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Voltar para o índice de Casos Interativos Lactente com febre e dificuldade para respirar Criança previamente hígida e com vacinas em dia, tem apresentado febre de até 39,5 °C nos últimos dois dias. Iniciou com dificuldade respiratória na noite anterior Publicado em 20 de Janeiro de 2012 Autores: Maria Laura Vidal Carret, Rogério da Silva Linhares Editores: Anaclaudia Fassa e Luiz Augusto Facchini Editores Associados: Teila Ceolin, Eduardo Dickie de Castilhos, Everton José Fantinel Você já respondeu todas as 9 questões deste caso. Sua média de acertos final foi de 100,00%. RECOMEÇAR Caso Branco A.C. 8 meses Febre há dois dias (39 - 39,5°C) Dificuldade para respirar Anamnese Queixa principal Febre há dois dias (39 - 39,5°C), acompanhada de dificuldade para respirar, piorando. Histórico do problema atual Mãe traz criança à Unidade Básica de Saúde referindo que esta iniciou com febre alta (39 - 39,5°C) e diminuição do apetite há dois dias. Durante a noite anterior à consulta, começou com dificuldade para respirar. Refere que pela manhã a criança não aceitou o leite e a fruta. Nega diarreia ou vômitos. Nega presença de chiado ou estridor. Revisão de sistemas Pele e anexos: Sem particularidades Aparelho cardiorrespiratório: Com exceção dos sintomas atuais, nunca apresentou alterações prévias. Aparelho digestivo: costuma ter constipação ficando sem evacuar por até cinco dias consecutivos, que melhora com caldo de ameixa. Aparelho geniturinário: Sem particularidades. Histórico Antecedentes pessoais Alimentação: criança esteve em aleitamento exclusivo até os dois meses de idade. Posteriormente, iniciou com leite de vaca (LV) diluído, mas atualmente recebe LV sem diluição. Aos quatro meses iniciou com frutas e papas salgadas. Antes de adoecer, ingeria três mamadeiras de 210 ml de LV adicionado de uma colher de açúcar, duas refeições de frutas, duas refeições salgadas (mesma da família), além de pão, bolachas e doces nos intervalos entre as refeições. Criança realizou apenas as duas primeiras consultas de puericultura (primeiro e quarto mês) e posteriormente procurou a UBS apenas para realizar as vacinas. Calendário vacinal em dia. História social Quarto filho, com intervalo interpartal do irmão anterior de 1,8 meses. Mora com os três irmãos e os pais. Mãe é dona de casa e pai trabalha na construção civil. Medicações em uso Nunca usou qualquer medicamento, exceto antitérmico quando necessário. Antecedentes familiares Irmão com asma. Exame Físico Tórax INSPEÇÃO: Frequência respiratória de 62 rpm; Tiragem subcostal e intercostal; Ausência de estridor. AUSCULTA PULMONAR: Diminuição do murmúrio vesicular, ausência de sibilos, presença de ruídos de transmissão bilaterais. AUSCULTA CARDÍACA: Bulhas normofonéticas, ritmo em dois tempos, regular, 130 bpm, sem sopros, desdobramentos e/ ou bulhas acessórias. Geral Criança chorosa, mucosas coradas e hidratadas. Temperatura axilar: 39,0°C Peso: 9.950 g (entre 0 e +2 desvios-padrão) Altura: 68 cm (entre -2 e 0 desvios-padrão) Reflexos Reflexos neurológicos adequados para a idade. Nariz Batimento de asas de nariz. Abdome Globoso, RHA presentes e normais (16 mov/min), flácido, depressível, sonoridade habitual à percussão, sem visceromegalias à palpação. Genitália Pênis apresentando fimose, testículos palpados na bolsa escrotal. Obeservação Solicitado à mãe que ofereça água à criança, durante a consulta: criança aceita ingerir. Questão 1 Escolha simples Qual o problema de saúde que deve receber atenção inicial? Desidratação Fimose Constipação Peso elevado para a idade Dificuldade respiratória Acertou Entre os achados da história e do exame físico da criança, o que exige atenção especial e imediata é a dificuldade respiratória. A criança não apresenta desidratação, pois as mucosas encontram-se coradas e hidratadas. Ele apresenta peso adequado para a idade, considera-se peso elevado para idade acima de +2 desvios-padrão. A queixa de constipação e fimose serão abordadas na sequência do caso. Saiba mais Frequência Respiratória (FR) Na Criança Regras para contar a frequência respiratória: Para realizar a avaliação da FR, a criança deve estar tranquila, sem chorar. Observe o peito da criança e conte o número de movimentos respiratórios em um minuto completo, utilizando relógio com ponteiro de segundos, relógio digital ou cronômetro. Posicione o relógio de forma a poder observar o ponteiro de segundos e a criança. Em geral é possível fazer esta contagem ainda com a criança vestida. Caso não possa ver facilmente estes movimentos, peça a mãe que levante a camiseta da criança. Observe se há movimento respiratório em qualquer parte do peito ou do abdome da criança. Explique à mãe que irá contar a FR da criança e solicite que a mantenha tranquila. A criança não deve ser acordada, caso esteja dormindo. Caso não esteja seguro do número de respirações em um minuto, repita a contagem. Frequência respiratória conforme a idade da criança Valores de FR consideradas normais , conforme da idade da criança. Idade Frequência respiratória em um minuto De zero a dois meses menor ou igual a 60 rpm três a doze meses menor ou igual a 50 rpm treze meses até cinco anos menor ou igual a 40 rpm seis a oito anos menor ou igual a 30 rpm A partir dos oito anos (e adultos) menor ou igual a 25 rpm Fonte: Diretrizes Brasileiras em Pneumonia Adquirida na Comunidade em Pediatria, 2007 Questão 2 Escolha simples Qual o mais provável diagnóstico da criança? Bronquiolite. Laringite. Pneumonia. Asma. Infecção de vias aéreas superiores. Acertou Pneumonia adquirida na comunidade (PAC) é uma doença geralmente caracterizada pelo quadro de tosse com expectoração, febre, dor no peito e dispneia. No caso apresentado, a criança tem oito meses de idade e apresenta frequência respiratória aumentada, além de tiragem subcostal, o que nos leva a pensar em pneumonia como provável diagnóstico. Saiba mais Pneumonia adquirida na comunidade (PAC) Qualquer pneumonia em lactente com menos de dois meses é considerada graves , devido ao risco de infecção por agentes Gram negativos, estreptococos β hemolíticos e Staphylococcus aureus e, por isso, está indicada internação hospitalar. Na suspeita de pneumonia, o exame de raio X de tórax é complementar e pode ser realizado quando disponível. Entretanto, o tratamento deve ser instituído independentemente da possibilidade de realização do exame de raio X. Este exame é apenas um exame complementar para o diagnóstico de PAC e suas complicações, sendo indispensável quando há suspeita de complicações, momento em que o paciente deve ser referenciado. Fonte: Diretrizes Brasileiras em Pneumonia Adquirida na Comunidade em Pediatria, 2007 Saiba mais Laringite (também denominada de crupe viral) é uma inflamação da porção subglótica da laringe, que ocorre durante uma infecção por vírus respiratórios. A congestão e edema dessa região acarretam um grau variável de obstrução da via aérea. Acomete com maior frequência lactentes e pré-escolares, com um pico de incidência aos dois anos de idade. A evolução pode ser um pouco lenta, com início do quadro com coriza, febrícula e tosse. Em 24-48 horas acentua-se o comprometimento da região infraglótica, com obstrução de grau leve a grave e proporcional dificuldade respiratória. A evolução natural, na maioria dos casos, é a persistência do quadro obstrutivo da via aérea por dois a três dias e regressão ao final de cinco dias. Fonte: Pitrez, 2003 Bronquiolite é a infecção com etiologia viral que acomete os bronquíolos, caracterizada por hipersecreção de muco, edema e necrose do epitélio da mucosa, associada ou não a broncoespasmo, com sintomatologia de obstrução das vias aéreas inferiores. Geralmente acomete crianças no primeiro ano de vida, principalmente nos meses com baixas temperaturas. Diagnóstico: · Idade entre zero e dois anos; · Início agudo de sintomas respiratórios como coriza, tosse, espirros precedidos ou não de febre; · Taquipnéia, com ou sem insuficiência respiratória; · Sinais clínicos de obstrução das vias aéreas inferiores,como sibilos, expiração prolongada. Fonte: Duncan, 2013. Asma é uma doença inflamatória crônica, caracterizada por hiperresponsividade das vias aéreas inferiores e por limitação variável ao fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com tratamento, manifestando-se clinicamente por episódios recorrentes de sibilância, dispneia, aperto no peito e tosse, particularmente à noite e pela manhã ao despertar. Resulta de uma interação entre genética, exposição ambiental a alérgenos e irritantes, e outros fatores específicos que levam ao desenvolvimento e manutenção dos sintomas. Fonte: Pitrez, 2003 Infecções das vias aéreas superiores (IVAS) são um dos problemas mais comuns encontrados em serviços de atendimento médico-pediátrico, resultando em morbidade significativa em todo o mundo. As IVAS são a causa mais comum de crianças atendidas por infecção respiratória aguda. Entre elas: rinofaringite aguda, sinusite aguda, faringoamigdalite aguda estreptocócica e laringite viral aguda. Fonte: Diretrizes brasileiras em pneumonia adquirida na comunidade em pediatria, 2007. Questão 3 Escolha simples Qual o principal sinal ou sintoma para diagnóstico de pneumonia grave? Tiragem subcostal Estertores inspiratórios Batimento de asas de nariz Tiragem intercostal Febre alta (maior que 39°C) Acertou A tiragem subcostal durante a inspiração é o mais importante sinal no diagnóstico de pneumonia grave. Classificação da pneumonia em criança acima de dois meses. SINAIS OU SINTOMAS CLASSIFICAÇÃO Cianose central, dificuldade respiratória grave, incapacidade de beber. PNEUMONIA MUITO GRAVE Tiragem subcostal PNEUMONIA GRAVE Taquipneia e estertores crepitantes à ausculta pulmonar PNEUMONIA Nenhum sinal de pneumonia ou doença muito grave NÃO É PNEUMONIA Fonte: Diretrizes Brasileiras em Pneumonia Adquirida na Comunidade em Pediatria, 2007 Saiba mais Tiragem subcostal A tiragem subcostal é a retração da parede torácica inferior. Considera-se que a criança apresenta tiragem subcostal quando a parede torácica inferior se retrai quando a criança inspira. É decorrente de um esforço muito maior do que o normal para respirar. Durante a respiração normal, toda a parede torácica (superior e inferior) e o abdome se movem para fora quando a criança inspira. Quando há tiragem subcostal, a parede torácica inferior se move para dentro quando a criança inspira. Questão 4 Escolha simples No Brasil, quais os principais agentes etiológicos de pneumonia, em criança, nesta faixa etária? Staphylococcus aureus e Streptococcus β hemolítico. Virus sincicial respiratório e Influenza tipo A. Adenovirus e Mycoplasma pneumoniae. Streptococcus pneumoniae e Chlamydia pneumoniae. Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae. Acertou As pneumonias de origem infecciosas podem ser causadas por bactérias ou vírus. Em países em desenvolvimento, entre crianças menores de cinco anos, a maioria das pneumonias são de origem bacteriana, onde os agentes etiológicos mais comuns são Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae. Entretanto, atualmente, com a disponibilidade da vacina contra H. influenza, houve diminuição da incidência de pneumonia causada por H. influenza. Questão 5 Escolha simples Qual deve ser a conduta de escolha para esta classificação de pneumonia? Encaminhar urgentemente ao hospital. Dar a primeira dose de antibiótico ainda na UBS e referir urgentemente ao hospital. Prescrever antibiótico e broncodilatador por sete dias. Dar a primeira dose de antibiótico ainda na UBS, antitérmico e retorno na UBS para reavaliação em 48 horas. Prescrever antitérmico, aumento da ingestão hídrica e retorno na UBS em 24 horas para reavaliação. Acertou Quando está caracterizada que a pneumonia é grave pela existência de sinal de perigo, tiragem subcostal ou estridor em repouso está indicada a administração da primeira dose de antibiótico, referindo a criança com urgência para o hospital. Questão 6 Escolha simples Qual o antibiótico de escolha para o caso clínico apresentado? Azitromicina 10 mg/Kg/dia, por três dias. Eritromicina 50 mg/Kg/dia 8/8 horas por 5 a 7 dias. Amoxacilina + Clavulanato 45/6,4mg mg/Kg/dia de 12/12 horas por 7 dias. Cefalexina 50 mg/Kg/dia de 8/8 hs por 7 a 10 dias. Amoxicilina 50 mg/Kg/dia de 8/8 horas por 7 a 10 dias. Acertou O tratamento inicial da pneumonia adquirida na comunidade é empírico e no caso de criança de dois meses a cinco anos de idade, as drogas de escolha são: Amoxicilina 50 mg/Kg/dia de 8/8 horas, por sete a dez dias OU Penicilina procaína 50.000UI/kg/dia, de 12/12 horas, por sete dias Questão 7 Escolha simples Quanto a fimose do paciente, qual a conduta a ser tomada? Encaminhar para avaliação cirúrgica. Orientar sobre a necessidade de realizar massagem para expor a glande. Apenas orientar a importância de realizar higiene perineal. Usar creme à base de corticoide para massagem local. Usar pomada com antibiótico pelo risco de fazer balanopostite. Acertou A conduta mais adequada é ensinar aos responsáveis como realizarem a higiene perineal. Não está indicada a realização de massagens. Fonte: Duncan, 2013. Saiba mais Fimose: A maioria dos meninos nasce com fimose (96%). O deslocamento do prepúcio ocorre em 25% dos meninos aos seis meses de idade, 50% com um ano, 80% com dois anos, 90% com quatro anos e 94% aos cinco anos, sendo que apenas 6% permanecerão com fimose após os cinco anos. Portanto a fimose é considerada fisiológica até os cinco anos de idade. Conduta: Pode-se utilizar duas técnicas para correção da fimose: postoplastia com incisão dorsal do anel prepucial, mantendo-se o prepúcio (casos selecionados) e postectomia ou circuncisão com retirada do prepúcio. Indicação de cirurgia após os 5 anos de idade ou antes nos pacientes com infecção urinária, balanopostite de repetição e parafimose. Em alguns pacientes selecionados, pode-se utilizar creme de corticoide por quatro a seis semanas e reavaliar o deslocamento prepucial. É importante a higiene do pênis durante e após o deslocamento fisiológico do prepúcio para evitar balanopostite e, consequentemente, uma aderência e fibrose prepucial. A massagem e a retração forçada do prepúcio estão contraindicadas, pois são desnecessárias, dolorosas e psicologicamente traumáticas. Fonte: Leitzke, 2003. Questão 8 Escolha simples Qual seria a dieta ideal para essa criança, visto que está desmamada? Duas refeições lácteas de 240 ml com cereais ou tubérculos, duas refeições de frutas e duas refeições salgadas. Duas a três refeições lácteas de 180 a 200 ml com cereais ou tubérculos, duas refeições de frutas, duas refeições salgadas. Evitar oferecer doces e bolachas. Três refeições lácteas de 180 a 200 ml, duas refeições de frutas e duas refeições salgadas. Três refeições lácteas de 200 a 240 ml, duas refeições de frutas e três refeições salgadas. Quatro refeições lácteas de 200 a 240 ml, duas refeições de frutas e duas refeições salgadas. Evitar oferecer doces e bolachas. Acertou Esquema alimentar para crianças menores de dois anos não amamentadas Menores de quatro meses Quatro a oito meses Maiores de oito meses Alimentação láctea Leite + cereal ou tubérculo Leite + cereal ou tubérculo Alimentação láctea Papa de fruta Fruta Alimentação láctea Papa salgada Papa salgada ou refeição básica da família Alimentação láctea Papa de fruta Fruta Alimentação láctea Papa salgada Papa salgada ou refeição básica da família Alimentação láctea Leite + cereal ou tubérculo Leite + cereal ou tubérculo Crianças de quatro a doze meses de idade devem receber duas ou três refeições lácteas por dia com volume de 180 a 200 ml/refeição. Questão 9 Escolha simples Quanto à constipação da criança, qual seria sua orientação? Orientação de dieta com acréscimo de farinha. Não intervir, visto que criança nunca precisou consultar pelo problema de constipação. Prescrição de óleo mineral se constipação for maior que três dias. Orientação de dieta rica em fibras e aumento da ingestão de água. Prescrição de supositório de glicerina se constipação for maior que trêsdias. Acertou O hábito intestinal está diretamente relacionado com a alimentação, atividade física e ingesta de água. Assim, no caso apresentado, é extremamente importante orientar a familiar quanto à necessidade de oferecer alimentos que contenham fibras naturais e água nos intervalos entre as refeições.
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