Federal. Podem emitir RDB/LC, além desses, as sociedades de crédito, financiamento e as cooperativas de crédito a seus associados. Funcionamento Cada CDB é uma aplicação individual de prazo e rentabilidade determinados, CDBs diferentes não se somam Pode ser Pré ou Pós Fixado, podem ter opção de SWAP de indexador Feita junto ao Banco por meio de uma conta comum Custos Não há junto ao banco, pode ser feita por meio da Conta de Serviços básicos Incidência de IR de acordo com o prazo de resgate, maior prazo menor IR IOF incide no primeiro mês, 96% no 1ºdia e reduz até 3% no último dia Capital Inicial Legalmente não há. Quem define é o banco, uma vez que é um título emitido pelo banco e as condições são estabelecidas via negociação com o cliente Riscos Financeiro (Inflação ser maior que a rentabilidade do investimento) Sistema (Banco quebrar e não honrar sua dívida, o FGC garante até R$250mil) 72 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Rentabilidade Juros Simples sobre o Capital Inicial aplicado até o Resgate Mensal e de acordo com o Indexador definido, costuma ser uma % da DI Se reduz consideravelmente se for resgatado antes do prazo estabelecido Estratégias Guardar um montante na poupança até alcançar R$5mil e fazer um CDB Negociar uma taxa de pelo menos 95% da DI e um prazo de, no mínimo, 2 anos, senão, a rentabilidade não supera a da poupança por conta do IR Se possível sempre aceitar a opção de híbrido com indexador pelo IGP-M ou IPCA Vantagens Baixo capital inicial Aplicação simples Incidência de IR diminui conforme o prazo Indexador de Rentabilidade negociável Pode render mais do que outros títulos de renda fixa caso o indexador seja bom (por exemplo, 120% da DI) Desvantagens Baixa Rentabilidade, as vezes inferior à Inflação, se o indexador for ruim Liquidez apesar de ser, tecnicamente, imediata, se o Resgate for efetuado antes do prazo a rentabilidade é prejudicada Garantia legal de apenas R$250mil Rendimento de Juros Simples e a Incidência de IR resultam num investimento que só compensa num Prazo de 2 a 3 anos e com um indexador bom 5.3. Certificado De Depósito Bancário (CDB), Recibo De Depósito Bancário (RDB) E Letras De Câmbio (LC) 5.3.1. Definição, Quem Emite e Funcionamento O CDB é a aplicação de Renda Fixa mais conhecida e comum nos Bancos. Simples e de pouca burocracia, o CDB nada mais é do que um Contrato de Dívida que é realizado entre o Banco e o Investidor, ou seja, o Investidor empresta seu dinheiro ao Banco emissor, que vai remunerá-lo, normalmente baseando-se em uma porcentagem da taxa DI ou uma rentabilidade baseada em taxas de juros fixas ou acrescidas de um indexador de inflação ou, ainda, a combinação de ambos. Os Bancos Comerciais, Múltiplos, de Investimento, de Desenvolvimento, além da Caixa Econômica Federal podem emitir CDB e RDB. As sociedades de crédito, financiamento só podem recorrer ao RDB ou a LC, além disso, as cooperativas de crédito podem emitir RDB, exclusivamente, para seus associados. A emissão de CDB, RDB e LC são uma das principais fontes de captação de recursos dessas instituições financeiras. 73 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Tanto o CDB, quanto o RDB e a LC costumam ter um prazo determinado que varia entre 1 dia a alguns anos. Normalmente, quanto maior o prazo e maior o volume depositado, melhores as condições: maior rendimento e menor a incidência de Imposto de Renda e IOF. Diferenças CDB x RDB A principal diferença do CDB para o RDB, além de quem pode emitir, está na liquidez, o CDB tem liquidez diária, o que significa que o investidor pode efetuar o resgate antecipado (podendo incorrer em penalidades sobre a rentabilidade em alguns casos) ou negociá-los no mercado secundário. Já o RDB não tem essa liberdade, o investidor deve esperar o vencimento do RDB para ocorrer o resgate (que é um procedimento automático) e receber seus proventos, além de serem vedadas as negociações no mercado secundário. Já a Letra de Câmbio – que apesar do nome não tem nada a ver com o câmbio de moeda estrangeira – é exatamente igual ao CDB, sendo o Emissor a única diferença. O CDB rende a taxa de juros simples, na maioria dos casos, e se for resgatado antes do término do prazo do contrato poderá sofrer descontos que podem prejudicar o seu investimento, incidência de IR e, dependendo do prazo de resgate, IOF. Como Funciona Para realizar um CDB basta o investidor abrir uma conta no Banco em que deseja fazer o CDB, ou ainda, abrir uma conta em uma corretora de valores que atue com a intermediação de CDB e RDB, então, basta ter o capital necessário depositado na respectiva conta e contratar o CDB/RDB. Em ambos os casos, as diversas alternativas de CDB/RDB já estarão disponibilizadas nas plataformas de investimento da corretora ou do banco, com as condições preestabelecidas, como Prazo mínimo de aplicação, Prazo de vencimento/resgate, Capital Mínimo a ser depositado, Rentabilidade e, no caso das corretoras, o nome da instituição emissora. 74 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5.3.2. Rentabilidade De acordo com a forma de rentabilidade (indexador) podem ser separados 4 tipos de CDB/RDB: Pré-Fixado e Pós-Fixado, com Swap do Indexador ou Híbrido. 1. No método Pré-Fixado a taxa que irá remunerar o CDB/RDB até o final do período será uma porcentagem da taxa DI do dia de contratação do CDB ou uma taxa de juros pré-fixada. 2. No método Pós-Fixado a taxa de remuneração será variável, seguindo a variação do indexador de referência – podendo ser uma porcentagem da DI diária, ou um indexador híbrido, com a porcentagem da DI acrescida da variação de um indexador de preços, normalmente, o IPCA ou IGPM – até o final do período. 3. O Swap é uma alternativa de CDB com a opção de trocar o Indexador de remuneração do seu CDB, normalmente troca-se a variação da DI pela do IGPM ou Dólar, em CDBs pós fixados, mas essa modalidade é menos comum, sendo substituída pelo modelo híbrido. 4. Um CDB/RDB/LC híbrido é aquele em que há dois indexadores de rentabilidade, podendo ser pré ou pós fixado. Se pré-fixado, teráuma taxa de Juros predeterminada ou porcentagem da DI pré-fixada acrescida da oscilação de um indexador de preços, como o IPCA. Se pós-fixada, será uma porcentagem da DI acrescida do indexador. Capitalização das taxas de rentabilidade A remuneração dos CDB/RDB/LC é calculada com Juros Simples, por conta disso, a forma de capitalização dos rendimentos não afeta a remuneração do investimento, sendo assim, pode ser ter como base a taxa DI anual com um prazo em dias, ou vice-versa, logo, um CDB pós fixado pode ter como base a DI do dia ou do mês ou do ano, e, ainda assim, um prazo em dias, meses ou anos, o mais comum é que tudo seja em base diária, mas é comum um CDB ser anunciado com taxa de juros anual e prazo de vencimento em dias. A única exceção à regra de capitalização são os indexadores de preços que costumam ter periodicidades de 15 ou 30 dias. Resumindo a Rentabilidade do CDB/RDB/LC: • Costumam ter uma rentabilidade atrelada à uma porcentagem da Taxa DI; 75 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • Apesar de ser um empréstimo do cliente ao banco, ou seja, o banco capta recursos junto ao cliente e o remunera por isso, não muita negociação direta entre cliente e banco – salvo raras exceções em decorrência de valores expressivos (normalmente, acima de R$1milhão). E isso vale tanto para o CDB Pré quanto para o CDB Pós, a única grande diferença entre os dois aqui é que no primeiro você saberá o quanto vai ser remunerado no seu investimento quanto ele terminar, e no segundo a sua remuneração varia de acordo com a variação da Taxa DI. Em média, os bancos costumam pagar entre 80% e 95% da DI para o CDBs de baixo valor aplicado e de prazo curto (até 2 anos), porém, para CDBs com prazo extenso (acima de 2 anos) e que exigem um capital mínimo de investimento elevado (acima de R$10mil) podem chegar a pagar 120% da DI, portanto, vai depender muito do Capital Inicial e Prazo de aplicação. Outro fator preponderante sobre a Rentabilidade dos CDB/RDB é o porte da instituição financeira emissora, uma vez que IF’s com porte menor ou que não detenham carteira de correntistas, precisam recorrer à corretoras de valores para divulgar seus CDB’s/RDB’s e frente a concorrência com outras IF’s, precisam aumentar as taxas de rentabilidade ofertadas, ao mesmo tempo, por se tratar de instituições de porte menor ou sem carteira de clientes, o seu risco de crédito é maior, justificando ainda mais o aumento da rentabilidade ofertada. Vale dizer também, que ao contrário da Poupança, cada aplicação de CDB é uma aplicação independente e não acumulável, mesmo se for efetuada no mesmo dia do CDB anterior, pois se trata de um Contrato de Dívida junto ao banco com prazo de duração pré- estabelecido e com taxa de remuneração que irá depender de negociação, portanto, para o banco e também para você, o interessante no CDB é uma aplicação inicial de alto valor e não aplicações constantes. A única exceção à regra acima seria o CDB diário, no qual o prazo do CDB é de 1 dia, portanto, aplicações diárias irão se acumular, se forem efetuadas após pagamento dos juros, ou se for adotado o CDB diário com reaplicação automática, porém, como foi citado 76 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância anteriormente, vale lembrar que essa modalidade pode sofrer incidência de IOF de 96% sobre o lucro da operação e IR de 27,5%. Vale a pena sempre analisar e fazer as contas antes de fazer. Na prática, a real vantagem do CDB diário está em poder realizar um investimento de prazo inferior há 30 dias, algo que você não pode fazer com a poupança por exemplo. 5.3.3. Custos e Tributação Tanto no CDB quanto no RDB e na LC não há custos relacionados à contratação e manutenção desses investimentos, ou seja, não há cobrança de taxa de administração, nem manutenção de conta, não há custódia nem corretagem. Com relação ao Capital Inicial, é usual os bancos exigirem um valor mínimo de aplicação inicial, normalmente a partir de R$100, mas dependendo do tipo de CDB esse valor mínimo pode chegar até R$100mil. Portanto, apesar de não haver nenhuma obrigação legal ou normativa de aplicação mínima, o montante inicial dessa aplicação pode variar bastante de acordo com o banco, por se tratar de um contrato de dívida entre você e o banco e que, o banco é quem oferece esse contrato. Apesar de parecer que o banco é quem manda nessa relação, você como cliente pode, e deve negociar com o banco as condições como Taxa de Remuneração, Prazo, Aplicação Mínima, afinal, quem precisa do seu dinheiro é o banco e se a oferta dele não lhe agradar, você pode simplesmente ir atrás de outro banco ou instituição financeira que faça CDBs. Porém, ao contrário da Poupança, há incidência de Imposto de Renda e IOF (apenas para resgates antes de 30 dias da contratação) sobre o lucro obtido no investimento do CDB. A tabela de Alíquota do IR está abaixo, assim como um exemplo do cálculo de IR sobre o CDB: 77 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5.3.4. Riscos Assim como na Poupança, teoricamente não existem Riscos ao se investir no CDB/RDB, pois se trata de um investimento de Renda Fixa, que possuí uma taxa de rendimento estabelecida junto ao banco. Portanto, assim como na Poupança os riscos do CDB são os mesmo da poupança, e não há, em tese, riscos de o governo “mexer” no CDB. Assim, citamos dois potenciais riscos ao CDB: 1. O risco associado às oscilações das Taxas DI, no caso do investimento Pós fixado, pois isso pode reduzir a rentabilidade da aplicação, podendo até mesmo, render menos do que a inflação, após descontado o IR prejudicando o investimento. 2. O risco de o banco falir e não poder honrar os seus depósitos, o que incluí aquilo que você tinha depositado, mas aqui há um detalhe, o FGC* é uma instituição privada que garante até R$250.000,00 aplicados, por CPF ou por Instituição Financeira – ou seja, não adianta ter diversos CDBs em 5 bancos diferentes com R$250mil cada, só uma delas estará garantida. Lembrando, que o nome desse tipo de risco é risco de crédito do emissor, que, no caso, é coberto até R$250mil. 5.3.5. Formas de Investimento O CDB é um tipo de aplicação que depende muito da porcentagem da taxa DI estabelecida no ato do contrato ou de outra forma de remuneração, normalmente, dois fatores afetam essa porcentagem o Prazo e o Montante Aplicado, isso do ponto de vista do investidor, já pelo lado do emissor, os fatores de risco associados à instituição emissora, como o rating que ela tem e o ambiente em que atua, também influenciam as taxas remuneratórias, assim, é natural que bancos múltiplos de grande porte ofereçam taxas de remuneração baixas enquanto sociedades de crédito e bancos comerciais de pequeno porte ofertem remunerações maiores. 78 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Para definir qual tipo de CDB adotar, Pré ou Pós: 1. Se houver uma expectativa de Redução das taxas de juros da economia, contratar um CDB Pré Fixado. Assim, mesmo que as taxas se reduzam, o seu rendimento estará garantido e será, com certeza, superior em relação à um CDB Pós. 2. Se houver uma expectativa de Elevação das taxas de juros da economia, contratar um CDB Pós Fixado. Assim conforme as taxas de juros se elevam, o seu rendimento se elevará também, e dessa forma, seu rendimento deverá ser superior em relação à um CDB Pré. Por sua vez, a decisão de escolher a modalidade com Swap vai depender se a oferta for vantajosa para você e se as exigências dessa modalidade, em relação à modalidade normal, não foram abusivas demais. DPGE Existe outro ativo muito semelhante ao CDB recentementelançado é o: DPGE - Depósito a prazo com garantia especial do FGC. São títulos de renda fixa representativos de depósito a prazo sob a Resolução 3.692/09 do CMN (Conselho Monetário Nacional), emitido por instituições financeiras tem como principal característica a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) no montante de até R$ 20 milhões. Este investimento é destinado a pessoas físicas e jurídicas. O prazo é determinado na contratação do investimento. Os custos, Imposto de Renda e IOF são os mesmo dos CDBs. Os riscos se assemelham ao do CDB com um, porém a garantia legal é bem superior ao do CDB, enquanto uma era de R$250mil o DPGE é de R$20 milhões. Podem ter Rentabilidade Pré-Fixada ou Pós-Fixada indexada à CDI, TR+Cupom ou Índice de Preços+Cupom. Resumo das Principais Características do CDB/RDB/LC Quem Emite Podem emitir CDB os bancos comerciais, múltiplos, de investimento, de desenvolvimento e a Caixa Econômica Federal. Podem emitir RDB/LC, além desses, as sociedades de crédito, financiamento e as cooperativas de crédito a seus associados. 79 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Funcionamento Cada CDB é uma aplicação individual de prazo e rentabilidade determinados, CDBs diferentes não se somam Pode ser Pré ou Pós Fixado, podem ter opção de SWAP de indexador Feita junto ao Banco por meio de uma conta comum Custos Não há junto ao banco, pode ser feita por meio da Conta de Serviços básicos Incidência de IR de acordo com o prazo de resgate, maior prazo menor IR IOF incide no primeiro mês, 96% no 1ºdia e reduz até 3% no último dia Capital Inicial Legalmente não há. Quem define é o banco, uma vez que é um título emitido pelo banco e as condições são estabelecidas via negociação com o cliente Riscos Financeiro (Inflação ser maior que a rentabilidade do investimento) Sistema (Banco quebrar e não honrar sua dívida, o FGC garante até R$250mil) Rentabilidade Juros Simples sobre o Capital Inicial aplicado até o Resgate Mensal e de acordo com o Indexador definido, costuma ser uma % da DI Se reduz consideravelmente se for resgatado antes do prazo estabelecido Estratégias Guardar um montante na poupança até alcançar R$5mil e fazer um CDB Negociar uma taxa de pelo menos 95% da DI e um prazo de, no mínimo, 2 anos, senão, a rentabilidade não supera a da poupança por conta do IR Se possível sempre aceitar a opção de híbrido com indexador pelo IGP-M ou IPCA Vantagens Baixo capital inicial Aplicação simples Incidência de IR diminui conforme o prazo Indexador de Rentabilidade negociável Pode render mais do que outros títulos de renda fixa caso o indexador seja bom (por exemplo, 120% da DI) Desvantagens Baixa Rentabilidade, as vezes inferior à Inflação, se o indexador for ruim Liquidez apesar de ser, tecnicamente, imediata, se o Resgate for efetuado antes do prazo a rentabilidade é prejudicada Garantia legal de apenas R$250mil Rendimento de Juros Simples e a Incidência de IR resultam num investimento que só compensa num Prazo de 2 a 3 anos e com um indexador bom 5.4. Letras de Crédito 5.4.1. Definição, Funcionamento e Quem Emite As letras de crédito são instrumentos de captação de recursos que já tem um destino predeterminado, ao contrário de CDBs, RDBs e LCs, em que a instituição financeira emissora não diz ao investidor o que vai fazer com os recursos – ela pode, portanto, utilizar esses recursos para diversos fins dentro do âmbito de sua operação. Existem diversos tipos, porém, vamos abordar apenas os 3 mais comuns, sendo que um deles está entrando em extinção por conta de outro. 80 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância As três letras são: Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra Hipotecária (LH). Todos as letras de crédito são muito parecidas. • A LCA23 é uma letra de crédito que tem de ter seus recursos destinados ou lastreados à um crédito ao agronegócio. • A LCI24 é uma letra de crédito que ter de ter seus recursos destinados ou lastreados ao crédito imobiliário, podendo ser hipotecas ou alienação de coisa imóvel. • A LH é uma letra de crédito que tem seus recursos lastreados às hipotecas, por conta disso, a LCI que é mais ampla está dominando o mercado, e a LH está se extinguindo. OBS: A LCA e a LCI são produtos novos e passíveis de atualizações legais. Importante: Quem Emite Todas as letras de crédito podem ser emitidas por diversas instituições financeiras, a questão reside na destinação dos recursos captados, sendo assim, quem emite uma LCA necessariamente tem de destinar os recursos ao crédito ao agronegócio, logo, deve haver um ramo de atuação com crédito ao agronegócio no rol de atividades da instituição emissora, no caso da LCI e da LH deve haver destinação ao crédito imobiliário, logo, quem emite LH e LCI tem de atuar junto ao SFH – sistema financeiro da habitação – e ao SBPE – sistema brasileiro de poupança e empréstimo – pois os títulos tem de ter lastro com créditos imobiliários ou hipotecas. Todas as letras de crédito dão direito ao portador o recebimento de direitos creditícios, isso significa que haverá uma remuneração garantida lastreada à outro crédito, ou seja, quem investe em uma LCI está financiando indiretamente outro financiamento imobiliário, e, portanto, sua remuneração está atrelada à isso, logicamente, o banco atua como o intermediador entre ambos, remunerando o investidor e assumindo o risco de 23A Letra de Crédito do Agronegócio – LCA é título de crédito nominativo, de livre negociação, representativo de promessa de pagamento em dinheiro e constitui título executivo extrajudicial. Parágrafo único. A LCA é de emissão exclusiva de instituições financeiras públicas ou privadas. (Lei n° 11.076/2004, artigo 26). 24Os bancos comerciais, os bancos múltiplos com carteira de crédito imobiliário, a Caixa Econômica Federal, as sociedades de crédito imobiliário, as associações de poupança e empréstimo, as companhias hipotecárias e demais espécies de instituições que, para as operações a que se refere este artigo, venham a ser expressamente autorizadas pelo Banco Central do Brasil, poderão emitir, independentemente de tradição efetiva, Letra de Crédito Imobiliário – LCI, lastreada por créditos imobiliários garantidos por hipoteca ou por alienação fiduciária de coisa imóvel, conferindo aos seus tomadores direito de crédito pelo valor nominal, juros e, se for o caso, atualização monetária nelas estipulados. (Lei nº 10.931/2004, artigo 12) 81 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância inadimplência da outra parte, em contrapartida, ele fica com a diferença (spread) entre a taxa de juros paga ao investidor da LCI e a cobrada de quem fez o financiamento imobiliário. Como Funciona: Para investir uma Letra de crédito basta o investidor abrir uma conta no Banco que ofereça esse produto de investimento (todos os bancos múltiplos e a CEF atuam com crédito imobiliário e o BB atua com agronegócio), ou ainda, abrir uma conta em uma corretora de valores que atue com a intermediação de LCI e LCA, então, basta ter o capital necessário depositado na respectiva conta e contratar. Em ambos os casos, as diversas alternativas de LCA e LCI já estarão disponibilizadas nas plataformas de investimento da corretora ou do banco, com as condições preestabelecidas, como Prazo mínimo de aplicação, Prazo de vencimento/resgate, Capital Mínimo a ser depositado, Rentabilidade e, no caso das corretoras, o nome da instituição emissora. Percebe-se que em termos práticos para o investidor, a LCA e a LCI são idênticas aos CDBs, sendo a principal diferença a questão tributária. E a diferença pelo emissor é que os recursos têm de ter lastro ou destinação específica. O mercado deLetras de Crédito As LCA e LCI tem isenção de IR para o investidor, é uma forma de incentivar bancos e investidores à aplicarem seus recursos nesse investimento ao invés dos CDBs, isso porque a principal diferença desses produtos reside na destinação dos recursos, que vão financiar as atividades imobiliárias e agropecuárias, incentivando assim a economia. Sabe-se que o banco prefere aplicar o dinheiro do CDB em cheque especial e cartão de crédito, além de empréstimos pessoais e empresariais, que rendem mais juros, logo, o motivo da isenção de IR para LCA e LCI é promover o aumento desse tipo de captação de recursos, medida que inclusive surtiu efeito positivo, esse mercado cresceu tanto que a antiga LH está sendo extinta. 5.4.2. LCs – Rentabilidade De acordo com a forma de rentabilidade (indexador) podem ser separados dois tipos: Pré-Fixado e Pós-Fixado. 82 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1. No método Pré-Fixado a taxa que irá remunerar a LCA ou LCI até o final do período será uma porcentagem da taxa DI do dia de contratação ou uma taxa de juros pré-fixada. a. No método Pós-Fixado a taxa de remuneração será variável, seguindo a variação do indexador de referência – podendo ser uma porcentagem da DI diária, ou um indexador híbrido, com a porcentagem da DI acrescida da variação de um indexador de preços, normalmente, o IPCA ou IGPM – até o final do período. Capitalização das taxas de rentabilidade A remuneração da LCA e LCI também é calculada com Juros Simples, por conta disso, a forma de capitalização dos rendimentos não afeta a remuneração do investimento, assim como ocorre com os CDBs. Por outro lado, a isenção de IR faz com que as rentabilidades nominais das letras de crédito sejam significativamente menores do que as dos CDBs, mas, após a dedução de IR, muitas vezes, a rentabilidade líquida de ambos os produtos ficam muito próximas. A única grande diferença entre os dois aqui é que no primeiro você saberá o quanto vai ser remunerado no seu investimento quanto ele terminar, e no segundo a sua remuneração varia de acordo com a variação da Taxa DI. Em média, as LCA e LCI costumam pagar entre 80% e 95% da DI com baixo valor aplicado e de prazo curto (até 2 anos), porém, para prazos extenso (acima de 2 anos) e que exigem um capital mínimo de investimento elevado (acima de R$10mil) podem chegar a pagar 110% da DI, portanto, vai depender muito do Capital Inicial e Prazo de aplicação. Outro fator preponderante sobre a Rentabilidade das LCA e LCI é o porte da instituição financeira emissora, uma vez que IF’s com porte menor ou que não detenham carteira de correntistas, precisam recorrer à corretoras de valores para divulgação e frente a concorrência com outras IF’s, precisam aumentar as taxas de rentabilidade ofertadas, ao mesmo tempo, por se tratar de 83 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância instituições de porte menor ou sem carteira de clientes, o seu risco de crédito é maior, justificando ainda mais o aumento da rentabilidade ofertada. Vale dizer também, que assim como o CDB cada aplicação de LCA e LCI são independentes. Por outro lado, ao contrário do CDB que tem liquidez diária, e modalidades com prazo diários, o perfil desse tipo de produto, faz com que as LCA e LCI tenham liquidez menor, podendo ter até modalidades com resgate antecipado restrito ao prazo mínimo de 1 ano. 5.4.3. LCs – Custos e Tributação A grande vantagem desse produto de investimento reside na isenção de IR sobre os rendimentos, isso faz com que a rentabilidade anunciada pela LCA ou LCI seja a rentabilidade líquida do investimento. Além disso, da mesma maneira que o CDB, não há custos de manutenção ou custódia ou, ainda, corretagem associados a esse investimento. 5.4.4. LCs – Riscos Assim como na Poupança e CDB, teoricamente não existem Riscos ao se investir no LCA/LCI e LH, pois se trata de um investimento de Renda Fixa, que possuí uma taxa de rendimento estabelecida junto ao banco. Portanto, os riscos são os mesmo da poupança, e não há, em tese, riscos de o governo “mexer” neles. Assim, temos: 1. O risco associado às oscilações das Taxas DI, no caso do investimento Pós fixado, pois isso pode reduzir a rentabilidade da aplicação, mas, sem a tributação de IR, o risco de receber menos do que a poupança é quase zero, motivo pelo qual o LCI e LCA são vistos como tão seguros quanto à poupança e um pouco mais do que CDB/RDB e LC. 2. O risco de crédito do emissor, o risco entre o quem fez o crédito agrícola ou imobiliário e o banco não fica com o investidor, este fica apenas com o risco de o banco emissor do LCI ou LCA não pagar o rendimento, lembrando que, o FGC cobre até R$250mil por CPF. Assim sendo, o risco é bem baixo. 5.4.5. Formas de Investimento O LCA e LCI, assim como a LH, são um tipo de aplicação que dependem completamente da remuneração estabelecida, seja pré-fixa ou pós-fixado, assim sendo, as orientações são buscar a maior taxa de rentabilidade possível, porém, ao contrário, do que ocorre com o CDB, não há de se calcular o valor líquido após IR pois a rentabilidade da 84 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância LCA e LCI são isentas. Consequentemente, as taxas são menores quando comparadas aos CDBs. Por fim, o cálculo interessante a se fazer é comparar a rentabilidade líquida do LCA/LCI e comparar com um CDB/RDB/LC de valores e prazo semelhantes, assim como, de riscos semelhantes, banco pequeno com banco pequeno, e assim por diante. Para definir qual tipo de adotar, Pré ou Pós 1. Se houver uma expectativa de Redução das taxas de juros da economia, contratar um Pré Fixado. Assim, mesmo que as taxas se reduzam, o seu rendimento estará garantido e será, com certeza, superior em relação à um Pós. 2. Se houver uma expectativa de Elevação das taxas de juros da economia, contratar um Pós Fixado atrelado ao DI. Assim conforme as taxas de juros se elevam, o seu rendimento se elevará também, e dessa forma, seu rendimento deverá ser superior em relação à um Pré. Adicionalmente, é sempre interessante a opção híbrida com indexador de preços, como IPCA, associado à rentabilidade, pois garante ao investidor uma rentabilidade líquida e real. Porém, é bom lembrar que o cálculo de rentabilidade desse investimento, assim como ocorre no CDB, é de juros simples, e a inflação é um cálculo cumulativo, logo, gera efeitos de juros compostos. Portanto, a rentabilidade será liquida e “quase” real, a diferença será pequena, mas, matematicamente falando, não será 100% real por conta desse detalhe. Isso é relevante, porquê existem alternativas de investimento em renda fixa que rendem juros compostos e com a opção de indexador de preços associado à rentabilidade, logo, estes sim, geram rentabilidade real. 85 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Resumo das Principais Características das Letras de Crédito Quem Emite Podem emitir os bancos comerciais, múltiplos, de investimento, de desenvolvimento e a Caixa Econômica Federal, além desses, as sociedades de crédito, financiamento, de poupança e as cooperativas de crédito. O ponto comum à todos, é que estes devem ter ramos de atuação em crédito imobiliário e/ou ao agronegócio. Funcionamento Cada Letra é uma aplicação individual de prazo e rentabilidade determinados, letras diferentes não se somam Pode ser Pré ou Pós Fixado, Híbridos e seus recursos são obrigatoriamente destinados ao crédito imobiliário ou ao agronegócio. Custos Não há junto ao banco, pode ser feita por meio da Conta de Serviços básicos Isenção de incidência de IR Podem ter limitações de resgate antecipado.Capital Inicial Legalmente não há. Quem define é o banco, uma vez que é um título emitido pelo banco e as condições são estabelecidas via negociação com o cliente Riscos Financeiro (Inflação ser maior que a rentabilidade do investimento) Sistema (Banco quebrar e não honrar sua dívida, o FGC garante até R$250mil) Rentabilidade Juros Simples sobre o Capital Inicial aplicado até o Resgate Mensal e de acordo com o Indexador definido, costuma ser uma % da DI Se reduz consideravelmente se for resgatado antes do prazo estabelecido Estratégias Aplicar um montante superior à R$1mil e por um prazo curto, para poder resgatar e reaplicar, gerando mais juros. Só é possível isso porque não há IR, ao contrário do CDB, logo, prazos curtos e reaplicações podem gerar mais rendimentos a longo prazo. Vantagens Baixo capital inicial Aplicação simples Isenção de IR Indexador de Rentabilidade negociável Pode render mais do que outros títulos de renda fixa caso o indexador seja bom (por exemplo, 105% da DI) Desvantagens Baixa Rentabilidade, as vezes inferior à Inflação, se o indexador for ruim Liquidez pode ser restrita há 1 ano. Garantia legal de apenas R$250mil Rendimento de Juros Simples, mesmo com indexador de inflação associado à rentabilidade, não gera rendimento 100% real 86 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6. MERCADO DE RENDA FIXA II – MERCADO DE TÍTULOS PÚBLICOS E PRIVADOS Agora que já estudamos bem os investimentos de renda fixa mais comuns ofertados pelos bancos, vamos abordar as alternativas de investimento chamadas de títulos de dívida, são investimentos bastante diversificados, em que vamos precisar da figura da corretora para intermediar o investimento e que podem ser negociados em um mercado secundário, portanto, o prazo de aplicação não é um limitador como vimos nos investimentos anteriores e não dependemos mais dos bancos para ter acesso à esses investimentos. Diversas das definições, conceitos e referências técnicas e teóricas desse material foram coletadas nos sites oficiais desses investimentos: Tesouro Direto e Debêntures da Anbima. A Emissão de títulos de dívida é algo usual quando as empresas ou governos precisam de meios alternativos para captar recursos, que não sejam por meio de empréstimos de dinheiro ou a partir da venda ações. Quando é emitido por empresas são chamados de títulos de dívida privados e quando emitidos por governos de títulos de dívida pública. Em suma, a emissão de um título de dívida por parte da empresa ou o governo implica no comprometimento em pagar ao credor (o investidor que comprou o título de dívida) uma remuneração pré-estipulada, normalmente referenciada à um índice de mercado ou taxa de juros, durante um período definido ou não. Este pagamento, pode ser feito periodicamente na forma de um bônus trimestral, semestral ou anual, por exemplo. Adicionalmente, quando há vencimento do título, o credor recebe, também, o valor investido reajustado. 6.1. Títulos de Dívida Pública 6.1.1. Definição, Funcionamento e Quem Emite Título de dívida significa que um emissor emitiu um papel que dá ao seu portador direitos creditícios, ou seja, o direito de receber determinado valor na data de vencimento, o chamado resgate, esse valor pode ser pré-fixado ou pós fixado, com um indexador ou taxa de juros ou ambos. Em suma, é como se fosse um CDB emitido por uma Empresa ou, no caso dos títulos públicos, o Governo Federal. 87 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Quem Emite Os títulos públicos são Títulos de Dívida emitidos pelo Governo Federal que podem ter rendimento Pré-Fixado ou Pós-Fixado, podem ser de Curto, Médio e Longo Prazo. Normalmente a Taxa de rentabilidade de um Título Público é a SELIC, mas existem títulos vinculados a outros índices, como o IPCA. Além disso, alguns pagam bônus semestrais e eles são 100% garantidos pelo Tesouro Nacional. Diversos motivos levam o governo a emiti-los, política monetária e financiamento das contas públicas são os principais. Assim sendo, os títulos públicos são uma forma de emprestar dinheiro ao governo, este por sua vez, vai remunerá-lo ao longo da duração do título, de diversas maneiras, que serão vistas em breve. Além dessa remuneração, os títulos podem ser negociados em mercado secundário, o que lhes confere maior liquidez e possibilidade de auferir ganhos antes do vencimento deles, evidentemente, ganhos menores do que se for esperar o vencimento dos papéis. Como Funciona São negociados de duas formas: 1) Emissão Primária: efetuada pelo Tesouro Nacional pelo sistema Tesouro Direto, é quando o Governo “vende” os títulos ao mercado e você pode comprá-los por meio de uma Corretora ou Banco de Investimentos. 2) Mercado Secundário: Ao contrário do CDB e Fundos DI, os Títulos Públicos não podem ser resgatados, ou seja, você não pode vendê-los de volta ao Banco ou Corretora para obter seu Lucro, para receber o seu Lucro nessa operação de Investimento você tem de esperar o Vencimento do Título (então o governo lhe paga de volta e você tem o seu lucro). Ou então, você pode vendê-lo no Mercado Secundário, à um valor menor do que o que você receberá do governo no vencimento do título, à outras pessoas que estão dispostas a esperar o vencimento, você lucra menos, mas lucra no momento em que desejar caso consiga vender. Isso dá liquidez aos títulos públicos e atualmente, é um mercado muito grande, de alta movimentação e de muita segurança e transparência. 88 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Uma das principais vantagens dos títulos públicos é a variedade de tipos de títulos ofertada, o que possibilita ao investidor montar um portfólio de acordo com os seus objetivos e metas de Risco, Retorno e Prazo. Para isso basta o investidor conhecer os tipos de títulos públicos ofertados e escolher aqueles cujas características se enquadrem na sua estratégia de investimentos. Tesouro Direto Criado em 2002 com a intenção de melhorar o acesso à compra de títulos de dívida pública, o Programa “Tesouro Direto” é uma colaboração entre a B3 e o Tesouro Nacional, trazendo novas oportunidades para pessoas físicas que, previamente à instauração deste programa, só poderiam investir indiretamente caso tivessem interesse, tendo que utilizar-se de cotas de fundos de renda fixa, o que acarretavam altos custos. O Tesouro direto iniciou uma carteira de investimentos diretamente pela internet, ultrapassando as dificuldades impostas anteriormente pelo contrato de corretoras, algo que tingia negativamente a imagem dos títulos de dívida pública para uma parcela da população, tornando-se um programa atraente para pessoas de todas as classes sociais, especialmente em um Brasil tumultuoso mediante alterações em programas populares e fontes normais de renda como a reforma da previdência. 6.1.2. Tipos de Títulos Públicos Assim como outros investimentos em renda fixa, temos títulos públicos com rentabilidade pré-fixada e pós fixada, sendo essa a característica diferenciadora entre eles, segue abaixo as características dos títulos ofertados no Tesouro Direto: LTN: Letras do Tesouro Nacional ou Tesouro Prefixado • Tem um fluxo de pagamento simples, isto é, você receberá o valor investido acrescido da rentabilidade na data de vencimento ou no resgate do título. Em outras palavras, o pagamento ocorre de uma só vez, no final da aplicação. Sendo assim, é mais interessante para quem pode esperar receber o seu dinheiro até o final do período do investimento. • Mantendo o título até o vencimento, você receberá R$1.000,00 para cada unidade do papel (se você comprar uma fração de título, o recebimento será proporcional). O deságio,a diferença entre esse valor recebido no final da 89 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância aplicação e o valor pago no momento da compra, representa a rentabilidade do título. • Caso necessite vender o título antecipadamente, você pode fazê-lo no mercado secundário tanto o Tesouro Nacional quanto algum investidor do mercado pode vir a comprá-lo e pagará o seu valor de mercado, de modo que a rentabilidade poderá ser maior ou menor do que a contratada na data da compra, dependendo do preço do título no momento da venda. Mais sobre esse detalhe será abordado adiante. NTN-F: Notas do Tesouro Nacional ou Tesouro Prefixado com juros semestrais Semelhante ao LTN mas com um pagamento semestral de juros. • Isso significa que parte do rendimento é recebido pelo investidor ao longo do período da aplicação, diferentemente do título Tesouro Prefixado (LTN), por meio de pagamentos semestrais de bônus de juros, nesse caso eles representam uma antecipação da rentabilidade contratada. • É recomendado para quem quer ter uma renda periódica pois paga juros semestralmente. • Cabe destacar, adicionalmente, que no pagamento desses rendimentos semestrais há incidência de imposto de renda (IR), obedecendo a tabela regressiva. Mais detalhes sobre esse fluxo de pagamento e os impostos estão adiante. NTN-B: Notas do Tesouro Nacional – Série B ou Tesouro IPCA+ com juros semestrais (Pós Fixado) • Esse investimento permite obter uma rentabilidade real, ou seja, garante um lucro superior à inflação, pois seu rendimento é composto por duas parcelas: uma taxa de juros prefixada e a variação da inflação (IPCA). Sendo assim, independente da variação da inflação, a rentabilidade total do título sempre será superior a ela e positiva. • É indicada para quem busca garantir uma lucratividade superior à inflação e que deseja um rendimento periódico a partir do momento da aplicação, pois faz pagamento de juros semestralmente, diferentemente do Tesouro IPCA+(NTN-B Principal). Isso significa que o rendimento é recebido pelo investidor ao longo do período da aplicação, em vez de receber tudo no final. 90 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • Na data de vencimento do título, você resgata o valor investido atualizado pela inflação acrescido do último pagamento de juros semestrais. • Caso necessite vender o título antecipadamente, o Tesouro Nacional pagará o seu valor de mercado, de modo que a rentabilidade poderá ser maior ou menor do que a contratada na data da compra, dependendo do preço do título no momento da venda. Por essa razão, recomendamos que você procure conciliar a data de vencimento do título com o prazo desejado para o investimento. • Cabe destacar, adicionalmente, que no pagamento desses recebimentos semestrais há incidência de imposto de renda (IR), obedecendo a tabela regressiva, já citada. NTN-B Principal ou Tesouro IPCA+ (Pós Fixado) É um título semelhante à NTN-B, ou seja, permite ao investidor obter rentabilidade em termos reais, mantendo seu poder de compra ao longo do tempo, se protegendo de flutuações do IPCA, porém não oferece cupons semestrais de juros ao investidor. • Proporciona rentabilidade real; • Indicado para o investidor que deseja uma rentabilidade pós-fixada indexada ao IPCA; • Indicado para o investidor que deseja fazer poupança de médio/longo prazos, inclusive para aposentadoria, compra de casa própria, etc; • Fluxo simples: uma aplicação e um resgate e pode ser vendido antecipadamente; • Traz mais conforto ao investidor, pois suprime a preocupação e o trabalho necessários ao reinvestimento, e reduz o custo de transação; • Formação de preços simplificada, com metodologia de cálculo mais fácil para o investidor em relação NTN-B que paga cupom de juros semestral. NTN-C: Notas do Tesouro Nacional – Série C (Pós-fixado, em extinção) Permite ao investidor obter rentabilidade em termos reais, mantendo seu poder de compra ao longo do tempo, se protegendo de flutuações do IGP-M. Além disso, o investidor recebe um fluxo de cupons semestrais de juros, o que aumenta a liquidez possibilitando reinvestimentos. • Proporciona rentabilidade real; • Indicado para o investidor que deseja obter um fluxo de rendimentos periódicos (cupons semestrais); 91 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • Indicado para o investidor que deseja uma rentabilidade pós-fixada indexada ao IGP-M; • Indicado para o investidor que deseja fazer poupança de médio/longo prazos, inclusive para aposentadoria, compra de casa e outros. LFT: Letras Financeiras do Tesouro ou Tesouro SELIC (Pós-Fixado) É um título semelhante à NTN-B principal, ou seja, permite ao investidor obter rentabilidade em termos variáveis da SELIC, porém não oferece cupons semestrais de juros ao investidor. • Indicado se para quem acredita que a tendência da taxa Selic é de elevação, já que a rentabilidade desse título é indexada à taxa de juros básica da economia. • O valor de mercado desse título apresenta baixa volatilidade, evitando perdas no caso de venda antecipada. Por essa razão, é considerado um título indicado para um perfil mais conservador. É indicado também para o investidor que não sabe exatamente quando precisará resgatar seu investimento. • O fluxo de pagamento desse título é simples, isto é, não faz o pagamento de juros semestrais. Sendo assim, ele é mais interessante para quem pode esperar para receber o seu dinheiro até o final do período da aplicação (ou seja, quem não necessita complementar sua renda desde já). • Caso queira vender o título antes do seu vencimento, o Tesouro Nacional o recomprará pelo seu valor de mercado. Tabela resumo dos títulos Públicos25 25http://www.tesouro.gov.br/tesouro-direto-entenda-cada-titulo-no-detalhe#this http://www.tesouro.gov.br/tesouro-direto-entenda-cada-titulo-no-detalhe#this 92 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6.1.3. Rentabilidade Cada título público tem a sua metodologia de cálculo da Rentabilidade, iremos ver a seguir o cálculo de cada um deles de forma bem resumida: LTN: Essa é bem simples, a sua rentabilidade nesse investimento será definida pela diferença entre o Preço que você pagou pelo título e o Valor Nominal da LTN que sempre será de R$1000,00. Então se você pagou R$800,00 numa LTN com prazo de 2 anos. Você irá lucrar R$200 após 2 anos de espera. Normalmente, essa diferença segue a taxa SELIC. NTN-F: A rentabilidade desse título é prefixada pela taxa interna de retorno (TIR) do fluxo de pagamentos dos cupons de juros e da diferença sobre o valor nominal do título e preço de Compra. Basicamente é como a LTN, mas, com um pagamento de bônus semestral de R$48,81. Então, supondo que compramos um NTN-F por R$900, com prazo de 2 anos, nosso lucro será de R$100 mais 4 pagamentos de R$48,81, totalizando R$295,24. Não confunda Retorno com Rentabilidade, rentabilidade é uma medida financeira da sua lucratividade, a TIR nessa operação de exemplo foi de 6,424%. LTN Fonte: Adaptado de Tesouro Nacional, 2019. NTN-F Fonte: Adaptado de Tesouro Nacional. 93 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Exemplo do Fluxo de Investimentos em uma NTN (Tesouro Pré Fixado com Juros Semestrais) NTN-B (os dois tipos): A rentabilidade desse título é pós-fixada, aqui a diferença está que o seu retorno você só saberá no vencimento do título, mas a lógica é mesma, seu retorno será a diferença entre o Valor Pago pelo título e o Valor Nominal do título. Ao contrário da LTN e a NTN-F em que o Valor Nominal sempre será de R$1000,00 o Valor Nominal de NTN-B(com ou sem cupom semestral) é atualizado mensalmente (nos dias 15 de cada mês) pela inflação medida pelo IPCA desde 15/07/2000, data-base em que o seu valor era de R$1000,00. Sua rentabilidade é dada pela taxa anual de juros, que determina sua cotação, mais a variação do IPCA até o vencimento, que altera o valor de seu VNA (Valor Nominal Atualizado). Na data de vencimento do título ocorre o resgate do principal investido, corrigido tanto pela taxa pactuada no momento da compra quanto pela variação do IPCA no período. Ou seja, se no período em que você comprou uma NTN-B e o IPCA variou 5%, seu retorno será algo próximo de 5%. No caso da NTN-B Principal (sem cupom) normalmente o Preço de Compra é menor do que o Valor Base uma vez que todo o seu lucro só será realizado na data de Vencimento. Já no caso da NTN-B com cupom, o Preço de Compra será maior do que a base pois você irá receber semestralmente um bônus de 6% sobre o Valor Nominal corrigido pelo IPCA. Preço Título 900,00R$ Valor Nominal 1.000,00R$ Prazo(anos) 2 Cupom Semestral 10,00% Cupom em R$ 48,81R$ Bônus no Total 195,24R$ Retorno Total 295,24R$ Retorno em % 29,5235% NTN-F 94 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Exemplo de Fluxo de Investimentos NTN-B Exemplo de Fluxo de Investimentos NTN-B Principal NTN-B NTN-B Principal 95 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • NTN-C: A NTN-C é exatamente igual a NTN-B com cupom semestral, a única diferença está no indexador da inflação que é o IGP-M ao invés do IPCA. • LFT: A LFT segue a mesma linha de raciocínio das NTN-B, a diferença agora está em que o indexador é a variação da taxa SELIC e a LFT não paga bônus semestrais. 96 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Quadro Entendendo os Títulos Públicos 6.1.4. Custos e Tributação Os títulos públicos são negociados e ofertados, atualmente, na Bolsa de Valores e no sistema Tesouro Direto, para poder negociar títulos públicos você precisará de uma Conta em uma corretora ou banco habilitado para operar nesses mercados, no site do Tesouro há uma lista com todas as Corretoras e Bancos. Normalmente, basta abrir uma Conta de Investimentos comum nesse Banco ou Corretora (se for um Banco vale a regra da Conta de Serviços básicos e, por meio dessa conta, abrir uma Conta de Investimentos na Corretora do Banco) alguns bancos e Exemplo de Fluxo de Investimentos LFT Fonte: Tesouro Direto 97 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância corretoras podem vir a cobrar a manutenção dessa Conta de Investimentos (vai depender da sua negociação também). Criada a Conta basta começar a operar, comprando os Títulos no mercado secundário (Bolsa de Valores) ou esperar pela Emissão de títulos novos pelo Governo no Tesouro Direto e então comprá-los pelo próprio site do banco/corretora ou do Tesouro Direto. Em qualquer um dos dois jeitos você irá arcar com custos de: Corretagem, Custódia, Taxa de Administração e Imposto de Renda. O capital inicial requerido para esse tipo de investimento varia de título para título, mas, em geral, você pode comprar um título público com menos R$100,00. Os custos do Tesouro Direto se resumem aos impostos sobre os rendimentos e às taxas cobradas pela sua Instituição Financeira e pela BM&FBOVESPA, referentes aos serviços prestados. São duas as taxas cobradas no Tesouro Direto, sendo uma pela sua Instituição Financeira (Banco ou Corretora) e uma pela BM&FBOVESPA, referente aos serviços prestados (Taxa de Administração ou Corretagem). Em geral elas são significativamente mais baixas que as cobradas em outros produtos de renda fixa oferecidos no mercado: A. Taxa cobrada pela BM&FBOVESPA: Taxa de custódia de 0,30% a.a. sobre o valor dos títulos, referente aos serviços de guarda dos títulos e às informações e movimentações dos saldos: Esta taxa é provisionada diariamente a partir da liquidação da operação de compra (D+2). B. Taxa cobrada pela Instituição Financeira*: A taxa cobrada pela Instituição Financeira é livremente pactuada com o investidor. O Tesouro Direto disponibiliza em seu site um ranking com as taxas cobradas por cada instituição. Cabe ao investidor confirmá- las no momento da contratação. A taxa pode ser uma cobrada anualmente, modalidade mais comum, ou por operação. Para esclarecimentos quanto ao pagamento dessa taxa, contate a sua Instituição financeira correspondente (trechos adaptados do website do Tesouro Nacional). Os impostos cobrados sobre as operações realizadas no Tesouro Direto são os mesmos que incidem sobre as operações de renda fixa, como fundos de investimento e 98 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância CDBs: o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), para resgates da aplicação em menos de 30 dias, e o Imposto de Renda (IR), com alíquota regressiva a depender da duração do investimento, da seguinte maneira: • Há incidência de impostos sobre os rendimentos financeiros auferidos na venda antecipada, no pagamento de cupom de juros (O IOF não incide sobre os cupons de juros; somente o IR) e no vencimento dos títulos. • Os dias para efeito de incidência de imposto de renda são contados a partir da data da compra. Portanto, com relação aos cupons de juros das Notas do Tesouro Nacional, serão aplicadas as alíquotas do Imposto de Renda previstas, com o prazo contado a partir da data de início da aplicação. 6.1.5. Riscos Os Títulos públicos são considerados os ativos de menor risco da economia de um País e são 100% garantidos pelo Tesouro Nacional, inclusive, podendo emitir papel-moeda para o pagamento desses títulos. Atualmente, o Brasil possui uma excelente reputação como emissor de títulos de dívida e tem um ótimo histórico de sempre honrar as suas dívidas, o que é muito bom sinal, uma vez que o principal risco de um título de dívida pública é o Governo não te pagar. 99 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A grande maioria dos títulos rende mais do à inflação, além de alguns renderem o mesmo do que ela (o NTN-B e o NTN-B principal são indexados ao IPCA), portanto o Risco de se obter um rendimento menor do que a Inflação é bem remota nesses ativos. É com certeza o ativo de Renda Fixa mais seguro e rentável, mas exige prazo, capital e acompanhamento. Outro detalhe importante, é evitar vendê-los muito antecipadamente, pois, aí sim, você pode acabar tendo um pequeno prejuízo por conta de custos administrativos e tributários. 6.1.6. Formas de Investimento Os títulos Pré-Fixados são aqueles em que a rentabilidade é previsível, nos pós fixados as expectativas são a aposta do investidor, ou, no caso dos atrelados ao IPCA o objetivo é o ganho real. No caso de venda do título no mercado secundário a seguinte lógica é obedecida: • Pré-Fixados LTN e NTN-F É necessário observar que, entre a data de compra e de vencimento, o preço do título flutua em função das condições do mercado e das expectativas quanto ao comportamento das taxas de juros futuras. Um aumento na taxa de juros de mercado em relação à taxa que foi comprada pelo investidor provocará uma queda no preço do título. Já uma diminuição na taxa de juros proporciona o efeito contrário, o valor do título no mercado reduz. Ou seja, o lucro na venda antecipada do título vai depender do valor que ele é negociado no mercado secundário no momento, o que vai depender das oscilações nas taxas de juros, procedimento conhecido como marcação a mercado.• Pós-Fixados NTN-B, NTN-C e LFT Como são todos títulos pós-fixados a decisão de compra ou venda vai depender das suas expectativas futuras sobre a Inflação ou a SELIC e da comparação com outros ativos de investimento. 100 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Se as expectativas de Inflação ou da SELIC forem de crescimento é melhor não os vender, pois vão render mais e se for de queda e houver outros ativos pagando mais, comparativamente, venda-os antes que a expectativa se concretize. Lembrando que, no caso de venda teremos custos com Corretagem e Imposto de Renda e/ou IOF dependendo do prazo que você permaneceu com o título, portanto, evite vendas para prazos inferiores a 24 meses, para economizar com IR e IOF. Outra dica interessante é aplicar nos dois tipos, o NTN-B para lhe garantir ganhos com o aumento da inflação e o LFT para lhe garantir ganhos quando o governo aumentar a SELIC para conter a inflação. Resumo das Características dos Títulos Públicos Funcionamento Cada título tem suas características específicas, mas podem ser separados em dois tipos básicos: Pré e Pós Fixados O pré-fixado tem seu valor de Resgate fixado em R$1000, o retorno do investidor está no deságio pago pelo título, essa diferença entre o valor pago e os R$1000 costuma ser proporcional à SELIC O pós-fixado tem seu valor de face atualizado mensalmente por seu indexador e o investidor terá de pagar esse valor de face para adquiri-lo. Seu retorno está na diferença entre o valor pago e o valor que ele irá receber na data de vencimento do título, durante esse período seu título terá seu valor atualizado por seu indexador, que pode ser o IPCA ou a SELIC Exigem a abertura de uma Conta de Investimentos em uma Corretora ou Banco de Investimentos Custos Taxa de Custódia e Corretagem cobradas, ou não, pela Corretora ou Banco de Investimentos; Imposto de Renda, com alíquotas regressivas de acordo com o prazo de resgata (assim como no CDB), sobre o Lucro da Operação (antes da cobrança da T.A.) Capital Inicial Varia para cada título, os pré-fixados jamais custaram mais do que R$1000 e o pós-fixados estão sempre se valorizando, portanto, a cada mês o capital inicial para adquiri-los aumenta um pouco Riscos Financeiro (Inflação ser maior que a rentabilidade do investimento), mas pode ser contornado se investir em um título atrelado ao IPCA Sistema (baixíssima chance de o governo não lhe pagar ou quebrar) Rentabilidade Diária, de acordo com o Indexador de Referência; Juros Compostos Pode ser auferida de duas formas: No Vencimento ou Na venda antecipada do título no mercado secundário Estratégias Caso o investidor busque um investimento com a rentabilidade já definida, sem “surpresas” no futuro e caso sua expectativa de juros no futuro seja de queda, ele deve buscar os títulos pré-fixados Caso o investidor tenha a expectativa de que os Juros no futuro irão subir ou deseje um investimento que lhe dê uma rentabilidade igual à da inflação, ele deverá optar pelos títulos pós-fixados 101 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Vantagens Rentabilidade de longo prazo ligeiramente superior aos outros ativos de renda fixa; Liquidez Alta no mercado secundário Desvantagens Não há possibilidade de trocar o indexador; não há a garantia legal do FGC Custos com Corretagem e Custódia devem ser levados em conta 6.2. Títulos de Dívida Privada (Debêntures) 6.2.1. Definição, Funcionamento e Quem Emite As Debêntures são Títulos de Dívida Privados, emitidos pelas sociedades anônimas não financeiras que podem ter rendimento Pré-Fixado ou Pós-Fixado e podem ser de Curto, Médio e Longo Prazo. Normalmente a rentabilidade de uma debênture é superior aos de muitos investimentos de renda fixa. Além disso, alguns podem pagar bônus semestrais, podem ser conversíveis em ações que não a da empresa e pagar um prêmio de reembolso quando o título vencer. Esses títulos de dívida privados têm por garantia os ativos da empresa e costumam ter também um agente fiduciário que garante o investimento em caso de falência da emissora. Quem Emite Somente empresas S/A não financeiras, previamente autorizadas mediante auditorias da CVM, podem emitir debêntures, o objetivo da empresa é captar recursos em grandes volumes com condições mais favoráveis do que as que teria junto aos bancos com empréstimos convencionais, uma vez que é a empresa que irá definir as condições de pagamento sobre seus títulos, logicamente, ela deverá ter em mente sua classificação de risco e o impacto disso sobre as expectativas dos investidores, o que irá impacta a rentabilidade mínima de seus papéis. É de certa forma, uma forma de emprestar dinheiro à uma empresa, motivo pelo qual empresas financeiras não podem emiti-los, pois eles podem recorrer ao CDB, já uma empresa de grande patrimônio que precisa de um grande montante de capital para realizar um investimento, as vezes não consegue financiamento junto aos bancos para tanto capital e, logo, tem de recorrer à emissão de uma debênture. Da mesma maneira, é uma alternativa 102 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância com maior potencial de rentabilidade para o investidor de CDB e com a vantagem de ter a possibilidade de vendê-los na bolsa de valores. Como Funciona Esse investimento pode ser negociado de duas formas: 1) Emissão Primária: efetuada pela Empresa por meio da Bolsa de Valores. É quando a Empresa “vende” seus títulos ao mercado e você pode comprá-los por meio de uma Corretora ou Banco de Investimentos habilitados a operar na SND*. 2) Mercado Secundário: Assim como os Títulos Públicos, as Debêntures não podem ser resgatadas, ou seja, você não pode vendê-las de volta ao Banco ou Corretora para obter seu Lucro. Para receber o seu Lucro nessa operação de Investimento você tem de esperar o Vencimento do Título (quando uma debênture vence, a empresa lhe paga de volta o valor corrigido do seu título). Ou então, você pode vendê-la no Mercado Secundário – utilizando a interface da BM&FBOVESPA a BOVESPA FIX, à um valor menor do que o que você receberá da empresa no vencimento do título, à outras pessoas que estão dispostas a esperar o vencimento. Você lucra menos, mas lucra no momento em que desejar, caso consiga vender. Isso dá liquidez aos títulos privados e, atualmente, é um mercado modesto, mas em franca expansão, é muito seguro e transparente e administrado pela BM&F Bovespa. Veremos agora as especificidades das debêntures negociadas no mercado brasileiro, essenciais para melhor entender seu funcionamento: 1. Emissão Pública ou Privada: A emissão pode ocorrer das duas maneiras ou de uma maneira só, a Privada ocorre quando a empresa emite debêntures apenas a um grupo específico de investidores interessados (normalmente grandes investidores) e a Pública é quando a emissão é feita junto aos investidores em geral na bolsa de valores. 2. Escritura de Emissão: É o documento em que estão descritas as condições sob as quais a debênture será emitida, tais como direitos dos debenturistas, deveres da emissora, montante da emissão e quantidade de títulos, datas de emissão e vencimento, condições de amortização e remuneração, juros, prêmio, cláusulas e etc. 3. Tipos: Nominativa e Escritural: A debênture nominativa é aquela em que o registro e controle das transferências são realizados pela companhia emissora no Livro de 103 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Registro de Debêntures Nominativas. A escritural, por sua vez, é aquela em que a custódia e escrituração são feitas por instituição financeira autorizada pela CVM para prestar tais serviços. 4. Classe: Debênture Simples ou Não-Conversível:São as debêntures que não direito à conversão das mesmas em ações da companhia emissora. 5. Classe: Debênture Não-Conversível Permutável: Semelhante à Debênture Simples, mas com um diferencial: a Cláusula de Permutabilidade que permite ao titular da debênture trocá-la por outra ação que não a da empresa ou por outros ativos como imóveis, por exemplo. 6. Classe: Debênture Conversível: São aquelas que podem ser trocadas por ações da companhia emissora21 nas condições estabelecidas na escritura de emissão. Na conversão das debêntures deve ser observada a proporção do capital social da Companhia emissora, dado o limite legal e o fixado no estatuto social. O parâmetro de conversão deve ter em vista: A cotação das ações no mercado ou O valor patrimonial ou as perspectivas de rentabilidade da emissora. 7. Classe: Debênture Permutável: São as debêntures em que a escritura de emissão prevê a possibilidade de permuta por bens de qualquer natureza (ações, títulos de crédito, fração ideal de imóvel etc.), em condições preestabelecidas. As modalidades mais comuns de permuta são as por ações de outra companhia ou fração ideal de imóveis (permutáveis). 8. Cláusula de Permutabilidade: Cláusula na Escritura de Emissão da Debênture que define as condições que dão direito ao debenturista de trocar o título por outro ativo, sejam eles ações da empresa, imóveis, ações de outras empresas, etc. 9. Espécies/Garantias a. Garantia Flutuante: Têm assegurado o privilégio geral sobre o ativo da companhia emissora, não impedindo a negociação dos bens que compõem este ativo, sendo preferidas no caso de liquidação da emissora: a) pelas debêntures de emissão ou emissões anteriores, estabelecendo-se a prioridade pela data de inscrição da escritura de emissão, concorrendo as séries em igualdade de condições; b) pelos créditos com direitos reais de garantia, constituídos antes da emissão e regularmente inscritos nos registros competentes; c) pelos créditos especiais, desde que anteriores à emissão e regularmente inscritos nos registros competentes. b. Garantia Subordinada: Em caso de liquidação da companhia emissora, preferem apenas aos acionistas no ativo remanescente, se houver. 104 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância c. Garantia Real: São garantidas por bens (móveis e imóveis) dados em hipoteca, alienação e cessão fiduciária, penhor ou anticrese pela companhia emissora, por seu conglomerado, ou mesmo por terceiros; d. Garantia Quirografária: Não oferecem aos titulares nenhuma garantia real do ativo da companhia emissora ou de terceiros, bem como nenhum privilégio geral sobre o ativo da companhia emissora ou da empresa a que pertence, concorrendo em igualdade de condições com os demais credores quirografários da emissora. 10. Cláusula de Repactuação: Esta cláusula irá estipular períodos/datas nas quais irão ocorrer uma livre negociação entre Debenturistas e Empresa emissora com relação aos rendimentos oferecidos. É uma maneira de adequar a taxa de rentabilidade da debênture às condições atuais do mercado24. Nada mais é do que uma maneira de tornar as debêntures mais vantajosas às duas partes envolvidas, uma vez que a Repactuação visa sempre ajustar as rentabilidades oferecidas pela debênture, buscando assim torná-las competitivas frente aos outros títulos de renda fixa, mas ao mesmo tempo, o menos custoso possível para a empresa emissora. 11. Recompra Antecipada: É quando a empresa compra de volta parcialmente ou integralmente as debêntures emitidas, isso pode ocorrer por vários motivos25 e, normalmente, pode vir acompanhada de um pagamento de prêmio ao debenturista por conta da recompra antecipada. 12. Indexador de Rentabilidade: É o índice que irá estabelecer a forma de rendimento da debênture, assim como nos títulos públicos, a debênture tem seu valor atualizado por um índice que pode ser pós-fixado (IGP-M, IPCA, DI etc.), pré-fixado (10%a.a. por exemplo) ou misto de pré e pós (5% a.a. mais IGP-M, por exemplo). 13. Formador de Mercado: Instituição ou Agente autorizado que é responsável por aumentar e sustentar a liquidez destes papéis no mercado secundário. O Formador de mercado é uma figura comum no mercado financeiro, principalmente, nas bolsas de valores. Basicamente é um agente ou instituição que compra e vende no mercado grandes lotes de ativos em momentos de baixa liquidez para manter o mercado secundário em movimento. Como já deu para perceber as debêntures são bem mais complexas do que os títulos de dívida pública, um dos motivos dessa complexidade é o fato das debêntures serem títulos de dívida privados emitidos por empresas não financeiras, o que significa que a capacidade de garantir e honrar suas dívidas é bem mais restrita se comparadas ao 105 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância governo (que emitem títulos públicos) ou aos bancos (que emitem CDBs). Apesar disso, não se pode reclamar da organização desse mercado, no website da bolsa de valores é possível encontrar todas as informações pertinentes, como datas de pagamento de juros, escrituras de emissão das debêntures, lista com todas as debêntures negociadas na bolsa de valores, registro dos agentes fiduciários, entre outras informações. A negociação de debêntures ocorre por meio da BOVESPA FIX uma interface da BM&FBOVESPA e será ela quem irá estabelecer as condições, volumes, limites e horários das negociações dos títulos. Fora esse detalhe a lógica é simples, você dá um lance para comprar ou faz uma oferta de venda, estabelece o preço que você quer pagar ou receber pelo título e a quantidade a ser negociada (o lote padrão é 1), depois é só esperar uma contrapartida, se houver. Além disso, para facilitar o investimento, aumentar a liquidez e desenvolver mais esse mercado, um esforço conjunto de CVM, Bolsa de Valores, corretoras e as empresas emissoras de debêntures as Debêntures Padronizadas foram criadas. Debêntures Padronizadas Dentre as razões para a falta de liquidez na negociação de debêntures está a falta de padronização de cláusulas das várias emissões, dificultando a comparação entre os títulos e a cotação dos papéis em percentual do valor do principal. A Instrução procura incentivar essa padronização ao incluir o procedimento simplificado de registro, abreviando o tempo necessário para o registro da emissão. O objetivo da padronização das escrituras das debêntures é possibilitar aos investidores prescindir de complexas análises contratuais e cálculos sofisticados no momento em que desejarem negociar esses papéis no mercado. A escritura de Debêntures Padronizadas, definida pela Instrução CVM nº 404, possui as seguintes características: • Forma: Escritural – Nominativa • Classe: Não-Conversível (Simples) • Espécie: Subordinada ou Sem Preferência Valor Nominal Unitário: R$ 1.000,00 Remuneração e Atualização Monetária: Cupom Zero; Taxa de Juros Pré- fixadas; Taxa DI Over + Spread; IGP-M + Taxa de Juros Pré-fixada; ou Variação Cambial + Taxa de Juros Pré-fixada. 106 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6.2.2. Debêntures – Rentabilidade A rentabilidade de uma debênture pode ocorrer de duas maneiras e cada uma delas pode ocorrer de várias formas diferentes, simultâneas ou não. A primeira maneira de se obter a rentabilidade de uma debênture é a Remuneração da Debênture e a segunda maneira é a Amortização dela. Remuneração: A escritura de emissão da Debênture irá estabelecer os parâmetros referentes as remunerações que serão pagas periodicamente aos seus titulares, existem várias formas de remuneração de debêntures, que serão explicadas uma a uma a seguir: 1. Juros Remuneratórios: Podem ser fixos, flutuantes ou uma combinação dos dois – jurosflutuantes mais a uma parcela de juros fixos (spread). Estes juros podem ser indexados à índices de inflação, SELIC, DI, Variação Cambial, um valor percentual fixo etc. De acordo com o tipo de Indexador utilizado para calcular os Juros Remuneratórios, o Prazo mínimo de vencimento ou repactuação varia. Veja o quadro abaixo: 2. Prêmio: Para fornecer uma remuneração adicional àquela proporcionada pela correção monetária e/ou pelos juros remuneratórios e com o objetivo de adequar a rentabilidade das debêntures às condições de mercado, a empresa emissora pode vir a pagar um Prêmio aos seus titulares, a qualquer momento ou, quando for estabelecida, na escritura de emissão da debênture, uma data específica para isso. 3. Prêmio de Continuidade ou Permanência: Na data de Repactuação a empresa emissora pode vir a pagar esse Prêmio aos titulares que permanecerem – e que, consequentemente, aceitaram as novas condições da Repactuação – com as debêntures após a Repactuação. Como forma de incentivar (até mesmo 107 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância indenizar) os seus titulares a permanecerem com as debêntures após as alterações efetuadas na data de repactuação. 4. Prêmio de Resgate: Em caso de Resgate Antecipado das Debêntures a empresa emissora pode vir a pagar esse Prêmio aos seus titulares como forma de “indenização” pelo encerramento precoce do investimento. 5. Participação nos Lucros: As debêntures podem vir a proporcionar uma participação nos lucros que a companhia emissora venha a auferir. É um atrativo interessante pois adiciona às debêntures características das Ações que são os Dividendos, ou seja, periodicamente, uma parcela dos lucros da empresa vai para os acionistas e para seus debenturistas. 6. Deságio: Na prática, é uma forma de remuneração, já que, no ato da subscrição, pode ser oferecido pela companhia emissora ao subscritor, sobre o valor nominal do título, aumentando o ganho do debenturista. É o mesmo mecanismo da LTN que já estudamos, você paga menos pela debênture e já tem uma ideia do quanto vai receber no vencimento. Porém, esta forma de remuneração não está prevista em lei. 7. Atualização do Valor Monetário da Debênture: O valor nominal das debêntures poderá ser atualizado monetariamente com base nos coeficientes fixados para correção de títulos da dívida pública federal, na variação da taxa cambial ou em índice de preços, hipóteses em que a debênture será remunerada por taxa fixa. Nos termos da Decisão-Conjunta nº 13, do Banco Central e da CVM, de 14/3/03, a cláusula de atualização com base em índice de preços deverá atender ao prazo mínimo de um ano para vencimento ou período de repactuação, observado que: (a) o índice de preços deve ter série regularmente calculada e ser de conhecimento público (p. ex.: IGP-M, IGP- DI, INPC, IPCA); (b) a periodicidade de aplicação da cláusula de atualização não pode ser inferior a um ano; (c) o pagamento do valor correspondente à atualização somente pode ocorrer por ocasião do vencimento ou da repactuação das debêntures; e (d) o pagamento de juros e a amortização realizados em períodos inferiores a um ano devem ter como base de cálculo o valor nominal das debêntures, sem considerar a atualização monetária de período inferior a um ano. Amortização: A companhia emissora reserva-se o direito de efetuar antecipadamente resgate parcial ou total dos títulos de uma mesma série em circulação. 108 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Por serem as debêntures um instrumento financeiro de longo prazo, estas cláusulas adquirem grande importância nas escrituras de emissão, particularmente nos momentos de instabilidade econômica, proporcionando grande flexibilidade para as companhias emissoras nos contratos para renegociação. Seja por força legal ou de forma voluntária, a companhia emissora utiliza tais dispositivos para garantir a boa aceitação do papel pelo mercado. Como responsável pela determinação do programa de amortização de uma emissão de debêntures de prazo determinado, a companhia emissora pode adotar os seguintes mecanismos: 1. Repactuação: Revisão periódica dos parâmetros remuneratórios contratados, com o objetivo de adequar a remuneração efetiva da debênture às condições de mercado. A data da primeira repactuação deverá ser prevista na escritura de emissão, sendo estipulada pelos acionistas em Assembleia Geral Extraordinária, ou pelo Conselho de Administração devidamente autorizado, que decidirá sobre as condições de remuneração no período de vigência da remuneração subsequente. Também oferece aos investidores a opção de recompra dos títulos pelo emissor, que pode ser exercida se os termos repactuados não forem aceitos, isto é, se o debenturista não concordar com as condições da repactuação. 2. Resgate Facultativo: A companhia emissora não determina na escritura de emissão as épocas e quantidades de debêntures a serem resgatadas. Pode, a qualquer tempo, promover, antecipadamente, o resgate total ou parcial (mediante sorteio) das debêntures em circulação, desde que por valor igual ao valor nominal atualizado, acrescido da remuneração se houver, fixando critérios de resgate. 3. Resgate Programado: A companhia emissora fixa, na escritura de emissão, as épocas e quantidades máximas de debêntures permitidas em circulação, determinando os mecanismos pelos quais será processado o resgate. Pode ser total ou parcial, neste caso mediante sorteio. As condições devem igualmente constar da escritura de emissão, em especial quanto ao preço de resgate. 4. Amortização Programada: Consiste no pagamento de parcela do valor nominal das debêntures, a ser definida na escritura de emissão. No caso de debêntures atualizadas por índices de preços, o pagamento de amortização realizado em período inferior a um ano deve ter como base de cálculo o valor nominal das debêntures, sem considerar a atualização monetária, conforme disposto na Decisão-Conjunta nº 13, do Banco Central e da CVM, de 14/3/03; 109 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5. Amortização Extraordinária: Consiste na possibilidade de a companhia emissora determinar outras amortizações parciais que não as programadas na escritura de emissão; 6. Fundo de Amortização: É constituído com os lucros apurados pela companhia emissora com a função de criar disponibilidade vinculada ao pagamento das amortizações, de forma a minimizar o impacto que referidos pagamentos possam ter no caixa da companhia. De acordo com o estipulado no artigo 194 da Lei nº 6.404, de 15/12/76, o fundo de amortização deverá estar previsto no estatuto da companhia emissora, indicando a sua finalidade, fixando os critérios para determinação da parcela anual dos lucros líquidos que serão destinados à sua constituição e estabelecendo o seu limite máximo. Pode ser administrado pelo agente fiduciário. 6.2.3. Debêntures – Custos e Tributação Os custos para a realização desse investimento são os seguintes, lembrando sempre que alguns desses valores podem ser negociados com sua corretora: 1. Corretagem: Não há no ato de emissão primária, o que é cobrado sobre as negociações de debêntures é a chamada Taxa de Negociação que é de 0,001% sobre o valor negociado, com cobrança mínima de R$5,00 e máxima de R$1000,00. Já quando há negociação no mercado secundário é cobrada uma taxa que varia entre corretoras, mas costuma ser de 0,20% sobre eu valor negociado. 2. Custódia: A taxa de custódia é cobrada dos investidores em debêntures e é calculada e cobrada mensalmente com base no valor da carteira de ativos que o investidor possuir no último dia útil de cada mês. Seguindo a tabela abaixo: 110 Mercado Financeiro de Capitais UniversidadeSanta Cecília - Educação a Distância 3. Taxa de Manutenção: R$20,00 anuais para cada conta de custódia que possuir ativos em debêntures. 4. Imposto de Renda: Como se trata de um investimento de renda fixa há incidência de IR sobre os ganhos financeiros (juros, prêmios, bônus, resgate e alienação) das debêntures e, a partir de 2006, as alíquotas passaram a ser regressivas de acordo com o prazo. Há também certa peculiaridade quanto ao tratamento tributário das Debêntures conversíveis, serão tributadas normalmente e, então, se forem convertidas em outro ativo passaram ao regime tributário desse novo ativo. Algumas debêntures podem ser isentadas da cobrança de IR e está em estudo a total isenção de IR para todas as debêntures. A tabela seguinte resume as condições tributárias gerais das debêntures: Pessoa física IR devido exclusivamente na fonte. Juros e rendimentos pagos Prazo até 180 dias 22,50% De 181 a 360 dias 20,00% De 361 a 720 dias 17,50% Mais de 720 dias 15,00% Alienação de debênture Ganho auferido na alienação (diferença entre o valor de alienação, líquido de IOF, e o valor de aquisição). Pagamento de amortização Diferença entre o valor amortizado (tomando por base o valor principal original) e o valor efetivamente pago. Conversão em ações Rendimentos produzidos são tributados até a data de conversão. O preço efetivamente pago é contabilizado como custo das ações adquiridas por conversão. Debêntures de Infraestrutura Essa categoria específica está, atualmente, com isenção total de IR sobre os lucros auferidos com o resgate no vencimento. 111 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6.2.4. Debêntures – Riscos Quanto aos riscos das Debêntures podemos citar a Baixa Liquidez do mercado secundário, a Solidez Financeira da empresa emissora, o cenário macroeconômico em que a empresa está inserida, a possibilidade de se obter um retorno abaixo da inflação (no caso de debêntures com taxas pré-fixadas ou atreladas ao DI ou pós-fixadas atreladas à DI) e os Riscos associados à oscilação das taxas de juros. Apenas a Liquidez é o risco preocupante nas debêntures, mas aos poucos isto está sendo contornado – nos últimos anos as debêntures padronizadas e o crescimento da procura por esses títulos aumentaram a liquidez– os outros dois fatores de Risco são completamente contornáveis. Para evitar receber menos do que a inflação basta buscar Debêntures indexadas à índices de inflação como o IPCA e o IGP-M. Já para evitar o risco de falência da empresa emissora e o não pagamento de suas debêntures é bem simples, todas as empresas quando vão emitir debêntures passam por um extenso processo de avaliação31 realizado pela CVM, BM&FBOVESPA e outras instituições financeiras ligadas à esse mercado, além disso, toda empresa emissora passa por um “Rating” – uma avaliação realizada por uma empresa de auditoria habilitada – que irá classificar a capacidade financeira da empresa de pagar as suas dívidas e estabelecer a ela um Ranking que será atualizado anualmente, esse Ranking é de conhecimento público e você pode ficar sabendo o quão arriscada é aquela empresa apenas olhando o 112 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância seu rating na própria escritura de emissão resumida disponível no website da bolsa de valores. 6.2.5. Formas de Investir Existem várias estratégias de investimentos para as debêntures, uma delas é simples e semelhante à estratégia dos títulos de dívida pública e seguem dois passos: 1) Como toda Debênture deve evidenciar, em sua escritura de emissão, seu (s) indexador (es) de rentabilidade e formas de remuneração, o primeiro passo consiste em pesquisar (no site da Bolsa de Valores, por exemplo) essas informações nas debêntures e selecionar aquelas que possuírem as formas de remuneração e indexadores de rentabilidade que desejar (esta análise serve tanto para emissões primárias como para a compra de títulos no mercado secundário). 2) Selecionados os títulos desejados o investidor irá, então, realizar uma simples análise de comparar o Indexador de Rentabilidade das Debêntures selecionadas com uma referência de rentabilidade mínima exigida pelo investidor (benchmarking). No caso específico das debêntures este cálculo vai depender bastante da forma de remuneração do título, se for uma debênture de fluxo simples – o investidor paga pelo título e no vencimento do mesmo o investidor recebe seu dinheiro reajustado pelo indexador pré ou pós-fixado estabelecido na escritura de emissão – basta que o investidor analise o indexador de rentabilidade com o seu parâmetro. Por exemplo, se o parâmetro do investidor é um CDB comum ou um título público, este deverá procurar por debêntures que remunerem significativamente mais do que a SELIC - uma vez que os custos de se investir em debêntures são superiores ao de se investir em CDB e os riscos são maiores do que se investir em títulos públicos, o investidor deverá procurar uma debênture que remunera mais do que a SELIC (lembrando que a DI, indexador base do CDB, tem um valor próximo da SELIC, em média 95% da SELIC, portanto, se rende mais do que a SELIC, rende mais do que o CDB) – assim, ele compensa os custos e os riscos assumidos por investir em uma debênture, senão, é melhor partir para um título público (LTN ou LFT) ou um CDB (120%DI) que são menos custosos e menos arriscados. Porém, esta análise irá mudar bastante de acordo com a forma de remuneração da debênture, uma debênture que paga prêmios ou bônus periódicos – ou seja, uma debênture que proporcionar um fluxo de caixa conhecido ao longo tempo até seu vencimento – será 113 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância analisada de forma diferente, algo semelhante ao cálculo de viabilidade econômica, na qual o investidor irá somar os fluxos de caixa a valor presente (inserindo o valor de aquisição com sinal negativo e todos os pagamento periódicos e a amortização no vencimento com sinal positivo) e, assim, encontrar a taxa interna de retorno, utilizando como Taxa Mínima de Atratividade o “benchmarking” estabelecido previamente. Depois de encontrada a TIR a análise é simples, se o valor da TIR encontrada for maior do que o “benchmarking” compra- se o título e se for menor não. Resumo das Características das Debêntures Funcionamento Cada título tem suas características específicas e podem ser Pré ou Pós Fixados Exigem a abertura de uma Conta de Investimentos em uma Corretora ou Banco de Investimentos Na escritura de emissão da debênture estão todas as informações pertinentes, como formas de Remuneração e Indexadores de Rentabilidade do título Custos IR conforme tabela de IR para renda fixa (mesma aplicada aos títulos públicos), Debêntures de Infraestrutura são ISENTAS de IR. Custódia Anual variando de corretora para corretora, sendo um % anual sobre o montante aplicado, muitos casos são isentos ou chegam a 0,01%. Não há corretagem de compras de Debêntures na IPO e costuma ser baixa na compra ou venda no mercado secundário. Taxa de Manutenção usual de R$20/anuais para cada conta com debêntures em carteira (ou seja, negocie debêntures 114 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância apenas por uma ou duas corretoras no máximo) Capital Inicial Varia para cada título, podem custar a partir de R$1mil, assim como existem títulos a partir de R$10mil Riscos Financeiro (Inflação ser maior que a rentabilidade do investimento), mas pode ser contornado se investir em um título atrelado ao IPCA ou IGPM Sistema (chance de a empresa emissora quebrar ou não conseguir honrar suas dívidas, risco reduzido dependendo do tipo degarantia fornecida pela empresa no ato de emissão, ver página) Risco de liquidez (mais preocupante dos riscos, por conta da baixa liquidez, liquidar o papel no mercado secundário para antecipar seus lucros pode demorar) Rentabilidade Diária, de acordo com o Indexador de Referência Várias formas de remuneração que possibilitam ao investidor diversas maneiras de auferir seus lucros: No vencimento com o reajuste do preço do título, Periodicamente por meio de bônus e prêmios, A qualquer momento vendendo o título no mercado secundário etc. Estratégias Caso o investidor busque um investimento com a rentabilidade já definida, sem “surpresas” no futuro e caso sua expectativa de juros no futuro seja de queda, ele deve buscar os títulos pré-fixados Caso o investidor tenha a expectativa de que os Juros no futuro irão subir ou deseje um investimento que lhe dê uma rentabilidade igual à da inflação, ele deverá optar pelos títulos pós-fixados Buscar pagar o preço-justo do título de acordo com o seu benchmarking, tanto no mercado primário, quanto no secundário Analisar e pesquisar os títulos com as características que desejar. Vantagens Rentabilidade de longo prazo ligeiramente superior aos outros ativos de renda fixa Várias formas de remuneração, prazos, valores e indexadores de rentabilidade Desvantagens As repactuações podem não ser, necessariamente, benéficas aos investidores Não há a garantia legal do FGC Os vários custos e a baixa liquidez devem ser levados em conta 115 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 7. MERCADO DE RENDA VARIÁVEL – BOLSAS DE VALORES: ETFS, FIIS, AÇÕES 7.1. Entendendo os Fundos de Investimento Um fundo de investimento é como um condomínio, ou seja, um grupo de investidores que juntam seu dinheiro e dão para um gestor do fundo aplicar esse dinheiro para eles, eles podem ser de caráter Aberto ou Fechado. Normalmente, a iniciativa em formar o fundo parte do Gestor de uma Instituição Financeira que por sua vez, vai atrás desses investidores. Quando abertos, normalmente, são negociados por bancos e estão o tempo todo abertos à entrada de novos investidores, significa que eles podem aumentar seu patrimônio e aceitar a entrada ou saída de cotistas a todo momento, assim como efetuar resgates junto ao emissor do fundo. Normalmente, os fundos de renda fixa e variável são desse tipo. Nos de caráter fechado essa entrada e a saída de investidores não é permitida. Após o período de captação de recursos pelo fundo, não são admitidos novos cotistas nem novos investimentos pelos antigos cotistas. Para ter seu lucro o investidor tem de vender suas cotas num mercado secundário. Nesse tipo temos fundos de ambos os tipos: fixa e variável, 116 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância porém, seus nomes mudam, são exemplos: ETFs e FIIs. Porém, existem vários tipos de Fundos de Investimentos em Renda Fixa e Variável. No caso dos fundos abertos, seu funcionamento é o mesmo. o investidor precisa ter uma conta corrente comum no banco desejado e comprar uma Cota do fundo de investimento que desejar, depois, é só esperar o valor da Cota se valorizar com o tempo (essa valorização irá ocorrer proporcionalmente à valorização do patrimônio do fundo, que por sua vez, tenderá a seguir algum indexador pré-estabelecido, podendo ser a variação da DI ou da SELIC) e quando o investidor desejar ter seu lucro ele precisa apenas “vender” a Cota de volta ao banco pelo preço da Cota reajustado (mecanismo esse chamado de Resgate), depois de deduzidos os Custos e o Imposto de Renda o investidor recebe seu dinheiro. Lembrando que: esse é o mecanismo básico para se investir em um Fundo de investimento aberto. O dinheiro que o banco obter por meio da venda dessas cotas irá compor o patrimônio do fundo e o gestor do fundo e sua equipe irão investir esse dinheiro, de acordo com a política de investimentos do Fundo, visando um a maior rentabilidade possível com o menor risco possível, sempre obedecendo as normas da política de investimentos do fundo. Lembrando que, por se tratar de um fundo aberto (como são a maioria dos fundos de renda fixa comercializados) o patrimônio do fundo pode crescer tanto quanto ele conseguir de investidores, ou seja, cada vez que um investidor comprar uma nova cota esse fundo vai aumentar. O que diferencia um Fundo de Investimento de outro são as suas políticas de investimentos, essas diferenças irão ser determinantes, pois cada tipo de fundo tem suas limitações quanto aos ativos que poderão compor sua carteira de investimentos. Além disso, o tratamento tributário dos Fundos varia de acordo com o tipo de fundo, isso também irá determinar os custos do fundo – pois fundos mais diversificados e com políticas de investimentos mais sofisticados são mais caros – e o capital inicial requerido para adquirir uma cota. Tabela CVM de Classificação dos Fundos de Investimento Instrução CVM 409/04 117 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Curto Prazo Investem seus recursos exclusivamente em títulos públicos federais ou privados de baixo risco de crédito. Estes títulos podem ser de renda fixa, pós ou prefixados, e geralmente, sua rentabilidade está atrelada à taxa de juros usada nas operações entre os bancos (conhecida como taxa do CDI). Investem em papéis com prazo máximo a decorrer de 375 dias e o prazo médio da carteira é de, no máximo, 60 dias. Por estas características, são considerados os mais conservadores, indicados para investidores com objetivo de investimento de curtíssimo prazo, pois suas cotas são menos sensíveis as oscilações das taxas de juros. Referenciado Os fundos Referenciados identificam em seu nome o indicador de desempenho que sua carteira tem por objetivo acompanhar. Para tal, investe no mínimo 80% em títulos públicos federais ou em títulos de renda fixa privados classificado na categoria baixo risco de crédito. Além disso, no mínimo 95% de sua carteira é composta por ativos que acompanhem a variação do seu indicador de desempenho, o chamado benchmark. Usam instrumentos de derivativos com o objetivo de proteção (hedge). Os fundos referenciados mais conhecidos são os DI. Você provavelmente já ouviu falar deles. São fundos que buscam acompanhar a variação diária das taxas de juros (Selic/CDI), e se beneficiam em um cenário de alta de juros. Renda Fixa Aplicam uma parcela significativa de seu patrimônio (mínimo 80%) em títulos de renda fixa prefixados (que rendem uma taxa de juro previamente acordada) ou pós-fixados (que acompanham a variação da taxa de juros ou um índice de preço). Além disso, usam instrumentos de derivativos com o objetivo de proteção (hedge). Nos fundos de Renda Fixa acontece o oposto dos fundos Referenciados DI, pois se beneficiam em um cenário de redução das taxas de juros. Multimercado São fundos que possuem políticas de investimento que envolve vários fatores de risco, pois combinam investimentos nos mercados de renda fixa, câmbio, ações, entre outros. Além disso, utilizam-se ativamente de instrumentos de derivativos para alavancagem de suas posições, ou para proteção de suas carteiras (hedge). São fundos com alta flexibilidade de gestão, por isso dependem do talento do gestor na escolha do melhor momento de alocar os recursos (market timing), na seleção dos ativos da carteira e no percentual do patrimônio que será investido em cada um dos mercados (asset mix). 118 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Ações São fundos que investem no mínimo 67% de seu patrimônio em ações negociadas em bolsa. Dessa forma, estão sujeitos às oscilaçõesde preços das ações que compõem sua carteira. Alguns fundos desta classe têm como objetivo de investimento acompanhar a variação de um índice do mercado acionário, tal como o Ibovespa ou o IBX. São mais indicados para quem tem objetivos de investimento de longo prazo. Cambial Estes fundos devem manter no mínimo, 80% de seu patrimônio investido em ativos que sejam relacionados, diretamente ou indiretamente (via derivativos), à variação de preços de uma moeda estrangeira, ou à uma taxa de juros (o chamado de cupom cambial). Nesta classe os fundos mais conhecidos são os chamados fundos Cambiais Dólar que objetivam seguir a variação da cotação da moeda norte americana. Mas é importante ficar atendo, pois estes fundos não refletem exatamente a cotação do dólar, pois nele estão envolvidos custos de taxa de administração, imposto de renda, bem como a variação da taxa de juro. Dívida Externa Aplicam no mínimo 80% de seu patrimônio em títulos brasileiros negociados no mercado internacional. Os 20% restantes podem ser aplicados em outros títulos de crédito transacionados no exterior. Estes títulos são mantidos no exterior. Para o investidor no Brasil, este fundo é a única forma de aplicar nos papéis emitidos pelo governo brasileiro negociados no exterior. 7.2. Fundos de Renda Fixa Os Fundos de Investimento Abertos de Renda Fixa são aqueles que aplicam a maior parte de seu patrimônio em Ativos de Renda Fixa, como CDB, Títulos Públicos e outros títulos de dívida de renda fixa atrelados à DI, à SELIC ou à Índices de Preços (como o IGP- M e o IPCA), segundo a tabela da CVM, que qualifica os tipos de fundos de investimentos, os Fundos de Renda fixa são: os de Curto Prazo, de Renda Fixa, Referenciados e de Dívida Externa. 7.2.1. Custos Assim como na Poupança, você pode utilizar uma Conta de serviços básicos como a sua conta para aplicação em fundos de investimentos abertos e, por conta disso, só há um custo direto sobre o investimento em Cotas de Fundos de Investimentos de Renda Fixa a as taxas de administração e performance. A Taxa de Administração e de Performance podem afetar drasticamente a rentabilidade desse tipo de investimento, uma vez que essas 119 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância taxas incidem sobre o valor patrimonial da cota e sobre o rendimento. Esse valor varia de banco para banco e de fundo para fundo. Ou seja, se o investidor comprar uma Cota de R$100,00 de um fundo com taxa de administração de 2% ao ano e após 12 meses o valor dessa cota for de R$105, ele irá pagar R$2,10 de taxa no ano. Isso significa que 2,1% da rentabilidade com este investimento vão ficar com o Fundo, somente no primeiro ano, conforme o valor patrimonial cota aumentar o montante pago aumentará proporcionalmente, lembrando que, apesar de ser uma taxa anual, o valor é calculado e descontado diariamente, de maneira proporcional. Já com a taxa de performance o cálculo é sobre a rentabilidade, se a rentabilidade alvo do fundo é de 100% da DI e o fundo rendeu 105% da DI no período, sendo a taxa de performance de 20%, esta será cobrada sobre a diferença entre 100% e 105% da DI, logo, será cobrada 20% de 5%, o que resulta em mais 1% de cobrança. Com relação ao Capital Inicial, é usual os bancos exigirem um valor mínimo de aplicação inicial, normalmente a partir de R$100, mas dependendo do tipo de Fundo esse valor mínimo pode aumentar consideravelmente. Assim como ocorre no CDB, há incidência de Imposto de Renda e IOF sobre o lucro obtido na hora do Resgate da Cota e as alíquotas diminuem conforme o prazo do resgate O Come cotas é uma cobrança antecipada e semestral de IR sobre os rendimentos auferidos pelos Fundos de Investimentos, sendo de 20% para fundos de curto prazo (com duração de até 375 dias) e de 15% para fundos de longo prazo (duração superior aos 375 dias). As taxas são aplicadas automaticamente considerando os ganhos dos últimos 6 meses. O exemplo abaixo demonstra alguns os custos deste investimento: 120 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância No exemplo abaixo serve para demonstrar a diferença na lucratividade que a Taxa de Adm. pode causar. Comparamos dois investimentos de R$100 com duração de 12 meses. Uma aplicação em um Fundo DI e um CDB. https://www.necton.com.br/come-cotas/ Veja que se não fosse pela Taxa de Administração (T.A.) o Fundo DI rende mais que o CDB, afinal sua porcentagem de DI é de 100% enquanto a do CDB é de 80%. Mas após a cobrança da T.A. o Fundo DI perde, e muito, em relação ao CDB. Ou seja, o CDB só perde para o Fundo DI se ele render bem menos e se a T.A. do Fundo DI for menor do que 1%. Mas mesmo assim, se você conseguir negociar um CDB com taxa superior à 95% do DI jamais o Fundo de Renda Fixa vai superar o CDB, porque dificilmente você encontrará um Fundo DI sem Taxa de Administração. https://www.necton.com.br/come-cotas/ 121 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Portanto, para um fundo de renda fixa valer a pena, é preciso encontrar um com baixa taxa de administração e alta rentabilidade e é preciso, sempre, por tudo na ponta do lápis e comprar a rentabilidade como foi feito na tabela acima. 7.2.2. Riscos Assim como na Poupança e CDB, teoricamente não existem Riscos ao se investir nessas Cotas, pois se trata de um investimento de Renda Fixa, e apesar de o fundo não, necessariamente, aplicar todo o seu capital em ativos de renda fixa, a maior parte de seu patrimônio está aplicada em Renda Fixa e a política do Fundo é a de justamente proporcionar aos seus Cotistas um Rendimento garantido. Portanto, os riscos são: • O Risco Financeiro de seu investimento render menos do que a inflação (no caso do Fundo Referenciado ao IGP-M ou IPCA não incorrem nesse risco) ou por gestão ineficiente do fundo. • Não há risco de o governo “mexer” nesse dinheiro, pois ele pertence ao banco, porém, se o fundo aplicar seu capital é ativos de renda fixa federais, daí há o risco de “calote” do governo, o que por sinal nunca ocorreu na história do país. O principal risco aqui é a falência do banco e ele não honrar suas dívidas (o que incluí as Cotas de Fundos de Investimentos), porém, as Cotas de Fundos de Investimentos não são garantidas pelo FGC, ao contrário do CDB e Poupança, por isso esse é seu principal risco. 7.2.3. Rentabilidade A rentabilidade da maioria dos Fundos de Renda Fixa baseia-se no Indexador/Ativo- Alvo do Fundo, pode ser proporcional à variação da DI, SELIC, IGP-M, IPCA, ou algum valor percentual pré-fixado (no caso de aplicarem em algum título público que tenha um valor percentual pré-fixado de rentabilidade). Todas essas taxas são públicas e facilmente obtidas na internet e, na sua grande maioria, os fundos apresentam suas rentabilidades passadas nos seus históricos de rentabilidade. Mesmo não sendo garantia de que a rentabilidade do fundo siga as rentabilidades passadas, elas servem de referência para que o investidor possa saber o quanto aquele fundo já rendeu, o quanto rende em média e até dá para saber, caso o investidor compare a rentabilidade do fundo com a variação do indexador do fundo, qual a proporção da rentabilidade do fundo em relação ao seu indexador. 122 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Como existem vários tipos de fundos com várias políticas de investimentos diferentes, podem existir várias rentabilidades para estes fundos, mas no geral, como se trata de um investimento em Renda Fixa, a maioria deles tendem a render algo próximo a SELIC ou a DI, podem render um pouco mais ou um pouco menos, mas dificilmente vão render algo muito diferente disso. Primeiramente o investidorvai adquirir uma Cota do Fundo, vai aguardar um tempo – pelo menos alguns bons meses, o ideal sendo pelo menos 2 anos para reduzir o IR – e então, após esse tempo a sua cota deve ter se valorizado, proporcionalmente à valorização do patrimônio do fundo. Então, para auferir seu Lucro, o investidor deve efetuar o Resgate de sua Cota, que nada mais é do que “devolver” a cota para o emissor do fundo e recebê-lo com seu valor reajustado. O mecanismo é bem simples, por exemplo, se a Cota foi adquirida por R$100 e o fundo obteve 10% de rentabilidade após 1 ano isso significa que a cota agora vale R$110 (Brutos). Então, para auferir seu lucro o investidor vai resgata-la e irá receber, após algumas deduções como a taxa de Administração e o IR algo em torno de R$106, ou seja, ele lucrou R$6 ou 6% no ano. O lado positivo disso é o capital inicial foi baixo e que o investidor não teve quase nenhum trabalho de gestão desse investimento, esse serviço ficou para o gestor do fundo (Mas convenhamos que também não foi lá muito serviço para ele também). Por outro lado, se ele tivesse mais capital, ele poderia ter feito um CDB, tendo o mesmo trabalho, e, provavelmente, uma remuneração maior. Por se tratar de um investimento simples que não exige muito esforço, nem demanda tempo para acompanhamento, esses fundos de renda fixa, na maioria dos casos, servem como um primeiro passo para o investidor iniciante, que ainda não conhece bem ou não tem segurança quanto ao investimento em renda fixa e que busca uma alternativa ao CDB, por conta do prazo ou capital inicial requerido. 123 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Resumo das Características do Fundo de Renda Fixa Funcionamento Cada Cota representa um investimento individual, possui limitações de prazo para resgate, valor inicial e valor de resgate, entre outras características que podem lhe ser atribuídas pelo Emissor do Fundo Rentabilidade Diária baseada ou não no Indexador de Referência do Fundo Feita junto ao Banco por meio de uma conta comum Custos Taxa de Administração cobrada sobre o Valor Aplicado Taxas de performance; e IR semestral conhecido como ComeCotas Imposto de Renda, com alíquotas regressivas de acordo com o prazo de resgata (assim como no CDB), sobre o Lucro da Operação (antes da cobrança da T.A.) Capital Inicial Legalmente não há, é estabelecido pelo Emissor do Fundo Riscos Financeiro (Inflação ser maior que a rentabilidade do investimento) Sistema (Banco quebrar e não honrar sua poupança, o FGC garante até R$250mil) Rentabilidade Diária, de acordo com o Indexador de Referência e a Política de Investimentos Juros Compostos Depende da SELIC ou da DI, na maioria dos casos Sua Cota se valoriza e seu retorno só ocorrerá após o resgate dela Estratégias Não há, selecione um Fundo que aplique em ativos de Renda Fixa com boa rentabilidade e que cobre a menor Taxa de Administração Possível Evite efetuar Resgates antes de 2 anos por conta do IR e lembre-se que cada Cota representa um investimento diferente, cada uma tem seu prazo de resgate Vantagens Rentabilidade de longo prazo semelhante e, às vezes, ligeiramente superior a outros ativos de renda fixa Baixo capital inicial Aplicação extremamente simples Desvantagens Baixa Rentabilidade, as vezes inferior à Inflação Não há possibilidade de trocar o indexador Riscos não mencionados (sistema e político) Não há a garantia legal do FGC A taxa de administração afeta muito a rentabilidade, podendo as vezes, tornar o investimento ruim se comparado à um bom CDB ou um título público Valor de aquisição da Cota é fixo, portanto, não se pode investir qualquer 124 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância valor, é necessário a aquisição de 1 cota As cotas não se acumulam. 7.3. Fundos de Renda Variável Assim como nos Fundos de Investimentos em Renda Fixa, existem vários tipos de Fundos de Renda Variável, mas, no geral, seu funcionamento é o mesmo, existem os de caráter Aberto que são negociados e geridos por Bancos e Instituições Financeiras e existem os de caráter Fechado que tem suas cotas negociadas na bolsa de valores. Neste momento vamos abordar os de caráter aberto, em seguida, veremos dois tipos de caráter fechado: ETFs e FIIs. Ao investir em um Fundo de Renda Variável de caráter Aberto (como já foi explicado no módulo II) o investidor precisa ter uma conta comum no banco ou instituição financeira gestora do fundo e comprar uma Cota desse fundo de investimento, depois, é só esperar o valor da Cota se valorizar com o tempo (essa valorização irá ocorrer proporcionalmente à valorização do patrimônio do fundo, que por sua vez, vai depender do sucesso do gestor em suas decisões de investimentos) e quando o investidor desejar ter seu retorno ele precisa apenas “vender” a Cota de volta ao banco pelo preço da Cota reajustado (mecanismo esse chamado de Resgate), depois de deduzidos os Custos e o Imposto de Renda o investidor recebe seu dinheiro e seu lucro. O dinheiro que o banco obter por meio da venda dessas cotas irá compor o patrimônio do fundo e o gestor do fundo e sua equipe irão investir esse dinheiro, de acordo com a política de investimentos do Fundo, visando um a maior rentabilidade possível com o menor risco possível, sempre obedecendo as normas da política de investimentos do fundo. O que diferencia um Fundo de Investimento de outro são as suas políticas de investimentos, essas diferenças irão ser determinantes, pois cada tipo de fundo tem suas limitações quanto aos ativos que poderão compor sua carteira de investimentos. Além disso, o tratamento tributário dos Fundos varia de acordo com o tipo de fundo, isso também irá determinar os custos do fundo, pois fundos mais diversificados e com políticas de investimentos mais sofisticadas são mais caros e, como consequência, exigem um capital inicial elevado para adquirir uma cota. 125 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Neste momento iremos analisar os Fundos de Investimentos que têm caráter de Renda Variável, ou seja, que aplicam a maior parte de seu patrimônio em Ativos de Renda Variável, como Ações, Câmbio e os Multimercado – que aplicam seu capital em vários tipos de ativos de renda variável e fixa. Aqui, como já discutimos ao falar sobre a definição de renda variável, não há garantias de que o valor da Cota irá sempre se valorizar, como se trata de um investimento sem garantias, a cota pode sim se desvalorizar e ninguém vai lhe ressarcir. Vale dizer que na Categoria Fundo de Investimento em Renda Variável que investe em Ações, podem existir alguns subtipos: 7.3.1. Custos Assim como nos Fundos de Renda Fixa, você pode utilizar uma Conta de serviços básicos como a sua conta para aplicação em fundos de investimentos abertos e, por conta disso, só há um custo direto sobre o investimento em Cotas de Fundos de Investimentos em Renda Variável a “terrível” taxa de administração. Chamo de terrível porque a incidência da Taxa de Administração afeta drasticamente a sua rentabilidade nesse tipo de investimento, uma vez que essa taxa, que é cobrada anualmente, incide sobre o valor patrimonial da cota. Esse valor varia de banco para banco e de fundo para fundo. Ou seja, se o investidor comprar uma Cota de R$100,00 de um fundo com taxa de administração de 5% ao ano e após 12 meses o valor dessa cota for de R$120, ele irá pagar R$6 de taxa no ano. Isso significa que 6% da sua rentabilidade com este investimento vão ficar com o Fundo, somente no primeiro ano, conforme o valor patrimonial cota aumentar o montante pago aumentará proporcionalmente. 126 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Comrelação ao Capital Inicial, é usual os bancos exigirem um valor mínimo de aplicação inicial, normalmente a partir de R$100, mas dependendo do tipo de Fundo esse valor mínimo pode aumentar consideravelmente. Assim como ocorre no CDB, há incidência de Imposto de Renda e IOF sobre o lucro obtido na hora do Resgate da Cota e, mas, a alíquota é única, de 15% sobre o lucro, independentemente do prazo de aplicação. 7.3.2. Riscos Agora, diferentemente de todos os títulos de renda fixa, o risco associado aos investimentos de renda variável é bem diferente. Além dos riscos já citados anteriormente, o investimento em Fundos de Renda Variável não tem garantia alguma de que irá lhe dar lucro ou prejuízo – motivo pelo qual se chama Renda Variável. Estes Fundos investem seu capital no mercado de ações, commodities e câmbio e, por esse motivo, sofrem variações maiores e constantes, dependendo da situação dos mercados nacional e internacional. Geralmente, quando o mercado está em baixa, eles experimentam uma queda acentuada. Por outro lado, quando o mercado está em alta, eles apresentam retornos positivos. Portanto, o risco associado a esse tipo de investimento é bem maior e mais complexo, uma vez que todas as possíveis variáveis econômicas e conjunturais podem vir a afetar o mercado de renda variável brasileiro e internacional e isso irá repercutir diretamente na rentabilidade das suas cotas no fundo de investimento. 7.3.3. Rentabilidade Para auferir seu Lucro o investidor deve efetuar o Resgate de sua Cota, que nada mais é do que “devolver” a cota para o emissor do fundo e recebê-lo por um valor reajustado. O mecanismo é bem simples, você compra uma Cota por R$100, por exemplo, se o fundo obteve 10% de rentabilidade no ano isso significa que sua cota agora vale R$110 e quando for resgata-la irá receber, após algumas deduções (taxa de Administração e IR) algo em torno de R$106, ou seja, você lucrou R$6 ou 6% no ano. A rentabilidade de um Fundo de Renda Variável vai depender da gestão desse fundo, um fundo de renda variável vai aplicar seu patrimônio em diversos ativos de renda variável, de acordo com a estratégia do fundo, sua classificação, tipo, etc. Como já foi mencionado anteriormente, existem diversos tipos de fundos de renda variável com variadas estratégias de investimentos. 127 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância No final das contas a rentabilidade de um fundo de renda variável é bastante imprevisível, pois o gestor não divulga suas estratégias e nem costuma detalhar os ativos em que ele está aplicando (a não ser que seja um fundo de ação específica), logo, sua rentabilidade vai depender totalmente da gestão eficiente dele e de você ficar acompanhando diariamente o valor das cotas, que podem variar diariamente, assim, em um dia você pode ter uma valorização boa que já vai lhe dar o lucro necessário e, no outro, essa valorização pode virar desvalorização e você perdeu o momento de lucrar. 7.3.4. Formas de Investir Novamente, irei simplificar as coisas aqui, um Fundo de Investimento em Renda Variável segue os mesmos preceitos do Fundo de Renda Fixa, você compra uma Cota e o Gestor do Fundo irá usar esse dinheiro da venda da cota em aplicações financeiras, só que agora ele irá utilizar em operações no mercado de Renda Variável. A grande maioria dos Fundos de Renda Variável tem seus recursos aplicados em Ações (de 67% a 100%) e uma parcela variável em DI (de 0% a 33%), mas também existem aqueles que aplicam em Dólar (80% a 100%) e existem os chamados Multimercado que aplicam em vários tipos de ativos diferentes. A questão aqui é que você estará “dando” seu dinheiro ao Gestor do Fundo e a rentabilidade desse investimento vai depender totalmente da capacidade desse Gestor em aplicar de forma eficiente e lucrativa, ou seja, o Risco dessa operação é o Gestor e o Cenário Econômico. É bom ressaltar agora que, ao se aplicar em Ações, Dólar e outros ativos de Renda Variável, não há mais como saber o quanto você vai Receber ou Perder nesse tipo de investimento. Portanto, é importante acompanhar diariamente o valor das cotas. A dinâmica para Investir em Fundos de Renda Variável é exatamente a mesma das dos Fundos de Renda Fixa, abrir uma conta no Banco, comprar Cotas do Fundo e Resgatá- las (vender de volta ao banco) quando quiser auferir seu lucro ou prejuízo. O Capital Inicial exigido para comprar uma Cota de Fundo de Renda Variável começa a partir de R$100 e todos cobram Taxas de Administração e o Imposto de Renda costuma ser de 15% e é retido na fonte pelo Gestor do Fundo. 128 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Não há muito espaço para Estratégias nem como determinar a rentabilidade esperada, tudo isso vai depender do Gestor, o que se pode adiantar é que o seu Retorno/Prejuízo será a diferença entre o que você pagou pela Cota e o que você vai receber quando resgatá-la. Se você considera interessante investir em alguma empresa que possua ações, mas, não quer fazer isso diretamente ou não possuí o capital necessário para comprar um Lote de Ações (algo em torno de R$3mil ou até R$15mil por Lote) você pode tentar um Fundo de Ações específico, ou seja, um Fundo da Petrobrás investe em ações da Petrobrás, um Fundo da Vale do Rio Doce aplica em ações da Vale e etc. Dessa forma, Fundos de Renda Variável são recomendados para quem deseja arriscar mais para poder ganhar mais do que a Renda Fixa, mas que não possuí tempo, conhecimento e nem o Capital necessário para se investir diretamente em Ações ou Dólar. São destinados também para aqueles que querem “sentir” como é Investir em ativos mais arriscados como ações e dólar. Resumindo, se você definiu na sua estratégia que vai separar uma pequena parcela de seu capital para investimentos de alto risco (para tentar obter um maior rendimento), mas essa parcela não é suficiente para aplicar diretamente no mercado de Renda Variável, a sugestão é começar com Fundos de Ações, Fundos Multimercados e – caso você julgue que uma empresa específica irá valorizar muito no futuro – Fundos específicos de ações (como o Fundo Petrobrás e Fundo Vale). Isso vale também para aqueles que não têm tempo para acompanhar as oscilações do mercado de Renda Variável e fazer as devidas análises e especulações, mas que querem usufruir de seus possíveis retornos. Agora, para quem tem um pouco mais de tempo, paciência e vontade de analisar e especular sobre o mercado de renda variável, mas não tem um capital elevado, a alternativa pode ser os investimentos em fundos de renda variável de caráter fechado, os ETFs e os FIIs, que iremos ver a seguir. 129 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Resumo das Características do Fundo de Renda Variável Funcionamento Feita junto ao Banco por meio de uma conta comum Custos Taxa de Administração cobrada anualmente sobre o Valor Aplicado Imposto de Renda, com alíquotas regressivas de acordo com o prazo de resgata (assim como no CDB), sobre o Lucro da Operação (antes da cobrança da T.A.) Capital Inicial Legalmente não há, é estabelecido pelo Emissor do Fundo. Riscos Dependerá do tipo do fundo, sua política de investimentos e sua carteira de ativos-alvo. Mas como todos podem vir a investir a maior parte de seu capital em Ações, Câmbio ou Commodities, e esses ativos sofrem muitas variações, de acordo com o cenário econômico nacional e internacional, o risco desses fundos é elevado. Rentabilidade Por conta do que já foi citado sobre os Riscos, o Potencial de Rentabilidade dessas cotas é elevado. A rentabilidade só ocorre de uma forma: com a Valorização da Cota Patrimonial e o lucro posterior com a venda da cota de volta ao banco (Resgate). EstratégiasAs estratégias são bem limitadas, os Fundos de Renda variável foram criados com o objetivo de dar acesso ao pequeno investidor ao mercado de renda variável, aquele investidor que não possuir o capital inicial necessário para comprar um Lote de Ações, por exemplo, pode recorrer ao Fundo, pois suas cotas podem custar a partir de R$100. A estratégia básica é acompanhar a evolução das Cotas adquiridas e efetuar o Resgate quando a valorização da cota proporcionar o Lucro desejado. 130 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Vantagens Baixo capital inicial Aplicação extremamente simples Pouca exigência de conhecimento sobre o mercado de renda variável Segundo a CVM, A principal vantagem dos fundos é possibilitar que investidores de perfil similar - com objetivos comuns, estratégias de investimento semelhantes e mesmo grau de tolerância a risco - concentrem recursos para aumentar seu poder de negociação e diluir os custos de administração, além de contarem com profissionais especializados, dedicados exclusivamente à gestão dos recursos. Desvantagens Já as desvantagens estão associadas ao fato do investidor delegar a terceiros a administração de seus recursos: Falta de autonomia na tomada de decisão Submissão às regras previamente estabelecidas Dependência da capacidade do gestor do fundo Taxa de Administração anual sobre o valor atualizado da cota 7.4. Índices de mercado e ETFs 7.4.1. Definição, Funcionamento e Quem Emite Para entender os ETFs é preciso esclarecer o que são os índices de ações. Os índices servem como referência de investimentos para os investidores na Bolsa de Valores. Os índices de ações dão ao investidor uma ideia de como um grupo específico de ações se comportou em relação a outro grupo ou à sua própria carteira de ações. Isso porque os índices de ações são calculados a partir de uma carteira teórica de ações, uma carteira virtual, criada apenas para medir o desempenho desses papéis (BM&FBOVESPA, 2013). Vejamos o quadro com os principais índices e suas composições: Quadro de Índices de Mercado da Bolsa de Valores – CVM, 2019 Índice Explicação Índice da Bovespa ou Ibovespa (Ibov) É o valor atual, em moeda corrente, de uma carteira teórica de ações constituída em 02/01/1968 (valor-base: 100 pontos), a partir de uma aplicação hipotética. Supõe-se não ter sido efetuado nenhum investimento adicional desde então, considerando-se somente os ajustes efetuados em decorrência da distribuição de proventos pelas empresas emissoras (tais como reinversão de dividendos recebidos e do valor apurado com a venda de direitos de subscrição, e manutenção em carteira das ações recebidas em bonificação). Dessa forma, o índice reflete não apenas as variações dos preços das ações, mas também o impacto da distribuição dos proventos, sendo considerado um indicador que avalia o retorno total de suas ações componentes. 131 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Índice Brasil (IBrX) O IBrX - Índice Brasil é um índice de preços que mede o retorno de uma carteira teórica composta por 100 ações selecionadas entre as mais negociadas na BM&FBOVESPA, em termos de número de negócios e volume financeiro. Essas ações são ponderadas na carteira do índice pelo seu respectivo número de ações disponíveis à negociação no mercado. Índice Brasil 50 (IBrX- 50) O IBrX-50 é um índice que mede o retorno total de uma carteira teórica composta por 50 ações selecionadas entre as mais negociadas na BM&FBOVESPA em termos de liquidez, ponderadas na carteira pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação. Índice de Energia Elétrica (IEE) Primeiro índice setorial da BM&FBOVESPA, o Índice de Energia Elétrica (IEE) foi lançado em agosto de 1996 com o objetivo de medir o desempenho do setor de energia elétrica. Dessa forma, constitui-se em um instrumento que permite a avaliação da performance de carteiras especializadas nesse setor. Índice Setorial de Telecomunicações (ITEL) Também é um índice setorial, que mede o desempenho das ações do setor de telecomunicações. Índice de Ações com Governança Corporativa (IGC) O Índice tem por objetivo medir o desempenho de uma carteira teórica composta por ações de empresas que apresentem bons níveis de governança corporativa. Tais empresas devem ser negociadas no Novo Mercado ou estar listadas nos Níveis 1 ou 2 da BM&FBOVESPA. Índice Valor BM&FBOVESPA (IVBX- 2) O Índice foi desenvolvido em conjunto pela BM&FBOVESPA e pelo jornal Valor Econômico, visando mensurar o retorno de uma carteira hipotética constituída exclusivamente por papéis emitidos por empresas de excelente conceito junto aos investidores, classificadas a partir da 11ª posição, tanto em termos de valor de mercado como de liquidez de suas ações. Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) O ISE tem por objetivo refletir o retorno de uma carteira composta por ações de empresas com reconhecido comprometimento com a responsabilidade social e a sustentabilidade empresarial, e também atuar como promotor das boas práticas no meio empresarial brasileiro. Índice de Ações com Tag Along Diferenciado (ITAG) O Índice de Ações com Tag Along Diferenciado tem por objetivo medir o desempenho de uma carteira teórica composta por ações de empresas que ofereçam melhores condições aos acionistas minoritários, no caso de alienação do controle. Índice do Setor Industrial (INDX) O Índice tem por objetivo medir o desempenho das ações mais representativas do setor industrial, importante segmento da economia brasileira. Sua carteira teórica é composta pelas ações mais representativas da indústria, que são selecionadas entre as mais negociadas na BM&FBOVESPA em termos de liquidez e são ponderadas na carteira pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação. Índice Brasil Amplo (IBrA) O ÍNDICE BRASIL AMPLO (IBrA) BM&FBOVESPA tem por objetivo oferecer uma visão ampla do mercado acionário, medindo o comportamento das ações de todas as empresas listadas na BM&FBOVESPA que atendam a seus critérios de inclusão. As ações componentes são selecionadas por sua liquidez e ponderadas nas carteiras pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação. 132 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Índice Small Cap ( SMLL) e Índice Mid-Large Cap (MLCX) Criados pela BM&FBOVESPA, o Índice BM&FBOVESPA Mid Large Cap (MLCX) e o Índice BM&FBOVESPA Small Cap (SMLL) têm por objetivo medir o comportamento das empresas listadas na Bolsa de modo segmentado, sendo que o índice Mid Large medirá o retorno de uma carteira composta pelas empresas listadas de maior capitalização, e o índice Small Cap medirá o retorno de uma carteira composta por empresas de menor capitalização. As ações componentes serão selecionadas por sua liquidez, e serão ponderadas nas carteiras pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação. Índice Carbono Eficiente (ICO2) Levando em conta a crescente preocupação com o aquecimento global, a BM&FBOVESPA e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), decidiram criar o Índice Carbono Eficiente (ICO2). Esse indicador, composto pelas ações das companhias participantes do índice IBrX-50 que aceitaram participar dessa iniciativa, adotando práticas transparentes com relação a suas emissões de gases efeito estufa (GEE), leva em consideração, para ponderação das ações das empresas componentes, seu grau de eficiência de emissões de GEE, além do free float (total de ações em circulação) de cada uma delas. Índice de Consumo (ICON) O Índice BM&FBOVESPA de Consumo (ICON) tem por objetivo oferecer uma visão segmentada do mercado acionário, medindo o comportamento das ações das empresas representativas dos setores de consumo cíclico e não-cíclico. As ações componentessão selecionadas por sua liquidez, e são ponderadas nas carteiras pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação. Índice Imobiliário (IMOB) O Índice BM&FBOVESPA Imobiliário (IMOB) tem por objetivo oferecer uma visão segmentada do mercado acionário, medindo o comportamento das ações das empresas representativas dos setores da atividade imobiliária compreendidos por construção civil , intermediação imobiliária e exploração de imóveis . As ações componentes são selecionadas por sua liquidez, e são ponderadas nas carteiras pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação. Índice Financeiro (IFNC) O Índice BM&FBOVESPA Financeiro (IFNC) tem por objetivo oferecer uma visão segmentada do mercado acionário, medindo o comportamento das ações das empresas representativas dos setores de intermediários financeiros, serviços financeiros diversos e previdência e seguros. As ações componentes são selecionadas por sua liquidez, e são ponderadas nas carteiras pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação. Índice de Materiais Básicos (IMAT) O Índice Materiais Básicos (IMAT) BM&FBOVESPA tem por objetivo oferecer uma visão segmentada do mercado acionário, medindo o comportamento das ações das empresas representativas do setor de Materiais Básicos. As ações componentes são selecionadas por sua liquidez e ponderadas nas carteiras pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação. Índice Utilidade Pública ( UTIL) O Índice Utilidade Pública (Util) BM&FBOVESPA tem por objetivo oferecer uma visão segmentada do mercado acionário, medindo o comportamento das ações das empresas representativas do setor de utilidade pública (energia elétrica, água e saneamento e gás). As ações componentes são selecionadas por sua liquidez e ponderadas nas carteiras pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação. 133 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Índice de Dividendos (IDIV) O Índice Dividendos (IDIV) BM&FBOVESPA tem por objetivo oferecer uma visão segmentada do mercado acionário, medindo o comportamento das ações das empresas que se destacaram em termos de remuneração dos investidores, sob a forma de dividendos e juros sobre o capital próprio. As ações componentes são selecionadas por sua liquidez e ponderadas nas carteiras pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação. Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT) O Índice BM&FBOVESPA de Governança Corporativa Trade (IGCT) é composto pelas ações de empresas integrantes do IGC que atendam simultaneamente aos critérios de liquidez indicados a seguir. São incluídas na carteira do índice as ações integrantes do IGC que atenderem aos seguintes critérios, com base nos 12 meses anteriores: a) inclusão em uma relação de ações cujos índices de negociabilidade somados representem 99% do valor acumulado de todos os índices individuais; b) participação em termos de presença em pregão igual ou superior a 95% no período. A mesma empresa pode ter mais de uma ação participando da carteira, desde que cada ação atenda isoladamente aos critérios de inclusão. Empresas com menos de 12 meses de listagem somente são elegíveis se tiverem mais de seis meses de negociação e se apresentarem, no mínimo, 95% de presença em pregão nos últimos seis meses do período de análise. Além dos índices de ações outros tipos de índices podem ser elaborados, como índices do mercado de fundos imobiliário o IFIX e índices de renda fixa que oscilam conforme a DI ou Selic. Com base nesses índices que as ETFs são elaboradas. Quem Emite Qualquer instituição financeira que possa emitir e gerir fundos de investimentos pode vir a emitir ETFs, é feito o pedido e registro da ETF na B3 e, após a regulamentação da CVM ser aprovada, as cotas são emitidas no mercado primário da bolsa de valores, após isso, suas cotas podem ser negociadas no mercado secundário. Os ETFs são, por assim dizer, uma forma de Fundo de Investimento em Renda Variável2627, porém, seu patrimônio é investido de uma maneira que as oscilações de preço da Cota irão se assemelhar muito às oscilações desses Índices, ou seja, o Fundo de Índice da BM&FBovespa (BOVA11) oscila de forma semelhante às oscilações do índice Ibovespa – aquele que aparece no jornal todo dia. Pode-se dizer que quando investidor adquire cotas 26 Existem fundos de ações abertos atrelados à algum índice vendido pelos bancos, estes nada mais são do que um fundo de renda variável que aplica parte de seu capital (no mínimo 67%) em cotas de ETF’s negociadas na Bolsa de Valores, mas isso não faz deles uma ETFs, as ETFs são, exclusivamente, fundos de investimento fechados com cotas negociadas em bolsa de valores. 27Recentemente, um ETF de Renda Fixa foi lançado, ele busca refletir as oscilações de índices de renda fixa ou fundos de renda fixa com carteira de títulos de dívida. Por ser apenas 1 fundo com pequena representação no mercado, esse detalhamento foi deixado de lado neste material. Segue o link: http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-fixa-privada-e-publica/etf-de-renda-fixa.htm http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-fixa-privada-e-publica/etf-de-renda-fixa.htm 134 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância de determinado fundo de índice negociado na bolsa de valores, ele está aplicando, indiretamente, em todas as ações componentes do índice a ele relacionado, sem ter de comprar separadamente os papéis de cada empresa que compõe o índice. Como Funciona Nas ETFs o investidor pode investir de duas maneiras e obter retornos de duas maneiras: ele pode adquirir as cotas na sua emissão primária diretamente com a instituição financeira emissora ou participando do processo de subscrição das cotas mediante uma corretora participante, acarretando na compra de um lote mínimo de ETFs (normalmente uma quantidade razoável e de valor elevado), ou, ele pode comprar as cotas de ETF no mercado secundário por meio de qualquer corretora que atue na B3, nesse caso, o lote mínimo é de 10 cotas. Conforme ocorrer a oscilação dos valores patrimoniais das cotas, proporcionais ao índice que o ETF segue, o investidor pode obter valorização ou desvalorização em relação ao preço pago pela cota inicialmente. Tendo as cotas em sua posse o investidor pode ainda negociá-las no mercado secundário, mas não há muito espaço para especulações, pois os preços de mercado das cotas de ETF seguem de perto o índice correspondente. Ou ainda, ele pode efetuar o Resgate dessas cotas junto ao emissor da ETF e trocar suas cotas pelas ações que compõem a carteira simulada do fundo, mas, logicamente, para poder fazê-lo ele precisa ter um número mínimo de cotas da ETF, para que seja possível convertê-las, proporcionalmente, às ações. 135 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Portanto, investir em ETFs proporciona várias vantagens ao investidor: 1) Diversificação Investir em ETFs é como se o investidor montasse uma carteira diversificada de ações, porém, sem precisar aplicar e acompanhar todas essas ações individualmente, a carteira do ETF que o investidor adquirir já possui todas essas ações e a oscilação de preços da cota do ETF é uma média da oscilação de preços dessas ações. Portanto, o investidor investe em várias ações, diversificando seu investimento, sem ter o mesmo trabalho de fazer isso por conta própria, reduz o risco de sua carteira e analisar o investimento em ETFs é mais fácil do que analisar o investimento em cada ação individualmente, pois o risco específico de cada ação é mitigado por conta da diversificação. 2) Flexibilidade As cotas de ETF1s são negociadas na Bolsa de Valores como se fossem ações, por conta disso, negociá-las é um processo simples,fácil e rápido, bem menos trabalhoso, para o investidor, se comparado ao trabalho que ele teria para montar, acompanhar e analisar uma carteira de ações, por conta própria. Numa carteira de ações o investidor teria de aplicar seu dinheiro em várias ações diferentes, efetuar várias análises e realizar um acompanhamento específico para cada ação adquirida, já com a ETF basta analisar, acompanhar e negociar a cota da ETF desejada. 3) Transparência Ao contrário de outros Fundos de Investimentos Abertos em Renda Variável (genéricos ou multimercado), o ETF é como uma ação, todas as informações pertinentes como Carteira de Ativos, oscilação de preços, volume de vendas etc., estão disponíveis, em tempo real, para consulta por parte do investidor. Além disso, quando o investidor vende a sua cota para auferir seu lucro ele a vende pelo preço de mercado no momento da venda por outro lado, quando o investidor realiza o resgate de suas cotas de fundos de renda variável abertos o valor que ele receberá será referente há um dia útil após o pedido. 4) Menor Capital Inicial O valor de uma cota ETF é bem acessível, o preço de uma ETF representa um milésimo do valor do Índice ao qual ela segue, por exemplo, se o IBOVESPA1 estiver em 45 mil pontos o BOVA11 (ETF que segue o IBOVESPA) será negociado num valor próximo à R$45,00. 136 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Ou seja, para montar uma Carteira com os principais papéis da Bolsa de Valores brasileira o investidor precisaria desembolsar milhares de reais, mas, o investimento em ETF permite o mesmo com menos de R$500. O Lote Padrão para investir em um ETF são 10 cotas, portanto, se uma Cota do ETF custar R$50,00 investir nesse ETF custará cerca de R$500. A única desvantagem desse investimento é a questão da liquidez por conta do mercado ainda ser novo e pouco conhecido. As principais ETFs, como a BOVA11, já têm milhares de negociações diariamente, mas algumas ETFs ainda são recentes e, portanto, tem um volume menor. Mas, com o tempo, a tendência é que todas as ETFs venham a ganhar bastante liquidez. 7.4.2. ETFs – Rentabilidade Na metodologia de composição das carteiras fictícias dos índices de ações algumas premissas precisam ser estabelecidas, uma delas reside no Reinvestimento dos Dividendos, as ações de empresa pagam semestralmente e/ou anualmente, dividendos28 e esses valores são reinvestidos nas carteiras fictícias, logo, as oscilações dos índices de ações não é determinado apenas pelas variações dos preços destas no mercado secundário mas, também, pelos seus dividendos. Da mesma maneira, as ETFs reaplicam os dividendos recebidos na própria carteira, aumentando o valor patrimonial do fundo e, desta maneira, fazendo com que o valor da cota da ETF seja extremamente próximo (em torno de 99%) do valor do índice de mercado que ela simula. Dessa forma, a única forma de rentabilidade reside na negociação dessas cotas, comprar barato e vender caro, logicamente, como os ETFs seguem a oscilação dos índices não há espaço para especulação, é apenas uma questão de tempo e sorte, o investidor deve ter em mente que se trata de um investimento de longo prazo. Investir em cotas de um ETF é um processo semelhante ao investimento em Ações, o ETF, como já foi dito anteriormente, é um Fundo de Investimento Fechado, ou seja, suas cotas são negociadas no Mercado Financeiro, para se investir nelas é preciso comprá-las 28Dividendo é um valor proporcional ao lucro da empresa ao qual os acionistas têm direito de receber. 137 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância na bolsa de valores, da mesma maneira, para auferir lucro é preciso vendê-las a um preço superior ao pago no ato da compra. Como os preços das cotas seguem as variações do índice à que o ETF é referenciado, basta o investidor realizar uma análise do índice que pretende investir e selecionar aquele que possuir expectativa de valorização e, então, comprar as Cotas do ETF que segue aquele índice, quando as cotas se valorizarem o suficiente basta vende-las para obter seu lucro. Ao mesmo tempo em que o investimento em cotas de ETF é cheio de riscos são esses mesmos riscos que permite ao investimento em cotas de ETF um potencial de rentabilidade considerável. Entre 1999 e 2012, o Ibovespa passou de 17mil pontos para 61mil pontos, um crescimento de quase 259%. O investidor atento neste período que soube aproveitar as oscilações positivas e negativas do índice pode auferir lucros maiores ainda do que 259%, da mesma maneira, aquele que não soube realizar os investimentos amargou prejuízos consideráveis, principalmente, no período entre 2007 e 2008 quando a bolsa amargou uma desvalorização de quase 50%, passando de 64mil pontos para 37,5mil pontos, 5 anos depois, em 2013, a bolsa ainda não alcançaria os 64 mil pontos. De qualquer maneira, vai tudo depender da análise do investidor, de seu acompanhamento constante e de uma “pitada de sorte”. Uma observação importante, os dividendos pagos pelas ações que compõem a carteira do ETF não serão distribuídos aos cotistas, serão reinvestidos nas ações da carteira. Logo, tudo se resume ao preço de compra e de venda, por conta disso será preciso realizar análises. Analisar os fundamentos contábeis e financeiros de todas as ações da ETF não seria muito prático e, por conta da diversificação da carteira, não seriam muito eficientes essas análises pois a grande variedade de ativos na carteira da ETF diluí o impacto específico do resultado econômico de cada determinada ação sobre a oscilação do índice que a ETF segue. Logo, as análises válidas e praticáveis são a análise gráfica ou técnica e o acompanhamento de notícias relacionadas aos ativos do índice, mas que, de certa forma, vão surgir também na análise gráfica, logo, o foco deve ser a análise técnica mesmo. Por meio dessa análise o investidor vai determinar seus pontos de entrada e saída, ou seja, o 138 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância momento e o preço de comprar e de vender para ter seu lucro. A análise técnica ou gráfica, como o nome já diz, analisa os históricos de preços do ativo e usa diversas ferramentas para tentar prever as oscilações futuras de preço desse ativo, desde a cálculos estatísticos até a análise de imagens e figuras que se formas nos gráficos. Quando o investidor aplica seu capital em cotas de um ETF, a estratégia de investimentos e diversificação de carteira fica limitada, uma vez que ao adquirir uma cota já se está aplicando, indiretamente, em vários ativos diferentes e não há a possibilidade de alterar a carteira do ETF – o fundo deve seguir o índice que está referenciado e, portanto, sua carteira de ativos é limitada aos ativos do índice –, por conta disso, a estratégia de investimentos para ETF é limitada e simples. O investidor analisa e seleciona os índices que desejar investir, avalia quais possuem potencial de valorização ou quais ele espera conseguir ganhar dinheiro por meio de especulação (ou seja, comprar e vender em curto período de tempo) e, então, compra as cotas quando estas estiverem sendo negociadas por um preço que o investidor julgar baixo o suficiente – ou seja, se a expectativa de valorização do índice for concretizada o investidor só terá lucro caso tenha adquirido as cotas por um preço abaixo da sua expectativa de valorização, mas se este preço estiver muito baixo pode ser sinalização de que ainda pode cair mais, ou se estiver muito alto, talvez já tenha valorizado demais. Portanto, qualquer estratégia de investimentos em cotas de ETF irá depender de uma análise prévia, conjuntural e gráfica principalmente, e é essencial que o investidor conheça os tipos de ETFs negociadose a composição de suas carteiras, uma vez que oscilação de preços dos ativos componentes da carteira de investimentos do ETF refletirá na oscilação de preços das Cotas. 7.4.3. ETFs – Custos e Tributação Os custos são semelhantes, mas, em via de regra, menores do que outros investimentos em renda variável e/ou fundos de investimento, a principal vantagem em relação aos fundos de investimento é que não há o IR come-cotas nem Taxa de performance. Aplicar em ETFs tem os seguintes Custos: Taxa de Corretagem, Taxa de Administração, Custódia, Imposto de Renda e Emolumentos. Vamos ver cada um deles em detalhes: 139 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • Taxa de Corretagem29: É cobrada pelas corretoras e bancos de investimentos para intermediar as negociações (compra e venda) na bolsa de valores. Pode ser cobrada de três maneiras: 1. Taxa fixa independente do volume da operação. Por exemplo: R$ 10,00 por negociação realizada. 2. Uma porcentagem sobre o montante da operação. Esta porcentagem pode variar de acordo com o volume transacionado. Por exemplo, quanto maior for o volume da operação menor será a porcentagem cobrada. Ou seja, se você negociar até R$5mil reais a corretagem será de 2% sobre os R$5mil e se negociar mais de R$5mil sua corretagem passa a ser 1%. 3. Uma combinação de taxa fixa e porcentagem, ou seja, cada negociação será cobrada uma corretagem de R$10 mais 0,5% sobre o valor negociado. • Taxa de Administração: Trata-se da remuneração paga ao administrador do fundo de índice por executar os trabalhos relativos à gerência administrativa do fundo. O valor é expresso na forma anual, mas sua cobrança é diária e incide sobre o total do patrimônio do fundo. As despesas de taxa de administração, assim como eventuais receitas provenientes de empréstimos de ações integrantes da carteira, estão incorporadas nas cotas do fundo. Ou seja, ao consultar o valor da cota, o administrador já terá descontado o valor da taxa de administração. Portanto, é um custo que não vai sair diretamente do seu bolso porque já foi incorporado no preço da cota. • Emolumentos: É uma taxa de negociação e liquidação que incide sobre as negociações na Bolsa de Valores. Os emolumentos são cobrados pela BM&FBOVESPA e CBLC1 através de uma taxa fixa para cada tipo de operação. As operações normais de compra e venda efetuadas em pregões30 distintos, tem incidência de 0,0345%, sendo 0,0285% da BM&FBOVESPA (taxa de negociação) e 0,006% da CBLC (taxa de liquidação). Já as operações de daytrade – compra e venda de um ativo em um mesmo dia – tem a incidência de 0,025%, sendo 0,019% da BM&FBOVESPA e 0,006% da CBLC. • Custódia: A custódia é o único Custo mensal para quem investe no mercado financeiro. É um valor, que pode ou não ser cobrado pela Corretora ou Banco 29Algumas corretoras podem realizar suas negociações de forma separada, assim, se você pedir para comprar várias cotas diferentes, no mesmo dia, a corretora pode vir a taxar suas negociações várias vezes, taxando cada compra, por isso que custódia a preço fixo é algo arriscado para quem negocia muito. 30 Pregão é um nome dado para o dia de negociações que vai das 10h às 17h. E o “after-market” que ocorre das 17h01 às 18h. 140 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância (algumas corretoras dão isenções para quem negocia muito, outras simplesmente não cobram para atrair mais clientes), referente aos custos que eles têm junto à CBLC31 e pode assumir duas formas (as duas formas podem ser cobradas simultaneamente): 1) Custódia Fixa – é um valor fixo cobrado todo mês, as vezes, pode ocorrer um desconto, parcial ou total, sobre essa taxa, caso o cliente não possua nenhuma ETF; 2) Taxa sobre o valor da carteira do cliente– é uma taxa mensal que é cobrada de acordo com o valor de todos os ativos pertencentes à carteira do cliente no último dia útil do mês, pode ser um valor fixo ou uma porcentagem e normalmente só é cobrada para quem possuí mais de R$300mil em ativos. ISSQN Ainda sobre a taxa de corretagem, é importante destacar também que há a incidência do ISS (Imposto Sobre Serviços) sobre o valor da corretagem. Esta taxa varia de acordo com cada município e costuma ser de no máximo 5%. Por exemplo, para uma corretagem de R$ 10,00, o ISS de 5% será igual a R$ 0,50. Mas a corretora não necessariamente vai te cobrar isso ou te informar sobre isso, o mesmo que acontece quando compramos algo no mercado e pagamos ICMS sem saber. A taxa de Corretagem deve ser informada pela sua Corretora ou Banco e deve estar presente na sua Nota de Corretagem, um documento que você irá receber, via internet ou por correio, toda vez que realizar uma negociação na bolsa de valores, essa Nota de Corretagem irá conter todas as informações sobre a sua Negociação: Preço de Compra, Quantidade de Compra, Custos e Impostos etc. Imposto de Renda A cobrança do Imposto de Renda sobre as operações financeiras na Bolsa de Valores é a que mais gera dúvidas, por conta, disso vamos em partes. Primeiramente devemos saber que pagamos IR sobre operações financeiras no mercado de Renda Variável de duas maneiras: 31CBLC é a sigla de Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia trata-se da entidade responsável por armazenar as informações que comprovam que os ativos adquiridos pertencem a você, ou seja, é quem “guarda” as suas ações e cotas. Antigamente se recebia um papel que certificava a posse dos mesmos, atualmente isso foi digitalizado e quem cuida disso é a CBLC. Assim, seus ativos ficam seguros e o sistema de negociações fica mais rápido e eficiente. Já imaginou se você tivesse que enviar por correio seus papéis que fosse vendê-los! 141 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1) IR na Fonte, retido pela Corretora ou Banco. Em operações de Daytrade, há cobrança de 1% IR sobre o valor da operação na fonte. Para operações normais, há cobrança de 0,005% de IR sobre o valor da operação. 2) Em ambos os casos, esse valor retido poderá ser declarado no IR e seu valor será abatido do total a reter de IR. Além disso, esse valor poderá ser considerado como um acréscimo no preço de compra da ETF e, assim, quando formos vendê-la isso irá reduzir o valor nominal do lucro auferido para fins de IR. Se você se esquecer de fazer a sua Declaração de Ganhos de Capital, estará sujeito a cobrança de Juros, Multa e correção monetária com base na SELIC. Acesse o site da Receita Federal e informe-se a respeito sobre como utilizar o programa para fazer declarações. Para mais informações e orientações sobre esse procedimento basta acessar o site da Receita Federal: http://www.receita.fazenda.gov.br/PessoaFisica/IRPF/2012/perguntao/assun tos/ganho-de-capital.htm ou baixar o manual em: http://idg.receita.fazenda.gov.br/interface/cidadao/irpf/2017/perguntao 3) IR pago mensalmente: Nesse caso, devemos declarar nossos ganhos utilizando o software da Receita Federal, IRPF, e dentro dele haverá uma aba chamada de Ganhos de Capital, nela você irá inserir os dados para a declaração de ganhos com a alienação de valores mobiliários (as Cotas de um ETF são valores mobiliários) e então enviar à Receita a declaração pela internet mesmo. Basta colocar o valor de Compra e o de Venda, ambos estarão presentes na sua nota de corretagem que sua corretora lhe enviará. Para quem negociou mais de R$20mil no mês, essa declaração deverá ser feita no mês seguinte ao da venda da ETF. Caso contrário, anualmente junto com a declaração de IR normal. 4) Para operações de Daytrade o IR será de 20% e para operações normais de 15%. Detalhe técnico: No preço de compra todos os custos entram, assim, se você pagou R$45 na ETF e com os custos e IR na fonte, pagou R$47, o preço decompra declarado será R$47. O mesmo vale no preço de venda, mas agora abatendo, se você vendeu a cota por R$55, mas com custos e taxas, recebeu R$52, o preço de venda para o IR será de R$52. Assim seu IR de 15% será sobre o lucro que de fato você obteve, ou seja, a diferença entre R$47 e R$52. Outro ponto importante, no caso de haver diversas cotas compradas e 142 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância vendidas em momentos diferentes, você vai precisar calcular o valor médio delas, tanto para venda quanto para compra. 7.4.4. ETFs – Riscos Como todo investimento de renda variável, as aplicações em ETFs não estão imunes aos riscos do mercado. Apesar da diversificação em sua carteira de Ações alguns desses riscos são mitigados, mas não deixam de existir. Por isso, é muito importante conhecermos todos os riscos envolvidos no investimento em Ações. O risco sistêmico é o risco presente em todo o tipo de investimento em renda variável e fixa, como por exemplo o já citado Risco da Inflação. É o risco associado a todo o sistema financeiro e como esse risco pode afetar o desempenho de seus ativos. Na renda fixa esse risco está mais relacionado às oscilações das taxas de juros e inflação, na renda variável a coisa fica bem mais complexa, a Conjuntura Econômica Nacional e Internacional, a Expectativa futura dos investidores, as oscilações do Dólar, Juros e inflação, enfim, muitos fatores externos que podem vir a afetar indiretamente o mercado de renda variável são uma fonte de Risco Sistêmico. Esse risco é completamente inevitável não importa a quantidade ações adquiridas nem a diversificação de seus investimentos. Já o risco específico e o de mercado podem ser mitigados com a diversificação. Investir em uma cota de ETF é como adquirir indiretamente Ações, portanto, tudo aquilo que pode vir a afetar o desempenho desse mercado pode afetar as cotas. Ações (como veremos em breve) são um “pedaço” bem pequeno de uma empresa negociados na Bolsa de Valores, por conta disso, tudo aquilo que pode vir a afetar o Mercado Financeiro e o Mercado no qual a empresa está inserida pode afetar os preços de suas Ações. Por exemplo, as ações da Petrobrás são afetadas pelo Preço do Barril de Petróleo, pelo Consumo de Gasolina no País e pelo “humor” dos investidores estrangeiro que aplicam seu capital em suas ações, quaisquer variações nesses três fatores irão afetar os preços das Ações da Petrobrás, porém, como a Carteira de ETF pode ser bastante diversificada, esses riscos são diminuídos. Além desses riscos todos os ativos negociados na Bolsa de Valores estão sujeitos a riscos Legais, de Crédito, Operacional, de Custódia e de Liquidez (vale mencionar que os riscos que serão citados são bem remotos, uma vez que o mercado de valores mobiliários brasileiro é uma referência mundial em segurança, fiscalização e organização). 143 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Vamos detalhar esses cinco tipos de riscos. 1) Risco Específico Legal: O risco de que uma parte sofra uma perda porque as leis ou regulações não dão suporte às regras do sistema de liquidação de valores mobiliários, à execução dos arranjos de liquidação relacionados ou aos direitos de propriedade e outros interesses que são mantidos pelo sistema de liquidação. O risco legal também surge se a aplicação das leis ou regulações é pouco clara e acaba afetando negativamente o negócio da empresa detentora de ações. 2) Risco Específico de Crédito: É o risco associado às dívidas da empresa, no caso de ela não poder quitá-las e ir a concordata, falência ou execução judicial. Impactando assim, negativamente, em suas ações. 3) Risco Específico Operacional: Risco de haver erro humano ou falha de equipamentos, programas de informática ou sistema de telecomunicações imprescindíveis ao funcionamento de determinado sistema ou ataques cibernéticos. 4) Risco Específico de Custódia: O risco de perda nos valores mobiliários mantidos sob custódia, ocasionado por insolvência, negligência ou por uma ação fraudulenta do custodiante ou de um subcustodiante. 5) Risco Específico de Liquidez: Variação desfavorável de retorno devido à falta de negociabilidade de um instrumento financeiro por preços alinhados com vendas recentes. O risco de liquidez pode surgir em função do tamanho de determinada posição em relação aos volumes usuais de negociação ou da instabilidade das condições de mercado. No caso das cotas de ETFs esse risco é baixo, pois a negociação das mesmas é bem movimentada, não tanto quanto o mercado de ações, mas suficientemente movimentada nas principais ETFs e, a tendência de continuar crescendo. 144 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Resumo das Características dos ETFs Funcionamento São Cotas Patrimoniais sobre Fundos de Investimentos Fechados que aplicam seu patrimônio em Ações que componham algum Índice de Mercado Lote Padrão: 10 cotas Tipos de ETFs variam muito, podendo aplicar em quaisquer índices de mercado calculados pela B3. Diversas instituições financeiras podem emitir ETFs, portanto, é possível haver mais de uma ETF que aplica no mesmo índice, mas com códigos diferentes e gestores diferentes. Custos Taxa de Corretagem, Custódia e Emolumentos. Taxa Adm. na fonte. Imposto de Renda de 15% sobre o lucro na venda; Isento sobre os Rendimentos Capital Inicial Varia de Cota para Cota, cada Cota segue proporcionalmente o valor do Índice. Riscos Riscos associados à carteira de ativos que o ETF detém. A valorização ou desvalorização dos ativos na carteira da ETF variam por uma enorme gama de fatores como o desempenho da empresa, do mercado onde ela está inserida, da economia, das expectativas dos investidores e até mesmo o humor dos mesmos pode afetar a variação de preços das ações. Vários riscos podem ser citados: Sistemático, Legal, de Mercado, Financeiro, Operacional etc. Rentabilidade Pelos mesmos motivos citados que geram os fatores de risco, o potencial de rentabilidade dos ETFs é elevado, mas sua rentabilidade é de fácil acompanhamento uma vez que segue de perto algum índice de mercado. O Lucro se dá mediante a venda das Cotas. Estratégias Existem muitas estratégias cada uma adequada para o perfil do investidor e de acordo com o planejamento de investimentos do investidor, algumas com maiores possiblidade de darem certo e outras com menor possibilidade, porém, todas são possibilidades e nenhuma delas é 100% certa e garantida Vantagens Liquidez elevada, Potencial de Rentabilidade Elevado Transparência de Informações, Acompanhamento fácil. Análise Gráfica mais sensível, por conta de seguir algum índice. Desvantagens Alto Risco, resultante da elevada quantidade de fatores que podem afetar o mercado, direta e indiretamente Impossibilidade de prever o futuro do mercado com 100% de certeza Capital inicial um pouco elevado Necessidade constante de acompanhamento e análise dos investimentos 7.5. FIIs 7.5.1. Definição, Funcionamento e Quem Emite Um fundo de investimento imobiliário (FII) é uma mistura de investimento em ações, com imóveis e com fundos de investimento. Para melhor entendê-los vou enumerar suas características e fazer algumas analogias: 1) Fundo de Investimento Fechado Primeiramente, um FII é um fundo de investimento fechado, ou seja, as suas Cotas não podem ser resgatadas junto ao banco, isso ocorre porque as cotas do fundo não 145 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância representam um montante de capital que pode ser a qualquer momento liquidado pelo banco/administrador do fundo e sim, representam um investimento no setor imobiliário. Por exemplo, o Fundo WPLZ11B, é um FII que adquiriu 30% dos direitos deexploração do imóvel em que se encontra o Shopping West Plaza, e por conta disso o Shopping West Plaza paga ao fundo WPLZ11B um aluguel referente a esses direitos de exploração, ou seja, o FII West Plaza shopping é “dono” de 30% do imóvel em que o shopping se encontra e por causa disso ele recebe um aluguel. Esse aluguel, após deduzidos impostos e custos de administração do fundo, é então distribuído aos cotistas na forma de Rendimentos Mensais. 2) Aplicação do Patrimônio do Fundo A segunda característica de um FII, como já foi dita anteriormente, é que o patrimônio do fundo é aplicado no setor imobiliário, ou seja, é uma nova categoria de fundo de investimento. Existem os fundos de ações, que investem em ações, os fundos DI, que investem em renda fixa, entre outros fundos. Já os fundos imobiliários, investem em imóveis, de diversas maneiras (que serão explicadas posteriormente). Porém com um diferencial, como já foi dito, as Cotas dos FII são negociadas na Bolsa como se fossem Ações. Quando você compra uma Ação da Petrobrás, você está comprando um direito de ser sócio da empresa Petrobrás e por isso você irá receber, ocasionalmente, Dividendos e também terá a possibilidade de, posteriormente, vender esse direito no mercado secundário. Com os FII é a mesma coisa, A diferença é que você estará investindo em Imóveis. 3) Acessibilidade dos FII e Benefícios Fiscais A terceira característica dos Fundos Imobiliários é a acessibilidade, por funcionarem pelo sistema de Cotas, o lote padrão de negociação desses FII é de 1 cota. E já que existem cotas a partir de R$1,00 nota-se que os FII são um ativo muito acessível. Além disso, visando facilitar ainda mais o ingresso de pequenos e médios investidores nesse mercado, o governo concedeu alguns benefícios fiscais. Para aquele investidor que: 4) Detiver menos de 10% do total de cotas do fundo (o que é muita coisa! dado que a maioria dos fundos tem centenas de milhares de cotas e um patrimônio de centenas de milhões de reais). 5) O fundo tem que ter no mínimo 50 cotistas (difícil ter menos do que isso). 146 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6) As cotas têm de ser negociadas em mercado de balcão organizado (SOMA) ou na Bolsa de Valores (existem fundos imobiliários que não são negociados nem na SOMA nem na Bolsa, logicamente, não há necessidade alguma de estudá-los pois o acesso a estes é restrito). Se respeitadas essas três condições (que quase sempre ocorrem) os rendimentos mensais pagos pelos fundos são isentos de IR, o que é um baita benefício! Visto que a maioria dos fundos costuma render o mesmo ou até mais que uma aplicação em CDI. A isenção de IR os torna, muitas vezes, mais rentáveis que os ativos de renda fixa. Já no ato da venda/alienação das cotas no mercado secundário, havendo lucro, incide 20% de IR. Quem Emite Geralmente, grandes instituições financeiras emitem e administram os fundos imobiliários, porém, por diversas vezes eles apenas estão intermediando um processo mais complexo, empresas que detêm imóveis em seus patrimônios ou que atuam na construção civil podem buscar nos FIIs uma excepcional fonte de financiamento para suas atividades, e inclusive esse processo vem crescendo muito no país. Por exemplo, o prédio sede do banco Itaú na av. Paulista em São Paulo, o edifício Ouroinvest ou os prédios em que as Faculdades Anhanguera realizam suas atividades, ambos faziam parte do patrimônio das empresas Itaú e Kroton, para ambas, era um grande capital parado, o negócio do Itaú, um banco, é movimentar dinheiro, enquanto o negócio da Kroton é educação, logo, para nenhum dos dois, esse dinheiro potencial e parado era algo positivo. Ao mesmo tempo, encontrar meia dúzia de investidores com capital suficiente para comprar esses imóveis seria bem difícil, assim, os FIIs surgem como uma alternativa de financiamento. Ao transformar seus patrimônios em um FII e dividir esse patrimônio em cotas de R$100, ele puderam vender seus ativos imobilizados no mercado financeiro com muita facilidade, captar uma grande quantia e, ao firmar um contrato de aluguel atípico com o FII, garantiram para eles um custo de permanência fixo e projetável à longo prazo ao mesmo tempo em que deram segurança para os investidores do FII, todos saíram ganhando, o emissor que captou dinheiro ao vender seus imóveis e passar a ser um inquilino, e os investidores que puderam se tornar proprietários de um imóvel altamente rentável mas que individualmente seria extremamente caro de se investir. Além desse tipo de FII, podem existir FIIs como o Shopping Parque Dom Pedro em Campinas/SP que teve suas obras financiadas com o dinheiro da emissão do FII antes de sua construção, quem detêm cotas desse FII recebe uma parcela dos lucros do shopping. Ainda há FIIs de caráter financeiro que atuam comprando cotas de outros FIIs, CRIs e FIDCs. Assim como existem FIIs que atuam comprando imóveis comerciais, ou até mesmo, construindo e vendendo imóveis e repassando os lucros aos cotistas. 147 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Resumindo, um fundo de investimento imobiliário é um fundo de investimento fechado, ou seja, suas cotas são negociadas em bolsa de valores e não há possibilidade de resgate junto ao banco. Tem seu patrimônio aplicado no mercado imobiliário de diversas maneiras e o lucro proveniente dessas operações é distribuído, proporcionalmente, aos cotistas na forma de Rendimentos e/ou Amortizações. Na sua grande maioria os fundos distribuem rendimentos mensalmente, dentro de certas condições os Cotistas recebem isenção de IR sobre os rendimentos distribuídos e existem cotas no mercado a preços acessíveis a partir R$1,00. Esclarecido então o que é um fundo, podemos resumir como funciona esse investimento: Como Funciona Funciona exatamente igual ao investimento em Ações, você abre uma conta na corretora ou banco e compra e vende as Cotas na Bolsa de Valores. E os custos são exatamente os mesmos. A única diferença está nos Rendimentos Distribuídos pelo FII, que dadas certas condições (e, diga-se de passagem, quase sempre você vai se enquadrar nessas condições), são isentos de IR. O Lote padrão para FIIs é de 1 cota, com apenas uma cota o investidor já tem direito aos rendimentos proporcionais. 7.5.2. FIIs – Custos e Tributação Os custos de se operar com FIIs são idênticos aos de se operar com Ações e ETFs, a principal diferença reside no IR. Imposto de Renda: Em ambos as negociações, daytrade ou normal, o lucro na operação de venda do FII incide uma cobrança de 20% de IR. Independentemente do valor, a venda deve ser declarada no mês seguinte ao da venda e o imposto recolhido, mediante o software da receita federa. Com relação aos cálculos vale o que já foi explicado anteriormente, considere todos os custos sobre a compra para somar ao preço de compra e todos os custos sobre a venda para abater do preço de venda, obtendo assim, o valor exato de lucro auferido para o cálculo do IR. 148 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Isenção de IR sobre os Rendimentos de FIIs Como os rendimentos distribuídos pelos FIIs são provenientes das atividades desempenhadas pelo FII, como por exemplo, parcela proporcional dos aluguéis recebidos pelo FII de seus inquilinos, e essas atividades já tiveram recolhimento prévio de IR, feito pelo gestor do FII, os cotistas são beneficiados com a isenção de IR sobre esses rendimentos, uma vez que pagar IR sobre eles seria bitributação. 7.5.3. FIIs – Rentabilidade A rentabilidade de um Fundo Imobiliário pode ocorrer de duas maneiras, com o Lucro na Alienação (Venda) das cotas no mercado secundário e com os Rendimentos Distribuídos periodicamentepelo Fundo. Para compreender melhor o Potencial de rentabilidade de um Fundo Imobiliário, tanto em relação ao potencial de valorização da cota quanto em relação ao potencial de rendimentos distribuídos mensalmente, o investidor precisa analisar o Perfil do Fundo, suas políticas de investimentos e seus ativos-alvo. As tabelas abaixo foram elaboradas com o objetivo de simplificar e facilitar essa análise para o investidor, nessas tabelas estão separados todos as Categorias e Subcategorias que os Fundos de Investimento Imobiliário podem assumir, de acordo com as suas Políticas de Investimentos e Ativos-Alvo32. Para elaborar essas tabelas e realizar essa categorização dos Fundos Imobiliários foram analisados os Prospectos e Perfis de investimentos de cada fundo imobiliário negociado na Bolsa de Valores em 2012 – essas categorias foram elaboradas visando abranger todas as possíveis variações que os fundos podem assumir, portanto, mesmo com o lançamento de novos fundos nos anos seguintes à pesquisa, dificilmente esses novos fundos não se enquadrem nas categorias propostas. Em suma, são 5 categorias, cada uma com pelo menos 2 subcategorias e vários ativos-alvo – muitos preferem definir o tipo do Fundo Imobiliário de acordo com os seus Ativos-Alvo, o que é na verdade um grande equívoco, uma vez que Fundos Imobiliários com ativos-alvo semelhantes podem vir a ter Políticas de Investimentos diferentes e, isso, muda completamente o perfil de Risco e o Potencial de Retorno do Fundo Imobiliário. 32Estas tabelas são resultado de uma longa análise realizada para elaborar o Artigo “Entendendo o que é um FII” e “Proposta de Categorização dos Fundos de Investimentos Imobiliários brasileiros”, por EID, G.S. (2012). 149 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Atualmente os ativos-alvo dos Fundos Imobiliários são: Agências Bancárias, Hospitais, Shopping Centers, Galpões Industriais, galpões logísticos, edifícios-sede, edifícios comerciais (lajes corporativas), Instituições de Ensino, Salas Comerciais, Residências, Centros de Conveniência e Serviços, Hotéis, Títulos Financeiros Imobiliários e de Renda Fixa, Cotas em FIPs, Ações de empresas vinculadas à Construção Civil e Cotas de FIIs. Vamos ver em detalhes as categorias: A categoria I possui o mais baixo nível de risco e, consequentemente, um baixo potencial de rentabilidade, em compensação, apresentam um fluxo de rendimentos distribuídos constantes e crescentes ao longo do tempo. A categoria II também possui um baixo nível de risco, mas, por conta do objetivo de Alienação dos imóveis, o potencial de rentabilidade é maior do que os Fundos da Categoria I. Esses fundos não, necessariamente, apresentam um fluxo de rendimentos distribuídos constantes e crescente ao longo do tempo, o lucro desses fundos tem caráter eventual e na forma de Amortizações. 150 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A categoria III é a que tem o maior nível de risco, mas esse nível de risco varia muito entre as subcategorias, a Categoria de Projetos pré-arrendados têm o menor risco, pois, depois de concluída a obra, haverá um inquilino e isso também afeta o potencial de rentabilidade, que é o menor das 3 subcategorias. A subcategoria de Projetos para locação posterior tem um risco maior, além do risco da própria construção do empreendimento, há o risco de vacância até que se encontre um inquilino, em compensação, vão buscar uma remuneração maior. A subcategoria que visa alienar posteriormente o empreendimento é a de maior risco e maior potencial de rentabilidade, conta com o risco da construção e de liquidez dos imóveis a serem vendidos, em compensação, proporcionarão uma das maiores rentabilidades entre todas as categorias de fundos imobiliários, assim que as Alienações forem concretizadas e o lucro distribuído. 151 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A categoria IV tem um nível de risco baixo, não mais baixo do que a Categoria I, pois aplica em títulos de dívida imobiliária, há o risco inerente a esses ativos, mas em compensação, costumam render mais do que os títulos de renda fixa. O potencial de rentabilidade é baixo, mas constante. 152 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A categoria V é uma mistura de todas as categorias já citadas, por conta disso, os níveis de risco e o potencial de rentabilidade variam muito e dependem da política de investimentos predominante. 153 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 7.5.4. FIIs – Estratégias de Investimentos E por último, existem várias estratégias de investimentos em Fundos Imobiliários, assim como ocorre nas ações, mas 3 delas são dignas de atenção: 1) Adquirir FII’s que pagam bem: Os históricos de pagamentos dos Fundos Imobiliários estão disponíveis no website da Bovespa na seção Histórico de Distribuição de cada respectivo FII, com base nisso, o investidor separa os FII’s que estão pagando bem em relação ao seu preço de venda no mercado. Basta dividir o preço do rendimento pago pelo preço de venda da Cota no mercado, se esse resultado (%) for superior ao CDB está valendo a pena comprá-lo. 154 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2) Adquiri FII’s próximo ao reajuste do aluguel: No website já citado podemos encontrar os ativos que o FII adquiriu e saber que mês do ano em que o aluguel será reajustado, basta olhar o Prospecto do Fundo (ou também é só observar o histórico de distribuição e buscar um período em que os valores pagos sempre aumentam com regularidade anual), e assim, adquirir as cotas alguns meses antes do ajuste do aluguel, assim quando o ajuste ocorrer o preço da Cota provavelmente irá subir também, você ganha na venda se quiser ou ganha no pagamento mensal. 3) Adquirir e Vender FII’s conforme seu Preço Justo: Baseado nas duas estratégias citadas anteriormente, podemos elaborar uma estratégia semelhante àquela usada nas LTN e NTN-F, após adquirirmos uma Cota FII, fazemos a seguinte conta, o quanto eu quero receber mensalmente (1% por exemplo vira 0,01), e divido o valor pago mensalmente por esse valor essa conta vai me dar um resultado (por exemplo, R$1,00 divido por 1% dá R$100). Esse resultado é o preço-justo desse FII (justo para você, essa medida em % pode variar entre pessoas e mercados, 1% na Europa por exemplo é muito, para o Brasil é apenas razoável), você só vai vender sua Cota por um preço superior a esse, e o raciocínio inverso para compra, se esse FII estiver mais barato do que isso você o compra. Se não souber quanto de % colocar, utilize a taxa DI, uma vez que a renda mensal do FII é isenta de IR, se você conseguir um FII que lhe renda o mesmo que DI, já vai estar ganhando mais que a maioria dos ativos de renda fixa, pois será um rendimento líquido da DI, ou seja, um CDB de 100% da DI renderá menos do que um rendimento de FII igual à DI, pois não haverá IR sobre o rendimento do FII. Portanto, pegue o rendimento pago pelo FII dívida pela DI do mês, se o valor do FII no mercado estiver abaixo do valor obtido na conta, compre. Se você já tiver a cota e o valor do mercado estiver bem acima, pode vender (Mas vale uma sugestão aqui, foque nos rendimentos e não na venda das cotas, pois os rendimentos crescem com o tempo, logo sua rentabilidade também vai crescer). 7.5.5. FIIs – Riscos Já os riscos são semelhantes aos riscos das ações e dos imóveis, mas ao mesmo tempo, são bem menores do que os dois, isso porque as características peculiares de um FII o tornam melhordo que o investimento direto em imóveis e em comparação às ações, os Fundos Imobiliários fazem parte de outro mercado e outro sistema, então, enquanto o 155 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância cenário para empresas ou “humor” dos investidores de ações estão de um jeito, o cenário para os FII e o “humor” de seus investidores é completamente outro. Quando comparado ao investimento direto em imóveis, um FII tem maior liquidez que um imóvel, ou seja, vende mais rápido. Além disso, tem um menor risco de ficar vazio por conta da localização dos imóveis que o FII investe. Adicionalmente, todos os contratos de aluguel que o FII firma com seus inquilinos são reajustados acima da IGP-M e tem um prazo excepcional (normalmente, décadas de contrato), ou seja, não há risco de ficarem vazios e nem de renderem menos do que a inflação (se você os comprar pelo preço correto). Também podemos citar que os imóveis são segurados em caso de emergência, assim se o prédio cair ou pegar fogo você ainda receberá uma indenização, resumindo, em relação ao investimento direto em imóveis os FII são muito superiores e muito mais fáceis e baratos. Quando comparados às ações, o mercado imobiliário é muito mais estável e menos especulativo, além disso, o lucro nesse mercado depende principalmente dos aluguéis, ou seja, a demanda e a oferta afeta pouco aqui, sendo assim, temos menos volatilidade. Dessa forma, os FII’s são uma maneira excelente de se diversificar a sua carteira de investimentos, uma alternativa muito interessante para quem quer investir no mercado imobiliário e principalmente, um ótimo ativo para quem planeja investir no longo prazo e que quer um investimento que gere lucros mensais e constantes acima da inflação, sem ter que correr os riscos de se investir em empresas, pois os FII investem em imóveis. Por tudo isso, os Riscos de um FII são baixos se comparados às ações e imóveis e as possíveis rentabilidades são interessantes, de um lado o FII distribui lucros mensalmente reajustados anualmente pela Inflação (a grande maioria dos FII rende proporcionalmente mais do que o CDB), por outro lado, o FII proporciona também ganhos com a valorização de suas cotas (assim como ocorre com as ações) pois, se os imóveis em que o FII estão se valorizando e rendendo mais, nada mais natural do que o valor da Cota do FII valorizar também. O maior e principal risco, mas que ao mesmo tempo pode não ser tão relevante assim, é a liquidez, alguns fundos ainda tem um volume de negócios baixo e, logo, baixa liquidez, mas como veremos a seguir, isso não vai afetar muito sua lucratividade com esse 156 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância investimento, vai afetar sua capacidade de comprar e vender, mas não a lucratividade. Mas, atualmente, esse mercado já cresceu muito assim como sua liquidez. 157 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Resumo das Características dos FIIs Funcionamento São Cotas Patrimoniais sobre Fundos de Investimentos Fechados que aplicam seu patrimônio em Investimentos Imobiliários diversos Lote Padrão: 1 cota Tipos de FIIs variam muito, podendo aplicar em imóveis, terrenos agrícolas, shopping centers, hospitais, cemitérios, residências, edifícios comerciais, dívidas imobiliárias, ações de empresas do ramo imobiliários e outras cotas de FIIs. Custos Taxa de Corretagem, Custódia e Emolumentos Imposto de Renda de 20% sobre o lucro na venda; Isento sobre os Rendimentos Capital Inicial Varia de Cota para Cota, existem cotas a partir de R$1,00 Riscos Riscos associados à carteira de ativos que o FII detém. Podem ser riscos de Crédito para FIIs com CRI’s ou LCI’s. Risco de vacância para FIIs com imóveis para alugar. Risco de Mercado para FIIs com Ações ou Cotas de FIIs. Combinação de todos esses riscos. Risco de Juros, Inflação e outros riscos sistêmicos e não sistêmicos também podem afetar o desempenho dos Rendimentos e das Cotas. Rentabilidade Pelos mesmos motivos citados que geram os fatores de risco, o potencial de rentabilidade dos FIIs é elevado, e vai depender tanto dos fatores quanto do desempenho da gestão do FII. O lucro nesse investimento pode se dar de duas maneiras: Rendimentos pagos pelo FII mensalmente (Participação nos Lucros do FII) Lucro na Venda das Cotas Estratégias Existem muitas estratégias cada uma adequada para o perfil do investidor e de acordo com o planejamento de investimentos do investidor, algumas com maiores possiblidade de darem certo e outras com menor possibilidade, porém, todas são possibilidades e nenhuma delas é 100% certa e garantida Vantagens Liquidez elevada, Potencial de Rentabilidade Elevado Transparência de Informações, Participação nos Lucros mensais Informações disponíveis para análises de investimentos Desvantagens Alto Risco, resultante da elevada quantidade de fatores que podem afetar o mercado, direta e indiretamente Impossibilidade de prever o futuro do mercado com 100% de certeza Capital inicial um pouco elevado Necessidade constante de acompanhamento e análise dos investimentos 7.6. Ações 7.6.1. Definição, Funcionamento e Quem Emite Ações são ativos que representam uma parcela do capital de uma empresa. Ou seja, quem compra uma ação está comprando um “pedacinho” de uma empresa e, com isso, se tornando sócio dela. Porém, um tipo bem específico de sócio, pois ele só tem direito a receber parte dos lucros da empresa (chamados de Dividendos), não sendo responsável por nenhum prejuízo ou despesa que empresa venha a ter. 158 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância São dois os tipos de Ações no mercado: as Preferenciais (PN) e as Ordinárias (ON). A diferença é que as PN têm preferência sobre o pagamento de dividendos, enquanto as ON têm direito a Voto na Assembleia Geral de Acionistas da Empresa. Quem Emite Empresas de grande porte que demandam grandes quantidades de capital para financiar as suas atividades. Essas empresas buscam na abertura de capital uma fonte de grande volume de capital com um custo inicial bastante reduzido, porém, devem obedecer às mais diversas exigências. A dinâmica de se investir em Ações é bem simples, compra-se um Lote33 de Ações a um preço que é determinado pelo mercado (lei da oferta e da demanda) na Bolsa de Valores, depois, lucra-se com a venda dessas ações à um preço maior do que o foi pago por elas. Em tese, conforme as oscilações na conjuntura econômica e na atividade da empresa, as respectivas ações negociadas na bolsa de valores vão oscilar também, podendo ter seu preço valorizado ou desvalorizado, se a empresa cresce e lucra mais, o preço de suas ações também devem se valorizar, assim, se a empresa vai bem os preços sobem e se vai mal os preços caem (afinal, as ações representam uma pequena fração da empresa) e para obter lucro com elas (ou prejuízo) basta vendê-las novamente na Bolsa de Valores. Claro que, estamos simplificando, como já abordamos na conceituação de renda variável e ETFs, o mercado de renda variável está longe de ser simples e previsível, estamos lidando com uma infinidade de variáveis, a grande maioria imprevisíveis. Além disso, temos fatores psicológicos também, uma vez que a lei da oferta e da demanda é determinada pela percepção dos investidores (seres humanos, no final das contas) acerca das empresas listadas na bolsa de valores e, sendo assim, suas ações vão sofrer oscilações em seus preços de acordo com essa combinação de fatores econômicos e psicológicos. Eis o motivo de tanta volatilidade nesse mercado e, também, o motivo de seu tamanho potencial de rentabilidade. 33Um lote é composto por 100 ações 159 Mercado Financeiro de Capitais UniversidadeSanta Cecília - Educação a Distância Os dividendos, no final das contas, são uma pequena (e muitas vezes insignificante) fração do potencial de rentabilidade desses investimentos, sendo, poucas as ações em que os dividendos são o alvo, na maior parte dos casos, a especulação com o preço das ações é o objetivo final e meio de lucrar. Como Funciona Para se investir em ações pode ser recorrer aos Fundos de Renda Variável que investem em Ações, Clubes de Investimentos (que nada mais é que um grupo de pessoas dando dinheiro para um Gestor Autônomo investir para eles em ações, quase como um Fundo de Renda Variável, porém, esse é só para quem tem muito capital disponível), Fundos de Índices (ETF’s) (como já dissemos, é uma forma indireta de se investir nelas) e comprá-las diretamente na Bolsa de Valores. Novamente, como se trata de um investimento no mercado financeiro, em via de regra34, só é possível negociar Ações (comprar e vender) com o intermédio das corretoras. Assim, para investir em Ações o Investidor precisa apenas abrir uma Conta em uma Corretora ou Banco de Investimento, cadastrar-se no Homebroker (software que sua corretora elabora para permitir a você negociar as Ações via Internet) e então, negociar as Ações. Para aqueles que preferem fazer isso sem utilizar a Internet, há também a opção de se investir por meio da Mesa de operações, para isto o investidor precisar ligar na Corretora ou Banco e pedir quais Ações quer vender ou comprar. A compra das ações pode ocorrer de duas formas: Indireta, mais comum, por meio da compra de Ações de um terceiro que as pôs à venda no mercado secundário. Direta, menos comum porque implica numa IPO (Oferta primária de ações), que ocorre quando uma empresa vai “abrir” seu capital, ou seja, vender parte de si no mercado financeiro, isso pode ocorrer mais de uma vez, mas não ilimitadamente, nesse cenário, o investidor tem de se subscrever para poder participar dessa compra antecipada, tendo de respeitar alguns limites de capital inicial e lote de compra mínimo estipulados na IPO. 34Algumas empresas têm planos de compra de suas ações para seus funcionários à preços mais baixos ou utilizando seu FGTS, é uma aposta, que pode ser vantajosa, mas exige cuidados e atenção aos detalhes, algumas empresas não permitem que os funcionários vendam essas ações no curto prazo, limitando assim seu potencial de lucro e a especulação. 160 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Ações e o financiamento das empresas O montante capitado com a venda das ações de uma empresa LTDA. (Sociedade Limitada) à torna uma S/A (Sociedade Anônima), esse dinheiro é de livre uso para empresa, como se fosse um empréstimo feito pelos seus novos acionistas, que passam a ser sócios da empresa. Isso muda a estrutura de gestão da empresa, em uma S/A a empresa não é mais dona de si, passando a ter suas decisões estratégicas deliberadas por um conselho administrativo composto, em parte, pelos acionistas. Dessa forma, esse “empréstimo” não sai de graça, os acionistas vão fazer exigências mínimas de rentabilidade, distribuição de parcela dos lucros na forma de dividendos, valorização do valor da empresa expresso na valorização dos papéis da empresa nas bolsas de valores etc. Resumindo, à curto prazo é um financiamento “barato” mas, a longo prazo, é uma aposta bastante cara, um empréstimo sem prazo final de pagamento e que vai gerar um compromisso financeiro perpétuo para a empresa, além das alterações em sua gestão interna. 7.6.2. Ações – Rentabilidade A rentabilidade desse investimento se dá de duas formas, mas uma delas é muito mais preponderante do que a outra. Os dividendos são uma parcela do lucro da empresa que é anualmente repassado aos acionistas, algumas poucas empresas pagam um dividendo anual considerável e, por conta disso, são alvo de uma estratégia de investimento chamada Carteira de Dividendos, que nada mais é do que comprar ações apenas de empresas que remunerem bem no momento certo (preço mais baixo possível). Mas o verdadeiro potencial de rentabilidade das ações está na especulação com os preços de compra e venda. O lucro está em comprar o mais barato possível em um momento adequado, ou seja, um pouco antes de um movimento de valorização dos preços 161 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância da ação, assim, quando a valorização chegar ao seu limite, você a vende e têm seu lucro, no menor espaço de tempo possível. Se não quiser ficar dependente desse prazo reduzido e das constantes vendas e compras, o investidor pode realizar aplicações mais conservadoras, buscando comprar ações de empresas com potencial de valorização à longo prazo elevado e vendê-las após certo tempo, quando tais expectativas se realizarem. Em ambos os casos, os riscos estão na liquidez (capacidade de conseguir vender e comprar rapidamente) e no caso de tais expectativas (sejam de curto ou longo prazo) não se concretizarem. Não faltam estratégias de investimento para o mercado de ações cada um tem a sua, mas para não confundir o leitor irei citar algumas das mais utilizadas: 1) Tomada de Posições de compra e venda: Utilizando a ferramenta da Análise Gráfica (ou Técnica) o investidor analisa o “humor” do mercado, por meio da análise dos gráficos, históricos de preços – com o uso de ferramentas estatísticas – e define o momento e preço em que ele irá comprar a ação e depois vendê-la. É uma estratégia de curto prazo, as vezes o momento de compra e venda do papel ocorrem no mesmo dia (daytrade). 2) Comprar Ações que pagam Dividendos: Algumas poucas empresas pagam dividendos “generosos” anualmente, rastrear e acompanhar essas ações e então comprá-las quando o preço delas estiver baixo é uma boa pedida para quem deseja receber um rendimento anual. É uma estratégia de longa duração, pelo menos 1 ano. A lucratividade aumenta relativamente, pois quanto mais barato você pagar pela ação, maior será o retorno relativo dos dividendos em relação ao preço de compra. 3) Seguir as Tendências: O mercado de ações as vezes pode funcionar como o mar, os preços sofrem flutuações, oscilam como ondas e as vezes se elevam rapidamente e depois despencam como se fosse tsunamis, apesar da analogia parecer tola, muitos investidores utilizam ferramentas de Análise Técnica para tentar prever essas oscilações do mercado, chamadas de tendências, e então definir momentos de compra e venda de ações. É uma estratégia de prazo variável uma vez que as tendências podem ter durações variadas. 4) Fundamentos Positivos: Por meio de uma ferramenta chama Análise Fundamentalista o investidor analisa os balanços financeiros da empresa portadora das ações, com base em indicadores elaborados para analisar seus “fundamentos” (informações que vão lhe dizer se a empresa anda bem ou não) o investidor decide se compra ou vende os papéis daquela empresa. É uma estratégia de longo prazo uma vez que os indicadores são lançados trimestralmente. 162 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5) Indicadores Financeiros positivos: Exatamente igual a estratégia anterior, mas agora são os fatores financeiros que são analisados, como Lucro, Margem de Lucro, Lucratividade comparada e etc. Normalmente as duas estratégias são utilizadas em conjunto. 7.6.3. Ações – Custos e Tributação Os mesmos que os da ETF e FIIs, a diferença reside no IR novamente: Imposto de Renda: A tributação segue algumas regras: Somente quem negociou o equivalente à R$20mil ou mais, no mês deve recolher imposto de renda sobre o lucro das operações. A alíquota é de 15% para negociações normais e 20% para Daytrade. Além disso há um recolhimento na fonte de: 0,005% sobre operações normais e 1% no Daytrade.Quanto as orientações gerais são as mesmas já citadas com relação aos ETFs e FIIs. 7.6.4. Ações – Riscos Os riscos de se investir em ações são muitos, uma vez que estamos colocando nosso dinheiro em um empreendimento estamos correndo riscos de Mercado – aqueles que afetam o desempenho do negócio, como a Conjuntura Econômica por exemplo –, não temos garantia alguma sobre nosso capital aplicado – ou seja, não há banco ou instituição ou governo que irá nos restituir em caso de prejuízo ou quebra do sistema, como ocorre na poupança e no CDB, em que sabemos que não há risco de perder tudo – e corremos riscos de Sistema – que são os riscos envolvidos nas negociações do mercado da bolsa de valores, o “humor” dos investidores afetam os preços dos ativos, o cenário internacional afeta, entre outros fatores, até mesmo a imagem da empresa pode afetar os seus preços. Ou seja, muitos fatores afetam as oscilações de preços das ações, e tudo isso representa um Risco para o nosso investimento, uma vez que essas oscilações podem ser negativas, o que prejudicaria nosso investimento. Assim como esses vários fatores podem representar um Risco são eles que representam também a oportunidade nesse investimento, o lucro com a negociação de ações não está somente nos dividendos que recebemos (na verdade os dividendos não geram lucro algum, é praticamente uma “esmola” que as empresas nos pagam anualmente e nem sempre pagam) e sim nessas oscilações de preços, são nessas oscilações do mercado em que podemos obter lucro vendendo nossas ações por um preço superior àquele que pagamos 163 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Os riscos de se investir em ações são muitos, uma vez que estamos colocando nosso dinheiro em um empreendimento estamos correndo riscos de Mercado – aqueles que afetam o desempenho do negócio, como a Conjuntura Econômica por exemplo –, não temos garantia alguma sobre nosso capital aplicado – ou seja, não há banco ou instituição ou governo que irá nos restituir em caso de prejuízo ou quebra do sistema, como ocorre na poupança e no CDB, em que sabemos que não há risco de perder tudo – e corremos riscos de Sistema – que são os riscos envolvidos nas negociações do mercado da bolsa de valores, o “humor” dos investidores afetam os preços dos ativos, o cenário internacional afeta, entre outros fatores, até mesmo a imagem da empresa pode afetar os seus preços. Tudo aquilo que já foi abordado em ETFs e Fundos de Renda Variável. São muitos os fatores que afetam as oscilações de preços das ações, e tudo isso representa um Risco para o nosso investimento, uma vez que essas oscilações podem ser negativas, o que prejudicaria nosso investimento. Por outro lado, é esse risco que representa também a oportunidade nesse investimento, o lucro com a negociação de ações não está somente nos dividendos que recebemos (na verdade os dividendos não geram lucro algum, é praticamente uma “esmola” que as empresas nos pagam anualmente e nem sempre pagam) e sim nessas oscilações de preços, são nessas oscilações do mercado em que podemos obter lucro vendendo nossas ações por um preço superior àquele que pagamos. Vamos agora detalhar outros diversos riscos do mercado de renda variável, focando as ações: • Risco associado às oscilações de preços das commodities: A volatilidade no preço das commodities leva ao risco de um aumento nos custos ou nas receitas de negócios que atuam com essas commodities. As empresas que vendem commodities se beneficiam quando os preços aumentam, mas sofrem quando eles caem. Empresas que usam commodities como insumos veem o efeito oposto. No entanto, mesmo as empresas que não têm nada a ver com commodities, enfrentam, indiretamente, risco de commodities. À medida que os preços das commodities aumentam (petróleo e açúcar, por exemplo), os consumidores tendem a controlar os gastos, o que afeta toda a economia, inclusive a economia de serviços. • Risco de imagem: É o risco de que histórias na mídia prejudiquem os negócios de uma empresa. No mundo globalizado e de disseminação de informações com 164 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância a internet de hoje em dia, esse é um risco considerável, informações sigilosas ou notícias relacionadas às empresas chegam ao público em instantes. Más notícias podem levar a uma desvalorização dos preços das ações de uma empresa específica ou até de um setor inteiro, muitas vezes ambos. Da mesma maneira, notícias otimistas quanto à recuperação econômica de um país, por exemplo, podem influenciar positivamente as ações da bolsa de valores desse país, e assim por diante. • Risco de psicológico: É o risco associado às diversas classificações que uma empresa pode receber. Todas as empresas, principalmente as de capital aberto, são avaliadas e classificadas constantes. A classificação de crédito afeta diretamente o preço que uma empresa pagará pelo financiamento. No entanto, as empresas de capital aberto têm outro número que importa tanto quanto, se não mais do que, a classificação de crédito. É a classificação de analistas de mercado. Qualquer mudança na classificação de analistas em uma ação têm um poderoso impacto psicológico na demanda por suas ações. Essas mudanças nas avaliações, sejam negativas ou positivas, muitas vezes causam efeitos muito maiores do que os justificados pelos eventos financeiros em si, que levaram os analistas a ajustar suas classificações. • Risco de Obsolescência: O risco de obsolescência é o risco de o negócio de uma empresa estar a caminho da sua extinção. Por exemplo, quando alguém encontrar uma maneira de produzir um produto similar a um preço mais barato. Com a concorrência global tornando-se cada vez mais experiente em tecnologia e reduzindo o déficit de conhecimento, o risco de obsolescência tende a crescer. • Risco de Detecção: Toda empresa listada na bolsa de valores tem seus demonstrativos financeiros e balanços contábeis auditados anualmente por entidades fiscalizadoras públicas e privadas, o risco de serem reprovadas parcial ou integralmente, e sofrerem sanções com isso, é o risco de detecção. • Risco Legislativo: O risco legislativo refere-se à relação legal entre governo e negócios. Especificamente, é o risco de as ações governamentais restringirem uma corporação ou indústria, prejudicando assim as propriedades de um investidor nessa empresa ou indústria. O risco real pode ser realizado de várias maneiras - um processo antitruste, investigações de corrupção, novos regulamentos ou padrões, impostos específicos e assim por diante. O risco legislativo varia em grau de acordo com a indústria, mas toda indústria tem alguns. Em teoria, o governo atua como cartilagem para evitar que os interesses 165 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância das empresas e do público se amassem. O governo intervém quando as empresas estão ameaçando o público e parece não querer se regular. Na prática, o governo tende a legislar demais. A legislação aumenta a imagem pública da importância do governo, além de proporcionar aos deputados com publicidade. Esses incentivos poderosos levam a um risco legislativo muito mais do que realmente necessário. • Risco dos Modelos: Quando há o risco de que os pressupostos teóricos subjacentes aos modelos econômicos e de negócios estejam errados. É o risco que mais cresce, desde 2008, quando diversas teorias econômicas se mostraram ineficazes, resultando na crise de crédito que “pegou” o mundo todo de “surpresa”. Outro exemplo, é quando metodologias de gestão se mostram obsoletas e são substituídas, as empresas que se regiam pelas teorias “falidas” sofrem com esse reajuste, sofrimento que vai se refletir no preço de suas ações. Por outro lado, uma grandeinovação de gestão, pode gerar o efeito inverso. • Risco de risco inflacionário e taxa de juros: Esses dois riscos podem operar separadamente ou em conjunto. O risco de taxa de juros, neste contexto, simplesmente se refere aos problemas que uma taxa de juros crescente causa para as empresas que precisam de financiamento. À medida que seus custos aumentam devido às taxas de juros, é mais difícil para eles permanecerem no mercado. Se está escalada nas taxas está ocorrendo em um momento de inflação, então uma empresa poderia potencialmente ver seus custos como um todo escalarem. Por outro lado, empresas que atuam com finanças podem se privilegiar com a derrocada das taxas de juros, assim como, empresas de bens de consumo e varejo podem aumentar seus lucros com a inflação. Além disso, empresas que tiverem uma gestão financeira mais eficiente que outras, vão ganhar competitividade em relação àquelas que estão endividadas, aumentando assim seu valor de mercado. Não há tal coisa como uma ação, investimento ou negócio sem risco. Embora cada um sofra com esses riscos universais e riscos adicionais específicos à sua maneira, os benefícios do investimento ainda podem superá-los. Como investidor, a melhor coisa que você pode fazer é conhecer os riscos antes de comprar, ter calma, paciência e uma “pitada” de sorte também. Lembre-se sem risco não há ganho, mas não vá ficar ganancioso e se arriscar demais. 166 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Resumo das Características das Ações Funcionamento São frações de uma empresa, negociadas na bolsa de valores Lote Padrão de 100 ações Dois tipos básicos: Ordinárias(ON) e Preferenciais(PN) Custos Taxa de Corretagem, Custódia e Emolumentos Imposto de Renda de 15% sobre o lucro quando valor negociado exceder R$20mil mensais (para negociação normal, para negociação Daytrade a alíquota é de 20%) Capital Inicial Varia de Ação para Ação, basta pegar o preço da ação e multiplicar por 100 para saber o valor do lote padrão (isso mais custos) Riscos A valorização ou desvalorização dos papéis variam por uma enorme gama de fatores como o desempenho da empresa, do mercado onde ela está inserida, da economia, das expectativas dos investidores e até mesmo o humor dos mesmos pode afetar a variação de preços das ações. Vários riscos podem ser citados: Sistemático, Legal, de Mercado, Financeiro, Operacional etc. Rentabilidade Pelos mesmos motivos citados que geram os fatores de risco, o potencial de rentabilidade das ações é elevado, e vai depender tanto dos fatores quanto do desempenho da empresa. O lucro nesse investimento pode se dar de duas maneiras: Dividendos pagos pela empresa (Participação nos Lucros) Lucro na Venda das Ações Estratégias Existem muitas estratégias cada uma adequada para o perfil do investidor e de acordo com o planejamento de investimentos do investidor, algumas com maiores possiblidade de darem certo e outras com menor possibilidade, porém, todas são possibilidades e nenhuma delas é 100% certa e garantida Vantagens Liquidez elevada, Potencial de Rentabilidade Elevado Transparência de Informações, Participação nos Lucros Informações disponíveis para análises de investimentos Desvantagens Alto Risco, resultante da elevada quantidade de fatores que podem afetar o mercado, direta e indiretamente Impossibilidade de prever o futuro do mercado com 100% de certeza Capital inicial um pouco elevado Necessidade constante de acompanhamento e análise dos investimentos 167 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 8. FONTES DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS NO EXTERIOR – O MERCADO DE CÂMBIO (FOREX) E EUROBONDS Objetivo Abordar dois dos principais métodos de captação de recursos no exterior, um de renda variável e um de renda fixa. Até o momento abordamos diversas formas que empresas, instituições financeiras e governos podem captar recursos se valendo do SFN, emitindo ativos de renda fixa ou renda variável, além de abordar o papel das instituições financeiras e investidores em meio a tudo isso. Porém, podem ocorrer situações em que a emissora (que pode ser um governo, empresa ou banco) necessite de recursos em moeda estrangeira ou de um determinado montante de capital que esteja disponível no mercado financeiro local ou que é muito custoso de ser obtido localmente. Por exemplo, se uma empresa precisa custear um investimento em dólares americanos, mas se encontra na Argentina, ela precisará recorrer ou ao mercado cambial para adquirir os dólares – tendo de pagar o valor da cotação da moeda no dia da negociação, arcando com diversos custos em pesos argentinos e riscos de oscilações cambiais – ou emitir eurobonds no mercado local em dólares, captando assim dólares dos investidores locais, essas são, resumidamente, as duas principais maneiras de captar recursos externos, o mercado cambial que é de renda variável e os eurobonds que são de renda fixa. 8.1. O mercado cambial ou FOREX35 O mercado de câmbio é o mercado no qual os participantes podem comprar, vender, trocar e especular com moedas de outros países. Os mercados de câmbio são compostos por bancos, empresas comerciais, bancos centrais, empresas de gestão de investimentos, hedge funds e corretoras e investidores de varejo. 35 Foreign Exchange Market em inglês, Mercado de Câmbio. 168 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância O mercado de câmbio também é chamado de forex ou FX ou mercado cambial, trata-se do ambiente organizado no qual se negociam moedas. É considerado o maior mercado financeiro do mundo. Além de fornecer um piso para a compra, venda, troca e especulação de moedas, o mercado forex também permite a conversão de moeda para o comércio internacional e investimentos. 8.1.1. Quem domina esse mercado O dólar dos EUA é de longe a moeda mais negociada, representando quase 85% de todos os negócios. O segundo é o euro, que faz parte de 39% de todos os negócios cambiais, e o terceiro é o iene japonês, com 19%. (Nota: esses números não totalizam 100% porque há dois lados em cada transação de câmbio). De acordo com o estudo de 2018 da Greenwich Associates, o Citigroup e o JPMorgan Chase & Co. eram os dois maiores bancos do mercado cambial, combinando mais de 30% da participação no mercado global. O UBS, o Deutsche Bank e o Goldman Sachs compuseram os restantes lugares entre os cinco primeiros. De acordo com o CLS, um grupo de liquidação e processamento, o volume médio diário negociado em janeiro de 2018 foi de US $ 1,805 trilhão. 8.1.2. Origens do mercado Forex Até a Primeira Guerra Mundial, as moedas estavam atreladas a metais preciosos, como ouro e prata. Mas o sistema entrou em colapso e foi substituído pelo acordo de Bretton Woods após a segunda guerra mundial. Esse acordo resultou na criação de três organizações internacionais para facilitar a atividade econômica em todo o mundo. Eles eram o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). O novo sistema também substituiu o ouro pelo dólar dos EUA, atrelado a moedas internacionais. O governo dos EUA prometeu apoiar os estoques em dólar com reservas de ouro equivalentes. Mas o sistema de Bretton Woods tornou-se redundante em 1971, quando o presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, anunciou a suspensão “temporária” da conversibilidade do dólar em ouro. As moedas agora estão livres para escolher suas 169 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância próprias contas e seu valor é determinado pela oferta e demanda nos mercados internacionais. 8.2. Características do Forex O mercadocambial tem características e propriedades únicas que o tornam um mercado atraente para investidores que desejam otimizar seus lucros. 8.2.1. Altamente Líquido O mercado forex tem atraído os comerciantes de moeda de varejo de todo o mundo por causa de seus benefícios. Um dos benefícios da negociação de moedas é o seu volume de negociação massivo, que cobre a maior classe de ativos globalmente. Isto significa que os comerciantes de moeda são fornecidos com alta liquidez. 8.2.2. Aberto 24 horas por dia, 5 dias por semana No mercado cambial, quando um grande mercado forex fecha, outro mercado em uma parte diferente do mundo abre para os negócios. Ao contrário das ações, o mercado forex opera 24 horas por dia, exceto nos finais de semana e feriados36. Os traders acham isso uma das razões mais convincentes para escolher forex, uma vez que oferece oportunidades convenientes para aqueles que estão na escola ou trabalham durante dias e horários de trabalho regulares. 8.2.3. Alavancagem A alavancagem dada no mercado forex é uma das formas mais elevadas de alavancagem que os comerciantes e investidores podem usar. Alavancagem em Forex é um empréstimo dado a um investidor por seu corretor, também chamada de margem de alavancagem. Com este empréstimo, os investidores podem aumentar os lucros e ganhos, ao negociar mais do que têm em depósito como garantia, isso significa que um investidor pode lucrar ou perder mais do que investiu inicialmente. Por exemplo, os investidores que têm uma conta no mercado forex de US $ 1.000 podem negociar US $ 100.000 em moeda com uma margem de 1%, com uma margem alavancagem de 100: 1, que é a mais comum, porém, existem corretoras que oferecem até margens de 1:400. 36As moedas podem ainda ser negociadas em feriados se pelo menos o mercado do país / global estiver aberto para negócios. 170 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 8.2.4. O maior do mundo das finanças O mercado de câmbio é único por várias razões, principalmente por causa de seu tamanho. O volume de negociação no mercado forex é geralmente muito grande por causa do número de pessoas que participam, a facilidade de negociação, bem como a acessibilidade ao mercado. Como exemplo, a negociação em mercados de câmbio teve uma média de US $ 5,1 trilhões por dia em abril de 2016, de acordo com o Bank for International Settlements, que pertence a 60 bancos centrais, e é usado para trabalhar em responsabilidade financeira e monetária. Esse mercado conta com a atuação dos Bancos Centrais dos países uma vez que os governos tem interesses em influenciar a cotação cambial de suas respectivas moedas, seja para auxiliar seus exportadores seja para reduzir custos com importação ou a pressão inflacionária decorrente, logo, não são apenas agentes econômicos que precisam de moeda e investidores especulando com moeda atuando nesse mercado mas, também, nações com seus respectivos bancos centrais, some isso à possibilidade de margens de alavancagem e o resultado são volumes negociados na ordem de trilhões por dia. 8.2.5. Outras características do Forex Existem outros fatores-chave que diferenciam o mercado forex de outros como o mercado de ações: 1. Há menos regras, o que significa que os investidores não são submetidos a normas ou regulamentos rigorosos como os de outros mercados. 2. Não há câmaras de compensação e nenhum órgão central que supervisione o mercado forex. A maioria dos investidores não terá que pagar as taxas tradicionais ou comissões que você faria em outro mercado. 3. Como o mercado está aberto 24 horas por dia, você pode negociar a qualquer hora do dia, o que significa que não há um horário específico para poder participar do mercado. 4. O mercado cambial é o maior e mais líquido mercado do mundo, com trilhões de dólares trocando de mãos todos os dias. Assim, as negociações ocorrem em instantes. 5. Não há localização centralizada, ao contrário, o mercado cambial é uma rede eletrônica de bancos, corretoras, instituições e operadores individuais (na maioria das vezes negociados por corretores ou bancos). Ou seja, não é preciso ter uma conta em cada corretora de cada país para poder operar em 171 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância cada respectiva bolsa de valores, basta ter uma conta em uma corretora de câmbio ou banco de investimento que atue nesse mercado. 6. Os fatores de influência sobre os valores das moedas são mais compreensíveis e “previsíveis” do que em outros mercados, há menos subjetividade. 8.2.6. Pares Forex e Cotações Ao negociar moedas, elas são listadas em pares, como USD / BRL, EUR / USD ou USD / JPY. Estes representam o dólar dos EUA (USD) versus o real brasileiro (BRL), o Euro (EUR) versus o USD, e o USD versus o iene japonês (JPY) e assim por diante. Haverá também um preço associado a cada par, como 3,2569. Se esse preço estiver associado ao par USD / BRL, isso significa que custa 3,2569 de reais brasileiros para comprar um dólar dos Estados Unidos. Se o preço subir para 3,3336, então custa 3,3336 para comprar um dólar e assim por diante, quando o preço de uma moeda estrangeira sobe em relação à moeda nacional é chamado de desvalorização cambial, quando a moeda nacional passa a comprar mais da moeda estrangeira, é chamado de valorização cambial. Quando se fala em valorização ou desvalorização cambial é preciso ter em mente em que contexto se fala, logo, se estamos no Brasil e dizemos que o câmbio se valorizou, significa que o valor do dólar caiu, logo, foi de 3,3336 para 3,1223 por exemplo, isso significa que a moeda nacional ficou mais forte, sempre que dizemos câmbio valorizou ou desvalorizou estamos nos referindo à moeda nacional em relação à outra, é preciso cuidado, se mudamos de país ou de referência valorização ou desvalorização pode significa o inverso. 8.2.7. Lotes Forex No mercado cambial, as moedas são negociadas em lotes, chamados de lotes micro, mini e standard (padrão). Um lote micro vale 1000 de uma dada moeda, um mini lote é 10.000 e um lote padrão é 100.000. Isso é diferente do que quando você vai a um banco e quer 450 dólares para viajar ao exterior. Ao negociar no mercado forex eletrônico, os negócios ocorrem em blocos estabelecidos de moeda, mas você pode negociar quantos blocos quiser. Por exemplo, você pode negociar sete lotes micro (7.000) ou três minis lotes 172 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância (30.000) ou 75 lotes padrão (750.000), por exemplo, é diante desses números que a alavancagem se torna necessária para o pequeno investidor especulativo. Quão grande é o mercado Forex? O mercado forex é único por várias razões, principalmente devido ao seu tamanho. O volume de negociação é geralmente muito grande. Como exemplo, a negociação em mercados de câmbio teve uma média de US $ 5,1 trilhões por dia em abril de 2016, de acordo com o Bank for International Settlements. Os maiores mercados de câmbio estão localizados nos principais centros financeiros globais, como Londres, Nova York, Cingapura, Tóquio, Frankfurt, Hong Kong e Sydney. 8.3. Forex: Como funciona O mercado forex está aberto 24 horas por dia, cinco dias por semana, nos principais centros financeiros do mundo. Isso significa que você pode comprar ou vender moedas a qualquer momento durante a semana. Do ponto de vista histórico, o comércio de moedas limitava-se em grande parte a governos, grandes empresas e fundos de hedge. Mas no mundo de hoje, a negociação de moedas é tão fácil quanto um clique de um mouse. A acessibilidade não é um problema, o que significa que qualquer pessoa pode fazer isso. Muitas empresas de investimento, bancos e corretoras de forex de varejo oferecem a oportunidadepara indivíduos abrir contas e negociar moedas. Assim sendo, não se trata de um mercado local aonde moeda são negociadas, mas de um mercado enorme, complexo e internacional, em que agentes econômicos de todo o mundo atuam simultaneamente. Além disso, Corretores de Forex também atuam como criadores de mercado, e podem lançar ofertas e pedir preços por um par de moedas que diferem do lance mais competitivo do mercado, com o intuito de influenciar as cotações. 173 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância O mercado forex é composto de dois níveis; mercado interbancário e mercado de balcão (OTC). O mercado interbancário, que é restrito, é onde os grandes bancos negociam moedas para fins de cobertura, ajustes de balanço e em nome dos clientes. O mercado de balcão é onde os indivíduos negociam através de plataformas e corretores on-line. Ao negociar no mercado forex, o investidor está comprando ou vendendo a moeda de um determinado país, em relação a outra moeda. Mas não há troca física de dinheiro de uma parte para outra. No mundo dos mercados eletrônicos, os traders normalmente estão assumindo uma posição em uma moeda específica, com a esperança de que haverá algum movimento e força ascendente na moeda que estão comprando (ou fraqueza se estiverem vendendo) para que possam ter lucro com a diferença de cotações praticadas. O lucro no mercado forex: Uma moeda é sempre negociada em relação a outra moeda. Se você vender uma moeda, você está comprando outra, e se você comprar uma moeda você está vendendo outra. No mundo do comércio eletrônico cambial, um lucro é obtido com a diferença entre os preços de transação. 8.3.1. Transações Spot Uma transação no mercado spot é para entrega imediata, que é definida como dois dias úteis para a maioria dos pares de moedas. A principal exceção é a compra ou venda de USD / CAD, que é liquidada em um dia útil. O cálculo do dia útil exclui sábados, domingos e feriados legais em qualquer moeda do par negociado. Durante as temporadas de Natal e Páscoa, algumas transações spot podem levar até seis dias para serem saldadas. Os fundos são trocados na data de liquidação, não na data da transação. O dólar dos EUA é a moeda mais negociada. O euro é a moeda de balcão mais ativamente negociada, seguida do iene japonês, da libra esterlina e do franco suíço. Os movimentos do mercado são impulsionados por uma combinação de especulação, força e crescimento econômico e diferenciais de taxa de juros. 174 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 8.3.2. Transferência de Forex (FX) Os comerciantes de varejo normalmente não querem receber as moedas que compram. Eles só estão interessados em lucrar com a diferença entre os preços de transação. Devido a isso, a maioria dos corretores de varejo automaticamente " rola " as posições cambiais às 5 da tarde, EST, todos os dias. O corretor basicamente redefine as posições e fornece um crédito ou débito para o diferencial de taxa de juros entre as duas moedas nos pares que estão sendo mantidos. O comércio continua e o negociante não precisa entregar ou liquidar a transação. Quando o negócio é fechado, o negociante realiza seu lucro ou prejuízo com base no preço original da transação e no preço em que o negócio foi fechado. Os créditos ou débitos de rolagem poderiam aumentar esse ganho ou prejudicá-lo. Como o mercado fx está fechado aos sábados e domingos, o crédito ou débito da taxa de juros desses dias é aplicado na quarta-feira. Portanto, manter uma posição às 17h na quarta-feira resultará em crédito ou débito em três vezes a quantia usual. 8.3.3. Operações a termo de Forex (FX) Qualquer transação forex que se estabeleça para uma data posterior a spot é considerada um " forward ". O preço é calculado ajustando a taxa à vista para considerar a diferença nas taxas de juros entre as duas moedas. O valor do ajuste é chamado de "pontos para frente". Os pontos a prazo refletem apenas o diferencial da taxa de juros entre dois mercados. Eles não são uma previsão de como o mercado à vista será negociado em uma data futura. Um forward é um contrato sob medida: pode ser por qualquer quantia em dinheiro e pode ser liquidado em qualquer data que não seja um fim de semana ou feriado. Como em uma transação à vista, os fundos são trocados na data de liquidação. 8.3.4. Futuros de Forex (FX) Um forex ou contrato de futuros de moeda é um acordo entre duas partes para entregar uma quantia fixa de moeda em uma data definida, chamada de vencimento, no futuro. Os contratos de futuros são negociados em uma troca por valores de moeda e com datas de vencimento definidas. Ao contrário de um forward, os termos de um contrato de futuros não são negociáveis. Um lucro é obtido com a diferença entre os preços em que o contrato foi comprado e vendido. A maioria dos especuladores não possui contratos futuros até a expiração, pois isso exigiria que eles entregassem / liquidassem a moeda que o 175 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância contrato representa. Em vez disso, os especuladores compram e vendem os contratos antes da expiração, percebendo seus lucros ou perdas em suas transações. Taxas e comissões: Como o mercado não é regulamentado, a forma como os corretores cobram taxas e comissões varia. A maioria dos corretores de forex ganhar dinheiro, marcando o spread em pares de moedas. Outros ganham dinheiro cobrando uma comissão, que flutua com base na quantidade de moeda negociada. Alguns corretores usam essas duas abordagens. Exemplo de uma transação de Forex Suponha que um trader acredite que o euro se valorizará em relação ao dólar. Outra maneira de pensar é que o dólar desvalorizará em relação ao euro. Ele então aplica no par EUR/USD cotado à 1.2500 e compra $ 5.000 em moeda. Mais tarde naquele dia, o preço aumentou para 1,2550. O comerciante está com ganho de $ 25 (5000 * 0,0050). Se o preço caísse para 1,2430, o comerciante estaria perdendo US $ 35 (5000 * 0,0070). Os preços das moedas estão em constante movimento, então o negociador pode decidir manter a posição durante a noite. A corretora rolará a posição, resultando em um crédito ou débito baseado no diferencial da taxa de juros entre a Zona do Euro e os EUA. Se a Zona do Euro tiver uma taxa de juros de 4%a.a. e os EUA tiverem uma taxa de juros de 3% a.a., o investidor vai receber porque a moeda que ele possui é a de taxa de juros mais alta porque ele comprou EUR. Portanto, na rolagem, o negociador deve receber um pequeno crédito proporcional à essa diferença de taxas de juros. Se a taxa de juros do EUR fosse menor do que a do dólar, então o trader seria debitado na rolagem. A rolagem pode afetar uma decisão de negociação, especialmente se a negociação puder ser realizada por um longo período. Grandes diferenças nas taxas de juros podem resultar em créditos ou débitos significativos a cada dia, o que pode aumentar ou diminuir muito os lucros (ou aumentar ou reduzir as perdas) do negócio. Além disso, a maioria dos corretores também fornece alavancagem. Vamos supor que nosso trader use alavancagem de 10: 1 nessa transação, logo, o negociador não precisa ter $ 5.000 em sua conta, mesmo que esteja negociando $ 5.000 em moeda. Ele só precisa de $ 500. Se eles utilizam alavancagem de 20: 1, eles só precisam de $ 250 em sua conta (porque $ 250 * 20 = $ 5.000). Fazer um lucro de US $ 25 rapidamente considerando que o trader precisa apenas de US $ 500 ou US $ 250 em capital (ou ainda menos se usar mais alavancagem), mostra o poder da alavancagem. O outro lado é que, se esse comerciante tivesse apenas US $ 250 em sua conta e o comércio fosse contra eles, eles poderiam perder seu capital rapidamente.176 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Recomenda-se que os comerciantes gerenciem o tamanho da sua posição e controlem seu risco, de modo que nenhum comércio único resulte em uma grande perda. 8.4. Eurobonds O eurobond é um tipo especial de título emitido em uma moeda que é diferente daquela do país ou mercado no qual o título é emitido. Devido a essa característica de moeda externa, esses tipos de títulos também são conhecidos como títulos externos. Embora o nome inclua a palavra "euro", o euro não tem nada a ver com a Europa ou com a moeda Euro. Em vez disso, a palavra "euro" significa moeda externa. Eurobônus Os eurobônus não devem ser confundidos com “eurobonds”, pois estes são títulos padrão emitidos pela União Europeia e por governos europeus., aqui sim o euro significa Europa. Eurobonds são categorizados pela moeda em que são denominados. Por exemplo, uma empresa sediada no Reino Unido pode emitir um título de eurodólar em dólares dos EUA no Japão. Da mesma forma, um sindicato financeiro internacional pode emitir títulos euroyen em Cingapura, que podem ser denominados em iene japonês. A ideia é captar os recursos necessários no câmbio necessário, recorrendo ao mercado que esse câmbio e/ou as condições de juros são mais favoráveis. Logicamente, o emissor precisa ter meios de negociar e transferir esses recursos posteriormente do mercado aonde o título foi emitido para o mercado aonde os recursos são necessários, o que pode, inclusive, acabar sendo o mesmo, ou seja, uma empresa no Japão precisa de Reais brasileiros, sabendo da grande comunidade brasileira presente no Japão, a empresa pode emitir um eurobond em Reais Brasileiros no Japão e captar os recursos já no câmbio que ela precisa. 8.4.1. Quem emite Eurobonds? Organizações privadas, sindicatos internacionais e até governos que precisam de empréstimos denominados em moeda estrangeira por um período determinado consideram os eurobonds adequados às suas necessidades. Eurobonds são normalmente oferecidos 177 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância a taxas de juros fixas, oferecendo uma estrutura clara de dívida de pagamento fixo para o emissor, mesmo a longo prazo. Por exemplo, uma empresa norte-americana como a Coca-Cola Co. quer entrar em um novo mercado estabelecendo uma grande fábrica na Índia. As despesas com a instalação exigirão grande capital em moeda local - a rupia indiana (INR). Sendo um novo entrante na Índia, a empresa pode não ter o crédito necessário nos mercados indianos, o que pode levar a um alto custo para empréstimos locais. A Coca-Cola Co. decide obter o dinheiro localmente e emite um eurobond denominado em rúpia nos EUA. Investidores com INR disponíveis em suas contas nos EUA comprarão o bônus, efetivamente emprestando dinheiro principal em INR para a empresa. A empresa sediada nos EUA recolhe esse capital e transfere à uma subsidiária local na Índia. O capital arrecadado, em INR, pode ser dado à subsidiária indiana local pela matriz norte-americana. Se a planta local se tornar operacional e lucrativa, os recursos serão usados para pagar os juros aos detentores desses eurobonds, se sofrer prejuízo, porém, a matriz da Coca-Cola terá que comprar rúpias no mercado Forex para remunerar seus credores. O mercado de eurobônus geralmente é restrito a grandes emissões únicas (US $ 50 milhões ou mais) e é limitado a grandes empresas, bancos ou governos. Os vencimentos são geralmente em torno de 10 anos ou menos. No entanto, existem programas disponíveis para as empresas multinacionais emitirem quantias menores e por períodos mais curtos. 8.4.2. Benefícios de Eurobonds para o emissor Há muitos benefícios para o emissor por usar eurobonds em vez de títulos domésticos: • Os emissores têm a liberdade de emitir títulos no país de sua escolha. Eles também têm a escolha da moeda com eurobonds. Ambos podem ser selecionados para fornecer o maior benefício para o uso planejado. • As taxas de juros variam de um país para outro, e o emissor pode escolher um país com taxas favoráveis. • As empresas podem estudar padrões de população imigrante para decidir qual moeda seria mais benéfica. Por exemplo, uma grande população no 178 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Reino Unido é da Índia, Paquistão e Bangladesh. Emissão de um eurobond no Reino Unido em uma moeda desses países pode ver grandes investimentos. Os imigrantes estão emocionalmente ligados aos seus países de origem e muitas vezes desejam investir dinheiro em tais títulos se o emissor for respeitável. • Usando eurobonds, a empresa mitiga, mas não elimina, o risco cambial. No exemplo da Coca-Cola acima, a empresa poderia ter emitido os títulos domésticos nos EUA em dólares americanos, convertido o valor em INR às taxas de câmbio vigentes para movimentar dinheiro para a Índia, depois transferido o dinheiro do INR de volta para o dólar americano para pagamento de juros aos obrigacionistas. Esta opção leva ao risco de taxa de câmbio, bem como custos de transação, que são eliminados usando eurobonds. • Uma ampla faixa de duração de maturidade pode ser selecionada. • Alta Liquidez: embora os eurobonds sejam emitidos em um determinado país, eles são negociados globalmente, o que ajuda a atrair uma grande base de investidores. 8.4.5. Benefícios do Eurobond para investidores Devido à disponibilidade local de obrigações em moeda estrangeira, os investidores residentes podem ficar expostos a investimentos estrangeiros. Isso permite outro nível de diversificação em seus portfólios. A maioria dos eurobonds tem menor valor de face. Denominá-los em moedas estrangeiras e lançá-los em nações com moedas mais fortes os mantém altamente líquidos para investidores locais. Por exemplo, um título de eurodólar de rupia indiana emitido no Reino Unido com valor nominal de INR 10.000 pode parecer mais barato para os investidores do Reino Unido. Vai custar apenas 100 libras esterlinas para investidores britânicos, considerando a taxa cambial de 100 libras esterlinas. Eurobonds oferecem uma vantagem única para empresas multinacionais respeitáveis quando se trata de aumentar a dívida a juros baixos dos mercados globais. Os investidores também se beneficiam da diversificação através da adição de outras dívidas em moeda. No entanto, os investidores devem ter em mente que têm que suportar o risco cambial enquanto investem em eurobonds. 179 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 9. MERCADO DE DERIVATIVOS E FUTUROS – OPÇÕES, SWAPS, MINI-INDÍCES, MERCADO A TERMO E COMMODITIES Um derivativo é um título financeiro com um valor que depende ou é derivado de um ativo subjacente ou grupo de ativos. O derivativo em si é um contrato entre duas ou mais partes, e seu preço é determinado por flutuações no ativo subjacente. Os ativos subjacentes mais comuns incluem ações, títulos, commodities, moedas, taxas de juros e índices de mercado. Esses ativos são negociados na B3 e para atuar nesse mercado somente por meio de corretoras. Os derivativos podem ser negociados no mercado de balcão (over -the-counter - OTC) ou em uma bolsa de valores. Os derivativos de balcão constituem a maior proporção de derivativos e não são padronizados. Enquanto isso, os derivativos negociados nas bolsas são padronizados e mais fortemente regulados. Os derivativos de balcão geralmente têm maior risco de contraparte do que os derivativos padronizados. Originalmente, os derivativos eram usados para garantir taxas de câmbio equilibradas para bens comercializados internacionalmente. Com valores diferentes das moedas nacionais, os traders internacionais precisavam de um sistemapara contabilizar essas diferenças. Hoje, os derivativos são baseados em uma ampla variedade de transações e têm muito mais usos. Há até derivativos baseados em dados meteorológicos, como a quantidade de chuva ou o número de dias ensolarados em uma região. Existem muitos tipos diferentes de derivativos que podem ser usados para gerenciamento de risco ou para especulação. Por exemplo, imagine um investidor europeu que adquire ações de uma empresa americana por meio de uma bolsa norte-americana usando dólares americanos. Este investidor está exposto ao risco de taxa de câmbio enquanto mantém essa ação. Se o valor do euro subir em relação ao dólar, os lucros do investidor em termos de dólar são menos valiosos quando esses lucros são convertidos novamente em euro quando a ação é vendida. Para cobrir esse risco, o investidor poderia comprar um derivativo de moeda para travar uma taxa de câmbio específica. Derivativos que poderiam ser usados para proteger esse tipo de risco incluem futuros e swaps de moeda. Um especulador que espera que o euro se valorize em relação ao dólar poderia 180 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância lucrar usando um derivativo que se valorize com o euro. Ao usar derivativos para especular sobre o movimento de preço de um ativo subjacente, o investidor não precisa ter interesse no ativo subjacente. Tendo dito isso, podemos definir, então que existem dois tipos de pessoas que negociam (compram ou vendem) contratos futuros: hedgers e especuladores. Esses investidores geralmente usam derivativos por três motivos: para proteger uma posição (Hedgers), aumentar a alavancagem ou especular sobre o movimento de um ativo (Especuladores). 9.1. Hedgers A cobertura de uma posição geralmente é feita para proteger contra ou para garantir o risco de um ativo. Por exemplo, o proprietário de uma ação compra uma opção de venda se quiser proteger a carteira contra um declínio. Esse acionista ganha dinheiro se a ação aumentar, mas também ganha, ou perde menos dinheiro, se a ação cair porque a opção de venda vale a pena. Ou seja, Hedgers são aqueles indivíduos ou empresas que usam contratos futuros para proteção contra movimentos voláteis de preços de seus ativos, ou commodities ou câmbio. O uso de derivativos para proteger riscos e melhorar os retornos existe há gerações, particularmente na indústria agrícola, onde uma parte de um contrato concorda em vender bens ou gado a uma contraparte que concorda em comprar esses bens ou gado em um determinado mercado e preço em uma data específica. Esta abordagem contratual foi revolucionária quando introduzida pela primeira vez, substituindo o simples aperto de mão. Outro bom exemplo para ilustrar a cobertura seria um empresário que vai precisar adquirir uma máquina com custo de US$100mil mas daqui apenas 1 ano, como ele não sabe qual será o valor do dólar daqui há 1 ano, ele pode comprar os US$100mil no mercado futuro com vencimento de 1 ano, dessa forma ele consegue “congelar” o preço do dólar, imaginemos que ele comprou um contrato de dólar por R$2,80+custos por cada dólar, isso significa que, daqui há 1 ano ele vai desembolsar não mais do que R$300mil para adquirir os US$100mil independentemente do valor do dólar daqui há 1 ano, se o dólar subir para 181 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância R$4 ele economizou e se caiu não importa muito porque ele teve um ano inteiro para projetar esse custo sem o risco cambial para prejudicá-lo. 9.2. Especuladores Os especuladores são comerciantes e investidores independentes. Alguns estarão negociando usando seu próprio dinheiro, e alguns estarão negociando em nome de clientes pessoais ou firmas de corretagem. Os especuladores negociarão contratos futuros exatamente como negociariam ações ou títulos. Existem algumas vantagens que os contratos de futuros têm sobre outros investimentos, como ações e títulos: Há maior volatilidade no mercado de futuros. Em média, os preços futuros tendem a mudar mais rapidamente do que os preços das ações ou títulos. No entanto, existe um risco maior. Os futuros são investimentos altamente alavancados. O investidor só precisa colocar entre 10% e 15% do valor do ativo subjacente como margem, mas ele pode acumular o valor total do contrato à medida que o preço sobe e desce. O investimento em Derivativos pode aumentar significativamente a alavancagem. A alavancagem através de opções funciona especialmente bem em mercados voláteis. Quando o preço do ativo subjacente se move significativamente e em uma direção favorável, porque as opções ampliarão esse movimento. Porém, a alta volatilidade pode aumentar o valor e o custo de opções de compra e venda. A ideia geral está em investir um valor inicial menor apostando em grandes oscilações de preços do mercado de referência, por exemplo, um investidor pode comprar uma opção de compra de US$1000 daqui há 1 mês por R$2,50/dólar, caso o dólar suba para R$3,00 daqui há um mês ele vai lucrar essa diferença, é uma aposta entre ele o mercado. 9.2.1. Tipos de Derivativos Existem três tipos básicos de contratos: opções, swaps e contratos futuros – com muitas variações de cada tipo. 182 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Resumo de Derivativos Derivativos são um título que obtém seu valor de um ativo subjacente37 ou referência. Derivativos comuns incluem contratos futuros, opções e swaps. A maioria dos derivativos não é negociada nas bolsas e é usada pelas instituições para proteger o risco ou especular sobre mudanças de preço no ativo subjacente. Os derivativos negociados em bolsa, como futuros e opções de ações, são padronizados e eliminam ou reduzem muitos dos riscos de derivativos de balcão, como os riscos de contraparte e liquidez. Derivativos são geralmente instrumentos alavancados, o que aumenta os riscos e benefícios potenciais desses títulos. 9.2.2. Contratos a termo e Contratos futuros São contratos financeiros que obrigam os compradores dos contratos a comprar ou vender um ativo específico a um preço pré-acordado em uma data futura especificada. Tanto o futuro quanto o a termo são essencialmente os mesmos em sua natureza. No entanto, os contratos a termo são mais flexíveis porque as partes podem personalizar a mercadoria subjacente, bem como a quantidade da mercadoria e a data da transação. Por outro lado, os futuros são contratos padronizados que são negociados nas bolsas de valores, normalmente, derivados de índices de mercado, câmbio e ações de alta liquidez e volume. As partes em contratos a termo e futuros concordam em comprar ou vender um ativo no futuro por um preço especificado. Esses contratos geralmente são escritos usando o preço à vista ou mais atual. O lucro ou prejuízo do comprador é calculado pela diferença entre o preço à vista no momento da entrega e o preço futuro. Esses contratos são normalmente usados para duas finalidades: proteger riscos ou especular, normalmente, uma das partes busca se proteger (hedge) enquanto a outra parte está especulando com o preço futuro, mas, pode ocorrer de ambos serem especuladores ou hedgers. Contratos futuros são um dos tipos mais comuns de derivativos. Um contrato futuro (ou simplesmente, futuros) é um acordo entre duas partes para a compra e entrega de um ativo a um preço acordado em uma data futura. Os futuros são negociados em bolsa e os contratos são padronizados. Os comerciantes usarão 37Ativos subjacentes dão aos derivativos seu valor. Por exemplo, uma opção no estoque XYZ dá ao titular o direito de comprar ou vender XYZ ao preço de exercício até a expiração. O ativo subjacente para a opção é o estoque de XYZ. Um ativo subjacente pode ser usado para identificaro item dentro do contrato que fornece valor ao contrato. O ativo subjacente suporta a garantia envolvida no contrato, que as partes envolvidas concordam em trocar como parte do contrato derivativo. 183 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância um contrato futuro para cobrir seu risco ou especular sobre o preço de um ativo subjacente. Contratos a termo são um tipo importante de derivativo semelhante ao futuro. Ao contrário dos futuros, os contratos a termo (ou "forwards") não são negociados em uma bolsa, apenas no mercado de balcão. Quando um contrato a termo é criado, o comprador e o vendedor podem ter personalizado os termos, o tamanho e o processo de liquidação para o derivativo. Os compradores e vendedores de contratos a termo também têm riscos de contraparte38. Várias são as situações envolvendo contratos de derivativos, mas em via de regra podemos exemplificar dois mais comuns: 1. Produtor de uma commoditie (por exemplo, Soja) quer se proteger de oscilações futuras nos preços de sua mercadoria, então, para garantir o quanto ele vai receber pela sua safra de soja do ano que vem, ele fecha um contrato futuro de Venda de Soja hoje. Independentemente, do preço de mercado da soja no ano que vem, ele sabe quanto vai ganhar com a venda de sua safra, pois já a vendeu no futuro por um preço e prazo pré-estipulado mediante o Contrato Futuro. O “risco” que o produtor corre é de o preço da soja no futuro subir a cima do preço do contrato dele, ele vai deixar de ganhar essa diferença, mas não vai perder dinheiro, apenas vai ganhar menos e, quem comprou o contrato futuro de soja economizou essa diferença do mercado. Por outro lado, se o preço do mercado cair abaixo do contrato futuro o produtor vai receber o que foi acordado e, portanto, escapou desse prejuízo. Já quem comprou o contrato pagou mais caro pelo produto. Mesmo assim, se feito de maneira programada, ambas as partes ganham com o contrato futuro, eles evitam correr o risco de oscilações nos preços e já antecipam quanto vão gastar/ganhar no futuro, isso é ótimo para o planejamento financeiro, pois ao saber com antecedência quais serão seus ganhos/gastos ajuda muito na programação orçamentária. – Cenário de Hedge 2. Outra situação que pode ocorrer é a “aposta” na oscilação de preços, se um investidor ou dois investidores estão dispostos a apostar na oscilação de preços de um ativo futuro, por exemplo, o dólar, eles podem negociar um contrato futuro 38Os riscos de contraparte – uma contraparte é a outra parte que participa de uma transação financeira, e toda transação deve ter uma contraparte para que a transação seja concluída, mais especificamente, cada comprador de um ativo deve estar emparelhado com um vendedor que esteja disposto a vender e vice-versa, por exemplo, a contraparte de um comprador de opções seria um vendedor/emissor de opções – são uma espécie de risco de crédito, na medida em que o comprador ou vendedor pode não conseguir cumprir as obrigações descritas no contrato. Se uma parte do contrato se tornar insolvente, a outra parte poderá não recorrer e poderá perder o valor da sua posição. Uma vez criadas, as partes em um contrato a termo podem compensar sua posição com outras contrapartes, o que pode aumentar o potencial para riscos de contraparte à medida que mais traders se envolvem no mesmo contrato. 184 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância desse ativo, um apostando em que o preço vai subir e outro na queda, esse cenário ocorre com frequência de duas maneiras: • Uma parte possui o ativo, no caso dólares, ela fecha um contrato de venda dos dólares por um preço e prazo predeterminados, a outra parte possui o dinheiro que será depositado como garantia. Aquele que possui os dólares aposta na queda do valor da moeda no futuro em relação ao preço do contrato, enquanto quem deu a garantia financeira, aposta na subida. • O outro cenário, em que ambos apostam, ambos dão o dinheiro como garantia, uma parte vai ter que comprar os dólares e a outra vender eles, lucra quem acertar, pois quem se comprometeu a vender vai comprar os dólares pelo preço de mercado e receber o valor do contrato de venda, logo, se o preço do mercado subir muito ele vai ter prejuízo. Quem se comprometeu a comprar perde a aposta caso o preço do mercado desça muito, pois vai acabar pagando mais pelos dólares em relação ao preço de mercado. Por exemplo, em 6 de novembro, a empresa-A compra um contrato futuro de petróleo a um preço de US $ 62,22 por barril que expira em 19 de dezembro daquele mesmo ano. A empresa fez isso porque precisa de petróleo em dezembro e está preocupada com o potencial de o preço subir antes que a empresa realmente precise fazer a compra. A compra de um contrato futuro de petróleo protege o risco da empresa porque o vendedor do outro lado do contrato é obrigado a entregar óleo à Companhia-A por US $ 62,22 por barril, uma vez que o contrato tenha expirado. Suponha que os preços do petróleo subam para US $ 80 por barril até 19 de dezembro. A empresa-A pode aceitar a entrega do petróleo do vendedor do contrato futuro, mas se não precisar mais do petróleo, também pode vender o contrato antes da expiração e mantenha os lucros. Neste exemplo, é possível que tanto o comprador quanto o vendedor de futuros estejam protegendo o risco. A empresa-A precisava de petróleo no futuro e queria compensar o risco de que o preço subisse em dezembro com uma posição comprada em um contrato futuro de petróleo. O vendedor poderia ser uma companhia de petróleo que estava preocupada com a queda dos preços do petróleo e queria eliminar esse risco vendendo ou " abrindo " um contrato futuro que fixa o preço que receberia em dezembro. Também é possível que o vendedor ou comprador (ou ambos) do contrato de futuros de petróleo fossem especuladores com a opinião oposta sobre a direção do petróleo em novembro e dezembro. Se as partes envolvidas no 185 Mercado Financeiro de Capitais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância contrato futuro fossem especuladoras, é improvável que qualquer uma delas queira tomar providências para a entrega ou o envio de petróleo bruto. Os especuladores podem terminar sua obrigação de comprar ou entregar a mercadoria subjacente fechando seu contrato antes da expiração. 9.2.3. Swaps São contratos de derivativos que permitem a troca de fluxos de caixa entre duas partes. Os swaps geralmente envolvem a troca de um fluxo de caixa fixo por um fluxo de caixa flutuante. Os tipos mais populares de swaps são swaps de taxa de juro, swaps de commodities e swaps de moeda. Os swaps são derivativos em que as contrapartes trocam fluxos de caixa ou outras variáveis associadas a diferentes investimentos. Muitas vezes, um swap ocorrerá porque uma parte tem uma vantagem comparativa, como tomar fundos emprestados sob taxas de juros variáveis, enquanto outra parte pode tomar emprestado mais livremente a taxas fixas. • Swaps de taxa de juros - As partes trocam um empréstimo de taxa fixa por um empréstimo com taxa flutuante. Se uma parte tiver um empréstimo a taxa fixa, mas tiver passivos com taxa flutuante, ele poderá entrar em um swap com outra parte e trocar a taxa fixa por uma taxa flutuante para igualar as obrigações. Os swaps de taxa de juros também podem ser inseridos através de estratégias de opções, enquanto uma troca dá ao proprietário o direito, mas não a obrigação de entrar no swap. • Swaps de Moeda - Uma parte troca pagamentos de empréstimos e principal em uma moeda para pagamentos e principal em outra moeda. • Swaps de commodities - Um contrato em que parte e contraparte concordam em trocar os fluxos de caixa, que são dependentes do preço de uma mercadoria subjacente. 9.3. Opções São contratos que dão o direito,