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Sem_Febre_Aluno

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS 
DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA 
 
 
SEMINÁRIO FEBRE e AUMENTO DE VOLUME CERVICAL 
 
CASO 1 
Id: ARF, 24 anos, sexo masculino, pardo, solteiro, auxiliar de serviços gerais, ensino fundamental incompleto, 
natural do Rio de Janeiro, reside em São João de Meriti. 
QP: “ínguas pelo corpo e febre” 
HDA: Paciente previamente hígido, apresenta há duas semanas quadro de mialgia difusa e poliartralgia 
acometendo mãos, punhos, joelhos e tornozelos, associado a febre vespertina intermitente e sudorese 
noturna. Há uma semana notou aumento progressivo do volume cervical bilateralmente, associado a dor 
local e odinofagia. Há cinco dias, notou o surgimento de rash macular não pruriginoso acometendo o tronco 
e face; associado à piora dos sintomas supracitados. Vinha em uso de dipirona esporadicamente para 
controle da dor e febre, porém sem melhora efetiva do quadro. Dessa forma, buscou atendimento hospitalar 
de urgência para melhor elucidação diagnóstica. Nega tosse, cefaleia, alterações visuais, dor abdominal, 
náuseas, vômitos, queixas urinárias ou uso de outros medicamentos. Relata ainda perda ponderal estimada 
em 8kg nesse período. 
HPP: Catapora na infância, herpes genital há dois anos, fratura exposta em membro superior direito após 
acidente automobilístico há 5 anos. Nega HAS, DM, pneumopatias, alergias medicamentosas ou 
hemotransfusões. 
HFis: Nascimento por parto vaginal em ambiente hospitalar, a termo. Desenvolvimento psicomotor na 
infância sem dados relevantes. Desconhece condições de calendário vacinal. 
HFam: Irmão com asma brônquica, pai hipertenso, mãe com obesidade e diabetes. Nega neoplasias ou 
doenças congênitas na família. 
HSoc: Tabagista de 10 maços.ano, etilista de fermentados nos finais de semana. Refere uso prévio de cocaína 
inalatória, negando o consumo nos últimos 2 anos. Nega uso de drogas injetáveis. Vida sexualmente ativa 
com múltiplas parceiras, nega uso regular de preservativo. Última relação sexual com parceira desconhecida 
há 3 semanas, sem uso de preservativo. Reside com seus pais em casa de alvenaria com três cômodos e 
saneamento básico. Nega viagens recentes. 
Exame físico: regular estado geral, lúcido e orientado, hipoidratado +/4+, hipocorado 2+/4+, acianótico, 
anictérico, com enchimento capilar satisfatório. IMC 18,1 kg/m2. Presença de rash cutâneo não-descamativo 
acometendo face, região torácica e dorso. Adenomegalia cervical e axilar bilateralmente, com consistência 
elástica, dolorosas à palpação, sem áreas de flogose ou flutuação. Vasos do pescoço e tireoide sem 
anormalidades. PA 90/60 mmHg; FC 128 bpm, FR 18 irpm; T.Ax. 38,5°C. Ausculta pulmonar: murmúrio 
vesicular universalmente audível, sem ruídos adventícios. RCR em 2T, bulhas normofonéticas, sopro sistólico 
+/6+ pancardíaco. Abdome escavado, flácido doloroso à palpação profunda em andar superior, porém sem 
sinais de descompressão dolorosa, fígado palpável a 2 cm do RCD, borda romba e consistência elástica, 
espaço de Traube ocupado. Exame neurológico sem alterações. 
Exames complementares: Hemoglobina 9 mg/dL | Hematócrito 30% | VCM 88 fL | Leucócitos 3.000/mm3 
(Ba 1|Eo 3|Mi 0|Mm 0|Ba 0|NO 70|LO 18|MO 8)| Plaquetas 89.000/mm3| anti-HIV negativo | carga viral 
para vírus HIV 150.000 cópias/mL | Hematoscopia com presença de linfócitos atípicos. 
Perguntas norteadoras: 
1. Qual a diferença entre síndrome febril e hipertermia? 
2. Qual a provável causa dos sintomas descritos no caso clínico? 
3. Cite outros possíveis diagnósticos diferenciais. 
4. Levando em consideração o diagnóstico mais provável, como justificar a presença de anti-HIV negativo? 
5. Explique os achados do exame físico. 
6. Quais etiologias alternativas ao diagnóstico principal poderiam apresentar lesões de pele semelhantes em 
aspecto e distribuição corporal (com ou sem linfonodomegalia)? 
7. Como podemos diferenciar semiologicamente a linfonodomegalia provocada por neoplasias metastáticas das 
provocadas por processos inflamatórios? 
 
 
CASO 2 
Id: JLO, 28 anos, sexo feminino, branca, casada, secretária, ensino médio completo, natural do Rio de Janeiro, 
reside em Madureira. 
QP: “febre e palpitações” 
HDA: Paciente apresenta há dois meses episódios paroxísticos de palpitações e tremores das mãos, sem 
relação com o esforço físico ou estado emocional; associado a dispneia inicialmente aos grandes esforços, 
mas que agora ocorre inclusive em repouso. Há um mês apresenta astenia e fraqueza muscular generalizada, 
sobretudo em cintura escapular e pélvica. Refere ainda picos febris esporádicos (temperatura máx 37,8°C), 
sem predileção por determinado horário do dia. Apesar de referir hiperfagia simultânea ao quadro atual, 
apresenta perda ponderal de 12 kg no período. Embora negue diarreia, notou aumento na frequência 
evacuatória (3 episódios ao dia), sem mudança na consistência das fezes. Nega dor torácica, alterações 
cutâneas, dor articular ou queixas urinárias. 
HPP: DM1 diagnosticado há 14 anos, atualmente em uso regular de insulina NPH (22 UI antes do café + 16 UI 
antes da ceia) além de insulina regular de acordo com a contagem de carboidratos. Apendicectomia há 8 
anos. Nega alergias medicamentosas ou outras comorbidades. 
HFam: Irmã com hipotireoidismo, pai coronariopata, mãe hipertensa. Filho e esposo saudáveis. 
HFis: Nascimento por parto cesáreo em ambiente hospitalar, a termo. Desenvolvimento psicomotor na 
infância sem dados relevantes. G1/P1/A0. Ciclos menstruais regulares no passado, em amenorreia há 3 
meses, nega uso de ACO. Vida sexualmente ativa com parceiro único, com uso de preservativo. 
HSoc: Reside em casa de alvenaria com 4 cômodos e saneamento básico. Sedentária, etilista esporádica de 
fermentados nos finais de semana. Nega tabagismo ou uso de drogas ilícitas. 
Exame físico: regular estado geral, lúcida e orientada, hipocorada +/4+, acianótica, anictérica, hidratada. 
Apresentando tremor em extremidades, pele quente e úmida, bom enchimento capilar periférico. IMC 
20kg/m2. Tireóide aumentada de volume difusamente, consistência elástica, sem nódulos palpáveis, 
presença de frêmito e sopro. Ausência de adenomegalia cervical, sopros carotídeos ou turgência jugular 
patológica. PA 140/55 mmHg; FC 130 bpm, FR 18 irpm; T.Ax. 37,7°C. Ausculta pulmonar sem alterações. 
Aparelho cardiovascular: sopro sistólico +/6 pancardíaco. Abdome plano, flácido, peristáltico, indolor, sem 
presença de massas ou visceromegalias. Exame neurológico: marcha atípica, pares cranianos sem alterações, 
força grau IV nos 4 membros, presença de reflexos profundos exaltados difusamente. 
Exames complementares: Hemoglobina 11 mg/dL | Hematócrito 33% | VCM 90 fL | Leucócitos 3.500/mm3 
| Plaquetas 150.000/mm3 | TSH< 0,001 mg/dL (VR: 0,4-4,5 mg/dL) | T4 livre 3,5 mg/dL (VR: 0,8-1,8 mg/dL) | 
anticorpo anti-receptor de TSH (TRAb) 5U/L (VR < 1,5U/L) | Beta HCG negativo 
Apresentava ainda, o seguinte aspecto facial: 
 
Perguntas norteadoras: 
1- Qual a provável causa do quadro atual da paciente? Qual a principal etiologia? Justifique. 
2- Que tipo de fácies a paciente apresenta e quais são suas características? 
3- Qual denominação damos ao conjunto de achados oculares encontrados nessa patologia? Descreva sua 
fisiopatologia, bem como sinais e sintomas que podem estar presentes. 
4- Como poderia estar o exame físico da tireoide em outras patologias tireoidianas? 
5- Qual a diferença entre hipertireoidismo e tireotoxicose? 
6- Cite outros sinais e sintomas que podem estar presentes no hipertireoidismo. 
Objetivos de aprendizagem 
1. Recordar os mecanismos fisiológicos de produção e de perda de calor corporal. 
2. Distinguir os conceitos de síndrome febril e hipertermia. 
3. Explicar a fisiopatologia da febre. 
4. Conhecer os métodos de aferição de temperatura. 
5. Conhecer os elementos principais da anamnese da síndrome febril. 
6. Conhecer os elementos principais do exame físico da síndrome febril. 
7. Definir febre de origem indeterminada(FOI). 
8. Enumerar etiologias de febre por categoria fisiopatológica: infecciosas, inflamatórias/autoimunes, 
neoplásicas e outras. 
9. Conhecer o fenômeno de bradicardia relativa ou dissociação pulso-temperatura. 
10. Definir perda de peso não-intencional ou síndrome consumptiva. 
11. Enumerar etiologias de perda de peso por categoria: neoplasias, infecções, medicamentos, 
desordens reumatológicas, cardiológicas, endocrinológicas, pulmonares, gastrintestinais e 
psiquiátricas. 
12. Recordar a anatomia e fisiologia dos linfonodos. 
13. Caracterizar alterações de linfonodos a partir dados da anamnese. 
14. Caracterizar alterações de linfonodos a partir do exame físico. 
15. Enumerar causas de linfadenopatia localizada. 
16. Enumerar causas de linfadenopatia generalizada. 
17. Recordar a anatomia e fisiologia da tireoide. 
18. Caracterizar alterações de tireoide a partir dados da anamnese. 
19. Caracterizar alterações de tireoide a partir do exame físico. 
20. Distinguir sintomas e sinais de hiper e hipotireoidismo. 
21. Discutir o diagnóstico diferencial de aumento de volume cervical. 
 
Bibliografia 
Livro Semiologia Médica – As bases do diagnóstico clínico - Mario López e J. Laurentys-Medeiros 
Volume I - Parte I – Semiologia Médica | Capítulo 5 Febre e Capítulo 11 Linfonodos 
Livro Harrison Medicina Interna 
Parte 2 – Manifestações cardinais e apresentação de doenças | Seção 2 – Alterações na temperatura 
corporal | Capítulo 16 Febre e rash (apenas o texto e a tabela que inclui erupções de distribuição central) 
Parte 2 – Manifestações cardinais e apresentação de doenças | Seção 6 – Alterações na função 
gastrointestinal | Capítulo 43 Perda de peso não intencional (não inclui trechos referentes à tratamento) – 
Opcional para o seminário 
Livro Porto - Tratado de Semiologia 
Parte 10 – Sistema endócrino e metabolismo | Seção 2: Tireóide

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