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PROCESSO LICITATÓRIO SOB ENFOQUE DA LEI 13.3032016 BREVE EXPOSIÇÃO DOS PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS

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Prévia do material em texto

ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO PARANÁ 
XXXI CURSO DE PREPARAÇÃO À MAGISTRATURA 
NÚCLEO DE LONDRINA 
 
 
 
 
 
 
LILIANE OKADA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO LICITATÓRIO SOB ENFOQUE DA LEI 13.303/2016: BREVE 
EXPOSIÇÃO DOS PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LONDRINA 
2019 
 
LILIANE OKADA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO LICITATÓRIO SOB ENFOQUE DA LEI Nº 13.303/2016: BREVE 
EXPOSIÇÃO DOS PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada como requisito parcial 
para conclusão do Curso de Preparação à 
Magistratura em nível de Especialização. Escola 
da Magistratura do Paraná. 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Leonardo Delfino Cesar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LONDRINA 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho à minha família, aos 
meus amigos, aos professores e à equipe de 
apoio da Escola de Magistratura do Paraná, 
pois sem eles este objetivo de minha vida 
não seria alcançado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Não adulterarás, não matarás, não 
furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer 
outro mandamento, tudo nesta palavra se 
resume: amarás o teu próximo como a ti 
mesmo.” 
Romanos 13:9 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 
 
12 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 14 
2.1 EMPRESAS ESTATAIS: EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE 
ECONOMIA MISTA ............................................................................................. 
 
13 
2.1.1 Regime Jurídico das Empresas Estatais .................................................... 15 
2.2 ADMINISTRADORES E CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO ...................... 15 
2.3 FISCALIZAÇÃO E CONTROLE .................................................................... 16 
2.4 DISPOSITIVO DA LEI Nº 13.303/2016 ......................................................... 17 
2.5 AS LICITAÇÕES DAS EMPRESAS ESTATAIS ANTES DA LEI 
Nº 13.303/2016 .................................................................................................... 
 
19 
2.6 APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DA LEI Nº 8.666/1993 ...................................... 20 
2.7 APROVAÇÃO DAS MINUTAS PELA ASSESSORIA JURÍDICA .................. 22 
2.8 LICITAÇÃO .................................................................................................... 23 
2.9 PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO ........................................................................ 23 
2.10 OBJETIVOS DA LICITAÇÃO ...................................................................... 24 
2.11 MODALIDADE DE LICITAÇÃO ................................................................... 25 
2.12 TIPOS DE LICITAÇÃO ................................................................................ 25 
2.13 EXIGÊNCIA DE LICITAÇÃO PELAS ESTATAIS ........................................ 26 
2.14 REGULAMENTO INTERNO DE LICITAÇÕES E CONTRATOS ................ 27 
2.15 CONTRATAÇÃO SEM LICITAÇÃO ............................................................ 30 
2.15.1 Inaplicabilidade de Licitação ou Licitação Dispensada ............................ 30 
2.15.1.1 Inaplicabilidade de licitação para comercialização de produtos e 
serviços .................................................. ............................................................ 
 
32 
2.15.1.2 Inaplicabilidade de licitação nos casos em que a escolha do parceiro 
esteja associada a suas características particulares de negócio ........................ 
 
33 
2.15.2 Dispensa de Licitação ou Licitação Dispensável ...................................... 34 
2.15.3 Inexigibilidade de Licitação ou Inviabilidade de Licitação ........................ 36 
2.16 A APLICAÇÃO DAS REGRAS DE LICITAÇÃO PARA 
MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE – LEI 
COMPLEMENTAR 123/2006 .............................................................................. 
 
 
37 
2.17 DIRETRIZES DO PROCESSO LICITATÓRIO ............................................ 38 
2.17.1 Padronização ............................................................................................ 40 
2.17.2 Busca da Maior Vantagem Competitiva ................................................... 41 
2.17.3 Fracionamento x Parcelamento ................................................................ 41 
2.17.4 Atos e Procedimentos de Licitação por Meio Eletrônico .......................... 42 
2.17.4.1 Adoção preferencial da modalidade pregão .......................................... 43 
2.17.5 Observação da Política de Integridade .................................................... 44 
2.18 CONDUÇÃO DA LICITAÇÃO ...................................................................... 45 
3 PROCEDIMENTOS DE LICITAÇÃO PELA LEI 13.303/2016 ......................... 47 
3.1 FASES DA LICITAÇÃO ................................................................................. 48 
3.1.1 Elaboração do Edital: Etapa Preparatória da Licitação ............................ 48 
3.1.2 Publicação de Avisos ................................................................................. 49 
3.1.2.1 Pedidos de esclarecimento e impugnações ao instrumento 
convocatório ....................................................................................................... 
 
50 
3.1.3 Da Apresentação de Lances e Propostas .................................................. 51 
3.1.4 Fase de Julgamento dos Lances ou Propostas ......................................... 52 
3.1.4.1 Menor preço ............................................................................................ 54 
3.1.4.2 Maior desconto ....................................................................................... 54 
3.1.4.3 Melhor combinação de técnica e preço ................................................... 55 
3.1.4.4 Melhor técnica ......................................................................................... 56 
3.1.4.5 Melhor conteúdo artístico ........................................................................ 56 
3.1.4.6 Maior oferta de preço .............................................................................. 56 
3.1.4.7 Maior retorno econômico ......................................................................... 57 
3.1.4.8 Melhor destinação de bens alienados ..................................................... 57 
3.1.5 Empate ....................................................................................................... 57 
3.1.5.1 Empate ficto – direito de preferência às Microempresas – ME e às 
Empresas de Pequeno Porte – EPP ................................................................... 
 
58 
3.1.5.2 Empate real ............................................................................................. 59 
3.1.5.2.1 Critério de desempate por disputa final com apresentação de nova 
proposta fechada ................................................................................................. 
 
60 
3.1.5.2.2 Critério de desempate por desempenho contratual prévio ................... 60 
3.1.5.2.3 Critérios de desempenho estabelecidos da Lei nº 8.248/1991 e Lei 
nº 8.666/1993 ...................................................................................................... 
 
60 
3.1.5.2.4 Critério de desempate por sorteio ........................................................ 61 
3.1.6 Fase de Verificação de Efetividade dos Lances ou Propostas .................. 61 
3.1.7 Fase da Negociação da Proposta Mais Vantajosa ..................................... 64 
3.1.8 Fase de Habilitação .................................................................................... 66 
3.1.9 Fase Recursal ............................................................................................67 
3.1.10 Fase de Adjudicação do Objeto................................................................ 68 
3.1.11 Fase do Encerramento do Procedimento ................................................. 70 
3.1.11.1 Homologação do resultado .................................................................... 70 
3.1.11.2 Desfazimento do certame licitatório por revogação ou anulação .......... 71 
4 CONCLUSÃO .................................................................................................. 74 
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 77 
 
SANTOS, Liliane Okada. Processo Licitatório sob Enfoque da Lei 
Nº 13.303/2016: Breve Exposição dos Pontos Positivos e Negativos. 2020. 
Monografia – Escola da Magistratura. Londrina, 2020. 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
 
 
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma breve exposição das vantagens 
e desvantagens do procedimento licitatório pela Lei nº 13.303/2016, também 
chamada de Lei de Responsabilidade das Estatais – LRE, comumente chamada de 
Lei das Empresas Estatais ou simplesmente de Lei das Estatais, expondo uma 
síntese das fases da licitação e os critérios aplicados. Para tanto, foi realizada 
pesquisa bibliográfica e consulta em sites confiáveis para alcançar os objetivos 
almejados. 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: Lei das Estatais; licitação; procedimento de licitação pela Lei 
13.303/2016. 
 
 
 
SANTOS, Liliane Okada. Bidding Process under Law Nº. 13.303/2016: Brief 
Exposure of Positive and Negative Points. 2020. Final thesis – Escola da 
Magistratura. Londrina, 2020. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 
 
The present work aims to briefly present the advantages and disadvantages of the 
bidding procedure under Law No. 13,303 / 2016, also called the Law of 
Responsibility of State-Owned Companies - LRE, commonly called the Law of State-
owned Companies or simply the Law of State-Owned Companies, presenting a 
summary of the bidding phases and the criteria applied. For this, bibliographic 
research and consultation on reliable websites were carried out to achieve the 
desired goals. 
 
 
 
 
Keywords: State Law; bidding; bidding procedure by Law 13.303/2016. 
 
 
 
 
 
 12 
1 INTRODUÇÃO 
 
O tema a ser abordado na presente monografia se refere ao regramento do 
processo licitatório para a contratação de obras, serviços, aquisição de materiais e 
alienações de acordo com o dispositivo da lei 13.303, de 30 de junho de 2016, no 
âmbito das empresas públicas e sociedades de economia mista, apontando os seus 
pontos positivos e negativos mais relevantes. 
Denominada de Lei de Responsabilidade das Estatais – LRE, ou comumente 
chamada de Lei das Empresas Estatais, regulamentada pelo Decreto-lei nº 8.945, de 
27 de dezembro de 2017, foi instituída em atendimento a determinação do artigo 
173, §1º, da Constituição Federal, que deve haver um regime próprio das empresas 
estatais que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens 
ou de prestação de serviços. 
Diante da necessidade das empresas públicas e de sociedades de economia 
mista que exploram atividade econômica ter como foco a competitividade em 
paralelo com inovação tecnológica para o fim de geração de lucros, sem deixar de 
atender as funções sociais necessárias a que destina, sobretudo do atendimento ao 
interesse coletivo, a sustentabilidade ambiental e a responsabilidade social 
corporativa compatíveis com o mercado em que atuam, o Estado institui a Lei 
13.303/2016 com o propósito de trazer mais dinamismo, flexibilidade e celeridade, 
ou seja, mais agilidade ao administrador em suas ações, dentre as quais, a 
autorização para que essas empresas possam atuar com regulamento próprio de 
licitação e contratos, desde que respeitando a limitação exigida na previsão legal, 
podendo ajustar com as normas pertinentes e peculiares de cada uma delas. 
Até a criação e implementação da Lei 13.303/2016, as empresas estatais 
para aquisição de bens e serviços eram submetidas ao regramento geral das 
licitações da Lei 8.666/1993, que devido a sua rigidez, com extrema formalidade e 
por demais detalhista e inflexível, o processo de contratação se tornava onerosa e 
demorada, que por vezes, se perdia a finalidade antes mesmo de concluir o 
processo. Assim, havia um distanciamento do dinamismo da livre concorrência, onde 
essas empresas além de afetar os lucros, geravam prejuízos altíssimos, do qual a 
competitividade em relação as empresas privadas do mesmo ramo estavam sendo 
comprometidas. E, além disso, havia a falta do cumprimento ao princípio da 
 13 
eficiência que impõe o artigo 37, caput, da Constituição Federal de 1988, à 
administração pública direta e indireta e a seus agentes. 
Embora o contexto aos quais as empresas estatais se encontram inseridas 
seja um tanto complexo, dada a um misto de direito público com o direito privado, o 
novo regramento traz uma aproximação de igualdade entre as empresas estatais, 
em termos de competitividade, com as empresas privadas, sem deixar de cumprir 
com os princípios primordiais da Administração Pública, observando as limitações 
impostas pela Lei 13.303/2016. 
 14 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
2.1 EMPRESAS ESTATAIS: EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE 
ECONOMIA MISTA 
 
Sobre o conceito da empresa estatal, segundo Warde Júnior (2017, p. 69): 
 
A expressão empresa estatal ou governamental remete a todas as 
entidades sobre as quais o Estado tem controle, para abranger a empresa 
pública, a sociedade de economia mista e outras empresas que não tenham 
essa natureza e às quais a nossa Constituição faz referência, em vários 
dispositivos (cf. arts. 71, 165, § 5º, III; 173, § 1º, II da CF). 
 
 
Nesse mesmo sentido, Warde Júnior (2017, p. 69) define que a empresa 
pública: 
 
é pessoa jurídica criada por lei como instrumento da ação estatal, com 
personalidade jurídica de direito privado, (...) ainda que submissa a regras 
especiais que a inserem na condição de coadjuvante da ação 
governamental, constituída sob qualquer das formas jurídicas admitidas, (...) 
e capitalizada por meio de recursos de pessoas de direito público interno ou 
de pessoas de suas administrações indiretas, com predominância acionária 
residente na esfera federal. 
 
No mesmo prumo, Warde Júnior (2017, p. 69), define que as sociedades de 
economia mista: 
 
São pessoas jurídicas de direito privado, criadas por lei para 
instrumentalizar a atuação do Estado nos sistemas econômicos e 
submetidas a certas regras especiais decorrentes de sua natureza auxiliar 
da atuação governamental, constituídas sob a forma de sociedade anônima, 
cujas ações com direito de voto pertencem em sua maioria à União ou a 
entidade de sua administração indireta, ainda que as demais ações 
pertençam a investidores privados. 
 
Quanto à organização da empresa estatal, Warde Júnior (2017, p. 68) 
leciona que “a sociedade anônima é a forma societária obrigatória à organização da 
sociedade de economia mista e, portanto, à organização societária da empresa 
estatal”. 
 
 
 
 
 15 
2.1.1 Regime Jurídico das Empresas Estatais 
 
Sobre o regime jurídico das empresas estatais, Barcelos e Torres (2018. 
p. 27), ensinam que as estatais 
 
são criadas por lei específica autorizadora, possuindo personalidade jurídica 
de direito privado e patrimônio público (empresas públicas) ou público e 
privado (sociedade de economia mista). Com personalidade jurídica própria, 
representam o fenômeno da descentralização administrativa, necessário 
para permitir que o modelo empresarial privado, com suas peculiaridades, 
seja utilizado para o melhor desempenho da respectiva finalidade, seja a 
prestação de serviço público ou a exploração de atividade econômica. 
 
Barcelos e Torres (2018. p. 28-29), asseveram que baseado no dispositivo 
do §1º, do artigo 173, da Constituição Federal, que define que as estatais que 
exploram atividadeeconômica devem ter regime jurídico similar ao das empresas 
privadas, faz-se necessária a sujeição a esse regime, inclusive no que tange aos 
direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários. 
 
 
2.2 ADMINISTRADORES E CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO 
 
Os órgãos incumbidos de promover a administração da companhia são o 
Conselho de Administração e a Diretoria (OLIVEIRA, 2016, p. 142). 
São considerados administradores da empresa pública e da sociedade de 
economia mista os membros do Conselho de Administração e da diretoria, assim 
disposto no parágrafo único do artigo 16, da Lei 13.303/2016. 
Parente (2005, apud OLIVEIRA e MAIA, 2016, p. 171) assevera que o 
Conselho de Administração é órgão vital ao funcionamento das empresas estatais, 
juntamente com a Assembleia-Geral, a Diretoria e o Conselho Fiscal. “Constitui 
órgão de deliberação e fiscalização, na medida em que norteia a condução dos 
negócios sociais e fiscaliza a atuação dos membros da Diretoria”. 
Nesse mesmo sentido, assevera Haroldo Malheiros Verçosa (apud. 
OLIVEIRA e MAIA, 2016, p. 171): 
 
O conselho de administração, por decisão do legislador, é um órgão de 
deliberação colegiada, isto é, funciona tão-somente a partir das propostas 
apresentadas e aprovadas em reunião devidamente convocada e instalada, 
relativamente às matérias de sua competência. Seu funcionamento é 
unicamente interno, não podendo atuar na realização direta da sociedade. 
 16 
O procedimento para a escolha dos membros do Conselho de Administração 
e os indicados para os cargos de diretor, inclusive presidente, diretor-geral e diretor-
presidente, estão expressamente disciplinados no artigo 17 e seguintes da Lei 
13.303/2016. 
Conforme disciplina o artigo 23, da Lei 13.303/2016, a diretoria tem a 
responsabilidade de compromisso com metas e resultados específicos a serem 
alcançados, que deverá ser aprovado pelo Conselho de Administração, a quem 
incumbe o dever de fiscalizar o seu cumprimento. 
 
 
2.3 FISCALIZAÇÃO E CONTROLE 
 
Justen Filho (2016, p. 11) assevera que a Lei 13.303/2016 dispõe de 
mecanismos de prevenção suficientemente satisfatórios para: 
 
impor limites aos desvios verificados até o presente. Segundo essa visão, 
os fins a que se orienta a intervenção do Estado poderão ser efetivamente 
realizados se uma disciplina organizatória mais apropriada for adotada para 
a empresa estatal. Portanto, a Lei 13.303/2016 introduz uma pluralidade de 
mecanismos jurídicos que restringem marcantemente a autonomia dos 
governantes e dos gestores na condução das atividades das empresas 
estatais. 
 
A Lei 13.303/2016 em seu artigo 6º determina que as empresas estatais 
deverão observar regras de governança corporativa, de transparência e de 
estruturas, práticas de gestão de riscos e de controle interno, composição da 
administração e, havendo acionistas, mecanismos para sua proteção. 
E em concordância com o artigo 9º, da Lei 13.303/2016, dispõe de 
determinação expressa de adoção de regras de estruturas e práticas de gestão de 
riscos e controle interno pelas empresas estatais. 
Nessa perspectiva, Cardoso (2016, p. 99) afirma que: 
 
as regras de transparência são relevantes tanto para as questões atinentes 
à governança corporativa como à gestão de riscos e Compliance e vice-
versa. O relevante é considerar que essas normas passam a integrar um 
regime geral que estabelece o dever de atuação transparente, responsável 
e controlada das empresas estatais. As regras se vinculam não apenas por 
um liame formal (o fato de integrarem normas gerais de uma lei que versa 
sobre empresas estatais), mas de cunho essencialmente finalístico. 
 
 17 
Nessa esteira, Cardoso (2016, p. 119) afirma que “se trata de evidente 
evolução. As exigências de transparência, de governança corporativa e de 
estruturas e práticas de controle têm o potencial de ampliar a transparência e 
regularidade na atuação das empresas estatais”. E destaca que “amplia-se a 
possibilidade de acompanhamento e controle pela sociedade e pelos órgãos de 
controle, permitindo que as referidas entidades sejam utilizadas efetivamente para a 
consecução dos objetivos para os quais elas foram criadas”. 
 
 
2.4 DISPOSITIVO DA LEI 13.303/2016 
 
A Lei 13.303, de 30 de junho de 20161, “Apelidada de Estatuto Jurídico da 
Empresa Pública” (CAMARGO, 2017, p. 172), batizada de “Estatuto das Estatais” 
(VANELLI, 2016, p. 627), dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, que 
deve ser aplicada a toda e qualquer empresa pública e sociedade de economia 
mista, que explore atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou 
de prestação de serviços, ainda que a atividade econômica esteja sujeita ao regime 
de monopólio da União. Esta Lei foi regulamentada pelo Decreto nº 8.945, de 27 de 
dezembro de 2016. 
De acordo com o §1º, do artigo 1º, da Lei 13.303/2016, dispõe que as 
empresas estatais, em conjunto com suas respectivas subsidiárias em que 
possuírem, no exercício social anterior, receita operacional bruta inferior a 
R$ 90.000.000,00 (noventa milhões de reais), ficam eximidas de cumprir alguns 
dispositivos desta legislação2. 
Quanto à aplicação de outros diplomas com a Lei das Estatais, Noronha 
(2017, p. 17) assevera que: 
 
 
1 Lei nº 13.303/2016, art. 1º Esta Lei dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da 
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, abrangendo toda e qualquer empresa 
pública e sociedade de economia mista da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios que explore atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de 
prestação de serviços, ainda que a atividade econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da 
União ou seja de prestação de serviços públicos. 
2 _______, art. 1º, §1º O Título I desta Lei, exceto o disposto nos arts. 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º, 8º, 11, 12 
e 27, não se aplica à empresa pública e à sociedade de economia mista que tiver, em conjunto 
com suas respectivas subsidiárias, no exercício social anterior, receita operacional bruta inferior a 
R$ 90.000.000,00 (noventa milhões de reais). 
 18 
os institutos mais modernos adotados pela Lei nº 13.303/2016 devem ser 
interpretados de forma sistemática e coordenada, levando-se em conta a 
exegese e a aplicação de outros diplomas, entre os quais a Lei 
nº 6.404/1976, a Lei nº 8.666/1993, a Lei nº 12.462/2011 e a própria 
Constituição. 
 
A Lei 13.303/2016 foi criada com a finalidade de regulamentar o artigo 173, 
§ 1º3 da Constituição Federal, cujo dispositivo foi implementado com a edição da 
Emenda Constitucional nº 19, de 04 de junho de 1998. 
Nesse sentido, Aragão (2017, p. 115) disciplina que: 
 
Mesmo que o objetivo precípuo do art. 173 possa ter sido o de evitar a 
concorrência desleal do Estado com as empresas privadas, não foi ele o 
único: a partir do momento em que o Estado, por razões de relevante 
interesse coletivo decide, por lei, atuar em determinado setor econômico, 
também franqueado à iniciativa privada, deve possuir os instrumentos de 
eficiência necessários para poder atuar eficazmente, não sendo admissível 
que o ordenamento jurídico lhe dê a missão de atuar no mercado, o que 
pressupõe a agilidade e a agressividade inerentes às atividades 
econômicas concorrenciais, e lhe retire os meios, impondo-lhe uma série de 
estorvos não presentes nas suas concorrentes privadas. 
 
Bulos (apud, ARAGÃO, 2017, p. 116) salienta que o § 1º, inciso II, do artigo 
173 da Constituição Federal “é corolário dos princípios da eficiência e da isonomia”. 
Floriano de Azevedo Marques Neto (2006, p. 585, apud ARAGÃO, 2017, 
p. 116-117) aduz que “a interface entre os entes estatais exploradores de atividades 
econômicas pelo prisma de competição (...) deve se dar em condições de ampla e 
 
3 Art. 173. Ressalvados os casos previstosnesta Constituição, a exploração direta de atividade 
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança 
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. 
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e 
de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens 
ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional 
nº 19, de 1998) 
I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e 
obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; (Incluído pela Emenda Constitucional 
nº 19, de 1998) 
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da 
administração pública; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação 
de acionistas minoritários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos 
administradores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
 
 19 
justa competição, sendo vedada qualquer regra legal que ofereça privilégio ou, ao 
contrário, estabeleça restrições à atuação do ente estatal”. 
Nesse sentido, Aragão (2017, p. 117) aduz que a paridade de regime 
imposta pelo inciso II, do §1º, do artigo 173 da Constituição Federal, “não incide 
apenas para impedir que aquela estatal goze de vantagens não extensíveis às 
empresas privadas concorrentes, mas também para impedir que lhes sejam 
impostos ônus não aplicáveis igualmente às empresas privadas”. 
 
 
2.5 AS LICITAÇÕES DAS EMPRESAS ESTATAIS ANTES DA LEI Nº 13.303/2016 
 
Barcelos e Torres (2018, p. 30-32) ensinam que como as estatais para o 
exercício de suas atividades precisam: 
 
realizar contratações necessárias para a aquisição de insumos, para a 
terceirização de alguns serviços, para ampliação, manutenção ou reforma 
de sua estrutura ou mesmo para a realização de negócios ou parceiras 
necessárias ao eficiente desenvolvimento de suas atividades empresariais. 
O Decreto-Lei 200/67, em seu artigo 1254, ao tratar sobre procedimentos 
licitatórios, definia que suas regras para licitações de compras, obras e 
serviços valiam para a Administração Direta e as autarquias. Não havia uma 
referência expressa às estatais, para as quais eram resguardadas 
condições de funcionamento idênticas às do setor privado. Mesmo para 
órgãos, era admitida “autoridade executiva necessária ao eficiente 
desempenho de sua responsabilidade legal ou regulamentar”, conforme 
resguardava o referido Decreto-Lei5. 
Mesmo o Decreto-Lei 2.300/86, que revogou as regras de licitação do 
Decreto-Lei 200-67, definia que suas disposições eram aplicáveis apenas 
no âmbito da Administração Federal centralizada e autárquica. Naquele 
normativo também se reconhecia a necessidade de um regramento 
específico para as estatais, admitindo-se que elas editassem regulamentos 
próprios, com procedimentos seletivos simplificados e observância dos 
princípios básicos da licitação, ficando sujeitas às disposições do referido 
Decreto-lei apenas enquanto tais regulamentos não fossem publicados. 
(...) 
Contudo, a correta compreensão de que as estatais precisavam de maior 
flexibilidade em suas contratações não perdurou muito. Com o advento da 
Lei nº 8666/1993, aprovada em um momento político tumultuado do país, a 
 
4 Art. 125. As licitações para compras, obras e serviços passam a reger-se, na Administração Direta 
e nas autarquias, pelas normas consubstanciadas neste Título e disposições complementares 
aprovadas em decreto. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986). 
5 Art. 27. Assegurada a supervisão ministerial, o Poder Executivo outorgará aos órgãos da 
Administração Federal a autoridade executiva necessária ao eficiente desempenho de sua 
responsabilidade legal ou regulamentar. 
 Parágrafo único. Assegurar-se-á às empresas públicas e às sociedades de economia mista 
condições de funcionamento idênticas às do setor privado cabendo a essas entidades, sob a 
supervisão ministerial, ajustar-se ao plano geral do Governo. 
 20 
aplicação do regime licitatório geral foi ampliada para abarcar, também, as 
estatais. 
(...) 
A opção do legislador trouxe para as estatais a necessária submissão às 
regras licitatórias gerais, desprezando a vocação econômica e a realidade 
de mercado. 
 
O sistema de licitações e contratações pelas empresas públicas e 
sociedades de economia mista e suas subsidiárias, antes do advento da Lei 
nº 13.303/2016 seguia o regramento da Lei nº 8.666/93 – Lei Geral de Licitações, 
que se mostrou inadequado ao longo de sua aplicação, devido ao seu extremo de 
rigorismo e de sua inflexibilidade, causando atrasos na efetivação da contratação, 
demandando alto custo no processo, e ainda comprometendo a competitividade em 
relação às empresas privadas. Para as empresas estatais se manterem no mercado 
em que a competição é cada vez mais acirrada, é necessário que sejam ágeis e 
eficientes. 
 
2.6 APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DA LEI Nº 8.666/1993 
 
A Lei nº 13.303/2016 prevê expressamente dois artigos na questão da 
aplicação subsidiária da Lei 8666/1993, quais sejam: o artigo 41, dispõe que 
“aplicam-se às licitações e contratos regidos por esta Lei as normas de direito penal 
contidas nos artigos 89 a 99” e o artigo 55, inciso III6, que é um dos critérios a serem 
adotados para fins de desempate entre duas propostas. 
Barcelos e Torres (2018. p. 40-41) lecionam que a Lei 13.303/2016 tem o 
intuito de não apenas regular as licitações para a estatais, mas permitir que essas 
pessoas jurídicas de direito privado, que integram a Administração Pública, 
submetam-se a regras apropriadas ao exercício de suas atividades empresariais: 
 
é fundamental para evitar a aplicação equivocada de regras outras, por uma 
alegada analogia ou subsidiariedade, incompatíveis com a flexibilidade, 
eficiência e modernidade da atuação empresarial. 
 
 
6 Art. 55. Em caso de empate entre 2 (duas) propostas, serão utilizados, na ordem em que se 
encontram enumerados, os seguintes critérios de desempate: 
(...) 
III - os critérios estabelecidos no art. 3º da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991 , e no § 2º do 
art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993; 
 21 
Na sequência, Barcelos e Torres (2018. p. 41) asseveram que, a experiência 
do regime licitatório aplicado sob o rito da Lei 8.666/93 “não apresentou plenamente 
compatível com a eficiência necessária à atuação das estatais, notadamente quando 
inseridas em um ambiente de disputa com o mercado privado”. 
Marques Neto (apud BARCELOS e TORRES, 2018, p. 41) destacam que 
diante da necessidade de uma operação eficiente, “não admite permissividades que 
atentem contra princípios que devem nortear a ação da estatal, nem desrespeitem 
cânones republicanos, como da isonomia e da preservação do patrimônio público”. 
A Lei 13.303/2016 não estabelece, expressamente, a vedação da 
inaplicabilidade da Lei 8.666/93 para fins de suprir lacunas. Nesse sentido, Justen 
Filho (2017, p. 288), assevera que: 
 
Não é cabível estabelecer um postulado geral de que a Lei 8.666 aplica-se 
subsidiariamente em face da disciplina da Lei 13.303/2016. Existem 
diferenças muito relevantes entre as finalidades de ambos os diplomas e em 
vista da característica das contratações promovidas nas diversas órbitas. 
Justamente por isso, a Lei 13.303/2016 deixou de disciplinar certas 
situações para remeter a solução para o caso concreto, instituindouma 
margem de autonomia para o gestor da empresa estatal. 
Isso não implica negar a possibilidade de que, como exceção e em 
situações específicas, a Lei 8.666 seja aplicada para suprir uma omissão, 
nos casos em que existir identidade de pressupostos, de finalidade e de 
conteúdo das situações disciplinadas. Um exemplo encontra-se abaixo 
exposto e se refere ao previsto no § 1º do art. 13 da Lei 8.666, que se aplica 
no âmbito das contratações diretas de empresas estatais. 
 
Nesta seara, Barcelos e Torres (2018, p. 64-65), asseveram que embora não 
seja possível definir uma aplicação subsidiária da Lei Geral, como regra, 
 
é possível identificar pontos de convergência, em que a aplicação 
subsidiária ou analógica não se apresenta incompatível. Cite-se, como 
exemplo, a necessidade de publicação do extrato da contratação direta, no 
Diário Oficial. O artigo 30 da Lei das estatais não trouxe regra semelhante à 
do caput do artigo 26 da Lei nº 8.666/1993, indicando a publicação do 
extrato da contratação direta como condição para a eficácia do ato. Neste 
caso, entendemos que a omissão pode ser suprida pela aplicação analógica 
da regra da lei nº 8.666/1993, por haver clara compatibilidade entre os 
dispositivos. 
Assim, em situações específica, será possível ao intérprete recorrer à Lei 
nº 8.666/1993, como resultado de integração analógica, para suprir alguma 
omissão. 
Também em situações nas quais há identidade entre as regras dos dois 
diplomas, como ocorre em relação à maioria dos dispositivos de dispensa, 
os entendimentos jurisprudenciais e doutrinários, já consagrados em algum 
dispositivo da Lei nº 8.666/1993, poderão ser usados também em relação 
ao dispositivo equivalente da Lei nº 13.303/2016. 
 22 
Entretanto, Barcelos e Torres (2018, p. 66), tendo em vista a rigidez dos 
dispositivos apresentados quanto ao procedimento licitatório, asseveram a 
inaplicabilidade subsidiária da Lei 8.666/1993. Pois a Lei das Estatais, assim como 
se deu no RDC – Regime Diferenciado de Contratação7, oferece uma modalidade 
única e flexível, 
 
que permite a modelagem do procedimento licitatório de acordo com a 
solução adequada para uma seleção compatível com o objeto licitado e o 
futuro contrato a ser celebrado. 
Tal flexibilidade é admitida para que o gestor da estatal possa, diante das 
várias “ferramentas” admitidas, modelar o procedimento licitatório com o 
formato que possa resultar na melhor contratação possível. 
Nesta feita, incabível a aplicação subsidiária das modalidades licitatórias 
previstas na legislação tradicional, simplesmente porque a nova Lei rejeitou 
este modelo estático e inflexível. Nada impede, todavia, a utilização do 
referido ferramental para construir fórmula como a prevista ao pregão, por 
exemplo, caso essa se apresente como a mais adequada à seleção do 
objeto. 
 
Entretanto, o contrato celebrado sob o regime da Lei nº 8.666/93 prossegue 
com o mesmo regime até o encerramento da sua vigência, inclusive quando da 
prorrogação ou renovação (NIEBUHR e NIEBUHR, 2018, p. 35). 
 
 
2.7 APROVAÇÃO DAS MINUTAS PELA ASSESSORIA JURÍDICA 
 
Quanto a aprovação das minutas pela assessoria jurídica, Barcelos e Torres 
(2018, p. 66) asseveram que a Lei 13.303/2016 “não se reporta ao procedimento de 
prévia e obrigatória aprovação de minutas de editais” e que essa omissão é “mais 
uma opção legislativa expressa por retirar, como regra geral, esse passo de controle 
burocrático, pelo órgão de assessoria jurídica, como ato obrigatório”. 
Entretanto, Barcelos e Torres (2018, p. 67) ressaltam que: 
 
a ausência de obrigatoriedade da aprovação jurídica de todas as minutas 
não impede que o órgão de assessoria jurídica seja provocado a se 
manifestar sobre dúvida jurídica relacionada ao edital, ao contrato ou a 
qualquer outro dilema vivenciado na licitação. O que tem se afastado é o 
estabelecimento de um controle, atividade vocacionada a outros órgãos da 
Administração, prévio e obrigatório, para seguimento da tramitação do 
processo licitatório ou para a contratação. 
 
7 Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC, instituído pela Lei nº 12.462, de 4 de agosto 
de 2011. 
 23 
Desta forma, Barcelos e Torres (2018, p. 67) asseveram que a opção 
legislativa por ser matéria estritamente procedimental, sem prejuízo a terceiros, não 
impede que em seu regulamento interno, 
 
a estatal estabeleça a necessária aprovação das minutas pela assessoria 
jurídica, como step de controle burocrático, em todos os processos de 
licitação e contratações, ou apenas nos mais complexos ou relevante. 
 
Com a edição da Lei 13.303/2016, por não dispor a obrigatoriedade de 
emissão de pareceres jurídicos para cada licitação, dispensa ou inexigibilidade, 
conforme exigido pela Lei 8666/93, resultou na redução de demandas de processos 
a serem analisados pela área jurídica e o tempo de trâmite dos processos. 
 
 
2.8 LICITAÇÃO 
 
Mello (2009, apud AMORIM p. 23) apresenta conceito objetivo de licitação 
como: 
 
procedimento administrativo pelo qual uma pessoa governamental, 
pretendendo alienar, adquirir ou locar bens, realizar obras ou serviços, 
outorgar concessões, permissões de obra, serviço ou de uso exclusivo de 
bem público, segundo condições por ela estipuladas previamente, convoca 
interessados na apresentação de propostas, a fim de selecionar a que se 
revele mais conveniente em função de parâmetros antecipadamente 
estabelecidos e divulgados. 
 
 
Nesta mesma seara, Niebuhr e Niebuhr (2018, p. 183) lecionam que a 
licitação é um processo seletivo, em decorrência do qual a estatal avalia quem lhe 
oferece proposta mais vantajosa para a celebração de contrato administrativo. 
 
 
2.9 PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO 
 
A Lei 13.303/2016, estabelece em seu artigo 31 que devem ser: 
 
observados os princípios da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, 
da publicidade, da eficiência, da probidade administrativa, da 
economicidade, do desenvolvimento nacional sustentável, da vinculação ao 
 24 
instrumento convocatório, da obtenção de competitividade e do julgamento 
objetivo (PLANALTO, 2016). 
 
Nesse sentido, ainda que a Lei 13.303/2016 apresente preceitos com 
lacunas deixadas pelo legislador para que as Administrações das Estatais possam 
discricionariamente normatizar o próprio regramento licitatório de acordo com as 
peculiaridades objetivas de cada empresa em seus regulamentos internos, devem 
obrigatoriamente, atender os princípios gerais da Lei das Estatais, da Administração 
Pública, principalmente os da Constituição da República. 
Niebuhr e Niebuhr (2018, p. 46) lecionam que o inc. III do § 1º do art. 173 da 
Constituição Federal prescreve que a Lei das Estatais deve tratar de “licitação e 
contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da 
administração pública”. Ou seja: 
 
o dispositivo constitucional que serve e dá fundamento para a Lei 
nº 13.303/16 demanda a observância dos princípios da Administração 
Pública, que são indicados no caput do art. 37 da Constituição Federal, 
nomeadamente, os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência, bem como demais princípios dispersos pela própria 
Constituição Federal e pela legislação. 
 
A Lei 13.303/2016 em relação à Legislação 8.666/93 apresentou dois novos 
princípios: da economicidade e do desenvolvimento nacional sustentável. 
 
 
2.10 OBJETIVOS DA LICITAÇÃO 
 
De acordo com Amorim (2018, p. 24) o procedimento licitatório no Brasil, tem 
por objetivo: 
 
a) a observância do princípio constitucional da isonomia: assegura aos 
administrados interessados a oportunidade de contratar com o Estado tendo 
por base as regras previamente estipuladas e aplicáveis, de forma indistinta, 
a todos os eventuais interessados; 
b) a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração Pública: a 
competição que se estabelece entre osinteressados que preenchem os 
atributos e requisitos necessários para contratar resulta na obtenção da 
melhor proposta para a Administração; 
c) a promoção do desenvolvimento nacional sustentável. 
 
Neste sentido, o artigo 31 da Lei 13.303/2016, dispõe que as licitações 
realizadas e os contratos celebrados por empresas públicas e sociedades de 
 25 
economia mista destinam-se a assegurar a seleção da proposta mais vantajosa, 
inclusive no que se refere ao ciclo de vida do objeto, e a evitar operações em que se 
caracterize sobrepreço ou superfaturamento. 
 
 
2.11 MODALIDADES DE LICITAÇÃO 
 
Conforme Amorim (2018, p. 85) “modalidades de licitação são formas de 
realização do procedimento licitatório que visam ajustá-lo às peculiaridades de cada 
tipo de negócio administrativo”. 
A Lei 13.303/2016, de acordo com Bragagnoli (2019, p. 125), não 
apresentou as modalidades convencionais da Lei Geral de Licitações – Lei 8.666/93, 
que classifica as modalidades de licitação em concorrência, tomada de preços, 
convite, concurso e leilão. Preferencialmente deve ser adotado pregão, nos termos 
do artigo 32, IV e quando não for possível, será feito o procedimento licitatório nos 
termos da Lei das Estatais. 
Pereira Júnior et al (2020, p. 134) asseveram que a o regime de licitação e 
contração, instituído pela Lei 13.303/2016, é autoaplicável, ou seja, têm eficácia 
plena e aplicabilidade direta, imediata e integral, desde a entrada em vigor da lei. Já 
as exceções elencadas no artigo 718, do Decreto 8.945/2016, são normas não 
autoaplicáveis que dependem de regulamento para a sua complementação, cuja 
elaboração é atribuição da entidade estatal respectivamente competente. 
 
 
2.12 TIPOS DE LICITAÇÃO 
 
A lei 8.666/93, prevê em seu artigo 45 e seguintes, quatro tipos de licitação, 
que são: 
 
8 a) procedimentos auxiliares das licitações, de que tratam os artigos 63 a 67 da Lei nº 13.303/16; 
b) procedimento de manifestação de interesse privado para o recebimento de proposta e projetos de 
empreendimentos, de que trata o §4º do art. 31 da Lei nº 13.303/16; 
c) etapa exclusivamente eletrônica de lances, de que trata o §4º do art. 32 da Lei nº 13.303/16; 
d) preparação das licitações com matriz de riscos, de que trata o inciso X do caput do art. 42 da Lei 
nº 13.303/16; 
e) observância da política, a ser elaborada, de transações com partes relacionadas, de que trata o inciso V do 
caput do art. 32 Lei nº 13.303/16; e 
f) disponibilização na internet do conteúdo informacional requerido nos artigos 32, §3º, 39, 40 e 48 da Lei 
nº 13.303/16. 
 
 26 
a) a de menor preço: quando o critério de seleção da proposta mais 
vantajosa para a Administração determinar que será vencedor o licitante que 
apresentar a proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar 
o menor preço. 
b) a de melhor técnica: “o fator preponderante para a escolha do vencedor 
não é o preço, mas critérios de qualidade e especificidade indispensáveis para o 
alcance do interesse público” (AMORIM, 2018, p. 86). 
c) a de técnica e preço: “os fatores ‘técnica’ e ‘preço’ são considerados de 
acordo com proporções previamente consignadas em edital” (AMORIM, 2018, p. 86). 
d) a de maior lance ou oferta: “é considerada a melhor proposta aquela que 
corresponder maior valor nominal ofertado. O critério de julgamento deve ser 
utilizado nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso” 
(AMORIM, 2018, p. 86). 
 
 
2.13 EXIGÊNCIA DE LICITAÇÃO PELAS ESTATAIS 
 
Do dever de licitar pela administração pública direta e indireta de qualquer 
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a 
Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, XXI, dispõe que “ressalvados os 
casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão 
contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de 
condições a todos os concorrentes” (PLANALTO, 1988)9. 
Estão submetidas à exigência de licitar, conforme asseveram, Dantas e Dias 
(2017, p. 186) “os contratos em geral firmados pelas empresas públicas e 
sociedades de economia mista, sejam elas exploradoras de atividade econômica ou 
prestadoras de serviço público”. 
 
9 Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade 
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança 
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. 
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e 
de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens 
ou de se prestação de serviços, dispondo sobre: [...] 
III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da 
administração pública. 
 
 27 
Sobre o dever de licitar, de acordo com artigo 28, da Lei 13.303/2016, dispõe 
que: 
os contratos com terceiros destinados à prestação de serviços às empresas 
públicas e às sociedades de economia mista, inclusive de engenharia e de 
publicidade, à aquisição e à locação de bens, à alienação de bens e ativos 
integrantes do respectivo patrimônio ou à execução de obras a serem 
integradas a esse patrimônio, bem como à implementação de ônus real 
sobre tais bens, serão precedidos de licitação nos termos desta Lei, 
ressalvadas as hipóteses previstas nos arts. 29 e 30 (PLANALTO, 2016). 
 
De acordo com Niebuhr e Niebuhr (2018, p. 24), a licitação pública para as 
estatais é obrigatória 
 
(...) em virtude do princípio da indisponibilidade do interesse público, dado 
que os agentes administrativos encarregados de celebrarem contratos em 
nome do Poder Público não podem fazê-lo de acordo com as suas vontades 
com os seus desígnios pessoais, porém sempre norteados pelo interesse 
público. Dessa forma, por meio da licitação pública, retira-se da esfera 
pessoal do agente administrativo a escolha de quem contrata com a estatal. 
Para tanto, ele deve seguir procedimento formal prescrito em lei, valendo-se 
de critérios antecipadamente definidos de modo impessoal e com o máximo 
de objetividade. 
 
Neste mesmo sentido, Carvalho Filho (2014, apud DANTAS e DIAS, 2017, 
p. 187), assevera que: 
 
(...) por mais que as estatais se aproximem das empresas da iniciativa 
privada e que sofram a incidência do regime jurídico destas, não se pode 
descartar o influxo de algumas regras de direito público, como a obediência 
ao princípio da obrigatoriedade de licitação entre outras tantas normas de 
natureza similar. 
 
As licitações e demais formas de contratação pelas empresas estatais, de 
acordo com Dantas e Dias (2017, p. 186) “têm a finalidade de assegurar a seleção 
da proposta mais vantajosa, inclusive no que se refere ao ciclo de vida do objeto, e 
de evitar operações em que se caracterize sobrepreço ou superfaturamento”. 
 
 
2.14 REGULAMENTO INTERNO DE LICITAÇÕES E CONTRATOS 
 
O artigo 40 da Lei 13.303/2016 prescreve que as empresas públicas e as 
sociedades de economia mista deverão publicar e manter atualizado regulamento 
interno de licitação e contratos, especialmente os seguintes elementos: I – glossário 
de expressões técnicas; II – cadastro de fornecedores; III – minutas-padrão de 
 28 
editais e contratos; IV – procedimentos de licitação e contratação direta; V – 
tramitação de recursos; VI – formalização de contratos; VII – gestão e fiscalização 
de contratos; VIII – aplicação de penalidades; e IX – recebimento do objeto do 
contrato. (PLANALTO, 2016) 
Binenbojm (2017, p. 231) aduz que as matérias apresentadas no artigo 40, 
da Lei 13.303/2016, trata-se 
 
de um rol exemplificativo de itens a serem regulamentados no âmbito de 
cada empresa estatal. A abertura de discricionariedade normativa decorre 
justamenteda noção de que cada sociedade de economia mista ou 
empresa pública saberá delimitar, de maneira mais próxima a sua realidade 
e ao seu objeto social, quais as matérias que devem ser reguladas 
internamente. 
 
Nesse mesmo sentido, Barcelos e Torres (2018, p. 268) asseveram que 
esse rol exemplificativo que deve constar no regulamento interno não é exaustivo. 
Pois, este “deve ser percebido como um instrumento para adequar as regras, 
genericamente criadas pelo legislador, às especifidade da estatal”. 
Dando sequência, Barcelos e Torres (2018, p. 269) destacam que: 
 
diante da diversidade de atuação das estatais em que os desafios 
vivenciados também apresentam diversificados, envolvidos que estão em 
uma realidade riquíssima pelas peculiaridades de cada mercado, de cada 
área de atuação. A regulamentação é uma oportunidade para que a estatal 
possa normatizar procedimentos específicos, adequados a suas realidades 
negociais. 
 
Barcelos e Torres (2018, p. 269) alertam que, muitas estatais, na pressa de 
finalizar seus regulamentos, “abdicaram de avançar sob aspectos relevantes da Lei, 
fundamentais para sua atuação prática”. 
Na sequência, Barcelos e Torres (2018, p. 269-270) destacam que em 
regulamentos internos, publicados ainda no ano de 2017, encontrou “discrepâncias 
entre a normatização e determinadas regras da nova lei”. E, que da mesma forma, 
identificou: 
 
muitas vezes regulamentos genéricos, meros repetidores do texto legal, nos 
quais perdeu-se a oportunidade de utilizar o instrumento regulamentar para 
avançar sobre necessidades específicas da respectiva estatal. Pior ainda, 
em vários regulamentos, identifica-se uma persistente manutenção de 
regras retrógradas da Lei nº 8666/93, incompatíveis com as lógicas de 
flexibilidade e de busca da eficiência econômica contratual, identificadas no 
próprio texto da Lei nº 13.303/2016. Infelizmente, esses regulamentos 
deixam de absorver os avanços pretendidos pelo legislador. 
 
 29 
Dessa forma, Barcelos e Torres (2018, p. 270) salientam que é lamentável 
abdicar-se deste avanço, pois a regulamentação interna 
 
é uma oportunidade para que a estatal estabeleça procedimentos 
adaptados à sua realidade, explicite a forma de utilização das diversas 
“ferramentas” previstas na nova Lei, estabeleça maior segurança para os 
agentes públicos que atuarão no certame ou mesmo na gestão e 
fiscalização dos respectivos contratos. 
 
Do mesmo modo, Binenbojm (2017, p. 231) em sua conclusão, destaca que 
“a simples previsão de regras legais não tem o condão de mudar, de um dia para o 
outro, o comportamento dos gestores públicos”. E que os parâmetros adotados, “de 
certa forma, poderão gradativamente elevar os níveis de eficiência, tão desejados às 
estatais”. 
Mesmo em hipóteses em que se admita a não observância das regras 
licitatórias, Barcelos e Torres (2018, p. 106) asseveram que: 
 
o regime-jurídico-administrativo incide parcialmente, impondo que sejam 
adotadas medidas para resguardar a lisura da contratação, meios de 
controle para evitar desvios e desperdícios, respeitando-se regras que 
atentem para os princípios da isonomia, da publicidade e da economicidade. 
Em suma, embora possam “não observar as regras licitatórias”, as estatais 
devem estabelecer procedimentos que garantam a lisura dessas 
contratações, com respeito a princípios que conformam a atividade 
administrativa. 
 
Barcelos e Torres (2018, p. 107) esclarecem, para tanto, que assim como 
qualquer empresa privada minimamente organizada estabelece procedimentos para 
suas contratações relevantes, em uma estatal não poderia ser diferente. “O que o 
novo regime licitatório da Lei das estatais permite é uma maior liberdade para 
definição destes procedimentos”. 
Ou seja, os procedimentos devem estar contidos no regulamento interno, 
preenchendo as lacunas da Lei das Estatais deixadas pelo legislador, amoldando às 
características de cada Estatal, respeitando os limites estabelecidos na lei e nos 
princípios constitucionais da Administração Pública com a finalidade de evitar 
desvios e excessos discricionários. 
 
 
 
 
 30 
2.15 CONTRATAÇÃO SEM LICITAÇÃO 
 
O artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal, dispõe que as obras, 
serviços compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação 
pública, ressalvados os casos especificados na legislação. Nesse sentido, Justen 
Filho (2016, p. 298) ensina que “as empresas estatais exploradoras de atividades 
econômica não se subordinam a essa disciplina. O art. 173, § 1º, II, da CF/1988 não 
contempla previsão expressa de que as contratações sem licitação deverão estar 
predeterminadas em lei”. 
Nesse sentido, Barcelos e Torres (2018, p. 89) asseveram que “a 
obrigatoriedade de licitar, embora seja regra, pode ser ressalvada pelo legislador”. E 
aponta os artigos 28, 29 e 30, onde a Lei nº 13.303/2016 dispõe, justamente, das 
regras relacionadas ao afastamento dessa obrigatoriedade. 
Justen Filho (2016, p. 298) destaca que a Lei 13.303/2016, disciplina três 
modalidades de contratação direta, ou seja, que além da dispensa de licitação e 
inexigibilidade de licitação, apresenta a inaplicabilidade de licitação. 
 
 
2.15.1 Inaplicabilidade de Licitação ou Licitação Dispensada 
 
Dantas e Dias (2017, p. 191), afirmam que a “contratação direta ocorre 
mediante a chamada licitação dispensada”, do qual “o próprio legislador optou, 
previamente, por não realizar procedimento licitatório, não deixando espaço de 
decisão para o administrador no caso concreto”. 
Justen Filho (2016, p. 298) assevera que a Lei 13.303/2016 incorporou a 
modelagem tradicional do direito brasileiro relativamente às hipóteses de 
contratação sem licitação, uma terceira figura, que poderia ser denominada de 
inaplicabilidade de licitação, cuja existência não era formalmente reconhecida na 
tradição brasileira. 
 
Na sequência, Justen Filho (2016, p. 299) aduz que: 
 
sendo dotada de característica próprias e diferenciadas. As contratações 
praticadas pelas empresas estatais não são dotadas de características 
homogêneas. Algumas delas envolvem atributos muito peculiares, de modo 
 31 
que não se subordinam à determinação da obrigatoriedade da licitação. 
Portanto e rigorosamente, a norma que dispõe sobre a inaplicabilidade de 
licitação apresenta também uma natureza declaratória. 
 
Antes da vigência da Lei 13.303/2016, Justen Filho (2016, p. 298) assevera 
que as hipóteses de inaplicabilidade, em virtude da existência de proximidade entre 
a inaplicabilidade e a inexigibilidade de licitação, acabavam sendo enquadradas 
como de inexigibilidade. Entretanto, aduz que as duas figuras não se confundem, 
que assim distingue: 
 
No caso de inexigibilidade, não se impõe a licitação por ser inviável a 
competição. Na hipótese de inaplicabilidade, não se cogita de licitação 
porque não há exigência nesse sentido, em vista de que a situação 
contratual é dotada de peculiaridades que implicam a ausência de 
subsunção do caso à hipótese de incidência normativa. Então, até pode 
existir viabilidade de competição, mas não existe a obrigatoriedade de 
licitação. 
 
Nos casos de inaplicabilidade da licitação, Justen Filho (2016, p. 299) 
destaca que “não se faz necessário procedimento reservado para a dispensa e a 
inexigibilidade. Isso significa a desnecessidade de um procedimento formal, 
destinado a documentar com minúcia as características do caso concreto.” 
Justen Filho (2016, p. 300) leciona que a Lei 13.303/2016, especifica duas 
hipóteses de inaplicabilidade de licitação e que essas hipóteses não são 
homogêneas, entretanto apresentam características distintas. 
As duas hipóteses de inaplicabilidade de licitação estão disciplinadas no 
artigo 28, § 3º 10, onde apresenta os termos, em seus respectivos incisos I e II, da 
Lei nº 13.303/2016, ou seja, não se aplicam à regra geral de licitação, dispositivo do 
Capítulo I desta lei.10 § 3º São as empresas públicas e as sociedades de economia mista dispensadas da observância 
dos dispositivos deste Capítulo nas seguintes situações: 
I - comercialização, prestação ou execução, de forma direta, pelas empresas mencionadas 
no caput, de produtos, serviços ou obras especificamente relacionados com seus respectivos 
objetos sociais; 
II - nos casos em que a escolha do parceiro esteja associada a suas características particulares, 
vinculada a oportunidades de negócio definidas e específicas, justificada a inviabilidade de 
procedimento competitivo. 
§ 4º Consideram-se oportunidades de negócio a que se refere o inciso II do § 3º a formação e a 
extinção de parcerias e outras formas associativas, societárias ou contratuais, a aquisição e a 
alienação de participação em sociedades e outras formas associativas, societárias ou contratuais 
e as operações realizadas no âmbito do mercado de capitais, respeitada a regulação pelo 
respectivo órgão competente. 
 
 32 
2.15.1.1 Inaplicabilidade de licitação para comercialização de produtos e serviços 
 
Em conformidade com o inciso, I, §3º, da Lei 13.303/2016, dispõe que não 
se aplica a regra de licitação nas contratações necessárias ao desempenho negocial 
das empresas estatais, tais como as relacionadas à “comercialização, prestação ou 
execução, de forma direta, de produtos, serviços ou obras especificamente 
relacionados com seus respectivos objetos sociais”, ou seja: 
 
nas contratações em que for especificamente demonstrada a existência de 
obstáculos negociais ao desempenho de suas atividades finalísticas. Ilustra-
se com a realização de prévia licitação, por instituição financeira pública, 
para selecionar pessoas físicas ou jurídicas que almejam a concessão de 
empréstimos. A licitação, nessa hipótese, além de retardar a realização dos 
negócios pela empresa estatal, conflita com as regras disciplinadoras 
dessas operações por instituições financeiras privadas, colocando a 
empresa estatal em posição de desvantagem em relação à agilidade de que 
dispõem estas últimas (PEREIRA JÚNIOR et al, 2020, p. 136). 
 
Nesse mesmo sentido, Dantas e Dias (2017, p. 191) lecionam que “trata-se 
de regra bastante razoável, eis que não faria sentido a realização de licitação para 
que uma empresa pudesse contratar atividades relacionadas com seus objetos 
sociais (por exemplo, a Petrobrás licitar a venda de combustível)”. 
De acordo com o Tribunal de Contas da União, embora as empresas 
estatais estejam dispensadas de licitar a prestação de serviços relacionados com 
seus respectivos objetos sociais (art. 28, §3º, inciso I, da Lei nº 13.303/2016), 
 
devem conferir lisura e transparência a essas contratações, em atenção aos 
princípios que regem a atuação da administração pública, selecionando 
seus parceiros por meio de processo competitivo, isonômico, impessoal e 
transparente (Acórdão nº 2.033/2017 – Plenário, Rel. Min. Benjamin Zymler, 
Processo nº 016.197/2017-8 apud PEREIRA JÚNIOR et al, 2020, p. 136) 
 
Antes do advento da Lei 13.303/2016, Dantas e Dias (2017, p. 191), com 
relação à dispensa de licitação para comercialização de produtos e serviços 
especificamente relacionados à sua atividade finalística, asseveram que: 
 
o Tribunal de Contas da União já havia consolidado seu posicionamento no 
sentido da possibilidade de as empresas públicas, as sociedades de 
economia mista e suas subsidiárias que explorem atividade econômica 
prescindirem da utilização de licitação para a contratação de bens e 
serviços que constituam a sua atividade-fim, quando o procedimento 
licitatório constituir óbice intransponível à sua atividade negocial. (Acórdão 
nº 1.390/2004-TCU-Plenário) 
 
 33 
Nesse mesmo sentido, Justen Filho (2016, p. 300) aduz que “o TCU já havia 
reconhecido a ausência de aplicabilidade da licitação para contratações 
compreendidas nas chamadas ‘atividades-fim’ da empresa estatal exploradora de 
atividade econômica”. Esse entendimento se tornou superada com o advento dessa 
lei. 
 
 
2.15.1.2 Inaplicabilidade de licitação nos casos em que a escolha do parceiro esteja 
associada a suas características particulares de negócio 
 
Consoante ao inciso, II, §3º, artigo 28, da Lei 13.303/2016, a regra prévia de 
licitação também é afastada nos “casos em que a escolha do parceiro esteja 
associada a características particulares e vinculada a oportunidades de negócio 
definidas e específicas, desde que demonstrada a inviabilidade do procedimento 
competitivo”. 
De acordo com Pereira Júnior et al (2020, p. 137), a oportunidade de 
negócio, que trata o dispositivo do §4º, do artigo 28, da Lei 13.303/2016, são 
exemplificativos, e que outra modelagem ou solução organizacional, ainda que 
dentro de um universo limitado de sociedades, associações ou instituições, apta a 
oferecer atuação compartilhada, eficiente e eficaz, devidamente justificada, pode 
autorizar o afastamento do procedimento licitatório. 
Na sequência, Pereira Júnior et al (2020, p. 137) apontam que em decisão 
recente, o Tribunal de Contas da União elencou os requisitos que, de ordinário, 
autorizam o afastamento do procedimento licitatório na contratação de entidade 
parceira com fundamento no art. 28, §3º, inciso II, da Lei 13.303/2016. São eles: 
 
(a) avença obrigatoriamente relacionada com o desempenho de atribuições 
inerentes aos respectivos objetos sociais das empresas envolvidas; 
(b) configuração de oportunidade de negócio, o qual pode ser estabelecido 
por meio dos mais variados modelos associativos, societários ou 
contratuais, nos moldes do art. 28, §4º, da Lei das Estatais; 
(c) demonstração da inviabilidade de procedimento competitivo, servindo a 
esse propósito, por exemplo, a pertinência e a compatibilidade de projetos 
de longo prazo, a comunhão de filosofias empresariais, a 
complementariedade das necessidades e a ausência de interesses 
conflitantes (Acórdão nº 2488/2018 – Plenário, Rel. Min. Benjamin Zymler, 
Processo nº 022.981/2018-7). 
 
 34 
Observa-se, para tanto, que a natureza jurídica para a contratação direta nos 
casos de inaplicabilidade de licitação disposto no II, §3º, artigo 28, da Lei 
13.303/2016, trata-se de inexigibilidade de licitação, já que a inviabilidade de 
procedimento competitivo deve ser devidamente justificada. 
 
 
2.15.2 Dispensa de Licitação ou Licitação Dispensável 
 
O conceito de dispensa de licitação, segundo Justen Filho (2016, p. 298), 
“consiste na determinação legal de exclusão da adoção de procedimento licitatório, 
fundada em juízo de proporcionalidade. O dispositivo legal que determina a dispensa 
produz um efeito constitutivo negativo, afastando a obrigatoriedade da licitação”. 
A Lei 13.303/2016 dispõe em seu artigo 29, hipóteses de contratação 
dispensável11, ou seja, o administrador, ainda que não esteja obrigado a licitar, se 
quiser, poderá fazê-lo (DANTAS; DIAS, 2017, p. 188). 
 
11 Art. 29. É dispensável a realização de licitação por empresas públicas e sociedades de economia 
mista: 
I - para obras e serviços de engenharia de valor até R$ 100.000,00 (cem mil reais), desde que não 
se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda a obras e serviços de mesma 
natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente; 
II - para outros serviços e compras de valor até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) e para 
alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo 
serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizado de uma só vez; 
III - quando não acudirem interessados à licitação anterior e essa, justificadamente, não puder ser 
repetida sem prejuízo para a empresa pública ou a sociedade de economia mista, bem como para 
suas respectivas subsidiárias, desde que mantidas as condições preestabelecidas; 
IV - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superioresaos 
praticados no mercado nacional ou incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais 
competentes; 
V - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento de suas finalidades precípuas, 
quando as necessidades de instalação e localização condicionarem a escolha do imóvel, desde 
que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia; 
VI - na contratação de remanescente de obra, de serviço ou de fornecimento, em consequência de 
rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as 
mesmas condições do contrato encerrado por rescisão ou distrato, inclusive quanto ao preço, 
devidamente corrigido; 
VII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da 
pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional ou de instituição dedicada à recuperação 
social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não 
tenha fins lucrativos; 
VIII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira necessários à 
manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original 
desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for indispensável para a vigência da 
garantia; 
IX - na contratação de associação de pessoas com deficiência física, sem fins lucrativos e de 
comprovada idoneidade, para a prestação de serviços ou fornecimento de mão de obra, desde 
que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; 
 35 
Justen Filho (2016, p. 306) assevera que há uma inquestionável relação 
entre a disciplina da dispensa de licitação na Lei 8.666/93 e 13.303/2016, porém, 
nem todas foram recepcionadas pela Lei 13.303/2016. Destaca que aquelas 
dispensas em que não foram recepcionadas, não são cabíveis a sua aplicação para 
a contratações promovidas por empresas estatais. 
As doutrinas e jurisprudências que foram desenvolvidas para as dispensas 
de licitação estabelecidas na Lei 8.666/93 podem ser aplicadas para as dispensas 
recepcionadas pela Lei 13.303/2016, observando as restrições diretamente previstas 
nesse diploma e as circunstâncias próprias das empresas estatais exploradoras de 
atividade econômica (JUSTEN FILHO, 2016, p. 306). 
A Lei 13.303/2016, em seu §3º, do artigo 29, apresenta a possibilidade de 
revisão e alteração dos limites fixados em seus incisos I e II “para refletir a variação 
de custos, por deliberação do Conselho de Administração da empresa pública ou 
 
X - na contratação de concessionário, permissionário ou autorizado para fornecimento ou 
suprimento de energia elétrica ou gás natural e de outras prestadoras de serviço público, segundo 
as normas da legislação específica, desde que o objeto do contrato tenha pertinência com o 
serviço público. 
XI - nas contratações entre empresas públicas ou sociedades de economia mista e suas 
respectivas subsidiárias, para aquisição ou alienação de bens e prestação ou obtenção de 
serviços, desde que os preços sejam compatíveis com os praticados no mercado e que o objeto 
do contrato tenha relação com a atividade da contratada prevista em seu estatuto social; 
XII - na contratação de coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos 
recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por 
associações ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda que 
tenham como ocupação econômica a coleta de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos 
compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública; 
XIII - para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que envolvam, 
cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão 
especialmente designada pelo dirigente máximo da empresa pública ou da sociedade de 
economia mista; 
XIV - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei 
nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação dela 
constantes; 
XV - em situações de emergência, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que 
possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, 
equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao 
atendimento da situação emergencial e para as parcelas de obras e serviços que possam ser 
concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contado da 
ocorrência da emergência, vedada a prorrogação dos respectivos contratos, observado o disposto 
no § 2º ; 
XVI - na transferência de bens a órgãos e entidades da administração pública, inclusive quando 
efetivada mediante permuta; 
XVII - na doação de bens móveis para fins e usos de interesse social, após avaliação de sua 
oportunidade e conveniência socioeconômica relativamente à escolha de outra forma de 
alienação; 
XVIII - na compra e venda de ações, de títulos de crédito e de dívida e de bens que produzam ou 
comercializem. (Vide ADIN 5624) (Vide ADIN 5846) (Vide ADIN 5924) (Vide ADIN 6029) 
 
 36 
sociedade de economia mista, admitindo-se valores diferenciados para cada 
sociedade” (PLANALTO, 2016). 
 
 
2.15.3 Inexigibilidade de Licitação ou Inviabilidade de Licitação 
 
Justen Filho (2016, p. 299) aduz que “a inexigibilidade de licitação decorre 
da inviabilidade de competição. Configura-se nas hipóteses em que a natureza do 
objeto, o interesse da Administração ou as características do mercado são 
incompatíveis com a realização de um certame formal”. 
De acordo com Justen Filho (2016, p. 316) a inexigibilidade de licitação 
compreende: 
 
as hipóteses de impossibilidade de competição em virtude de ausência de 
pluralidade de alternativas, mas também outras hipóteses em que a seleção 
da particular a ser contrata não se subordina a critérios rigorosamente 
objetivos ou em que a realização de licitação for incompatível com as 
condições do mercado. 
 
O artigo 30, da Lei 13.303/2016, dispõe que a contratação direta – 
inexigibilidade de licitação - será feita quando houver inviabilidade de competição, 
em especial na hipótese de: 
 
I - aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só possam ser 
fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo; 
II - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados, com 
profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a 
inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação: 
a) estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos; 
b) pareceres, perícias e avaliações em geral; 
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou 
tributárias; 
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços; 
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; 
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; 
g) restauração de obras de arte e bens de valor histórico. 
 
Torres (2016, apud NIEBUHR e NIEBUHR) salienta que as hipóteses de 
inexigibilidade listadas no caput do artigo 30 da Lei 13.303/2016 “são apenas 
 37 
exemplificativas, pois a licitação pública é inexigível sempre que estiver diante de 
inviabilidade de competição”. 
De acordo com Torres (apud BARCELOS e TORRES, 2018 p. 187), a 
competição inviável 
 
não seria apenas aquela em que é impossível haver disputa, mas também 
as hipóteses em que a disputa oferece obstáculos à consecução de 
interesses legítimos das estatais, tornando a sua realização inútil ou 
prejudicial, pelo confronto ou contradição com aquilo que a justificaria. 
 
Barcelos e Torres (2018 p. 187) informam que Tribunal de Contas da União 
veda a inexigibilidade de licitação: 
 
quando não comprovadoo requisito da inviabilidade de competição. É dever 
do agente público responsável pela contratação confirmar a condição de 
exclusividade, nos casos em que o objeto só possa ser fornecido por 
produtor, empresa ou representante comercial exclusivo. (TCU. Acórdão 
nº 1.802/2014 – Plenário) 
 
Por conseguinte, Barcelos e Torres (2018 p. 187) ensinam que para a 
contratação por inexigibilidade de licitação o Tribunal de Contas da União: 
 
Exige a demonstração de inviabilidade de competição e a presença de 
orçamento detalhado de custos para, além de atender as exigências legais, 
munir a Administração de instrumentos que possibilitem questionar os 
serviços prestados e contestar eventuais cobranças indevidas que lhe forem 
dirigidas. A ausência desses requisitos implica responsabilização do gestor 
perante o TCU. (TCU. Acórdão nº 9.554/2011 – 1ª Câmara) 
 
 
2.16 A APLICAÇÃO DAS REGRAS DE LICITAÇÃO PARA MICROEMPRESAS E 
EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - LEI COMPLEMENTAR 123/2006 
 
O § 1º do artigo 28, da Lei 13.303/2016, estabelece que devem ser 
aplicadas às licitações das empresas públicas e das sociedades de economia mista 
as disposições constantes dos artigos 42 a 49 da Lei Complementar 123/200612. 
 
12 § 1º Aplicam-se às licitações das empresas públicas e das sociedades de economia mista as 
disposições constantes dos arts. 42 a 49 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 
2006 . 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp123.htm#art42
 38 
Barcelos e Torres (2018, p. 75-76), com fundamento no artigo 48, da Lei 
Complementar 123/2006, lecionam que é possível a adoção das seguintes licitações 
diferenciadas: 
 
a) “Licitações exclusivas”: nas quais o certame deve ser destinado, 
exclusivamente, à participação de microempresas e empresas de pequeno 
porte, nos itens ou lotes da licitação cujo valor seja de até R$ 80.000,00 
(oitenta mil reais). 
b) “Licitações com subcontratação obrigatória”. Nesta regra de licitação 
diferenciada, pode-se exigir dos licitantes, nas licitações de serviços e 
obras, a subcontratação de microempresa ou de empresa de pequeno 
porte. Nesses casos, os empenhos e pagamentos do órgão ou entidade da 
Administração Pública poderão ser destinados diretamente às 
microempresas e empresas de pequeno porte subcontratadas. 
c) “Licitações com cota exclusiva de até 25%”. De acordo com esta regra, 
nas licitações em que os itens superarem o patamar de R$ 80.000,00, 
deverá ser estabelecida cota de até 25% (vinte e cinco por cento) do objeto 
para a contratação de microempresas e empresas de pequeno porte, em 
certames para a aquisição de bens e serviços de natureza divisível. 
d) “Licitações com prioridade de contratação”. Com as alterações feitas pela 
LC 147/2014, A LC 123/2006 passou a admitir, em relação às licitações 
diferenciadas, que, justificadamente, possa ser estabelecida, para as 
microempresas e empresas de pequeno porte sediadas local ou 
regionalmente, uma prioridade de contratação até o limite de 10% (dez por 
cento) do melhor preço válido. O Decreto federal 8.538/2015, regulamentou 
a Lei, definindo a prioridade de contratação como um procedimento 
semelhante ao desempate ficto. Assim, a ME/EPP sediada local ou 
regionalmente, mais bem classificada (em uma licitação diferenciada) e 
dentro do percentual de até 10%, poderá apresentar proposta de preço 
inferior àquela considerada vencedora da licitação (outra ME/EPP, mas não 
sediada local ou regionalmente). 
 
 
2.17 DIRETRIZES DO PROCESSO LICITATÓRIO 
 
Para que uma licitação seja satisfatória, devem ser seguidos procedimentos 
basilares da licitação, ou seja, as legislações pertinentes e os princípios 
constitucionais. 
Pereira Júnior et al (2018, p. 256) ensina que: 
 
O vocábulo “diretriz”, quando positivado em norma jurídica, tende a exprimir 
a ideia de opção política que se torna cogente e vinculante. Se a positivação 
se dá em texto normativo de gestão pública, tende a exprimir política de 
gestão segundo um padrão predeterminado e exigível como dever jurídico. 
É o que se deduz da redação do art. 32 da Lei das Estatais. Em outras 
palavras, a atividade contratual das empresas públicas e sociedades de 
economia mista há de realizar-se com observância de uma política 
alicerçada em cinco diretrizes gerais, que permeiam todos os contratos e 
licitações dessas entidades, passível de invocar o caráter determinante do 
planejamento para o setor público, a que se refere o art. 174 da 
 39 
Constituição da República: padronização, relação custo-benefício, 
parcelamento do objeto, modalidade preferencial do pregão, integridade 
(compliance) na relação com o mercado. 
 
 
Nesse sentido, Barcelos e Torres (2018, p. 217) asseveram que “é 
importante definir qual o significado de uma diretriz, em um texto normativo. A 
diretriz dá uma orientação, traça uma linha a seguir, um propósito a ser perseguido 
pelo Poder Público, mas não como uma regra ou modelo obrigatório”. 
Desta forma, de acordo com o art. 32, da Lei 13.303/2016, dispõe as 
diretrizes que devem ser seguidas pelas estatais nas licitações e contratos: 
 
I – padronização do objeto da contratação, dos instrumentos convocatórios 
e das minutas de contratos, de acordo com normas internas específicas; 
II – busca da maior vantagem competitiva para a empresa pública ou 
sociedade de economia mista, considerando custos e benefícios, diretos e 
indiretos, de natureza econômica, social ou ambiental, inclusive os relativos 
à manutenção, ao desfazimento de bens e resíduos, ao índice de 
depreciação econômica e a outros fatores de igual relevância; 
III – parcelamento do objeto, visando a ampliar a participação de licitantes, 
sem perda de economia de escala, e desde que não atinja valores inferiores 
aos limites estabelecidos no art. 29, incisos I e II; 
IV – adoção preferencial da modalidade de licitação denominada pregão, 
instituída pela Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002 , para a aquisição de 
bens e serviços comuns, assim considerados aqueles cujos padrões de 
desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, 
por meio de especificações usuais no mercado; 
V – observação da política de integridade nas transações com partes 
interessadas 
 
O § 1º13 do artigo 32, da Lei 13.303/2016, dispõe rol de normas de caráter 
ambiental (incisos I, II e III), urbanístico (inciso IV), de proteção do patrimônio 
cultural, histórico, arqueológico e imaterial (inciso V) e de acessibilidade (inciso VI) 
que as estatais devem respeitar, quando da execução do processo licitatório e 
formalização de contratos. 
 
13 I - disposição final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos gerados pelas obras 
contratadas; 
II - mitigação dos danos ambientais por meio de medidas condicionantes e de compensação 
ambiental, que serão definidas no procedimento de licenciamento ambiental; 
III - utilização de produtos, equipamentos e serviços que, comprovadamente, reduzam o consumo 
de energia e de recursos naturais; 
IV - avaliação de impactos de vizinhança, na forma da legislação urbanística; 
V - proteção do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e imaterial, inclusive por meio da 
avaliação do impacto direto ou indireto causado por investimentos realizados por empresas 
públicas e sociedades de economia mista; 
VI - acessibilidade para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10520.htm
 40 
2.17.1 Padronização 
 
O art. 32, inciso I, da Lei nº 13.303/2016, prevê que deve haver a 
padronização do objeto a ser contratado, dos instrumentos convocatórios e das 
minutas de contrato, de acordo com normas internas específicas. 
Nesse sentido, Guimarães e Santos (2017, p.100), lecionam que padronizar: 
 
[...] significa estabelecer um padrão ou uniformizar estabelecendo um 
modelo que pode ser seguido em situações

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