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o psicopata no sistema penal brasileiro

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
ESCOLA DE DIREITO, NEGÓCIOS E COMUNICAÇÃO
BACHARELADO EM DIREITO
PSICOLOGIA JURÍDICA
O psicopata no sistema penal brasileiro
ALUNO: CAIO CÉSAR GOMES WERNER 
PROFESSOR: ROSIVAL
Goiânia/GO
2023
A psicopatologia forense é uma área de estudo que combina a psicologia clínica e forense, com o objetivo de compreender os transtornos mentais e a psicopatologia em indivíduos envolvidos no sistema legal. Ela busca analisar e avaliar as relações entre a psicologia clínica e o direito, buscando compreender como os transtornos mentais podem influenciar o comportamento criminoso e a responsabilidade legal.
Os profissionais que atuam nessa área são geralmente psicólogos forenses ou psiquiatras forenses, especializados em avaliar e diagnosticar transtornos mentais em indivíduos que estão em contato com o sistema de justiça. Eles realizam avaliações detalhadas para identificar a presença de transtornos mentais e analisar como esses transtornos podem afetar a conduta do indivíduo.
O transtorno de personalidade antissocial (TPA), também conhecido como psicopatia ou sociopatia, é de fato um dos transtornos diagnosticados com mais frequência em indivíduos envolvidos em atividades criminosas. Embora nem todos os criminosos tenham esse transtorno e nem todas as pessoas com TPA sejam criminosas, existe uma correlação significativa entre os dois.
O TPA é caracterizado por um padrão persistente de desrespeito e violação dos direitos dos outros. Os indivíduos com TPA tendem a apresentar comportamentos impulsivos, irresponsáveis e irrespeitosos em relação às normas sociais e às obrigações legais. Eles frequentemente mostram falta de empatia, desprezo pelos sentimentos dos outros e tendem a manipular e explorar os demais para obter benefícios pessoais.
Esses indivíduos têm dificuldade em manter relacionamentos saudáveis e duradouros, apresentam tendência a mentir e enganar, além de demonstrarem baixo controle de impulsos. Eles podem exibir comportamentos agressivos e imprudentes, além de não demonstrarem remorso genuíno por suas ações.
No contexto criminal, o transtorno de personalidade antissocial tem sido frequentemente associado a crimes violentos, como agressões físicas, assaltos, estupros e homicídios. Os indivíduos com TPA podem ter uma maior propensão a engajar-se em comportamentos criminosos devido à sua falta de empatia e preocupação pelos outros, à busca de gratificação imediata, à necessidade de estimulação constante e à busca de sensações.
É importante ressaltar que o TPA é um transtorno complexo e sua relação com o comportamento criminoso não é causal. Nem todos os indivíduos com TPA se envolvem em atividades criminosas, e muitos fatores adicionais, como história de trauma, abuso de substâncias e ambiente social, também desempenham um papel importante no comportamento criminoso.
A avaliação e o diagnóstico do TPA são geralmente realizados por profissionais da saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, que utilizam critérios específicos do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) para fazer o diagnóstico. O tratamento do TPA geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar, incluindo terapia individual, terapia cognitivo-comportamental e, em alguns casos, medicamentos para tratar sintomas associados, como impulsividade e instabilidade emocional.
São características do transtorno de personalidade anti-social: 
(a) indiferença pelos sentimentos alheios;
(b) desrespeito por regras e obrigações;
(c) incapacidade de manter relacionamentos;
(d) baixa tolerância à frustração e baixo limiar para descarga de agressão, incluindo violência;
(e) incapacidade de experimentar culpa e de aprender com a experiência, particularmente punição;
(f) propensão para culpar os outros ou para oferecer racionalizações plausíveis para o comportamento de conflito com a sociedade.
Tal comportamento é mais normal do que se imagina, um exemplo é citado no livro Mentes Perigosas conforme o texto:
“Identificar psicopatas fora das prisões e dos manicômios judiciários é uma empreitada bastante difícil. Eles estão por toda parte, e, no dia a dia, é possível encontrá-los em diversas categorias profissionais. Em particular, em organizações e empresas públicas ou privadas. Estas costumam se constituir em um cenário favorável para a peculiar maneira de agir de tais indivíduos. Sem nenhuma sombra de dúvida, o papel de liderança em cargos como diretor, gerente, supervisor ou executivo é sempre algo muito atraente para um psicopata. Esses cargos, além de oferecerem bons salários, proporcionam status social, poder e um amplo território de atuação e influência.”
No sistema penal brasileiro, é importante observar que o termo "psicopata" não é uma categoria diagnóstica reconhecida no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) ou na Classificação Internacional de Doenças (CID-10), que são os principais sistemas de classificação utilizados pelos profissionais de saúde mental. No Brasil, o transtorno de personalidade antissocial, que compartilha características com o conceito popular de psicopatia, pode ser levado em consideração no sistema penal como um fator relevante durante a avaliação de imputabilidade e responsabilidade criminal de um indivíduo. A avaliação psicológica ou psiquiátrica pode ser solicitada para determinar se o transtorno de personalidade antissocial está presente e como ele pode ter influenciado o comportamento criminoso do indivíduo. A imputabilidade penal no Brasil está relacionada à capacidade do indivíduo de entender a ilicitude do seu ato e de se determinar de acordo com esse entendimento. Caso um indivíduo com transtorno de personalidade antissocial seja considerado imputável, ele pode ser responsabilizado criminalmente pelos seus atos. No entanto, é importante ressaltar que cada caso é avaliado individualmente e a presença de um transtorno de personalidade antissocial não garante a inimputabilidade ou a redução da pena de forma automática.
 O sistema penal brasileiro ainda apresenta enorme carência quando se trata desse tema. A reincidência dos crimes cometidos por esses indivíduos é notória, e ainda há grandes falhas relacionadas ao diagnóstico no sistema penitenciário, assim como muitas vezes há ausência de uma equipe multidisciplinar preparada (Savazzoni, 2016).
Sendo assim, fica claro a falha na qual existe no sistema brasileiro, além dos preconceitos vividos por falta de interesse ao assunto.

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