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2015 Estatística E indicadorEs sociais Prof.ª Ana Luisa Fantini Schmitt Prof.ª Silvana Braz Wegrzynovski Copyright © UNIASSELVI 2015 Elaboração: Prof.ª Ana Luisa Fantini Schmitt Prof.ª Silvana Braz Wegrzynovski Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 310.7 S355e Schmitt, Luisa Fantini Estatística e indicadores sociais/Ana Luisa Fantini Schmitt, Silvana Braz Wegrzynovski . Indaial : UNIASSELVI, 2015. 223 p. : il. ISBN 978-85-7830-887-2 1. Estatística. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. III aprEsEntação A disciplina que se inicia neste momento no curso de Serviço Social, Estatística e Indicadores Sociais, tem como propósito estudar os procedimentos estatísticos e o uso dos mesmos na análise dos dados, os embasamentos teóricos da estatística e suas respectivas fases mediante um trabalho estatístico, como se procede a tabulação, a formulação de tabelas e gráficos, e como a estatística se fundamenta no processo de elaboração dos indicadores sociais. O objetivo da disciplina é oferecer noções básicas sobre estatística, para que sirva de instrumento fundamental nas pesquisas sociais como a concepção dos indicadores sociais para os assistentes sociais na aplicabilidade da profissão. O conteúdo exposto no respectivo caderno de estudo da referida disciplina, será desenvolvido em três unidades. Na Unidade 1 serão enfatizados os significados e a importância da estatística e dos indicadores sociais para o profissional do Serviço Social; na continuação deste, abrangerá sobre o papel dos indicadores sociais no monitoramento e avaliação das políticas públicas. A Unidade 2 propõe estudar os principais e básicos cálculos estatísticos, que serão utilizados pelo assistente social, através de uma relação entre a matemática e estáticas, através de exemplos práticos. Por fim, na Unidade 3, será abordada a realidade brasileira, mediante os indicadores sociais, mediante análise socioeconômica territorial, quais são os indicadores sociais que se fundamental na construção das políticas públicas, como por exemplo, os indicadores da saúde e da longevidade, da educação, do trabalho, de renda e de vulnerabilidade social no Brasil. Vamos aos nossos estudos! Prof.ª Ana Luisa Fantini Schmitt Prof.ª Silvana Braz Wegrzynovski IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfi m, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI V VI VII UNIDADE 1 – O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL .................................................................... 1 TÓPICO 1 – ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL ....................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 O CONCEITO DE ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL ......................................................... 4 2.1 ROMPENDO COM OS PROTÓTIPOS ......................................................................................... 4 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 11 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 14 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 16 TÓPICO 2 – INDICADORES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL .................................................. 17 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 17 2 OS DADOS ESTATÍSTICOS E SUA UTILIZAÇÃO PARA PARÂMETROS DA ANÁLISE DE RESULTADOS ................................................................................................................................ 19 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 29 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 31 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 33 TÓPICO 3 – UMA ANÁLISE DOS PRINCIPAIS INDICADORES SOCIAIS DA REALIDADE DO BRASIL .............................................................................................. 35 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 35 2 O SERVIÇO SOCIAL E OS FUNDAMENTAIS INDICADORES SOCIAIS DO BRASIL .... 36 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 51 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 55 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 56 TÓPICO 4 – OS INDICADORES SOCIAIS E A ERRADICAÇÃO DA POBREZA NO BRASIL ........................................................................................................................ 57 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 57 2 OS INDICADORES SOCIAIS E A ERRADICAÇÃO DA POBREZA NO BRASIL ................ 57 LEITURACOMPLEMENTAR ............................................................................................................... 63 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 67 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 68 UNIDADE 2 – CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS .................................................................. 69 TÓPICO 1 – DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA ............................................................................ 71 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 71 2 DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA ................................................................................................ 71 3 TIPOS DE DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA ............................................................................ 72 3.1 DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA SEM INTERVALOS DE CLASSE ................................... 72 3.2 DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA COM INTERVALOS DE CLASSE.................................. 74 sumário VIII 4 ELEMENTOS DE UMA DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA .................................................... 75 4.1 MÉTODO PRÁTICO PARA CONSTRUÇÃO DE UMA DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA COM INTERVALOS DE CLASSE ...................................................................... 77 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 81 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 82 TÓPICO 2 – REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS DAS DISTRIBUIÇÕES DE FREQUÊNCIA .........................................................................................................85 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................85 2 TIPOS DE GRÁFICOS DE UMA DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA ..................................85 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................88 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................89 TÓPICO 3 – MEDIDAS DE POSIÇÃO (MÉDIA, MODA E MEDIANA) ..................................91 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................91 2 MÉDIA ARITMÉTICA (X ) ...............................................................................................................92 2.1 DADOS NÃO AGRUPADOS .......................................................................................................92 2.2 DADOS AGRUPADOS EM DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA SIMPLES ........................92 2.3 DADOS AGRUPADOS EM DISTRIBUIÇÕES COM INTERVALOS DE CLASSES .............93 3 MODA (Mo) .........................................................................................................................................100 3.1 DADOS NÃO AGRUPADOS .......................................................................................................100 3.2 DADOS AGRUPADOS EM FREQUÊNCIA SIMPLES .............................................................100 3.3 DADOS AGRUPADOS EM CLASSE ..........................................................................................101 4 MEDIANA (Md) ..................................................................................................................................103 4.1 DADOS NÃO AGRUPADOS .......................................................................................................103 4.2 FREQUÊNCIA SIMPLES ..............................................................................................................105 4.3 DADOS AGRUPADOS .................................................................................................................107 5 SIMETRIA E ASSIMETRIA .............................................................................................................109 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................112 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................113 TÓPICO 4 – MEDIDAS DE DISPERSÃO (DESVIO PADRÃO E COEFICIENTE DE VARIAÇÃO) ..............................................................................................................115 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................115 2 AMPLITUDE TOTAL .........................................................................................................................116 3 DESVIO PADRÃO .............................................................................................................................116 3.1 DESVIO PADRÃO AMOSTRAL E DESVIO PADRÃO POPULACIONAL ..........................116 3.2 CÁLCULO DO DESVIO PADRÃO .............................................................................................117 3.2.1 Dados não agrupados ..........................................................................................................117 3.2.2 Dados de frequência simples ..............................................................................................119 3.2.3 Frequência de classes ...........................................................................................................121 4 COEFICIENTE DE VARIAÇÃO ......................................................................................................123 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................126 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................129 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................130 IX UNIDADE 3 – INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL ......................................................................................................131 TÓPICO 1 – INDICADORES SOCIAIS E ESTATÍSTICA NA PRÁTICA .................................133 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................133 2 INDICADORES SOCIAIS E AS POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS .......................................134 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................143 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................147 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................149 TÓPICO 2 – A CONSTRUÇÃO DOS INDICADORES SOCIAIS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS.................................................................................................151 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................151 2 OS DADOS E INDICADORES SOCIOECONÔMICOS ...........................................................151 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................171RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................174 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................176 TÓPICO 3 – INICIAÇÃO ÀS FONTES DE DADOS E INDICADORES ECONÔMICOS .....177 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................177 2 AS PRINCIPAIS PESQUISAS, INDICADORES, DIAGNÓSTICOS SOCIAIS E FONTES DE DADOS DO BRASIL .................................................................................................178 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................188 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................193 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................195 TÓPICO 4 – A IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS ................197 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................197 2 O SERVIÇO SOCIAL NO MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS ............................................................................................................................................198 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................213 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................215 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................217 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................219 X 1 UNIDADE 1 O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Esta disciplina tem por objetivos: • conhecer a intervenção da estatística no serviço social; • estudar os indicadores sociais no cotidiano profissional do assistente so- cial; • compreender a utilização da estatística e dos indicadores sociais a para análise na realidade social e na construção do diagnóstico social; • analisar os indicadores sociais e a erradicação da pobreza no Brasil. A Unidade 1 está dividida em quatro tópicos. Para um melhor aprofundamento do conteúdo e fixar melhor seus conhecimentos, no final de cada tópico você terá oportunidade de realizar as atividades propostas. TÓPICO 1 – ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL TÓPICO 2 – INDICADORES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL TÓPICO 3 – ANÁLISE DOS PRINCIPAIS INDICADORES SOCIAIS DA REALIDADE DO BRASIL TÓPICO 4 – OS INDICADORES SOCIAIS E A ERRADICAÇÃO DA POBREZA NO BRASIL 2 3 TÓPICO 1UNIDADE 1 Este vídeo corresponde aos tópicos 1 e 2 ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL 1 INTRODUÇÃO Este primeiro tópico de ensino tem como iniciativa apresentar o conceito e os fundamentos da estatística como instrumento na definição das informações numéricas, que desde a época a.C. são utilizados na definição dos números, e que de diversas maneiras possibilitam a utilização das informações, uma leitura do contexto social, de uma determinada área geográfica. Os números se fazem presentes cotidianamente nas mais diversas atividades das pessoas, que vão desde tarefas domésticas ou então de ordem mundial, por exemplo, o valor de uma compra de todos os tipos de comércio, como mercado, lojas de vestuários, automobilísticas entre outras, a variação cambial do dólar, mudanças econômicas, alterações dos percentuais de vulnerabilidades econômicas, sociais e culturais de uma determinada região. A importância de citar resultados é uma questão que coloca vários desafios para todas as categorias profissionais, para o serviço social, em especial, pois encontra demanda nos locais de atuação profissional, dificultando assim citar e comparar resultados mediante a realidade estudada, sendo possível somente quando possuir um controle específico dos resultados coletados. O Serviço Social, como profissão, trabalha especificamente com as questões sociais e suas mazelas. Quando se escolhe este curso na graduação, os acadêmicos já vêm com a ideia do objetivo do curso, sendo importante realizar os estudos dos dados estáticos para mudar uma demanda social, comprovando através dos números a diferença dos resultados alcançados com a intervenção profissional do assistente social. O objetivo deste tópico é mostrar que o estudo e compreensão da estatística pode se tornar uma ferramenta importante no processo de implementação, monitoramento e avaliação das políticas públicas sociais. UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL 4 Este tópico visa enfatizar a importância dos dados estatísticos que são coletados, como alusão ao processo de informação da realidade social estudada em questão, referenciando a utilização da estatística direcionada à técnica específica de manipulação das informações relacionadas ao público-alvo das políticas sociais. A compreensão e a análise dos dados oportunizam um entendimento mais abrangente das questões analisadas, podendo auxiliar na classificação das áreas que são ou não de vulnerabilidade social. Então vamos aos estudos. 2 O CONCEITO DE ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL 2.1 ROMPENDO COM OS PROTÓTIPOS Para o Serviço Social, conhecer a estatística é importante, pois rompe com protótipos que ao longo das nossas vidas se materializam como conceitos que se tornam verdades, como por exemplo: “não vou utilizar isso nunca na minha vida”, “não suporto matemática e nem cálculos”, “odeio tabelas e gráficos”, onde se cria um obstáculo, que precisa estar muito bem fundamentado para poder rompê-lo. Os números fazem parte do dia a dia de todas as classes sociais, todas as categorias profissionais, no meio universitário e acadêmico, há certa oposição ao que se refere aos conceitos sobre estatísticas. Uma das provações dessa disciplina é romper com os paradigmas fundamentados sobre os conhecimentos da estatística. Uma das finalidades da estatística é de realizar a organização dos dados coletados, dos dados estatísticos que se pretendem trabalhar para uma devida finalidade. Conforme Marcelino (2010, p. 2), pode-se entender como estatística: A coleta, a apresentação e a caracterização da informação, visando assistir à análise de dados e o processo de decisão. A estatística descritiva envolve a coleta, a análise e a apresentação de um conjunto de dados para descrever as diversas características deste conjunto de dados. A estatística inferencial consiste nos métodos de estimativas de uma população com base nos estudos sobre amostras. A população é a totalidade dos itens que estão sendo considerados. A amostra é a parte da população que está sendo apreciada para análise. A população finita é aquela que possui um limite quantitativo, enquanto a infinita se refere a quantitativos sem limite. Um parâmetro é uma medida sintética que descreve um estado da população. Os dados podem ser dos tipos qualitativos ou quantitativos. Os dados quantitativos discretos são aqueles que podem ser contados. TÓPICO 1 | ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL 5 Os dados qualitativos contínuos são os que podem ser medidos. Estudos enumerativos envolvem a tomada de decisão, com basenas características de uma população sob análise. Estudos analíticos envolvem a tomada de uma decisão sobre um processo visando ao aumento de performance no futuro. Os dados coletados deverão ser avaliados conforme as necessidades de atuação, sendo que o resultado final do trabalho desenvolvido depende especificamente de cada situação, pois a estatística conforme o conceito acima citado tem uma conexão com a realidade dos fatos listados, havendo a interferência de cada especificidade e generalidades da ciência como meio de intervenção. Novamente Marcelino (2010, p. 1), ressalva: [...] a estatística é uma ciência que estuda e pesquisa sobre: o levantamento de dados com a máxima quantidade de informação possível para um dado custo; o processamento de dados para a quantificação da quantidade de incerteza existente na resposta para determinado problema; a tomada de decisões sob condições de incerteza, sob o menor risco possível. Diante disso, pode-se constatar que a estatística tem o papel de auxiliar, identificar e mapear o público-alvo para ser atingido com determinada ação profissional, como também de quantificar todos os resultados que são adquiridos em uma determinada pesquisa, que necessite de certo diagnóstico estatístico. Todos os procedimentos da estatística, bem como seus métodos, estão relacionados na maioria das áreas de conhecimento, pois cada vez que precisa realizar uma coleta de dados, para conhecer um território, uma instituição analisa todas as esferas (social, cultural, política, econômica etc.) de um determinado município, estado ou país. IMPORTANT E A estatística não é um ramo da matemática onde se investigam os processos de obtenção, organização e análise de dados sobre uma determinada população (e/ou região). A estatística também não se limita a um conjunto de elementos numéricos relativos a um fato social, nem a números, tabelas e gráficos usados para resumo, à organização e apresentação dos dados de uma pesquisa, embora este seja um aspecto da estatística que pode ser facilmente percebido no cotidiano (não só por profissionais, mais por toda a sociedade). Ela é uma ciência multidisciplinar, que permite a análise estatística de dados de um físico. Poderia também ser usada por um economista, agrônomo, químico geólogo, matemático, biólogo, sociólogo, psicólogo e cientista político. (MARCELINO, 2010, p.1). UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL 6 A origem histórica da estatística antecede o período denominado “antes de Cristo - a.C.”, pois existem citações bíblicas que usavam o recadastramento para utilizar nos censos, objetivando a cobranças de taxas de impostos, de alistamento para as guerras e também para um controle das crianças que nasciam vivas. Um exemplo bíblico a ser utilizado, para provar a existência da estatística a.C., é através da história de Moisés, onde era solicitado perante um censo o controle de filhos primogênitos masculinos que nasciam vivos, pois deveriam serem sacrificados. “[...] Há indícios de que 3.000 anos a.C. já se faziam censos na Babilônia, China e Egito e até mesmo o quarto livro do Velho Testamento faz referência a uma instrução dada a Moisés”. FONTE: Disponível em: <http://www.ufrgs.br/mat/ graduacao/estatistica/historia-da-estatistica>. Acesso em: 9 abr. 2015. Outra alusão que afirma que a estatística existe a.C., é a história do nascimento de Jesus Cristo, onde seus pais Maria e José estavam a caminho de Belém para participar de um censo estatístico. FIGURA 1 – NASCIMENTO DE JESUS FONTE: Disponível em: <https://divulgandoascensao.wordpress.com/category/jesus/> Acesso em: 9 abr. 2015. Na atualidade, as chamadas ciências investigativas, tornaram-se importantes, pois apresentam as taxas de referências para a atuação de diversas categorias profissionais. No caso do assistente social, na sua atuação prática diária, as taxas são utilizadas através de vários exemplos, como: taxa per capita, taxa de vulnerabilidade social, taxa de desempregos, taxa de mulheres chefes TÓPICO 1 | ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL 7 de família, taxa de analfabetismo, entre outros, sendo papel do profissional de serviço social conseguir realizar uma leitura científica das taxas referenciadas em uma determinada pesquisa. Os censos ou o recenseamento demográfico, realizado em um período de dez em dez anos, é um conjunto de estudos demográficos de uma determinada população, e que congrega as mais diversas informações da realidade em estudo, através de um levantamento socioeconômico, sendo um instrumento indispensável para o conhecimento do profissional de serviço social. DICAS [...] os recenseamentos cobrem a totalidade do território e fornecem dados desagregados em nível de grandes regiões, unidades de federação, macro e microrregiões, municípios, distritos e até mesmo em nível de setor censitário (unidade geográfica de coleta que, zona urbana, compreende cerca de 300 domicílios). (JANNUZZI, 2006, p. 40). A contagem da população e sua “demarcação” mediante critérios políticos, sociais, econômicos, culturais, religiosos vêm antes mesmo da era pré- cristã, acontece através dos censos demográficos, conforme a necessidade de cada momento histórico. O Brasil é um dos países que possui o censo demográfico mais completo e detalhado se comparado como outros países. Para Jannuzzi (2006, p. 41): “[...] sua operação envolve mais de duas centenas de milhares de pessoas para recensear os mais de 37 milhões de domicílios brasileiros, dispersos nos mais de 5.500 municípios”. FIGURA 2 – CENSO DO IBGE FONTE: Disponível em: <http://www.proparnaiba.com/redacao/2011/07/29/ibge-abre- 4-250-vagas-tempor-rias-para-agente-de-pesquisa.html>. Acesso em: 10 abr. 2015. UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL 8 Normalmente as políticas públicas, nas mais diversas áreas, são implementadas através das demandas sociais que são apresentadas por meio dos dados copilados e situados em um censo. O censo demográfico é concretizado a cada dez anos, e tem por objetivo a contagem da população, no intervalo desse período é realizada a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – PNDAS, visando um acompanhamento anual sistêmico do panorama socioeconômico, um dos focos mais relevantes dessa pesquisa é a fecundidade/anticoncepção, a migração, saúde, mobilidade, os associativismos partidários, os bens de consumo. A década de 80 teve um destaque especial na pesquisa sobre o mercado de trabalho. Para saber mais acesse os links: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad98/ saude/metodologia.shtm>. <ftp://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Nacional_por_Amostra_de_ Domicilios_continua/Notas_metodologicas/notas_metodologicas.pdf>. DICAS Pode-se considerar que a implantação da Política Nacional de Assistência Social – PNAS, de 2004, tem com referência a classificação dos municípios pelo porte demográfico de cada um deles, conforme dados do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. TABELA 1- CLASSIFICAÇÃO DOS MUNICÍPIOS SEGUNDO TOTAL DE HABITANTES Classificação do Município Total da população Municípios pequenos 1 Com população de até 20.000 habitantes Municípios pequenos 2 Com população de até 20.001 a 50.000 habitantes Municípios médios Com população de até 50.001 a 100.000 habitantes Municípios grades Com população de até 100.001 a 900.000 habitantes Metrópoles Com população maior que 900.000 habitantes FONTE: Adaptado de: <file:///C:/Users/User/Downloads/PNAS%202004%20e%20NOBSUAS_08.0 8.2011.pdf>. Acesso em: 9 abr. 2015. TÓPICO 1 | ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL 9 Para saber mais, acesse o site do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome da Secretaria Nacional de Assistência Social, e estude o arquivo disponível em: <http:// www.mds.gov.br/assistenciasocial/arquivo/Politica%20Nacional%20de%20Assistencia%20Social%202013%20PNAS%202004%20e%202013%20NOBSUAS-sem%20marca.pdf>. DICAS Com toda a certeza, você, caro(a) acadêmico(a), deve estar se questionando: Qual é a finalidade de estudar estatística no Serviço Social? Diante desse questionamento, é primordial compreender que para o serviço social, o referencial estatístico é de suma importância devido à característica investigativa que a própria profissão possui da realidade em foco. Com essa atuação o profissional tem parâmetros para a elaboração de um diagnóstico social, que seja propositivo e analítico perante as demandas sociais que são encontradas no dia a dia do profissional. A citação e referência aos dados podem oferecer à análise resultado positivo ou negativo, que servirão de apoio para o desenvolvimento de programas e projetos, conforme a necessidade atual. Marcelino (2010) enfatiza que a estatística tem aumentado a sua participação na linguagem das agilidades profissionais da conjuntura atual, visando que os números e seus respectivos significados refletem as questões do cotidiano, permitindo à análise apoio dos fatos e dados copilados. No serviço social a estatística é utilizada como uma ferramenta que está inclusa nos instrumentais teóricos e metodológicos referentes à atuação profissional do assistente social, possibilitando a análise e compreensão da realidade social em que se pretende conhecer. Dessa maneira promove quantificar os dados numéricos da realidade em estudo, apresentando informações relacionadas às análises realizadas, tanto de maneira propositiva como crítica dos resultados apresentados, que resultarão em uma intervenção crítica e também criativa nas demandas sociais, através de programas e projetos. A estatística se torna uma ferramenta importante para o profissional que possui habilitação para planejar, executar e avaliar projetos, pesquisas e programas, impondo o reconhecimento das referências estatísticas para uma ação investigativa da realidade social em que o assistente social está atuando. UNI UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL 10 Outro questionamento que você, caro(a) acadêmico(a), deve estar querendo saber: É possível fazer uma reflexão sem usar as referências da estatística na atuação profissional? Mediante tal questionamento, se torna fundamental o estudo e o conhecimento da pesquisa como instrumento no desenvolvimento da profissão de serviço social. Conforme a autora Bourguignon (2007, p. 47), defende que: [...] as pesquisas em Serviço Social têm contribuído para avanços significativos em diferentes campos da ação profissional, no âmbito das políticas públicas, no enfrentamento das expressões da questão social em diferentes momentos históricos, na construção da proposta curricular e definição dos seus fundamentos teóricos e metodológicos, na consolidação do projeto ético-político profissional, entre outros aspectos. As origens históricas da profissão, perante as aflições e indignações da realidade social, fazem com que os assistentes sociais busquem investigar proporcionando um novo conhecimento sistêmico, com um retorno emergente às demandas sociais, preponderando todo o público pesquisado e os serviços já ofertados, levando sempre em consideração que o público do serviço social é usuário instituído de direitos sociais. Essa indignação com as diferenças sociais oportuniza aos assistentes sociais usarem uma prática investigativa, e uma pesquisa que resulta em uma reflexão da realidade social. “[...] a pesquisa se revela como potencialidade para o Serviço Social, e é neste contexto que se enfrenta o desafio de construir articulações orgânicas entre a produção de conhecimento e a prática profissional.” (BOURGUIGNON, 2007, p. 49). Os usuários do Serviço Social possuem um papel ativo na participação de uma pesquisa social. Cabe também ao assistente social a orientação e um retorno para os usuários sobre a pesquisa realizada, baseado no princípio ético da profissão. Citando novamente Bourguignon (2007, p. 52). A pesquisa para o Serviço Social deve gerar um conhecimento que reconheça os usuários dos serviços públicos como sujeitos políticos que são capazes, também, de conhecer e intervir em sua própria realidade como autonomia, desvencilhando-se das estratégias de assistencialismo, clientelismo e subalternidade, tão presentes nas ações governamentais e políticas públicas. TÓPICO 1 | ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL 11 IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA PARA O PROCESSO DE CONHECIMENTO E TOMADA DE DECISÃO Sérgio Aparecido Ignácio A estatística tem sido utilizada na pesquisa científica nas mais variadas áreas do conhecimento, visando à otimização de recursos econômicos e de processos de produção, bem como ao aumento da qualidade e produtividade nas questões judiciais, na medicina, em pesquisas envolvendo levantamentos por amostragem, em previsões de safras e em muitos outros contextos. Trata-se de uma ciência multidisciplinar, que vem sendo empregada nos diferentes ramos do conhecimento, dentre eles a agronomia, biologia, direito, economia, engenharia, farmácia, física, geologia, hidrologia, matemática, medicina, nutrição, odontologia, psicologia, química e sociologia. Atualmente os dados estatísticos são obtidos, classificados e armazenados em meios magnéticos e disponibilizados em diversos sistemas de informações acessíveis a pesquisadores/ gestores, cidadãos e organizações da sociedade, que, por sua vez, podem utilizá- los para o desenvolvimento de suas atividades. A expansão no processo de obtenção, armazenamento e disseminação de informações estatísticas tem sido acompanhada pelo rápido desenvolvimento de novas técnicas e metodologias de análise de dados estatísticos (RODRIGUES et al., 2003). Praticamente todas as informações divulgadas pelos meios de comunicação provêm de alguma forma de pesquisas e estudos estatísticos. O crescimento populacional, os índices de inflação, emprego e desemprego, o custo da cesta básica, os índices de desenvolvimento humano são alguns exemplos de pesquisas divulgadas pelos meios de comunicação e que se utilizam dos métodos estatísticos. Na área tecnológica, a corrida espacial criou diversos problemas relacionados ao cálculo da posição de uma nave espacial, cujos cálculos dependem de teorias estatísticas mais avançadas, considerando que estas informações, como sinais de satélite, são recebidas de forma aleatória e incerta (ENCE, 2010). [...] Na pesquisa científica, a estatística é empregada desde a definição do tipo de experimento, na obtenção dos dados de forma eficiente, em testes de hipóteses, estimação de parâmetros e interpretação dos resultados. Permite, assim, ao pesquisador, testar diferentes hipóteses a partir dos dados empíricos obtidos. [...] No mercado financeiro e instituições bancárias, os métodos estatísticos são empregados para modelagem financeira e econômica, visando modelar o comportamento do crédito, da inadimplência, a movimentação de ações e previsões de taxas de juros, possibilitando estabelecer estratégias para a concessão de empréstimos que maximizem os lucros. LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL 12 [...] Em qualquer país, a estatística é ferramenta fundamental para que se possa traçar planos sociais e econômicos e projetar metas para o futuro. Técnicas estatísticas avançadas permitem estimar, com um bom grau de precisão, variáveis como tamanho da população, taxa de emprego e desemprego, índices de inflação, evasão escolar, demanda por determinados bens e serviços, assim como formular planos para atingir as metas programadas de avanço no bem-estar social. Em face da imensa quantidade de dados e indicadores socioeconômicos e demográficos atualmente coletados e analisados pelos diferentes institutos de pesquisa (públicos ou privados), tornou-se inquestionável a importância da ciência estatística nosúltimos dois séculos. Segundo Paris (2007), Estratégias para a redução da pobreza e o desenvolvimento mundial apoiam-se na Estatística. Sua utilização engloba, desde a elaboração até a implementação de políticas e programas nacionais, tais como programas de Estratégias de Redução da Pobreza, cumprimento dos objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), definidos em nível internacional, servindo para avaliar o desempenho destas políticas junto à sociedade. Estatísticas confiáveis descrevem a realidade quotidiana das pessoas; revelam, por exemplo, onde se encontram os pobres, por que razão são pobres e de que maneira vivem. Por sua vez, estas informações fornecem as evidências necessárias à implementação e ao controle de políticas de desenvolvimento efetivas. Indicam onde os recursos são mais necessários e fornecem meios para avaliar o progresso e medir o impacto de diferentes políticas. Estatísticas de boa qualidade também aprimoram a transparência e a responsabilidade quanto à prestação de contas na elaboração de políticas, dois elementos essenciais para uma gestão pública eficiente e eficaz, pois permitem que os cidadãos avaliem o sucesso de políticas governamentais e desafiem as autoridades a responder por essas políticas. Em institutos de pesquisa como o IBGE, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), IPARDES, Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), a ciência estatística é responsável pela operacionalização de pesquisas socioeconômicas, agropecuárias ou demográficas sobre a realidade brasileira, permitindo a construção de indicadores estatísticos sintéticos para a utilização na esfera federal, estadual e municipal, possibilitando o estudo, planejamento, acompanhamento e avaliação de programas e políticas públicas. Os maiores exemplos da importância da estatística para o gestor público é a realização, pelo IBGE (2010) do levantamento de Informações Sociais, Demográficas e Econômicas, envolvendo: • Estatísticas de Âmbito Social e Demográfico: Podem ser destacados alguns levantamentos que têm como base a coleta de informações junto aos domicílios. Realizado decenalmente, o Censo Demográfico se constitui como núcleo das estatísticas sociodemográficas, auxiliando os gestores públicos a entender melhor a dinâmica da população e a organizar seus gastos com saúde e assistência social. No intervalo entre dois Censos é realizada a Contagem da TÓPICO 1 | ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL 13 População, operação censitária fundamental para aprimorar as estimativas anuais de população. De caráter amostral, destaca-se a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), que levanta anualmente informações sobre habitação, rendimento e mão de obra, associadas a algumas características demográficas e de educação. Como mais uma fonte de informação sobre o mercado de trabalho, destaca-se a Pesquisa de Economia Informal Urbana, de periodicidade quinquenal, e, para acompanhamento conjuntural, cabe mencionar a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), de periodicidade quinquenal, permite conhecer a estrutura de rendimentos e da despesa das famílias. Ainda como fonte de informações sociodemográficas encontram-se as pesquisas fundamentadas em registros administrativos, como o Registro Civil, a Pesquisa de Assistência Médico- Sanitária e a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. • Estatísticas da Agropecuária: Têm como núcleo o Censo Agropecuário, que investiga, a partir dos estabelecimentos agropecuários, a organização fundiária (propriedade e utilização das terras), o perfil de ocupação da mão de obra e o nível tecnológico incorporado ao processo produtivo, entre outros temas estruturais de relevância. Para o acompanhamento anual do setor, destacam-se a Pesquisa Agrícola Municipal e a Pesquisa da Pecuária Municipal, entre outras. • Estatísticas Econômicas: Trazem informações sobre os principais setores da economia: comércio, indústria, construção civil e serviços, a partir do levantamento, por amostra, em estabelecimentos de cada setor. A Pesquisa Anual do Comércio, a Pesquisa Industrial Anual, a Pesquisa Anual da Indústria da Construção e a Pesquisa Anual de Serviços são exemplos dos trabalhos mais relevantes nessa área. Cabe mencionar que o acompanhamento conjuntural da economia é possível através do conjunto de pesquisas mensais do comércio, da indústria e da agricultura. • Índices de Preços Produzidos: Contínua e sistematicamente, os índices de preços ao consumidor permitem acompanhar, mensalmente, o comportamento dos preços dos principais produtos e serviços consumidos pela população. Esta área engloba o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), baseado em cesta de consumo de famílias de renda mais alta. Além deste, pode-se acompanhar, pelo Sistema Nacional de Custos e Índices da Construção Civil, a evolução de preços, a mão de obra e os materiais empregados no setor. • Sistema de Contas Nacionais Oferece uma visão de conjunto da economia e descreve os fenômenos essenciais que constituem a vida econômica: produção, consumo, acumulação e riqueza, oferecendo também uma representação compreensível e simplificada, porém completa, deste conjunto de fenômenos e das suas inter-relações. O Sistema de Contas Nacionais do IBGE segue as mais recentes recomendações das Nações Unidas expressas no Manual de Contas Nacionais - System of National Accounts 1993 - SNA, incluindo o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) e a Matriz de Insumo-Produto. FONTE: Disponível em: <http://www.ipardes.gov.br/biblioteca/docs/NT_06_importancia_ estatistica_tomada_decisao.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2015. 14 Neste tópico pode-se compreender as nuances relativa a Estatística e o Serviço Social. Foram abordados os seguintes itens: • Conhecer a estatística é importante, pois rompe com protótipos que ao longo das nossas vidas se materializa como conceitos que se tornam verdades. • Os números fazem parte do dia a dia de todas as classes sociais, todas as categorias profissionais, no meio universitário e acadêmico, há certa oposição ao que se refere aos conceitos sobre estatísticas. • Uma das finalidades da estatística é realizar a organização dos dados coletados, dos dados estatísticos que se pretendem trabalhar para uma devida finalidade. • A estatística tem o papel de auxiliar a identificar e mapear o público-alvo para ser atingido com determinada ação profissional. • A estatística deve quantificar todos os resultados que são adquiridos em uma determinada pesquisa que necessite de certo diagnóstico estatístico. • A origem histórica da estatística antecede o período denominado “antes de Cristo”. • Na atualidade, as chamadas ciências investigativas, tornaram-se importantes, pois apresentam as taxas de referências para a atuação de diversas categorias profissionais. • A contagem da população e sua “demarcação” mediante critérios políticos, sociais, econômicos, culturais, religiosos vêm antes mesmo da era pré-cristã, acontece através dos censos demográficos, conforme a necessidade de cada momento histórico. • Normalmente as políticas públicas nas mais diversas áreas, são implementadas através das demandas sociais que são apresentadas por meio dos dados copiladas e situadas em um censo. • A implantação da Política Nacional de Assistência Social – PNAS, de 2004, tem como referência a classificação dos municípios pelo porte demográfico de cada um deles, conforme dados do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. • Para o serviço social, o referencial estatístico é de suma importância, devido à característica investigativa que a própria profissão possui da realidade em foco. RESUMO DO TÓPICO 1 15 • No serviço social aestatística é utilizada como uma ferramenta que está inclusa nos instrumentais teóricos e metodológicos referentes à atuação profissional do assistente social. • Os usuários do Serviço Social possuem um papel ativo na participação de uma pesquisa social. • As origens históricas da profissão, perante as aflições e indignações da realidade social, fazem com que os assistentes sociais busquem investigar proporcionando um novo conhecimento sistêmico, com um retorno emergente às demandas sociais, preponderando todo o público pesquisado, os serviços já ofertados, levando sempre em consideração que o público do serviço social é usuário instituído de direitos sociais. 16 1 Pesquise e descreva quais são as finalidades dos Censos Demográficos que são realizados no Brasil. 2 Na Política Nacional de Assistência Social – PNAS, conforme Tabela 1 desta unidade, está exposta a classificação dos municípios segundo o número de habitantes. Analise a tabela e descreva qual é a classificação do seu município, justificando a resposta. AUTOATIVIDADE 17 TÓPICO 2 INDICADORES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Os indicadores sociais podem ser utilizados de maneira correspondente para fundamentar as informações reais e concretas de uma determinada realidade regional nos mais diversos segmentos, podendo nortear as ações que serão direcionadas, oferecendo um suporte aos processos de gestão social. A profissão de serviço social, na referência do assistente social como gestor das políticas sociais, não pode estar desvinculada da utilização das estatísticas e indicadores sociais. IMPORTANT E Nesse sentido torna-se necessário abranger o real significado que os indicadores sociais representavam pelas assustadoras entrelinhas da definição de estatística e das questões enigmáticas da matemática. Na atualidade os indicadores sociais estão sendo edificados com mais clareza, com resultados estatísticos, fundamentados em dados que foram retirados a partir de uma leitura da realidade em que o serviço social está inserido. A indicação de uma política pública, independente da área de concentração, necessita de dados que forneçam indicadores com a possibilidade de situar, desempenhar e propor resultado final para a efetivação da mesma. Os indicadores sociais estão em todas as fases do processo de execução das políticas públicas, conforme a figura abaixo: UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL 18 FIGURA 3 – PROCESSOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS FONTE: A autora IMPLEMENTAÇÃO INDICADORES SOCIAIS MONITORAMENTO EXECUÇÃOAVALIAÇÃO Os dados numéricos que foram coletados através de uma determinada pesquisa, são parâmetros que criam critérios de classificação de indicadores, segundo a área temática de intervenção da realidade social que se pretende, como: • Saúde • Educação • Mercado de Trabalho • Demográfico • Habitação • Segurança Pública • Infraestrutura urbana • Renda e desigualdade Existe um maior valor qualitativo de conceitos e significados do que as questões de valores quantitativos. TÓPICO 2 | INDICADORES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL 19 2 OS DADOS ESTATÍSTICOS E SUA UTILIZAÇÃO PARA PARÂMETROS DA ANÁLISE DE RESULTADOS Ao apresentar os resultados obtidos, necessita-se de um determinado cuidado mediante o processo de análise, especialmente quando os resultados são apresentados em forma de gráficos, porcentagens, tabelas e outros. Quando escrevemos algum artigo científico, ou até mesmo um texto simples, devemos ter cuidado com a clareza das informações, pois essas podem ser lidas por pessoas leigas ao assunto, portanto deve-se pensar que estamos escrevendo algo para outra pessoa ler e entender, o texto deve ser claro, com informações coerentes e que os resultados sejam esclarecedores. Como vimos anteriormente, a estatística fornece informações, que em conjunto, oferecem definição de parâmetros de uma medida perante a realidade social pesquisada. O profissional de serviço social tem habilitação para desenvolver o diagnóstico social nas atividades diárias da profissão através de dados e taxas numéricas que mostram o foco da realidade social estudada. Os resultados de uma pesquisa, que são concentrados nos dados estatísticos que se tornam elementos fundamentais, matérias-primas no processo de elaboração de indicadores sociais. DICAS Nas tomadas de decisões do poder público, para efetivação das políticas sociais, os indicadores sociais são determinados como instrumentos de maior importância, pois apresentam as maiores e principais demandas sociais. Ao gestor das políticas públicas fica a responsabilidade para com o controle efetivo, através de processos de avaliação e monitoramento das políticas públicas implantadas, além de mostrar as consequências e os impactos perante o investimento do poder público. UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL 20 DICAS Para um melhor conhecimento sobre esse assunto, faz-se necessária a leitura do livro: Qualquer pessoa que queira compreender melhor o debate atual sobre pobreza, distribuição de renda, desigualdades sociais, condições de vida e desenvolvimento humano precisa entender mais profundamente o que são os Indicadores Sociais, como são construídos, o que significam, para que servem. Tais questões são tratadas nesse livro, em linguagem simples e precisa. Além de se destinar à leitura e à informação do público em geral, este livro tem grande utilidade em disciplinas de graduação como Metodologia da Pesquisa Científica, Técnicas de Pesquisa em Economia e Estatística Aplicada. O livro pode ser útil, ainda, como guia de referência para pesquisadores, analistas socioeconômicos e técnicos de planejamento no setor público e privado. JANNUZZI, Paulo de Martino. Indicadores Sociais no Brasil – Conceitos, Fontes de Dados e Aplicações – 5. ed. 2012. A estatística social tem o papel de apresentar os dados coletados em uma pesquisa bruta, através de números de censo demográficos, pesquisas de amostras e por dados que estão organizados em registros e arquivos públicos. Ao estudar os indicadores sociais, é possível perceber que os mesmos são instrumentos que explanam as diferenças de uma região, de um espaço geográfico, norteiam o mapeamento das regiões consideradas mais desenvolvidas que as outras, apontando fatores determinantes para essa diferenciação, como, por exemplo, fatores econômicos, geográficos, sociais, culturais, políticos, entre outros. Para Giroto et al. (2008, p. 7): [...] os indicadores sociais são expressos usualmente, como taxa de desemprego, taxa de mortalidade infantil, taxa de analfabetismo, IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), e são termos comumente utilizados por políticos, jornalistas, estudantes e pela população para avaliar as políticas públicas, verificar as condições de vida, além de argumentar, a partir da utilização deles, as prioridades sociais defendidas por determinada classe social. Ou seja, os indicadores transcenderam às esferas técnicas, acadêmicas e órgãos de planejamento público. A construção de indicadores sociais acontece através da junção dos dados coletados em sistemas organizados, possibilitando a análise e comparações de um determinado grupo de indicadores com outro grupo, através de sistemas que organizam os indicadores sociais. TÓPICO 2 | INDICADORES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL 21 DICAS Não deixe de acessar o site para entender e compreender melhor sobre indicadores sociais. <http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=01>. A base de dados que constitui os indicadores sociais deve estar fundamentada em dados verdadeiros e referência de confiabilidade que ofereçam uma análise da realidade de um território ou determinada região, através das demandas prioritárias. “Os indicadores apontam, indicam, aproximam, traduzem em termos operacionais as dimensões sociais de interesse definidas a partirde escolhas teóricas ou políticas realizadas anteriormente”. (JANNUZZI, 2006, p. 138). Os indicadores são constituídos através de referências de dados estatísticos, que podem ser retirados das pesquisas de campo, relatórios sociais e de fontes como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Ministérios e Secretarias do Governo Federal, Datasus, de instituições de ensino, organizações governamentais e não governamentais entre outros. Januzzi (2006, p. 37) afirma que: “[...] os indicadores são construídos a partir de estatísticas sociais levantadas em censos demográficos, pesquisas amostrais e a partir de dados dispostos em registros administrativos públicos”. Como já mencionados, os indicadores sociais se tornam a matéria-prima perante o processo de elaboração e implementação das diferentes políticas públicas, pois cada fase de todo o processo necessita da utilização de indicadores sociais específicos, contribuindo com sua especificidade. FIGURA 4 - REPRESENTAÇÃO DA FALTA DE MORADIA FONTE: Disponível em: <http://www.portalsuldabahia.com.br/wp-content/uploads/2012/10/ lares-brasileiros.jpg>. Acesso em: 13 abr. 2015. UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL 22 A qualidade de um indicador social precisa conter algumas características inerentes, como a dimensão da população que está em risco, a coleta de dados, transparência dos dados e outros. Durante a elaboração do diagnóstico social de uma determinada realidade pesquisada, o uso de indicadores sociais permite mapear as prioridades, considerando tomadas de decisões, considerando quais as políticas públicas sociais que contestam às reais demandas. Para Jannuzzi (2006, p. 15), “[...] o indicador social é, pois, o elo entre os modelos explicativos da teoria social e a evidência empírica dos fenômenos sociais observados”. Durante a década de 1990, os indicadores sociais iniciaram uma integração nas pautas das agendas públicas de todo o país, com respaldo nas mídias como fonte de referências e ampliando os espaços e conquistas nas decisões políticas. A investigação no campo dos indicadores sociais, realizada por organismos governamentais e não governamentais, tem buscado aprofundar a vinculação dos indicadores com os princípios que nortearam o seu surgimento, ou seja, servir de instrumentos para o planejamento governamental, bem como superar a análise estritamente econômica. Agora, as condições sociais fazem parte do rol de preocupações não só de especialistas, como também dos governos. A “qualidade de vida” ou o “bem-estar” assumem um papel importante, juntamente com enfoque econômico, para responder como anda o “estado social” da Nação. (SANTAGADA et al. 2007, p. 121). Ao diagnóstico social cabe compreender a realidade social e sua dinamicidade, através dos índices de vulnerabilidades sociais, econômicas, políticas, culturais etc., através da falta de políticas públicas sociais em um território e também da falta de empenho político dos gestores públicos. Os indicadores sociais norteiam e execução de um diagnóstico social, através de eixos estratégicos, como por exemplo: Para quem? Para quê? Para onde? Para quando? entre outros questionamentos que buscam a identificação do público- alvo para as políticas públicas. TÓPICO 2 | INDICADORES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL 23 FIGURA 5 – DIAGNÓSTICO SOCIAL FONTE: Disponível em: <http://www.monografias.com/trabajos96/diagnostico- rural-participativo-forestal/diagnostico-rural-participativo-forestal.shtml>. Acesso em: 13 abr. 2015. O autor Jannuzzi (2005, p. 141) ressalva que: Os indicadores sociais permitem a operacionalização de um conceito abs trato ou de uma demanda de interesse programático. Eles apontam, indicam, aproximam, traduzem em termos operacionais as dimensões sociais de interesse definidas a partir de escolhas teóricas ou políticas realizadas anteriormente. Uma das principais características que os indicadores sociais precisam ter é em relação à confiabilidade dos seus dados, pois é a partir deles que as determinações administrativas, acordos e compromissos com as políticas públicas, melhor distribuição de recursos, programas, projetos e serviços. A confiabilidade dos indicadores é de suma importância para subsidiar as decisões administrativas, acordo nas políticas públicas específicas, me lhor distribuição de bens e serviços, e que são utilizados em todos os segmentos da sociedade. Para Jannuzzi (2006), os indicadores sociais precisam oferecer características fundamentais e efetivas, com destaque para a importante relevância social, para a validade, para a confiabilidade, para a especificidade, para a sensibilidade, para a cobertura, para a inteligibilidade da construção, da comunicabilidade, factibilidade com obtenção, periocidade na atualização, desagregabilidade e historicidade. UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL 24 A Secretaria Técnica da Rede Inter Gerencial de Informação para a Saúde - Ripsa, 2008, apresenta um roteiro de oito tópicos com referências de qualidade de um indicador que são: • Conceituação: características que definem o indicador e a forma como ele se expressa, se necessário, agregando informações para a compreensão de seu conteúdo. • Interpretação: explicação sucinta do tipo de informação obtida e seu significado. • Usos: principais formas de utilização dos dados, as quais devem ser consideradas para fins de análise. • Limitações: fatores que restringem a interpretação do indicador, referente tanto ao próprio conceito quanto às fontes utilizadas. • Fontes: instituições responsáveis pela produção dos dados que são adotados para o cálculo do indicador e pelos sistemas de informação a que correspondem. • Método de cálculo: fórmula utilizada para calcular o indicador, definindo precisamente os elementos que a compõem. • Categorias sugeridas para análise: níveis de desagregação dos dados que podem contribuir para a interpretação da informação e que sejam efetivamente disponíveis, como sexo e idade. • Dados estatísticos e comentários: tabela resumida e co mentada, que ilustra aplicação do indicador com base na situação real observada. Sempre que possível, os dados devem ser desagregados por grandes regiões e para anos selecionados da década anterior. (RIPSA, 2008, p. 18). Conheça o material da RIPSA na íntegra: Indicadores básicos para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações. FONTE: Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/livroidb/1ed/indicadores.pdf>. DICAS As exterioridades que determinam a implementação de uma política pública social devem estar em sintonia com as prioridades que aparecem através das demandas de uma determinada realidade social de uma região ou até mesmo do país. Os gestores das políticas públicas possuem a responsabilidade, compromisso e comprometimento nas deliberações e decisões sobre o uso dos dados e dos indicadores sociais, através de ética, transparência e responsabilidade na definição das prioridades sociais. TÓPICO 2 | INDICADORES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL 25 FIGURA 6 – Políticas Sociais FONTE: Disponível em: <http://arquivo.geledes.org.br/acontece ndo/noticias-brasil/10604-nao-e-verdade-que-o-brasil-gaste- muito-em-politicas-sociais>. Acesso em: 14 abr. 2015. Para uma elaboração coerente das políticas públicas, através da utilização dos indicadores das demandas sociais, faz-se necessária a composição de uma equipe técnica multidisciplinar, composta por profissionais das diferentes áreas que estejam comprometidos no processo de elaboração das mesmas, e que respeitem eticamente a confiabilidade das informações e a fonte de referência utilizada. [...] natureza administrativa e estatística — que as novas tecnologias de informação e comunicação viabilizam. Dados cadastrais antes esquecidos em armários e fichá rios passam a transitar pela internet, transformando-se em informaçãoestruturada para análise e tomada de de cisão. Dados estatísticos antes inacessíveis em enormes arquivos digitais passam a ser “customizados” na forma de tabelas, mapas e modelos quantitativos construídos por usuários não especializados (JANNUZZI, 2006, p. 145). Uma administração, sendo privada, pública ou social, deverá organizar os indicadores sociais em um sistema, onde estejam classificados em temáticas, como por exemplo: educação, saúde, mercado de trabalho, qualidade de vida. Os indicadores são agrupados em um sistema, tais como as classificações das temáticas, como os aspectos demográficos, a educação, a saúde, o mer cado de trabalho, a qualidade de vida, a habitação, a infraestrutura urbana, condições de vulnerabilidade social e outros. Na tabela a seguir é possível verificar algumas publicações periódicas, sites e portais de indicadores sociais. UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL 26 TABELA 2 – SÍTIOS COM INDICADORES SOCIAIS FONTE SÍTIO CONTEÚDO IBGE <www.ibge.gov.br> Síntese de Indicadores Sociais. Síntese de Desenvolvimento Sustentável. Indicadores Sociais: o Países o Estados o Cidades PNUD <www.pnud.org.br> Aplicativo de Atlas do Desenvolvimento Humano e relatório com o mesmo índice. IPEA <www. Ipea.gov.br> Relatório do IPEADATA. Radar Social. Relatório de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Mistério da Saúde <www.datasus.gov.br> Indicadores e Dados Básicos. Cadernos de Informações Municipais. Portal ODM <www.portalodm.com.br> Sistemas de Indicadores Municipais. FONTE: A autora Para Jannuzzi (2006), os indicadores sociais podem ser classificados como básicos ou usais: • Indicadores objetivos/quantitativos: referem-se às ocorrências concretas ou entes empíricos da realidade social, construídos a partir de políticas públicas disponíveis. Exemplo: percentual de desemprego, percentual de domicílio com acesso à rede de água, esgoto e energia elétrica, taxa de mortalidade infantil, taxa de evasão escolar e outros. • Indicadores subjetivos/qualitativos: “correspondem a medidas construídas a partir da avaliação dos indivíduos e especialistas com relação a diferentes aspectos da realidade levantadas em pesquisas de opinião pública ou grupos de discussão. ” (Jannuzzi, 2006, p. 20). Exemplos: indicador de confiança de uma organização e/ou instituição, notas avaliativas sobre a execução dos gestores públicos. Os indicadores sociais também são classificados como indicadores descritivos e normativos, sendo descrito por Jannuzzi (2006), da seguinte forma: • Indicadores descritivos: apenas descrevem características e aspectos da realidade empírica, não são fortemente dotados de significados valorativos. Exemplo: a taxa de natalidade infantil, evasão escolar. • Indicadores normativos: “refletem explicitamente juízos de valor ou critérios normativos com respeito à dimensão social estudada.” (Jannuzzi, 2006, p. 21). TÓPICO 2 | INDICADORES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL 27 Qualquer indicador normativo, quando é referenciado, necessita de normas que estabeleçam um modelo constituído metodologicamente, podendo ser utilizado, como exemplo, o indicador de vulnerabilidade social. A vulnerabilidade social estabelecer normas e critérios do que agrega, como, por exemplo, a pobreza, quem é a população que foi considerada e que vive na linha de pobreza; essas normatizações definem um indicador normativo. Outro aspecto que proporciona a classificação está na complexidade metodológica na constituição dos indicadores, que poderão ser usados nos critérios de diferenciação de dois outros conjuntos de indicadores, defendidos por Jannuzzi (2006, p. 22). • Os indicadores simples: “são construídos a partir de uma estatística social específica, referida a uma dimensão social elegida”. Exemplo: os indicadores sociais da Saúde e Habitação. • Os indicadores compostos: “são elaborações mediante a aglutinação de dois ou mais indicadores simples, referida uma mesma ou diferentes dimensões da realidade social”. Exemplo: Índice de Desenvolviment6o Humano – IDH. Conforme a apresentação dos sistemas de indicadores, conseguimos identificar as demandas atuais realizando uma proeminência para as futuras demandas e um planejamento das políticas públicas sociais, através de curto, médio e longo prazo, e com ações de prevenção e controle das questões sociais levantadas. Caro(a) acadêmico(a), para aprofundar o assunto sobre o Planejamento da Políticas Públicas, é fundamental conhecer este material: <www.http://www.ipea.gov.br/bd/ pdf/2009/Livro_BrasilDesenvEN_Vol01.pdf>. DICAS Os assistentes sociais precisam ser capacitados e preparados para saberem utilizar os instrumentais necessários para a sua atuação como profissional, e os indicadores sociais é uma dessas ferramentas para atender as demandas da população usuária de tais políticas. Os indicadores sociais se tornam elementos fundamentais na implementação de uma gestão democrática, pois além da representação numérica, conduzem a conferência das demandas apresentadas, através de seus dados estatísticos. UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL 28 FIGURA 7 – GESTÃO DEMOCRÁTICA FONTE: Disponível em: <https://portogente.com.br/colunistas/edesio- elias-lopes/o-estatuto-da-cidade-e-a-gestao-democratica-do-espaco- urbano-44148 >. Acesso em: 15 abr. 2015. Os profissionais do serviço social devem utilizar os indicadores sociais como instrumentos estratégicos para enfrentar as demandas sociais apresentadas e aproveitar os mesmos para construção de novos indicadores, podendo subsidiar relatórios das instituições, organizações de atuação profissional que estejam comprometidas com as dimensões ético-políticas da profissão. DICAS Para enriquecer mais seu conhecimento, é fundamental a leitura deste livro: Este livro trata da necessidade da construção de uma nova cultura política. Portanto, a aposta na institucionalização de uma nova contratualidade social, capaz de revigorar a vivência democrática está diretamente vinculada à adoção de mecanismos de democracia participativa que potencializem o florescer de novos protagonistas na atividade política, sobretudo na sociedade. Há, nos dias atuais, uma clara percepção dos impasses existentes no regime político democrático representativo, a sociedade reflete o cansaço com o aumento da corrupção e com a oligarquia da política, bem como com o clientelismo, o paternalismo, o fisiologismo e o autoritarismo que sempre presidiram a retórica democrática representativa. Assim, as experiências de democracia participativa tendem a eliminar os resquícios autoritários que desde sempre assombram o protagonismo social, bem como os preconceitos tecnocráticos que menosprezam a sabedoria popular. Deste modo, defende- se este instrumento do planejamento e programação político-econômico, o método do orçamento participativo, que tem se consolidado como uma peça fundamental de democratização das relações entre Estado e sociedade, mas principalmente por articular os objetivos do combate à exclusão social com a socialização do poder político e econômico. Por fim, a socialização do poder estatal e dos investimentos orçamentários pela população, motiva o crescimento da autogestão da sociedade, bem como o protagonismo popular à construção de uma nova cultura política, verdadeiramente democrática e participativa. SCAPIN, Evelyn; BOICO, Luciano Cezar. Democratizando a democracia através do orçamento participativo. Editora Uniarp: Caçador, 2012. TÓPICO 2 | INDICADORES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL 29 LEITURA COMPLEMENTAR INDICADORES SOCIAIS NA FORMULAÇÃO E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS Paulo de Martino Jannuzzi Um indicador social é uma medida, em geral quantitativa, dotada de significado social substantivo, usado para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito social abstrato de interesse teórico(para pesquisa acadêmica) ou programático (para formulação de políticas). É um recurso metodológico, empiricamente referido, que informa algo sobre um aspecto da realidade social ou sobre mudanças que estão se processando na mesma. Os indicadores sociais se prestam a subsidiar as atividades de planejamento público e formulação de políticas sociais nas diferentes esferas de governo, possibilitam o monitoramento das condições de vida e bem-estar da população por parte do poder público e sociedade civil e permitem aprofundamento da investigação acadêmica sobre a mudança social e sobre os determinantes dos diferentes fenômenos sociais. Para a pesquisa acadêmica, o indicador social é, pois, o elo de ligação entre os modelos explicativos da Teoria Social e a evidência empírica dos fenômenos sociais observados. Em uma perspectiva programática, o indicador social é um instrumento operacional para monitoramento da realidade social, para fins de formulação e reformulação de políticas públicas (CARLEY, 1985, MILES, 1985). Essa assertiva (Indicador social apenas indica...) parece tão óbvia que alguém poderia argumentar sua pertinência neste texto. Ainda que haja indicadores cuja identificação com o conceito é quase tautológica, como no caso dos indicadores de mortalidade (mortalidade infantil, mortalidade materna etc.) e outros indicadores demográficos (HAUPT & KANE, 2000), esse não é caso geral nas Ciências Sociais Aplicadas. E, no entanto, parece estar se consolidando em uma prática corrente a substituição do conceito indicado pela medida supostamente criada para “operacionalizá-lo”, sobretudo no caso de conceitos abstratos complexos como Desenvolvimento Humano, Condições de Vida, Qualidade de Vida ou Responsabilidade Social. Embora definidos muitas vezes de forma bastante abrangente, os conceitos são operacionalmente banalizados como se os indicadores e índices criados fossem a expressão exata, mais válida ou ideal dos conceitos indicados. Assim, por exemplo, a avaliação da melhoria das condições de vida ou desenvolvimento humano em países, regiões e municípios reduz-se a uma apreciação da variação do indicador construído. UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL 30 Não havendo modificação no indicador, não haveria eventuais avanços ou retrocessos das condições de vida ou desenvolvimento humano, ainda que fossem realizados (ou deixados de fazer) esforços de políticas para mudança social em uma dimensão não contemplada pela medida. FONTE: Disponível em: <http://www.cedeps.com.br/wp-content/uploads/2011/02/INDICADORES- SOCIAIS-JANUZZI.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2015. 31 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico vimos: • Os indicadores sociais podem ser utilizados de maneira correspondente para fundamentar as informações reais e concretas de uma determinada realidade regional nos mais diversos segmentos. • Na atualidade os indicadores sociais estão sendo edificados com mais clareza, com resultados estatísticos, fundamentados em dados que foram retirados a partir de uma leitura da realidade em que o serviço social está inserido. • O profissional de serviço social tem habilitação para desenvolver o diagnóstico social, nas atividades diárias da profissão, através de dados e taxas numéricas que mostram o foco da realidade social estudada. • Nas tomadas de decisões do poder público para efetivação das políticas sociais, os indicadores sociais são determinados como instrumentos de maior importância, pois apresenta as maiores e principais demandas sociais. • A estatística social cumpre o papel de apresentar os dados coletados em uma pesquisa de maneira bruta, através de números de censo demográficos, pesquisas de amostras e por dados que estão organizados em registros e arquivos públicos. • A base de dados que constitue os indicadores sociais, deve estar fundamentada em dados verdadeiros e referência de confiabilidade, que ofereçam uma análise da realidade de um território ou determinada região, através das demandas prioritárias. • Os indicadores sociais se tornam matéria-prima perante o processo de elaboração e implementação das diferentes políticas públicas, cada fase do processo necessita da utilização de indicadores sociais específicos, pois cada um contribuí com sua especificidade. • Durante a década de 1990, os indicadores sociais iniciaram uma integração nas pautas das agendas públicas de todo o país. • A confiabilidade dos indicadores é de suma importância para subsidiar as decisões administrativas. 32 • As exterioridades que determinam sobre a implementação de uma política pública social, devem estar em sintonia com as prioridades que aparecem através das demandas de uma determinada realidade social de uma região ou até mesmo do país. • Uma administração sendo privada, pública ou social, deverá organizar os indicadores sociais em um sistema, onde estejam classificados em temáticas, como por exemplo: educação, saúde, mercado de trabalho, qualidade de vida. • Os assistentes sociais precisam estar capacitados e preparados para saberem utilizar os instrumentais necessários para a sua atuação como profissional, e os indicadores sociais é uma dessas ferramentas para a atender as demandas da população usuária de tais políticas. • Os indicadores sociais se tornam elementos fundamentais na implementação de uma gestão democrática, pois além da representação numérica, conduzem a conferência das demandas apresentadas, através de seus dados estatísticos. 33 1 Através do site do IBGE, <http://www.ibge.gov.br>, procure no banco de dados disponível referente aos indicadores sociais relacionados à população residente alfabetizada em sua cidade, e descreva sobre esses dados, comparando com a realidade de outras cidades de seu Estado. 2 Na sua cidade existe um banco de dados que apresente a demanda da política de habitação? Escreva sobre os dados contidos nele. AUTOATIVIDADE 34 35 TÓPICO 3 UMA ANÁLISE DOS PRINCIPAIS INDICADORES SOCIAIS DA REALIDADE DO BRASIL 1 INTRODUÇÃO Os indicadores sociais, que algum tempo atrás eram vistos como enigmas e cálculos matemáticos, nos dias atuais estão representados em todas as esferas do poder público, por meio das políticas públicas, da qual se utilizam dos dados estatísticos para elencar prioridades na gestão de recursos públicos, através de um monitoramento e avaliação dos impactos causados nas demandas sociais. A análise e interpretação da realidade social acontece através de uma leitura profissional dos indicadores sociais, que estão fundamentados nos dados estatísticos, sendo esses considerados a matéria-prima para os mesmos. Os indicadores sociais, além de possuírem um papel fundamental na elaboração das políticas públicas, também possuem um caráter investigativo nas buscas de respostas e de direcionamento nas ações profissionais. As análises e compressões dos indicadores sociais perante a realidade que está sendo investigada devem possuir uma visão ampla do contexto, analisando primeiramente a nível macrorregional, ou seja, em nível de País. Após referenciar esses indicadores, deve-se realizar uma avaliação Regional, (Estados, Regiões) e por último uma avaliação microrregional, ou seja, Municipal, trazendo para a realidade das instituições, por meio de programas e projetos sociais. O Tópico 3 desta unidade de ensino tem como objetivo apresentar para você, caro(a) acadêmico(a), os principais indicadores sociais nacionais e indicadores que possibilitaram uma leitura socioeconômica de uma região, sendo eles vinculados ao Índice de Desenvolvimento Humano – IDH. UNIDADE 1 Este vídeo corresponde aos tópicos 3 e 4 36 UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL 2 O SERVIÇO SOCIAL E OS FUNDAMENTAIS INDICADORES SOCIAIS DO BRASIL Conforme o Censo Demográfico de 2010, o Brasil é o quinto maior país em área territorial, sendo que a sua população
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