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11_Biologia_celular_e_genética_aluno

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BIOLOGIA CELULAR E 
GENÉTICA
GRASIELA DIAS DE CAMPOS SEVERI-AGUIAR 
1
UNIDADE 11
VARIANTES GENÉTICAS
C
O
M
PE
TÊ
N
C
IA
S
1. VARIANTES GENÉTICAS 
Durante a divisão celular, na interfase e na fase M, podem ocorrer erros. Muitos deles são 
corrigidos pelo próprio sistema de reparo das células, um sistema enzimático que reconhe-
ce e corrige eventuais erros. Por outro lado, alguns não são reparados e se mantém, sendo 
transmitidos às moléculas derivadas da original. Essas alterações no material genético que 
são mantidas e transmitidas pelas gerações celulares são chamadas mutações. 
As mutações são responsáveis por gerar variabilidade, por originar as diferenças indi-
viduais entre os organismos, por fornecer os alelos mutantes de um gene. Elas geram 
variabilidade nos genomas dos organismos, de forma que, com o passar do tempo, 
ao longo das gerações, existam variações. É sobre essa variabilidade que a seleção 
natural opera, de forma que aqueles com as variantes melhor adaptadas ao ambiente 
sobrevivem e deixam descendentes portadores dessas variantes, aumentando sua fre-
quência na população. 
Dessa forma a evolução das espécies acontece. O entendimento das mutações e o surgi-
mento das variantes genéticas permitiu explicar de forma coerente a teoria da evolução das 
espécies proposta por Charles Darwin. Quando é analisado o genoma dos organismos de 
uma mesma espécie e comparados com o genoma selvagem ou de referência, é possível ob-
servar pequenas diferenças geradas pelas mutações, constituindo as variantes genéticas. 
Esse termo tem sido bastante usado no que se refere ao vírus causador da covid-19, o 
SARScov-2, por exemplo. Esse vírus sofre inúmeras mutações quando duplica seu RNA 
dentro da célula hospedeira. As cópias contendo as mutações são as variantes virais. 
No início de 2019 foi identificado o novo coronavírus, 2019-nCoV, e hoje já se conhecem 
em torno de mil variantes desse vírus. Todavia, apenas algumas dessas variantes têm 
impacto na transmissão da doença e, por isso, são mais estudadas e difundidas.
As variantes são identificadas pelo sequenciamento dos segmentos de DNA ou RNA, 
como no caso do SARScov-2, que depois é comparado com sequências de referência 
da espécie, no caso o 2019-nCoV, que foi o primeiro a ser identificado. Dessa forma, as 
variantes podem ser descritas e estudadas.
Analisar a influência da herança genética no contexto biológico
Conteúdo programático
01. Tipos de variantes genéticas
02. Classificação das variantes patogênicas
2 Biologia Celular e Genética
U11 Variantes Genéticas
SA
IB
A 
M
A
IS
Nessa unidade conheceremos como ocorrem as mutações de ponto que originam as 
novas variantes genéticas, inclusive algumas que respondem pela gênese de doenças 
nas populações. Deixaremos as mutações cromossômicas numéricas e estruturais para 
serem abordadas em outro momento. 
SOBRE AS VARIANTES GENÉTICAS ....
Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=CEq0-sCSztw. Acesso em: 1 de ju-
nho de 2002.
1.1. TIPOS DE VARIANTES GENÉTICAS
As variantes genéticas têm origem nas mutações. Essas mutações podem ocorrer em 
células somáticas, durante a mitose, constituindo as mutações somáticas. Nesse 
caso, as mutações não são transmitidas para a progênie dos organismos onde elas 
ocorreram. É o caso das mutações provocadas nas células da pele pela exposição so-
lar, devido à ação dos raios ultravioleta (UV). O espectro B de UV (UVB) provoca a for-
mação de dímeros de bases do grupo das pirimidinas (C e T) (Figura 1). Elas se tornam 
ligadas na mesma fita de DNA de forma que a replicação dessa fita fica comprometida. 
As células portadoras da mutação podem dar origem a tumores de pele como o carci-
noma basocelular, o carcinoma espinocelular e o melanoma, mas não são transmitidos 
aos filhos do portador da mutação.
Figura 01. Dímeros de pirimidina induzidos por radiação ultravioleta no DNA
Fonte: 123RF (entrada de fótons de UV; antes; depois).
Antes Depois
Foto UV 
recebida
https://www.youtube.com/watch?v=CEq0-sCSztw
U11
3Biologia Celular e Genética
Variantes Genéticas
Há, porém, mutações que ocorrem na linhagem de células germinativas durante a meio-
se, gerando gametas mutantes, chamadas de mutações germinativas. Se o gameta 
mutante participar do processo de fecundação, a mutação será herdada pelo ou pelos 
descendentes. Um exemplo é o da fenilcetonúria (PKU) que é uma doença com heran-
ça autossômica recessiva em que o indivíduo afetado apresenta os dois alelos muta-
dos, o que recebeu do pai e o que recebeu da mãe. Os sintomas da doença surgem no 
início da vida devido ao acúmulo do aminoácido fenilalanina. Isso ocorre porque os afe-
tados são deficientes na produção da enzima fenilalanina hidroxilase e, por isso a PKU 
é considerada um erro inato do metabolismo. Sem essa enzima, esse aminoácido se 
acumula nas células causando diversos danos. É necessário que desde o nascimento 
a criança tenha uma dieta restritiva de fenilalanina para evitar os graves efeitos do seu 
acúmulo, como a deficiência intelectual. O diagnóstico da doença é feito pelo exame do 
pezinho, que deve ser realizado o mais cedo possível.
As mutações podem ocorrer de forma natural, espontânea, durante a síntese de DNA 
ou de RNA, mas também podem ser induzidas por algum tipo de agente ou mutágeno. 
Este pode ser de natureza física, como a radiação ionizante, química, devido à ação de 
agroquímicos, aditivos alimentícios, corantes, etc. e, também, biológica, quando causa-
da por um vírus, por exemplo. Existe um ramo da genética chamado mutagênese que 
estuda os efeitos desses mutágenos no material genético das células.
Tanto as mutações somáticas como as germinativas am variações nos genomas, ge-
rando variabilidade genética, e é sobre essa variabilidade que a seleção natural atua e 
o processo de evolução acontece, como mencionado anteriormente. A princípio, toda 
mutação teria um caráter negativo, devido à alteração no material genético que pode 
ser responsável por gerar desvantagens aos organismos portadores, como doenças, 
deficiências e até a morte. 
Porém, dependendo das circunstâncias, ela pode ter um aspecto bastante positivo. É o 
caso da anemia falciforme (AF) em que os portadores da mutação de uma base nitroge-
nada, na trinca que codifica um dos aminoácidos de uma das cadeias da hemoglobina, 
apresenta alteração das hemácias, que são falciformes, comprometendo a circulação 
das hemácias nos capilares e gerando diversos problemas. 
Todavia, em regiões endêmicas para a malária, ser portador de AF é uma vantagem. 
O parasita causador da malária, o Plasmodium falciparum se aloja externamente nos 
glóbulos vermelhos e causam alterações em sua estrutura, fazendo com que eles se 
aglomerem formando coágulos. Como consequência, podem ocorrer trombose e em-
bolia, comprometendo diversas áreas do corpo. Nos indivíduos portadores da AF esses 
parasitas não conseguem aderir às hemácias e, dessa forma, eles não contraem a 
infecção ficando imunes à malária.
As mutações também podem ser diretas ou reversas. Quando um fenótipo mutante é 
produzido por uma mutação no gene do tipo selvagem, diz-se que se trata de mutação 
direta. Quando, todavia, uma segunda mutação ocorre e restaura o fenótipo original 
perdido, o fenótipo selvagem, em razão de uma mutação anterior, ocorre o que se 
conhece por reversão ou mutação reversa. Essa segunda mutação pode ocorrer de 
duas formas: 
4 Biologia Celular e Genética
U11 Variantes Genéticas
a. No mesmo loco gênico que a primeira, restaurando a sequência de nucleotídeos do tipo 
selvagem, sendo chamada de retromutação; ou 
b. Em local diferente do genoma, que anula os efeitos da primeira, chamada de mutação 
supressora (Figura 02).
Figura 02. Diagrama mostrando mutação direta e reversa com as suas variações
Fonte: Snutad e Simmons, 2017 (p. 470 – com modificações)
1.2. CLASSIFICAÇÃO DAS VARIANTES PATOGÊNICAS
As variantes patogênicas são aquelas que apresentam maior chance de causarem do-
enças nos organismos,quando elas impedem a produção de uma forma saudável de 
proteína essencial para esses organismos. As mutações mais frequentes na formação 
das variantes genéticas são as mutações de ponto ou pontuais. Elas ocorrem em 
apenas um par de base nucleotídica na fita de DNA. 
Duas metodologias muito utilizadas atualmente são empregadas na identificação das 
mutações pontuais e na avaliação da proteína formada a partir do gene alterado: o se-
quenciamento de DNA e o Western blotting. As mutações de ponto são identificadas por 
meio do sequenciamento genético, que determina a sequência de bases nitrogenadas 
dos nucleotídeos do DNA (Figura 3). Dessa forma é possível verificar se houve mudan-
ça em algum par de base na amostra estudada, comparada com o DNA de referência 
da espécie e/ou da população e, determinar o tipo da alteração sofrida.
Fenótipo
Tipo selvagem
Mutante
Mutação
+
+
Reversão 
fenotípica
Retromutação Mutação supressora
(1) (2)
m
m
s
Tipo 
selvagem
Genótipo
U11
5Biologia Celular e Genética
Variantes Genéticas
Legenda: (acima o eletroferograma mostrando os picos que correspondem aos quatro tipos de base nitroge-
nada; abaixo o gel da eletroforese com as bandas correspondentes a cada base nitrogenada; a seta indica o 
sentido da corrida eletroforética).
Para a análise do produto do gene mutado, no caso a proteína, é utilizada uma técni-
ca analítica bem estabelecida para detectar, analisar e quantificar proteínas, chamada 
Western blot. Dessa forma, é possível comparar a proteína alterada com a normal e 
identificar as modificações. Por exemplo, a alteração de algum aminoácido ou a ge-
ração de um códon de parada em posição indesejada. A aplicação dessas técnicas 
permite identificar as variantes genéticas e, inclusive, conhecer as que são patogênicas 
ou associadas ao desenvolvimento de síndromes e doenças, como veremos a seguir.
As variantes genéticas surgem quando uma base é substituída (s) por outra e, também, 
quando acontece a inserção (in) ou a deleção (del) de uma base na sequência nucleotídica.
As substituições (s) de bases podem ocorrer por quatro tipos de transições, de purina 
por purina e pirimidina por pirimidina, e oito tipos de transversões, de purina por piri-
midina e pirimidina por purina, como mostrado na Figura 4A. Podemos concluir que as 
transições ocorrem entre bases do mesmo grupo químico: Pu=>Pu ou Pi=>Pi; e que as 
transversões ocorrem entre bases de grupos químicos diferentes: Pu=>Pi ou Pi=>Pu.
As inserções (in) e deleções (del) geralmente causam alterações na matriz de leitura 
do DNA, modificando os aminoácidos da proteína codificada por essa sequência de 
DNA. Por isso as mutações indel, como são chamadas, causam variantes frameshift, 
Figura 03. Eletroferograma e a sequência de bases nitrogenadas obtidas por 
sequenciamento
Fo
nt
e:
 1
23
R
F
6 Biologia Celular e Genética
U11 Variantes Genéticas
ou seja, com matriz de leitura de DNA modificada (Figura 4B). Essas mutações fazem 
com que toda a sequência de aminoácidos que aparece após o sítio mutante (downs-
tream) não apresente relação com a sequência de aminoácidos original. Portanto, as 
mudanças de matriz de leitura tipicamente resultam em perda completa da estrutura e 
da função proteica normal.
Figura 04. Mutações pontuais causadas por substituição, inserção e deleção de 
bases nitrogenadas na molécula de DNA.
Fonte: Snutad e Simmons, 2017 (p. 476).
Doze substituições de base diferentes podem ocorrer no DNA
Legenda:
Purina
Pirimidina
Transição
Transversão
Inserções ou deleções de um ou dois pares de bases alteram a matriz de 
leitura do gene distal ao local da mutação
Acréscimo de par de bases C⁞G
Tipo selvagem
Filamento 
transcrito
etc.
etc.
etc.etc.
etc.etc.
etc. etc.
DNA
mRNA
Polipeptídio
B.
A.
Mutante
U11
7Biologia Celular e Genética
Variantes Genéticas
Uma vez que essas mutações pontuais ocorrem, quais seriam, portanto, as variantes 
genéticas geradas? Ou seja, quais as consequências dessas alterações no DNA e no 
gene? Para entender as variantes formadas, observe a figura 05.
Figura 05. Mutações pontuais, a formação das variantes genéticas e seus efeitos.
Fonte: Griffiths et al., 2016 (p. 1350)
Comparando a sequência nucleotídica e de aminoácidos original (selvagem) e as que fo-
ram geradas por substituição podemos identificar três tipos de variantes: a silenciosa ou 
sinônima, a de sentido trocado ou missense e a sem sentido ou nonsense. Quando a 
substituição de uma base não causa modificação no produto do gene em que ela ocorreu, 
pois o códon alterado não modifica o aminoácido da proteína, não gerando problema para o 
portador dessa mutação, dizemos que a variante gerada é do tipo silenciosa ou sinônima. 
Todavia, há casos em que a substituição de uma base altera o aminoácido na proteína, e a 
variante formada é de sentido trocado ou missense. Se o aminoácido é quimicamente 
semelhante ao original, a variante é missense conservativa, mas se o aminoácido é 
Resultados em nível molecular
Consequências das mutações de ponto nos genes
Tipos de mutações 
no DNA
Nenhuma mutação
Transição ou 
transversão
Indel
Inserção de base
Deleção de base
Tipo selvagem
Mutação 
sinônima
Mutação de 
sentido trocado 
(conservativa)
Mutação de 
sentido trocado 
(não conservativa)
Mutação sem 
sentindo
Mudança de 
matriz de leitura Altera todos os 
códons desde 
indel até que um 
códon de fim 
seja encontrado
O códon alterado 
sinaliza o término 
da cadeia
O códon alterado 
especifica um aminoá-
cido quimicamente não 
semelhante
O códon alterado 
especifica um amino-
ácido quimicamente 
semelhante
O códon alterado 
especifica o mesmo 
aminoácido
Mudança de 
matriz de leitura
Os códons especificam 
uma proteína do tipo 
selvagem
8 Biologia Celular e Genética
U11 Variantes Genéticas
quimicamente diferente do tipo selvagem, a variante é missense não conservativa. Se 
a substituição de base dá origem a um códon de parada ou stop códon, e a síntese 
proteica é interrompida previamente, a variante gerada é do tipo sem sentido ou 
nonsense, e a proteína sintetizada não será funcional.
SA
IB
A 
M
A
IS SOBRE MUTAÇÕES PONTUAIS....
Acesse o link: https://open.spotify.com/episode/5aleyRlEPC4XJQe1IyV1me. Acesso 
em: 1 de junho de 2022.
Conhecer as variantes patológicas por meio das ferramentas biotecnológicas disponí-
veis atualmente auxilia não só no diagnóstico e no tratamento das doenças por elas 
causadas, como também no prognóstico e na predição de riscos e de probabilidade de 
aparecimento nas famílias. Para entender melhor como isso é possível, apresentamos 
o caso abaixo descrito em um artigo científico elaborado por Brito et al. (2017).
“Um jovem saudável de 19 anos de idade sofreu morte súbita cardíaca (MSC) enquanto 
jogava futebol. Foi feita a reanimação cardiopulmonar pela namorada, estudante de 
medicina, até a chegada da ambulância. Foi documentada taquicardia ventricular po-
limórfica degenerando para fibrilação ventricular com a desfibrilação realizada com su-
cesso. Em internação subsequente, o eletrocardiograma (ECG) detectou ritmo sinusal 
(95 bpm), com intervalo PR de 0,26-0,28 seg. e intervalo QTc de 0,45 seg. O estudo 
ecocardiográfico (eco) foi normal, sendo excluídas as causas reversíveis de MSC, como 
iônica, infecciosa e tóxica. O paciente apresentou um exame clínico normal e nenhum 
histórico pessoal de enfermidade grave, e não tomava medicação. Não havia histórico 
familiar de doença cardíaca ou morte súbita. A radiografia de tórax, a ressonância mag-
nética cardíaca, o teste ergométrico (esteira) e a angiografia coronária tiveram resulta-
dos normais. Após consentimento livre e esclarecido por escrito, foi realizada triagem 
genética em um grupo de nove genes. Identificou-se a mutação c.3622G>T; p.Glu1208* 
no gene SCN5A, já descrita na Síndrome de Brugada ou distúrbio de condução cardí-
aca progressiva. Ademais, detectou-se outra variante de sequência, c.446C>A; p.Ala-
149Asp, no gene MYBPC3. Análisessubsequentes da família mostraram que o pai do 
paciente era portador de mutações nos genes SCN5A e MYBPC3 (Figura 6), sendo 
submetido a estudo eletrofisiológico (EEF) com teste provocativo com flecainida. O tes-
te apresentou resultados negativos. A irmã deste paciente referenciado era portadora 
somente da mutação no gene SCN5A. Devido à pouca idade, optou-se por não execu-
tar testes provocativos ou EEF.”
https://open.spotify.com/episode/5aleyRlEPC4XJQe1IyV1me
U11
9Biologia Celular e Genética
Variantes Genéticas
Voltando à descrição do caso vamos entender a informação contida na descrição das 
mutações encontradas. A primeira mutação, c.3622G>T, no gene SCN5A, nos informa 
que no códon 3622 do gene SCN5A, que é um gene já relacionado à miocardiopatia 
dilatada, ocorreu uma substituição de G para T, que é uma mutação nonsense. Como 
resultado na proteína, p.Glu1208*, no aminoácido ácido glutâmico da posição 1208, 
surgiu um códon de parada, por isso o asterisco (*), indicando não haver aminoácido 
correspondente, formando uma proteína truncada.
A segunda mutação, c.446C>A, no gene MYBPC3, ocorreu no códon 446 no gene MYBPC3, 
que é o gene da Proteína C de Ligação da Miosina, associado à cardiomiopatia hipertrófica. 
Ocorreu uma substituição de C para A que provocou uma mudança na proteína na posição 
149, p.Ala149Asp, mudando o aminoácido alanina para um ácido aspártico. Foram assim, 
identificadas duas variantes nessa família. De acordo com o relato de caso descrito,
“tanto o paciente quanto o pai são portadores de uma mutação non-sense no 
gene MYBPC3, um gene mutado comum em CMH, e uma doença autossô-
mica dominante hereditária que pode causar arritmias ventriculares e MSC, 
sobretudo nos mais jovens. A mutação identificada corroborou a probabili-
dade de patogenicidade, afirmam os autores. Nos portadores de CMH com 
mutação genética, o fenótipo pode se desenvolver ao longo da vida, particu-
larmente com mutações no gene MYBPC3. E uma vez acionado o “gatilho”, 
Figura 06. Heredograma com os genótipos e fenótipos dos indiví-
duos estudados (A) e a mutação no gene MYBPC3 p.Ala149Asp (B)
Fonte: Brito et el., 2017. 
A: Genealogia da família. MYBPC3+: portanto a mutação no 
MYBPC3, SCN5A+: portanto a mutação no SCN5A; B: mutação no 
MYBPC3 p. Ala149Asp. Faixa superior: indivíduo saudável; faixa 
inferior: paciente referenciado.
Paciente
Controle
B.
A. l/1 l/2
lI/2lI/1
MYBPC3+ 
SCN5A+
MYBPC3+ 
SCN5A+
MYBPC3- 
SCN5A-
MYBPC3- 
SCN5A-
10 Biologia Celular e Genética
U11 Variantes Genéticas
Atividade 1.
Atividade 2.
como o exercício físico extenuante no caso do paciente em questão, a morte 
súbita pode ser a primeira manifestação da doença. Este é o primeiro relato 
conhecido sobre mutações duplas nos genes SCN5A e MYBPC3.
As ferramentas e os protocolos genéticos estão em rápida evolução. A nova era dos 
testes genéticos, com a fácil possibilidade de triagem de uma grande quantidade de ge-
nes, está aumentando consideravelmente as perspectivas de diagnóstico genético em 
doenças hereditárias de forma rápida e acessível.” (BRITO et al., 2017, 186) 
Todavia, o entendimento da complexidade das associações genótipo-fenótipo, ainda geram 
dificuldades nas decisões relacionadas às intervenções terapêuticas a serem realizadas.
2. ATIVIDADES PROPOSTAS
A mutação P301L tem sido encontrada em aproximadamente 32 famílias ao redor do mundo. 
Ela afeta a proteína Tau-F que possui 441 aminoácidos. Essa proteína modificada se acumu-
la nos neurônios e células da glia de várias regiões cerebrais, como o hipocampo, neocór-
tex e substância cinzenta, causando uma doença conhecida por demência frontotemporal. 
A P310L é uma mutação pontual, que ocorre no éxon 10 localizado no cromossomo 17, e 
na posição 44087755 do códon CCG ocorre a substituição por CTG, sendo assim descrita: 
Chr17:44087755 C>T. Essa variante é classificada como:
a. Silenciosa;
b. Missense;
c. Nonsense; 
d. Frameshift;
e. Duplicação.
A doença de Tay Sachs, apresenta como mutação mais frequente a inserção de quatro pares 
de bases (TATC) no éxon 11 (InsTATC1278) do gene HEXA, localizado no cromossomo 15. 
Essa mutação gera uma proteína HexA não funcional, que não irá hidrolisar o gangliosídio 
GM2. Este se acumulará no lisossomo causando todos os sintomas característicos da doen-
ça. A variante causadora da doença é classificada como:
a. Silenciosa;
b. Missense;
c. Nonsense; 
d. Frameshift;
e. Duplicação.
U11
11Biologia Celular e Genética
Variantes Genéticas
Atividade 3.
“EVLR, sexo feminino, nascida de parto cesáreo, com 39 semanas de idade gestacional, 
pesando 2.740 gramas, Apgar 8/9, sem necessidade de reanimação neonatal. Mãe tinha 24 
anos, realizou todas as consultas de pré-natal, sem patologias de base relatadas, realizou 
somente a primeira fase das sorologias, sendo evidenciada suscetibilidade à toxoplasmose, 
rubéola e citomegalovírus. É segunda filha de pais não consanguíneos, natural de Campo 
Grande, MS. O primeiro filho do casal nasceu com onfalocele e outras malformações não 
especificadas, e faleceu duas horas após o nascimento. A paciente apresentou desde o nas-
cimento extensa área com ausência de pele em membros inferiores, com extensão do joelho 
aos dedos do pé, seguindo principalmente partes mediais, sendo constatada por dermato-
pediatra aplasia cútis. No segundo dia de vida foram observadas anormalidades ungueais, 
caracterizadas por ausência de algumas unhas de dedos dos pés e, também, presença de 
lesões bolhosas íntegras, rotas ao pequeno atrito em lábios e mucosa oral. A hipótese diag-
nóstica, após a constatação da tríade (aplasia cutis, anormalidades ungueais e epidermólise 
bolhosa), foi Síndrome de Bart.”
Fonte: https://residenciapediatrica.com.br/detalhes/223/sindrome%20de%20bart-%20relato%20de%20caso Acesso 
em: 08 julho 2022.
A Síndrome de Bart é causada por mutação no gene COL7A1, da cadeia alfa-1 do colágeno 
tipo VII, localizado no cromossomo 3p. Diversas variantes já foram descritas relacionadas 
a doenças como a epidermólise bolhosa, sendo a mais frequente nos afetados a variante 
c.5047 C>T.
Dentre as variantes do gene COL7A1 apresentadas abaixo, assinale a alternativa que apre-
senta apenas as que causam alteração na matriz de leitura do DNA.
a. c.8047-IG>A e c.2903C>T.
b. c.l758_1758delC, c.2783_2784insGACAC.
c. c.3649G>A e c.l758_I758deIC.
d. c.2783 _2784insGACAC e c.8191G>T.
e. c.8047-I G>A, c.8191G>T e c.3649G>A.
Atividade 4.
Dois irmãos, uma menina de 11 anos e um menino de 8, moradores de Araquiri no nordeste de 
Santa Catarina, com quadro de convulsões, atraso no desenvolvimento, deficiência cognitiva, 
encefalopatia, característico de distúrbio progressivo do neurodesenvolvimento, foram sujeitos 
de uma pesquisa genética. 
Foi descoberto que esta condição é causada por mutação no gene VPS41. Os genes da família VPS 
(Vacuolar Protein Sorting=endereçamento vacuolar de proteínas) são responsáveis pelo tráfego intra-
celular de vesículas e, quando alterados, são responsáveis pela segregação anormal de macromo-
léculas e organoides, o que causa doenças. Além dos brasileiros, afetados de outros países também 
foram estudados e foi identificado um padrão de herança autossômica recessiva dessa condição, 
além de duas variantes recorrentes nas famílias: c.853T>C e c.1898G>C. Como consequência, foram 
observadas, respectivamente, as seguintes alterações nas proteínas: p.Ser285Pro e p.Arg633Pro.
Fonte: https://academic.oup.com/brain/article/144/3/769/6187999?login=false. Acesso em: 02 junho 2022.
https://residenciapediatrica.com.br/detalhes/223/sindrome%20de%20bart-%20relato%20de%20caso
https://academic.oup.com/brain/article/144/3/769/6187999?login=false
12 Biologia Celular e Genética
U11 Variantes Genéticas
Atividade 5.
Observe as sequências de DNA abaixo. Uma é normal e a outra sofreu uma mutação por 
substituição na posição 7.
DNA normal 3’ ATG CAT AGA GCC AAA 5’
DNA mutante 3’ ATG CAT AGA GCT AAA5’
Códon RNAm e aminoácido na cadeia polipeptídica:AUG = Met; CAU = His; AGA =Arg; GCC = Ala; AAA = Lis; GCU = Ala.
É possível concluir que a mutação:
a. gera uma cadeia polipeptídica com um aminoácido a menos.
b. aumenta o número de códons do RNAm.
c. é silenciosa, aumentando a variabilidade genética da espécie.
d. altera o módulo de leitura do RNAm e o tamanho da proteína.
e. causa a substituição de um aminoácido na proteína.
É possível concluir que a mutação:
a. causa a substituição de aminoácidos na proteína.
b. gera uma cadeia polipeptídica com um aminoácido a menos.
c. aumenta o número de códons do RNAm.
d. é silenciosa, aumentando a variabilidade genética da espécie.
e. altera o módulo de leitura do RNAm e o tamanho da proteína.
U11
13Biologia Celular e Genética
Variantes Genéticas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRITO, D., MAGALHÃES, A., CORTEZ-DIAS, N. MILTENBERGER-MILTENY, G., 2017. Rara Associação 
de Duas Causas Genéticas de Morte Súbita em Jovem Sobrevivente. Arq Bras Cardiol., 108(2):184-186. Dis-
ponível em: https://www.scielo.br/j/abc/a/KjNCDMTD7h7HxwK4CLJ8cqC/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 
Acesso 01 junho 2022.
GRIFFITHS, A. J. F., WESSLER, S. R., CARROLL, S. B., DOEBLEY, J. Introdução à Genética. 11.ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2016, p. 1345-1408.
SNUSTAD, Peter D.; SIMMONS, Michael J. Fundamentos de Genética. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2017, p. 466-486.
https://www.scielo.br/j/abc/a/KjNCDMTD7h7HxwK4CLJ8cqC/?lang=pt&format=pdf
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