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TRANSTORNOS-MENTAIS-QUE-AFETAM-A-CRIANÇA

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1 
 
SUMÁRIO 
1 DEFINIÇÃO DE PSICOPATOLOGIA ................................................. 2 
1.1 O CONCEITO DE NORMALIDADE EM PSICOPATOLOGIA ..... 6 
1.2 DIAGNÓSTICO PSICOPATOLÓGICO NA INFÂNCIA .............. 10 
2 ALGUNS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ................................. 14 
2.1 TIPOS DE ENTREVISTA .......................................................... 16 
3 ALGUNS TRANSTORNOS PSICOPATOLÓGICOS NA INFÂNCIA 28 
4 ALGUMAS MODIFICAÇÕES NO DSM –V ...................................... 36 
5 EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
 44 
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 50 
 
 
 
2 
 
1 DEFINIÇÃO DE PSICOPATOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE:www.youtube.com 
 
Até se tornar uma ciência autônoma, a psicopatologia percorreu um cami-
nho extremamente difícil. Não é fácil descobrir a origem do termo. É possível que 
o seu criador tenha sido Jeremy Bentham, filósofo inglês (Londres, 1748-1832), 
que, ao preparar uma lista das motivações humanas, reconheceu a necessidade 
da organização de uma psychological pathology (1817). 
O termo psicopatologia é de origem grega – psiché, alma e patologia. Tra-
duzido em sentido literal significa patologia do espírito. Mas este não é o sentido 
que a expressão adquiriu ao longo de mais de um século de seu desenvolvi-
mento. 
 Com o correr do tempo os autores empregaram várias expressões para desig-
nar esse novo campo de estudos. Aludiram a psicopatologia, psicopatologia ge-
ral, psicologia anormal, psicologia da anormalidade e psicologia do patológico. A 
última expressão é a mais adequada para qualificar o objeto de estudo da nova 
ciência, mas o termo mais empregado e amplamente aceito é psicopatologia. 
 
3 
 
 A psicopatologia é um ramo da ciência que trata da natureza essencial 
da doença mental, ou seja, suas causas, as mudanças estruturais e funcionais 
associadas a ela e suas formas de manifestação (Campbell,1986). Pode ser de-
finida como um conjunto de conhecimentos do adoecimento mental do ser hu-
mano. 
A psicopatologia tem boa parte de suas raízes na tradição médica que 
propiciou nos últimos dois séculos a observação prolongada e cuidadosa de um 
considerável contingente de doentes mentais. Em outra vertente, a psicopatolo-
gia nutre-se de uma tradição humanística (filosofia, literatura, artes, psicanálise) 
que sempre viu na “alienação mental”, no pathos do sofrimento mental extremo, 
uma possibilidade excepcionalmente rica de reconhecimento de dimensões hu-
manas que, sem o fenômeno “doença mental” permaneceriam desconhecidas. 
Essa área do conhecimento busca estudar os estados psíquicos relacio-
nados ao sofrimento mental do indivíduo. É um estudo que pode ser compreen-
dido por vários vieses, com diferentes objetivos, métodos e questões, pois além 
de ter como base disciplinas como a biologia e a neurociências, ainda constitui-
se de outras áreas de conhecimento como psicologia, antropologia, sociologia, 
filosofia, linguística e história. Portanto, o sofrimento mental é compreendido pela 
combinação desses saberes. 
O termo psicopatologia marcou o rompimento com a psiquiatria e foi pri-
meiro utilizado por Emming Naus em 1878 como sinônimo do termo psiquiatria 
clínica e adquiriu seu significado atual em 1913 por meio de Karl Jaspers pela 
sua obra Psicopatologia Geral Psychopatologie) na qual tenta desenvolver uma 
teoria geral das doenças psíquicas.Karl Jaspers (1883-1969) afirma que esta é 
uma ciência básica, que serve de auxílio à psiquiatria, a qual é, por sua vez, um 
conhecimento aplicado a uma prática profissional e social concreta. 
Karl Jaspers (1883-1969) nasceu em Oldenburg, nas proximidades de 
Bremen. Concluiu os estudos básicos em sua cidade natal e recebeu o grau de 
bacharel em letras, em 1901. Os cursos universitários foram realizados em Hei-
delberg, Munich, Berlim e Göttinga. Em primeiro lugar escolheu a carreira de 
direito, com o objetivo de exercer a profissão de advogado. Ao mesmo tempo 
seguiu cursos de filosofia. Não chegou a concluir o curso de direito, porque “ig-
norava por completo a vida o qual servia, de sorte que vi nele um complicado 
 
4 
 
jogo intelectual com ficções que não tinham nenhum interesse para mim”. Resol-
veu, então, estudar medicina, concluindo o curso em 1909, aos 26 anos, e de-
fendeu a tese de doutorado: Heimweh und Verbrechen (Nostal e Crime). De 1908 
a 1915, trabalhou na Clínica Psiquiátrica de Heidelberg. Conta Jarpers que, du-
rante as reuniões clínicas, ele costumava falar a respeito de “fenomenologia”, 
considerando necessária a aplicação desta filosofia para a orientação da psico-
patologia. Ele sempre encontrou no meio médico, grande resistência à sua incli-
nação filosófica. Segundo Karl Jaspers, a psicopatologia tem por objetivo o es-
tudo descritivo dos fenômenos psíquicos anormais, exatamente como se apre-
sentam à experiência imediata. Difere, porém, daquele tipo de “descrição coe-
rente e completa, em termos o mais simples possível”, adotada pelas ciências 
naturais, porque a psicopatologia concentra a sua atenção naquilo que constitui 
a experiência vivida pelos enfermos. 
 
 
 FONTE:kdfrases.com 
 
 Em sua opinião, quando se estuda a Psicopatologia, deve-se levar em 
conta que “o fundamento real da investigação é constituído pela vida psíquica, 
representada e compreendida através das expressões verbais e do comporta-
mento perceptível. Queremos sentir, apreender e refletir sobre o que realmente 
acontece na alma do homem. A inclinação geral para a realidade é, na Psicopa-
tologia, a inclinação para a vida psíquica real. Pretendemos conhecê-la em suas 
 
5 
 
conexões que, em parte, são tão sensivelmente perceptíveis como os objetos 
das ciências naturais. Recusamo-nos a eliminar a vida psíquica real, cuja com-
preensão confere plenitude a nossos conceitos, por meio de pensamentos va-
zios, oriundos de preconceitos, ou a substituí-la por construções de natureza 
anatômica ou de qualquer outra espécie. Sem a capacidade e a vontade de se 
representar em sua plenitude, não há possibilidade de se fazer Psicopatolo-
gia”. 
 Para Jaspers, a psicopatologia “não tem a missão de recapitular todos 
os resultados, senão de formar um todo, sua função visa ao esclarecimento, à 
ordenação, à cultura. Tem de esclarecer o saber nos tipos básicos dos fatos e 
na multiplicidade dos métodos, resumi-los numa ordenação natural e, finalmente, 
levá-los à consciência no todo cultural do homem. Cumpre uma tarefa específica 
que vai além da investigação especial do conhecimento”. 
 
FONTE:pensarenletra.blogspot.com.br 
 
Desse modo, com esses objetivos específicos, a psicopatologia de Jas-
pers utiliza a palavra fenomenologia no sentido restrito de uma psicologia das 
manifestações da consciência, quer normais ou patológicas. Compete à psico-
patologia reunir os materiais para a elaboração da teoria do conhecimento dos 
 
6 
 
fenômenos com os quais a psiquiatria possa coordenar a sua ação curativa e 
preventiva. 
A psicopatologia se estabelece através da observação e sistematização 
de fenômenos do psiquismo humano e presta a sua indispensável colaboração 
aos profissionais que trabalham com saúde mental, em especial os psiquiatras, 
os psicólogos e os assistentes sociais, dentre outros. O objetivo da psicopatolo-
gia não deve ser confundido com o da psiquiatria. O seu campo é mais restrito e 
se limita ao estudo dos fenômenos anormais da vida mental e tem como método 
a fenomenologia. O que é correto e o que está definitivamente assentado é a 
existência de duas independentes, mas que se completam: a Psicopatologia e a 
Psiquiatria. 
 
1.1 O CONCEITO DE NORMALIDADE EM PSICOPATOLOGIA 
 
FONTE:cafe-com-ciencia.blogspot.com.br 
 
O conceito de normalidade em psicopatologia é questão de grandecon-
trovérsia. Obviamente, quando se trata de casos extremos, cujas alterações 
comportamentais e mentais são de intensidade acentuada e longa duração, o 
 
7 
 
delineamento das fronteiras entre o normal e o patológico não é tão problemá-
tico. Entretanto, há muitos casos limítrofes nos quais a delimitação entre com-
portamentos e formas de sentir normais e patológicos é bastante difícil. 
 
Critérios de normalidade 
 
 
FONTE:www.comportese.com 
 
Há vários critérios de normalidade e anormalidade em medicina e em psi-
copatologia. A adoção de um ou outro depende, entre outras coisas, de opções 
filosóficas, ideológicas e pragmáticas do profissional. Apresentam-se em se-
guida os principais critérios de normalidade utilizados em psicopatologia. 
 
1. Normalidade como ausência de doença - O primeiro critério que ge-
ralmente se utiliza é o de saúde como "ausência de sintomas, de sinais ou de 
doenças". Lembremos aqui do velho aforismo médico que diz: "A saúde é o si-
lêncio dos órgãos". Normal, do ponto de vista psicopatológico, seria, então, 
 
8 
 
aquele indivíduo que simplesmente não é portador de um transtorno mental de-
finido. Tal critério é bastante falho e precário, pois, além de redundante, baseia-
se em uma "definição negativa", ou seja, define-se a normalidade não por aquilo 
que ela supostamente é, mas, sim, por aquilo que ela não é, pelo que lhe falta. 
 
2. Normalidade ideal - A normalidade aqui é tomada como uma certa 
"utopia". Estabelece-se arbitrariamente uma norma ideal, o que é supostamente 
"sadio", mais "evoluído". Tal norma é, de fato, socialmente constituída e referen-
dada. Depende, portanto, de critérios socioculturais e ideológicos arbitrários e, 
no mais das vezes, dogmáticos e doutrinários. Exemplos de tais conceitos de 
normalidade são aqueles baseados na adaptação do indivíduo às normas sociais 
e políticas de determinada sociedade (lembremos do macartismo nos Estados 
Unidos e no pseudodiagnóstico de dissidentes políticos como doentes mentais 
na antiga União Soviética). 
 
3. Normalidade estatística - A normalidade estatística identifica norma e 
frequência. É um conceito de normalidade que se aplica especialmente a fenô-
menos quantitativos, com determinada distribuição estatística na população ge-
ral (como peso, altura, tensão arterial, horas de sono, quantidade de sintomas 
ansiosos, etc.). O normal passa a ser aquilo que se observa com mais frequên-
cia. Os indivíduos que se situam, estatisticamente, fora (ou no extremo) de uma 
curva de distribuição normal, passam, por exemplo, a ser considerados anormais 
ou doentes. É um critério muitas vezes falho em saúde geral e mental, pois nem 
tudo que é frequente é necessariamente "saudável", assim como nem tudo que 
é raro ou infrequente é patológico. Tomemos como exemplo fenômenos como 
as cáries dentárias, a presbiopia, os sintomas ansiosos e depressivos leves, o 
uso pesado de álcool, fenômenos estes que podem ser muito frequentes, mas 
que evidentemente não podem, a priori, ser considerados normais ou saudáveis. 
 
4. Normalidade como bem-estar - Em 1958, a Organização Mundial da 
Saúde (OMS) definiu a saúde como o completo bem-estar físico, mental e social, 
e não simplesmente como ausência de doença. É um conceito criticável por ser 
muito vasto e impreciso, pois bem-estar é algo difícil de se definir objetivamente. 
 
9 
 
Além disso, este completo bem-estar físico, mental e social é tão utópico que 
poucas pessoas se encaixariam na categoria "saudáveis". 
 
5. Normalidade funcional - Tal conceito irá assentar-se sobre aspectos 
funcionais e não necessariamente quantitativos. O fenômeno é considerado pa-
tológico a partir do momento em que é disfuncional, provoca sofrimento para o 
próprio indivíduo ou para seu grupo social. 
 
6. Normalidade como processo - Neste caso, mais do que uma visão 
estática, consideram-se os aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicosso-
cial, das desestruturações e reestruturações ao longo do tempo, de crises, de 
mudanças próprias a certos períodos etários. Este conceito é particularmente útil 
em psiquiatria infantil e de adolescentes, assim como em psiquiatria geriátrica. 
 
7. Normalidade subjetiva - Aqui é dada maior ênfase à percepção sub-
jetiva do próprio indivíduo em relação ao seu estado de saúde, às suas vivências 
subjetivas. O ponto falho deste critério é que muitos indivíduos que se sentem 
bem, "muito saudáveis e felizes", como no caso de pessoas em fase maníaca, 
apresentam de fato um transtorno mental grave. 
 
8. Normalidade como liberdade - Alguns autores de orientação fenome-
nológica e existencial propõem conceituar a doença mental como perda da liber-
dade existencial (Henri Ey, por exemplo). Desta forma, a saúde mental vincular-
se-ia às possibilidades de transitar com graus distintos de liberdade no mundo e 
com relação ao próprio destino. A doença mental é constrangimento do ser, é 
fechamento, fossilização das possibilidades existenciais. Dentro desse espírito, 
o psiquiatra gaúcho Cyro Martins afirmava que a saúde mental poderia ser vista, 
até certo ponto, como a possibilidade de dispor de "senso de realidade, senso 
de humor e de um sentido poético perante a vida", atributos estes que permiti-
riam ao indivíduo "relativizar" os sofrimentos e limitações inerentes à condição 
humana e, assim, desfrutar do resquício de liberdade e prazer que a existência 
nos oferece. 
 
 
10 
 
9. Normalidade operacional - É um critério assumidamente arbitrário, 
com finalidades pragmáticas explícitas. Define-se a priori o que é normal e o que 
é patológico e busca-se trabalhar operacionalmente com tais conceitos, acei-
tando-se as consequências de tal definição prévia. 
 
Portanto, de modo geral, pode-se concluir que os critérios de normalidade 
e de doença em psicopatologia variam consideravelmente em função dos fenô-
menos específicos com os quais trabalhamos e, também, de acordo com as op-
ções filosóficas do profissional. Além disso, em alguns casos pode-se utilizar 
uma associação de vários critérios de normalidade ou doença de acordo com o 
objetivo que se tem em mente. De toda forma, esta é uma área da psicopatologia 
que exige uma postura permanentemente crítica e reflexiva dos profissionais. 
 
1.2 DIAGNÓSTICO PSICOPATOLÓGICO NA INFÂNCIA 
 
FONTE:magazine.ucla.edu 
 
11 
 
O diagnóstico psicopatológico emerge da totalidade dos dados clínicos 
coletados: exame psíquico e evolutivo (anamnese, história dos sintomas e evo-
lução dos transtornos). É essa totalidade clínica que detectada, avaliada e inter-
pretada como conhecimento teórico e científico e habilidade clínica e intuitiva 
que conduzem ao diagnóstico psicopatológico. 
O conhecimento da semiologia na avaliação de crianças faz-se muito im-
portante para aqueles que pretendem atender esta faixa etária, diante de suas 
peculiaridades. Para quem detém um conhecimento adequado de semiologia e 
é capaz de distinguir as características fisiológicas das patológicas, de acordo 
com a idade da criança, é mais fácil avaliar e tomar uma conduta adequada. 
As avaliações psicopatológicas de crianças apresentam características 
singulares que a diferenciam claramente da avaliação de adultos. As forças do 
desenvolvimento ainda atuam intensamente nessas etapas do ciclo vital. Muitas 
vezes, é complicado diferenciar as características normais de determinadas fa-
ses, em que sintomas de transtornos mentais bem estabelecidos na infância se 
desenvolvem. Consequentemente, para a avaliação de criança é fundamental o 
conhecimento profundo do desenvolvimento normal nessas faixas etárias. 
 
 
FONTE:grupouninova.com.br 
 
12 
 
A avaliação da criança depende da observação direta, quando é possível 
perceber aspectos do comportamento, se a inteligência é compatível com a 
idade, que tipo de linguagem apresenta, se há alterações da consciência, da 
percepção, da capacidadede julgar e criticar e como o paciente se relaciona com 
o outro, a personalidade e a dinâmica emocional. No entanto, não é suficiente 
somente esta observação porque muito pode ser omitido no momento da con-
sulta. Além da observação e do minucioso exame psíquico, a entrevista com a 
criança é muito importante para que se estabeleça um vínculo com ela e que se 
abra um espaço de escuta diferenciada, onde ela possa se sentir confiante, a fim 
de contar como se sente. A anamnese objetiva realizada através da informação 
oferecida pelos pais, cuidadores e professores também é necessária, inclusive 
para observar se a queixa trazida em consulta é prevalente em vários ambientes. 
Uma importante diferença da avaliação do adulto é que, na maioria das 
vezes, a queixa não é da criança, mas, dos pais, cuidadores, professores ou 
outros profissionais de saúde. A forma de informar sobre isso também é variável 
de acordo com os fatores maturacionais. Para obter informações da criança, po-
dem ser necessárias outras formas de comunicação e observação do que o de 
estabelecer um diálogo com perguntas e resposta (Brasil, 2007). 
Segundo Stubbe (2008), a complexidade da entrevista diagnóstica com 
uma criança pode exigir uma enorme criatividade para auxiliá-la a se sentir sufi-
cientemente confortável para se engajar e ainda mais, comunicar ao profissional, 
a informação pessoal necessária para a compreensão do quadro. 
Ao longo da obtenção da história clínica, é necessário levar em conta o 
que é esperado para a faixa etária e fase do desenvolvimento em que a criança 
se encontra. O desenvolvimento emocional não se dá de forma linear e é comum 
apresentar sintomas, sem que isso signifique um transtorno mental. O funciona-
mento e o bem-estar da criança são altamente dependentes de seu ambiente, 
sua família, seu meio escolar e social. Portanto, sua avaliação não pode ser feita 
de modo isolado, ou seja, deve levar em conta informações dessas diferentes 
fontes e a influência delas em sua vida (Brasil, 2007). É comum atendermos a 
queixas que somente ocorrem em casa ou somente na escola e a primeira con-
duta é investigar quais fatores estão afetando a criança e de que maneira ela 
reage a isso. 
 
13 
 
O transtorno mental não se restringe a um ambiente somente. Cabe ao 
profissional identificar a real queixa que trouxe a família à consulta e quem deve 
ser tratado. Isso pode acontecer quando o principal problema afeta o funciona-
mento familiar e, de alguma forma, envolve a criança e há a necessidade de se 
entender por que a criança está sendo referida neste momento e desta maneira. 
Também é comum que as pessoas à sua volta tenham visões discrepantes sobre 
qual é o problema e o que precisa ser feito a respeito disso. Diante de tantas 
possibilidades, é preciso seguir um roteiro, mesmo que mentalmente, a fim de 
esclarecer as reais questões pertinentes que trazem prejuízo do desenvolvi-
mento ou significativo sofrimento psíquico. 
Há profissionais que preferem seguir um roteiro específico, inclusive a fim 
de evitar excessivas divagações dos pais pouco objetivas ou até aqueles que se 
utilizam mais das escalas de avaliação como instrumentos úteis na avaliação da 
criança. Outros principalmente aqueles com formação com maior ênfase em psi-
canálise da criança preferem abrir a escuta para que os pais falem como quise-
rem, de forma explícita, para avaliarem esta apresentação no contexto da queixa 
principal. É importante que ambos os métodos utilizados levem à mesma condu-
ção: formulação de hipóteses diagnósticas, diagnósticos diferenciais e conside-
rações acerca da família e do ambiente no qual a criança está inserida, para as 
quais, precisamos muito além de uma catalogação de sintomas. 
 
 
 
14 
 
2 ALGUNS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO 
 
FONTE:www.isec.psc.br 
Entrevista Clínica 
A entrevista inicial é considerada um momento crucial no diagnóstico e no 
tratamento em saúde mental. Esse primeiro contato, sendo bem conduzido, deve 
produzir no paciente uma sensação de confiança e de esperança em relação ao 
alívio do sofrimento. Entrevistas iniciais desencontradas, desastrosas, nas quais 
o profissional é, involuntariamente ou não, negligente ou hostil com o paciente, 
em geral são seguidas de abandono do tratamento. 
Com relação à entrevista com crianças ou adolescentes é recomendado 
uma primeira entrevista sem o paciente, somente com os pais. Às vezes, é ne-
cessária mais de uma entrevista até que se conheça a criança ou o adolescente. 
Parece clara a necessidade de estar sozinho com os pais e também de estar 
sozinho com a criança a fim de observar se as queixas são coincidentes ou não 
e a criação de um espaço de confiança com o entrevistador. Os pais, individual-
mente, mostram-se mais à vontade para relatarem suas angústias, incertezas e 
preocupações sobre seus filhos. Os filhos, sozinhos, podem se sentir confiantes 
para dizer o que nunca foi dito aos pais porque encontraram segurança em uma 
figura neutra, livre de julgamento, que pode, de fato ajudá-lo. A entrevista con-
junta é muito útil para a observação de como se dá a dinâmica familiar. 
 
15 
 
Além de dados pessoais, históricos, antecedentes familiares e hábitos da 
criança é fundamental que o entrevistador investigue fatores médicos que podem 
ter uma apresentação psiquiátrica como, por exemplo, o uso de medicamentos, 
drogas, fatores genéticos, infecciosos, imunológicos, neurológicos ou endócrino-
metabólicos (Stubbe, 2008). 
 
 
FONTE:www.linkedin.com 
No entanto, nem sempre este modelo ideal é possível: no consultório, mui-
tos pais querem sair da consulta com uma conduta no mesmo dia. Nos serviços 
públicos, dependendo do tempo disponível para esta avaliação, muitas vezes, 
não é possível conversar separadamente com o paciente, o que compromete 
bastante a avaliação e prejudica a criação de um rapport adequado. 
As crianças merecem saber por que estão indo ao psicólogo, bem como 
serem tranquilizadas a respeito de como será este encontro e por qual motivo 
estão sendo levadas. É comum as crianças chegarem e não entenderem o que 
estão fazendo ali porque os pais possuem as próprias resistências que o impe-
dem de falar abertamente ou por eles mesmos não compreenderem a própria 
atitude. 
A entrevista com crianças maiores e com adolescentes, muitas vezes, se-
gue o modelo utilizado para adultos, havendo o olhar clínico do entrevistador a 
 
16 
 
fim de considerar o momento evolutivo, o esperado e as considerações patoló-
gicas. Porém, com crianças pequenas, muitas adaptações são necessárias. É 
comumente útil estar apto a acessar o comportamento da criança, seu padrão 
de interação social e maneiras de conversar em situações contrastantes. Tam-
bém é desejável que se possa ver a criança com o restante da família (Rutter, 
2008). 
Os recursos lúdicos facilitam o diálogo e a forma como a criança brinca, 
age, escolhe os brinquedos, reage nos jogos, pinta, desenha e o que fala en-
quanto brinca, se já estiver em idade escolar. A interação social neste momento 
da avaliação produz muitos dados importantes sobre como a criança se relaci-
ona com o mundo externo (novo ambiente, novo contato interpessoal, nova ex-
periência etc). 
 
 
2.1 TIPOS DE ENTREVISTA 
 
 
FONTE:cyberspaceandtime.com 
 
17 
 
Podemos classificar a entrevista de acordo com sua estrutura, objetivos, 
métodos e enquadramento teórico de referência. Nesta postagem, daremos en-
foque aos objetivos e estrutura. 
Quanto ao objetivo, a entrevista pode ser: 
Diagnóstica 
Visa estabelecer o diagnóstico e o prognóstico do paciente, assim como 
as indicações terapêuticas adequadas. 
Psicoterápica 
Busca colocar em prática uma estratégia de intervenção psicológica de 
acordo com alguma das diversas abordagens clínicas. 
De encaminhamento 
Tem o objetivo de indicar o tratamento do paciente, o qual não será con-
duzido pelo entrevistador.Deve-se evitar que o entrevistado desenvolva um vín-
culo forte. 
De seleção 
Visa selecionar um candidato a vaga de emprego, tendo previamente o 
conhecimento acerca de seu currículo e analisando as características do candi-
dato de acordo com o perfil do cargo, destacando seus aspectos mais significa-
tivos com relação à vaga. 
De desligamento 
Pode ter relação com a alta do paciente ou demissão do funcionário de 
uma empresa. Visa estabelecer planos dos pós altos ou a necessidade de tra-
balhar alguma questão pendente; no caso do funcionário, tem o objetivo de obter 
um feedback sobre o ambiente de trabalho, e em algumas situações também 
fornecer um ao funcionário. 
Quanto à estrutura, encontramos os seguintes tipos de entrevista: 
 
18 
 
Entrevista informal (não estruturada) 
Tem como objetivo básico a coleta de dados. Neste tipo de entrevista, o 
maior peso incide no entrevistador. Por não portar um questionário pré-definido, 
fica a seu critério explorar as questões que considere mais importantes, podendo 
se adaptar as necessidades de cada entrevistado. Porém, como esse tipo de 
coleta de dados depende do discernimento do entrevistador, existe o risco de 
questões importantes serem menosprezadas em detrimento de outras. 
Entrevista focalizada (semiestruturada) 
É livre como a entrevista informal, porém direcionada para um determi-
nado tema pré-estabelecido. Quando o entrevistado se distancia do tema, o en-
trevistador deve fazê-lo retomar o foco. 
Entrevista por pautas (semiestruturada ou semidirigida) 
Estas entrevistas apresentam certo grau de estruturação, pois há uma re-
lação de pontos de interesse, com perguntas abertas pré-estabelecidas ou um 
esquema pré-definido. As pautas devem ser ordenadas e guardar certa relação 
entre si. No decorrer da entrevista, o entrevistador pode investigar outros aspec-
tos que considere relevantes, elaborando novas questões. O entrevistado po-
derá falar livremente sobre as pautas, e caso se distancie, o entrevistador deve 
intervir de forma sutil. 
Entrevista estruturada (fechada) 
Na entrevista estruturada, existe uma relação fixa de perguntas, cuja or-
dem e formulação permanecem invariáveis para todos os entrevistados, que ge-
ralmente são em grande número. Este tipo de entrevista é frequentemente utili-
zado como forma de coleta de dados quantitativa para pesquisas. 
Sequência temporal da entrevista diagnóstica 
 
19 
 
 
 
 
 
FONTE:www.fundacioncadah.org/web 
 Teremos como foco a entrevista com objetivo psicodiagnóstico. Se-
gundo Golder (2000), a sequência temporal pode ser dividida em entrevista ini-
cial, entrevistas subsequentes e devolutiva, as quais possuem características e 
objetivos distintos. 
 
Entrevista inicial 
A primeira entrevista tem, em geral, o objetivo de estabelecer um acordo 
entre o terapeuta e o paciente. O empenho do terapeuta nessa primeira entre-
vista pode ter influência decisiva na continuidade ou abandono do tratamento 
(Fiorini, 1987). Deve haver uma breve apresentação que vise eliminar falsas ex-
pectativas do entrevistado, explique os processos de avaliação e explicite os ob-
jetivos, além de definir bem o papel de todos os participantes. É necessário in-
formar da confidencialidade das informações fornecidas, do sigilo profissional, e 
explorar a possibilidade de coletar informação de outras fontes (por exemplo, 
com a família). Conforme Gilliéron (1996), a primeira entrevista deve permitir co-
nhecer o modo de chegada do paciente à consulta, o tipo de relação que ele 
busca estabelecer com o terapeuta e as queixas iniciais verbalizadas pelo paci-
ente. No final desta entrevista, devem ficar esclarecidos os horários, duração das 
 
20 
 
sessões, honorários, forma de pagamento, condições para administrar instru-
mentos de testagem e para a consulta de terceiros. 
 
Entrevistas subsequentes 
Após a entrevista inicial, na qual os contratos já foram estabelecidos, nas 
entrevistas subsequentes são coletados os dados com relação a história do en-
trevistado, tais como suas fases de desenvolvimento, escolaridade e relações 
profissionais, familiares e sociais, além da possível aplicação de testes, con-
forme o objetivo do processo. 
Entrevista devolutiva 
Ao final do processo de entrevista, o entrevistador deve dar um feedback 
ao paciente. Este processo deve encerrar-se de acordo com o tempo previsto 
anteriormente. Cunha (1993), fornece alguns direcionamentos sobre a entrevista 
devolutiva: após a interpretação dos dados, o entrevistador deve comunicar o 
resultado do psicodiagnóstico e indicar a terapêutica mais adequada; a devolu-
ção deve iniciar pelos aspectos menos comprometidos do paciente, que mobili-
zam menos ansiedade, e por fim, deve-se evitar o uso de jargão técnico, e dar 
foco ao sintoma que é relatado na queixa principal. Deve ser feito também com 
o entrevistado um resumo da entrevista para garantir que a informação foi bem 
compreendida por ambos. 
Avaliação Cognitiva e da Inteligência 
Avaliação realizada com base na análise das competências cognitivas e 
intelectuais individuais. Determinação das áreas fortes ou fracas ou dos domí-
nios do funcionamento intelectual da criança. Suspeitas de déficit cognitivo, difi-
culdades de aprendizagem em áreas específicas (dislexia, disortografia, disgra-
fia, discalculia), superdotação, entre outros podem ser diagnosticados através 
da avaliação psicológica. 
Principais instrumentos psicométricos utilizados na Avaliação Clínica: 
 
21 
 
Escala de Inteligência para Crianças 4a. Edição - WISC IV - A Escala 
Wechsler de Inteligência para Crianças – 4a Edição (WISC-IV) – é um instru-
mento clínico de aplicação individual que tem como objetivo avaliar a capacidade 
intelectual das crianças e o processo de resolução de problemas. Faixa etária: 6 
anos e 0 meses a 16 anos e 11 meses. É composto por 15 subtestes, sendo 10 
principais e 5 suplementares, e dispõe de quatro índices, à saber: Índice de Com-
preensão Verbal, Índice de Organização Perceptual, Índice de Memória Opera-
cional e Índice de Velocidade de Processamento, além do QI Total. 
 
FONTE:www.orelhadelivro.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
Matrizes Progressivas Coloridas de Raven - Teste não-verbal 
de múltipla escolha utilizados para aferição do Q.I. 
 
FONTE:www.orelhadelivro.com.br 
 Escala de Maturidade Mental Colúmbia - Fornece uma estimativa da 
capacidade de raciocínio geral de crianças (3 anos e 6 meses a 9 anos e 11 
meses). Avalia, especialmente, capacidades que são importantes para o su-
cesso na escola, principalmente as capacidades para discernir as relações en-
tre os vários tipos de símbolos. 
 
FONTE:www.casadopsicologo.com.br 
 
23 
 
 TIG - Teste de Inteligência Geral Não-Verbal - TIG-NV tem como obje-
tivo avaliar desempenhos característicos dos testes de inteligência não 
verbais e possibilita uma análise neuropsicológica, a qual permite identifi-
car os tipos de raciocínios errados e os processamentos envolvidos na 
sua execução, além das classificações habituais do potencial intelectual. 
Pode ser utilizado de forma individual e coletiva, sendo esta última para 
fins de seleção, pois possibilita uma classificação dos sujeitos em termos 
de Percentil ou QI, além da classificação da inteligência de acordo com o 
grau de escolaridade (Fundamental, Médio e Superior), nas idades de 10 
a 79 anos. 
 
 
FONTE:www.psicoshop.com.br 
 TDE - Teste de Desempenho Escolar - O TDE é um instrumento que 
busca oferecer de forma objetiva uma avaliação das capacidades funda-
mentais para o desempenho escolar, mais especificamente da escrita, 
aritmética e leitura. Indica de uma maneira abrangente, quais as áreas da 
aprendizagem escolar que estão preservadas ou prejudicadas no exami-
nando. A faixa etária abrange a avaliação de escolares de 1o. ao 7o. ano 
do Ensino Fundamental, ainda que possa ser utilizado com algumas re-servas, para a 8o. e 9o. anos. 
 
24 
 
 
 
FONTE:www.casadopsicologo.com.br 
 TDAH - Escala de Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade: 
É um instrumento que avalia sintomas comportamentais do TDAH, em 
situação escolar, tendo o professor como fonte de informação. Tem a fi-
nalidade de subsidiar a avaliação psicológica e o processo psicodiagnós-
tico: avaliar a desatenção e a hiperatividade (sintomas primários); avaliar 
problemas de aprendizagem e comportamento antissocial (sintomas se-
cundários); monitorar os efeitos das intervenções (psicológica, psicope-
dagógica e medicamentosa) na escola. Faixa etária: de 6 a 17 anos. 
 
FONTE:www.sinopsyseditora.com.br 
 
 
25 
 
Anamnese 
 
FONTE:psicoativo.com 
A palavra anamnese tem origem grega e significa: Ana= trazer nova-
mente, mnesis= memória. 
A Anamnese é uma recuperação da memória, o processamento de infor-
mações preestabelecidas que são informadas pelo paciente, um resumo de todo 
um histórico de seu processo saúde-doença. Não é uma história qualquer, a 
anamnese, juntamente com a entrevista, precisa ter um foco para a investigação 
ser bem-sucedida e as informações adquiridas serem bem aproveitadas. Depen-
dendo da área em que o psicólogo trabalhe, alguns aspectos de anamnese são 
mais importantes que outros, cabe ao psicólogo ter uma negligência 
Seletiva para separar o que é fundamental do que pode ser negligenciado 
em sua investigação. 
Diferente da entrevista, que busca informações que o paciente não está 
ciente (dentre outras), na anamnese o paciente é o moderador, pois, supõe-se 
de que ele conheça sua própria história e que é capaz de fornecer informações 
sobre ela. Porém, a anamnese pode ser feita dentro do processo de entrevista. 
Antes de obter qualquer informação, é necessário estabelecer uma boa 
relação com o cliente, mostrar interesse pelo que ele tem para contar é de fun-
damental importância para que a conversa flua naturalmente, em alguns casos 
se deter ao roteiro pode passar uma impressão de desinteresse pelo que o cli-
ente tem a dizer, e isto pode resultar em respostas vazias por parte do cliente. 
 
26 
 
Algumas palavras e expressões são perigosas para se usar em uma anamnese, 
evitem o uso de expressões e entonações que sugerem julgamento à fala do 
cliente, como também frases que cobram justificativas de alguns comportamen-
tos do sujeito. 
Objetivos: saber qual é queixa do paciente para melhor direcionar o tra-
tamento; levantar a hipótese diagnóstica; obter informações desde o período in-
trauterino para pesquisar possíveis causas da patologia atual; providenciar os 
encaminhamentos necessários para avaliações de outros especialistas. 
Quando uma entrevista é bem conduzida, há 85% de chances de se le-
vantar uma hipótese diagnóstica desde o primeiro encontro. 
A anamnese juntamente com a avaliação do paciente permitirá que o pro-
fissional trace um plano de intervenção adequado. 
 
 
 
 
Montando uma anamnese: 
Identificação: nome, data de nascimento, sexo, escolaridade, religião. 
Pais: idade, estado civil, profissão. São dados que auxiliam a traçar o perfil social 
do paciente e de sua família. 
Queixa e duração: observam-se aqui os motivos pelos quais a criança 
foi levada em consulta, em termos de sua descrição e início (Assumpção, 2002). 
Pode haver consenso entre pais, filhos, escola, outros profissionais ou não. No 
entanto, a busca por tratamento mostra algum engajamento que deve ser valo-
Anamnese
Avaliação
Plano de Intervenção
 
27 
 
rizado e compreendido quanto aos reais motivos deste ato. A data do apareci-
mento dos sintomas informa mais dados como início agudo, crônico, insidioso 
etc. 
História da Doença Atual: deve ser esclarecido o início dos sintomas, 
como aconteceu, frequência e intensidade, duração, evolução, fatores associa-
dos, grau de prejuízo, sofrimento e interferência na vida da criança e de seu 
ambiente social e escolar. 
História Pessoal: reação da família e ambiente, se foi desejado, a ordem 
de nascimento dentre os irmãos, condições de gestação e de nascimento, de-
senvolvimento neuropsicomotor, controle dos esfíncteres, aquisição de fala e lin-
guagem, alimentação, hábitos de sono, independência, sexualidade, escolari-
dade (adaptação, rendimento), pensamento (curso, forma e conteúdo), afetivi-
dade (temperamento, humor, manifestações emocionais e do comportamento na 
vida cotidiana, consciência moral e noção de responsabilidade (Dalgalarrondo, 
2000). 
Os estressores psicosociais presentes devem ser indagados, assim como 
se dá a dinâmica familiar. 
Histórico patológico pregresso: infecções, doenças crônicas, interna-
ções. Tratamentos anteriores. 
Histórico de antecedentes familiares: portadores de transtornos psiqui-
átricos. 
Hábitos e condições de vida: atividade física, atividade extracurricular, 
socialização, participação em eventos etc. 
 
 
28 
 
3 ALGUNS TRANSTORNOS PSICOPATOLÓGICOS NA INFÂNCIA 
 
FONTE:www.f5news.com.br 
O transtorno mental pode ser conceituado como uma síndrome ou padrão 
comportamental ou psicológico que ocorre em um indivíduo e que se mostra as-
sociado com sofrimento ou incapacitação, ou com um risco significativamente 
aumentado de sofrimento atual, morte, dor, deficiência ou perda importante da 
liberdade. 
O diagnóstico dos transtornos mentais em crianças e adolescentes tem 
sido um grande desafio na prática clínica, dada à heterogeneidade dos quadros 
clínicos e as peculiaridades diagnósticas. 
Para um transtorno mental ser diagnosticado é necessário que haja um 
histórico de anormalidades sustentadas ou recorrentes e que tenha como con-
sequência uma certa deterioração ou perturbação do funcionamento pessoal em 
uma ou mais esferas da vida. A anamnese é realizada com o indivíduo e com 
pessoas próximas, incluindo a família, e associa-se ao exame clínico sistemático 
e testes especializados necessários a cada caso. A tríade indivíduo-família-so-
ciedade deve ser contemplada a cada diagnóstico. 
 De maneira geral, mas especialmente na infância quando os proble-
mas comportamentais se apresentam internalizados (por exemplo, pensamentos 
 
29 
 
e/ou sentimentos negativos, como humor deprimido e ansiedade), os mesmos 
são de reconhecimento mais difícil, permanecendo muitos anos na esfera indivi-
dual do sofrimento, com pouco impacto para os adultos até que o cumprimento 
de demandas sociais crescentes se imponha à criança. O diagnóstico nestes 
casos é, frequentemente, atrasado, uma vez que a família espera que o pro-
blema seja transitório. Já os comportamentos externalizantes tais como a hipe-
ratividade e a agressividade são trazidos mais frequentemente à atenção médica 
pelos motivos inversos. 
Um desafio em relação à avaliação diagnóstica é a conformidade com os 
critérios padronizados aceitos internacionalmente, o CID-10 e o DSM V. Apesar 
de constituírem os parâmetros aceitos de diagnóstico, apresentam limitações na 
aplicabilidade de estudos epidemiológicos em todo mundo. As perspectivas cul-
turais não são consideradas em sua totalidade e muitos aspectos do desenvol-
vimento são negligenciados. A anamnese, portanto, deve buscar informações 
para além dos critérios formais e investigar as relações da criança em diferentes 
domínios, sua história médica e outros aspectos que porventura se apresentem 
na avaliação. 
 Vale ainda menção à frequência de comorbidades encontrada neste 
grupo de pacientes. Muitas vezes, estes apresentam-se de maneiras diferentes 
em crianças e adolescentes, como é o caso dos transtornos depressivos, do 
transtorno obsessivo-compulsivo e do transtorno do humor bipolar. 
 
 
FONTE:optharecentropsicologia.com.br 
 
30 
 
Na infância, os principais distúrbios psiquiátricos são aqueles relaciona-
dos a linguagem, disruptivos ou externalizantes, emocionais ou internalizantes: 
 Transtorno de Linguagem (aprendizagem,habilidades motoras e comuni-
cação): já manifesta sintomas nos primeiros anos de vida; 
 
 Aprendizagem: dificuldade de leitura, matemática ou na escrita, sendo 
avaliada por idade, quociente de inteligência e grau de escolaridade; 
 
 Habilidades motoras: limitação de atividades diárias, estando abaixo do 
esperado para a faixa etária; 
 Comunicação: vocabulário limitado, erros grosseiros s da língua falada, 
dificuldade para evocar palavras ou produzir frases, todos condizentes 
com idade cronológica 
 Transtornos disruptivos ou externalizantes: início dos sintomas ge-
ralmente antes dos 9 anos de idade. 
 Déficit de atenção/hiperatividade: a forma mais simples é desatenta, que 
se manifesta pela diminuição da capacidade de manter o foco da atenção 
por períodos prolongados; a forma impulsiva, com inquietude motora ou 
fala em demasia; e a forma combinada, com presença de desatenção, 
hiperatividade e impulsividade em vários graus. 
 
 Transtorno opositivo desafiador: a criança não obedece a regras impostas 
pelos adultos, mostrando-se hostis ou vingativos, associados à raiva ou 
irritabilidade e oscilações de humor. 
Transtornos emocionais ou internalizantes: podem iniciar na infância ou 
na puberdade 
 Transtorno de ansiedade de separação: a criança apresenta preocupa-
ções persistentes, irreais e exageradas com os pais ou consigo mesma, 
pesadelos, não consegue frequentas escola, dormir sozinha ou em outro 
ambiente, tem ataques de raiva e choro e constantemente queixa-se de 
dores psicossomáticas. 
 
31 
 
 
 Fobias simples ou fobias sociais: medo exacerbado, resistência, anteci-
pação ansiosa ou angustia, que limita a vida social da criança, podendo 
também estar associada dificuldade de contato com pessoas não-familia-
res. 
 
 
 Transtornos de ansiedade generalizada: preocupação constante sobre 
comportamentos passados, atuais ou eventos futuros, levando a quadro 
de insegurança, constante tensão, necessidade de reafirmação e dores 
psicossomáticas. 
 
 Quadros depressivos: observa-se recusa em ir para escola, irritabilidade 
e sintomas físicos como perturbação do sono e falta de apetite. 
Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) 
Eventos extremamente rompantes – como violência, guerra, desastres na-
turais ou abuso – podem causar traumas psicológicos em crianças e adolescen-
tes. Uma reação por algum tempo para o trauma não é incomum, incluindo ex-
trema ansiedade, pesadelos, choro, irritabilidade, retirada social, culpa ou outros 
sintomas. Porém, quando esses sintomas (reações) não diminuem ao longo do 
tempo, podem ser indicativos do desenvolvimento de TEPT. Os sintomas in-
cluem: 
• Reexperimentarão do evento traumático em situações percebidas como simi-
lares; • Falta rotineira de lembranças do evento ou uma falta geral de respon-
sabilidade (por exemplo, interesses diminuídos ou um senso de ter uma falta 
de futuro); 
• Aumento nas perturbações do sono, irritabilidade, concentração pobre, 
reações de susto e comportamentos regressivos. 
Transtornos de conduta 
 
32 
 
Enquanto todas as crianças, às vezes, exibirão comportamentos de oposi-
ção, crianças e adolescentes com transtorno de conduta apresentam problemas 
mais sérios no funcionamento social e familiar. Por exemplo, calcula-se que 5,5% 
das crianças e adolescentes possuam um problema de comportamento agres-
sivo. Essa desordem também coloca uma criança ou adolescente em risco mais 
alto para o comportamento suicida. Alguns sintomas desse transtorno incluem: 
• Agressão dirigida a pessoas ou animais; 
• Destruição de propriedade; 
• Furto ou roubo; 
• Violação séria de regras. 
É especialmente importante observar, porém, que crianças ou adolescen-
tes que exibem tais sintomas podem ter outros problemas de saúde mental. O 
que exige um diagnóstico diferencial. 
Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) 
Nos dias atuais, o aumento do número de diagnósticos na infância, especi-
almente o de TDAH, e a consequente medicalização da criança em idade esco-
lar, tem tomado proporções tais que podemos defini-lo como uma verdadeira 
epidemia enquanto todas as crianças ou adolescentes são eventualmente hipe-
rativos ou impulsivos, os com TDAH apresentam problemas de comportamento 
mais severos que podem interferir no funcionamento da escola, lazer, família, 
etc. 
Pode ser caracterizado por: 
• Distração e dificuldade de prestar atenção; 
• Falar muito e dificuldade de jogar ou brincar quietamente; 
• Dificuldade de seguir orientações múltiplas; 
• Dificuldade de permanecer sentado. 
 
33 
 
 
Transtornos alimentares 
Os transtornos alimentares iniciam-se frequentemente na adolescência, e 
é mais comum em meninas. Pode ser caracterizado por uma relação distorcida 
com a alimentação e uma obsessão com o peso e a forma do corpo. Alguns 
sintomas são: 
• Intenso medo de ganhar peso; 
• Recusa de manter o peso corpóreo esperado para a idade ou altura; 
• Episódios periódicos de alimentação excessiva; 
• Comportamento compensatório para prevenir ganho de peso (como vo-
mitar, usar laxantes e pílulas para o emagrecimento). 
 
Psicose Infantil 
Relacionamento prejudicado com as pessoas, confusão de identidade pes-
soal e inconsciência do eu, preocupação anormal com objetos, resistência a mu-
danças no ambiente, sensibilidade a estímulos sensoriais rebaixada ou elevada, 
reações de excessiva ansiedade ante mudanças, perturbação da linguagem e 
da fala, hiper ou hipoatividade, e atraso no desenvolvimento intelectual. 
Para Ajuriaguerra e Marcelli (1991), a psicose infantil é um transtorno de 
personalidade dependente do transtorno da organização do eu e da relação da 
criança com o meio ambiente. Em seu Manual de Psiquiatria Infantil são listadas 
características das psicóticas infantis tais como: 
 (1) dificuldade para se afastar da mãe; 
(2) dificuldade de compreensão do que vê, de gestos e linguagem; 
 
34 
 
 (3) alterações significativas na forma ou conteúdo do discurso, repetindo 
imediatamente palavras e/ou frases ouvidas (fala ecolálica), ou emprego estere-
otipado e idiossincrático de formas verbais, sendo comum a inversão pronominal 
(a criança refere-se a ela mesma utilizando-se da terceira pessoa do singular ou 
do seu nome próprio); 
(4) alterações marcantes quanto à altura, ritmo e modulação da fala nas 
habilidades especiais, e conduta social embaraçosa. 
 
Depressão Infantil 
Depressão é o transtorno de humor que se caracteriza basicamente por 
tristeza e anedonia, associados a transtornos de sono, de alimentação e somá-
ticos (como cefaleia, tonturas, taquicardia, sudorese, diminuição de libido etc.). 
Na criança, mais frequente que a tristeza é a irritabilidade, mau humor e a ane-
donia, que é a falta de prazer com as atividades habituais, como brincar, sair 
com os amigos, jogar videogame, ver TV etc. 
Segundo Von During, "As crianças deprimidas não podem rir. E uma cri-
ança que não ri nem pode brincar nem brigar; é uma criança enferma (...). 
As crianças deprimidas são tímidas, fogem 
da companhia dos demais, não jogam, não têm con-
fiança em si mesmas, o que pode levá-las, inclusive 
ao suicídio (p. 31, POLAINO, 1988)". 
 
É importante ressaltar que os conceitos psicopatológicos infantis ainda não 
são muito precisos e uníssonos, como são os dos adultos. Podemos citar como 
exemplo a ampla terminologia usada: transtorno, desordem, alteração, compor-
tamento anormal, conduta desajustada, hiperatividade etc. Tais termos são en-
contrados, usualmente na literatura científica, como sinônimos. 
Outros transtornos 
 
35 
 
Há outros transtornos em crianças e adolescentes não descritos acima, in-
cluindo vários problemas de desenvolvimento e inaptidões. Alguns transtornos 
mentais podem ser relacionados a condições médicas, e podem ser sérios o 
bastante para necessitar de intervenção médica prolongada. É importante ob-
servar quetais transtornos podem resultar em estigma social severo, tornando 
as crianças e adolescentes susceptíveis para o abuso, a negligência ou o aban-
dono. 
Opções de tratamento 
 
FONTE:saude.culturamix.com 
Todos os transtornos mentais, na atualidade, possuem uma diversidade 
de opções de tratamento que incluem medicações e psicoterapias. Os transtor-
nos mentais são tratáveis, e quanto mais cedo é realizado o diagnóstico, mais 
promissores serão os resultados do tratamento. Se uma criança ou adolescente 
apresentar os sintomas de um dos transtornos descritos neste artigo, deve-se 
buscar o auxílio de um médico em primeiro lugar, em geral, do pediatra respon-
sável pelo atendimento dessa criança ou adolescente. 
 
 
36 
 
4 ALGUMAS MODIFICAÇÕES NO DSM –V 
 
 
FONTE:www.indianasocialsecuritydisabilityattorney.com 
 
Transtornos do Neurodesenvolvimento 
 
Seguindo a proposta de lançar um olhar longitudinal sobre o curso dos 
transtornos mentais, o DSM-5 excluiu o capítulo Transtornos Geralmente Diag-
nosticados pela Primeira Vez na Infância ou na Adolescência. Parte dos diag-
nósticos do extinto capítulo passou a compor os Transtornos do Neurodesenvol-
vimento. 
 Os Transtornos Globais do Desenvolvimento, que incluíam o Au-
tismo, Transtorno Desintegrativo da Infância e as Síndromes de Asperger e Rett 
foram absorvidos por um único diagnóstico, Transtornos do Espectro Autista. A 
mudança refletiu a visão científica de que aqueles transtornos são na verdade 
uma mesma condição com gradações em dois grupos de sintomas: Déficit na 
comunicação e interação social; Padrão de comportamentos, interesses e ativi-
dades restritos e repetitivos. Apesar da crítica de alguns clínicos que argumen-
tam que existem diferenças significativas entre os transtornos, a APA entendeu 
 
37 
 
que não há vantagens diagnósticas ou terapêuticas na divisão e observa que a 
dificuldade em subclassificar o transtorno poderia confundir o clínico dificultando 
um diagnóstico apropriado. 
 
 
FONTE:neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br 
Os transtornos do neurodesenvolvimento são um grupo de condições com 
início no período do desenvolvimento. Os transtornos tipicamente se manifestam 
cedo no desenvolvimento, em geral antes de a criança ingressar na escola, 
sendo caracterizados por déficits no desenvolvimento que acarretam prejuízos 
no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional. 
 Os déficits de desenvolvimento variam desde limitações muito específicas 
na aprendizagem ou no controle de funções executivas até prejuízos globais em 
habilidades sociais ou inteligência. É frequente a ocorrência de mais de um trans-
torno do neurodesenvolvimento; por exemplo, indivíduos com transtorno do es-
pectro autista frequentemente apresentam deficiência intelectual (transtorno do 
desenvolvimento intelectual), e muitas crianças com transtorno de déficit de 
atenção/hiperatividade (TDAH) apresentam também um transtorno específico da 
aprendizagem. 
No caso de alguns transtornos, a apresentação clínica inclui sintomas tanto 
de excesso quanto de déficits e atrasos em atingir os marcos esperados. Por 
 
38 
 
exemplo, o transtorno do espectro autista somente é diagnosticado quando os 
déficits característicos de comunicação social são acompanhados por compor-
tamentos excessivamente repetitivos, interesses restritos e insistência nas mes-
mas coisas. 
A deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) carac-
teriza-se por déficits em capacidades mentais genéricas, como raciocínio, solu-
ção de problemas, planejamento, pensamento abstrato, juízo, aprendizagem 
acadêmica e aprendizagem pela experiência. Os déficits resultam em prejuízos 
no funcionamento adaptativo, de modo que o indivíduo não consegue atingir pa-
drões de independência pessoal e responsabilidade social em um ou mais as-
pectos da vida diária, incluindo comunicação, participação social, funcionamento 
acadêmico ou profissional e independência pessoal em casa ou na comunidade. 
O atraso global do desenvolvimento, como o nome implica, é diagnosticado 
quando um indivíduo não atinge os marcos do desenvolvimento esperados em 
várias áreas do funcionamento intelectual. Esse diagnóstico é utilizado para in-
divíduos que estão incapacitados de participar de avaliações sistemáticas do 
funcionamento intelectual, incluindo crianças jovens demais para participar de 
testes padronizados. A deficiência intelectual pode ser consequência de uma le-
são adquirida no período do desenvolvimento, decorrente, por exemplo, de trau-
matismo craniano grave, situação na qual um transtorno neurocognitivo também 
pode ser diagnosticado. 
Os transtornos da comunicação incluem o transtorno da linguagem, o trans-
torno da fala, o transtorno da comunicação social (pragmática) e o transtorno da 
fluência com início na infância (gagueira). Os três primeiros caracterizam-se por 
déficits no desenvolvimento e no uso da linguagem, da fala e da comunicação 
social, respectivamente. O transtorno da fluência com início na infância é carac-
terizado por perturbações da fluência normal e da produção motora da fala, in-
cluindo sons ou sílabas repetidas, prolongamento de sons de consoantes ou vo-
gais, interrupção de palavras, bloqueio ou palavras pronunciadas com tensão 
física excessiva. Tal como outros transtornos do neurodesenvolvimento, os 
transtornos da comunicação iniciam-se precocemente e podem acarretar prejuí-
zos funcionais durante toda a vida. 
 
39 
 
O transtorno do espectro autista caracteriza-se por déficits persistentes na 
comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, incluindo défi-
cits na reciprocidade social, em comportamentos não verbais de comunicação 
usados para interação social e em habilidades para desenvolver, manter e com-
preender relacionamentos. Além dos déficits na comunicação social, o diagnós-
tico do transtorno do espectro autista requer a presença de padrões restritos e 
repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. Considerando que os 
sintomas mudam com o desenvolvimento, podendo ser mascarados por meca-
nismos compensatórios, os critérios diagnósticos podem ser preenchidos com 
base em informações retrospectivas, embora a apresentação atual deva causar 
prejuízo significativo. 
No diagnóstico do transtorno do espectro autista, as características clínicas 
individuais são registradas por meio do uso de especificadores (com ou sem 
comprometimento intelectual concomitante; com ou sem comprometimento da 
linguagem concomitante; associado a alguma condição médica ou genética co-
nhecida ou a fator ambiental), bem como especificadores que descrevem os sin-
tomas autistas (idade da primeira preocupação; com ou sem perda de habilida-
des estabelecidas; gravidade). Tais especificadores oportunizam aos clínicos a 
individualização do diagnóstico e a comunicação de uma descrição clínica mais 
rica dos indivíduos afetados. Por exemplo, muitos indivíduos anteriormente diag-
nosticados com transtorno de Asperger atualmente receberiam um diagnóstico 
de transtorno do espectro autista sem comprometimento linguístico ou intelec-
tual. 
 
 
 
 
 
40 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE:lagartavirapupa.com.br 
O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento definido por níveis pre-
judiciais de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade. De-
satenção e desorganização envolvem incapacidade de permanecer em uma ta-
refa, aparência de não ouvir e perda de materiais em níveis inconsistentes com 
a idade ou o nível de desenvolvimento. 
Hiperatividade-impulsividade implicam atividade excessiva, inquietação, in-
capacidade de permanecer sentado, intromissão em atividades de outros e in-
capacidade de aguardar – sintomas que são excessivos para a idade ou o nível 
de desenvolvimento. Na infância, o TDAH frequentemente se sobrepõe a trans-
tornos em geral considerados“de externalização”, tais como o transtorno de opo-
sição desafiante e o transtorno da conduta. 
O TDAH costuma persistir na vida adulta, resultando em prejuízos no fun-
cionamento social, acadêmico e profissional. Os critérios para o diagnóstico de 
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) são bastante similares 
aos do antigo manual. O DSM-5 manteve a mesma lista de dezoito sintomas 
divididos entre Desatenção e Hiperatividade/Impulsividade. 
Os subtipos do transtorno foram substituídos por especificadores com o 
mesmo nome. Indivíduos até os dezessete anos de idade precisam apresentar 
seis dos sintomas listados, enquanto indivíduos mais velhos precisam de apenas 
 
41 
 
cinco. A exigência de que os sintomas estivessem presentes até os sete anos 
de vida foi alterada. No novo manual, o limite é expandido para os doze anos de 
idade. Além disso, o DSM-5 permitiu que o TDAH e o Transtorno do Espectro 
Autista sejam diagnosticados como transtornos comórbidos. Ambas as altera-
ções provocam polêmica pelo risco de gerarem uma superestimativa com au-
mento da incidência de TDAH na população geral. 
No entanto, a APA e outros diversos especialistas defendem a mudança 
como favorável. 
 
FONTE:literatortura.com 
Os transtornos motores do neurodesenvolvimento incluem o transtorno do 
desenvolvimento da coordenação, o transtorno do movimento estereotipado e os 
transtornos de tique. O transtorno do desenvolvimento da coordenação caracte-
riza-se por déficits na aquisição e na execução de habilidades motoras coorde-
nadas, manifestando-se por falta de jeito e lentidão ou imprecisão no desempe-
nho de habilidades motoras, causando interferência nas atividades da vida diá-
ria. 
O transtorno do movimento estereotipado é diagnosticado quando um in-
divíduo apresenta comportamentos motores repetitivos, aparentemente direcio-
nados e sem propósito, como agitar as mãos, balançar o corpo, bater a cabeça, 
morder-se ou machucar-se. 
 
42 
 
 
 
FONTE:institutopensi.org.br 
Os movimentos interferem em atividades sociais, acadêmicas ou outras. 
Se os comportamentos causam autolesão, isso deve ser especificado como 
parte da descrição diagnóstica. 
Os transtornos de tique caracterizam-se pela presença de tiques motores 
ou vocais, que são movimentos ou vocalizações repentinas, rápidos, recorren-
tes, não ritmados e estereotipados. Duração, etiologia presumida e apresenta-
ção clínica definem o transtorno de tique específico a ser diagnosticado: trans-
torno de Tourette, transtorno de tique motor ou vocal persistente (crônico), trans-
torno de tique transitório, outro transtorno de tique especificado e transtorno de 
tique não especificado. O transtorno de Tourette é diagnosticado quando o indi-
víduo apresenta múltiplos tiques motores e vocais, presentes por pelo menos um 
ano e com um curso sintomático de remissões e recorrências. 
Um transtorno específico da aprendizagem, como o nome implica, é diag-
nosticado diante de déficits específicos na capacidade individual para perceber 
ou processar informações com eficiência e precisão. Esse transtorno do neuro-
desenvolvimento manifesta-se, inicialmente, durante os anos de escolaridade 
formal, caracterizando-se por dificuldades persistentes e prejudiciais nas habili-
dades básicas acadêmicas de leitura, escrita e/ou matemática. O desempenho 
individual nas habilidades acadêmicas afetadas está bastante abaixo da média 
 
43 
 
para a idade, ou níveis de desempenho aceitáveis são atingidos somente com 
esforço extraordinário. 
O transtorno específico da aprendizagem pode ocorrer em pessoas iden-
tificadas como apresentando altas habilidades intelectuais e manifestar-se ape-
nas quando as demandas de aprendizagem ou procedimentos de avaliação (p. 
ex., testes cronometrados) impõem barreiras que não podem ser vencidas pela 
inteligência inata ou por estratégias compensatórias. Para todas as pessoas, o 
transtorno específico da aprendizagem pode acarretar prejuízos duradouros em 
atividades que dependam das habilidades, inclusive no desempenho profissio-
nal. 
 
 
FONTE:www.dificuldadesemaprendizagem.com.br 
Os Transtornos Específicos da Aprendizagem deixaram de ser subdividi-
dos em transtornos de leitura, cálculo, escrita e outros, especialmente pelo fato 
de que indivíduos com esses transtornos frequentemente apresentam déficits 
em mais de uma esfera de aprendizagem. 
 
 
44 
 
5 EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 
 
FONTE:www.big1news.com.br 
Os transtornos psiquiátricos estão cada vez mais prevalentes e esse au-
mento se dá em todas as faixas etárias. Aqueles sintomas que iniciam na infância 
merecem uma atenção especial, pois além de ser alta a prevalência, refletem 
diretamente na continuidade homotípica quanto em uma comorbidade sequen-
cial. Mais da metade dos pacientes com transtornos psiquiátricos apresentaram 
os primeiros sintomas na infância e quase dois terços na adolescência, tendo 
agravamento do quadro ao longo dos anos quando não tratados adequada-
mente. 
Não se pode deixar de citar as emergências psiquiátricas na infância: 
 Comportamento agressivo, 
 Psicoses: Intoxicações e quadros confusionais, 
 Comportamento suicida, 
 Transtornos ansiosos e somatoformes; 
A abordagem psicofarmacológica dependerá do diagnóstico, e poderá ser 
controlado com uso de neurolépticos com cautela, benzodiazepínicos que de-
vem ser evitados ao máximo e atualmente uso de anti-histamínico está sendo 
largamente difundido. 
 
45 
 
A apresentação clínica de quadros psiquiátricos em crianças e adolescen-
tes tende a ser distinta daquela de adultos. Numa avaliação emergencial, deve-
se atentar para os sintomas apresentados, o impacto dos sintomas para o paci-
ente e a família, fatores de risco e recursos para intervenção. 
Durante o exame psíquico, devem-se observar sinais que exijam interven-
ções imediatas, como agitação psicomotora, agressividade, alterações de nível 
de consciência e comportamento suicida. Os exames físicos e neurológicos são 
necessários para o diagnóstico de complicações clínicas de transtornos psiquiá-
tricos. O engajamento da família é fundamental desde a avaliação inicial, para 
obtenção de dados objetivos sobre a história e o ambiente do paciente, além da 
avaliação da situação familiar. A presença ou ausência de suporte familiar e so-
cial são fatores determinantes na avaliação de risco do paciente. 
Apresentações clínicas 
Comportamento agressivo 
Comportamento agressivo é a principal causa de atendimento psiquiátrico 
emergencial na infância/adolescência, no entanto, trata-se de um sinal pouco 
específico. Quadros de agitação pode ser manifestações de praticamente todos 
os diagnósticos psiquiátricos: transtornos de conduta e opositivo-desafiador, 
transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, autismo, retardo mental, psico-
ses, transtornos de humor (TH), abuso ou intoxicação por drogas e transtornos 
conversivos/dissociativos. 
O que determinará o diagnóstico serão os sintomas associados e a histó-
ria prévia da criança/adolescente, que deverão ser avaliados após o controle das 
alterações de comportamento. Na maioria das vezes, estes quadros apresentam 
fatores desencadeantes que devem ser investigados tanto com o paciente 
quanto com a família. Mesmo sem a presença de transtorno psiquiátrico, a cri-
ança/adolescente pode apresentar comportamento agressivo reativo a situações 
de crise familiar, social ou pessoal. Nestes casos, geralmente são crises isola-
das, infrequentes e de menor intensidade. 
 Intoxicações e quadros confusionais 
O abuso de álcool e drogas é cada vez mais frequente entre adolescentes. 
No Brasil, as substâncias mais frequentemente consumidas entre adolescentes 
 
46 
 
atendidos em pronto-socorro são: álcool, inalantes, cocaína e associação de 
múltiplas drogas. 
A apresentação clínica mais frequente por abusode drogas entre adoles-
centes é a intoxicação, uma vez que síndrome de abstinência grave é rara nesta 
população. Em crianças, intoxicações agudas geralmente são resultantes de aci-
dentes domésticos. Entre adolescentes, é mais provável a ingestão voluntária, 
mesmo de produtos não considerados drogas de abuso, como produtos de lim-
peza, solventes ou inseticidas. Independentemente se a ingestão foi acidental 
ou intencional, durante o atendimento emergencial a prioridade é garantir a es-
tabilidade clínica do paciente. 
Os quadros de intoxicação aguda em jovens podem manifestar-se com 
agitação psicomotora, agressividade, psicose aguda e, nos casos mais graves, 
confusão mental, coma e alterações cardiocirculatórias. 
Durante a avaliação, é importante a investigação de todas as esferas da 
vida do jovem, como atividades de lazer, desempenho escolar, mudança de ami-
zades e problemas familiares. Estas informações são fundamentais para esta-
belecer há quanto tempo existe o problema com substâncias psicoativas e se 
existem ou não outras patologias associadas. 
Comportamento suicida 
Suicídio e comportamento suicida estão associados a transtornos psiqui-
átricos como transtorno do humor, transtornos alimentares, psicoses e transtorno 
de conduta. Também podem estar relacionados a situações de desajuste familiar 
e patologias físicas crônicas. 
Para a avaliação do risco de suicídio na criança/adolescente é necessário 
considerar que o conceito de morte e de autoextermínio se modifica de acordo 
com o desenvolvimento. Em geral, as crianças não entendem a morte como algo 
definitivo, seria como dormir e acordar. Assim, ela pode estar triste pela morte 
de um ente querido e desejar morrer apenas para “reencontrá-lo e depois voltar”. 
Em adolescentes, o desejo de morrer pode ser claro, mas dificilmente é relatado 
espontaneamente. 
 
47 
 
Não é incomum que o adolescente tenha planejamento suicida e que o 
confie apenas a amigos. Devido a estas particularidades, a entrevista com crian-
ças/ adolescentes deve ser feita em ambiente tranquilo e, se possível, com a 
utilização de técnicas não-verbais, como brinquedos, jogos e desenhos. 
A intenção de morrer pode ser explícita e forte ou ambígua e indefinida. A 
avaliação da intencionalidade pode ser difícil, principalmente entre crianças e 
pré-adolescentes, que podem se auto agredir sem o desejo consciente de mor-
rer, num acesso de raiva e frustração. 
Psicoses 
Na infância/adolescência, fatores relacionados ao desenvolvimento cog-
nitivo e emocional influenciam a apresentação clínica dos quadros psicóticos15. 
Os sintomas possivelmente presentes nesta faixa etária são: ideias delirantes, 
alucinações, sintomas negativos, discurso e comportamento desorganizados ou 
catatônicos. 
Quando o primeiro episódio psicótico ocorre na infância/adolescência, 
tende a cursar com baixo nível de funcionamento global, sendo o diagnóstico 
mais frequente psicose sem outras especificações. 
Quadros de grande intensidade e início abrupto são mais sugestivos de 
patologias orgânicas ou intoxicações do que quadros insidiosos. A investigação 
etiológica do quadro psicótico deve descartar alterações físicas e uso de subs-
tâncias psicoativas. 
Transtornos ansiosos e somatoformes 
Apesar de bastante frequentes em crianças/adolescentes, os transtornos 
ansiosos muitas vezes não são reconhecidos18. Em relação aos transtornos so-
matoformes, conversivo e dissociativo, há forte associação com transtorno de 
humor ou com situações traumáticas sofridas pela criança/adolescente19. Fre-
quentemente, essas condições geram solicitações de avaliação com o objetivo 
de explicar sintomas orgânicos que não apresentam achados físicos compatí-
veis. Crises típicas de ansiedade são incomuns em crianças e costumam mani-
festar-se com sintomas somáticos (p. ex. cefaleia ou dor abdominal). 
Entretanto, quadros de apresentação atípica podem ser erroneamente di-
agnosticados como ansiosos ou conversivos. A falta de evidências de etiologia 
 
48 
 
orgânica em determinado momento não exclui esta possibilidade20. Deve-se es-
tar especialmente atento a sinais como longa duração do quadro e sintomas 
neurológicos duradouros. Além disso, quadros conversivos e ansiosos podem 
sobrepor-se a patologias clínicas. 
 Quadros dissociativos com perda de consciência, síncope, disfunções 
motoras ou sensoriais podem assemelhar-se a crises epilépticas. 
 
Transtornos alimentares 
Os TA apresentam as maiores taxas de mortalidade entre os transtornos 
psiquiátricos, 5,6% a cada década21. O pico de incidência ocorre na adolescên-
cia, em meninas entre 15-19 anos22. As situações emergenciais relacionadas 
aos TA podem ocorrer devido a complicações clínicas associadas à desnutrição, 
ou devido à gravidade das alterações de comportamento resultantes do TA, con-
forme detalhado na Tabela 4.Principalmente em crianças/adolescentes, as com-
plicações clínicas dos TA tendem a ser tardias e súbitas, podendo ser fatais. 
Maus-tratos e abuso contra a criança/adolescente 
 Os maus-tratos contra crianças/adolescentes são definidos por violência 
física, crueldade mental, abuso sexual, ou negligência séria, levando a conse-
quências para o seu desenvolvimento físico e psicológico. Os casos de abuso 
físico são, na maioria das vezes, observados por pediatras e o psiquiatra pode 
ser chamado para avaliar o estado emocional da criança e da família. Pode-se, 
no entanto, detectar outras formas de abuso e negligência quando se avalia uma 
criança/adolescente com problemas emocionais ou comportamentais, sem que 
haja esta queixa específica. 
 Um bom contato é fundamental ao se investigar estes eventos, para que 
se proporcione conforto e segurança, diminuindo a apreensão e as reações de-
fensivas que a criança/adolescente pode manifestar. Não é infrequente que o 
paciente negue sinais evidentes de abuso, por receio de ser responsabilizado 
por uma crise familiar ou de agressões futuras. 
É importante observar a reação da criança na presença de diferentes fa-
miliares, com objetivo de se avaliar reações mais intensas de ansiedade, medo, 
 
49 
 
agressividade com uma pessoa específica, o que sugere que alguma agressão 
possa estar ocorrendo na relação com este adulto. 
Clinicamente, a criança vitimizada pode apresentar-se temerosa, arredia, 
agressiva e adotar posições de defesa. Também pode manifestar apatia, sono-
lência e tristeza. 
Tratamento 
 O manejo adequado dos quadros psiquiátricos em atendimentos de 
emergência será norteado por dois pontos principais: a identificação de trans-
torno psiquiátrico prévio e/ou atual e dos fatores desencadeantes da situação de 
emergência. Os objetivos do tratamento serão: 
 1) aliviar os sintomas por meio do emprego de medicações; 
 2) iniciar ou adequar o tratamento do transtorno psiquiátrico; e 
3) abordar os fatores desencadeantes da crise atual para reduzir o risco de 
descompensações futuras. 
Durante o atendimento, deve-se garantir a integridade física do paciente 
e das pessoas a sua volta. Em momentos de crise, pode ser necessário afastar 
o paciente dos familiares, para diminuir o nível de ansiedade, permitindo a reto-
mada do autocontrole. 
Se o grau de impulsividade for muito alto, deve-se sedar o paciente até 
que seja estabilizado e tenha condições de controlar seu comportamento. Na 
ausência de estrutura familiar/social adequada, é preferível manter o paciente 
em observação hospitalar, para evitar que um novo descontrole possa colocá-lo 
em risco. O tratamento psicofarmacológico deve levar em conta as diferenças 
existentes em crianças/adolescentes em relação aos adultos. 
Com o olhar da subjetividade, as várias estratégias nos atendimentos clí-
nicos das crianças vão incluí-las ativamente em todo processo de tratamento, 
não tomando uma queixa familiar ou escolar como um fim em si. 
Reconhecer a criança como sujeito envolve identificarsuas potencialida-
des e os variados fatores que compõem a situação de sofrimento, buscando so-
luções em conjunto com os diferentes atores envolvidos. 
 
50 
 
Se o trabalho terapêutico visa à emancipação social, o profissional da sa-
úde não deve ficar como aquele que sabe sobre o sofrimento da criança e da 
família, pois essa postura tende a alimentar a dependência e um sentimento de 
impotência frente ao cuidador (Onocko Campos & Gama, 2008). 
 
 
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