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Nascido em Frankfurt em 1902, de pais dinamarqueses – a família de sua mãe era judia – Erikson não conheceu seu pai biológico. Sua mãe se casou com o médico, Dr. Homburguer, que o adotou e cujo nome Erikson passou a usar. Porém, em 1939, Erikson adotou o nome pelo qual é conhecido – Erik Hombuguer Erikson. (HALL e colab., 2000) Erikson teve uma profunda exposição à psicanálise. Tinha contato com o círculo de Freud e estudo psicanálise no Instituto Psicanáltico de Viena, no qual se formou em 1933. Logo após se formar, Erikson mudou-se para Boston, nos Estados Unidos e se tornou o primeiro psicanalista infantil da cidade. As contribuições mais significativas de Erikson se incluem sob dois aspectos: (1) uma teoria psicossocial do desenvolvimento, da qual emerge uma concepção ampliada do ego e (2) estudos psico-históricos que exemplificam sua teoria psicossocial nas vidas de indivíduos famosos [...]. Quando falamos em desenvolvimento psicossocial significa que os estágios de vida de uma pessoa, do nascimento até a morte, são formados por influências sociais interagindo com um organismo que está amadurecendo física e psicologicamente. (HALL e colab., 2000) A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL Segundo a teoria da personalidade desenvolvida por Erik Erikson, o desenvolvimento evolui em oito estágios que acontecem do momento em que nascemos até a nossa velhice, considerando a interação do indivíduo com o seu meio (afetivo, social, cultural e histórico). Erik dá ênfase na adolescência, pois é nela que se faz a transição da infância para a idade adulta. O que acontece durante esse estágio é da maior importância para a personalidade adulta. Identidade, crises de identidade e confusão de identidade são os conceitos mais conhecidos pelo psicanalista. (HALL e colab., 2000) A teoria do desenvolvimento psicossocial, que se dá em oito estágios/estágios contribui para a formação da personalidade total (principio epigenético), sendo, desta forma, todos importantes mesmo depois de se os atravessar. O núcleo de cada fase/estágio é uma crise básica, que não existe apenas naquele estágio, apenas será mais proeminente em cada fase, trazendo raízes prévias dos estágios anteriores e com consequência para os estágios posteriores. (MARIA APARECIDA MELO GIRÃO, 2019) A identidade do indivíduo irá se formar nos primeiros quatro estágios, e o iniciasse nos primeiros quatro estágios, e o sentido desta negociada na adolescência, influenciando assim as três últimas etapas. 1º ESTÁGIO – CONFIANÇA BÁSICA X DESCONFIANÇA BÁSICA (ATÉ O PRIMEIRO ANO) A confiança básica mais inicial se estabelece durante o estágio oral-sensorial, e é demonstrada pelo bebê em sua capacidade de dormir pacificamente, de alimentar-se confortavelmente e de evacuar de forma relaxada. (HALL e colab., 2000) O primeiro estágio da vida, o período de bebê, é o estágio da ritualização de uma divindade. O que Erikson queria dizer com isso é o senso do bebê da presença abençoada da mãe que o olha, segura-o, toca-o, sorri para ele, alimenta-o, diz seu nome e, de outra forma, “reconhece-o”. Essas repetidas interações são altamente pessoais e, ainda, culturalmente ritualizadas. O reconhecimento do bebê pela mãe afirma e certifica o bebê e sua mutualidade com a mãe. A falta de reconhecimento pode causar alienação na personalidade do bebê – um senso de separação e abandono.(HALL e colab., 2000) A relação com a mãe vai ser decisiva para a criança e o que é ou não ter confiança. Caso nessa fase ela se sinta acolhida por sua mãe, ela criará um bom conceito de si e do mundo, mas caso essa fase ocorra frustrações, a criança poderá cultuar um herói e achar que nunca vai chegar ao nível da sua mãe. Virtual social desenvolvida: desejo. 2º ESTÁGIO – AUTONOMIA VERSUS VERGONHA E DÚVIDA (2 E 3 ANOS) A criança agora passa a ter controle sobre suas necessidades fisiológicas o que gera uma autonomia e uma confiança para aprender coisas novas sem medo de errar. O desejo da criança de experiências novas e mais orientadas para atividades dá lugar a uma necessidade dupla: uma necessidade de autocontrole e uma necessidade da aceitação do controle de outras pessoas no ambiente. Para subjugar a teimosia da criança, os adultos utilizarão a propensão humana à vergonha, universal e necessária, embora encorajem a criança a desenvolver um senso de autonomia e a eventualmente afirmar sua independência. Os adultos que exercem controle também precisam ser firmemente reasseguradores. A criança deve ser encorajada a experimentar situações que exigem a livre escolha autônoma. A vergonha excessiva só vai induzir a criança ao descaramento ou obrigá-la a tentar escapar impunemente sendo fechada, dissimulada e furtiva. Esse é o estágio que promove a liberdade da auto-expressão e a amorosidade. Um senso de autocontrole produz na criança um duradouro sentimento de boa vontade e orgulho; um senso de perda do autocontrole, por outro lado, pode causar um sentimento permanente de vergonha e dúvida.de vergonha e dúvida. (HALL e colab., 2000) Porém, se ela for criticada ou ridicularizada desenvolverá vergonha e dúvida quanto a sua capacidade de ser autônoma, provocando um retrocesso para o estágio anterior, ou seja, a dependência. (MARIA APARECIDA MELO GIRÃO, 2019) Nessa fase a criança vai começar a discernir sobre certo e errado, gerando um senso de julgamento. Ela começa a julgar os outros e os seus atos que existe um julgamento do que é certo e errado. Virtude social desenvolvida: desejo. 3º ESTÁGIO – INICIATIVA VERSUS CULPA (4 AO 5 ANOS) Segundo Erik, o terceiro estágio é responsável pelo desenvolvimento do estágio psicossexual genital-locomotor ou a capacidade da iniciativa. Nesse momento, a criança está mais avançada tanto física quanto mentalmente, consegue planejar suas tarefas e pode associar a autonomia e à confiança, a iniciativa, pela expansão intelectual. A relação entre confiança e autonomia, possibilita à criança um sentimento de determinação para a iniciativa. Com a alfabetização e a ampliação de seu círculo de contatos, a criança adquire o crescimento intelectual necessário para apurar sua capacidade de planejamento e realização. (ERIKSON, 1971) É a fase da brincadeira, a criança brinca com jogos físicos e mentais tentando imitar os adultos, criando assim um mundo de faz de contas e analisa até que ponto ela pode ser como eles. A sua imaginação é crucial nessa fase. A contraparte negativa da ritualização dramática é o ritualismo da personificação por toda a vida. O adulto desempenha papéis ou atua a fim de apresentar uma imagem que não representa sua verdadeira personalidade. (HALL e colab., 2000) Virtude social desenvolvida: propósito. 4º ESTÁGIO – DILIGÊNCIA VERSUS INFERIORIDADE (DOS 6 AOS 11 ANOS) A inserção da criança na escola e os aprendizados que recebem propicia conhecimento que não é gerado pelos seus familiares, sendo assim, ela é estimulada para a socialização. Nesse estágio a criança desenvolve um senso de aplicação e aprende as recompensas da perseverança e da diligência. O interesse por brinquedos e pelo brincar é gradualmente superado por um interesse por situações produtivas e pelos implementos e instrumentos usados para trabalhar. O perigo desse estágio é a criança desenvolver um senso de inferioridade se for (ou fizerem com que se sinta) incapaz de dominar as tarefas que inicia ou que lhe são dadas pelos professores e pelos pais.(HALL e colab., 2000) 5º ESTÁGIO – IDENTIDADE VERSUS CONFUSÃO/DIFUSÃO (DOS 12 AOS 18 ANOS) Durante a adolescência, o indivíduo experimenta um sentido da própria identidade, um sentimento de que é um ser humano único, que está preparado para se encaixar em algum papel significativo na sociedade. A pessoa se torna consciente das características individuais inerentes, de situações, pessoas e objetos dos quais gosta ou não gosta, de metas futuras antecipadas e da força e do propósito de controlar o próprio destino. Essa é uma época na vida em que queremos definir o que somos no presente e o que desejamos ser no futuro. É o momento de fazer planosvocacionais. (HALL e colab., 2000) Erikson destaca que o adolescente necessita de segurança para administrar todas as transformações, sejam físicas ou psicológicas. Esse sentimento de segurança ele encontra em sua identidade, que foi construída por seu ego em todos os estágios anteriores. Devido à difícil transição da infância à idade adulta, por um lado, e à sensibilidade à mudança social e histórica, por outro, o adolescente, durante o estágio da formação da identidade, tende a sofrer mais profundamente do que nunca em virtude da confusão de papéis, ou da confusão de identidade. Esse estado pode fazer com que ele se sinta isolado, vazio, ansioso e indeciso. O adolescente sente que precisa tomar decisões importantes, mas é incapaz de fazer isso. Ele pode sentir que a sociedade o pressiona para tomar decisões; assim, ele fica ainda mais resistente. Ele se preocupa imensamente com como os outros o vêem e tende a ser muito inibido e envergonhado. (HALL e colab., 2000) Sendo assim, esse estágio o adolescente pode se desenvolver e identificar a sua identidade psicossocial e entender o seu papel no mundo, mas caso ele se sinta vazio e confuso nesse período, ele pode sentir dificuldade de se encontrar no mundo e ter problemas em tomar decisões. 6º ESTÁGIO – INTIMIDADE VERSUS ISOLAMENTO (JOVEM ADULTO) Os jovens adultos neste estágio estão explorando suas relações pessoais. No estabelecimento de uma identidade definida, o sujeito estará pronto para unir-se à identidade de outrem. Essa fase é caracterizada por esse momento da união, o que sugere à associação de um ego ao outro. Para que haja uma associação positiva é necessário que o indivíduo tenha construído um ego forte e autônomo, para assim, aceitar o convívio com o outro ego, numa perspectiva mais íntima. Quando isso não acontece, isto é, o sujeito não construiu um ego seguro, a pessoa irá preferir o isolamento, numa tentativa de preservar esse ego. (MARIA APARECIDA MELO GIRÃO, 2019) A ritualização correspondente desse estágio é a associativa, isto é, um compartilhar conjunto de trabalho, amizade e amor. O ritualismo correspondente, o elitismo, expressa-se pela formação de grupos exclusivos que são uma forma de narcisismo comunal. (HALL e colab., 2000) 7º ESTÁGIO – GENERATVIDADE VERSUS ESTAGNAÇÃO (MEIA IDADE) Esta é a fase em que o ser humano sente que sua personalidade foi enriquecida – e não modificada – com tais ensinamentos. Isso acontece porque existe uma necessidade inerente ao homem de transmitir, de ensinar. É uma forma de fazer-se sobreviver, de fazer valer todo o esforço de sua vida, de saber que tem um pouco de si nos outros. Isso impede a absorção do ser em si mesmo e também a transmissão de uma cultura [...]Caso esta transmissão não ocorra, o indivíduo se dá conta de que tudo o que fez e tudo o que construiu não valei a pena, não teve um porquê, já que não existe como dar prosseguimento, seja em forma de um filho, um sócio, uma empresa ou uma pesquisa.(RABELLO; SILVEIRA PASSOS, [S.d.]) 8º ESTÁGIO – INTEGRIDADE X DESESPERANÇA (VELHICE) O último estágio do processo epigenético do desenvolvimento é denominado integridade. A melhor maneira de descrevê-lo é como um estado que a pessoa atinge depois de ter cuidado de coisas e pessoas, produtos e ideias, e de ter-se adaptado aos sucessos e fracassos da existência. Por meio dessas realizações, os indivíduos podem colher os benefícios dos primeiros sete estágios da vida e perceber que sua vida teve certa ordem e significado dentro de uma ordem maior. (HALL e colab., 2000) Sendo assim, o sujeito pode simplesmente entrar em desespero ao ver a morte se aproximando. Surge um sentimento de que o tempo acabou, que agora resta o fim de tudo, que nada mais pode fazer pela sociedade, pela família, por nada. São aquelas pessoas que vivem em eterna nostalgia e tristeza por sua velhice. A vivência também pode ser positiva. A pessoa sente a sensação de dever cumprido, experimenta o sentimento de dignidade e integridade, e divide sua experiência e sabedoria. Existe ainda o perigo do indivíduo se julgar o mais sábio, e impor suas opiniões em nome de sua idade e experiência. (RABELLO; SILVEIRA PASSOS, [S.d.]) BIBLIOGRAFIA ERIKSON, Erik Homburge. Infância e Sociedade. 2a ed. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1987. 2o edição ed. Rio de Janeiro: [s.n.], 1971. HALL, Calvin S.; LINDZEY, Gardner.; CAMPBELL, John B. Teorias da personalidade : técnicas, modelos e teorias (4a. ed.). 4a Edição ed. Porto Alegre: [s.n.], 2000. MARIA APARECIDA MELO GIRÃO. Teoria Psicossocial do Desenvolvimento em Erik Erikson. Disponível em: <https://psicologado.com.br/psicologia-geral/desenvolvimento-humano/teoria-psicossocial-do-desenvolvimento-em-erik-erikson>. RABELLO, Elaine; SILVEIRA PASSOS, José. Erikson e a Teoria Psicossocial do Desenvolvimento. Disponível em: <https://josesilveira.com/wp-content/uploads/2018/07/Erikson-e-a-teoria-psicossocial-do-desenvolvimento.pdf>. Acesso em: 19 set 2020.