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PSICOLOGIA_DA INFANCIA_E_DA_ADOLESCENCIA


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Os estudos nos mostra que é bem recente o conceito de infância. Esta fase da vida alguns
estudiosos defendem que vai desde o dia do nosso nascimento até os doze anos de idade onde
há transformações para adolescência. A passagem da infância para a fase adulta é marcada em
todas as sociedades, algumas sociedades primitivas a transição entre a infância e idade adulta
se dá por meio de algum ritual de iniciação. Esta fase de transição que liga a infância a fase
adulta compreende a adolescência.
É na adolescência que ocorrem as maiores transformações tanto a nível biológico, psicológico e
social do ser humano, geralmente esta fase se estende dos doze aos vinte anos de idade.
Psicologia da Infância e da Adolescência contribuirá para o seu crescimento acadêmico e
humano.
A Evolução do Conceito de Infância
O conceito da infância, como um período especial do desenvolvimento em que o indivíduo deve
ser cuidado, protegido e supervisionado, é bastante recente quando se considera a história da
ciência. Até o século XVII predominava o conceito da criança como um adulto em miniatura, ou
seja, acreditava-se que o raciocínio, os sentimentos, as ações infantis possuíam os mesmos
elementos básicos dos adultos. Esta concepção influenciou o tratamento que a sociedade
dispensava às crianças. Elas recebiam cuidados especiais até os sete anos de idade.
As famílias mais prósperas também faziam pouca distinção entre a infância e a idade adulta. Era
comum que as crianças começassem a escolarização aos quatro ou cinco anos de idade. Como
ninguém dava importância à compreensão do processo de aprendizagem, nem se questionava a
dificuldade dos assuntos ensinados, nem se prestava atenção às diferenças individuais. Assim,
ninguém se espantava ao ver meninos de sete anos e jovens de dezoito recitando juntos uma
lição.
A concepção da criança como adulto em miniatura também se refletiu na arte. Na pintura
medieval as crianças eram retratadas com as proporções corporais dos adultos. É mais provável
que o pintor estivesse dando expressão ao que ele entendia como criança e não ao que
realmente via. Gradativamente, a partir do século XVII, o conceito de infância foi mudando.
As crianças passavam a ser afastadas de assuntos ligados ao sexo. A participação em festas
coletivas e orgias, que até então era permitida, passou a ser considerada como maléfica à
formação do caráter e da moral. Começou a se estabelecer o ensino graduado e a formação de
classes com crianças mesma idade. Até o século XIX a classe baixa continuou a fazer pouca
distinção entre crianças e adultos, colocando seus filhos para aprender um ofício ou trabalhar no
campo aos sete ou oito anos, submetendo-os às mesmas faltas legais que os mais velhos e
casando-os no início da adolescência.
Foi necessário que muitas crianças não sobrevivessem à infância e que a burguesia crescesse
para que ocorressem mudanças reais no tratamento que a sociedade dispensava a este período
da vida. « há muitas crianças e muitas infâncias, cada uma constituída por nossos
entendimentos da infância e do que as crianças são e devem ser». A infância no nosso país é
uma etapa da vida entendida de modo diferente das comunidades africanas ou mulçumanas,
por exemplo. Todavia, isso não significa que não haja uma essência igual a todas as crianças.
As fases do desenvolvimento humano são as mesmas e podem ser observadas em qualquer ser
humano de qualquer cultura, guardadas, obviamente, os aspectos culturais de cada grupo.
Etimologicamente, a palavra infância vem do latim, infantia e refere-se ao indivíduo que ainda
não sabe falar.
Os dois Primeiros anos de Vida
Nos três primeiros anos de vida, a criança apresenta um ritmo rápido de crescimento. Aos dois
anos de idade ela já tem a metade da altura que terá ao completar seu desenvolvimento físico.
Depois dos três primeiros anos ocorre um longo período em que o crescimento é mais lento,
embora regular. Essa aceleração é conhecida como o estirão da adolescência, em que há um
aumento de 8 a 10 cm na altura por ano, durante alguns anos.
Para a maioria das pessoas, o crescimento físico se completa por volta dos dezoito anos de
idade. Há grande variabilidade entre os indivíduos, tanto no momento em que o crescimento se
acelera, quanto na taxa de crescimento. As crianças que começam a crescer mais cedo não se
tornam, necessariamente, mais altas do que aquelas que iniciam o crescimento mais tarde.
Além disso, existem diferenças entre os sexos quanto ao padrão de crescimento.
Durante o crescimento físico há contínuas mudanças nas dimensões das partes do corpo, que
crescem em proporções diversas e atingem seu limite máximo em diferentes momentos do
processo. Como o tronco é a parte do corpo que apresenta um crescimento mais lento há um
período em que pés, mãos, braços e pernas são bastante desproporcionais em relação ao
corpo. Assista ao vídeo «Conceito de Infância – Sala de Convidados» da doutora em História
Social/UFF, Bárbara Lisboa, onde ela reafirma que a criança no contexto psicossocial não é
somente um adulto em miniatura, mas que deve ser protegida, que não deve ser forçada a
trabalhar, que é ainda um ser humano em construção. Na medida em que existem padrões de
crescimento que são comuns à raça humana e que ocorrem em fases específicas, podemos
pressupor a existência de um processo de maturação como um dos agentes dessas mudanças.
O crescimento corporal é um dos aspectos do desenvolvimento que é bastante influenciado por
fatores hereditários. No entanto, má nutrição, doenças e estresse, se forem muito severos e
prolongados, podem ter um impacto negativo sobre o crescimento físico. As crianças que não
tem boa alimentação tendem a ser mais baixas, a pesar menos e a apresentar um ritmo de
crescimento mais lento do que aquelas bem alimentadas. Quando ela é precoce, ou seja, ocorre
nos primeiros dois anos de vida, seu resultado parece ser irreversível.
Uma vez que, posteriormente, seja dada a criança uma dieta alimentar adequada, ela retornará
ao seu ritmo de desenvolvimento, atingindo, assim, seu nível normal de crescimento. Doenças
prolongadas também podem prejudicar o crescimento. Um ambiente cheio de tensão também
pode inibir o crescimento físico, fazendo com que haja mudanças no ritmo e uma inibição do
potencial de desenvolvimento. As pesquisas evidenciam que o estresse prolongado gera uma
menor produção ou liberação do hormônio do crescimento.
As crianças nessa última condição voltam ao padrão e ritmo normais de crescimento. Os
desequilíbrios hormonais decorrentes, principalmente, de um funcionamento inadequado da
hipófise ou da tireóide podem causar danos permanentes no crescimento.
Por volta dos dois anos estará apto a falar e, como um ser social, não tardará a se envolver nos
mais diferentes tipos de atividades grupais.
Em cada estágio, o comportamento muda e a criança se entrega a novas aventuras. Quando,
por exemplo, descobre que pode fazer perguntas e obter respostas, chega a embriagar seu
interlocutor com tantas perguntas. Assim, o desenvolvimento humano, que tem suas raízes no
início da vida, está sempre em processo de vir a ser. A tarefa principal da criança nos seus dois
primeiros anos de vida é a descoberta do mundo físico e de si mesma como um objeto desse
mundo.
O processo de aprendizagem de um indivíduo para conhecer o mundo e a si próprio começa
com a percepção, que é a capacidade que a consciência tem de captar os fenômenos sejam
interiores ou exteriores.
O recém-nascido entra em contato com o mundo por meio da sucção, visão, audição e preensão
. Assim, o bebê começa a agarrar os objetos que os adultos colocam em suas mãos , pode
levantar ligeiramente a cabeça para alcançar o seio, para de chorar quando a mãe ou outras
pessoas o acariciam. Ao final do quarto mês de vida a criança já possui uma série de
comportamentos adquiridos. Por exemplo, se o bebê está acompanhando um objeto com os
olhos e esse objeto sai do seu campo visual, ele age como se repentinamente o objeto tivesse
deixado de existir e não mostra qualquer consciênciade poder reencontrá-lo, virando a cabeça
ou olhando em volta.
A criança aprende a agir sobre as coisas e começa a se interessar pelas relações que unem as
suas ações com os resultados. Assim, ela joga um objeto para agarrá-lo em seguida, balança o
berço para agitar as coisas amarradas às grades, agita o chocalho para produzir seu som
característico, demora-se observando os movimentos de suas mãos ou dos pés. A
intencionalidade dessas ações demonstra que a criança começa a estabelecer relações causais
entre suas ações e os eventos do meio ambiente. Durante o período que vai dos oito aos onze
ou doze meses, as ações da criança tornam-se atos completos de inteligência prática.
A criança começa ainda, a procurar os objetos quando eles saem do seu campo visual. Ela
divertir-se-á com as brincadeiras de dar e tomar, como, por exemplo, entregar e receber
sucessivamente uma boneca de um adulto. A partir dos nove meses, gradativamente, o
desempenho da criança mostra a consolidação da noção de objeto permanente e de espaço
contínuo. Ter a noção do objeto permanente, refere-se ao fato de que a criança passa a
entender que os objetos, mesmo não sendo visto por ela, ainda existem.
Ela passa a se considerar como um elemento do universo, podendo ser tanto agente como
receptor das ações dos elementos do meio.
Categorias Paigentianas: Teoria chamada de Epistemologia Genética ou
Teoria Psicogenética onde Jean Piaget, explica como o indivíduo, desde o seu nascimento,
constrói seu conhecimento. Por volta dos dezoito meses, ela começa a mostrar algum
ressentimento quando lhe é tomada alguma coisa que ela deseja. As noções do «antes» e
«depois» também se desligam do ambiente imediato da criança, para aplicar-se agora a todo o
campo da percepção. Em conclusão, no período que vai do nascimento aos dezoito meses,
aproximadamente, a elaboração da realidade pelo pensamento da criança constitui a passagem
de um estado em que as coisas giram em torno de um «eu» que crê dirigi-las e provocá-las
sem, contudo, situar-se como um elemento do universo, para um estado em que o «eu» se torna
um elemento de um mundo estável e independente de sua própria atividade.
Jean Piaget denominou essa fase do desenvolvimento de estágio sensório-motor, porque pela
ausência função simbólica, a criança representa e interage com o mundo pelas ações e baseia
seus julgamentos nas sensações e percepções. À medida que a criança constrói as noções de
objeto, tempo, espaço e causalidade, elabora também a noção do «eu corporal» ou «eu
somático». Essa noção lhe dá uma vaga consciência de si mesma como ser individual. Uma
criança não pode comer quando deseja e, quando tenta se movimentar, logo sente suas
limitações.
Assim, no seu universo, a presença do adulto é muito importante. O atendimento que ele dá às
necessidades do bebê é gradativamente percebido, pela criança, como algo que vem do mundo
exterior. A confiança básica se define pela certeza de que as necessidades serão atendidas
assim que forem manifestadas. A criança adquire o sentimento de que é capaz de fazer com
que alguém apareça e a alivie.
Assim, ela passa a «confiar no adulto», mesmo quando ele não está presente. A disposição de
deixar a mãe sair do seu alcance sem que isso produza ansiedade ou raiva indevida é, assim, o
primeiro desafio emocional para a criança no início da objeção do eu. Por outro lado, se suas
necessidades não forem satisfeitas adequadamente, o mundo para a criança torna-se fonte de
ameaça e de frustração. Em conclusão, a base do «aprender a ser» está no prazer que a
criança sente ao ser pegada no colo, ao ser embalada com cantigas de ninar, e quando as
pessoas falam com ela com carinho.
A confiança se desenvolve como consequência de um clima emocional estável que estimula e
nutre a capacidade inerente da criança de se tornar uma personalidade segura. Tal estimulação,
no entanto, não exclui transtornos momentâneos que a criança pode aprender a dominar,
continuando a crescer psicologicamente. A criança explora os objetos e brinquedos que lhe são
oferecidos em função de comportamentos recém-adquiridos. Ela pode, por exemplo, jogar o
chocolate no chão para que o adulto o apanhe e o coloque em suas mãos várias vezes
sucessivas.
A maior parte das interações sociais da criança nos seus dois primeiros anos de vida é com o
adulto. No decurso dos dois primeiros meses, ela sorri para o rosto da mãe e do pai, por volta
dos três meses, já apresenta sinais de consciência social, tais como deixar de chorar à
aproximação de alguém, fazer movimentos e prestar atenção na voz da pessoa adulta,
choramingar ou chorar quando alguém que estava conversando ou cuidando dela se afasta.
Entre cinco e sete meses, aproximadamente, a maioria das crianças torna-se capaz de distinguir
as pessoas estranhas das familiares. Se o contato com estranhos for agradável, calmo e
afetuoso, a criança aprenderá a se aproximar de pessoas não-familiares.
Após os seis primeiros meses de vida, as intenções sociais crescem em número e
complexidade. Aumentam brincadeiras, tais como esconde esconde, fingir que está dormindo,
dar adeus, bater palminhas quando alguém canta parabéns, dentre outras brincadeiras. Até
aproximadamente os nove meses de idade, as crianças mostram pouco interesse na interação
com outros bebês. Basicamente, a tarefa da criança nessa primeira etapa da vida é a
descoberta do mundo que a rodeia.
Assim, os outros bebês entram como um elemento desse universo e não como alguém que
tenha atrativos especiais.
A partir dos dois anos de idade a criança torna-se mais ativa. O mundo da criança desta fase é
um mundo mágico. O jogo do «faz-deconta» domina todas as suas atividades. Com a
imaginação da fantasia ela salta as fronteiras do tempo e do espaço e aumenta os limites de sua
força real.
Competirá com as outras crianças e mostrará a força de suas capacidades, aptidões e
habilidades. Nas suas brincadeiras com as outras crianças é novamente a fantasia que lhe
ensinará os papéis sociais. Nos jogos de «faz-de-conta» a criança dos anos pré- escolares
aprende a conviver com o mundo e as pessoas de maneira divertida e agradável. Nesta obra as
autoras fazem uma abordagem atual e relevante acerca do desenvolvimento da criança e do
adolescente do ponto de vista da psicologia, desafiando o estudante a pensar sobre o fascinante
desenvolvimento humano.
Quando a criança adquire a linguagem, ela entra em um mundo inteiramente novo de coisas a
aprender e compreender, tornando-se capaz de liderar usando suas experiências e o meio
ambiente de novas maneiras.
Fatores que influenciam o desenvolvimento da linguagem
Os teóricos que defendem a primeira posição argumentam que a linguagem, como outros
comportamentos, é aprendida por meio de condicionamento. Isso leva a criança a repeti-los. A
criança é considerada um elemento passivo que responde apenas às estimulações oferecidas
pelos outros falantes. Por isso, acredita que a criança deve ter de modo apropriado contato com
muitos e variados conteúdos.
Para eles, a maior evidência da existência desse mecanismo é o desenvolvimento rápido e o
domínio da estrutura da fala que a criança apresenta. Desde o momento em que a criança
começa a falar, por volta dos dezoito meses, ela usa as palavras em uma sequência apropriada,
ou seja, segue uma regra gramatical. No entanto, as evidências mostram que tanto os fatores
biológicos como os ambientais influenciam a aquisição e o desenvolvimento da linguagem. Por
volta do primeiro ano de vida a criança começa a usar suas primeiras palavras.
Um bebê, por exemplo, pode começar a se referir ao alimento como «papá, papá». Entre
dezoito e vinte meses de idade, ocorre uma grande revolução na fala da criança, com o
aparecimento das primeiras sentenças. Por volta dos três anos de idade, a produção verbal da
criança é semelhante à linguagem coloquial dos adultos, embora ela ainda possa cometer
alguns enganos. Como a criança modela sua fala pela linguagem que ouve, é importante que os
pais e os outros adultos com quem ela, frequentemente,se comunica usem a dicção e normas
gramaticais corretamente.
Os erros de articulação ou gagueira, bem como características da voz, estabelecidos neste
início, podem se transformar em hábitos fortes que perdurará a vida inteira, se não forem
tratados. Ao falar, a criança não copia simplesmente àquilo que ouve. Com o aparecimento da
função simbólica ocorre a formação dos primeiros conceitos, o que permite que a criança
represente pessoas e objetos ausentes e imagine situações que não estão em sua realidade
imediata. Nas perguntas da criança pode-se observar uma necessidade de conceituar o
cotidiano.
Se os pais e os demais adultos derem atenção e responderem adequadamente à curiosidade
intelectual da criança, possibilitarão que ela corrija seus conceitos e modifique suas atitudes e
expectativas, bem como ajudarão na construção de conhecimentos que serão úteis durante o
processo de educação formal.
O raciocínio da criança desta fase, especialmente dos dois aos quatro anos de idade, é muito
influenciado por suas próprias vontades e desejos, suas percepções e explicações refletem
apenas um ponto de vista, ou seja, o seu. O pensamento egocêntrico caracteriza-se por suas
contradições, ou seja, em vez de adaptar-se objetivamente à realidade, ele se modela segundo
o ponto de vista da pessoa que o produz, deformando as relações existentes entre os fatos, bem
como suas características essenciais.
Devido ao seu egocentrismo, a criança estende suas vivências pessoais a brinquedos, animais
ou objetos. É como se ela atribuísse uma alma humana a todas as coisas. Se, por exemplo, a
boneca ou o bichinho de pelúcia forem deixados em casa quando a família sair para passear,
ela logo manifestará preocupação se eles sentirão solidão e medo. Em termos de
relacionamento com a realidade externa, quanto mais nova é a criança, mais autocentrada ela é.
Outro exemplo de animismo é o fato de a criança acreditar que, se dermos à «fada dos dentes»
uma moedinha, ela substituirá o dente que caiu por outro novo.
A criança desta fase tende a analisar as coisas à luz da percepção imediata. Seus raciocínios se
baseiam no todo ou em alguma característica específica. Se, por exemplo, perguntarmos a
criança se automóveis, jipes e caminhões são veículos, ela provavelmente dirá que sim. Ela não
é capaz de avaliar a reciprocidade de uma relação de parentesco, por que seu egocentrismo a
impede de ver-se como irmã.
Por volta dos seis anos de idade o pensamento vai se tornando, pouco a pouco, reversível. É
essa reversibilidade que torna possível, a criança, operar com classes e relações, que é
característico do raciocínio da fase seguinte. A aquisição da linguagem é um fator muito
importante para o desenvolvimento da personalidade. Nesta etapa do desenvolvimento inicia-se
a formação da consciência moral.
Os conceitos éticos da criança de dois a seis anos de idade fundamentam-se, basicamente, nas
consequências das ações. Por isso, a busca do prazer imediato é o segundo elemento de sua
orientação moral. Um exemplo dessa busca de prazer imediato é que quando começa a chover,
a criança corre para a chuva, apesar de saber que sua mãe poderá vir a puni-la por isso. As
ações definidas como corretas são as que dão prazer, ou seja, satisfazem o indivíduo e,
ocasionalmente, as outras pessoas.
A reciprocidade parece apenas como troca de favores ou deveres. A combinação desses dois
elementos, medo da punição e hedonismo ingênuo leva a criança a fazer apenas o que está
com vontade de fazer e não o que é obrigada. O surgimento da consciência moral tem como
consequência o sentimento de culpa. À medida que a criança se desenvolve, ela se torna mais
responsável por suas ações.
A partir do segundo ano de vida, o nome adquire significado para a criança e isso a auxilia no
estabelecimento da consciência de si mesma. A criança desta etapa ainda não separa
nitidamente o real do imaginário. Os heróis dos programas televisão, por exemplo, são ela,
assustadoramente, reais e vivem no seu mundo como qualquer outra pessoa de sua realidade
cotidiana. Enquanto está nesse processo de descoberta de seus atributos como pessoa, a
criança apresenta uma acentuada tendência a opor-se a interferências.
Por isso resiste a qualquer coisa que não se harmonize com as ideias e atitudes que adotou. Ela
vê quase todas as propostas dos adultos como uma ameaça potencial à sua identidade. Essa
reação de oposição generalizada, ou negativismo, representa uma fase de transição entre a
dependência e docilidade do bebê e a autonomia e a iniciativa, características da criança em
idade pré-escolar. O indivíduo não passa a vida inteira considerando as regras disciplinares
como algo imposto de fora.
Em outras palavras, o controle externo é substituído pelo autocontrole.
Embora a dependência tenda a diminuir como desenvolvimento, algumas pessoas a mantém
como um traço de personalidade ao longo da vida. Os pais têm um papel importante no
processo de desenvolvimento da autonomia. Se eles encorajarem as iniciativas da criança,
elogiarem o sucesso, derem tarefas que não excedam as capacidades da criança, forem
coerentes em suas exigências e aceitarem o fracasso, estarão contribuindo para o aparecimento
do sentimento de autoconfiança e autoestima. A tipificação sexual é o estabelecimento dos
papéis sociais ligados ao sexo, ou seja, aprender a se comportar como homem ou mulher.
A partir dos três anos de idade a criança começa a demonstrar um grande interesse por
questões sexuais. Na maior parte das atividades lúdicas da criança dos dois aos seis anos de
idade predomina a fantasia. No jogo dramático a criança experimenta concretamente os papéis
sociais de outras pessoas. O jogo dramático não serve apenas para a criança aprender sobre a
sociedade da qual ela faz parte.
É também um veículo para a expressão de sentimentos, temores e ansiedades.
Frequentemente, pelas atividades lúdicas a criança revela a distribuição do poder dentro da
família, o tipo de disciplina imposta a ela pelos pais e professores, o humor e a ternura que os
adultos manifestam por ela. Por volta dos quatro anos de idade aparecem os companheiros
imaginários. Eles, frequentemente, são sentidos pela criança como parte do seu cotidiano.
Algumas vezes eles nascem de uma necessidade real da criança. Em alguns casos, os
companheiros imaginários podem até ser mal recebidos pela criança. Outras vezes eles são
elementos que estão a serviço da sua consciência moral e vieram para castigá-la ou
repreendê-la por erros cometidos, tornando-se assim fonte de ansiedade e culpa. Devido ao fato
de o mundo da criança pré-escolar ser uma mistura de realidade e fantasia, ela não é sensível
ao argumento dos adultos de que essas figuras imaginárias não existem.
No entanto, dois ou três anos depois, essas personalidades fantásticas deixam de existir ou são
encaradas apenas como parte do jogo do «faz-de-conta».
Quando crianças dos dois aos quatro anos de idade se reúnem, há o predomínio dos jogos
paralelos. Esse período representa uma etapa intermediária entre as condutas exclusivamente
individuais dos bebês e as condutas socializadas dos anos posteriores. A criança desta idade
gosta de participar dos grupos de crianças mais velhas e, por imitação, começa a querer brincar
de acordo com o modelo oferecido por elas. Contudo, como não pode colocar-se em pé de
igualdade com as demais nem é aceita pelo grupo, ela se isola e passa a brincar sozinha.
Paradoxalmente, a criança desta fase é, ao mesmo tempo, muito inovadora, como também, no
seu egocentrismo, considera as regras sagradas e intocáveis. A partir dos cinco anos de idade,
gradativamente, se iniciam as brincadeiras ou jogos interativos.
Ao aproximar-se dos sete anos de idade, a criança apresenta modificações consideráveis no
seu comportamento, na sua linguagem, nas suas interações com os companheiros e,
principalmente, na qualidade de raciocínio. A criança de idade pré-escolar, por exemplo, embora
saiba ir à escola e à casa de um amigo, não consegue dizer qual dos dois lugares é mais
próximode sua casa. Por outro lado, além de ser capaz de traçar, mentalmente, os dois
caminhos a criança de idade escolar já consegue raciocinar sobre a distância percorrida. No
período compreendido dos sete aos doze anos, além do conceito de distância, são dominados
também os conceitos de tempo , de classes, de relações e de número.
A criança desta fase demonstra, também, uma maior receptividade à amizade de outras
crianças, bem como ao conhecimento das coisas do seu mundo imediato. Finalmente, é preciso
enfatizar que neste período a criança já possui grandes partes das habilidades dos adultos,
algumas das quais bastante especializadas. O pensamento da criança nesta etapa é
caracterizado pelo uso de sistemas logicamente organizados, entre os quais estão a
classificação e a seriação.
Isso porque a maioria de nossos conceitos é concreta, ou seja, baseia-se em características
observáveis . Quando começa a falar, a criança é capaz de dar nomes genéricos às coisas,
embora nem sempre o faça adequadamente. A segunda posição, classes como um sistema
lógico, é assumida por Jean Piaget e seus colaboradores. Para eles, a classificação é de
natureza operatória e não apenas semântica, ou seja, é necessário não só o domínio do
significado das palavras, mas também o das operações de inclusão e complementação que a
classificação comporta.
Um exemplo de operação é a união de objetos para construir uma classificação.
O domínio da classificação é um processo gradual. Por volta de sete anos a criança começa a
dominar as relações de semelhança. Ela é capaz de descobrir critérios de classificação e a partir
deles compor grupos e subgrupos. Por volta dos nove anos, ela já domina as relações de
inclusão e de complementação.
No entanto, esse domínio só ocorre quando as classes se referem às coisas do seu cotidiano e
quando as qualidades em jogo são atributos perceptuais dos estímulos. Ela não consegue
realizar encaixes hierárquicos para classes ou qualidades abstratas, tais como felicidade ou
justiça. Por isso Piaget chamou este período do desenvolvimento de estágio das operações
concretas. A mudança na qualidade das estruturas cognitivas ocorre a partir da interação
criança-meio.

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