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Ativo circulante Cymara Alessandra de Jesus Marcomini Introdução Nesta aula, vamos falar sobre ativo circulante e explicar o que é o ativo circulante dentro do balanço patrimonial. Vamos ainda mostrar para você as subdivisões do ativo circulante e também as contas pertencentes a ele, bem como suas subdivisões no escopo do balanço patrimonial. Bons estudos! Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • identificar os componentes do ativo circulante; • reconhecer e classificar os componentes do ativo circulante. 1 Conceito O ativo circulante é um item do balanço patrimonial (BP) e do plano de contas da empresa. No patrimônio das empresas, o ativo representa todos os bens e direitos, enquanto o passivo é relativo às obrigações. O patrimônio líquido é o saldo líquido, ou seja, é o capital próprio disponível para os sócios ou, ainda, é o saldo entre ativo e passivo (RIBEIRO, 2013). Figura 1 – Ativo circulante Fonte: Aprilphoto/Shutterstock.com Nesse contexto, ao referir-se ao BP e à sua composição, apresentam-se esses mesmos com- ponentes e ainda se pode subdividir o ativo e o passivo, para melhor interpretação. Desse modo, o ativo pode ser dividido em circulante e não circulante. O ativo circulante é ainda subdividido em disponibilidades, realizável em curto prazo, esto- ques e despesas antecipadas. O passivo, por sua vez, é subdivido em circulante e exigível em longo prazo (RIBEIRO, 2013; PADOVEZE, 2012). Assim, o ativo circulante é composto de todos os bens e direitos que a empresa possui e que já foram realizados, ou seja, que se transformaram em dinheiro ou, então, que serão ainda trans- formados em dinheiro no exercício corrente. Pode-se afirmar que esses são valores com liquidez imediata que geralmente são utilizados ou classificados como capital de giro. O ativo circulante tem o mais alto grau de liquidez, por tratar-se de contas de disponibilidades e realizáveis que se movimentam rapidamente. Fazem parte do ativo circulante contas como caixa, bancos e aplica- ções financeiras, estoques, duplicatas a receber, adiantamentos a fornecedores e empregados, por exemplo (RIBEIRO, 2013; SILVA, 2008). A conta duplicata é uma ordem de crédito em que o comprador se obriga a pagar, dentro do prazo, o valor representado na fatura. Uma duplicata só pode corresponder a uma única fatura e deve ser apresentada ao devedor em no máximo 30 dias. Figura 2 – Divisões do ativo circulante 1.1 Ativo Circulante 1.1.1 Disponibilidades 1.1.1.01 Caixa 1.1.1.02 Banco c/movimento 1.1.2 Realizável em curto prazo 1.1.2.01 Duplicatas a receber 1.1.2.02 Impostos a recuperar 1.1.2.03 Cheques a receber 1.1.2.04 Adiantamento a fornecedores 1.1.2.05 Adiantamento a empregados 1.1.3 Estoque 1.1.3.01 Matérias-primas 1.1.3.02 Produtos em elaboração 1.1.3.03 Produtos acabados 1.1.3.04 Mercadorias 1.1.4 Despesas antecipadas 1.1.4.01 Seguros a vencer 1.1.4.02 Encargos financeiros a apropriar 1.1.4.03 Assinaturas e anuidades Fonte: adaptado de SILVA, 2008. Por conseguinte, pode-se exemplificar o ativo circulante por meio da seguinte fórmula: Ativo circulante = Disponibilidades + Realizável curto prazo + Estoques + Despesas Antecipadas Sendo: • disponibilidades: importância em dinheiro, disponível no caixa ou banco; • realizável curto prazo: entradas de dinheiro realizadas no mesmo exercício; • estoques: bens destinados à produção, venda ou consumo da empresa; • despesas antecipadas: pagamentos realizados antes do vencimento (RIBEIRO, 2013; PADOVEZE, 2012). Resumindo, a fórmula demonstra que somente as contas em curto prazo e de maior liquidez fazem parte do ativo circulante. FIQUE ATENTO! O ativo circulante é composto de valores geralmente utilizados como capital de giro, visto que, dessa forma, os valores de maior liquidez ficam disponibilizados pela empresa para esse fim. O capital de giro (recurso necessário para cobrir as lacunas nos ciclos operacionais e finan- ceiros da empresa) possui relação direta com o giro das operações financeiras que ocorrem na empresa (como as movimentações de aquisições, de despesas e de custos, como também de recursos a serem aplicados) e está relacionado à necessidade de dinheiro. Há, ainda o ativo não circulante, que engloba as contas com mais de 365 dias, caracterizadas como sendo de longo prazo. Nessa classificação estão as contas com menor grau de liquidez, que não se movimentam tão rapidamente, como é o caso de contas a receber de clientes, que podem ser faturadas em muitas parcelas. O ativo não circulante é subdividido em ativo realizável em longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível (RIBEIRO, 2013). 2 Caixa e banco No contexto do ativo circulante, a primeira subdivisão consta das disponibilidades, que des- crevem a importância em dinheiro que está disponível no caixa da empresa ou, então, em conta corrente nos bancos (RIBEIRO, 2013; PADOVEZE, 2012). As contas contábeis caixa e bancos fazem parte do ativo financeiro cujo saldo bancário geralmente é composto por receitas e despesas operacionais, aquisições e aplicações, estoque, entre outros (RIBEIRO, 2013; SILVA, 2008). FIQUE ATENTO! As contas caixa e bancos mantém os valores que estão disponíveis para utilização no contexto da empresa, principalmente a respeito do capital de giro. Os valores que constam em investimentos e aplicações e que não podem ser utilizados, con- figuram outra situação. De tal modo, considere que a empresa Galego LTDA. realizou o pagamento à vista da compra de uma mesa no valor de 1.000, sendo feito 50% em dinheiro e 50% em cheque, no mês de janeiro, gerando o seguinte lançamento: • débito: móveis e utensílios; • crédito: caixa/bancos. Assim, na estrutura do BP, esse lançamento contábil será representado conforme figura a seguir. Figura 3 – Estrutura do ativo circulante – Caixa/Bancos ATIVO CIRCULANTE Caixa 500 Bancos 500 ATIVO NÃO CIRCULANTE Móveis e utensílios 1.000 Fonte: elaborada pela autora, 2017. O lançamento contábil gerado pela compra da mesa aumenta a conta móveis e utensílios e diminui a conta caixa/bancos. Assim, aumenta-se uma conta do ativo não circulante e diminui-se uma conta do ativo circulante, mantendo-se os valores do ativo. SAIBA MAIS! Trajano Junior e Santos (2015) investigaram se as técnicas de auditorias de conformidade do ativo circulante, aplicadas ao setor público, continuam válidas e se são capazes de gerar informações úteis aos usuários. Disponível em: <http://fucamp.edu.br/editora/index.php/ragc/article/view/633>. 3 Aplicações financeiras As aplicações financeiras são os investimentos realizados por instrumentos financeiros diversos, realizados com objetivo especulativo, e serão transformadas em dinheiro (liquidez) em até 12 meses (RIBEIRO, 2013; PADOVEZE, 2012). Nesse contexto, suponha que a empresa Boliches realizou uma aplicação financeira no valor de 500, no mês de janeiro, gerando o seguinte lançamento: • débito: aplicações financeiras; • crédito: caixa/bancos. Na estrutura do BP, o lançamento contábil será apresentado conforme figura a seguir. Figura 4 – Estrutura do ativo circulante– Aplicações financeiras ATIVO CIRCULANTE Caixa/Bancos 500 ATIVO NÃO CIRCULANTE Aplicações financeiras 500 Fonte: elaborada pela autora, 2017. Ocorre aumento nos valores da conta aplicação financeira e diminuição da conta caixa/ban- cos dentro do BP, mas mantém-se o valor do ativo. SAIBA MAIS! No artigo Interação entre rentabilidade e liquidez: um estudo exploratório, veja uma análise sobre a relação entre rentabilidade e liquidez para um grupo de empresas no Brasil, do setor de comércio varejista, feita no período de 2000 a 2003. Disponível em: <http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-08/index.php/UERJ/ article/viewArticle/674>. 4 Contas a receber As contas a receber fazem parte do ativo circulante realizável em curto prazo e constam de direitos que a empresa possui em relação aos seus clientes. Geralmente, essas contas ocorrem pela venda,com prazo para pagamento, incluindo as vendas com pagamento em cartão de crédito. FIQUE ATENTO! Os pagamentos recebidos por cartão de crédito encaixam-se em contas a receber, pois esses valores serão repassados pelas administradoras de cartão, caracteri- zando um direito de alta liquidez. As contas a receber podem ser efetuadas através de duplicatas a receber de clientes, che- ques a receber (pré-datados), ou outra forma documental que efetive o direito a receber o dinheiro de terceiros (RIBEIRO, 2013; SILVA, 2008). EXEMPLO Um cliente da empresa Xaxim efetuou o pagamento de uma duplicata no valor de 300, no mês de janeiro. A escrituração é realizada através do seguinte lançamento: • débito: caixa/bancos • crédito: duplicatas a receber Na estrutura do BP, o lançamento contábil será feito do seguinte modo, de acordo com a figura a seguir. Figura 5 – Lançamento contábil ATIVO CIRCULANTE Caixa/bancos 300 Duplicatas a receber 300 Fonte: elaborada pela autora, 2017. Com esse lançamento contábil no BP, ocorre o aumento da conta caixa e bancos e a diminuição da conta duplicatas a receber. 5 Despesas antecipadas As despesas antecipadas referem-se ao período de competência seguinte e às que serão pagas com antecedência, no exercício corrente. Correspondem aos pagamentos de aluguéis ante- cipados, juros sobre duplicatas, prêmios de seguros, seguros a vencer, assinaturas de revistas e anuidades. Essas despesas obedecem ao regime de competência e serão apresentadas no BP com as apropriações diminuídas a cada período (RIBEIRO, 2013; PADOVEZE, 2012). EXEMPLO A empresa Barão Quatro realizou o pagamento de uma parcela de seguro do carro, no mês de janeiro, no valor de 200, gerando o seguinte lançamento: • débito: despesas antecipadas; • crédito: bancos/caixa. Na estrutura do BP, o lançamento contábil será efetuado conforme figura a seguir. Figura 6 – Lançamento contábil ATIVO CIRCULANTE Caixa/bancos 200 Despesas antecipadas 200 Fonte: elaborada pela autora, 2017. No BP, ocorre o aumento de despesas antecipadas e a diminuição da conta caixa/ bancos. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • aprender o conceito de ativo circulante; • visualizar a composição do ativo circulante e suas subdivisões; • entender a importância do ativo circulante para o controle das contas caixa, banco, aplicações financeiras, duplicatas a receber e despesas antecipadas. Referências IUDÍCIBUS, Sérgio de (Coord.). Contabilidade Introdutória. 11. ed. SP: Atlas, 2010. ______; MARION, José Carlos. Curso de contabilidade para não contadores. 7. ed. SP: Atlas, 2011. MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 10. ed. SP: Atlas, 2013. PADOVEZE, Clovis Luis. Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória e intermediá- ria. 8. ed. SP: Atlas, 2012. PIMENTEL, Renê Coppe; BRAGA, Roberto; CASA NOVA, Silvia Pereira de Castro. Interação entre rentabilidade e liquidez: um estudo exploratório. Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ, v. 10, n. 2, 2010. Disponível em: <http://www.atena.org.br/revista/ ojs-2.2.3-08/index.php/UERJ/article/viewArticle/674>. Acesso em: 2 out. 2017. NEVES, Silvério das; VICECONTI, Paulo Eduardo V. Contabilidade Básica. 13. ed. revisada e ampliada. SP: Frase editora, 2006. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Geral Fácil. 9. ed. SP: Saraiva, 2013. SILVA, João Édson. Contabilidade Geral. 2. ed. Curitiba, PR: Iesde, 2008. TRAJANO JUNIOR, Edvard; SANTOS, Geovane Camilo. Auditoria de conformidade do ativo circu- lante das entidades do setor público após a implantação do plano de contas aplicado ao setor público (PCASP). Revista de Auditoria, Governança e Contabilidade, v. 3, n. 8, 2015. Disponível em: <http://fucamp.edu.br/editora/index.php/ragc/article/view/633>. Acesso em: 14 ago. 2017.