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UNID 2 - ESTILO DE VIDA SAUDE E MEIO AMBIENTE

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23/05/2022 20:43 Estilo de vida, saúde e meio ambiente
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ESTILO	DE	VIDA,	SAÚDE	E	MEIO	AMBIENTE
UNIDADE 2 - DETERMINAÇA� O SOCIAL DA
SAU� DE
Autoria: Lucianna Schmitt - Revisão técnica: Renata Bazante Rodrigues
23/05/2022 20:43 Estilo de vida, saúde e meio ambiente
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Introdução
Na sociedade, existem diferenças entre grupos, indivı́duos e nações. Essas diferenças podem ser aceitáveis,
por exemplo, culturas, hábitos alimentares e religiões. Nosso paı́s concentra uma grande diversidade de
pessoas seguidoras de diferentes religiões, não há problema se uma pessoa é católica e o seu vizinho é adepto
ao candomblé. Essas diferenças não impedem que esses indivı́duos tenham acesso a serviços de saúde ou
educação. Embora tenhamos essas diferenças aceitáveis entre as pessoas e grupos, existem diferenças que são
inadmissı́veis, como é o caso da pobreza. Não é aceitável que em razão da renda insu�iciente uma pessoa não
consiga ter acesso a serviços de cuidados primários em saúde, de saneamento básico, entre outros. Quando
olhamos sob a ótica da saúde, poucas diferenças deveriam in�luenciar a condição de saúde de um indivı́duo,
por exemplo, a idade, predisposição genética ou sexo. No entanto, o que observamos é que existem
disparidades, entre as pessoas, que vão além dessas diferenças. Nosso paı́s possui ı́ndices altos de
desigualdade social e isso acaba re�letindo, também de forma desigual, nas condições de saúde da população.
Existem condições de vida e trabalho que acabam por determinar a condição de saúde e bem-estar dos
indivı́duos, elas são chamadas de Determinantes Sociais da Saúde (DSS). Nessa unidade, vamos estudar os
DSS e entender como a saúde é um processo amplo, que envolve múltiplos setores da sociedade.
Bons estudos!
2.1 Histórico dos determinantes da saúde
A compreensão de que a saúde envolve mais do que medicamentos e tratamentos curativos demorou para ser
desenvolvida. O mundo, em sua história, descobriu diferentes formas de compreender a saúde conforme a
época e os conhecimentos disponı́veis. Antigamente, doenças eram atribuı́das a forças mágicas. Durante o
perı́odo clássico da história, �ilósofos gregos foram os primeiros a especular e escrever sobre in�luências
ambientais como causas de doenças.
Os antigos romanos reconheceram a importância de esgotos sanitários e de beber água potável, mas, após a
queda do Império Romano, o conhecimento médico recuou para as antigas teorias mı́sticas de doença e
tratamento.
Durante a Idade Média, a Europa foi devastada por recorrentes surgimentos de doenças, como a Peste Negra
no século XIV. Os perı́odos seguintes, Renascença e Barroco, testemunharam avanços no entendimento das
causas de doenças. Em meados de 1600, John Graunt desenvolveu, em Londres, métodos para compilar as
primeiras estatı́sticas de mortalidade conhecidas. Suas inovações ajudaram a formar os alicerces das
estatı́sticas vitais modernas, identi�icando tendências matemáticas no nascimento e morte.
A seguir, vamos ver alguns modelos de determinação da saúde anteriores ao que utilizamos hoje.
2.1.1 Modelo biomédico
Durante muitas décadas o modelo biomédico dominou o entendimento do conceito de saúde, ele surgiu a
partir de várias descobertas e acontecimentos na ciência (adaptado de BARROS, 2002):
1543 – Estudos anatômicos de Vesalius;
1628 – Descoberta da circulação sanguínea por Willian Harvey;
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1790 a 1823 – Descoberta da primeira vacina por Edward Jenner.
#PraCegoVer: a imagem mostra uma máscara que lembra um bico de tucano, utilizada por médicos para
visitar os pacientes com a Peste Negra na Idade Média.
 
Posteriormente, a partir de 1860, há uma sequência de descobertas e estudos bacteriológicos sobre o papel
das bactérias na fermentação, nas doenças, na criação da vacina antirrábica e identi�icação do agente causador
da tuberculose. Todas essas descobertas foram realizadas por cientistas como Louis Pasteur e Robert Koch,
que se tornaram famosos na área da saúde. Esses notáveis acontecimentos evidenciaram que existia uma
forma de ver a doença como uma correlação de causa e efeito entre a presença do organismo e a falta de
defesa do seu hospedeiro (BARROS, 2002).
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Figura 1 - Acessórios médicos para atender pacientes com a Peste Negra
Fonte: Sergio Foto, Shutterstock, 2020.
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#PraCegoVer: foto de Louis Pasteur em 1870.
 
Aprimoramentos adicionais no conhecimento da etiologia de doenças foram desenvolvidos durante a
Revolução Industrial, quando o campo da saúde pública se tornou mais so�isticado. Isso marcou a era da
saúde pública como "movimento de reforma sanitária", conduzindo diversas melhorias, o que inclui a
investigação de John Snow sobre o surto de cólera em Londres (PERDIGUERO, 2001).
Figura 2 - Louis Pasteur (1822-1895), quı́mico e microbiologista francês
Fonte: Everett Historical, Mediapool, 2020.
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A população começou a aumentar sua expectativa de vida, em razão das novas descobertas cientı́�icas
relacionadas aos agentes biológicos causadores de doenças. E os séculos XX e XXI trouxeram avanços
contı́nuos no conhecimento médico, nas soluções dos problemas de saúde pública e nos esforços para
diminuir condições crônicas e degenerativas (BARROS, 2002). A seguir, é possı́vel identi�icar os marcos na
saúde pública conforme cada época (BARROS, 2002).
Período Clássico (500 a.C.)
Era de Hipócrates; romanos instalam sistemas
de esgoto público e aquedutos.
Idade das Trevas (500 d.C. – 1100 d.C.)
VOCÊ QUER LER?
No século XIX, Londres era uma cidade altamente populosa para a época. Por ter
muitos habitantes, 2,5 milhões em uma área de 50 km², gerava muito lixo e mau
cheiro. A produção de louça, uma das inovações industriais no perı́odo, permitiu a
criação dos vasos sanitários que conhecemos hoje, porém o plano de saneamento e a
rede de esgoto da capital inglesa não acompanharam a rapidez com que os vasos
sanitários foram incluı́dos nas casas. Por essa razão, essa cidade foi cenário de um
surto histórico de cólera, que matou 500 pessoas em dez dias. A cólera é uma doença
altamente transmissıv́el que mata rapidamente por meio de diarreias e vômitos
violentos, além de hemorragia interna. Esse episódio marcou a história da saúde
pública por avanços nos conhecimentos de epidemiologia, que foram liderados pelo
médico John Snow. Na época, não se conhecia o agente causador da cólera, mas John
Snow conseguiu estabelecer um novo método de pesquisa dos casos, que revolucionou
o campo da epidemiologia, pois possibilitou identi�icar que a doença era transmitida
pela água.
No site do Conselho regional de Medicina de São Paulo, há uma homenagem a John
Snow. O “Tributo a John (https://www.cremesp.org.br/?
siteAcao=Revista&id=623)Snow (https://www.cremesp.org.br/?
siteAcao=Revista&id=623)” trata da sua história e do método que mudou a
epidemiologia, sendo usado até os dias de hoje.
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https://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Revista&id=623
https://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Revista&id=623
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Recorrência de crenças supersticiosas e mágicas
em relação a doenças.
Idade Média (1100 – 1453)
A Peste Negra mata praticamente um terço da
população Europeia.
Renascença (1300 – 1500)
Descobertas em anatomia humana; hipóteses em
relação a doenças e micro-organismos.
Período Barroco (1600 – 1700)
John Graunt compila estatı́sticas vitais.
Revolução Industrial (final de 1700)
Edward Jenner inventa uma vacina bem-sucedida
para a varı́ola. Nesse perı́odo também ocorreu a
investigação de John Snow sobre o surto de
cólera em Londres, 1856, além do
desenvolvimento de trabalhos públicos no Reino
Unido. E� poca marcada pelo surgimento da
Bacteriologia.
Século XX (1900 – 1999)
Pandemia de in�luenza de 1918; invenção do
antibiótico; foco no controle da doença crônica.
Século XXI (2000 até hoje)
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Polı́ticas para prevenção, desenvolvimento de
vacina para HPV (Vı́rus do papiloma humano),
vacinas contra as constantes mutações do vı́rus
in�luenza, vacina contra o ebola (HISTORY OF
VACCINES). E� poca marcada pelo rápido
crescimento da população.
Todos esses acontecimentos do aspecto biológico in�luenciaram profundamente a visão do ensino da
medicina e das demais pro�issões da saúde. Essa forma de visão sobre o processo saúde-doença chamamos
de modelo biomédico. A seguir você pode visualizar caracterı́sticas desse modelo. 
#PraCegoVer: o quadro descreve as caracterı́sticas do modelo biomédico.
 
Pode-se observar que nessa perspectiva biomédica, não há o reconhecimento da saúde mental, in�luência
comunitária e social sobre a saúde do indivı́duo. O médico é visto como protagonista do cuidado e das
práticas de saúde. O modelo biomédico olha o processo saúde-doença de forma unicausal, causa única, e
Quadro 1 - Caracterı́sticas e descrição do modelo biomédico
Fonte: Elaborado pela autora, baseado em PAGLIOSA; DA ROS 2008; FERTONANI, 2015.
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linear como forma de explicar o surgimento de doenças e tratamentos (PUTTINI; JUNIOR; OLIVEIRA, 2010).
Esse modelo passa a ser visto como insu�iciente a partir de 1970, pois ele não compreende o indivı́duo como
um todo, nem considera seu contexto social (FERTONANI, 2015).
Em 1974, o Canadá publicou o relatório Lalonde, uma abordagem mais baseada na educação, que identi�icou
os dois principais objetivos relacionados à saúde: o sistema de assistência médica em geral e a promoção da
saúde. O relatório é considerado o primeiro documento de um governo moderno do Ocidente a reconhecer
que a ênfase em um sistema de saúde biomédico está errada, e que é preciso enxergar além do sistema de
cuidados de saúde tradicional (cuidados com doentes) para melhorar a saúde do público (HANCOCK, 1985).
Figura 3 - Fatores de determinação da saúde conforme o relatório Lalonde de 1974.
Fonte: Elaborada pela autora, baseada em LALONDE, 1974.
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#PraCegoVer: a �igura é composta por um cı́rculo central, no qual está escrito “saúde”, e por cı́rculos
periféricos, nos quais temos as seguintes descrições: meio ambiente, biologia, estilo de vida e instituições de
saúde.
 
O relatório reconheceu que os determinantes da saúde vão além da saúde pública tradicional e dos cuidados
médicos, e apontou que os fatores socioeconômicos, a biologia, o ambiente e as escolhas de estilo de vida são
determinantes de saúde fundamentais. Ele também propôs a educação sobre saúde e o marketing social como
ferramentas para persuadir as pessoas a adotar estilos de vida mais saudáveis (CARVALHO, 2004).
Especi�icamente, o relatório Lalonde elencou diferentes fatores socioeconômicos que impactam a saúde:
Biologia e genética: a saúde humana é influenciada diretamente
pelas realidades biológicas e genéticas de uma população.
Embora a formação genética seja em grande parte inata, essas
características podem ser definidas pelo ambiente em que vive
uma população, pelas suas escolhas predominantes de estilo de
vida e pela eficácia de suas organizações de saúde.
Ambiental: o ambiente natural e social de uma população
contribui expressamente para a saúde pública. Questões que
variam desde a poluição até o acesso à água, do clima até a
produção agrícola, definem o âmbito em que os humanos podem
gozar de boa saúde.
Estilo de vida: cada pessoa faz escolhas individuais sobre
questões relacionadas à sua saúde. O conjunto dessas escolhas
exercerá influência nos níveis de saúde da população.
Organização de saúde: a disponibilidade e qualidade do aparato
de gerenciamento e cuidados com a saúde tem uma influência
forte na saúde pública. Esse aparato pode incluir médicos,
enfermagem, hospitais, sistemas de gerenciamento de saúde e
todos os aspectos de cuidados com a saúde.
Podemos veri�icar que esse relatório representou um marco na mudança do olhar sobre a saúde, pois tira a
visão focada na doença para a compreensão de que saúde é algo muito mais amplo.
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2.2 Determinantes Sociais da Saúde (DSS)
Os Determinantes Sociais de Saúde (DSS) constituem um modelo de explicação dos vários fatores que
in�luenciam a saúde e o bem-estar, o que envolve desde as redes sociais e a situação econômica até as
caracterı́sticas mentais e fı́sicas, além do ambiente de trabalho e de lazer. Eles são de�inidos como: “fatores
sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que in�luenciam a ocorrência
de problemas de saúde e seus fatores de risco na população.” (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007, p. 78)
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Os determinantes de saúde nos ajudam a compreender por que uma pessoa pode �icar doente, enquanto outra,
com marcadores biológicos semelhantes, permanece saudável. Os determinantes de saúde ilustram a
complexidade do mundo e a importância dos fatores externos para a saúde e bem-estar. Eles também podem
mostrar áreas para melhoria, que trariam mais equidade em saúde.
#PraCegoVer: a �igura em formato de arco-ı́ris apresenta os determinantes sociais de acordo com o modelo
proposto por Whitehead e Dahlgren.
 
O modelo mais adotado para estudar essa perspectiva do processo saúde-doença é o de Whitehead e
Dahlgren. A partir dele é possı́vel compreender que as desigualdades em saúde resultam da interação entre
condições de vida individuais com a rede comunitária, serviços públicos e até polı́ticas públicas.
Figura 4 - Modelo de Determinantes Sociais da Saúde
Fonte: Elaborada pela autora, baseada em WHITEHEAD; DAHLGREN, 1991.
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2.2.1 Camadas do Modelo DSS
A primeira camada é a base do modelo, centrada no indivı́duo com suas caracterı́sticas inerentes, como idade,
sexo e herança genética. A segunda camada representa o estilo de vida e os comportamentos individuais. Na
camada seguinte, terceira, estão representadas as in�luências das redes comunitárias, que envolvem a famı́lia,
o cı́rculo social e grupos sociais próximos, que, por sua vez, são in�luenciados pela quarta camada, isto é,
condições de vida, como educação, emprego, renda, acesso a serviços básicos. Por �im, na última camada
estão as condições socioeconômicas, culturaise ambientais, que têm relação com as polı́ticas públicas e
globais (WHITEHEAD; DAHLGREN, 1991).
De acordo com a Lei 8.080 de 1990, que regulamenta o Sistema U� nico de Saúde (SUS), o Brasil compreende
que a saúde envolve além dos procedimentos curativos, de reabilitação, prevenção e promoção, pois abarca o
enfrentamento dos condicionantes de saúde, sinônimo dos determinantes, descritos na lei: alimentação,
moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, renda, educação, lazer, esporte e acesso aos serviços e
bens essenciais (BRASIL, 1990).
2.2.2 Equidade e Iniquidade
Dois conceitos fundamentais são necessários para compreender a abordagem de ações em saúde pela ótica
dos DSS. Equidade em saúde é tratar as pessoas e comunidades de forma proporcional às suas necessidades. E�
tratar desigualmente os desiguais, proporcionando mais recursos aos que mais precisam, para que possam
alcançar nı́veis de saúde iguais às pessoas e comunidades menos necessitadas. A iniquidade, por sua vez, é a
diferença ocasionada por injustiças evitáveis, isto é, uma desigualdade desnecessária que poderia ter sido
evitada (VIEIRA-DA-SILVA; FILHO, 2009).
VOCÊ QUER LER?
O artigo “A Saúde e seus Determinantes Sociais
(http://www6.ensp.�iocruz.br/repositorio/sites/default/�iles/arquivos/Sa%C3%BAde
Determinantes.pdf )”, de Paulo Marchiori Buss e Alberto Pellegrini Filho, traz
informações sobre o que se entende sobre DSS e uma revisão histórica desse modelo
até a criação da Comissão Nacional de Determinantes de Saúde.
http://www6.ensp.fiocruz.br/repositorio/sites/default/files/arquivos/Sa%C3%BAdeDeterminantes.pdf
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Existem diferenças em saúde que são aceitáveis, por exemplo, a diferença da carga de doença entre adultos,
jovens e idosos, faz parte da determinação individual da idade. Por outro lado, ter maiores nı́veis de
tuberculose em um bairro pobre, que não tem acesso ao serviço de saúde, é inaceitável e injusto. Da mesma
forma, é inaceitável ter maiores incidências de diarreia em crianças por falta de saneamento básico em suas
casas.
VOCÊ QUER VER?
Existem situações de desigualdade capazes de fazer com que doenças transmissıv́eis e
evitáveis, como a tuberculose, sejam passadas de uma geração para outra. A FIOCRUZ
fez o documentário “Herança social (https://www.youtube.com/watch?
v=637MgE8hksw&list=RDCMUC5z5hsnZOZJH8vFacP-9poQ&index=2)”, que mostra os
determinantes sociais da saúde na situação de tuberculose, uma doença que já
poderia ter sido erradicada, não fossem as iniquidades em saúde.
https://www.youtube.com/watch?v=637MgE8hksw&list=RDCMUC5z5hsnZOZJH8vFacP-9poQ&index=2
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#PraCegoVer: a �igura mostra duas cenas que exempli�icam a diferença entre igualdade e equidade. Na
primeira cena há três crianças de tamanhos diferentes atrás de uma cerca de um campo de beisebol, cada
criança está em cima de uma caixa, o que faz com que a criança mais pequena continue sem acesso ao campo,
pois a cerca é maior que sua altura em cima da caixa. Abaixo dessa primeira cena está escrito “igualdade”. Na
segunda cena, há uma distribuição diferente das caixas, a criança mais alta está sem caixa e, ainda assim,
consegue olhar por cima da cerca, já a criança de tamanho intermediário tem acesso ao campo por meio de
uma caixa, e a mais baixa está com duas caixas. Abaixo dessa cena está escrito “equidade”.
Figura 5 - Diferença entre igualdade e equidade
Fonte: SOU+SUS, 2020.
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Podemos observar que na cena da igualdade existem três pessoas que recebem uma caixa de madeira para
subir e poder assistir ao jogo por cima do muro, porém, como algumas são mais baixas, apenas uma caixa não
é su�iciente para elas. Na cena que representa a equidade, a pessoa mais baixa recebeu mais caixas, e a maior
nenhuma, pois tem altura su�iciente para assistir ao jogo por cima do muro.
CASO
No ano de 2011, no Rio de Janeiro, aconteceu a Conferência Mundial sobre
Determinantes Sociais da Saúde, em que o Brasil apresentou o seu caso de sucesso: o
Programa Bolsa Famı́lia (PBF). O programa surgiu a partir de um cenário social de
desigualdade e programas de transferência de renda não e�icazes. Existiam vários
programas com diferentes critérios de inclusão e nenhuma possibilidade de unir os
dados desses programas, isto é, não era possıv́el veri�icar em quantos programas uma
mesma pessoa estava cadastrada, pois eram sistemas de informação diferentes e que
não se comunicavam. Em 2004, o PBF uniu todos esses programas em um único, com
o objetivo de combater a fome e reduzir as iniquidades nas famı́lias vulneráveis. O
PBF é um programa de transferência condicional de renda, isso signi�ica que, para ser
bene�iciário dessa polı́tica, a famı́lia precisa cumprir condicionalidades, tais como:
realizar aferição de peso e estatura dos bene�iciários duas vezes ao ano, manter a
vacinação das crianças em dia, manter uma frequência escolar de 85%, bene�iciárias
gestantes devem realizar consultas de pré-natal. Estudos mostram que o poder de
compra de alimentos das famı́lias aumentou 79%, a segurança alimentar aumentou
52%, a evasão escolar e o trabalho infantil reduziram. Dessa forma, podemos
observar que as famı́lias passaram a ter mais acesso aos determinantes: saúde,
educação e renda, o que evidencia que o PBF é uma polı́tica voltada para redução de
iniquidades (CAMPELLO; NERI, 2013).
2.3 Desenvolvimento humano e os determinantes de saúde
nos ciclos da vida
Para cada etapa da vida alguns determinantes sociais pesam mais ou menos para os desfechos de saúde. Esse
entendimento pautará a elaboração de polı́ticas públicas que olhem o indivı́duo e o seu contexto.
2.3.1 Desenvolvimento humano
As divisões dos ciclos da vida humana são convenções sociais que mudam conforme a necessidade de cada
tempo. A terceira idade, por exemplo, não existia na época medieval, quando a expectativa de vida não
passava dos 50 anos de idade. A infância foi compreendida por muitos anos como um ensaio de “mini
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adultos”, em que lhes eram ensinadas tarefas de adultos, como tricotar, tecer roupas e cuidar dos animais. Da
mesma forma, a adolescência é considerada como um estágio da vida moderna, criada após a década de 1920
(ESCORSIN, 2012; PAPALIA; FELDMAN, 2013). Atualmente, são convencionados, para a maior parte das
sociedades, oito perı́odos de desenvolvimento humano.
#PraCegoVer: o quadro elenca as etapas do ciclo da vida e apresenta uma descrição para cada etapa.
 
Podemos ver que cada etapa da vida possui caracterı́sticas únicas do nosso desenvolvimento, que são,
também, janelas de oportunidade para que os indivı́duos se desenvolvam para alcançar os seus melhores
potenciais cognitivos, de saúde e fı́sicos.
Quadro 2 - Etapas do ciclo da vida e suas caracterı́sticas de desenvolvimento
Fonte: Elaborado pela autora, baseado em PAPALIA; FELDMAN, 2013; BARROS, 2016.
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#PraCegoVer: a imagem mostra em ordem a evolução do ser humano desde a sua fase como feto até a morte.
 
Cada caracterı́stica, em cada etapa da vida, nos deixa mais ou menossuscetı́veis aos determinantes sociais da
saúde. A seguir, veremos os principais determinantes que impactam as fases da vida.
3.3.2 Determinantes da saúde nos ciclos da vida
A cada fase da nossa vida, estamos mais suscetı́veis às condições de vida e trabalho que perpassam o nosso
dia a dia. Além disso, existem as diferenças que nos tornam únicos, mesmo em condições semelhantes de
vida. As pessoas diferem em gênero, peso, altura, personalidade, temperamento. A seguir, veremos alguns
fatores que in�luenciam o desenvolvimento humano (PAPALIA; FELDMAN 2013).
 
a)	Hereditariedade	 e	 ambiente: hereditariedade diz respeito aos genes que uma pessoa tem, que são as
caracterı́sticas herdadas, um ponto de partida na vida. Contudo, pesquisas mostram que o ambiente fetal e de
infância podem in�luenciar a saúde até a vida adulta. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF),
agência da Organização das Nações Unidas (ONU), declara que os primeiros mil dias de vida, a contar da
concepção, são fundamentais para questões decisivas em saúde, como obesidade, doenças crônicas não
transmissı́veis e expectativa de vida. Em razão do desenvolvimento cerebral nessa idade, as de�iciências
nutricionais podem ser decisivas sobre a capacidade cognitiva motora e nutricional da criança. Uma menor
capacidade cognitiva impactará nos rendimentos de aprendizado, que pode futuramente impactar na
qualidade de emprego que esse adulto terá (1000 DAYS, 2020).
b)	 Família:	 a famı́lia nuclear, composta por pai mãe e �ilhos, já foi o padrão predominante na sociedade.
Antigamente, era comum encontrar famı́lias numerosas, com muitos �ilhos, normalmente dedicadas ao
trabalho agrı́cola. Atualmente, existem diferentes tipos de famı́lias, por exemplo, as formadas por dois adultos
com �ilhos de relacionamentos anteriores; famı́lia multigeracional, quando várias gerações moram juntas.
Esse último formato tem sido cada vez mais comum, pois as pessoas estão vivendo por mais tempo e os
�ilhos acabam cuidando dos pais.
Figura 6 - Ciclo da vida
Fonte: Leremy, Shutterstock, 2020.
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#PraCegoVer: a �igura representa várias famı́lias brincando embaixo de uma árvore colorida.
 
c)	In�luências	normativas:	são in�luências causadas por um evento que afeta muitas pessoas, por exemplo,
uma forte crise econômica, uma guerra ou pandemia. Essas in�luências podem perdurar por gerações, seja no
comportamento das pessoas, seja nos impactos causados ao planeta, como escassez de alimentos.
Figura 7 - Diferentes arranjos familiares
Fonte: Ihnatovich Maryia, Shutterstock, 2020.
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d)	 In�luências	 não	 normativas: acontecem para um indivı́duo ou um pequeno grupo de indivı́duos e
perturbam uma sequência do ciclo de vida. São exemplos desses eventos a morte precoce dos pais de uma
criança, a sobrevivência a uma tragédia como acidente aéreo. Algumas vezes esses eventos abrem
oportunidades de desenvolvimento psı́quico, pois podem ser um desa�io para o indivı́duo.
VOCÊ O CONHECE?
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)
(https://www.unicef.org/brazil/sobre-o-unicef ) faz parte da Organização das Nações
Unidas (ONU). Voltado para proteger crianças e adolescentes no mundo com a
garantia dos seus direitos. O UNICEF iniciou os trabalhos no Brasil na década de 50
por meio do apoio ao aleitamento materno, criação do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), combate ao trabalho infantil, dentre outras ações.
VOCÊ SABIA?
O Brasil criou a Comissão Nacional de Determinantes Sociais da Saúde, que faz o
monitoramento dos indicadores de equidade e dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável. O Portal DSS (http://dssbr.org/site/sobre/) foi criado para mostrar
esses dados e, também, servir como base de conhecimento sobre o enfrentamento
das iniquidades em saúde.
https://www.unicef.org/brazil/sobre-o-unicef
http://dssbr.org/site/sobre/
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e)	Imprinting: é uma forma de aprendizagem baseada no instinto, em que um �ilhote estabelece vı́nculo com
a pessoa que mais enxerga, usualmente a mãe. Isso é a predisposição ao aprender, regulado pelo sistema
nervoso que está sempre pronto para aprender comportamentos nesse perı́odo crı́tico da vida. Esse perı́odo
crı́tico é o intervalo de tempo em que é esperado que um evento ocorra para que o desenvolvimento da
criança seja adequado. Caso isso não aconteça, o desenvolvimento normal pode não acontecer.
2.4 O impacto dos DSS na saúde global
Após a caminhada para enxergar a saúde como resultado de esforços intersetoriais, os paı́ses aderiram à
proposta da Organização Mundial de Saúde (OMS) de enfrentamento às iniquidades em saúde presentes no
documento “Closing the Gap in a generation”, que remete à ideia de terminar com as diferenças no tempo de
uma geração, isto é, vinte anos. Esse relatório traz à luz um questionamento importantı́ssimo: como pode
uma pessoa viver menos que outra só por causa do seu local de nascimento? A expectativa de vida no Japão e
Suécia é mais que 80 anos, enquanto no Brasil é 72 anos, e nos paı́ses africanos chega a ser abaixo de 50 anos.
São caracterı́sticas comuns que acompanham os paı́ses na medida em que a esperança de vida reduz, a
pobreza e a vulnerabilidade social são piores que os indicadores de saúde (WHO, 2008).
Nesse documento é apontado como a saúde tem sido vista como um setor único e que deve enfrentar sozinha
os seus problemas. No entanto, hoje se sabe que a saúde é resultado de condições dignas de vida e trabalho.
Por isso, o documento lança três eixos principais de ação. Veja quais são eles, clicando nos botões a seguir.
Melhorar as condições de pré-natal e parto; 
melhorar o desenvolvimento infantil e educação de
meninos e meninas;
criar políticas de proteção social para todos;
criar condições para que as pessoas envelheçam bem.
Fortalecer políticas de igualdade entre homens e
mulheres; 
governança capaz de apoiar a sociedade civil nas
mudanças democráticas.
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•
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Melhorar	as	condições	de	vida	diárias	
Equiparar	a	disparidade	de	poder,	renda	e	recursos	
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De acordo com a OMS, o investimento nos anos iniciais fornece um dos maiores potenciais para reduzir as
desigualdades de saúde. Para garantir a igualdade desde o inı́cio, a comissão sugere: o desenvolvimento e o
uso de um mecanismo para garantir a coerência de polı́ticas para o desenvolvimento inicial da criança; um
pacote abrangente de programas de qualidade para todas as crianças, mães e cuidadores; a provisão de
educação obrigatória primária e secundária de qualidade para todas as crianças. 
As condições diárias em que as pessoas vivem têm forte in�luência na igualdade de saúde e, por isso, a
comissão recomenda: maior disponibilidade de moradia acessı́vel e investimento em melhorias de
urbanização das favelas; promoção equitativa de comportamentos seguros e de saúde; investimento
sustentável no desenvolvimento rural; respostas polı́ticas, sociais e econômicas à degradação ambiental que
afeta a igualdade de saúde.
Condições de emprego justo e trabalho decente podem fornecer segurança �inanceira e proteção contra
doenças fı́sicas e psicossociais. A comissão defende: polı́ticas econômicas e sociais para garantir o trabalho
seguro comsalário su�iciente; proteção por meio de padrões e polı́ticas internacionais de trabalho; melhores
condições de trabalho.
A OMS acredita que todos precisam de proteção social durante a vida toda. Isso envolve o
estabelecimento/fortalecimento de polı́ticas de proteção social abrangentes e a garantia de que os sistemas de
proteção social amparem aqueles que estão em condições precárias de trabalho. Aproximadamente 100
milhões de pessoas são forçadas a entrar na pobreza devido a custos de saúde catastró�icos. A comissão fez
um apelo por sistemas de saúde baseados em princı́pios de igualdade, prevenção de doenças e promoção da
saúde com cobertura universal, foco no sistema de saúde primário, independentemente da capacidade de o
indivı́duo poder pagar (WHO, 2008).
O problema da igualdade e do poder na saúde é sistêmico. A vida diária das pessoas pode ser bastante afetada
por estruturas sociais muito aprofundadas — as normas e práticas que ditam como a riqueza, a tomada de
decisão polı́tica e os recursos importantes são alocados entre a população de uma comunidade. Quando os
governos inserem a igualdade em saúde como uma forma de medir o desempenho, geram um indicador que
pode ser avaliado para a e�icácia dessas medidas. Assim, se alcançará a igualdade nas polı́ticas, sistemas e
programas. Para isso, os governos precisam: garantir que a igualdade de saúde e os problemas relacionados à
saúde sejam responsabilidade dos nı́veis mais altos do governo e das corporações privada; pesquisar os
impactos das polı́ticas de saúde e os programas que foram implementados no passado para determinar o
sucesso; lidar com os determinantes sociais de saúde nos programas, polı́ticas e no sistema de saúde.
Reconhecer que existem problemas e encontrar formas de
medir as iniquidades em saúde;
cada país deve avaliar os determinantes sociais da saúde e
verificar o impacto das suas políticas para mudanças
positivas.
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Medir	e	entender	o	problema	e	avaliar	o	impacto	da	ação	
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As práticas de �inanciamento justo devem recompensar as promessas atuais para lidar com os determinantes
sociais de saúde e dividir de forma justa quaisquer recursos devotados a esse assunto. Além disso, deve criar
um sistema de veri�icações e balanços para garantir que os fundos alocados estejam alcançando as áreas
urbanas e rurais. Para fazer isso, os paı́ses precisam ter uma capacidade nacional de tributação progressiva,
isto é, um planejamento de alocação de impostos; um plano para honrar os compromissos existentes,
aumentando a ajuda global para 0,7% do PIB, indicador econômico para o total de riquezas acumuladas.
A igualdade dos sexos	é um tópico muito importante dos assuntos de qualidade de saúde. A OMS recomenda
que a igualdade entre os sexos seja promovida por meio de legislação rigorosa de combate aos preconceitos
sexistas no sistema judicial, na cultura empresarial e na economia, por meio do reconhecimento dos
problemas, promovendo mais inclusão de ambos os sexos e reconhecendo como trabalho as funções
baseadas no lar, por exemplo, dona de casa.
E� importante o desenvolvimento de suporte legislativo para um tratamento justo e ético de homens e
mulheres e a criação de regras e leis para quando ocorrerem discriminações. Criar mais oportunidades
ocupacionais, educacionais e �inanceiras para as mulheres. Incentivar o investimento em serviços de saúde
reprodutiva e sexual ações de educação nesse tema.
O empoderamento polı́tico é outro fator relevante. As pessoas que se sentem incluı́das no processo terão
mais probabilidade de adotar os resultados porque participaram na determinação desses resultados. Para
garantir que todos os grupos tenham voz igual na sociedade, especialmente ao tomar decisões relacionadas à
saúde, todos os grupos devem receber esse poder, por meio de uma representação justa na tomada de
decisões, e a sociedade civil deve estar apta a organizar-se e a agir de maneira a promover e a realizar os
direitos polı́ticos e sociais que afetam a igualdade de saúde. Isso inclui a promoção dos direitos humanos e a
proteção dos grupos mais vulneráveis, como as populações indı́genas.
Para lidar com as desigualdades de saúde, primeiro é preciso admitir que as desigualdades existem. A coleta
de dados sistemática pode ajudar as organizações e os governos a entender a natureza e o escopo dos
problemas para que possam tomar as medidas para resolvê-los. O monitoramento próximo de programas e
polı́ticas podem, então, determinar se uma alteração real e positiva ocorreu, e informar as melhorias
necessárias. Qualquer ação nos determinantes sociais de saúde será mais e�iciente se sistemas de informação
de dados forem implantados para que mais polı́ticas, sistemas de saúde e programas e�icientes possam ser
desenvolvidos.
VOCÊ SABIA?
Um grupo étnico consiste em pessoas unidas por uma determinada cultura,
ancestralidade, religião, lı́ngua ou origem, que contribuem para a construção de
identidade, atitudes, crenças e valores comuns. Há uma perspectiva de tendência
para que os grupos minoritários, tais como população quilombola e indı́gena,
cresçam, em razão do maior número de nascimentos que eles apresentam
(PAPALIA; FELDMAN, 2013). 
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A educação e o treinamento de pro�issionais são vitais, e a igualdade de saúde deve ser monitorada em cada
nı́vel, da comunidade ao estágio internacional. De acordo com a OMS (2008), a comissão da DSS fez um apelo
para que os especialistas de várias áreas e os órgãos de �inanciamento: usem uma estrutura global comum de
indicadores de saúde para monitorar o progresso do desenvolvimento; garantam que qualquer ajuda ou
perdão de dı́vida apoiem determinantes sociais e�icientes de criação de polı́ticas em saúde e ação entre
governos bene�iciados; forneçam participação equitativa aos Estados membros e outros responsáveis pela
criação da polı́tica global.
2.4.1 Cultura e sua influência na saúde
A cultura compreende costumes, tradições, leis, crenças, valores, linguagem, trabalhos artı́sticos de uma
sociedade. Ela envolve todo o comportamento, atitudes aprendidas, transmitidas e compartilhadas por um
membro de um grupo social.
Atualmente, com a conectividade as culturas são rapidamente in�luenciadas. Os novos padrões culturais e
étnicos in�luenciam a composição da famı́lia, hábitos alimentares, escolha pro�issional, escolaridade
(PAPALIA; FELDMAN, 2013).
2.4.2 Ambientes físicos e sociais
Os ambientes têm grande in�luência sobre as nossas condições de vida. Atualmente, as áreas urbanas
representam mais de 50% da população e é esperado que sejam 66% até 2050. Isso requer uma mudança no
abastecimento de energia, água, rede de esgoto pavimentação. O planejamento das cidades é um grande
desa�io para que o crescimento se dê de forma equitativa e não agrave as desigualdades já existentes
(RITCHIE; ROSER, 2018).
Outro aspecto fundamental do ambiente em equilı́brio é a qualidade e a segurança de nossa água potável, que
é resultado do controle e proteção da fonte hı́drica, e do modo como essa água é tratada, do manancial
super�icial ou subterrâneo até chegar à torneira. Há muitas oportunidades de contaminação no ato de beber
água que, levam a nı́veis insalubres de bactérias, parasitas, vı́rus e até mesmo produtos quı́micos e metais.
Quando a água está poluı́da, seja por contaminação de ocorrência natural, patógenos ou interferência humana,
há risco de doença, de�iciências e até mesmo morte de animais e seres humanos que utilizarem essa fonte de
água. As doenças diarreicas são uma das maiores causas de morte,elas podem ser frequentemente vinculadas
a doenças transmitidas por meio da água ou alimentos, resultado da falta acesso à água potável segura. O
derramamento de agrotóxicos e insumos proveniente do setor agrı́cola na forma de resı́duos animais,
fertilizantes e pesticidas é um grave problema em ecossistemas rurais. Inundações e condições climáticas
extremas também podem contaminar fontes de água potável ao introduzir doenças (MEYER; YOON;
KAUFMANN, 2013).
Conclusão
Nesta unidade você aprendeu sobre a mudança no conceito de saúde ao longo do tempo e como os diferentes
determinantes de saúde podem in�luenciar a saúde de uma população. Outro aspecto importante é a
compreensão de que o desenvolvimento humano possui suscetibilidades especı́�icas conforme cada etapa de
vida.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
analisar os diferentes determinantes e condicionantes de saúde,
correlacionando-os aos ciclos de vida e aos fatores que impactam
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a saúde global;
compreender a relação entre os ambientes físicos e sociais, estilo
de vida, comportamento e cultura na saúde e bem-estar;
compreender as principais características de desenvolvimento
nos ciclos da vida.
•
•
Bibliografia
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23/05/2022 20:43 Estilo de vida, saúde e meio ambiente
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