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aula 1 ESTUDOS POLÍTICOS E ECONÔMICOS

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ESTUDOS ECONÔMICOS E 
POLÍTICOS 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profa Regina Paulista Fernandes Reinert 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá! Seja bem-vindo(a) à primeira aula da disciplina de Estudos 
Econômicos e Políticos. Nosso objetivo para esta aula é oferecer, por meio de 
uma visão histórica e crítica, um panorama dos principais acontecimentos da 
história econômica e política do Ocidente, das mudanças mais impactantes para 
os nossos dias e dos fatores que podem explicar os ciclos que determinaram o 
esgotamento dos sistemas econômicos e políticos e a sua substituição por 
outros. Só assim podemos ter uma visão crítica da economia contemporânea. 
Tudo está em constante transformação, mas são os conflitos de ordem 
econômica e política que movem as estruturas sociais. 
Os objetivos de aprendizagem desta aula são: 
• Conhecer os principais conceitos econômicos e políticos e as condições 
históricas nas quais eles se originaram. 
• Estabelecer relações entre esses conceitos para o entendimento da 
atuação das forças econômicas, bem como das forças políticas e das 
mudanças trazidas por elas. 
• Desenvolvimento de uma visão crítica acerca da materialidade e da 
representação no comportamento econômico e político. 
O desenvolvimento da sociedade ocidental está ligado diretamente ao 
desenvolvimento das forças econômicas e políticas. Se você prestar atenção nas 
coisas à sua volta, terá a percepção de que a economia e a política são 
indissociáveis do ser social e estruturam a totalidade da vida humana – social e 
cultural – dado o volume de informações que recebemos diariamente acerca 
desses assuntos. De todos os fatos sociais somos, primeiramente, dominados 
pela economia, e é dentro desse universo que construímos nosso imaginário. 
Muito se fala de sistemas econômicos, macroeconomia, microeconomia, 
política econômica, políticas públicas, política sociais, mas será que sabemos 
realmente o que isso tudo significa? Os acontecimentos que originaram o 
pensamento econômico e o pensamento político são muito antigos e fazem parte 
da gênese das cidades gregas e romanas. Resgatar esses acontecimentos é 
fundamental para o pleno entendimento da cultura ocidental, suas estruturas 
psicossociais, sua essência e sua cultura, hoje. 
 
 
 
3 
CONTEXTUALIZANDO 
As conturbações sociais são as grandes forças geradoras de mudança. 
Foram os conflitos e dilemas da cidade antiga que levaram os gregos e romanos 
a constituírem determinadas relações sociais de estratégias e de escolhas que 
reconfiguraram os sistemas político e de poder, cujas consequências ainda nos 
impactam. 
Quando conhecemos o ser humano no seu passado longínquo e 
acompanhamos sua trajetória, podemos nos colocar também em perspectiva e 
tomarmos consciência de quem somos. Redescobrir o passado coloca em xeque 
nossa civilização na medida em que não podemos pensar sobre nós mesmos se 
não dispusermos de alguma outra civilização que nos sirva de comparação. 
Aliás, foi esse o procedimento do homem da Renascença quando descobre a 
Antiguidade Clássica. São as situações de conflitos e os dilemas que provocam 
mudanças e nos obrigam a tomar decisões. 
Vivemos hoje o auge do capitalismo. O mundo contemporâneo viveu as 
suas crises e as consequências que delas sobrevieram. Mas, para entendermos 
o caminho que esse sistema econômico tão complexo percorreu, temos que 
voltar centenas de milhares de anos na história e desenvolver uma imaginação 
sociológica na tentativa de visualizarmos as relações humanas na produção da 
vida. Foi na luta pela sobrevivência que as primeiras formas econômicas, as 
primeiras ações racionais – premeditadas – e as primeiras políticas econômicas 
foram forjadas, o que levou Aristóteles a refletir sobre a nossa transformação em 
animais políticos, isto é, não mais fazendo parte da natureza. 
Não estamos mais programados pela natureza. Como humanos é que 
programamos a sociedade. A respeito disso, o filósofo alemão Ernst Cassirer 
(1997, p. 48) nos diz que “comparado aos outros animais o homem não vive 
apenas em uma realidade mais ampla, vive pode-se dizer, em uma nova 
dimensão da realidade... o homem vive em um universo simbólico”. 
O ambiente simbólico é muito importante para o entendimento sobre o 
que o mundo é, no sentido de que as coisas se revelam mais no que está oculto 
pelas representações do que pelo que é visível. É por meio desse conceito que 
entendemos o econômico, o político e as relações de consumo. Para além da 
materialidade do consumo, temos que considerar que é a cultura, a política, a 
 
 
4 
publicidade e a propaganda, o sonho, o desejo e a felicidade que dão conta, 
também, de explicar nosso comportamento. 
A história é aberta. Atentar apenas para o material seria circunscrever a 
economia uma perspectiva fechada. O consumo e o simbólico têm muita 
importância para a nossa reflexão. Para atingirmos nossos objetivos de 
aprendizagem vamos trabalhar os seguintes conceitos-temas: 
• Economia, modo de produção, meios de produção e forças produtivas. 
• Política, democracia, república e Estado. 
• Classe burguesa, Revolução Industrial e capitalismo. 
• Classes trabalhadoras, revoluções sociais e socialismo. 
Pesquise 
Os conteúdos da nossa aula foram divididos em quatro temas, ordenados 
de acordo com os objetivos que pretendemos alcançar. Faça a leitura dos textos 
e assista aos vídeos propostos nas aulas e anote suas dúvidas para que 
possamos esclarecê-las. 
TEMA 1 – ECONOMIA 
O mundo é dominado pela economia. Assim foi e assim será. Nós nos 
construímos em gostos, desejos, sonhos e escolhas a partir do que o econômico 
nos mostra. Tudo o que está a nossa frente, em sociedade, está, de alguma 
forma, dentro de alguma esfera econômica. E o que está diante de nós constrói 
não só bens materiais, como o nosso imaginário. É por isso que, para certos 
teóricos, a economia determina a consciência. 
Para Fernand Braudel (1996, p. 62), a história econômica é a que leva em 
consideração o sistema produtivo, a construção material da vida, as relações de 
trabalho entre pessoas, os trabalhadores e os assalariados. Tudo na sociedade 
– a política, a religião, o sistema de educação, o direito – está estruturado pela 
economia. O fenômeno econômico não se mostra nas coisas e nos fatos em si, 
mas na essência das coisas e dos fatos. A força econômica criou os clãs, as 
cidades e as nações e, mais tarde, conectou-os numa economia global. A 
economia é a força mais visível a influenciar o social. 
Nunes (2004) afirma que para entendermos as estruturas econômicas é 
preciso, antes de tudo, entender como as pessoas viviam nos primórdios da 
humanidade, como se organizavam para satisfazer suas necessidades de 
 
 
5 
sobrevivência, como foram as relações sociais em torno da produção e 
manutenção da vida. O medo da fome, o medo da escassez, a angústia da 
incerteza do futuro é que nos levou a poupar, visando a uma segurança futura e, 
em função disso, Nunes (1997, p. 31-34) considera a economia a ciência da 
escassez. 
Modos de produção históricos como o feudalismo, o capitalismo e o 
socialismo se fizeram acompanhar por culturas que lhes garantissem 
legitimidade por parte da sociedade. Sua continuidade dependeria da 
implementação de uma ideologia política, religiosa e jurídica. Os mandatários 
dos sistemas econômicos padronizam essas representações como verdades 
incontestáveis por meio desses mecanismos de poder simbólico. Caso haja 
contestação por partes das classes subalternas, entra em cena o poder 
coercitivo que, como força visível, vai repelir fortemente as forças que se 
insurgiram. 
O primeiro grande critério para o surgimento das classes sociais é o de 
propriedade privada dos meios de produção. Se o poder está nas mãos dos 
proprietários dos meios de produção, sobra para os não proprietários a força de 
trabalho. As desigualdades entre as classes sociaisnada mais são do que as 
diferenças econômicas. E por qual motivo isso aconteceu? As explicações dos 
grupos dominantes narram a história de um modo diferente e oposto à narrativa 
dos grupos dominados. Para Marilena Chauí (1994, p. 296): 
As classes possuem, como vimos, concepções diferentes e opostas 
acerca da origem destas transformações e desigualdades. Fica claro, 
então, que ao contrário das coisas que existem na natureza a 
sociedade é histórica, isto é, cria um ambiente artificial que vamos 
chamar de cultura. Não que as comunidades indígenas não possuem 
cultura; a diferença é que a comunidade está na história, mas não é 
histórica. Estar na história é mudar o curso da natureza, é criar uma 
cultura que, ao contrário da natureza onde todos somos iguais, é a 
parte do ambiente inventada pelo ser humano que nos diferencia. 
Isso denota que as lutas entre dominantes e dominados deixam 
resultados econômicos bem variáveis, como podemos observar pela 
desigualdade entre os povos. A história nos informa que as classes sempre 
lutaram entre si, que os povos subjugados sempre lutaram por autonomia 
econômica e soberania do território. A busca incessante pela inclusão social e a 
busca pela autonomia política formam o núcleo histórico na história mundial. 
 
 
 
6 
1.1 Um breve resumo da história econômica 
Nos primórdios da humanidade, os seres humanos viviam em grupos que 
se ocupavam basicamente de lutar pela sobrevivência. A única diferença entre 
eles era a divisão sexual do trabalho: os homens eram caçadores e as mulheres 
eram coletoras de frutos e outras plantas. Nada adicionavam à natureza, apenas 
consumiam as reservas de bens que a natureza tinha e que ia diminuindo com 
o tempo exatamente porque não existia cadeia de produção, só de consumo 
(Nunes, 1997, p. 36-38). 
A extração e o consumo aumentavam à medida que as técnicas se 
sofisticavam, como, por exemplo, o arco e flecha. Quando o grupo é pequeno, a 
sobrevivência é mais fácil porque os bens são abundantes; com o aumento da 
população, porém, a área além de ficar pequena passa a possuir cada vez 
menos comida. É preciso ganhar outros territórios; se acaso esses territórios 
estiverem ocupados, é preciso, então, guerrear contra seus ocupantes. Vem a 
guerra, a luta de todos contra todos, e os povos tornam-se rivais na busca de ter 
para si uma parte dos bens que natureza oferece. Os clãs não param de crescer. 
A necessidade de sobrevivência os mantém, cada vez mais, num estado 
incessante de beligerância. Clemência e empatia eram condições inexistentes. 
A morte do outro era a solução. O outro vivo diminuía a chance de sua própria 
sobrevivência. Começa a grande emigração e as pessoas passam a se espalhar 
pelo mundo na terra ainda pouco habitada (Hobbes, 1993, p. 30). 
Entre 50 e 15 mil anos atrás, a Europa, a Ásia, a África e parte da Oceania 
estavam habitadas, com suas populações em pleno consumo de bens naturais. 
A preocupação envolvendo o tamanho de território e a capacidade produtiva 
sempre se fez presente. Em 1718, Thomas Malthus produziu uma estatística 
sombria sobre o futuro, levando em conta o aumento incessante da população, 
o tamanho permanente do território e a diminuição das condições de 
sobrevivência. Para Malthus, os recursos naturais não se renovam no mesmo 
ritmo em que são consumidos. Enquanto a população cresce numa progressão 
geométrica (1, 2, 4, 8, 16...), a produção de alimentos cresce numa proporção 
aritmética (1, 2, 3, 4, 5...). Era urgente o controle sobre a natalidade, um “controle 
moral”. Como? Abstinência sexual (Malthus citado por Hunt, 2002, p. 68, 69). 
A teoria de Malthus não se comprovou. De fato, ele não contava com o 
progresso tecnológico que estava por vir, como a mecanização do campo, que 
 
 
7 
aumentou a produção alimentícia. Além disso, a emancipação da mulher foi 
decisiva no controle da fertilidade, bem como o ingresso delas no mercado de 
trabalho, e as políticas de bem-estar social nos países europeus de algum modo 
serviram para o controle da natalidade. 
A partir do período Neolítico há um aumento acelerado da população, 
seguido também pelo aumento da renda per capita. A explicação que a história 
econômica nos dá é que houve uma mudança fenomenal das técnicas de 
produção. Essa mudança foi tão essencial que os historiadores econômicos a 
chamaram de revolução neolítica. Foi o início da agricultura e da criação e 
domesticação de animais, atividades que garantiriam uma certa reserva de 
alimentos. A descoberta de lugares com abundância de caça e de pesca, aliada 
ao uso de recursos técnicos mais elaborados, permitiu que os seres humanos 
abandonassem o nomadismo e se fixassem. O sedentarismo demonstrou que 
as pessoas poderiam produzir melhor o seu trabalho, garantindo maior 
quantidade de excedente. Com isso reduziu-se a fome e assim foi possível o 
aumento da população (Nunes, 1997, p. 36-37). 
A divisão do trabalho – que era, basicamente, por sexo, em que as 
mulheres eram encarregadas da defesa das habitações, da coleta dos vegetais 
e da produção de alimento e os homens se ocupavam da caça e da fabricação 
de armas para esse fim – passa a ser, a partir da existência desse excedente, 
uma verdadeira revolução econômica, uma divisão mais especializada agora 
entre os que se dedicaram ao rebanho e os que se dedicaram à cultura da terra. 
De coletores os seres humanos passam a produtores ao agregar bens à 
natureza. Segundo Sabbatini (2001), acontece, nesse contexto, um notável 
aumento da inteligência. 
Em seu artigo “A evolução da inteligência”, Sabbatini (2011) diz que a 
capacidade criativa se manifesta principalmente nos eventos revolucionários. 
Podemos afirmar que essa época marcou um desses eventos, afinal, plantar, 
cuidar e depois colher não são atividades triviais: assim como a domesticação 
de animais, elas demandam um nível considerável de inteligência. 
E é justamente dessa mudança da produção que surge a ideia de 
propriedade. As novas atividades produtoras trouxeram aos seres humanos a 
possibilidade de, pela primeira vez, privatizar a produção para um melhor 
controle e cuidado, assim aumentando a produção de bens. Pequenos grupos 
ou famílias passam a ter a posse dos meios de produção e, a partir de então, 
 
 
8 
começam a calcular os custos e benefícios sobre cada produção e, mais tarde, 
a planejar inclusive a família. 
A ideia de propriedade privada dos meios de produção foi revolucionária 
para a época e causa embates polêmicos até os dias de hoje. No seu livro 
Liberalismo segundo a tradição clássica, Ludwig von Mises analisa que a 
propriedade dos meios de produção é o princípio regulatório que, dentro da 
sociedade, balanceia os meios limitados de subsistência. Isto é, quem é dono 
dos meios de produção teria melhor cuidado quanto ao número de 
descendentes, pois teria um controle da taxa de natalidade com relação à 
condição disponível de sobrevivência. Assim, para Mises (2010, p. 23) “não há 
uma terceira saída e isso também é válido para a princípio: é isso ou aquilo – ou 
a propriedade privada ou a fome e a miséria para todos”. 
Num outro momento do seu livro, Mises (2010) diz que cada indivíduo vira 
um rival de todos os outros numa luta pela sobrevivência. A única forma de 
melhorar o bem-estar é destruindo os rivais. Teria, então, que haver um poder 
institucional que regulasse as relações entre os seres humanos e concedesse 
proteção à propriedade privada. Uma nova revolução, agora institucional, surge 
na forma do Estado e se firma como protetora da propriedade privada, com os 
códigos comerciais garantindo a livre iniciativa. 
O fato histórico é que desde a propriedade privada existem minorias ricas 
e maiorias pobres. Se a Escola Clássica, da qual Adam Smith e Mises fazem 
parte, tende a ver a propriedade privada como uma tendência natural da 
sobrevivência do homem, é na Escola Histórico/Crítica de Marx e Engelsque se 
faz a leitura da construção histórica das desigualdades sociais. Não são as 
diferenças naturais do ser humano que provocam as desigualdades, mas os 
contextos sociais. Desde os primórdios, quando demos o salto qualitativo e 
passamos do nomadismo coletor à fixação em cavernas, nada mudou. As 
cavernas são, hoje, nossas casas, não mais construídas pela natureza, mas 
pelos humanos. 
Saiba mais 
Saiba mais sobre a história e os conceitos da economia assistindo ao 
vídeo do canal Danideias disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2
UklYyXFXMc>. 
 
 
 
9 
TEMA 2 – POLÍTICA 
Eis um assunto que não costuma despertar muito interesse nas pessoas. 
Muitas se consideram desinteressadas porque a política costuma se apresentar, 
no caso brasileiro, como fonte de corrupção ou por ter múltiplas definições. No 
entanto, a política não diz respeito apenas aos políticos, mas a todos os 
cidadãos. É imperioso entendermos a política para compreendermos desde uma 
simples leitura de manchete de um jornal a uma propaganda ou até para 
sabermos como participar das decisões sobre nossa escola, nosso bairro, nossa 
cidade e nosso país. 
Existe, invariavelmente, na política uma preocupação sistemática com a 
escolha. Você faz escolhas políticas quando vota no representante de classe, no 
presidente do centro acadêmico e até quando imagina quais políticas públicas 
devem existir. Por trás de toda a atividade política existe necessariamente uma 
atividade de escolha, isso em detrimento daquilo. Para fazermos escolhas 
acertadas temos que entender de política, Estado e leis. Para isso, temos que 
entender e conhecer a nossa sociedade, para podermos organizá-la melhor, 
adaptá-la para que todos se sintam cidadãos, porque ser político é ser cidadão. 
Os gregos e os romanos inventaram a política. Antes deles o poder 
político emanava da figura do governante. A pessoa do governante era o próprio 
poder. A justiça, as leis, as punições estavam à mercê de um único mandatário. 
Foi então que os gregos e depois os romanos criaram a ideia de espaço público, 
em que o poder não fosse mais encarnado em uma pessoa, mas sim constituído 
de leis que representam uma vontade coletiva em público, por meio de 
representantes diretos e indiretos nas assembleias e por meio do debate, da 
deliberação e do voto. Os gregos e os romanos tiveram a ideia de quebra de 
poder ou divisão do poder, arrancaram as leis do mando de uma só pessoa e as 
puseram em discussão dentro de um conjunto de instituições que representa a 
totalidade dos cidadãos. No espaço público, nenhuma vontade pessoal é lei 
porque, doravante, a vontade é coletiva, pública. 
O termo política deriva do radical grego politeia e teve como marco inicial 
a luta pela inclusão de todos nas decisões sobre cidade – a famosa polis grega 
–, fato que deu origem à figura política do cidadão, um dos eventos mais 
marcantes da antiguidade clássica. A ação política nasce como uma modalidade 
nova de se exercer poder, algo diferente do que até então se fazia, É nesse 
 
 
10 
sentido que o conceito de política em Atenas está intrínseca e primordialmente 
ligado à luta pela participação cada vez maior das pessoas nas coisas da cidade, 
assim como está indissociável de outro grande evento – a saber, a democracia, 
que veremos mais à frente. 
Os acontecimentos que levaram Atenas a esse novo regime de exercício 
do poder estão diretamente ligados ao desenvolvimento das cidades e à forma 
como a propriedade de terra estava dividida. Tanto em Roma quanto na Grécia 
a terra não era propriedade da comunidade, do rei ou do Estado, mas estava na 
posse de famílias cujo patriarca era autoridade única, o qual subordinava a tudo 
e a todos em troca de proteção e subsistência numa relação de dependência 
extremamente desigual. 
Os camponeses pobres, os artesãos e os comerciantes começam a se 
concentrar cada vez mais nas aldeias e disputar poder com as famílias agrárias 
(Chauí, 1994, p. 47). O mesmo fenômeno se observa em Roma, onde a plebe 
luta para diminuir o poder dos patrícios – chefes das famílias oligárquicas – em 
favor da participação da plebe na tribuna do Senado. O Senado romano era 
dominado pelas oligarquias agrárias e militares. 
A política, para Platão, prioriza o lado racional, a ser exercido pelos 
homens de virtude, sábios e prudentes – aptos, portanto, a governar a polis. O 
homem sábio e virtuoso tem controle sobre suas emoções e impetuosidades. 
Desejos e volúpias tornam-se, no homem sábio e prudente, moderação e 
temperança. Na polis, Platão compara a alma à sociedade. A classe dos sábios, 
os filósofos dotados de razão, governam; a classe militar, subordinada aos 
sábios, deve, com coragem, defender e proteger a polis, e os membros da classe 
econômica devem trabalhar para garantir a sobrevivência da cidade. 
Em sua famosa obra A República, Platão desenvolve essa fórmula para 
garantir uma harmoniosa administração. Em um dos diálogos da obra, aparece 
Sócrates definindo o ato de governar como estar a serviço dos governados e 
alegando que a concentração de poder nas mãos da oligarquia faz nascer a 
tirania. A cidade justa, para Platão, deve saber educar seus cidadãos (Platão, 
2001, p. 25-35). 
Já Aristóteles, em seu livro A Política, ensina que é papel da ciência 
ocupar-se da felicidade dos cidadãos. Ele assinalou dois tipos de ética: a ética 
individual, que se preocuparia com a felicidade individual do homem na polis, e 
a ética política, que se preocuparia com a felicidade coletiva dos cidadãos na 
 
 
11 
polis. O objetivo de Aristóteles na sua obra é justamente investigar as formas 
de governo e as instituições com condições reais de garantir uma vida feliz a 
todos. Para designar o que é justiça, diz Aristóteles, devemos distinguir os bens 
partilháveis dos bens participáveis. A riqueza, por exemplo, é um bem partilhável 
porque pode ser distribuída ou dividida. Os bens participáveis não podem ser 
divididos, como é o caso da política ou da justiça. Você não pode distribuir a 
justiça porque pressupõe uma divisão. O conhecimento é um bem participável, 
mas não é possível ser dividido e sim compartilhado. 
 A cidade justa sabe distinguir, exercer e realizar ambas as justiças. A 
justiça é ser desigual com os desiguais. Injusto é tratar igualmente os desiguais, 
como é o caso, por exemplo, dos donativos mandados às vítimas de uma 
catástrofe natural, distribuídos de forma igual tanto a quem perdeu tudo e a quem 
não perdeu nada. A posição de Aristóteles mostra que o conceito de igualdade 
nem sempre é igual ao conceito de justiça. Observe a imagem a seguir: 
Figura 1 – Concepções de igualdade 
 
Fonte: Fiocruz, 2018. 
Injusto, para Aristóteles, é, portanto, tratar os desiguais de forma igual. 
Por sua vez, os sofistas, filósofos e professores daquela época, ensinavam que 
a política nasce por convenção, quando as pessoas deliberam sobre o que é 
mais útil para a vida em comum. Elas vão convencionar regras e leis de 
convivência até que se tornem consenso, porque sabem que é mais vantajoso 
viver em sociedade do que isoladamente. A finalidade da política é simplesmente 
preservar esse consenso, que é a vontade da maioria. A polis e as leis são 
convenções humanas, e se são convenções, elas podem mudar desde que haja 
 
 
12 
justificativa para a mudança, isto é, sem que haja a destruição da ordem política. 
Para isso, todas as mudanças devem ser debatidas entre os cidadãos. 
Os sofistas ensinavam a retórica para que as pessoas pudessem 
argumentar. Ensinavam a arte da persuasão, do convencimento. Isso foi muito 
criticado por Sócrates, considerado patrono da filosofia. Sócrates criticava os 
sofistas e recomendava que, antes de querer convencer ou outros, cada um 
deveria buscar o autoconhecimento, pois só a partir daí teria condições de 
conhecer a verdade. Não é à toa que a expressão socrática “conhece-te a ti 
mesmo” tornou-seuma das mais conhecidas da filosofia. 
A ação política tem como marco inicial a luta pela inclusão de todos nas 
decisões sobre cidade – a famosa polis grega –, fato que deu origem à figura 
política do cidadão, um dos eventos mais marcantes da antiguidade clássica. 
Hoje, a definição de política assume diferentes sentidos. Não se restringe à 
atividade estatal, mas faz parte da nossa vida cotidiana, em todas as formas de 
relação social: no trabalho, na rua, na escola e até nas relações afetivas. 
Saiba mais 
No sentido de ampliar o seu conhecimento político, leia os artigos a seguir. 
O primeiro (disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgKigAL/res
umo-sobre-os-contratualistas-locke-hobbes-rousseau>) refere-se aos 
Contratualistas, três pensadores – Hobbes, Locke e Rousseau – que teorizaram 
sobre as relações políticas e sociais entre cidadãos e Estado. 
O segundo link traz o artigo “Em torno do conceito de política social: notas 
introdutórias”, de Maria Lucia Teixeira Werneck Vianna, tratando das políticas 
sociais como resultados das lutas pelos direitos da comunidade. Acesse: 
<http://antigo.enap.gov.br/downloads/ec43ea4fArtigoCoppead.pdf>. Acesso em: 
11 jun. 2018. 
TEMA 3 – A DEMOCRACIA 
Se os gregos inventaram a política, eles consideram também que é só 
nela que a ética se realiza. A concepção de espaço público, entendida como 
negação do poder de uma só pessoa, faz surgir a democracia como sendo a 
igualdade de todos perante a lei e o direito de expor, discutir e votar a opinião 
em público. Se existe uma forma política da liberdade individual, é na democracia 
que isso é possível. Política é demo e vice-versa. 
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgKigAL/resumo-sobre-os-contratualistas-locke-hobbes-rousseau
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgKigAL/resumo-sobre-os-contratualistas-locke-hobbes-rousseau
http://antigo.enap.gov.br/downloads/ec43ea4fArtigoCoppead.pdf
 
 
13 
Demo é o radical grego para povo e cracia para governo – logo, governo 
para o povo. A democracia surge limitada: só alguns, considerados cidadãos, é 
que podiam participar das decisões. Os estrangeiros, os escravos, as mulheres 
e as crianças estavam excluídos desse processo. O assim conhecido voto 
censitário, seletivo, não deve nos causar muito espanto, pois, no decorrer da 
história, certas categorias sociais só puderam exercer seu papel de cidadão há 
pouco tempo, como é o caso dos trabalhadores, dos pobres, dos negros e das 
mulheres. Esse conceito vem sendo questionado e aprimorado em acirradas 
disputas por participação por partes dos excluídos do processo democrático. A 
luta aumenta na medida em que as pessoas vão tendo consciência da política e 
da organização da cidade (Chauí, 1995, p. 47). 
No caso grego, a democracia era direta, não havia representação política, 
isto é, o próprio cidadão podia expressar sua opinião diretamente. Isso significa 
que o cidadão tinha que ter conhecimento sobre a polis e, acima de tudo, saber 
discursar. Podemos notar que a prática de se discursar perante uma plateia 
começa também na polis grega. Na democracia indireta, é preciso elegermos 
alguém para nos representar, por isso, chamamos essa forma democracia 
representativa. 
No Brasil, tivemos alguns períodos de suspenção da democracia e, em 
todos eles, houve intensos protestos, todos reprimidos com violência. A 
Constituição de 1934 tornou o voto um direito de todos e um dever. Por isso o 
voto é obrigatório. A cidadania sempre foi um direito duramente conquistado 
pelos povos oprimidos e a obrigatoriedade de voto deve ser entendida como um 
chamamento de todos a exercer seu papel de cidadão. Se nos imiscuirmos de 
votar, outros votarão e – pode acontecer – escolherão representantes com ideias 
prejudiciais a você. Principalmente num país com o nosso histórico de corrupção, 
nossa fiscalização aos políticos deve fazer parte da nossa rotina cidadã. 
Por isso, o ato de votar requer muita responsabilidade. Devemos qualificar 
nosso voto, prestar atenção aos candidatos, acompanhar a sua gestão e exigir 
o cumprimento das promessas que o fez vitorioso no pleito eleitoral. Se não 
agirmos assim, não adianta dizermos que estamos numa sociedade 
democrática. Temos que ter conhecimento político e interesse pelo ambiente 
social para elegermos quem de fato vai nos representar. O texto constitucional 
diz que a democracia precisa andar junto com o povo, mas se o povo não souber 
 
 
14 
o que é ser cidadão, de nada adianta estarmos em uma sociedade democrática. 
Entendeu por que (no Brasil) o voto é obrigatório? 
Tudo isso tem a ver com justiça social, com liberdade – liberdade de 
exprimir ideias, de existir, de ter acesso ao conhecimento a à informação. É 
preciso despertar em nós a consciência crítica, a consciência política – tudo isso 
se chama justiça social. Quanto mais educação, quanto mais consciência 
política, menos se gasta em saúde e em segurança. Indivíduos educados são 
cidadãos inclusos em direitos sociais. A desigualdade social e o desnível 
educacional geram um ambiente de violência. Precisamos de um Estado que 
trabalhe para a inclusão. Excluídos sociais refletem uma política desumana. 
Pessoas despossuídas de cidadania não têm por que exercer a política. Pessoas 
excluídas da cidadania refletem as falhas do Estado Democrático de Direito. 
O conceito de cidadania é indissociável do conceito de democracia. Ela 
só pode existir na e pela democracia. Quando somos cidadãos, temos condições 
de sugerir leis que melhorem a comunidade em que estamos inseridos, que 
cuidem do nosso bem-estar. Temos um pesado legado histórico sendo 
governados por elites econômicas. O poder econômico também elege políticos 
para que atuem unicamente em seus interesses. O povo, os trabalhadores 
sempre saem prejudicados quando os interesses puramente econômicos dão o 
tom da política. 
Por outro lado, também temos avanços sociais históricos. A Constituição 
de 1988 é resultado das vitórias sociais vindas do povo cidadão, consciente. 
Esses avanços só foram possíveis com a participação social e política. Quem 
sabe dos seus direitos, protege-os. Temos que nos perguntar qual a origem do 
nosso desinteresse pela coisa cívica, quais interesses estão por trás na nossa 
falta de educação política, de qualidade, da nossa falta de consciência crítica. 
Será que eu, como trabalhador, como mulher, como negro, como criança, como 
idoso, como deficiente, como consumidor, conheço os meus direitos? Quem 
reconhece e exerce seus direitos, cumpre também seus deveres. 
No Brasil, a democracia representativa está de acordo com o conceito de 
República Federativa, que é a forma de governo em que o Estado se constitui 
de modo a atender ao interesse geral dos cidadãos. Embora os conceitos de 
República e Federação estejam aprofundados no nosso próximo tema, 
adiantamos um pouco para assinalar que na República o povo é soberano, isto 
é, governa o Estado por meio de seus representantes. Percebam o tamanho da 
 
 
15 
nossa reponsabilidade ao colocarmos alguém no governo. O voto passa a ser a 
única arma de que dispomos para termos a cidade, o Estado e a nação que 
queremos. Quando votamos, somos sujeitos da nossa história e não objetos à 
disposição de outrem. Quando somos educados para a cidadania, emancipamo-
nos, e de objetos passamos a ser protagonistas da nossa história. A ausência 
da educação cidadã tem gerado dois graves problemas sociais: a apatia social 
(o distanciamento, o “tanto faz”) e o analfabetismo político. Não saber quem é o 
candidato em que vai votar é gravíssimo. É anular a democracia. Temos que nos 
qualificar enquanto cidadãos. 
As conquistas da democracia ganham relevo com a Revolução Francesa, 
a mais intensa das revoluções, no sentido de que derrubou estruturas históricas 
e desmanchou núcleos de poder até então intocáveis. Essa revolução teve 
intensa participação popular. Homens e mulheres mobilizadospela mesma 
causa: abaixo os privilégios, garantam-se direitos sociais e vida digna para todos. 
O povo trabalhava para, basicamente, manter os privilégios da nobreza, sem 
nenhuma contrapartida social. 
A nobreza francesa foi o maior estamento dominante de todas as casas 
reais europeias. Considerado o Segundo Estado, não precisava, junto com o 
clero, pagar impostos, entre tantos outros privilégios. A Revolução Francesa 
acontece em meio a grande revolta e indignação. O povo exige representação 
no parlamento francês. Esse parlamento vinha atuando unicamente com o 
Primeiro e o Segundo Estado (clero e nobreza), excluindo a participação do 
Terceiro Estado (o povo). A revolta pela omissão redunda num dos momentos 
mais tensos do processo revolucionário: a invasão do povo ao Palácio de 
Versalhes, um verdadeiro símbolo de poder, luxo e riqueza construído no século 
XVII por Luiz XIV, o mais absoluto dos monarcas franceses. 
Figura 2 – Sala dos Espelhos do Palácio de Versalhes 
 
Crédito: Mister_Knight/Shutterstock. 
 
 
16 
A Figura 2 mostra a Sala dos Espelhos, uma das mais espetaculares 
dependências do Palácio de Versalhes e um dos mais odiados símbolos de 
ostentação da monarquia. A revolta popular, em qualquer lugar da história, 
reflete sempre a ira cívica contra os privilégios de alguns em detrimento do direito 
para todos. 
O direito de votar e ser votado – o direito, portanto, de ser ouvido – está 
contemplado no art. 5º da Constituição Federal de 1988. Isso não significa que 
estamos em uma democracia plena – longe disso –, mas com educação 
consciente podemos e devemos questionar se somos de fato, ou por que não 
somos todos, iguais perante a lei. Temos que conhecer a nossa Constituição, o 
que ela diz sobre igualdade de salários entre homens e mulheres, entre negros 
e brancos, sobre impostos para ricos e impostos para pobres, sobre salário 
mínimo, sobre moradia, educação e segurança. Conhecendo nossa Carta 
Magna, passamos a exigir dos nossos políticos o seu cumprimento. 
É das mãos dos políticos eleitos pelas classes populares conscientes que 
saem as políticas públicas, justamente porque é esse contingente popular que 
mais necessita da presença do Estado – e é de quem o Estado mais se ausenta. 
Ricos não precisam de políticas públicas e, por isso, muitas vezes agem contra 
elas. O Estado brasileiro ainda mantém certas regalias a setores restritos, como 
fornecimento de carro e motorista, auxílio-moradia (para quem já tem moradia) 
e temporadas de férias maiores para certas categorias de trabalhador. Sem uma 
contrapartida por parte do povo, aqueles que detêm o poder acabam solapando 
direitos. Isso não acontece só no Brasil: as pesquisas de Tomas Piketi (2013) 
dão conta de que 1% da população mundial concentra mais de 50% da riqueza 
produzida. 
 Toda a luta social no Brasil sofreu derrota, mas sempre teve avanço. Foi 
assim com os Inconfidentes, com os direitos trabalhistas, com o fim do voto 
censitário, com a Lei do Divórcio e com o fim da Ditadura Militar. Significa que 
tivemos muita gente corajosa. Então, se nos incomoda a injustiça social, a fome, 
o analfabetismo e a violência, os imperativos democráticos nos convocam à ação 
política. É nos espaços de miséria que nasce a violência social. Infelizmente a 
mídia no Brasil costuma referir-se aos movimentos populares de forma 
preconceituosa e pejorativa. Movimentos ambientalistas, dos sem-moradia, dos 
sem-terra, das mulheres, dos LGBTQ+, entre outros, são comumente 
propagandeados como movimento de desocupados, vagabundos, vadias, 
 
 
17 
violentos, perigosos e ameaçadores da ordem pública. Porém uma coisa é o que 
a mídia diz, outra coisa é ir lá, onde as coisas acontecem, para compreendermos. 
Saiba mais 
“Social democracia: definição”. Disponível em: 
<http://www.politize.com.br/social-democracia-o-que-e/>. Acesso em: 11 jun. 
2018. 
TEMA 4 – A REPÚBLICA 
A República é um dos pontos centrais na obra filosófica e política de 
Platão e de Aristóteles. Nessa obra, os filósofos propõem uma nova forma de 
governar e um novo modo de vida que comporiam a política ideal para o povo 
grego. Esse ideal, além de colocar filósofos como governantes por serem 
pessoas sábias, de virtude e temperança, cria também uma nova metodologia 
de vida que prepara os cidadãos para ocuparem posições sociais na 
comunidade. 
Embora tenha tentado duas vezes implantar seu ideal republicano, Platão 
não logrou êxito, talvez porque seu projeto levasse muito tempo para ser 
implantado. Em suma, na República de Platão todos seriam educados para servir 
ao bem comum, evitando os vícios da vida egoísta. Nessa República, para evitar 
os maus hábitos os filhos seriam tirados de suas mães assim que nascessem. 
Até os 10 anos, as crianças teriam atividades físicas e estudariam música, a fim 
de cultivar bons sentimentos e caráter. Dos dezesseis aos vinte anos, cultivariam 
valores religiosos, entendendo que Deus está em todos os lugares e é o 
fundamento vital para o progresso, pois tranquiliza e encoraja as pessoas 
(Platão, 2001, p. 51). 
No diálogo Politeia, escrito por Platão entre 380 e 370 a.C., o grande ideal 
é que todos tenham plena consciência de que o bem comum deve prevalecer 
sobre os interesses particulares. Assim, todos teriam oportunidades iguais, 
porém ocupando cargos diferentes na sociedade. Aos dirigentes do Estado não 
seriam concedidos privilégios. Teriam uma vida regrada, morariam todos em um 
local comum, consumindo uma culinária vegetariana e possuindo apenas o 
estritamente necessário para sua sobrevivência. 
 
 
18 
Aristóteles é outro filósofo clássico a caracterizar o modo de governo na 
República. Propõe que a autoridade civil ou política adequada é aquela que rege 
homens livres e iguais e que estejam unidos por interesses públicos comuns. 
Na Roma Antiga, a ideia de república ganha força na medida em que 
cresce o interesse pelo fim da monarquia. Com a implantação da República, 
houve um fortalecimento do Senado, do qual apenas os patrícios participavam 
por serem os únicos com direitos políticos. A plebe, do qual fazem parte os 
trabalhadores e parte do exército, estava excluída da vida política, mas, por 
serem em muito maior quantidade, começam a exigir participação. 
Os patrícios eram os poderosos donos de terra e formavam a aristocracia 
romana. Concentravam o poder e as terras cada vez mais, causando pobreza e 
acirrando os ânimos dos pequenos produtores e comerciantes, bem como da 
população pobre. O empobrecimento generalizado e o aumento do número de 
escravos geram uma população andarilha, e os conflitos crescentes entre 
plebeus e patrícios sinalizam uma grave crise na República (Mateucci, 1991, p. 
116). 
Diante dessas graves situações sociais e a fim de evitar o fim da 
República, os senadores criam os Triunviratos, em que três homens vindos de 
três estratos sociais diferentes governariam Roma ao mesmo tempo, 
representando, cada qual, os respectivos segmentos sociais de origem. Naquilo 
que ficou conhecido como o Primeiro Triunvirato, o patrício Crasso representava 
as elites ricas, o general Pompeu representava o exército e o general Júlio César 
representava o povo. 
Júlio César possuía um grande carisma entre as camadas mais humildes 
de Roma e logo despertou a inveja de Crasso e Pompeu, que passaram a 
disputar a centralização do poder. Júlio César vence a disputa e assume o poder, 
iniciando então um processo de reformas sociais, dentre as quais o combate à 
corrupção, a diminuição de impostos, a distribuição de cereais ao povo e a 
construção de obras públicas. Além disso, obrigou proprietários a empregar 
homens livres e estendeu cidadania romana aos habitantes das províncias 
(Goldsworthy, 2011, p. 45). 
As elites, sentindo-se prejudicadas, começaram a conspirar. Como toda a 
reforma social que beneficia povo provoca descontentamento nas classes 
abastadas, em Roma nãofoi diferente. O aumento cada vez maior do apoio das 
classes populares a Júlio César levou os patrícios (a elite) a conspirarem, e ele 
 
 
19 
acaba sendo traído e assassinado em pleno Senado romano. Os assassinos são 
os senadores patrícios desapontados e preocupados com as políticas populares 
de César. Políticas populares são políticas públicas de inclusão social e 
consequente empoderamento do povo, e isso significa perda de poder e de 
privilégio das classes dominantes. 
Os ideais republicanos inclinam-se sempre pela descentralização do 
poder e por maior participação das classes sociais nas decisões políticas. É uma 
demanda política vinda sempre dos que estão excluídos do poder decisório. 
Essa forma de governo nunca agradou às elites econômicas e aos 
representantes do poder tradicional dos reis. Mesmo na Idade Média, quando a 
Igreja Católica dominou a política, essas ideias eram tidas como heréticas, dada 
a implantação da crença no poder divino do papa e nos desígnios de Deus para 
o povo. Obediência e resignação eram o tom da virtude (Bobbio, 1991, p. 320-
334). 
Os filósofos e pensadores políticos sempre buscaram a forma de governo 
ideal. Dentre as várias formas conhecidas – Monarquia, Aristocracia ou Anarquia 
–, a mais discutida e buscada sempre foi a República. República vem de res 
publica, ou seja, coisa pública, e surgiu como contraponto à Monarquia (que se 
define como poder de um só) para permitir a participação dos cidadãos nas 
deliberações do interesse da maioria. 
Montesquieu, em O espírito das leis, observa que a forma republicana de 
governo visa restringir o poder absoluto dos reis, dividindo-o em três instâncias: 
executivo, legislativo e judiciário. Pelo fato de que os homens são livres e iguais 
e na impossibilidade de que todos exerçam a autoridade ao mesmo tempo, deve-
se haver a alternância no exercício do poder. Dessa forma, todos ascenderão a 
ele na medida em que uns mandam e outros obedecem, de forma alternada. 
O ideal do bem comum considera o poder como coisa pública, ou seja, 
espaço público. Outro autor clássico que conceitua o significado de República é 
o romano Cícero (Comparato, 2006), que, no primeiro século da Era Cristã, 
contrapõe a República não só ao poder do rei, mas também aos governos 
injustos que negligenciavam e se omitiam ao Interesse da Maioria. Dizia ainda 
Cícero que não haveria paz e felicidade longe de uma sábia e bem organizada 
política (Comparato, 2006, p. 616-618). 
Para Rousseau (Comparato, 2006), a ideia de soberania popular e a 
ampliação para a maioria na participação da vida pública só seria possível 
 
 
20 
quando o ser humano tivesse seus interesses fundamentais – moradia, alimento, 
educação, saúde, emprego – atendidos. Essas condições básicas eram, na 
época, privilégio de uma minoria tradicional e conservadora. Frente ao privilégio 
hereditário de poucos, Rousseau elege a razão para definir a democracia e a 
soberania popular e as legitima como instrumentos de luta por autonomia moral 
e política. Todos estariam doravante sujeitos às leis do Estado – leis estas 
deliberadas e acordadas pela participação plena de todos os cidadãos. O 
sentimento comunitário deve prevalecer sobre o interesse particular. 
Rousseau destaca que uma das mais importantes funções do governo 
consiste em prevenir a extrema desigualdade das fortunas – não mediante a 
expropriação dos tesouros dos ricos, mas pela supressão de todos os meios de 
se acumular a riqueza; não pela construção de asilos para os pobres, mas 
impedindo-se que os cidadãos se tornem pobres (Comparato, 2006, p. 250-258). 
Os princípios constitucionais são o valor mais elevado inscrito na 
Constituição da República Federativa do Brasil para interpretar, aplicar ou 
mesmo mudar elementos da Constituição. São os Princípios Republicanos que 
os constituintes estabeleceram como o fundamento de todo sistema normativo e 
como balizadores da criação da Coisa Pública. Na Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988, esses princípios constitucionais aparecem no art. 
5º e seus muitos incisos (Dallari, 1992, p. 23). No Estado Democrático de Direito, 
a sociedade torna-se autônoma, administrando-se por si e rechaçando grupos 
que queiram se perpetuar no poder. Nesse sentido, são fundamentais os 
Princípios Republicanos e o Direito de Voto. 
Segundo a Constituição Federal de 1988, o Brasil é uma República 
Federativa. Nos sistemas democráticos, a República é caracterizada pelo fato 
de o chefe de governo ser eleito para um mandato. Não se pode confundir a 
forma de governo – que pode ser República ou Monarquia – com o sistema – 
que pode ser presidencialista ou parlamentarista. Uma República pode ter os 
dois sistemas, e a monarquia contemporânea só pode ter o sistema 
parlamentarista. No Brasil, desde 1889 nosso regime é republicano. 
Federação (do latim foedus, foedera) significa aliança, pacto, contrato ou 
governo federal. Assim, o sistema político no Brasil é o federalismo, isto é, um 
Estado soberano composto por vários entes territoriais relativamente autônomos 
e dotados de governo próprio. No caso, os Estados brasileiros são unidos a fim 
 
 
21 
de formar a federação. Cada Estado tem sua própria legislação, mas o Estado 
Federal é soberano, inclusive para fins de direito internacional. 
O jurista Dalmo de Abreu Dalari (1992) resume as características 
fundamentais do Estado Federal: “A união faz nascer um novo Estado e, 
consequentemente, aqueles que aderiram à federação perdem a condição de 
Estado”. Cada ente federado usa o nome “estado”, embora não se trate de um 
Estado propriamente dito. 
A Constituição é a base jurídica do Estado Federal, e não existe a 
possibilidade de se desligar da federação. A secessão é vetada pela Constituição 
Federal, uma vez que as unidades federadas entregaram a sua soberania 
quando se uniram para formar o Estado Federal. Só este detém a soberania. O 
poder político é compartilhado pela União e pelas unidades federadas. Há 
ferramentas específicas para que os poderes de cada unidade participem das 
decisões do país. No nosso caso, temos o Legislativo bicameral, em que uma 
das casas – o Senado – comporta três representantes de cada estado. Na outra 
casa legislativa, são os representantes do próprio povo que a ocupam. 
A forma federativa limita a concentração de poder nas mãos do governo 
central e contribui com a democracia, ao contrário das unidades confederadas, 
que podem se dissociar do todo, pois não entregaram suas soberanias ao poder 
central. 
Saiba mais 
Os artigos indicados a seguir aprofundam a reflexão sobre a República e 
o Estado Democrático de Direito. São de leitura obrigatória. 
O link a seguir traz o artigo “O princípio republicano”, de Paulo Márcio 
Cruz e Sérgio Antônio Schmitz. Acesse: 
<https://siaiap32.univali.br/seer/index.php/nej/article/viewFile/1226/1029>. 
Acesso em: 11 jun. 2018. 
O link a seguir traz o artigo “Compliance: nova modelagem contra a cultura 
de tolerância”, de Jessé Torres Pereira Junior e Taís Boia Marçal. Você deve 
clicar no link <http://revistadoutrina.trf4.jus.br> e procurar pelo título do artigo. 
TROCANDO IDEIAS 
Como vimos ao longo desta aula, estamos inexoravelmente presos a um 
sistema de ideias que não podemos modificar à vontade. As ideias políticas e 
https://siaiap32.univali.br/seer/index.php/nej/article/viewFile/1226/1029
http://revistadoutrina.trf4.jus.br/
 
 
22 
econômicas batem à nossa porta, e precisamos abri-la. Precisamos recebê-las. 
Claro que falar da importância desses conhecimentos é chover no molhado, mas 
quando percebemos que as decisões que tomamos influenciam os outros e que 
fazemos economia e política a toda hora, é porque temos consciência de que se 
não nos interessarmos por estes saberes seremos governados pelos que se 
interessam. 
Não nos interessarmos por economia significa deixar que outras pessoas, 
muitas vezesmal-intencionadas, tomem conta da nossa vida financeira. Com 
política é a mesma coisa, inclusive, isso é tudo o que os desonestos da vida 
pública querem. 
Só a nossa consciência crítica pode impedir que a máquina pública, que 
deve servir somente ao povo, seja manipulada por interesses contrários ao bem-
estar da população. Se as nossas instituições estão corrompidas, é de se 
perguntar o que estamos fazendo que não superamos isso. Com todo nosso 
conhecimento, por que não fazemos diferente? Por que não passamos da fase 
da indignação para a ação? A verdade é que temos ainda uma democracia muito 
incipiente no Brasil, com pouco comprometimento da população e uma 
débil cultura política. Um estudo da Economist Intelligence Units, que todos os 
anos elabora o Índice da Democracia, mostra o Brasil como a 51ª democracia 
de melhor qualidade no mundo em um grupo de 167 países. Nossa colocação 
indica que a nossa democracia é falha, de acordo com a classificação dos 
autores da pesquisa. 
Além dos países desenvolvidos e de longa tradição democrática, nossos 
vizinhos Chile e Uruguai estão na nossa frente. Muitas vezes é difícil encontrar 
dados confiáveis sobre um assunto, e as fontes encontradas simplesmente não 
se esforçam em transmitir as informações de forma inteligível ou minimamente 
imparcial. Mas um dos benefícios imediatos de se empenhar tanto em aprender 
sobre política é que se acaba por estimular outros. Então, não tenha dúvida, o 
primeiro passo para mudar é entender, e entender é começar pelo básico, 
aprendendo sobre os sistemas econômicos e políticos. Nesse caminhar é que 
vamos adquirindo gosto pelos conteúdos e nos tornamos cidadãos conscientes 
capazes de formar nossos próprios pontos de vista, sem precisar ficar replicando 
conteúdo de fontes duvidosas. 
Agir para mudar a política pode começar na sua faculdade, na sua escola 
e em sua cidade. Sim, a participação política de todos é determinante para 
 
 
23 
melhorar a qualidade da nossa democracia, o nosso equilíbrio econômico e a 
forma como se faz política no nosso país. 
NA PRÁTICA 
 Existem dois eixos indissociáveis de análises para se entender uma 
sociedade. O econômico e o político. Assista aos dois vídeos a seguir, o primeiro 
falando sobre economia e o segundo sobre política, e com base neles faça uma 
resenha crítica (mais ou menos 2 laudas) sobre a realidade brasileira. 
• Vídeo 1: <https://www.youtube.com/watch?v=4i8Fkh9d4CE>. Acesso 
em: 11 jun. 2018. 
• Vídeo 2: <https://www.youtube.com/watch?v=wEDBwvhNTCo>. Acesso 
em: 11 jun. 2018. 
FINALIZANDO 
O estudo do pensamento econômico e político mostra que não há tema 
revestido de verdades absolutas. O desenvolvimento das teorias responde à 
influência dos interesses dos grupos dominantes da sociedade, que apresentam 
suas soluções sob uma luz favorável e põem obstáculos às ideias contrárias. É 
da maior importância, portanto, verificar como os conflitos se manifestam, pois é 
por meio deles que novos beneficiados surgem, visto que são resultado de uma 
nova consciência social. Mas o grande projeto humano, em que economia e 
política se unirão para que ninguém seja negligenciado, está ainda muito longe 
de acontecer, porém não é impossível. A desigualdade é, sem dúvida, o maior 
problema do nosso país. Para mudá-la, é preciso conhecê-la de perto, entender 
suas origens, e só depois tomarmos as decisões acertadas. 
 
https://www.youtube.com/watch?v=4i8Fkh9d4CE
https://www.youtube.com/watch?v=wEDBwvhNTCo
 
 
24 
REFERÊNCIAS 
ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martins Fontes, 1991. 
BOBBIO, N. Teoria geral da política. Rio de Janeiro: Campus, 2000. 
CASSIRER, E. Ensaio sobre o homem: introdução a uma filosofia da cultura 
humana. São Paulo: Martins Fontes, 1997. 
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1995. 
COMPARATO, F. K. Ética. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. 
DALLARI, D. de A. O que é participação política. São Paulo: Brasiliense, 1992. 
GOLDSWORTHY, A. César: a vida de um soberano. São Paulo: Record, 2016. 
MATEUCCI, N. Dicionário de Política. Brasília: Edunb, 1993. 
NUNES, A. J. A. Os sistemas econômicos. Coimbra: Editora Coimbra, 1997. 
PLATÃO. A República. São Paulo: Martin & Claret, 2001. 
SABBATINI, R. M. E. A evolução da inteligência. Revista Cérebro & Mente, 
fev./abr. 2001. 
MISES, L. V. Ação humana: um tratado de economia. São Paulo: LVM Editora, 
2010. 
BRAUDEL, F. Civilização material, economia e capitalismo: séculos XV – 
XVIII. Tradução de Telma Costa. 3 vols. São Paulo: Martins Fontes, 1995b (v. 
1), 1996a (v. 2), 1996b (v. 3). 
HOBBES, T. De cive: elementos filosóficos a respeito do cidadão. Tradução de 
Ingeborg Soler. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993. 
	Conversa inicial
	Contextualizando
	TEMA 1 – ECONOMIA
	1.1 Um breve resumo da história econômica
	TEMA 2 – POLÍTICA
	TEMA 3 – A DEMOCRACIA
	TEMA 4 – A REPÚBLICA
	TROCANDO IDEIAS
	NA PRÁTICA
	 Vídeo 1: <https://www.youtube.com/watch?v=4i8Fkh9d4CE>. Acesso em: 11 jun. 2018.
	 Vídeo 2: <https://www.youtube.com/watch?v=wEDBwvhNTCo>. Acesso em: 11 jun. 2018.
	FINALIZANDO
	REFERÊNCIAS

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