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2 Princípios do Direito Empresarial

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Princípios do Direito 
Empresarial
 
SST
Marders, F.;
Princípios do Direito Empresarial / Fernanda Marders
Ano: 2020
nº de p.: 9 páginas
Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
Princípios do Direito Empresarial
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Apresentação
De forma geral, cria-se uma entidade empresarial quando um grupo de pessoas 
visa alcançar o mesmo objetivo, criando, para isso, uma pessoa jurídica, que se 
distingue da pessoa física e individual de cada um de seus idealizadores. 
Dessa forma, para melhor entender a formação de uma entidade empresarial, faz-
se necessário abordar questões gerais que envolvem a sua estrutura e identificar 
aqueles que a compõem. Para tanto, a presente unidade abordará os princípios 
empresariais.
Conceituação de direito empresarial
O Direito Empresarial faz parte do ramo do Direito Privado, apesar de conter 
certas normas do Direito Público, não se confunde com o Civil, mesmo com 
inúmeros pontos de contato entre eles. Esse ramo do Direito regula as atividades 
profissionais dos empresariais e os atos considerados por lei como empresariais, 
ficando de fora do âmbito do Direito Mercantil as relações que dizem respeito à 
família, à sucessão e ao estado civil das pessoas, que são regidas pela Lei Civil. 
Diante desse contexto, podemos dizer que o Direito Empresarial é um direito de 
tendência profissional, enquanto que o Direito Civil é de tendência individualista, 
que procura reger as relações jurídicas das pessoas como tais e não como 
profissionais. 
É o ramo do Direito que organiza, por meio de normas, as atividades das empresas 
e dos empresários comerciais e os atos que por eles são praticados e considerados 
comerciais.
Nesse contexto, cabe abordar a disposição do art. 966, do Código Civil (CC), do qual 
se extrai que se considera empresário “[...] quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços” 
(BRASIL, 2002). 
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O objetivo central de uma entidade empresarial é que ocorra a circulação de bens e serviços 
ocasionando, obrigatoriamente, lucro para os seus idealizadores.
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Assim, para a caracterização com base no Direito Empresarial, será necessário 
que a atividade seja organizada e que gere lucratividade, excluindo-se, conforme 
parágrafo único do art. 966, CC, as atividades intelectuais, científicas, literárias ou 
artísticas.
Evolução histórica do direito 
empresarial
Para conceituar algo, é necessário primeiramente abordar sua evolução histórica 
possibilitando identificar seus preceitos dentro de uma sociedade que está em 
constante transformação. Assim, coloca-se o Direito Empresarial em sua parte 
histórica que está arraigada na evolução da sociedade, visto que o sistema atual 
é muito diferente daquele existente nos primórdios da civilização. Posteriormente, 
será abordado o que é conceituado como Direto Empresarial na atualidade.
Em tempos passados, cada grupo humano produzia única e exclusivamente para 
a própria sobrevivência, não sendo necessária a criação de uma pessoa que fosse 
diferente do ser individual. 
Mas, com o passar do tempo, observou-se que nem tudo produzido era consumido 
pelo grupo e que, ao mesmo tempo, alguns itens lhe faltavam. Tal entendimento 
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desencadeou no chamado sistema de escambo, ou seja, os grupos trocavam entre 
si o que lhes era desnecessário para a sobrevivência, mas agradável a outros. 
Com base nisso, pode-se dizer que aquele que produzia muita cenoura, mas que 
não tinha maçãs, trocava as cenouras por maçãs.
Em tempos passados, a troca de produtos entre os indivíduos era a forma encontrada para 
que ambos pudessem ter uma variedade maior de recursos à sua disposição.
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Com a criação da moeda, não era mais necessário ter um produto para trocar por 
outro, possibilitando que ocorressem vendas e não mais as simples trocas. Assim 
começou a circulação das riquezas e, com isso, ocorreu o crescimento e o aumento 
do comércio. 
Os personagens centrais dessas atividades intermediárias entre produtores e 
consumidores são as pessoas que compram dos produtores aquilo que elas 
possuem e colocam à disposição dos consumidores, realizando a troca por 
dinheiro. Mais tarde, além da compra e venda de mercadorias, a circulação da 
economia passou a acontecer também por meio da prestação de serviços.
Para evitar exageros perante o comércio que se instaurava, caberia ao Estado 
propor normas que fossem capazes de garantir uma relação adequada entre as 
partes que realizavam os negócios comerciais. Os empresários, hoje, segundo o 
Código Civil de 2002, são os responsáveis pelos atos de comércio.
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Princípios do direito empresarial
Os princípios são normas-síntese ou normas-matrizes que visam a integração 
das normas e tem sua aplicabilidade imediata. Dentro destes princípios, temos os 
princípios de Direito Empresarial:
• Livre Iniciativa: A livre Iniciativa é um direito que se expressa através da li-
berdade individual e pela liberdade de atuação empresarial, orientando a Or-
dem Econômica, conforme ditado pelo inciso IV do artigo 1º da Constituição 
Federal: 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel 
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como fundamentos:....
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
Há liberdade de empreender onde qualquer empresário pode investir quando 
desejar em sua atividade empresarial. 
• Função social da empresa: A empresa deve cumprir a sua função social, ou 
seja, contribuir para o desenvolvimento econômico, social e cultural, onde 
deverá gerar empregos, tributos e riqueza, além de proteger o meio ambiente 
e respeitar o Direito do Consumidor. 
• Princípio de preservação da empresa: As atividades econômicas da empre-
sa precisam ser preservadas e conservadas, evitando conflitos de interesses 
societários e, por conseguinte, evitando o fechamento da atividade empre-
sarial e prejuízos de consumidores, trabalhadores e do fisco. Tal princípio 
advém da função social da empresa. 
• Liberdade de competição: Há liberdade concorrencial no mercado empresa-
rial e competitivo, onde é garantida a liberdade de atuação empresarial para 
exercer suas atividades privadas. A concorrência permite fornecer produtos 
e serviços diferenciados aos interessados/clientes.
• Liberdade de associação: As pessoas capazeres poderão associar-se, man-
ter-se associados e retirarem-se da sociedade assim que desejarem.
• Maximização dos ativos do falido: Previsto no art. 75 e 117 da Lei de Falên-
cias (Lei n° 11.101, de 2005). Além disso, ampara o art. 141, II.
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Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas 
atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, 
ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa.
Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da 
celeridade e da economia processual.
Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser 
cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar 
o aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e 
preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê.
§ 1o O contratante pode interpelar o administrador judicial, no prazo de 
até 90 (noventa) dias, contado da assinatura do termo de sua nomeação, 
para que, dentro de 10 (dez) dias, declare se cumpre ou não o contrato.
§ 2o A declaração negativa ou o silêncio do administrador judicial confere 
ao contraente o direito à indenização, cujo valor, apurado em processo 
ordinário, constituirá crédito quirografário.
Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da 
empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de 
que trata este artigo:
I – todos os credores, observada a ordem de preferência definida no art. 
83 desta Lei, sub-rogam-se no produtoda realização do ativo;
II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá 
sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de 
natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes 
de acidentes de trabalho.
§ 1º O disposto no inciso II do caput deste artigo não se aplica quando o 
arrematante for:
I – sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido;
II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consangüíneo 
ou afim, do falido ou de sócio da sociedade falida; ou
III – identificado como agente do falido com o objetivo de fraudar a 
sucessão.
§ 2º Empregados do devedor contratados pelo arrematante serão 
admitidos mediante novos contratos de trabalho e o arrematante não 
responde por obrigações decorrentes do contrato anterior. (Lei n° 11.101, 
de 2005).
• Autonomia da Vontade: As partes tem o direito de contratar livremente e, nes-
te interim, negociar as cláusulas contratuais. Os princípios da livre concor-
rência e da livre iniciativa definem a liberdade de atuação dos empresários.
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• Inerência do Risco: A empresa poderá sofrer com crises do mercado e da 
sociedade; todavia, o empresário deverá realizar atividades em conformidade 
com lei, evitando tomar decisões irregulares que poderão prejudicar o bom 
andamento desta em seu nincho empresarial. 
• Defesa do Consumidor: As empresas deverão respeitar o consumidor e seus 
direitos durante suas relações empresariais. 
• Defesa do meio ambiente: As empresas, ao praticarem suas atividades, de-
verão proteger o meio ambiente. Para tanto, poderão receber incentivos do 
Estado em decorrência desta atividade.
Fechamento
O Direito Empresarial está previsto no Código Civil de 2002, o qual define seu campo 
de interesse e atuação. Anteriormente, era chamado de Direito Comercial e possuia 
regulamentação própria.
A atividade empresarial deve seguir os principios empresariais que são um 
norte; um caminho a ser seguido pelos empresários e pessoas interessadas em 
comercializar.
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Referências
BRASIL. Lei n. 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. Regula a recuperação judicial, 
a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm>. 
Acesso em: 01 out 2020.
______. Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. 
Acesso em: 01 out 2020.
______. Código Civil. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível: https://
presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/91577/codigo-civil-lei-10406-02, acesso 
em 19 out 2020.
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial: direito da empresa. 27. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2015.
NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa. 10. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2016.
TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial. vol. 3: falências e recuperação 
de empresas. 4. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/91577/codigo-civil-lei-10406-02
https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/91577/codigo-civil-lei-10406-02

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