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FILOLOGIA COMPARATIVISTA

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INTRODUÇÃO À FILOLOGIA COMPARATIVA
A Filologia Comparativista é um campo de estudo que envolve a análise contrastiva das línguas. Através de comparações sistemáticas, podemos entender como diferentes línguas compartilham similaridades e diferenças.
[...] Taís semelhanças não poderiam ser obra do acaso ou apenas resultantes de influências mútuas e, sim, consequência de uma mesma origem: era preciso comparar as línguas, estabelecer seu parentesco e sua ascendência comum. (FARACO, 2005)
· ORIGEM - Até o final do século XVIII, os estudos linguísticos eram baseados na gramática greco-latina:
· Era um reflexo do pensamento e da lógica;
· Não era objeto de uma ciência específica;
· As descrições gramaticais tinham um caráter normativo e filosófico;
· Ênfase na mudança para um processo dinâmico e coerente.
· Revolução Francesa – movimento que busca romper com o passado, onde os estudos linguísticos começam a traçar nova etapa, mais científica e específica:
· Século XIX – a língua passou a ser investigada com mais cuidado;
· Foco na objetividade;
· É explicada por hipótese indutiva;
· Caracterizou-se pelos estudos comparativistas e histórico da língua – a busca pelo conhecimento sobre a linguagem e a formação das línguas.
· Sânscritos – William Jones (que não era um linguista, e sim, juiz), em 1786, percebeu que o sânscrito, o grego e o latim tinham muitas afinidades:
· Nas raízes dos verbos;
· Nas formas gramaticais.
O que levou a hipótese dessas três línguas terem uma origem em comum – a protolíngua. Agrupando alguns dados linguístico gerou princípios:
· É possível estabelecer correspondências formais entre as línguas;
· As línguas mudam com o tempo;
· É possível relacionar grupos de línguas, por elas terem demonstrado origem em comum;
· É possível reconstruir vários aspectos dos estágios anteriores das línguas não documentadas.
· Efeito:
A construção de noção de uma eminência, “...que é a ideia que fatos linguísticos são condicionados só e apenas por fatos linguísticos.” (FARACO)
Faraco afirma: Dados os elementos a, b, c numa língua X e o contexto estrutural E, resultaram, na língua Y ou na subfamília W, as mudanças p, q, r.
LÍNGUA X LÍNGUA Y
a p
b q
c r
A eminência do século XIX não está relacionada a uma abordagem interna de cada língua separadamente e sim ao fato que as mudanças linguísticas estão condicionadas apenas por fatores linguísticos.
 Friedrich Schlegel – 1808. “Sobre a língua e a
 Sabedoria dos hindus” / ponto de partida dos 
Gramática germânicos; 
comparativa
 Franz Bopp – 1816. “Sobre o Sistema de 
 Conjugação da Língua Sânscrita em 
 com o da Língua Grega, Latina, Persa e 
 Germânica” / trabalho a morfologia e demonstrou 
 Empiricamente as relações entre essas línguas.
· Objetivo - Estudar a evolução, os relacionamentos e as diferenças entre as línguas.
· Método - Compara as línguas e procura descobrir suas possíveis origens e desenvolvimento.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FILOLOGIA COMPARATIVA
Primeiros estudos filológicos: O linguista alemão Franz Bopp publicou em 1816 um trabalho intitulado "Über das Konjugationssystem der Sanskritsprache in Vergleichung mit jenem der griechischen, lateinischen, persischen und germanischen Sprache" ('Sobre o sistema de conjugação da língua sânscrita em comparação com os da língua grega, latina, persa e Germanicus').
Dicionários comparativos: No final do século XIX, houve uma demanda crescente por dicionários comparativos que ajudassem a entender a relação entre as línguas da Europa.
Manuscritos descobertos: Ao longo do tempo, muitos manuscritos antigos foram encontrados, o que permitiu a construção de uma história mais precisa do desenvolvimento das diferentes línguas.
TEORIA DA MUDANÇA
Os primeiros gramáticos comparativistas desenvolveram teorias para explicar a mudança linguística com base em suas observações das línguas e em comparações entre elas. Um dos exemplos mais notáveis é a teoria de Grimm, formulada pelos irmãos Jacob Grimm e Wilhelm Grimm, que contribuíram significativamente para a filologia comparativa e a compreensão das mudanças linguísticas. A teoria de Grimm é especialmente conhecida por abordar as mudanças fonéticas nas línguas indo-europeias. Aqui está um resumo da teoria de Grimm:
Lei de Grimm: A Lei de Grimm é uma parte central da teoria proposta pelos irmãos Grimm e é baseada nas mudanças fonéticas que ocorreram nas consoantes iniciais das palavras nas línguas indo-europeias. Ela descreve como os sons das línguas ancestrais se transformaram ao longo do tempo. 
A teoria é dividida em três "modos" de mudança fonética:
Modo Sonoro (Verschiebung) Os sons de alta frequência (voz alta) nos sistemas de consoantes tendiam a se mover para sons de baixa frequência (voz baixa). Por exemplo, sons surdos (não-vozeados) frequentemente se tornavam sonoros (vozeados) e os sonoros se tornavam aspirados.
Modo de Consonantização (Fortisierung) Os sons sonoros se tornavam mais fortes e se transformavam em sons surdos, por exemplo, "b" para "p".
Modo de Expansão (Explosion) Sons sonoros e aspirados se tornavam sons mais fracos e simples, por exemplo, "d" para "t".
· LINGUÍSTICOS:
Franz Bopp (1791-1867): Bopp estudou principalmente filologia clássica e sânscrito na Universidade de Tübingen, na Alemanha. Ele tinha conhecimento profundo de latim, grego e sânscrito, o que o capacitou a fazer comparações entre essas línguas e desenvolver a teoria da filologia comparativa.
Ele é frequentemente considerado um dos fundadores da filologia comparativa. Bopp trabalhou principalmente com línguas indo-europeias e desenvolveu a teoria da mudança linguística, baseada em suas análises das semelhanças gramaticais entre sânscrito, grego, latim e outras línguas.
Jacob Grimm (1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-1859): Jacob Grimm estudou direito na Universidade de Marburg, mas sua paixão estava nas línguas antigas e na literatura. Junto com seu irmão Wilhelm, ele dedicou tempo para coletar contos populares e folclore, e isso o levou a observar semelhanças linguísticas entre as línguas germânicas. Wilhelm Grimm também estudou direito e, assim como seu irmão, desenvolveu interesse pelas línguas antigas e pela literatura popular. Sua colaboração com Jacob nos estudos de contos populares os levou a considerar as semelhanças linguísticas nas línguas germânicas.
Os irmãos Grimm, famosos por suas coleções de contos de fadas, também foram importantes para a filologia comparativa. Eles formularam a Lei de Grimm, que descreve as mudanças fonéticas que ocorreram nas consoantes iniciais das palavras nas línguas indo-europeias.
Rasmus Rask (1787-1832): Rask estudou teologia e línguas antigas na Universidade de Copenhague. Ele aprendeu uma variedade de línguas, incluindo grego, latim, islandês e línguas eslavas, o que o ajudou a fazer comparações entre as línguas germânicas e outras línguas indo-europeias.
Rask, um linguista dinamarquês, foi um dos primeiros a reconhecer a importância das mudanças fonéticas nas línguas e a aplicar princípios comparativos para identificar as relações entre as línguas germânicas e outras línguas indo-europeias.
August Schleicher (1821-1868): Schleicher estudou teologia e filologia clássica na Universidade de Tübingen. Ele se especializou em sânscrito e línguasclássicas, o que o ajudou a contribuir para a análise comparativa das línguas indo-europeias.
Ele elaborou a "teoria do campo de onda", que propunha que as mudanças linguísticas ocorriam como ondulações em um campo de onda que se propagavam através das comunidades de fala.
Friedrich Max Müller (1823-1900): Max Müller estudou filologia clássica e línguas orientais na Universidade de Leipzig. Ele se destacou por seus estudos sobre as relações linguísticas e mitológicas nas línguas indo-europeias e também pela análise de textos religiosos e filosóficos.
Max Müller, um linguista e filósofo alemão, contribuiu para a análise comparativa das mitologias indo-europeias e investigou as raízes linguísticas comuns nas línguas indo-europeias.
ABORDAGEM DIACRÔNICA
A abordagem dos primeiros gramáticos comparativistas, como Franz Bopp, Jacob Grimm, Wilhelm Grimm, Rasmus Rask, August Schleicher e outros, é principalmente diacrônica. Isso significa que eles estavam mais focados na análise das mudanças linguísticas ao longo do tempo, nas relações evolutivas entre as línguas e na reconstrução das fases anteriores das línguas. A abordagem diacrônica se concentra nas transformações históricas das línguas e em como elas evoluíram de um estado anterior para um estado posterior.
EXEMPLO
Um exemplo claro da abordagem diacrônica dos primeiros gramáticos comparativistas é a Lei de Grimm, formulada pelos irmãos Jacob Grimm e Wilhelm Grimm. Essa lei descreve as mudanças fonéticas que ocorreram nas línguas indo-europeias ao longo do tempo, especificamente nas consoantes iniciais das palavras.
O exemplo mais conhecido é a mudança das consoantes iniciais do indo-europeu para as línguas germânicas.
EX: Consoantes sonoras (vozeadas) do indo-europeu se tornaram consoantes surdas nas línguas germânicas. Por exemplo, o indo-europeu b tornou-se p em alemão (por exemplo, "bein" em alemão, correspondendo a "bone" em inglês).

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