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www.resumao.com.br ANA CLÁUDIA SILVA SCALQUETTE Resumão Jurídico l i E RODRIGO ARNONI SCALQUETTE Direito do Consumidor 0 Código de Defesa do Consumidor - CDC (Lei 8.078/90) aplica-se a todas as relações de consumo. Para que se. configure uma relação de consumo é pre ciso ter o consumidor de um lado e o fornecedor do outro e, entre eles, um produto ou um serviço. DEFINIÇÕES O consumidor é toda pessoa física Ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatá rio final (art. 2o). Dessa primeira definição, podemos extrair que o consumidor pode ser tanto uma pessoa física como uma pessoa jurídica. A pessoa jurídica como consumidora A questão da pessoa jurídica como consumidora é tema que gera polêmica, pois, em tese, ela não seria tão vulnerável tendo meios para se defender contra as possíveis arbitrariedades do fornecedor. Requisitos para que a pessoa jurídica possa ser reconhecida como consumidora: a) os bens adquiridos devem ser bens de consumo e não bens de capital; isto é, qüe não Sejam, de qual quer forma, revendidos; b) que o serviço tenha sido contratado para satisfazer a uma necessidade imposta por leí ou da própria natureza de seu negócio. Coletividade de consumidores O parágrafo único do artigo 2° prevê: “Equipara-se a consumidor, a coletividade de pessoas, ainda que indeter- mináveis, que haja intervindo nas relações de consumo”. O CDC não trata somente daquele consumidor indivi dualmente considerado, mas de uma coletividade de con sumidores, que poderá ser observada nas definições dos interesses difusos, interesses ou direitos coletivos e inte resses individuais homogêneos previstas no artigo 81. Consumidor por equiparação Podemos encontrar outros dois conceitos de consu midor por equiparação no CDC: a) no art. 17: “Para os efeitos desta seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento”. A se ção de que trata o artigo 17 é da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço, ou seja, respon sabilidade pelos acidentes de consumo, equiparan- do aos consumidores todas as vítimas do evento. Exemplo: vítimas de acidentes aéreos que estives sem no solo, dentro de suas casas. b) no art. 29: “Para fins deste capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele pre vistas”. O capítulo a que se refere o artigo 29 é o das Práticas Comerciais, como a oferta, publicidade e práticas abusivas. Definição de consumidor Concluindo: a) consumidor é a pessoa física ou pessoa jurídica que adquire produtos ou utiliza serviços como destina tário final (art. 2*); b) a coletividade (parágrafo único do art. 20); c) as vitimas dos acidentes de consumo (art. 17); d) pessoas expostas às práticas comerciais (art. 29). CONCEITO OE FORNECEDOR Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de pro dução, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercializa ção de produtos ou prestação de serviços (art. 3°). O conceito de fornecedor é muito amplo, engloban do até mesmo os entes despersonalizados e as empre sas públicas (incluindo-se, nessa categoria, as conces sionárias e permissionárias de serviços públicos). PRINCÍPIOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Em seu artigo 4o, o CDC enumera alguns princí pios que devem ser atendidos na política nacional das relações de consumo: 1. Princípio do reconhecimento da vulnerabilida de do consumidor - O consumidor é a parte mais fraca da relação de consumo, merecendo especial proteção do Estado. 2. Princípio do intervencionismo do Estado - Para garantir a proteção do consumidor, não só com a previsão de normas jurídicas, mas com um conjun to de medidas que visam o equilíbrio das relações de consumo, coibindo abusos, a concorrência des leal e quaisquer outras práticas que possam preju dicar o consumidor. 3. Principio da harmonização de interesses - Princípio que visa a garantir a compatibilidade entre o desenvolvimento econômico e o atendi mento das necessidades dos consumidores, com respeito à sua dignidade, saúde e segurança. 4. Princípios da boa-fé e da equidade - Para garan tir o equilíbrio entre consumidores e fornecedo res, buscando a máxima igualdade em todas as relações, com ações pautadas na veracidade e transparência. 5. Princípio da transparência - Garantido pela educa ção para o consumo e, especialmente, pela infor mação clara e irrestrita ao consumidor e ao forne cedor sobre seus direitos e obrigações. P r in c ípio s b á s ic o s DO CONSUMIDOR S Direito à proteção da vida, saúde e segurança contra o fornecimento de produtos ou serviços nocivos ou perigosos. II - Direito à educação para o consumo, visando garantir a liberdade de escolha e ipaldade nas contratações. III - Direito à informação adequada e clara sobre pro dutos e serviços, inclusive quanto aos riscos que eles possam apresentar. IV - Direito à proteção contra a publicidade engano sa e abusiva e quaisquer outras práticas e métodos coercitivos ou desleais. V - Direito à modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou revisão, em razão de fatos supervenientes, que as tornem excessivamente onerosas. VI - Direito à prevenção e reparação de danos patri moniais, morais, coletivos e difusos. VII Direito ao acesso aos órgãos judiciários e admi nistrativos para prevenção ou reparação de danos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos necessitados. VIII - Direito à faciiitação da defesa de direitos, com a possibilidade de inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil. Requisitos para a inver são: a) verossimilhança das alegações ou hipos- suficiênoia. do consumidor; b) a critério do juiz, segundo as regras ordinárias de experiência. IX - Direito à adequada e eficaz prestação dos servi ços públicos em geral. E com a simples colocação dos produtos ou servi ços no mercado que nasce a responsabilidade por danos causados aos destinatários, isto é, aos consumidores. Objeto d a s Rela ç õ es Produtos e serviços são o objeto das relações de consumo. w im m m m m O artigo 3o, § Io, traz a seguinte definição: “Pro duto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”. Classificação de bens quan to ã durabilidade a) Bens duráveis - Bens que normalmente permitem muitos usos. Ex.: geladeiras, carros, etc. b) Bens não duráveis - Bens que são consumidos em um ou em alguns poucos usos. Ex.: biscoito, pasta de dente, sabonete, etc. mmumm O artigo Í | § 2o, traz a seguinte definição: “Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consu mo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”. Vale observar que as relações que envolvem as in stitu içõ es f in a n c e ira s e seus c lien tes são pro tegidas pelo Código do Consum idor. N esse sen tido, tem os a Súm ula 297 do STJ: “O Código de D efesa do Consum idor é aplicável às instituições financeiras” . Da mesma forma, a Súmula 321 do STJ expressa: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável à re lação jurídica entre a entidade de previdência privada e seus participantes”. Por outro lado, destacamos que não são relações de consumo: a) os interesses dc caráter trabalhista; b) os tributos em geral. Tarifas podem ser entendidas como o preço r meio de concessão ou permissão, portanto, objetos de relação de consumo. Exemplos: contas de luz e telefone. importante Buscando a eficiência nos serviços públicos regulados, o ministro de Estadoda Justiça Tarso Genro, por meio da portaria 2,014, de 13 de outubro de 2008, estabeleceu o tempo má ximo de espera para o contato com o atendente de telemarketing nos SACs, conforme segue: Regra geral: tempo máximo para contato direto com o atendente de telemarketing é de 60 (ses senta) segundos. Exceções: • nos serviços financeiros o tempo é de 45 (quarenta e cinco) segundos. Nas segundas- feiras, nos dias que antecedem ou sucedem os feriados e no 5 o dia útil de cada mês o tempo é de 90 (noventa) segundos. « nos serviços de energia elétrica, o tempo so mente poderá ser maior do que 60 (sessen ta) segundos em atendimentos emergenciais nos casos de intermpção do fornecimento de energia elétrica a um grande número de consumidores, ocasionando elevada con centração de chamadas. NATUREZA JURÍDICA A base para a proteção do consumidor está entre os direitos e garantias fundamentais da Constituição Federal, no artigo 5o, inciso XXXII. Há também previsão de proteção ao consumidor no capítulo I, Título VII, da Constituição Federal, que trata dos princípios gerais da ati vidade econômica (art. 170, V). Essas previsões constitu cionais, além de conferir o caráter público e obrigatório da defesa do consumidor, permitem demonstrar o equilíbrio pretendido pelo legislador constitucional, pois a defesa do consumidor é princípio da ordem econômica. Possibilidades de indenização Pode o consumidor exigir alternativamente: 1, reexecução do serviço, sem custo adicional, o que pode rá ser feito por terceiros, por conta e risco do fornecedor; 2, restituição da quantia paga, atualizada, sem pre juízo das perdas e danos; 3, abatim ento proporcional do preço, havendo, por parte do consumidor, interesse em receber o servi ço, mesmo viciado. Observação Nos serviços que tenham por objetivo repa- | rar produtos, o fornecedor está obrigado a | empregar componentes de reposição origi- J nais adequados e novos ou que mantenham I especificações técnicas do fabricante, salvo, l quanto a estes últimos, se houver autoriza- I ção em con trário do consumidor. Casos de responsabilização d ire ta do fornecedor im ediato 1. Fornecimento de produtos in natura, sem a identifi cação clara de seu produtor (art. 18, § 5o). 2. Quando a pesagem ou medição é feita pelo vende dor e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais (art. 19, § 2o). Prazos de reclamação a) 30 dias para fornecimento de serviço e de produtos não duráveis. b) 90 dias para fornecimento de serviço e produtos duráveis. Inicia-se a contagem: a) para vício aparente e de fácil constatação: da entrega efe tiva do produto ou do téimino da execução do serviço; b) para vício oculto: desde o momento em que ficar evidenciado o vício. Observação \ Obstam a decadência (prazo mpensivo): a) f a reclamação compravcidamente fomulada | perante o fornecedor, enquanto não houver res- I posta negativa correspondente; b) a instaura- | ção de inquérito civil (até seu encerramento). | ■ RESPONSABILIDADE NOS SERVIÇOS PÚBLICOS O fornecimento de serviços públicos é garantido pelo artigo 6o, inciso X. É um dos direitos básicos do consumidor. Os órgãos públicos são obrigados a for necer serviços adequados, eficientes, seguros; quan to aos essenciais, devem ser contínuos (art. 22). Responsabilização Aos serviços públicos são aplicáveis os dois regi mes de responsabilização: a) Pelo fato do serviço público - Responderão, inde pendentemente de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores-usuários pelos defeitos relativos à prestação de serviços públicos, ou por informações insuficientes e inadequadas sobre so bre sua fruição e seu uso. b) Pelo vício do serviço público - Os órgãos públi cos ou seus delegados podem ser compelidos judi cialmente a prestar serviços adequados, eficientes e seguros e a restabelecer os serviços essenciais se sofrerem descontinuidade. Possibilidades de indenização • Reparação do dano. • Possibilidade de compelir as pessoas jurídicas for necedoras a cumprir as obrigações assumidas por tei ou por contrato. ■ DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA (art. 28, §2° a §5°) A teoria da desconsideração da personalidade jurí dica é originária dos Estados Unidos, onde é chamada de disregard o f legal entity, e tem por finalidade des vendar a pessoa jurídica para permitir a responsabili zação dos sócios por obrigações assumidas. Quando pode ocorrer A desconsideração da personalidade jurídica pode ocorrer quando houver: t . abuso de direito; 2* excesso de poder; 3. infração da lei; 4. fato ou ato ilícito; 5. violação dos estatutos ou contrato social; 6. falência; estado de insolvência; encerramento ou inatividade da pessoa jurídica pro vocado por má administração; 9. sempre que a personalidade jurídica for, de algu m a forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Conseqüências Responsabilização civil do sócio-gerente, adminis trador, sócio majoritário, acionista., controlador, entre outros, alcançando os respectivos patrimônios pessoais. Outras regras 1. São solidariam ente responsáveis as empresas çonsorciadas (art. 28, § 2o). 2. São subsidiariam ente responsáveis as sociedades integrantes de grupos societários e as sociedades controladas (art. 28, § 3o). 3. As sociedades coligadas só responderão por culpa (a r t 28, § 4o). ■ OFERTA “Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer form a ou meio de comunicação, com relação a produtos ou serviços obri ga o fornecedor que a fizer veicular e integra o contrato que vier a ser celebrado.” Vigora, na oferta, o princípio da vinculação, ou seja, “prometeu tem de cumprir”. Conseqüências para o fornecedor 1. A oferta passa a integrar o contrato. 2. A oferta obriga ao cumprimento. A expressão “qualquer forma” significa que a ofer ta poderá ocorrer, dentre outros, por: a) apresentação (ex.: vitrines); b) informação (ex.: orçamentos, pedidos); c) publicidade (ex.: anúncios nos meios de comunica ção, encartes, folhetos, mala direta). Condição para que o fornecedor fique obrigado Que a oferta seja suficientemente precisa. Requisitos da oferta • Ser correta. • Ser clara. • Ser precisa. • Ser ostensiva. • Ser em língua portuguesa. Estas informações serão gravadas de forma indelével nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor. Responsabilidade Os fornecedores respondem, solidariamente, com seus empregados5 agentes e representantes, até mesmo autônomo, que em nome dele atuaram. Possibilidades de indenização O consumidor pode, alternativamente: 1. exigir o cum prim ento forçado; 2. aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente, pagando ou recebendo a diferença; 3. rescindir o contrato mediante a restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e composição de perdas e danos. Oferta de componentes e peças de reposição • Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação do produto. • Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo na forma da lei. Oferta ou venda por telefone • Deve constar o nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade ou qualquer outro impres so utilizado na transação comercial. • É proibida a publicidade de bens e serviços por te lefone, quando a chamada for onerosa ao consumi dor que a realiza. ■ PUBLICIDADE O Código de Defesa do Consumidor proibiu a publicidade enganosa e abusiva e disciplinou a maté ria segundo os seguintes princípios. 1. Princípio da identificação da publicidade (art. 36, caput): para evitar a publicidadeoculta e subliminar (aquela que não pode ser percebida diretamente pelo consciente do consumidor, embora o seja pelo seu subconsciente). 2. Principio da veracidade (art. 31, c/c art. 37, §§ 1° e 3o): para coibir a publicidade enganosa. 3. Princípio da não-abusividade (art. 31 c/c art. 37, § 2°): para coibir a publicidade abusiva. 4. Principio da transparência da fundamentação (art, 36, parágrafo único): deve se fundamentar em da dos fáticos, técnicos e científicos. 5. Princípio da obrigatoriedade do cumprimento (arts. 30 e 35): integra o contrato e obriga o fornecedor. 6. Princípio da inversão do ônus da prova (art. 38): é a inversão legal do ônus da prova; incumbe ao patro cinador o encargo da prova. Classificação d a publicidade a) Publicidade enganosa; • inteira ou parcialmente falsa; • capaz de induzir em erro o consumidor, até mes mo por omissão. b) Publicidade abusiva: • discriminatória de qualquer natureza; • que incite à violência; • que explore o medo ou a superstição; • que se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança; • que desrespeita valores ambientais; • que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de modo prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. Possibilidades de indenização As mesmas da oferta. ■ TÉCNICAS PUBLICITÁRIAS • Teaser - Mensagem que cria expectativas (ex.: “Aguarde o lançamento de um produto que poderá alterar sua rotina!”). A técnica não é vedada, pois visa a despertar a curiosidade do consumidor. • Merchandising - É a técnica, normalmente utilizada na televisão, onde um produto ou serviço aparece de forma indireta, isto é, vinculado a uma cena do cotidiano do personagem. Deverá ser vedado quando o consumidor não puder reconhecer tratar-se de mensagem publi citaria, pois, nesse caso, desrespeita o principio da identificação. • Puffing - É o exagero publicitário. Se o exagero for facilmente perceptível pelo consumidor, não será ve dado pelo CDC (ex.: “Melhor preço do planeta!”); se, ao contrário, puder comprometer o discernimento dele acerca do produto ou serviço, será vedado. ■ PRÁTICAS ABUSIVAS As práticas abusivas estão descritas no artigo 39, que é rol exemplificativo e não taxativo, vejamos: • Venda casada - Condicionar o fornecimento de um produto ou serviço ao fornecimento de outro produ to ou serviço. Fere o direito da livre escolha. • Venda condicionada - Condicionamento da ven da, sem justa causa, a limites quantitativos. • Recusa de fornecim ento - Tendo produtos em estoque, recusar o fornecimento aos consumido res. Pode ocorrer o cumprimento forçado da ofer ta. Também configura infração contra a economia popular (art. 2o, II da Lei 1.521/51). « Remessa de p roduto ou fornecim ento dé servi ço sem prévia solicitação - A regra é a iniciativa do consumidor. Nessa hipótese, o fornecedor não terá direito a pagamento, pois o serviço prestado e o produto remetido ou entregue serão considerados amostras grátis (art. 39, parágrafo único). • Prevalecimento da fraqueza ou ignorância do consu m id o r -Para impingir-lhe seus produtos ou serviços. • Exigir vantagem excessiva Para impedir abusos e assegurar o equilíbrio nas relações de consumo. • Execução de serviços sem prévio orçam ento - O fornecedor de serviços, antes de iniciar a execução, está obrigado a entregar orçamento, que será válido pelo prazo de 10 dias, salvo estipulação em contrá rio (art. 40, §§ Io e 2o). • Repasse de inform ação depreciativa sobre o con sum idor no exercício de seus direitos - Exemplo: informar que o consumidor ajuizou demanda. • Descum prim ento de norm as - Não obedecer às normas expedidas por órgãos oficiais competentes. • Recusa de venda de bens ou de prestação de serviços - Para quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento. É necessário o pronto pagamento, pois, se a prazo ou parcelado, o forne cedor poderá justificar a recusa. ® Elevação injustificada de preços - Qualquer elevação deve ser justificada para que se impeçam os abusos, t Prazos - Deixar de estipular prazo para cumpri mento de sua obrigação ou para seu início. • Reaj ustes - Aplicação de índice ou fórmula de rea juste diverso do contratualmente estabelecido. 8! - T Á T IC A S COMERCIAIS 7. 8. Resumão Jurídico 8 COBRANÇA DE DÍVIDAS A cobrança de dívidas não poderá: • expor o consum idor a ridículo; • subm eter o consum idor a qualquer tipo de cons trangimento ou ameaça. O consumidor cobrado em quantia indevida terá éreito: • à repetição do indébito, pelo dobro do recebido em excesso mais ju ro s e correção m onetária des de o recebimento (art. 42, parágrafo único). Nos docum entos de cobrança de débitos apre- ^ t a d o s ao consumidor, deverão constai o nom e, 0 endereço e o núm ero do CPF ou CN PJ do forne cedor do p roduto ou serviço correspondente. 1 BANCOS DE DADOS E CADASTROS DE CONSUMIDORES Regras: ' Q u an to ao acesso - O consum idor terá acesso as inform ações sobre ele existentes (art. 43, ca pai). Im pedir ou dificultar o acesso às inform a ções pode configurar a infração penal do arti go 72. A Súm ula 359 do STJ assim expressa: “Cabe ao órgão m antenedor do cadastro de pro- :eção ao crédito a notificação do devedor antes às proceder à inscrição” . : Q uan to à tra n s p a rê n c ia - Os cadastros deve rão ser objetivos e claros (art. 43, § Io, I a parte) ; Q uan to à retificação - S e as inform ações de seus dados no cadastro forem inexatas, o consu m idor poderá exigir sua im ediata correção. # beita a correção, o arquivista tem cinco dias úteis para com unicar a alteração aos destina tários e restabelecer a verdade (art. 43 , § 3o). Pode configurar infração penal do artigo 73. - Q uanto à com unicação - O consum idor deve- sá ser com unicado por escrito, obrigatoriam en- lê, sobre todas as aberturas de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consum o sem sua solicitação, para que as confira (art. 43, § 2o). Quanto ao p razo - Os bancos de dados não po- i r ã o conter informações negativas referentes a pe- r â d o superior a cinco anos (ait. 43, § 1* 2a parte). Nesse sentido, tem os tam bém a Súm ula 323 STJ: “A inscrição de inadim plente pode ser a&ntkfc nos serviços de proteção ao crédito no m áxim o, cinco anos” . Lembram os que deixar d e corrig ir imediata- rr.eme inform ação sobre consum idor constante é s cadastro e banco de dados, dentre outros, configura infração penal do artigo 73 do CDC. i CADASTRO DE FORNECEDORES Qs órgãos públicos, p o r determ inação expres- - r : Código de Defesa do Consum idor3 deverão cadastros atualizados de reclam ações fun dadas contra fornecedores de produtos e K divulgação pública desses cadastros deverá ic ic re r anualm ente, indicando, até m esm o, se a ■ e te a a ç â o foi atendida ou não pelo fornecedor. Observação Reclamação, fundamentada é a lesão ou j mteaça de lesão a direito de consumidor, a *ditada p o r órgão público de defesa do - : nsumidor, a requerimento ou de ofício, considerada procedente, p o r decisão defini- ~ j (art. 58, II, do Decreto 2.181/97). - PROTEÇÃO ÇÔNTRATUAl CDC trouxe um a lim itação à liberdade con- . com a prática do dirigism o contratual, pelo l com o objetivo d e proteger o consum idor :-íSificiente. umã res trição à autonom ia da vontade, m as . s a io r p ro teção à parte m ais fraca. A aação contratos que regulam as relações de : : r.vunio não obrigarão os consumidores: sé não lhes for dada a oportunidade de tom ar - ::i±ecim ento prévio de seu conteúdo; * :s respectivos instrum entos forem redigidos JtE “ '■do a dificultar a com preensão de seu sen-a a : em alcance. Observação 0 fornecedor está vinculado às declarações de vontade constantes em escritos particu lares, recibos e prê-contratos relativos às relações de consumo. Em caso de não cum prim ento o fornecedor pode ser compelido a fa zê-lo mediante execução específica. ■ CLÁUSULAS ABUSIVAS 0 artigo 51 é exemplificativo e prevê que são nulas de pleno direito as seguintes cláusulas: • cláusula de não indenizar: ® im pedim ento de reem bolso; • transferência de responsabilidade a terceiro; • cláusulas iníquas, abusivas ou que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada (a defini ção de exagerada está no artigo 51, § 1°, I a III); ® inversão do ônus da prova em prejuízo do con sumidor; • utilização com pulsória de arbitragem; • im posição de representante para realizar ou concluir negócio pelo consum idor (exemplo: cláusula m andato); • possibilitem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato; • perm itam ao fornecedor a variação unilateral de preço; • autorizem ao fornecedor o cancelam ento unila teral do contrato; • ressarcim ento de custos só p o r parte do consu m idor; • m odificação unilateral do contrato pelo forne cedor; • possibilitem a v iolação de norm as am bientais; • estejam em desconform idade com o sistem a de proteção ao consum idor; • cláusula de renúncia de indenização por benfei torias necessárias. Atenção Após inúmeras decisões com o m esmo teor, § o STJ editou a Súmula 302, referente ao tem- | po de internação hospitalar do segurado de f plano de saúde: “É abusiva a cláusula-con- \ tratual de plano de saúde que limita o tempo j de internação hospitalar do segurado” . Im portan te A nu lidade de um a cláusula abusiva não \ invalida o contrato , salvo se houver, com j a exclusão, ônus excessivo a qualquer j um a das partes. ... | ■ DEMAIS CLÁUSULAS ABUSIVAS O artigo 56 do D ecreto 2.181/97 determ inou que a Secretaria de D ireito Econôm ico divulgue, anualm ente, elenco com plem entar de cláusulas contratuais abusivas. Esse é um elenco exemplificativo, que visa a. o rientar os órgãos integrantes do Sistem a Nacional de D efesa do Consumidor. Interpretação d as cláusulas Segundo o artigo 47, as cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor. D ireito de arrependim ento Nos fornecim entos de produto ou serviço que ocorram fo ra do estabelecim ento comercial (reem bolso postal, internet, telefone ou dom ici lio)» o consum idor terá d ireito de arrependim ento. P ra zo : sete dias a contar da assinatura do contra to ou do ato de recebimento do produto ou serviço. C o nseqüências: o consum idor receberá de vol ta os valores eventualm ente pagos, a qualquer títu lo, durante o prazo de reflexão, sendo a devolução im ediata e m onetariam ente atualizada. ■ NORMAS ESPECIAIS 1. CRÉDITO E FINANCIAMENTO Encontram os no artigo 52 todas as informações que o consum idor deverá ter quando se tratar d e for necim ento que envolva crédito ou financiamento. O fornecedor deverá inform á-lo sobre: • preço do produto ou serviço em m oeda corrente nacional, • m ontante dos ju ro s de m ora e da taxa efetiva anual de juros; ■ acréscim os legalm ente previstos; • núm ero e periodicidade das prestações; • som a total a pagar, com e sem financiam ento. Q u a n to à m u lta : “As m ultas de m ora decorrentes do inadim ple- m ento d e obrigações no seu term o não poderão ser superiores a 2% do valor da p restação” . Essa m ulta de 2% incide, inclusive, nos contratos bancários, conform e Súm ula 285 do STJ: “N os con tratos bancários posteriores ao Código de Defesa do Consum idor incide a m ulta nele prevista”. Q u a n to à liq u id ação a n te c ip ad a : “É assegu rado ao consum idor a liquidação antecipada do débito, total ou parcialm ente, m ediante redução proporcional dos ju ro s e dem ais acréscim os” . 2. COMPRA E VENDA E ALIENAÇÃO FIDÜCIÁRIA Nos contratos de compra e venda com pagam en to parcelado e n a alienação fiduciária em garantia: • o consum idor tem assegurado o direito à resti tuição das p restações pagas; • consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam o contrário, isto é, a perda total das prestações em benefício do credor (art. 53, caput). Sobre os juros de mora nos contratos de alienação fiduciária, o STJ editou a Súmula 284, com a seguinte redação: “A purga da mora, nos contratos de alienação fiduciária, só é permitida quando já pagos pelo menos 40% (quarenta por cento) do valor financiado”. 3. CONSÓRCIOS A m esm a regra descrita anteriom ente, com um a restrição: • a adm inistradora do consórcio poderá descontar do consorciado a vantagem econôm ica auferida com a fruição, ou seja, com o uso do bem em sua posse tem porária, bem como os prejuízos causados ao grupo com sua saída. 4. CONTRATOS DE ADESÃO São aqueles que têm cláusulas pré-aprovadas p or autoridades com petentes ou estabelecidas uni- lateralm ente pelo fornecedor, ficando o consum i d or im pedido de discutir ou m odificar substancial m ente seu conteúdo. R eg ras especiais • Os contratos têm de se r redigidos em term os claros, ostensivos e legíveis, cujo tam anho da fonte não será inferior a 12, a fim d e facilitar a com preensão pelo consum idor (art. 54, § 3o). • O contrato de adesão, em bora em form ulário, não impedirá o acréscim o de novas cláusulas, m anuscritas ou datilografadas (art. 54, § Io). • As cláusulas que lim itam direito do consum idor deverão ser redigidas e im pressas com destaque (art. 54, § 4°). • O contrato de adesão adm ite cláusula resoluto- ria, desde que alternativa, cabendo a escolha ao consum idor; isto é, o consum idor poderá optar entre a rescisão contratual com perdas e danos e o cum prim ento da obrigação (art. 54, § 2°). ■ GARANTIA LEGAL E GARANTIA CONTRATUAL A garantia legai independe de term o expresso, sendo proibida cláusula contratual que exonere essa garantia do consumidor. A garantia contratual é um a liberalidade do fornecedor, a lém da garantia legalm ente prevista, sendo, portanto, um acréscim o em relação a esta. Regras da garantia contratual • Deve ser feita po r escrito. • Deve esclarecer em que consiste, form a, prazo e lugar em que pode ser exercida, incluindo in form ações relativas ao ônus do consumidor. • Deve ser entregue, devidam ente preenchida, no ato do fornecim ento, acom panhada de m anual d e instrução, de instalação e de uso do produto, em linguagem didática, com ilustrações. ■ REVISÃO DOS CONTRATOS O fundam ento d a revisão nas prestações des proporcionais está no art. 6o, V, Ia parte: são direitos básicos do consumidor “a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações despropor cionais ou sua revisão em razão de fatos superve nientes que as tom em excessivamente onerosas” . A revisão poderá ocorrer: • em decorrência de causas que já existam no m om ento da celebração do contrato (exemplo: cláusulas abusivas); Resumã Jurídico CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA incitação do crime - A incitação deve ser de cri me determinado e feita em público (art. 286). Se a incitação for de contravenção penal, nâo carac teriza esse crime. Apologia de crime ou criminoso - Louvar, elogiar, enaltecer fato criminoso ou autor de crime (art. 287). Formação de quadrilha ou bando - Associação de mais de três pessoas com a finalidade de cometer cri mes (art. 288). Não caracteriza o crime se a associação for apenas para praticar um único crime. A pena apli ca-se em dobro se a quadrilha ou bando for armado. No caso de entorpecentes,os agentes que se unem visando a cometer o tráfico não serão incur sos no crime de quadrilha ou bando, mas sim no de associação criminosa (art. 14, Lei 6.368/76), que pressupõe a união de apenas duas pessoas. Delação prem iada - Se um dos participantes denunciar a quadrilha à polícia, possibilitan do seu desmantelamento, terá a pena reduzida (art. 8o, Lei 8.072/90). ~ C r im e s c o n tr a a f é PÚBLICA 8 - MOEDA FALSA Diz o art. 289: “Falsificar, fabricando-a ou alte rando-a, moeda metálica ou papel de curso legal no país ou no estrangeiro”. 0 núcleo “falsificar” significa apresentar como verdadeiro o que não é, dar aparência enganosa a fim de passar por original. Falsificação grosseira caracteriza crime impossível. II - FALSIFICAÇÃO DE TÍTULOS E POTROS PAPÉIS PÚBLICOS Falsificação de papéis públicos Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: 1 - selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal desti nado à arrecadação de tributo (este inciso foi in tr oduzido pela Lei 11.035/04); II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; III - vaíe postal; IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público; V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo à arrecadação de rendas públi cas ou a depósito ou caução por que o poder públi co seja responsável; VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município. Pena: reclusão de dois a oito anos, e multa. § I o Incorre na m esm a pena quem: I - usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo; II - importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a controle tributário; II l - importa, exporta, adquire, vende, expõe à ven da, mantém em depósito, guarda, troca, cede, empres ta, fornece e porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário falsificado; b) sem selo oficial, nos casos em.que a legislação tribu tária determina a obrigatoriedade de sua aplicação. § 5o Equipara-se a atividade comercial, para fins do inciso III do § lô, qualquer forma de comércio irre gular ou clandestino, inclusive o exercício em vias, praças ou outros logradouros públicos ou residências. Este parágrafo foi introduzido pela Lei 11.035/04. FALSIDADE DOCUMENTAL Pode ser: a) Falsificação de documento público - Ao artigo 297 foram acrescentados os parágrafos 3o e 4o da Lei 9.983, de 14/7/2000, que trata de falsidade em docu mentos relacionados com a Previdência Social. b) Falsificação de documento particular (art. 298). Nesses dois tipos penais, o que se pune é a fal sidade material. Falsidade m ateria l - Diz respeito à forma do documento. O que se frauda é a própria forma do documento, que é alterada no todo ou em parte, ou é forjada pelo agente que cria um documento novo. Assim, quem cria documento valendo-se de identidade alheia comete falsidade material e não ideológica. Não há que se falar em falsidade sem capacidade de causar prejuízo. Falsidade ideológica - Diz respeito ao conteú do do documento. “Omitir, em documento públi co ou particular, declaração que dele deva constar, ou nele inserir declaração falsa ou diversa da que deveria ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato ju ri dicamente relevante” (art. 299). Nessa falsidade, a forma do documento é verdadeira, m as seu con teúdo é falso, isto é, a ideia ou declaração que o documento contém não corresponde à verdade. Falsidade de registro civil - É o registro de filho alheio como próprio. Falsidade de atestado médico - É crime pró prio e não basta o agente ser médico; é necessário que a conduta seja praticada no exercício da pro fissão (art. 302). Uso de documento falso - Diz o artigo 304: “Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os artigos 297 a 302”. A pena é a mes ma cominada à falsificação ou alteração. Para carac terização desse crime, é necessário que o documento saia da esfera do dono, que ele realmente o utilize (ex.: aluno que utiliza atestado falso para abonai’ faltas). OUTRAS FALSIDADES Falsa identidade - “Atribuir-se ou atribuir a ter ceiro falsa identidade para obter vantagem, em pro veito próprio ou alheio, ou causar dano a outrem” (art. 307). Incrimina-se aqui quem irroga, inculca ou imputa, a si próprio ou a terceira pessoa, identi dade que não é a verdadeira. O silêncio ou o con sentimento tácito a respeito de identidade atribuída por outrem não se enquadra nesse dispositivo. Não basta. para. a caracterização desse delito apenas a atribuição de falsa qualidade social; é preciso que o agente se atribua identidade inexa ta e não somente que indique falsa profissão. Ou seja, não basta apenas falar; é necessário mostrar um documento. Portanto, caracteriza esse crime a substituição de fotografia em documento de iden tidade subtraído da vítima, e não o crime de falsi dade de documento do artigo 297. Adulteração de sinal identificador de veiculo autom otor - “Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou equipamento.” Cr im e s c o n t r a a A d m in is t r a ç ã o p ú b l ic a FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS X APWIMiSTBAÇÃO EM GERAL Os crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral, ou crimes fun cionais, só podem ser praticados de forma direta por funcionário público. No entanto, podem ser praticados em coautoria por particular. Os crimes funcionais podem ser: a) próprios: a exclusão da elementar “ funcionário público” tom a a conduta atípica, ou seja, penal mente irrelevante; b) im próprios: a exclusão da elementar “funcio nário público” acarreta a desclassificação para outro crime; c) de coautoria ou participação: o coautor ou partí cipe que não for funcionário público responde pelo crime funcional. Isso porque as circunstâncias pes soais (ser.funcionário público), quando elementares do crime e integrantes do tipo penal, comunicam-se a todas as pessoas que dele participem. É necessário que o terceiro tenha conhecimento da condição de funcionário público do outro agente. Se ele não o tiver, não responde pelo delito funcional. Peculato - É semelhante ao crime de apropriação indébita, só que praticado por funcionário público (art. 312): “Apropriar-se de algo da Administração Pública, de que tenha posse em razão da função, ou desviar em proveito próprio ou alheio”, a) Peculato-furto (ou peculato impróprio) -Previsto no § I o: “Subtrair algo da Administração Pública, em proveito próprio ou alheio, aproveitando-se de sua qualidade de funcionário público”. b) Peculato culposo - Definido no § 2&: “Se o fun cionário público concorre culposamente para o crime de outrem”. Se houver a reparação do dano antes da sen tença irrecorrível, extingue-se a punibilidade do agente, mas só n a modalidade culposa. Se a repa ração ocorrer após o trânsito em julgado da sen tença, a pena é reduzida pela metade. Inserção de dados falsos em sistema de infor mações - “ Inserir ou facilitar, o funcionário autori zado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas infor matizados ou banco de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano”(art. 313-A). Pena: reclusão de dois a 12 anos e multa. Modificação ou alteração não autorizada de sis tem a de informações - Diz o art. 3 13-B: “Modificar ou alterar, o funcionário, sistema.de informações ou programa de informática sem autorização ou solici tação de autoridade competente” . Parágrafo único: as penas são aumentadas de um terço até metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. Trata-se de crime formal, que se consuma com a alteração ou a modificação. Admite-se a tentati va (ex.: no momento de iniciar a modificação de determinado software, o funcionário é surpreendi do, frustrando-se a execução). Extravio, sonegação ou mutilização de livro ou documento - “Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcial mente” (art. 314). Pena: reclusão de um a quatro anos, se o fato não constituir crime mais grave. Trata-se de um tipo penal alternativo que poderá ser concretizado de várias maneiras. Emprego irregular de verbas e rendas públi cas - “Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei” (art. 315). É cha mado de crime de desvio de verbas. Concussão - E a extorsão praticada por funcioná rio público. Exigir vantagem indevida, em razão da função (art. 316). É crime formal, que se consuma no momento em que a exigência chega ao conhecimen to do sujeito passivo. A efetiva obtenção da vantagem exigida é mero exaurimento. Portanto, a devolução da vantagem ou a falta de prejuízo não excluem o crime. Excesso de exação - E descrito de duas formas: 1, Exigir o pagamento de tributo ou contribuição social indevido (art. 316, § Io). 2. Empregar meio vexatório ou gravoso na cobrança (art. 316, § 2o). Nesse caso, o tributo é devido. Excesso de exação na forma qualificada - Desviar em proveito próprio ou de outrem o que recebeu inde vidamente para recolher aos cofres públicos. Corrupção passiva - Solicitar (portanto, algo mais brando do que exigir) ou receber vantagem indevida ou aceitar promessa de tal vantagem (art. 317). Com a Lei 10.763/03, a pena passou a ser de reclusão de dois a 12 anos e multa. a) Form a qualificada - A pena é aumentada se o funcionário, em conseqüência da vantagem, deixar de praticar ato de ofício ou infringir de ver funcional. b) Form a privilegiada - Quando a ação ou omis são funcional for motivada não por qualquer vantagem indevida, mas por pedido ou influên cia de outrem (§ 2o). A diferença é a motivação do funcionário público, que nesse caso não atua visando a interesse próprio. Facilitação de contrabando ou descaminho - Funcionário público que facilitei o contrabando ou descaminho e tenha como atribuição evitar o contra bando (art. 318). É um crime formal que se consuma no momento da prestação da ajuda, mesmo que o crime de contrabando não venha a se consumar. Prevaricação - “Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interes se ou sentimento pessoal” (art. 319). Com o advento da Lei 11.466/07 foi acrescido o artigo 329 A, que dispõe: “Deixar o diretor de penitenciária e/ou agente pú blico de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que per mita a comunicação com outros ou com o ambiente externo.” Pena - detenção de três meses a um ano. Esta lei também introduziu o inciso VII ao artigo 50 da LEP, sendo que agora comete falta grave o preso que tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar que permita a comuni cação com outros presos ou com o ambiente externo. Resumão Jurídico A rt. 71 - Utilizar, na cobrança de dívidas, de amea ça, coação, constrangimento físico ou moral, afir mações falsas incorretas ou enganosas ou de qual quer outro procedimento que exponha o consumi dor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer, - Consuma-se o crime com a utilização efetiva de meios vexatórios na cobrança de dívidas de consumo. Observação O sujeito ativo pode ser essoa que faz cobrança vexatória de dívidas de consumo. t A rt. 72 - Impedir ou dificultar o acesso do con sumidor às informações que sobre ele constem em cadastros, banco de dados, fichas e registros. - Consuma-se o crime com o impedimento de aces so a informações cadastrais, A rt. 73 - Deixar de corrigir imediatamente infor mação sobre consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata. -Consuma-se o crime com a omissão do arquivista em corrigir a informação inexata. Fundamento da retificação de dados (art. 43, § 3o). Observação Nos dois casos anteriores, o sujeito ativo é o arquivista. Não é ofornecedor. • Art. 74 - Deixar de entregar ao consumidor o ter mo de garantia adequadamente preenchido e com a especificação clara de seu conteúdo. - Consuma-se o crime quando o fornecedor, no ato do fornecimento, não entrega o termo de garantia adequadamente preenchido e conforme as regras do artigo 50 do CDC, - Se o fornecedor inform ar claramente ao consu midor que o produto não tem garantia contratual, não há o crime, pois é liberalidade do fornecedor o oferecimento da garantia contratual. TUTELA JURISDICIONAL ■ ACÕES PARA DEFESA DO CONSUMIDOR Há algumas ações que podem ser utilizadas para a defe sa do consumidor em juízo que se encontram fora do CDC. Para que possamos ter uma visão mais geral da matéria, passaremos pela ação popular e pela ação civil pública. ■ AÇÃO POPULAR (disciplinada pela Lei 4.717/65) Pode ser utilizada pelo consumidor em sua defesa. Está à disposição de qualquer cidadão para obter a ■ invalidação de atos lesivos do patrimônio federal, esta dual, municipal e distrital, e de quaisquer pessoas jurídi cas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos. Sua utilização é restrita na responsabilização por danos ao consumidor, pois somente o cidadão no gozo de seus direitos cívicos e políticos, munido de seu título eleitoral, poderá propor a ação popular. Nào estão legitimados, por exemplo, o Ministério Público e partidos políticos. ■ AÇÃO CIVIL PÚBLICA (disciplinada pela Lei 7,347/85) A ação civil pública é utilizada tanto para proteger os interesses difusos como os coletivos e os indivi duais homogêneos. A diferença principal entre interesses difusos e inte resses coletivos está na titularidade: • interesses difusos - titularidade: pessoas indetermi nadas (art. 8 1 ,1); • interesses coletivos - titularidade: pessoas integran tes de grupo, categoria ou classe - art. 81, II); • não pode ser utilizada para amparar direitos indivi duais puros. Segundo o artigo 1Q da Lei 7.347/85, a ação civil pública é adequada para a proteção dos direitos ou inte resses difusos ou coletivos referentes ao consumidor. Legitimidade para agir 1. Ministério Público; 2. União, estados e municípios; 3. autarquias; 4. empresas públicas; 5. fundações; S. sociedades de economia mista; 7. associações. Foro com petente O do local onde ocorrer o dano (art. 2o). Objeto da condenação Terá por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. Coisa julgada A sentença fará coisa julgada erga omnes - efei tos serão para todos - artigo 16 da Lei 7.347/85 (LACP). Se, contudo, a ação for julgada improcedente por insuficiência de provas, qualquer legitimado pode rá intentar outra ação com idêntico fundamento, mas com novas provas. Particularidades t O produto da condenação em dinheiro não beneficia o autor da ação, mas é recolhido a um fundo destina do à restituiçãodos bens lesados (art. 13, LACP). • Na condenação da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominaçào de multa de diária (osíraníe). ■ AÇÃO COLETIVA (arts. 91 a 100) A ação coletiva para defesa dos interesses indi viduais homogêneos é uma versão abrasileirada da conhecida class action americana. O bjeto da ação Defesa em juízo dos direitos individuais homogê neos, que são: 1. os vinculados a uma pessoa - homogeneidade - (iguais ou idênticos para todos os interessados); 2. de natureza divisível; 3. titularidade de pessoas diversas (determináveis); 4. decorrentes de origem comum, Poderiam ser propostas inúmeras ações indivi duais, mas o CDC permite o ajuizamento de uma única ação coletiva, em benefício de todas as vítimas do mesmo evento. Legitimação para agir (art. 82) 1. Ministério Público; não sendo autor, o MP atuará obrigatoriamente como fiscal da lei (art. 92), sob pena de nulidade processual; 2. União, estados, municípios e Distrito Federal; 3. entidades e órgãos da administração pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, destina dos à defesa dos interesses e direitos do consumidor; 4. associações privadas legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos do consumidor. O requisito de um ano de constituição pode ser dispensado pelo juiz quando houver mani festo interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido (art, 82, § 1°). Foro com petente O do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local. Foro da capital do estado ou no Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional. Condenação Na ação coletiva, se for procedente o pedido, a con denação será genérica, fixando a responsabilidade do réu pelos danos causados (art. 95). Após a condenação, deverão ser promovidas a liqui dação e a execução. Coisa julgada A coisa julgada, no caso de procedência do pedido, produz efeitos erga omnes (contra todos), benefician do todas as vítimas do mesmo evento e seus sucesso res (tenham ou não ingressado como litisconsortes) e incidindo sobre o réu. Se o pedido for julgado improcedente por insufi ciência de provas, os efeitos ocorrerão somente entre as partes, podendo qualquer legitimado propor nova ação, valendo-se de nova prova. Produto da condenação Vai para o patrimônio das vítimas, em ressarcimen to da lesão sofrida. Excepcionalmente, reverterá para o fundo destina do à restituição dos bens lesados, conforme disposição do artigo 100 e parágrafo único, quando não houver um número de habilitações compatíveis com a gravi dade do dano, sendo a liquidação e execução promovi das pelos legitimados do artigo 82. ■ AÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL (arts. 101 e 102) A ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços visa ao ressarcimento civil do con sumidor no âmbito individual. A ação poderá ser utilizada tanto para impedir a ocorrência do dano como para indenizar o consumi dor do prejuízo sofrido. Foro com petente A ação poderá ser proposta no foro do domicílio do autor. Particularidades a) O réu que houver contratado seguro de responsa bilidade poderá chamar ao processo o segurador, vedada a integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). b) Se o réu houver sido declarado falido, o administra dor judicial será intimado e deverá informar a exis tência de seguro de responsabilidade. c) Se houver seguro, será facultado o ajuizamento de ação de indenização direta em face do segurador; neste caso, é vedada a denunciação da lide ao Insti tuto de Resseguros do Brasil (IRB). Barros, Fischer & Associados Resumão Jurídico DIREITO DO CONSUMIDOR 2 a ed ição 13 t ira g e m - A g o s to 20 10 C o n se lh o e d ito r ia l: Marcos Antonio Oliveira Fernandes, Andréa Barros e Flávio Barros Pinto A u to re s : A na C láudia S. Scalquette , é doutora em Direito Civil pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Direito Polftico e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie; professora da graduação e pós-graduação da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, nas disciplinas dê Direito Civil e de Tutela nas Relações de Consumo: professora de cursos preparatórios para concursos públicos na área jurídica; advogada. Rodrigo Arnoni Scalquette, é doutorando em Filosofia do Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), mestre em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e especialista em Direito do Consumidor e em Direito Público e Privado; professor da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, nas disciplinas de Direito Penal e História do Direito; < ’ " E diç ão : Andréa Barros A r te : Cláudio Sçalzite e Flávia Barros P re p a ra ç ã o e rev is ã o : Mareia Menin R esum ão Ju ríd ic o - D ire ito d o C on sum idor é uma publicação da Barros, Fischer & Associados Ltda., sob licença editorial dos autores. Copyright © 2010 Ana Cláudia S. Scalquette e Rodrigo Arnoni Scalquette. Todos os direitos desta edição reservados para Barros, Fischer & Associados Ltda. lmportante:acompanhe eventuais atualizações legislativas sobre Direito do Consumidor no site w w w .res u m a o .c o m .b r E n d ereç o : Rua Ulpiano, 86 Lapa, São Paulo, CEP 05050-020 Telefone/fax: 0 (xx) 11 3675-0508 Site: w w w .re s u m a o .c o m .b r E-mail: c o n ta to § re s u m a o .c o m .b r Im p re ss ão : Eskenazi Indústria Gráfica Ltda. D is tr ib u iç ã o e v e n d a s : Bafisa, te!.: 0 (xx) 11 3675-0508 Reprodução proibida É expressamente proibida parcial do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização do editor. ISBN 978-857711145-9 7 8 8 5 7 7 *1 1 1 4 5 9