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Fundamentos Práticos de Taxonomia Zoológica

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Presidente do Conselho Curador 
Arthur Roqucte de Maced o
Diretor-Presidente 
Amilton Ferreira
Diretora de Fomento & Pesquisa 
Hermione Elly Melara de Campos Bicudo
Diretor de Publicações 
José Castilho Marques Neto
EDITORA UNESP 
Diretor
José Castilho Marques Neto
Conselho Editorial Acadêmico 
Aguinaldo José Conçalvcs 
Anna Maria Martinez Corrêa 
Antonio Carlos Massabni 
Antonio Celso Wagner Zanin 
Antonio Manoel dos Santos Silva 
Carlos Erivany Fantinati 
Fausto Foresti 
José Ribeiro Júnior 
Roberto Kracnkel
Editores Assistentes 
José Aluysio Reis de Andrade 
Maria Apparedda F. M. Bussolotti 
Tutio Y. Kawata
FUNDAÇÀO PARA O DESENVOLVIMENTO DA UNESP
FUNDAMENTOS PRÁTICOS 
DE TAXONOMIA ZOOLÓGICA
(COLEÇÕES, BIBLIOGRAFIA, NOMENCLATURA)
NELSON PAPAVERO
ORGANIZADOR
ysaçÂo
(REVISTA £ AIIPUADA)
UNESP f a p e s p
Fundaçüo paro o 
Desenvolvimento 
da UNESP
Copyright © 1994 by Editora UNESP
Direitos de publicado reservados à:
Editora UNESP da Fundado para o Desenvolvimento 
da Universidade Estadual Paulista (FUNDUNESP) 
Av. Rio Branco, 1210 
01206-904-Sâo Paulo-SP 
Fone/Fax: (011) 223-9560
Dados Internacionais de Catalogação na PublicaçSo (CJP) 
(Cfimara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Fundamentos práticos de taxonomia zoològica: coleçCcs, bibliografia, 
nomenclatura/ Nelson Papavero organizador.-2 . ed. rcv. e ampi. - 
S3o Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1994. - (Na­
tura naturata)
ISBN 85-7139-061-4
1. Zoologia-Bibliografia 2. Zoologia-Classifica çâo 3. Zoologia- 
Nomenclatura I. Papa vero, Nelson, 1942- II. Titulo. III. Série.
94-1862 CDD-591.012
1. Taxonomia zoológica 591.012
2. Zoologia: Taxonomia 591.012
Obra publicada com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa 
do Estado de SSo Paulo (FAPESP)
indices para catálogo sistemático:
ED ITORA AFIUADA
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Dedicamos este livro aos Professores Doutores: ^
Rcimar Schaden (CNPq), Julio Cesar Garavcllo (UFSCar), \
Maria Gercflia Mota Soares (INPA), Alfredo Langguth B.
(UFPB), Vicente de Paulo Teixeira (UFJF) c Clara Pantoja J
Ferreira (UFPA), como agradecimento por sua extraordinária ^
dedicação aos Cursos Especiais de Sistemática Zoológica 
do Programa Nacional de Zoologia do CNPq. ^
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SUMÁRIO
Prefádo, 13
Prefácio à primeira edição, 17
1. A COLEÇÃO TAXONÓMICA, 19
1.1 Fontes de material para coleções, 22 
Í.2 Tipos de coleções, 23
1.2.1 Coleções didáticas, 23 
1 2 2 Coleções de pesquisa, 23
1.2.2.1 Grandes coleções gerais, 23 
1 2 2 2 Coleções particulares, 24
1.2.3 Coleções regionais, 24
1.2.4 Coleções especiais, 25
1.2.4.1 Coleções de interesse econômico,
1.2.4.2 Levantamentos faunísticos, 26 
1.25 Coleções de identificação, 26
1.3 Coleções de tipos, 27
1.4 Coleta, 27
1.4.1 Livro de campo, 28
1.4.2 Rotulagem de campo, 30
1.5 Técnicas de coleta, 31
1.6 Técnicas de preservação, 32
8
1.6.1 Via seca, 32
1.62 Via úmida, 34
1.7 Transporte de material, 35
1.7.1 Material preservado a scco, 35
1.7.2 Material preservado por via úmida, 36
1.8 Preparação, 36
1.8.1 Alfinetes entomológicos, 36
1.8.2 Câmara úmida, 36
1.8.3 Montagem, 37
1.8.4 Etiquetagem, 37
1.9 Acesso do material à coleção, 38
1.10 Identificação, 38
1.10.1 Por remessa de material a especialista, 39
1.10.2 Identificação por comparação direta, 39
1.10.3 Identificação por bibliografia, 40
1.10.4 Etiquetas de identificação, 41
1.11 Organização da coleção, 41
1.12 Curadoria das coleções, 42
2. AS FONTES BIBLIOGRÁFICAS, 45
2.1 Como iniciar a pesquisa bibliográfica, 46
2.2 Fontes de referência mais usuais, 47
2.3 Bibliografias gerais de Zoologia, 50
2.4 Bibliografias especializadas, 51
2.5 índices de nomes genéricos, 52
2.6 Catálogos e listas, 56
2.7 Obtenção de bibliografia, 58
3. TIFOS DE PUBLICAÇÕES ZOOLÓGICAS, 61
3.1 Trabalhos descritivos, 61
3.2 Trabalhos de síntese, 63
3.3 Trabalhos sobre nomenclatura, 65
3.4 Trabalhos faunísticos e zoogeográf icos, 66
3.5 Trabalhos bibliográficos, 67
3.6 Trabalhos históricos, 68
3.7 Trabalhos sobre técnicas e mdtodos, 68
4. ITENS DA PUBLICAÇÃO TAXONÓMICA, 69
4.1 Língua, 69
4.2 Extensão, 70
4.3 Itens da publicação, 70
4.3.1 Título, 70
4.3.2 Nome(s) do(s) autor(es) e da instituição, 71
4.3.3 Conteúdo ou sumário, 71
4.3.4 Resumo, 72
4.3.5 Rodapé, 72
4.3.6 Introdução e histórico, 72
4.3.7 Siglas e abreviaturas, 73
4.3.8 Material e métodos, 73
4.3.9 Agradecimentos, 74
4.3.10 Divisão do texto, 74
4.3.11 Corpo do texto, 74
4.3.12 Sinonímia, 74
4.3.13 Diagnose, descrição, redescrição, 76
4.3.14 Descrição decores: código de cores, 78
4.3.15 Dados numéricos, 78
4.3.16 Dados de distribuição geográfica, 83
4.3.17 Chaves, 84
4.3.18 Referências e bibliografia (normalização), 88
4.4 Tabelas e ilustrações, 100
5. LEVANTAMENTO DE LOCALIDADES, 107
5.1 O levantamento de localidades atuais, 108
5.1.1 Obras gerais, 108
5.1.2 Publicações especializadas, 110
5.2 O problema das localidades antigas ou imprecisas, 111
5.2.1 As localidades antigas, 111
5.2.2 As localidades imprecisas, 115
5.3 Representação de localidades: mapeamento, 116
5.4 Correlação de localidades com áreas morfoclimáticas, 118
6. RUDIMENTOS DE LATIM, 121
6.1 Substantivos, 121
6.1.1 Gênero, 121
6.1.2 Número, 122
6.1.3 Tema e desinência, 122
6.1.4 Declinação, 122
6.1.5 Casos, 123
6.1.6 Declinação de substantivos, 123
6.2 Adjetivos, 128
6.2.1 Adjetivos de 1̂ classc, 129
6.2.2 Adjetivos de 2a classe, 130
6.2.3 Particípios presentes adjetivados, 131
6.2.4 Graus dos adjetivos qualificativos, 131
6.2.5 Adjetivos numerais, 132
6.2.6 Adjetivos relativos a cores e a padrões dc colorido, 133
10
6.3 Prefixos, 143
6.3.1 Prefixos numéricos, 143
6.3.2 Outros prefixos, 144
6.4 Sufixos, 145
6.4.1 Sufixos substantivados, 145
6.4.2 Sufixos adjetivados, 146
6.4.3 Sufixos participiais, 147
6.5 Abreviaturas latinas, 148
7. RUDIMENTOS DE GREGO, 151
7.1 Transfiteração, 152
7.1.1 Al/abeto, 152
7.1.2 Ditongos, 155
7.13 Espíritos, 156
7.2 Substantivos, 157
7.2.1 Gênero, 157
7.2.2 Número, 157
7.2.3 Casos, 158
7.2.4 Declinação, 158
7.3 Adjetivos, 160
73.1 Adjetivos de 1* classe, 160
7.3.2 Adjetivos de 2a classe, 161 
7 3 3 Adjetivos de 34 classe, 161
73.4 Graus dos adjetivos, 161
7.4 Prefixos, 162
7.4.1 Prefixos provenientes de advérbios, 162
7.4.2 Prefixos provenientes de preposições, 162
7.5 Sufixos, 163
7.5.1 Sufixos substantivados, 163 
7 3 2 Sufixos adjetivados, 163
7.6 Composição de palavras, 163
7.6.1 Número de elementos, 163
7.62 Elementos finais dos compostos, 164
7.63 Elementos iniciais dos compostos, 164
7.6.4 Elementos iniciais provenientes de numerais, 165 
7.65 Elementos iniciais provenientes de pronomes, 166
7.6.6 Elementos iniciais provenientes de substantivos, 166
7.6.7 Elementos inidais provenientes de adjetivos, 167
8. NOMENCLATURA ZOOLÓGICA, 169
8.1 Objetivo do Código, 170
8.2 Táxonse categorias, 170
8.3 A liberdade do pensamento zoológico, 171
11
8.4 Qs nomes dos táxons, 172
8.5 Homonímia, sinonímia, prioridade, 173
8.6 Publicação, autoria e data, 175
8.7 Tipificação, 176
8.8 Nomes do grupo da espécie, 176
8.9 Nomes do grupo do gênero, 180
8.10 Fixação dos nomes genéricos, 181
8.11 Nomes do grupo da família, 182
8.12 A Comissão de Nomenclatura, 183
8.13 Os Códigos e livros sobre o Código, 184
8.14 A nomenclatura e a sistemática filogenétíca, 184
APÊNDICES
1. O CÓDIGO INTERNACIONAL DE NOMENCLATURA ZOOLÓGICA ADOTADO 
PELO XV CONGRESSO INTERNACIONAL DE ZOOLOGIA, LONDRES,
JULHO DE 1958, 189
1.1 Prefácio do tradutor, 189
1.2 O Código - conteúdo, 192 
Preâmbulo, 192
I. Nomenclatura zoológica, 193
II. Número de palavras em nomes zoológicos, 194 
Ш. Critérios de publicação, 194
IV. Critérios de disponibilidade, 195
V. Data de publicação, 200
VI. Validade de nomes, 201
VII. Formação e emenda de nomes, 203
Vm. Táxons do grupo da família e seus nomes, 209
IX. Táxons do grupo do gênero e seus nomes, 210
X. Táxons do grupo da espécie e seus nomes, 211
XI. Autoria, 213
XII. Homonímia,215
XIII. O conceito de tipo, 218
XIV. Tipos do grupo da família, 219
XV. Tipos do grupo do gênero, 220
XVI. Tipos do grupo da espécie, 226
XVII. A Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica, 231
XVIII. Regulamentos que governam este Código, 233 
Apêndices, 234
Glossário, 243 
índice, 248
12
2. EXERCÍCIOS DE NOMENCLATURA, 265
2.1 Um problema de nomenclatura, 265
2.2 Solução do problema precedente, 267 
23 Testes, 269
2.4 Respostas, 277
3. EXERCÍCIOS DE LATIM E GREGO, 279
3.1 Respostas, 285;
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1
PREFÁCIO1
A primeira edição deste livro, publicada em 1983, pelo Museu Paraense 
Emflio Goeldi e pela Sociedade Brasileira de Zoologia, foi um dos inúmeros 
frutos dos Cursos Especiais de Sistemática Zoológica, promovidos entre 1981 e 
1984 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, 
pelo Programa Nacional de Zoologia (PNZ).
O livro Fundamentos práticos dc taxonomia zoológica (Coleções, bibliografia, 
nomenclatura) encontrou uma acolhida extremamente benévola por parte da 
comunidade dos zoólogos; tanto é que a edição se esgotou rapidamente, prova 
de que uma obra destas fazia falta em nosso meio. Além disso, foi resenhadode 
maneira extremamente generosa por dois grandes expoentes das ciências bio­
lógicas - os Professores Doutores José Reis e Herman Lent Tomamos a liberda­
de de transcrever aqui as resenhas publicadas por esses dois cientistas.
O Professor Doutor José Reis assim se expressou em Ciência e Cultura, 35(9): 
1393-1394, setembro de 1983:
1. Nota de aiverttncia: tanto no texto como nas referenda» bibliográficas ao fina) dos capítulos, não são 
seguidas as normas da Associação Brasileira dc Normas Técnicas (ABNT - NBR 6023) nem da 
International Organization for Standardization (ISO), usualmente empregada nas publicações da 
Editora UNESP, mas a forma de cilaçSo quase mundialmente empregada na área de Zoologia. 
Agradecemos à Editora UNESP por esta deferi neta.
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I
14
Este livro, que de inicio se deve proclamar magnífico, resulta de dois falos: o 
primeiro, 6 a iniciativa dos que para ele contribuem, de há alguns anos viran minis­
trando cursos de "fundamentos práticos" do assunto que dá título à obra, em várias 
universidades, especialmente a USP; o segundo, é a realização do ''Curso Especial de 
Sistemática Zoológica", promovido pelo Programa Nacional de Zoologia do CNPq, do 
qual constaram os "fundamentos". Desse programa e docurso csua ótima estruturação 
Ciencia e Cultura ¡ i tratou mais de uma vez, havendo publicado, a título de cxemplo, o 
seu programa no número de maio deste ano.
Salienta a introdução que, há cerca de duas décadas, se iniciou uma renovação 
do pensamento teórico na Sistemática. A par do desenvolvimento da filosofia da 
rienda, surgiram as idéias de Hennig sobre sistemática filogenética e as de Croizat 
sobrebiogeografia por vicariSncia. Não deixaram, porém,de ter vigorosos defensores 
as antigas escolas, como gradismo e nominalismo, bem como a taxonomía numérica. 
Esses aspectos teóricos formam importante parte do curso patrocinado pelo CNPq c 
merecem também edição, pela excelência e oportunidade de seu conteúdo.
Mas, continua a introdução, independentemente de qualquer tendência teórica, 
certos "fundamentos práticos" são fundamentais para o exercido da taxonomía. Sem 
eles o jovem zoólogo não poderia chegar a níveis mais altos. Dizem respeito a coleções, 
bibliografia e nomendatura.
Salienta o autor da introdução, Nelson Papavero, que para a fal ta desses funda­
mentos, por parte dos que se iniciam atualmente na especialidade, corcorre a extinção dos 
cursos de línguas clássicas, ao lado da dificuldade de obter o Código lutcniacional de 
Nomenclatura Zoológica, nunca traduzido para o português, e da lentidão cm aprender 
certos detalhes "só advindos com o passar dos anos".
Assim explicado o assunto, é fácil compreender a organização do livro que, 
diga-se mais uma vez, é precioso como guia para inidantes. Apresenta ele os seguintes 
capítulos: 1. A coleção taxonómica (Ubirajara R. Martins), com minuciosas explicações 
que v5o desde as fontes de material para coleções até as coleções de tipos, a coleta, a 
preparação, o transporte, a identificação, a organização c a curadoría; 2. Asfontes bibliográ­
ficas (Nelson Papavero), que ensina a iniciar uma pesquisa bibliográfica, as fontes mais 
comuns de referenda, apresenta bibliogra fias gera is c especializad as, índices d e nomes 
genéricos, catálogos e listas, obtenção de bibliografia; 3. Ti fios dc publicações zoológicas 
(U. M.); 4. Periódicos brasileiros relativos ã zoologia (N. P.); S. ¡teus da publicação taxonómica 
(N. P. e U. M.), verdadeira dissecação do trabalho escrito; 6. Levantamento de localidades 
(N. P.); 7. Rudimentos de latim (N. P.); 8- Rudimentos dc grego (N. P.); 9. A nomenclatura 
zoológica (com histórico e explicação dos códigos e, finalmente, em tradução de Nelson 
Bemardi, o texto português do Código Internacional de Nomenclatura Zoológica.
Instrumento indispensável para quem sc inicia cm trabalhos de taxonomía, este 
livro revela não apenas a reconhecida capacidade dentffica dos autores mas também 
seu profundo amor pelo ensino e pela formação dc novos zoólogos. Pois só o amor e a 
compctênda, aliados, explicam obra tão consistente, que vai de maneira t3o direta ao 
encontro das necessidades dos estudantes. Nelson Papavero organizou uma obra 
realmente fundamental. E o CNPq está dc parabéns por editá>la.
Por sua vez, o Professor Doutor Hermán Lent teceu os seguintes comen­
tários em Ciência Hoje, 2(7): 60,1983:
Fazia falta um livro que resumisse as principais informações, os "fundamentos 
práticos" necessários aos que se iniciam em taxonomía zoológica, a dência da classifi-
15
cação dos animais. Isso devemos agradecer aos autores deste livro, Ubirajara R. 
Martins e Nelson Papavero, que conseguiram abordar com clareza, objetividade e 
singeleza temas de exposição d ifícil, d e certa maneira enfadonhos para a leitura 
corrida, mas que certamente mostrarão sua utilidade se acompanhados pelo ini­
ciante com o manuseio de seu próprio material dc estudo. Em matéria de taxono­
mía, até os mais experientes zoólogos esbarram muitas vezes em pontos de dúvida 
e complexidade
São nove capítulos, acrescidos de um último que é a tradução do Código 
Internacional de Nomenclatura Zoológica. A tradução se deve a Nelson Bemardi, feita 
sobre o texto da 2* edição, definitiva, datada dc 1964; corrige pequenos defeitos do texto 
original aprovado em 1958, no 15a Congresso Internacional de Zoologia, realizado cm 
Londres no ano em que se comemorava o 200° aniversário da publicação da 10* edição 
do Syslcma Natume, de Lincu; esta publicação introduziu, cm Ia de janeiro dc 1758, a 
aplicação do sistema binominal em zoologia.
Este Código é uma espécie dc constituição utilizada pelos zoólogos, que o 
aceitam e respeitam em toda a sua plenitude- Isto não quer dizer, porém, que não 
recorram a uma comissão internacional permanente que opina, recomenda, promove 
listagens de nomes em litígio e sugere modificações nos Congressos Internacionais de 
Zoologia, que se reúnem periodicamente.
O capítulo um trata das coleções dc animais. Estas representam o repertório de 
espécimes especialmente preservados para observação posterior, não só para estudo 
direto dos materiais guardados, mas também para comparação com outros, visando 
identificá-los ou relacionar sua distribuição geográfica, a variação de caracteres e 
quaisquer outros detalhes que se afigurem necessários para complctaroconhccimento 
de um dado animal. São as coleções, assim, um apoio fundamental para os trabalhos 
em zoologia. O mesmo se poderia dizer das coleções de botânica ou dos repositórios 
de qualquer grupo de seres vivos em criação de laboratório. As coleções têm caracte­
rísticas próprias e podem diferir de um aspecto a outro conforme o grupo dc animais. 
Daí existirem coleções de material seco, coleções de material preservado em líquidos 
conservadores especiais (álcool, formol), coleçõesdc material preparado em lâminas 
para microscopía, coleções de seres semeados cm meios dc cultura, de outros inocula­
dos cm animais de laboratório. Enfim, tipos diversos dc coleções são tratados no 
capítulo um: seus aspectos e objetivos são explanados, assim como as vá rias formas de 
coletar o material, conservá-lo e velar para que não seja destruido por pragas diversas 
ou pela evaporação dos líquidos conservadores.
O capítulo dois é precioso pa ra o principiante cm estudos zoológicos, pois indica 
as várias fontes bibliográficas a que é necessário recorrer, umas relacionando os 
aspectos gerais, outras restringindo-se a determinados grupos zoológicos especializa­
dos. A propósito, lembro-me de que, na década dc 50, dediquei algum tempo de meu 
trabalho no Instituto Oswaldo Cruz a dar um pequeno curso dc zoologia a bibliotecá­
rios do então chamado Instituto de Bibliografia c Documentação do Conselho Nacional 
de Pesquisas. Esses bibliotecários, ao tomarem conhecimento, com algum detalhe, dos 
caracteres principais dos vários grupos zoológicos c das bibliografias mais importan­
tes, adquiriram compreensão maior da bibliografia que iriam manusear ou indicar a 
seus consulentes.
No capítulo três, o leitor encontrará a descrição dos vários tipos de trabalhos 
zoológicos, tais como os meramente descritivos, os de síntese ou dc revisão monográ­
fica, os faunEsticos e zoogeográficos, os que procuram listar espécies de determinado 
grupo e também os históricos e os que tratam de métodos c técnicas.
16
No capítulo quatro encontra-se uma relação de publicações periódicas, com 
ênfase para as nacionais, que mais se dedicam à divulgação de trabalhos de zoologia. 
Aí encontramos o nome do periódico, seu locai de origem e a data do primeiro volume 
ou a de seu eventual encerramento.
O capítulo cinco intitula-se Itens da publicação taxonómica, abordando assuntos 
diversos para a preparação do texto escrito de um trabalho destinado à publicaçãd, tal 
como a escolha do idioma, do título, o preparo do resumo, a divisão cm capítulos, como 
usardados numéricos,opreparode cha vesdeidenti fica çãodegráficoscde ilustrações.
No capítulo seis encontram-se as fontes de informação para obtenção de dados 
sobre as localidades geográficas de países diversos, como também publicações espe­
cializadas, mapas etc
Sabemos que antes do francés e do inglSs, as línguas científicas modernas, o latim 
era o idioma em que se escreviam os trabalhos científicos. Por isso, o livro se preocupou 
em incluir um capítulo, o sétimo, sobre rudimentos de latim, c ainda outro, o oitavo, 
quccontém rudimentosde grego. Asduaslínguas da AntigflidadeClássica encontram, 
assim, um resumo claro e indispensável.
No capítulo nove, o livro estuda a nomenclatura zoológica, que é o importante 
fator que permite o entendimento entre os zoólogos, a linguagem internacional que dá 
nome aos animais. Discute-se a maneira como isso deve ser feito, obedecendo a um 
código aceito internacionalmente que estabelece como base uma lei dc prioridade, peta 
qual o nome mais antigo proposto para um determinado animal é o que prevalece, 
desde que obedecidas certas regras sobre sua publicação e divulgação.
Os sinônimos e homônimos, assim como o conceito de tipo, encontram nesse 
capítulo sua definição.
Como anexo, já mencionado, está uma tradução, no capítulo dez, do Código 
Internacional de Nomenclatura Zoológica, que inclui glossário e índice.
Serão sempre pouco enfáticas as palavras que pudermos utilizar para elogiar a 
publicação deste livro, que deve estar nas mSos dc todos os pesquisadores, iniciantes 
ou não, relacionados com as diversas especialidades zootógicas. Reunidos cm um só 
volume, estão diversos assuntos de explanação difícil, e conceitos que ajudarão a 
dirimir dúvidas ecompreender trabalhos alheios ou questões a resolver pessoalmente 
Olivro tem utilizaçãoparaaprcndizagcm,consuIta,/on!esdein/onnaçáobibJiogriS fica 
e orientação sobre temas diversos de publicações científicas.
Vem agora este livrinho sobre "fundamentos práticos de taxonomía zoo­
lógica" ser apresentado novamente aos leitores, em uma segunda edição revista 
e ampliada (principalmente pela inclusão de exercícios), graças ao interesse 
demonstrado pela Editora UNESP (Fundação para o Desenvolvimento da 
UNESP), à qual sinceramente agradecemos. Nossos agradecimentos são exten­
sivos à Professora Doutora Vera Cristina Silva (UNESP de Assis, SP), por suas 
gestões junto à Editora da UNESP. A FábioGonçalvese a Maria Apparedda Faria 
Marcondes Bussolotti, da Editora UNESP, os melhores agradecimentos pela 
cuidadosa revisão do manuscrito e por muitas sugestões que contribuíram 
grandemente para aprimorar o texto.
Nelson Papavero 
Organizador
PREFÁCIO À PRIMEIRA EDIÇÃO
Há cerca de duas décadas, iniciou-sc uma renovação do pensamento 
teórico dentro da ciência da Sistemática. A par do desenvolvimento da filosofia 
da ciência, surgiram as idéias de Hennig sobre Sistemática Filogenética e as 
idéias de Croizat sobre Biogeografia por vica riância. As escolas antigas (gradis- 
mo, nominalismo etc.) também tiveram defensores ardorosos, o mesmo suce­
dendo com os adeptos da Taxonomía Numérica.
Independentes de qualquer tendência teórica, estão certos "fundamentos 
práticos", indispensáveis para o exercício da Taxonomía, e sernos quais o jovem 
zoólogo não se pode guindar a níveis mais altos em seu trabalho: coleções, 
bibliografia e nomenclatura.
A extinção dos cursos de línguas clássicas nos cursos secundários, a 
dificuldade de obtenção do Código Internacional de Nomenclatura Zoológica (nunca 
traduzido para o português) e a lentidão em aprender certos detalhes só 
advindos com o passar dos anos, fazem com que a formação dos taxonomistas 
peque logo pela base.
Os autores que contribuíram para este livro vêm há alguns anos minis­
trando estes "fundamentos práticos" em vários cursos de pós-graduação em 
diversos departamentos da Universidade de São Paulo e de outras universida­
des do país. A falta de um livro de texto, em que fossem expostas de maneira 
sucinta as bases práticas para o exercício da Taxonomta, levaram-nos a preparar 
esta obra.
18
A realização de um "Curso Especial de Sistemática Zoológica", promovido 
pelo Programa Nacional de Zoologia do Conselho Nacional de Desenvolvimen­
to Científico e Tecnológico, junto à Universidade Federal de São Carlos, no 
segundo semestre de 1981, precipitou a elaboração deste livro, que foi discutido 
com os alunos participantes daquele evento.
A versão final apresenta ainda lacunas, omissões e incorreções que esca­
param às inúmeras leituras; esperamos que as pequenas falhas sejam relevadas 
pelos leitores e de antemão agradecemos sinceramente por críticas, sugestões e 
contribuições.
Nelson Papavero
1. A COLEÇÃO TAXONÓMICA
Ubirajara R. Martins'
E, de cada espécie de todos os animais, farás entrar na arca 
dois, macho e fêmea, para que vivam contigo. Das aves, 
segundo a sua espécie, c das bestas, segundo a sua espécie, 
de todos os répteis da terra,segundo a sua espécie; dc todos 
entrarSo contigo dois, para que possam conservar-se.
Gôusis, 6,19-20
Procuramos salientar neste capítulo apenas os aspectos, procedimentos e 
informações mais generalizados, referentes às coleções taxonómicas zoológicas.
A vastidão do mundo animal, com mais de 1 milhão e 500 mil espécies 
conhecidas, restringe os zoólogos a um ou alguns campos de interesse e pesqui­
sa; é obviamente impossível colecionar, preservare estudar tudo. Por isso, cada 
grupo animal ou cada tipo de pesquisa exigem particularidades específicas para 
captura ou coleta do material, para preservação ou para acesso às coleções. 
Compreende-se claramente que a captura de um mamífero há que ser totalmen­
te diferente da de um anelídeo; que a preservação de exemplares para estudo 
anatômico será completamente diversa da dos indivíduos para estudos de 
distribuição geográfica. É, portanto, impossível abordar aqui todos os casos 
específicos; teremos que generalizar, o queé sempre passível de crítica.
1. Museu de Zoologia, Universidade dc S3o Paulo, Sâo Paulo, SP.
20
A coleção taxonómica é a reunião ordenada de espécimes mortos ou partes 
corporais desses espécimes, devidamente preservados para estudos. Freqüentemente 
incorporam-se às coleções objetos e produtos resultantes de atividades dos 
animais ("trabalho de um animal"), tais como ninhos e abrigos, excrementos, 
rastros e pegadas, galerias, galhas, minas e outros.
A parte da Biologia que visa à classificação dos animais, Taxonomía, 
fundamenta-se principalmente na análise comparativa de seus atributos (carac­
teres taxonómicos). Uma vez que as coleções encerram exemplares mortos, 
parcela ponderável de atributos não pode ser observada. Referimo-nos aos 
caracteres que só são observáveis em animais vivos, como caracteres etológicos 
(emissão de som e de luz, padrões de corte, construção de ninhos, de teias ou 
de abrigos), de cunho ecológico (preferência de hospedeiro, de hábitat etc.) e 
assim por diante.
Entretanto, caracteres morfológicos freqüentemente podem ser anal isados 
em espécimes preservados e, com rarissimas exceções, toda classificação animal 
se fundamenta no estudo comparativo desses caracteres. Fica claro então que a 
coleção ê imprescindível para estudos taxonómicos.
Não quer isto dizer, obviamente, que o taxonomista deva satisfazer-se com 
o exame exclusivo de caracteres morfológicos. Há problemas taxonómicos cuja 
resolução envolve a observação dos animais vivos e para cuja solução são 
requeridas observações quer no campo, quer de animais em cativeiro.
Fica também patente que quantojnais representativa for a coleção de 
determinado grupocmpinres possibilidades terá o taxonomista para efetuar sua 
ãrTálise. A grande r e p r e s e n ta tivM adp rçfere-se ao maior número possfysi_.de 
espécies e a maior quantidade possível de populações geograficamente diver- 
sas. Este agrupamento numeroso de indivíduos de uma espécie numaxolecão 
denomina-se série. É então desejável que uma coleção, para fundamentar pes­
quisas taxonómicas, encerre .séries geograficamente representativas.' isto é, 
cÕHgidáslãõ longo da distribuição global da espéde.
Mayr (1964) mendona que Miller (1941) examinou 11 mil 774 espécimes 
de pássaros do gênero Junco, que reúne 21 formas (espécies e subespécies). Tal 
volume de material certamente possibilitou uma análise altamente satisfatória.
O utra-im pnrtânria m fljnr riac rn W flgg A nforpror n< plp iii^ n ff iC jm T rrm n ip rn -
yação de toda pesquisa pregressa. Todo material utilizado por pesquisadores 
anteriores para publicação dos resultados de seus estudos há que estar devida­
mente preservado e será utilizado, posteriormente, em confrontações. Este 
procedimento é habitual e freqüente. Quase sempre, em taxonomía, necessita­
mos examinar espécimes anteriormente mendonados na literatura para a reso­
lução de problemas atuais.
Lamentavelmente, em nosso país, o hábito de preservar os "elementos de 
prova", isto 6, o material utilizado na elaboração de um trabalho, não é freqüente 
nasáreas mais vinculadas à zoologia aplicada. Parece, por exemplo, de somenos
importância guardar numa coleção os instares larvais de uma lagarta nociva, 
mencionada numa publicação que vise ao seu controle químico ou biológico. 
Suspeita-se e comprova-se, mais tarde, que na realidade são duas as espécies, 
muito próximas, que danificam uma certa cultura. Como saber qual delas foi 
mencionada se o material de prova não foi preservado?
Em certos países mais desenvolvidos, a importância dada às coleções é 
inconteste; além de seu valor cultural e científico, interessa-lhes também seu 
valor material propriamente dito. Tal procedimento permite que se façam lá 
pesquisas mais completas, inclusive com a nossa fauna, desde muito e ainda 
ativamente colecionada por europeus e norte-americanos. Não espanta, portan­
to, serem do hemisfério norte as pesquisas mais relevantes no campo da 
Taxonomía, em particular, e da Biologia, em geral.
À guisa de comparação permitimo-nos resumir tópicos constantes do 
"Annual report of the Smithsonian Institution for the year ended September 30, 
1979".
O National Museum of Natural History, de Washington, procede ao 
inventário de 60 milhões de espécimes (arqueológicos, paleontológicos, zoológi­
cos e botânicos), com a adoção de processamento automático de dados, objeti­
vando um registro total da coleção em computador. É preciso que se repita: 60 
milhões de espécimes, só nessa Instituição! Pouco menos de 380 cientistas e 
pesquisadores associados militam ali.
Esse mesmo Museu abriga a maior coleção do mundo de foraminíferos 
fósseis: 500 mil exemplares montados em lâminas de microscopía. Essa coleção 
é fundamental para os geólogos de petróleo datarem sedimentos e localizarem 
eventuais depósitos petrolíferos.
Os cientistas do National Museum são colaboradores do projeto interna­
cional de proteção às ilhas Galápagos, para impedir a degradação do ecossiste­
ma particularíssimo representado por essas ilhas. Assim, para avaliar o efeito 
do turismo na qualidade da água do mar, procedeu-se à coleta e análise da 
vegetação marinha; em 24 ilhas e em duas estações sazonais coletaram-se 20 mil 
espécimes hotânicos. Os levantamentos faunístícos e florísticos das ilhas, por 
seu tumo, já produziram 13 estudos taxonómicos nos mais diversos grupos.
Vale ainda mencionar que esse Museu possui uma coleção de aproxima- , 
damente 500 mil exemplares de mosquitos (e mais 250 mil em preparação); a ( 
maior parte dela coligida pelo então "Southeast Asia Mosquito Project", funda­
do em 1964, hoje "Medicai Entomology Project", que envolve também a África 
e a América do Sul, onde os mosquitos são especialmente importantes como i 
vetores da febre amarela, malária, filariose, encefalite etc. O conhecimento 
profundo da sistemática dos mosquitos, certamente facilitado pelo exame de : 
uma coleção desse porte, permite esclarecer, por exemplo, hábitos e criadouros 
e assim fundamentar diretrizes corretas para combate e controle.
22
1.1 FONTES DE MATERIAL PARA COLEÇÕES
A obtenção de material para coleções depende muito freqüentemente da 
busca e captura dos animais nos seus hábitats. Esta tarefa envolve o conheci­
mento das técnicas de coletee das técnicas de preservação (v. adiante).
As expedições zoológicas ou viagens de coleta têm a missão de coligir esse 
material.
É mui to habitual que tais expedições ou viagens visem à captura de apenas 
um ou algunspoucos grupos zoológicos, escolhidos de acordo com os in Eeresses 
dos pesquisadores participantes. Por essa razão, o crescimento das coleções 
zoológicas de uma instituição é desuniforme. As coleções de grupoi nas quais 
há pesquisadores em atividade tendem a desenvolver-se, enquanto as dos 
outros grupos permanecem estacionárias, às vezes por longos períodos.
Por outro lado, as expedições e viagens podem visar a levantamentos 
faimfsticos de um determinado hábitat, área ou região. Neste caso, busca-se em 
viagens sucessivas e em épocas diversas, o máximo de representação (ou a 
totalidade) de um grupo, de alguns grupos zoológicos, ou .dejtoda a fauna.
De maneira geral, os coletores concentram-se mais na capturàdõspnipos 
que lhes interessam, mas incorporam sempre às coleções outros animais que 
eventualmente possam aparecer. Estas "coletas ao acaso" contribuem signifi­
cantemente para o aumento das coleções gerais. Por exemplo, o pesquisador 
interessado em obter cupins xilófagos há que se envolver com a demanda de 
troncos e ramos, caídos ou não, habitat também de um sem número de outros 
animais pequenos: Collembola e Acari, larvas e imagos de insetos, moluscos, 
sapos, lagartos e até pequenos mamíferos que serão, eventualmente, também 
coligidos. O malacólogo especialmente preocupado com a captura de espédes 
dulcícolas encontrará em sua peneira outros animais aquáticos: pequenos pei­
xes, girinos, ninfas e larvas de insetos, vermes, e assim por diante.
Permuta. É impossível para qualquer instituição,por poderosa que seja, 
obter material representativo do mundo todo. Material exótico, raro ou crítico 
para uma determinada pesquisa pode ser conseguido por permuta, institudo- 
nal ou com pesquisadores,
Retenção^ É corriqueiro o procedimento de enviar ou receber material 
científico para identificação (p. 39). O pesquisador que desempenha a tarefa de 
identificação dedica grande parcela de seu tempo em bem executá-la. Como 
compensação pelo seu trabalho, certamente árduo, retém para a sua instituição 
partedo material identificado, mormente quando abundante. Essa providência, 
universalmente aceita mediante aquiescência prévia, contribui para o acesso às 
coleções de material das mais diversas procedências.
Graças a tais procedimentos (permuta e retenção), consegui reunir, ao 
longo de duas décadas, uma coleção com quase 6 mil e 500 espédes de ceram- 
bicídeos (Coleoptera), de muitas partes do globo, obviamente impossíveis de 
serem todas visitadas.
23
1.2 TIPOS DE COLEÇÕES
1.2.1 Coleções didáticas
Encerram material destinado a ensino,. dejmonstrações e. treinamento. 
Encontram-se nas instituições vinculadas ao ensino da Zoologia. O aprendizado 
é mais efetivo e imediato quando os interessados encontram-se diante do 
material objeto de estudo.
Habitualmente, o material didático tem curta duração, pois é destruído ou 
danificado pelo manuseio constante. Portanto, as coleções didáticas são objeto 
de renovação permanente..
As coleções didáticas são, e devem ser, completamente independentes das 
coleções de pesquisa. Oacesso de pessoal despreparadoa estas últimas é sempre 
desastroso; para muitos, é difícil avaliar a importância de determinados exem­
plares numa coleção de pesquisa.
As coleções didáticas podem, contudo, receber material impróprio para as 
coleções de pesquisa. Exemplares com dados incompletos de procedência ou 
espécimes parcialmente danificados podem servir para inúmeras finalidades 
didáticas.
1.2.2 Coleções de pesquisa
1.2.2.1 Grandes coleções gerais
Conservam material zoológico dc todos os grupos, proveniente, se possí­
vel, do mundo todo e representado por séries. Encontram-se em instituições 
públicas, geralmente museus, e em algumas universidades, e contam geralmen­
te com pelo menos cerca de um século de existência.
Em boa parcela dessas instituições, curiosamente, é usual que se obtenham 
amplos recursos para financiar grandes e espetaculares expedições de coleta, 
em contraposição aos parcos recursos destinados à manutenção das coleções já 
existentes. Por essa razão (e algumas outras) têm-se perdido, aqui e alhures, 
coleções muito importantes, reunidas com sacrifício e dedicação durante déca­
das de duro trabalho. Desde que as coleções científicas são patrimônio nacional e 
internacional, é preciso que se sensibilizem as entidades mantenedoras no sen­
tido de que sejam providenciados recursos suficientes a fim de que se possa 
legá-las aos pósteros em perfeitas condições.
Vastas coleções de pesquisas permitem amplo desenvolvimento dos estu­
dos taxonómicos e biológicos. Seria impossível mencionar aqui as grandes 
contribuições à Biologia, frutos do exame dessas grandes coleções.
As coleções de pesquisa, pelo vultoso material que encerram, requerem 
grandes espaços. Para que se tenha uma idéia, em 1976, o National Museum of 
Natural History possuía 7 milhões de espécimes de Coleoptera, guardados em 
12 mil gavetas entomológicas. Esse material pode ser acondicionado em 240 
armários de 50 gavetas e ocupa uma área integral de 144 m2 (corredores de 
circulação não computados). Possuía o American Museum of Natural History, 
em Nova York, em 1964, uma coleção de aves com cerca de 800 mil peles; o 
Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo guarda uma coleção desse 
mesmo grupo de 55.200 peles, que ocupa cerca de 184 m2. Nessas mesmas 
proporções, aquela coleção, quase quinze vezes maior, teria que ser acomodada 
numa área com mais de 2.500 m2.
Como já mencionado, o desenvolvimento numérico destas coleções gerais 
é desuniforme: normalmente ampliam-se grupos de interesse dos pesquisado­
res. Em todos os museus, alguns grupos têm representação soberba, enquanto 
outras, nunca pesquisados, estão insuficientemente representados; além disso, 
algumas instituições dedicam-se a explorar e coletar material em apenas deter­
minadas áreas geográficas. Intercâmbio entre instituições e entre pesquisadores, 
e solicitação de material, por empréstimo, para estudo, normalmente suprem o 
taxonomista de espécimes necessários para exame. Fica claro que amplo e 
cordial entrosamento entre instituições e indivíduos é desejável e obrigatório e 
deve ser incentivado ao máximo.
1.2.2.2 Coleções particulares
Há colecionadores e aficionados que reúnem, com recursos particulares, 
vultoso material de grupo ou de grupos zoológicos, para sua própria pesquisa 
ou de outrem. São as coleções privadas ou particulares, habitualmente incorpo­
radas, após a morte ou o desinteresse do colecionador, às coleções públicas, por 
doação ou venda. Por ficarem restritas a um determinado tipo de interesse ou 
a um único grupo zoológico, em geral estas coleções são muito boas e valiosas.
Quer nos parecer que a incompatibilidade é completa quando o pesquisa­
dor vinculado a qualquer instituição mantém coleção particular paralela; em­
bora possam ser apresentadas justificativas, a duplicação de esforços é sempre 
indesejável, mormente quando a instituição, eventualmente, venha a ser preju­
dicada.
1.2.3 Coleções regionais
Reúnem espécimes de determinada localidade, área ou região geográfica. 
São extremamente importantes, pois encerram, com o passar do tempo, graças 
a coletas constantes, representação quase integral da fauna.
A organização de coleções regionais é, lamentavelmente, procedimento í, |) 
pouco habitual entre nós. Cremos, deveria ser preocupação primordial nos ^ 
centros de ensino zoológico, notadamente nos do interior (escolas superiores e * 
técnicas, institutos e entidades de pesquisa etc.). Nesses centros, contudo, ^ 
freqüentemente faltam recursos, interesse, tempo, apoio ou orientação para que , a 
se organizem boas coleções.
O exame de muitas coleções regionais, dispersas por toda parte, permitiria í 
estudar acuradamente a distribuição da fauna nacional ou mesmo continental. ^ 
Este procedimento é habitual em outros países, onde os pesquisadores quase 
sempre podem dispor (por empréstimo ou visita) de representação vultosa para ' 9 
exame. Chemsak (1963), por exemplo, reviu e determinou a distribuição geo- ( | 
gráfica das espécies do gênero Telraopes (Cerambycidae), que vivem em Ascle- , 
piadaceae, porque pode reunir alguns milhares de exemplares de coleções * 
dispersas por todo os Estados Unidos. |l
25 1
1.2.4 Coleções especiais I
■■ 1Este tópico envolve enorme diversidade de tipos de coleções, variáveis 
segundo a área de interesse da pesquisa a desenvolver. Em resumo, essas ̂
coleções reúnem material destinado a fundamentar estudos específicos. Salien- ^ 
tamos algumas à guisa de exemplo. .
3
1.2.4.1 Coleções de interesse econômico ^
I
Abarcam vários aspectos: médico-sanitários, agropecuários, alimentares, 
florestais, de vigilância aduaneira etc. Assim, coleções em instituições dedicadaç 
à pesquisa e resolução de problemas médico-sanitários, colecionarão apenas j| 
grupos de importância para sua área (vetores de doenças, hospedeiros interme- | 
diários etc.). Por seu tumo, coleções de instituições vinculadas à agricultura ou 
à veterinária conservarão animais nocivos (por tipo de cultura que danificam ̂
ou destroem, ou para culturas e criações que prejudicam toda uma região), seus < | 
parasitos e predadores (visando ao eventual controle biológico), ou animais 
úteis, dos mais diversos pontos de vista (para alimentação, produtores de ' I 
alimentos, decompositores de matéria orgânica etc.). Os entomologistas austra- ( j) 
lianos montaram uma coleção internacional de escaravelhos (vinculados biolo- 
gicamente a toda sorte de excrementos) e enviarampesquisadores a toda parte * 
para estudar-lhes os hábitos. Problema a resolver: introduzir na Austrália ' ü 
espécies com grande capacidade para pulverizar ou para enterrar excrementos , | 
debovinos a fim de aumentar a capacidade de pastoreio das pastagens (obovino 
não pasta o capim da periferia dos excrementos) e incorporar matéria orgânica J 
ao solo. Preocupam-se os australianos agora em coligir todas as espécies que < ^
" I
atacam Baccharis ("vassourinha") para controlá-la ou destruí-la nos pastos de 
seu país.
1.2,4.2 Levantamentos faunfsticos
São coleções que reúnem material para servir de base a levantamentos 
faunísticos, v. g., espécies do cerrado ou da caatinga, aves da Ilha do Bananal, 
moluscos do Parque Nacional Sooretama, peixes da bacia do Rio Paranaíba, ou 
insetos da Serra do Cipó.
Podem ser enquadradas como coleções espedais um sem-número de 
outras: pelos hábitos (animais produtores de galhas, parasitas e predadores de 
determinadas plantas ou animais), pelo tipo de alimentação (xilófagos, insetí­
voros, mícetófagos, necrófagos etc.), pelo tipo de hábitat (cavemícolas, dulcíco- 
las, edáficos) e assim por diante.
26
1.2.5 Coleções de identificação
Servem de apoio à rotina de identificação de material zoológico para as 
mais diversas finalidades. Pertencem a instituições primordialmente preocupa­
das com essa prestação de serviços, como o Systematic Entomology Laboratory, 
do Agricultural Research Service (U. S. Department of Agriculture) que identi­
fica, em média, 300 mil insetos a cada ano, para dentistas, agrônomos, inspeto­
res de vigilância alfandegária, agricultores e público em geral.
Instituições desse tipo devem, preferendalmente, funcionar junto aos 
grandes centros de bibliografia espedalizada, tais como museus e universida­
des. No Brasil ainda não existem instituições com essa finalidade e grande parte 
do pessoal técnico que necessita identificações terá que recorrer ao exterior. O 
número de pesquisadores nadonais aptos a identificar material, proporcional­
mente ao volume de nossa fauna, é ridículo. Ver em Martins (1977) o número 
de taxonomistas e estudantes de taxonomía em Insecta no Brasil: respectivamen­
te 83 e 35!
Nas coleções para identificação, as séries são dispensáveis; basta que 
contenham pequena representação de cada espécie. Esta representação pode se 
restringir a um casal (formas com dimorfismo sexual) ou a um pequeno número 
de exemplares, representantes dos diversos graus de variabilidade intra-espe- 
dfica. Há casos em que a representação de formas jovens ou imaturas é desejá­
vel. Em aves, por exemplo, a plumagem dos jovens pode ser bastante diferente 
da dos adultos.
O material contido nas coleções de identificação serve para comparações 
com o material que se deseja identificar, em geral após aproximação efetuada 
pelo uso de chaves ou de diagnoses. É assim fundamental que o material das
27
coleções para identificação esteja corretamente determinado por especialistas 
ou por comparação com material-tipo. Caso contrário, identificações errôneas 
e sucessivas podem transmitir erros por gerações.
1.3 COLEÇÕES DE TIPOS
Tipos são exemplares nos quais se fundamentaram descrições de espécies. 
São sempre muito importantes e valiosos, pois geralmente seu exame permite 
elucidar uma série de problemas taxonómicos;
Algumas instituições preferem manter, por segurança eativamentc cuida­
dos, todos os tipos primários (holótipos, lectótipos e neótipos) em coleções 
independentes, mais seguras que as coleções gerais. Nos casos de catástrofe 
(incêndio, terremoto, inundação ou bombardeio), quando as coleções devem ser 
rapidamente evacuadas, as possibilidades de salvaguardar os tipos concentra­
dos em um único local será eventualmente maior. O inverso também é verda­
deiro. É possível que exatamente esse local onde estejam encerrados os tipos 
seja c mais duramente atingido e em primeiro lugar.
1.4 COLETA
O material a coletar é variável segundoo fim a que se destina. O ornitólogo 
envolvido em estudos de anatomia comparada contentar-se-á, provavelmente, 
com o abate de alguns espécimes, enquanto outro, interessado na análise de 
variação intra-específica das aves, procurará obter boas séries em cada locali­
dade visitada.
Em geral, para estudos taxonómicos, busca-se obter amostras adequadas 
de cada população, para se avaliar a variabilidade específica. O número de 
indivíduos co-específicos a coletar deverá ser maior onde a variabilidade tam­
bém é grande e no perímetro da distribuição geográfica da espécie, onde 
geralmente ocorrem "populações aberrantes".
Nos grupos muito numerosos, como Insecta, o coletor menos avisado 
satisfaz-se com pequena amostra de uma "espécie"; o exame acurado posterior, 
no laboratório, revela que, na realidade, exemplares aparentemente co-esped- 
ficos são representantes de duas ou mais espécies próximas, separáveis por 
peculiaridades imperceptíveis no campo. É, portanto, aconselhável, nestes ca­
sos, coligir o máximo de indivíduos para posterior triagem sob lupa. Até mesmo 
um especialista em girinídeos (pequenos coleópteros aquáticos que se encon­
tram a ziguezaguear displicentes pela superfíde das coleções d'água) terá 
dificuldades em reconhecer as espécies na natureza, mormente quando sabe 
que diferem por detalhes mínimos na distribuição da pubescência ventral. É
preciso que se diga que se registraram para o Brasil quase 60 espécies desta 
pequena família e há muitas, ainda novas, a descrever.
Obviamente, o local específico da captura depende dos hábitos do grupo em 
que se está interessado. O pesquisador dedicado a estudar animais necrófagos 
providenciará armadilhas com cadáveres em diferentes graus de decomposi­
ção; aquele que estuda insetos polinizadoresbuscá-los-á em plantas em floração 
e assim por diante. Fica implícito que uma coleta bem-sucedida de determinado 
grupo depende de conhecimento prévio e acurado dos hábitos desse grupo.
1.4.1 Livro de campo
O livro de campo é imprescindível, independentemente do grupo zooló­
gico a coletar ou do tipo de estudoa desenvolver-se com o material. Por melhor 
que seja a memória do coíetor, muitas informações interessantes ficarão esque­
cidas com o passar dos anos; observaçõessupostamente irrelevantes no momen­
to da captura poderão se revelar utilíssimas posteriormente.
Este livro, ou caderno de campo, reúne todas as informações sobre o material 
coligido numa expedição científica ou numa simples coleta. Além de dados 
sobre o material propriamente dito, conterá outras anotações: paisagem das 
localidades, tipos de biótopos, d e formações vegetais, de água ou desoIos,cIima, 
observações de cunho ecológico, otológico etc. O livro de campo poderá conten
Itinerário e datas. O itinerário daro e minudoso de uma viagem de coleta 
permitirá esdarecer dúvidas fu turas, especialmente quando muitas localidades 
são exploradas. A elaboração de um mapa esquemático é muito útil. O conhe­
cimento do itinerário de uma expedição facultará, no futuro, uma viagem que 
procure reproduzir a anterior, quando o material importante foi coligido. Daf a 
necessidade do registro de datas. Sabe-se que muitas espécies só ocorrem em 
algumas épocas do ano. Uma parcela considerável dos insetos holometabólicos, 
por exemplo, explora ambientes diferentes na fase de Jarva e de adulto; a 
ocorrênda de adultos fica assim restrita a determinados biótopose períodos de 
coleta, geralmente efêmeros, evidendáveis pelas datas de capturas anteriores. 
Buscamos coletar, sem sucesso, em dnco expedições pelas escarpas e altiplanos 
da Serra do Caraça, um cerambicídeo ali capturado pelos padres lazaristas, no 
início do século, e doado ao Museu de Paris com a singela indicação "Caraça, 
Minas". Conhecem-se dois exemplares desta espéde (com cerca de 12 mm de 
comprimento) em todo mundo. Embora tivéssemos variado a data das viagens, 
nunca pudemos encontrá-la; o conhecimento da data da captura original pode­
ria ter-nos conduzido a resultado bcm-sucedido.
Paisagem. A descriçãoda paisagem das localidades de coleta permite 
decidir os tipos de vegetação, de coleções d'água, de solo, e assim por diante. 
Em geral, uma documentação fotográfica da paisagem de uma estação de coleta
è
29
t.
fadlita futuras interpretações sobre o hábitat do material coletado. Nos locais a
onde a paisagem é variável, a documentação fotográfica é muito importante. V 
Tivemos oportunidade de colecionar numa região em Jataí, Goiás, onde as ^ 
formações vegetais se sucedem rapidamente; dos cerrados típicos nos planaltos ^ 
passa-se para a "mata de segunda classe" (como a denomina Waibel, 1948), 
ainda relativamente rala, com espécies vegetais próprias, em solo mais arenoso, ' 9 
e daí para a exuberante floresta dliar, densa, em solo rico. A entomofauna de , | 
cada uma delas é diferente e a informação com apenas o nome da procedência, 
"Jataí, GO", peca por omitir toda essa gama de diferentes paisagens. *
f ^
Procedência. Os dados de procedência são: a localidade específica da coleta; ' v 
deve conter o nome do município (ou divisão territorial equivalente) onde se ( J 
situa a localidade, o nome do estado (ou divisão territorial equivalente), o nome | 
do país, a data de coleta e o nome do coletor (ou coletores).
í
• Localidade. Diante da possibilidade de encontrarmos os mais diferentes hábi- 
tats num único município, como exemplificado acima, a indicação precisa de ® 
uma localidade de coleta toma-se indispensável. Cita-se o nome de uma ^ 
fazenda, chácara ou sítio, acompanhado, sempre que possível, da sua locali- ^ 
zaçãoouposÍçãogeográficaexata,aItitude,longitudeelatitude.Porexemplo, ‘ 
"Colégio do Caraça, ca. 34 km s. de Santa Bárbara, 1380 m, Minas Gerais, ) 
Brasil". Especialmente os nomes de localidades ainda pouco conhecidas de- , 
vem conter mais informações sobre sua posição geográfica. Exemplo: "Sinop, 
12*31'S,55*37'W, rodovia BR-163, km 500 a 600,350 m. Mato Grosso, Brasil". S 
A menção da altitude é especialmente importante quando se trabalha numa , j 
região de notáveis acidentes orográficos. Seja-nos permitido lembrar que a 
vegetação nesses locais sofre modificações conspícuas, geralmente zonais, 
segundo a altitude, que determinam zoneamento paralelo na distribuição da 
fauna. O simples registro "Itatiaia", portanto, é completamente insatisfatório.
• Data da coleta. A citação da data da coleta permite inferir sobre o clima da 
região na ocasião da captura do material. Além disso, permite decidir com 
mais segurança, o período para uma viagem posterior que vise obter material 
de importânda coletado anteriormente (vide itinerário e datas).
• Nome do(s) coletor(es). A referência ao nome do coletor é indicativa da confia­
bilidade da procedência do material. Material coletado por pesquisador ou 
coletor idôneo é geralmente mais digno de confiança nos dados de procedên­
cia que o obtido, por exemplo, por coletores profissionais, cujo interesse 
primordial se prende apenas à comercialização dos exemplares, ou por estu­
dantes que confeccionam trabalhos práticos (apresentação de coleções didá­
ticas), para os quais dados de procedência parecem ter importância menor. O 
nome do coletor auxilia também na localização mais precisa da origem do 
material coligido nas grandes expedições do passado, cujos itinerários estão 
publicados (ver Capítulo 5).
• J)
}
I
•Informações de campo. É óbvio que as informações de campo a registrar, sua 
extensão e minúcia, dependem do destino do material e da área de estudo 
do coletor ou pesquisador. Em resumo, subordinam-se ao tipo de interesse do 
coletor. Anota-se, por exemplo, o local específico da coleta, isto é, "sob casca", 
"em fungo", "em toca d e " s o b r e ñores de...", "sob pedras, na praia", "à 
luz" etc. Estas curtas informações sempre dão boas indicações de hábitos, 
hábitat e assim por diante. Com fundamento em observações e informações 
decampo, Reichardt (1971) publicou interessante nota sobre o comportamen­
to de defesa em carabídeos (Coleóptera) que expelem, com ruídoperfeitamen- 
te audível, gotfculas de substância urticante que, em contato com o ar, volati­
liza-se em "nuvem esbranquiçada", atemorizando os eventuais agentes per­
turbadores e queimando os dedos dos entomologistas...
Números de campo. Para facilitar o trabalho de campo e economizar tempo, 
pode-se reunir sob um número (número de campo), que acompanhará o mate­
rial, todas as informações pertinen tesaos espécimes coligidos. Este procedimen- 
toéespecialmente útil quando se trata de lotes, isto ê, grupos de animais, muito 
diversos ou não, coletados no mesmo local. Todos os exemplares (lote) encon­
trados, por exemplo, num tronco caído, recebem um número de campo, segui­
do, no livro de campo, de todas as informações julgadas relevantes. Da mesma 
forma, todos os ectoparasitos encontrados numa ave recém-abatida receberão 
um número de campo, seguido das anotações a respeito do hospedeiro, seu 
hábitat etc. A adoção de números de campo para lotes de animais sociais 
(formigas, abelhas e cupins) é altamente desejável, especialmente quando ni­
nhos sãoapresados integralmente. Outra grande utilidadedo número decampo 
é sua adoção quando o animal não pode ser transportado por inteiro ao 
laboratório; é o caso, v. g., dos grandes mamíferos ou peixes, quando pele, 
crânio, ossos etc devem ser conduzidos separadamente e todas as partes 
recebem número idêntico. Números de campo geralmente são substituídos 
posteriormente por números de coleção (ver adiante). Todas as precauções devem 
ser tomadas para que ambos nunca se confundam.
1.4.2 Rotulagem de campo
Rótulos manuscritos de campoacompanhamo material coligido e, exceto 
no caso da adoção de números de campo, devem conter os dados de coleta 
mencionados anteriormente: localidade, município e estado (ou divisões terri­
toriais equivalentes), país, data e nome do(s) coletor(es),
Esses rótulos podem ser afixados a um único espécime ou acompanhar os 
loteSj, dependendo da embalagem que acondicionará o material para transporte 
ao laboratório. Devem ser elaborados mu i to cuidadosamente, pois com base nas 
indicações desses rótulos é que se preparam as etiquetas definitivas de proce­
dência. Estas são afixadas aos espécimes quando passam a integrar a coleção.
31
Alguns pesquisadores, por precaução, acrescentam à etiqueta definitiva o nú­
mero de campo; na maioria dos casos, contudo, esse número integra o livro de 
registro, tratado mais além.
1.5 TÉCNICAS DE COLETA
Também dependem do material zoológico que se deseja capturar. 
Técnicas, métodos e aparelhamento de coleta podem ser conhecidos me­
diante levantamento em fonte de referência periódica: cada seção do Zoological 
Record encerra referências sobre o assunto, indexadas no Detailed subject index, 
e também inseridas no Subject index, sob Techniques. À guisa de ilustração e com 
a finalidade de evidenciar a enorme diversidade de temas, selecionamos alguns 
tópicos da "Section 17 (Reptilia)", vol. 108,1971, do Zoological Record.
BERTRAM, B. P. & H. G. COGGER, 1971. A noosing gun for live captures of small lizards.
Copaa 1971: 371-373,1 fig.
JACKSON, M. K-, 1971. A new "syringe" for injecting reptiles. Hcrp. Rev. 3 :75,2 pis. 
MASLIN, T. P. & L. E. SWENSON, 1971. A field kit for processing and storing amphibians 
and reptiles./. Herpet. 5 :179-181,1 pi.
PARKER, W. S., 1971. Influence of trap cover typeon pitfall trapping of lizards. Herpet. Rev. 3:
94,1 tab.
SMITH, R. B., 1971. An electric-fence for collecting small vertebrates. Herpcloiogica27:488-491.
Reportamos ainda o leitor a alguns trabalhos gerais sobre coleta e preser­
vação:
Invertebrados marinhos
GALTSOFF, P. S., 1959. General methods of collecting, maintaining and rearing marine 
invertebrates in the laboratory, pp. 5-40, in F. E. LUTZ, P. S. WELCH, P. S. GALTSOFF 
& J. G. NEDDHAM, Culture methods for invertebrate animals, xxxii + 590 pp. Dover 
Publications Inc, New York.
Animais terrestres e dulckoks
DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA, Seer. Agric. Est. S. Paulo, cd., 1967. Manual decoleta e 
preparação de animais terrestres e de água doce, xii + 223 pp. S3o Paulo.
Alguns compêndios e trabalhos restringem-se às técnicas de coleta de 
determinados grupos zoológicos (ver seções do Zoological Record para levanta­
mento completo). Alguns exemplos:
Mamíferos
COCKRUM,E. L., 1962. Laboratory andfield manual for introduction to mammalogy (2nd cd.), vi + 
115 pp. The Ronald Press Co., New York.
32
MOOJEN, J., 1943. Captura e preparação de pequenos mamíferos para coleções de estudo, x + 98 pp. 
Imprensa Nacional, Rio de Janeiro.
Aves
PETTTNGILL, O. S., ¡r., 1971. Oriiithology in laboratory and fteld (2"** print.), xviii + 524 pp. 
Burgess Publishing Co., Minneapolis.
Répteis e anfibios
DUELLMANN, W. E , 1962. Directions for prescrving amphibians and reptiles. Univ. Knns. 
Mus. nat. Hist. misc. Púbis. 30.37-40.
Peixes
FINK, W .L..K.E HARTEL, W. G. SAUL E. M. KOON & E. O. WlUEY, s. d. A report о,г currení 
suppUes and practices used in curalion o f klilhyological coUcctions, 63 pp. Smithsonian 
Oceanographk Sorting Centcr, Washington, D. С
Insetos
OLDROYD, H., 1973. Cotlecting, preseroing and studying iiisects, (7 * print), 336 pp. Anchor 
Press, Essex.
1.6 TÉCNICAS DE PRESERVAÇÃO
A generalidade do material zoológico é preservada de duas maneiras: a 
seco ou em meio líquido. Material preservado em lâminas de microscopía será 
discutido particularmente.
1.6.1 Via seca
Todo o material, ou as partes do animal, são postos a secar, expediente que 
garante sua preservação definitiva. Adota-se este tipo de preservação para 
material de difíal "decomposição, especialmente peles, ossos, conchas e exos- 
. queletos. Em alguns casos, como nas peles, é necessário complementar a secagem 
com o uso de preservativos, que garantirão maior durabilidade e resistência; em 
outros (exosqueletos) a simples secagem garante a preservação do material.
Peles. O preparo de peles para exposição ou estudo denomina-se taxider­
mia. Tradicionalmente taxidermizam-separa coleções mamíferos e aves. Mamí­
feros menores (exceto morcegos) e a quase totalidade das aves são taxidermi- 
zadas definitivamente no campo.
Capturados em armadilhas ou abatidos a tiro, os animais serão completa­
mente limpos (remoção de sangue, dejeções e secreções). Antes de escalpelados 
(separação da pele) tomam-se as diversas medidas segundo o tipo de material.
É boa providência aguardar algum tempo (variável de acordo com o tamanho 
do animal), entre a morte e o início da escalpelação, para que o sangue coagule 
e os líquidos internos comecem a secar.
Em linhas gerais, seguem-se as seguintes operações: a) fechamento dos 
orifídos naturais com algodão; b)escalpelamento progressivo, visando remover 
exdusivamente a pele, que deve estar livre, inclusive, dos músculos aderentes; 
usam-se durante esta operação substândas absorventes para reter os líquidos 
corporais; para isso a pele é sucessivamente tratada com serragem ou fubá; c) 
terminado o escalpelamento, trata-se a pele com substândas preservadoras que 
visam oferecer maior consistênda (sulfato de potássio, sulfato de alumínio) e 
maior resistência ao ataque de insetos ou fungos (arsénicos); estas substâncias 
podem ser aplicadas juntas, na proporção de 50:50; d) quando for o caso, 
embalsama-se o exemplar, buscando apresentação estética e uniforme.
Ossos. Esqueletos de pequenos animais podem ser tratados por inteiro; os 
dos grandes são desmantelados para fadlitar a embalagem e o transporte.
A preparação de ossos no campo é quase sempre preliminar, uma vez que 
a preparação definitiva realiza-se no laboratório. No campo, os ossos devem ser 
separados das partes moles, tratados com formol a 10% e postos a secar. No 
laboratório, são lavados e descarnados completamente com o auxílio de solven­
tes (NaOH, por exemplo) a quente.
Conchas. Podem freqüentemente ser coletadas já separadas das partes 
moles do animal (nas praias, por exemplo). Contudo, podem ainda abrigar o 3 
animal e, neste caso, cuida-se de removê-lo. As técnicas de remoção variam ^ 
segundo os diferentes grupos de Mollusca e reportamos o leitor ao "Manual de j 
coleta" já mendonado.
í
Exosqueletos. Parcela considerável dos artrópodos, espedalmente insetos, ^ 
preservam-se a seco. Dependendo da resistênda do corpo e dos apêndices 
corporais, os insetos são preservados espetados em alfinetes entomológicos ou J 
colados a triângulos de cartolina (espédmes resistentes) ou inseridos em enve- | 
lopes ou invólucros de papel transparente ou translúddo (corpo ou apêndices 
frágeis). Citam-se entre os primeiros: Dermaptera Blattariae, Mantodea, a maio- 1 
ria dos Orthoptera, Phasmoptera, Hemiptera, Coleoptera, grande parte dos ̂
Díptera, e Lepidoptera; entre os últimos, Odonata, Plecoptera, Megaloptera, 
Neuroptera e Lepidoptera. Em qualquer dos casos, a preservação fica garantida ; I* 
pela simples secagem do material. É boa providênda secá-los em placas de Petri, j> 
à sombra. A secagem em placas de Petri, em local seguro, previne dissabores. ̂
Certa feita, deixamos secar nas placas abertas todo o resultado de extenuante ® 
coleta diurna com guarda-chuva entomológico. Alta noite, os pingos incomo- ' J) 
dativos de uma goteira estratégica obrigaram-nos a acender o lampião. Vimos , ̂
então, com surpresa, todos os insetos, mortos a horas, caminhando em lenta
33
34
procissão por sobre a mesa - ávidas formigas tratavam de carregá-los, grandes 
e pequenos, rapidamente ao seu ninho.
1.6.2 Via úmida
Neste caso, o material é preservado em meio líquido. O líquido preservador 
mais habitual é o álcool a 70%. Preservam-se neste meio vertebrados menores 
(morcegos, répteis, anfíbios e peixes) e a grande maioria dos invertebrados.
Vertebrados. Exceto animais muito pequenos (peixes e pererecas menores, 
por exemplo), cuja imersão em álcool a 70% garantirá a preservação, os demais 
vertebrados devem receber injeções de fixadores antes da imersão em álcool. O 
fixador empregado freqüentemente é o formol a 10%. Em linhas gerais, injeta-se 
o fixador no sistema arterial, cavidades torácica e abdominal, assim como nas 
grandes massas musculares. Aaplicaçãodeformolenrijeceosexemplareseuma 
preparação buscando distender partes a serem posteriormente analisadas e 
uma apresentação estética são desejáveis.
Invertebrados, Em grande parte dos casos os animais, tão logo capturados 
e ainda vivos, são colocados diretamente no álcool a 70%. A ingestão do líquido, 
ainda que cm pequena quantidade, melhora as condições de preservação. É 
processo conveniente para os artrópodos, pois o exosqueleto impede a acentua­
da contração do corpo. Para outros grupos, contudo, o inconveniente da con­
tração corporal não pode ser superado. É o caso, por exemplo, de moluscos; o 
corpo contrai-se para o interior da concha, chegando mesmo a impedir a 
penetração do álcool. Nestes casos, a própria preservação fica comprometida. 
A preservação em álcool, de maneira geral, aplica-se aos animais sujeitos à fácil 
decomposição. É ainda usada nos casos em que a preservação a seco é indese­
jável: a) por causar contração corporal; b) por tomar o corpo ou os apêndices 
(antenas, pernas, cercos, filamentos caudais etc.) quebradiços. Por tais razões, é 
preferível preservarem álcool vários grupos de insetos: Entognatha, Archaeog- 
natha, Zygentoma, Embioptera, Isoptera, Zoraptera, Psocoptera, Phthiraptera, 
Thysanoptera, alguns Diptera, Ephemeroptera e outros.
Há um sem-número de casos especiais para preservação em meio líquido, 
além do álcool, dependentes do grupo zoológico a preservar ou dos estudos a 
desenvolver. Apenas a título de menção, nematódios e platelmintos são coloca­
dos em solução fisiológica (NaCl puro a 8/1.000 ou 16/1.000) para se manterem 
vivos e a seguir são fixados em formol acético; artrópodos que se destinam a 
estudos de anatomia interna são mortos por imersão em solução de Bouin ou em 
KAAD (fórmulas no "Manual de coleta") e depois transferidos para álcool a 70%.
Nem sempre no campo há tempo disponível ou equipamentonecessário 
para se preservar com esmero o material capturado ao acaso. Apesar de alguns 
inconvenientes, é boa prática colocaros exemplares, especialmente invertebra-
35
dos, em álcool. Graças a esse processo expedito temos recebido valioso material 
capturado por colegas envolvidos em atividades completamente diferentes. Os 
melhores coletores são sempre os que procuram capturar de tudo.
1.7 TRANSPORTE DE MATERIAL
O acondicionamento caprichoso do material a ser transportado do campo 
para o laboratório é tão importante quanto a captura. O tipo de embalagem a 
ser adotado varia conforme o materi aí a ser transportado e o meio de transporte. 
Para longas viagens, as embalagens devem ser de material bem resistente e 
estarem hermeticamente fechadas; a inclusão de repelentes (paraformaldeído, 
naftalina) é desejável.
1.7.1 Material preservado a seco
Mamíferos e aves menores são envoltos em capas de algodão e acondicio­
nados, sob leve compressão, nos recipientes de transporte. Ossos, que normal­
mente exalam odor muito desagradável, devem ser acondicionados em sacos 
plásticos e/ou em recipientes metálicos (latas), de plástico duro (camburões, 
"latões") ou de madeira (caixotes), fechados o mais hermeticamente possível. É 
terrível viajar num pequeno avião com um mamalogista apaixonado por seus 
estudos osteológicos...
Insetos secos podem ser transportados de muitas maneiras; em qualquer 
delas evite misturar no mesmo recipiente os animais maiores e mais rijos com 
os menores e mais frágeis; estes chegarão ao destino completamente danifica­
dos. O material deve ser sempre acondicionado sob ligeira compressão, para 
evitar os choques, que romperão facilmente os apêndices. Processos habituais:
Cantadas de algodão ou papel absorvente. Este processo é muito prático, 
excelente, e não requer sofisticação alguma. O material, previamente seco, é 
disposto sobre uma camada de papel absorvente ou de algodão e envolvido por 
duas faixas cruzadas de papel. Estes pacotes são acondicionados nos recipientes 
de transporte. O algodão tem o inconveniente de embaraçar-se nos tarsos, que 
se quebram quando o material é retirado sem cuidado.
Caixmlias. Usam-se pequenas caixas de todos os tipos e confeccionadas de 
qualquer material. A naftalina em pó pode ser colocada junto com os espécimes, 
que viajam comprimidos entre duas camadas de papel absorvente ou de algodão.
Triângulos de papei. Para exemplares a serem embalados individualmente. 
Usam-se para insetos frágeis. Quando os triângulos são de papel celofane e a 
rotulagem definitiva de procedência pode ser feita no campo, o material assim 
embalado pode entrar diretamente na coleção.
36
1.7.2 Material preservado por via úmida
Pequenos vertebrados transportam-se em frascos com álcool a 70%, com­
primidos ao fundo por mecha de algodão hidrófilo; os maiores são acondicio­
nados no recipiente de transporte em camadas separadas por tiras de pano 
embebidas em formol a 10%.
Os invertebrados transportam-se no interior de frascos repletos com ál­
cool. Tubos que encerram os animais menores são inseridos em frascos, com­
primidos entre duas camadas de algodão.
1.8 PREPARAÇÃO
Restrita quase exclusivamente a insetos preservados a seco. Pode ser 
direta, quando os alfinetes entomológicos atravessam o corpo do animal, ou por 
dupla montagem, quando os insetos são colados a cartões ou a triângulos de 
cartolina ou de cartão. A adoção do tipo de preparação depende das dimensões 
e da resistência do material a preparar. A montagem direta aplica-se a insetos 
maiores e mais resistentes; a dupla montagem aos pequen o s e frágeis, cujo corpo 
nâo resistiria à travessia do alfinete, por delgado que fosse. Alguns insetos 
pequenos e frágeis montam-se em mícroalfinetes, fixos em pedacinhos de 
cortiça, de plástico, ou de material similar.
1.8.1 Alfinetes entomológicos
Aobtençãodealfinetesentomológicosédifidl,desdequesó são fabricados 
no estrangeiro. A importação exige diversas providências burocráticas e os 
preços são elevados. Esta deficiência tem desencorajado o estabelecimento de 
novas coleções entomológicas, particularmente nas instituições do interior.
Aconselhamos, para uso das coleções nacionais, os alfinetes de aço inoxi­
dável; outros materiais deterioram-se com relativa rapidez em nosso clima.
1.8.2 Câmara úmida
Quando o lapso de tempo entre a coleta dos insetos e a preparação é muito 
grande, o material então muito seco e muito enrijecido, deve ser introduzido 
numa câmara úmida para amolecer e facilitar a preparação. Esta câmara con­
siste, simplesmente, em um cristalizador (ou frasco equivalente) com areia 
grossa ao fundo para conservar a umidade. Ensopa-se abundantemente a 
areia com água; acrescentam-se algumas gotas de creosoto para evitar a propa-
gação de fungos; colocam-se os insetos a amolecer em placas de Petri (nunca 
diretamente em contato com a areia úmida). O tempo de amolecimento depende ^: 
do tamanho dos insetos e varia de horas a alguns dias - é ideal quando as 
articulações podem ser movimentadas sem esforço e sem romper-se.
1.8.3 Montagem
' 9
Aregiãocoiporalaseratravessadapeloalfinetedependedaordemàqual ^ 
o inseto pertence (vide textos de Entomologia ou "Manual de coleta"). , ^
Em todos os casos, contudo, há que se exigir uniformidade e capricho na 
montagem,etersempreemmenteaeconomiadeespaço(semqueissointerfira ( ̂
na identificação do exemplar). O material indevidamente preparado (apêndices |
distendidos a esmo, por exemplo) fatalmente virá a se quebrar e ocupará espaço 
desmesurado. 1
A secagem, após a montagem, é importante, pois diminui a incidência de |,
fungos e mantém os espécimes na posição desejada; faz-se em estufa, a uma 
temperatura de aproximadamente 40*C. *
¡ i
1.8.4 Etiquetagem í
' I
As etiquetas de procedência reproduzem os dados dos rótulos de campo *
e são afixadas individualmente aos exemplares (exceto nos lotes em meio 
líquido, quando servem a todo o lote). 1 3
Asdimensõesserâoasmenorespossíveis,economizandoespaço;aunifor- ^ 
midade (nas dimensões e na impressão) é muito importante (e estética). Habi- 
tualmente, pelos rótulos de procedência, pode-se reconhecer a instituição da 9 
qual proveio o exemplar. ^
A este respeito vale dtar que nos coube devolver alguns milhares de ̂
espécimes vindos às nossas mãos pelo falecimento de pessoa que os estudava * 
mediante empréstimos; pelo aspecto dos rótulos de procedência foi possível 1 ^ 
separá-los (com raras exceções), segundo as instituições a que pertenciam. | 
Quando se possui material vultoso da mesma procedência, as etiquetas 
devem ser impressas por linotipia ou offset, para economizar tempo. Material I 
avulso ou pouco abundante terá que ser provido de rótulos manuscritos,, j, 
preferencialmente com as mesmas dimensões dos impressos.
w
Rotulagem por números. Para alguns pode ser mais prático rotular os / ̂
exemplares com números e conservar os dados de procedência num fichário ou * 
li vro de registro com n u m eração correspondente. Condenamos veementemente < p 
este hábito. Ocuparíamos todo este capítulo com uma infinidade de casos em ( ~ 
que tais livros ou fichas foram perdidos (ou sumidos...) ou, simplesmente.
38
desapareceram. Perdem-se assim, mais facilmente do que pode ser imaginado, 
todos os dados referentes ao material; e com estes, o material!
1-9 ACESSO DO MATERIAL À COLEÇÃO
Quando conveniente, o material recebe um número individual (ou de lote) 
e é tombado, sob este número de coleção, num livro de registro ou livro de 
tombo. Conserva, entretanto, sempre, os dados de procedência no rótulo que 
lhe é afixado.
Esta prática, mais usada nas coleções de vertebrados, parece-nos desacon- 
selháveJ, pelo tempo que consome, para coleções de insetos e de outros grupos 
numerosos (artrópodos outros, nematódios), na qual milhares de exemplares 
terão que ser numerados e registrados.
Basicamente, os livros de tombo contêm: número de coleção; data de 
acesso; dados de procedência (vide supra); número de campo; nomecientífico, 
sexo e anotações. O espaço para o nome científico, exceto nos casos óbvios, é 
preenchido após a identificação do exemplar.
Algumas instituições adotam fichários de registro. Cada ficha numerada 
(número de coleção) contém informações idênticas às do livro de registro. O 
tombamento das coleções com auxílio de computadores já está sendo levado a 
efeito nos grandes museus.
1.10 IDENTIFICAÇÃO
Para que os espécimes possam ser introduzidos ordenadamente nas cole­
ções, devem estar identificados ou determinados, isto é, deve-se conhecer o 
nome dentífico dos táxons onde está dassificado. Identificar ou determinar, 
portanto, consiste em descobrir a denominação dos táxons aos quais o organis­
mo pertence.
O ideal, nem sempre possível, é identificar-se o material especificamente, 
ou seja, conhecer seu nome espedfico. Freqüentemente, devido a uma diversi­
dade de fatores limitantes, as identificações só são possíveis até o nível de 
gênero, de tribo ou mesmo de família. Alguns destes fatores: grupos complexos 
ou muito numerosos, bibliografia confusa ou insuficiente, necessidade de exa­
me de tipos, inexistência de material para comparações.
Existem centenas de grupos ainda pouco trabalhados e carentes de revisão 
taxonómica; nestes casos a identificação é quase impossível, mormente quando 
os tipos são inacessíveis (e a grande maioria dos tipos das espécies de nossa 
fauna conservam-se nos museus europeus). Em outros casos, autores pregres-
39
sos, que se ocuparam do grupo, deram-lhe tratamento taxonómico a tal ponto 
confuso que é hoje impossível deslindá-lo.
Podem-se conseguir identificações: por remessa do material a especialista; 
por comparação direta; por bibliografía.
1.10.1 Por remessa de material a especialista
O primeiro problema a resolver, obviamente, é descobrir o nome do 
pesquisador apto a identificar o material. Podemos consegui-lo por consulta a 
publicações que periodicamente ci tam relações nominais de taxonomistas, seus 
campos de interesse, com endereço, especialidade, região faunística que abar­
cam e outras informações.
Uma relação de especialistas em todos os grupos zoológicos pode ser 
obtida em:
BLACKWELDER, R. E. & R. M. BLACKWELDER, 1961. Directory o f zoological taxonomists o f 
the world, xvii + 404 pp. Southern Illinois University Press, Carbondale.
ARNETT, R. H., Jr., 1978. The naturalists' directory and almanac (International) (43rd ed.), x + 
310 pp. World Natural History Publications, Baltimore.
Para a entomologia brasileira, consultar:
MARTINS, U. R., 1980. Recursos humanos da entomologia sistemática no Brasil. Rcota. bras. 
Eut. 24(2): 147-164.
Útil providência consiste em arrolaros nomes dos pesquisadores que estão 
publicando sobre o grupo zoológico que queremos ter identificado através de 
consulta aos últimos volumes do Zoological Record e outras fontes de referencia. 
O endereço para contato epistolar preliminar e o nome da instituição onde trabalha 
o pesquisador, habitualmente estão citados em seus trabalhos científicos.
Nomes e endereços de instituições, universidades e museus de todo o 
mundo encontram-se relacionados em edições sucessivas do THE WORLD OF 
LEARNING, Europa Publications Limited, London.
1.10.2 Identificação por comparação direta
O material que se deseja identificar écomparado diretamente com material 
previamente determinado, com material-tipo ou com diapositivos ou fotogra­
fias de tipos.
Identificações por comparação, exceto casos óbvios (espécies grandes, 
vistosas, com características conspícuas etc.) são sempre indesejáveis. O não- 
especialista ignora peculiaridades que distinguem e caracterizam os táxons e 
pode cometer erros grosseiros. Além disso, material assim equivocadamente
40
identificado pode servir debase para identificações por comparação subseqüen­
te e propagar-se-á o erro indefinidamente.
Verificamos, ao examinar tipos de cerambicídeos nos museus da Europa, 
que muitas das espécies sul-americanas mais comuns portavam nomes total­
mente equivocados nas nossas coleções. Esses erros estavam sendo transmitidos 
mediante identificações por comparação desde muito tempo; o pior é que o 
material era citado em diversos trabalhos científicos.
A identificação ideal por comparação, pela grande segurança que inspira, 
é a que se efetua por comparação com os tipos, desde que feita por taxono- 
mista com larga experiência. A um exemplar assim identificado denomina-se 
homeôtipo.
A identificação por comparação com diapositivos coloridos de tipos tem 
se revelado utilíssima em muitos grupos, especialmente naqueles em que a 
coloração é caráter diagnóstico relevante, e nos quais a forma do corpo (princi­
palmente achatado dorsoventralmente) permite a obtenção de fotos bastante 
boas. Pudemos resolver pores te processo inúmeros problemas de identificação, 
examinando a magnífica coleção de diapositivos de tipos de Coleoptera, per­
tencente à Universidade Federal do Paraná, organizada pelo Professor Padre 
Jesus S. Moure. A vantagem de uma coleção dessas é ter permanentemente à 
disposição a maioria das informações que podem ser obtidas a partir do exame 
de um tipo (sem dissecá-lo, naturalmente), economizando caríssimas viagens 
de especialistas aos museus europeus.
1.10.3 tdentificação por bibliografia
As determinações são efetuadas mediante consulta bibliográfica. A tarefa, 
principalmente nos grupos numerosos, é muito espinhosa, quando não existem 
trabalhos monográficos ou revisões taxonómicas recentes. Às vezes a literatura 
a consultar é vastíssima, em diversos idiomas e nem sempre disponível nas 
nossas bibliotecas.
O gênero Agrilus, por exemplo, de Coleoptera (Buprestidae) tem cerca de 
mil espédes conhecidas na região neotropical; não há chaves para aproximar as 
identificações. A única solução para determinar suas espécies é consultar todas 
as diagnoses, descrições originais ou ilustrações (quando as há1.). Imagine-se o 
tempo que tal tarefa consome.
Em linhas gerais, a rotina de identificação envolve: consulta de chaves para 
ordens e famílias, freqüentemente encontradas em livros de texto; uso de chaves 
para grupos taxonómicos abaixo do nível de família (subfamilias), localizáveis 
em alguns bons livros de texto ou em bibliografia mais especializada, passível 
de ser levantada pelas fontes usuais de referência; consulta de revisões ou
monografias (quando existentes e atuais), cujos títulos podem ser obtidos por 
levantamentos bibliográficos, como mendonado na Seção 2.4.
Na ausência de monografias ou revisões, procede-se ao levantamento da 
literatura sobre os táxons; nos catálogos ou, na falta deles, nas fontes periódicas 
de referência. Quase sempre a consulta a essas fontes é imperiosa, porque os 
catálogos se desatualizam logo após sua publicação; neste caso, basta consultar 
essas fontes da data de publicação do catálogo (mais honestamente uns dois 
anos antes) até o presente.
Em resumo, resta-nos buscar todas as descrições (ou redescrições) referen­
tes aos táxons do grupo em estudo e tabular os caracteres diagnósticos de cada 
um. A análise comparada desses caracteres permitirá enquadrar nosso material 
nos diferentes táxons.
Apenas para assinalar de passagem, adotam-se hoje técnicas de identifi­
cação por computador. Leia-se o excelente simpósio:
PANKHURST, R. ]., ed., 1975. Biologicaí Identification with computers, x + 333 pp. AcadcmJc 
Press, London, New York & San Francisco.
1.10.4 Etiquetas de identificação
Uma vez identificado, o material recebe uma etiqueta de identificação, que 
contém: o nome do táxon, o nome da pessoa que efetuou a identificação e o ano 
em que isto se deu.
Normalmente o nome do táxon é manuscrito pelo identificador e o conhe­
cimento da caligrafia dos especialistas resolve inúmeros problemas (axonôini- 
cos: o reconhecimento de holótipos, de metátipos e homeótipos; o conceito do 
autor sobre determinado táxon; erros de identificação.
Alguns trabalhos cuidam da caligrafia dos autores passados; parainsetos, 
por exemplo:
HORN, W. &

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