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Curso Técnico em Secretaria Escolar História da Educação Marcia Justino da Silva Curso Técnico em Secretaria Escolar História da Educação Marcia Justino da Silva Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Educação a Distância Recife 2.ed. | Agosto 2022 Catalogação e Normalização Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129) Diagramação Jailson Miranda Coordenação Executiva George Bento Catunda Renata Marques de Otero Manoel Vanderley dos Santos Neto Coordenação Geral Maria de Araújo Medeiros Souza Maria de Lourdes Cordeiro Marques Secretaria Executiva de Educação Integral e Profissional Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Gerência de Educação a distância Professor Autor Marcia Justino da Silva Revisão Eduardo Augusto de Santana Coordenação de Curso Iracema Cristina Batista da Silva Coordenação Design Educacional Deisiane Gomes Bazante Design Educacional Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Helisangela Maria Andrade Ferreira Izabela Pereira Cavalcanti Jailson Miranda Roberto de Freitas Morais Sobrinho Descrição de imagens Sunnye Rose Carlos Gomes Sumário Introdução .................................................................................................................................... 6 1.Competência 01 | Distinguir o que Caracteriza os Regimes Políticos do Contexto Histórico Brasileiro ....................................................................................................................................... 8 1.1 História do Brasil: da educação indígena a redemocratização .................................................................. 8 1.2 Brasil Colonial .......................................................................................................................................... 12 1.2.1 O Ciclo do Ouro no século XVIII ........................................................................................................... 18 1.3 Brasil Imperial .......................................................................................................................................... 21 1.4 Brasil República ....................................................................................................................................... 25 1.4.1 Primeira República ............................................................................................................................... 27 1.4.2 Era Vargas ............................................................................................................................................. 28 1.4.3 O Regime Liberal Populista ................................................................................................................... 30 1.4.4 Ditadura Militar .................................................................................................................................... 34 1.4.5 Redemocratização ................................................................................................................................ 35 2.Competência 02 | Reconhecer a importância dos principais fatos históricos do Brasil e suas consequências na Educação Brasileira ......................................................................................... 39 2.1 Período Colonial: a chegada dos Jesuítas ................................................................................................ 40 2.1.1 Reforma Pombalina .............................................................................................................................. 44 2.2 Período Imperial ...................................................................................................................................... 45 2.3 Período Republicano ............................................................................................................................... 49 2.3.1 Primeira República ............................................................................................................................... 49 2.3.2 A Era Vargas ......................................................................................................................................... 51 2.3.3 República Populista .............................................................................................................................. 53 2.3.4 Regime Militar ...................................................................................................................................... 56 2.3.5 Redemocratização ................................................................................................................................ 58 3.Competência 03 | Refletir Sobre as Teorias Educacionais que Orientaram o Processo Educacional do Século XX, no Brasil ................................................................................................................ 64 3.1 Contextualizando as Teorias Pedagógicas ............................................................................................... 64 3.2 Pedagogia Tradicional Religiosa (1549-1759) .......................................................................................... 68 3.3 Coexistência de Concepções Pedagógicas Tradicionais Religiosa e Leiga (1759-1932) .......................... 69 3.3.1 Período Pombalino ............................................................................................................................... 69 3.3.2 Período Imperial (1808 – 1889) ............................................................................................................ 71 3.3.3 Período Republicano ............................................................................................................................ 72 3.3.3.1 Primeira República (1889-1930) ........................................................................................................ 73 3.4 A Era Vargas (1930-1945): Emergência e predominância da Concepção Pedagógica Renovada ............ 74 3.4.1 República Nova (1946-1964) ................................................................................................................ 75 3.5 Ditadura Militar (1964-1985): Emergência e Predominância da Concepção Pedagógica Tecnicista e a Produtivista ................................................................................................................................................... 77 3.5.1 Redemocratização ( 1985 até os dias atuais) ...................................................................................... 79 4.Competência 04 | Compreender a Consolidação da Educação em Pernambuco ........................ 82 4.1 Faculdade de Direito de Pernambuco ..................................................................................................... 82 4.2 Primeiras letras entre "as comunidades inferiores" ............................................................................... 84 4.3 A Educação na Primeira República .......................................................................................................... 86 4.4 Estado Novo e a Educação em Pernambuco ........................................................................................... 90 4.5 A Educação no Governo de Miguel Arraes .............................................................................................. 92 4.6 Últimos anos do século XX e início do século XXI .................................................................................... 96 5.Competência 05 | Conhecer a estrutura da Educação Básica em Pernambuco .......................... 99 5.1 Refletindo sobre a Educação ea Estruturação da Rede de Ensino em Pernambuco .............................. 99 5.2 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional .................................................................................... 103 5.3 A estrutura da Educação Pernambucana .............................................................................................. 106 Conclusão .................................................................................................................................. 110 Referências ............................................................................................................................... 111 Minicurrículo do Professor ........................................................................................................ 116 6 Introdução Caro Estudante, seja muito bem-vindo (a) o Disciplina História da Educação. De acordo com o historiador e geógrafo grego da antiguidade, Heródoto (485 a.C a 425 a.C.), para que possamos compreender o presente e idealizar o futuro, temos que conhecer o passado. Entender as causas e consequências dos fatos históricos nos proporciona o entendimento dos dias atuais. Em educação isto não é diferente. Para que nos apropriemos das concepções, abordagens e teorias educacionais, é necessário que conheçamos o contexto em que foram concebidos e como se encaixam no contexto educacional e em nossas práticas educacionais. Portanto convido, você estudante, para viajar um pouco no tempo e relembrar alguns fatos históricos relevantes e como a educação os acompanhou, atendendo as demandas sociais, econômicas e políticas. Assim, neste e-book iremos, na primeira competência fazer uma síntese sobre a História do Brasil, distinguindo as características sociais e políticas, que influenciaram a educação. Na segunda competência vamos fazer uma contextualização desses fatos históricos e suas consequências educacionais. A seguir, na terceira competência refletiremos sobre as teorias educacionais que orientam o processo educacional do século XX e XXI no Brasil. A quarta competência nos traz, especificamente, a compreensão da trajetória da educação pernambucana. Por fim, na quinta competência trataremos especificamente da Educação Básica em Pernambuco. Você deve estar se perguntando: Por que o(a) secretário(a) escolar precisa entender estes aspectos históricos da educação nacional? O estudo da história da educação brasileira é importante porque faz-nos refletir sobre as diversas concepções e ações educacionais realizadas desde a colonização até os dias atuais, a fim de que tenhamos uma visão holística do sistema educacional e o desenvolvimento das instituições educacionais ao longo dos tempos. Uma nova concepção da história e de sua importância nos permite compreender, além das datas, fatos e nomes, o desenvolvimento social, econômico e cultural, entre outros tantos elementos. Fique certo(a) que estaremos juntos nessa viagem pela história, construindo conhecimento. 7 Então, aperte o cinto e boa viagem! 8 1.Competência 01 | Distinguir o que Caracteriza os Regimes Políticos do Contexto Histórico Brasileiro Caro(a) estudante, Nesta competência será feita uma síntese de mais de 500 anos de história do Brasil, de uma época em que ainda não havia uma nação, no sentido como entendemos hoje, formada. Teremos a oportunidade de discutir como se deu a construção social, política e econômica, que influenciaram a História da Educação. Portanto, a intenção desta obra é discutir e problematizar os períodos que constituem nossa história para que você possa, posteriormente, compreender o cenário educacional em cada um deles até os dias atuais. Espero que aproveite esta retrospectiva. Vamos lá! 1.1 História do Brasil: da educação indígena a redemocratização Figura 1 - Chegada dos Portugueses ao Brasil Fonte: https://pt.quizur.com/trivia/chegada-dos-portugueses-ao-brasil-6eID Antes de começar escute o Podcast desta competência e fique por dentro do que veremos. 9 Audiodescrição da figura: Quadro reproduzindo o desembarque dos portugueses no litoral brasileiro, sendo vistos por indígenas. Por muito tempo, fomos ensinados a acreditar, através de livros didáticos acríticos a respeito da História do Brasil, que fomos “descobertos” pelos portugueses em 22 de abril de 1500. Não é verdade? Contudo, a nova historiografia, sobretudo após o advento da História Sociocultural (PESAVENTO, 2014) a esse respeito nos traz outros entendimentos a respeito de nossa história. Essa releitura do passado demonstra que não se pode falar em “descobrimento” em um território que já estava habitado por centenas de nações indígenas diferentes, onde cada um desses grupos tinha as suas próprias práticas religiosas, culturais, língua, costumes e habitavam áreas específicas dentro deste território supostamente “descoberto”. Assim, não houve um “descobrimento”, mas a invasão e a imposição de uma colonização por parte dos portugueses que se apropriaram das terras e das riquezas desses povos nativos. Essa ação, segundo Santana (2021 p. 88-96) foi seguida por uma violenta imposição cultural que acarretou na escravização e, pior, no genocídio de centenas de milhares de seres humanos– homens, velhos, mulheres e crianças -ao longo das primeiras décadas de invasão e usurpação das riquezas dos seus territórios pelos portugueses e outros povos europeus como os franceses, ingleses, espanhóis e holandeses. Sabe-se que, de acordo com os arqueólogos, antropólogos e historiadores, especialistas em Brasil colonial, que antes chegada dos invasores portugueses a este território no passado, já havia em nossas terras centenas de povos nativos que, por sua vez, possuíam uma cultura vasta, com idiomas, festas, construções, comércio e atividades econômicas. Estes povos foram denominados de indígenas, que significa, de acordo com a etimologia, “originário de determinado país; nativo”, sendo mais abrangente do que a expressão “índio”. Sendo, portanto, a cultura dos povos nativos uma das bases formadoras, que juntamente com a cultura dos povos africanos e europeus, deu origem a formação do povo e da cultura brasileira. 10 Segundo Brandão (2007) nas aldeias indígenas a educação se dava através da prática e da observação. Estas sociedades eram organizadas, havendo a transmissão dos conhecimentos, cuja responsabilidade era de toda a tribo ou, muitas vezes, pelos mais velhos para os mais novos. A historiografia convencionalmente divide a história do Brasil em três períodos: Período Colonial, Período Imperial e Período Republicano. No entanto, sabe-se que antes da efetiva colonização do território houve um contato entre os indígenas e os portugueses. Este período é denominado Pré-Colonial, quando a intenção dos portugueses não era colonizar o território e, sim, explorá-lo. O produto encontrado foi o pau–brasil, madeira cobiçada na Europa, pois se extraía uma tinta vermelha para o tíngimento de tecido dando um tom bastante apreciado pela aristocracia europeia daquela época. Tendo sido, a primeira atividade econômica empregada no território recém invadido pelos portugueses naquela época. Sendo o que se convencionou chamar de primeiro ciclo econômico brasileiro e que ficou conhecido como Ciclo do Pau-Brasil. SAIBA MAIS Você conhece palavras de origem indígena que usamos? Acesse o site abaixo e saiba mais sobre a origem de algumas palavras:https://canaldoensino.com.br/blog/9-palavras-indigenas-que- constam-no-dicionario-portugues Você já havia parado para pensar sobre isso? Já havia refletido que antes dos portugueses já havia um modelo educacional praticado pelos povos nativos e que dialoga com a sua própria cultura e cosmo visão de mundo? Para saber mais sobre esse tema acesse o site: https://sites.google.com/site/historiadaeducacaonobr/educacao-indigena-antes-dos-portugueses 11 Figura 02 - Brasil de 1556, onde a Mata Úmida de Pernambuco está representa pela menção ao Cabo de Santo Agostinho - Adaptação do autor / revsor. Fonte: SANTANA, 2014, p. 47. Descrição de imagem: Representação da exploração dos povos nativos através da retirada de madeiras nobres, entre elas o pau Brasil, na costa da América portuguesa onde a consta capitania de Pernambuco está marcada por um círculo para abastecer as naus portuguesas. Todo trabalho era executado pelos indígenas, que ludibriados pelos invasores portugueses ganhavam em troca quinquilharias, coisas sem valor, além do machado que usavam no corte das árvores e depois o usavam como arma. Troca esta que é denominada de escambo.Nesta época o Brasil não era muito atrativo, pois a rota comercial e os produtos comercializados que davam lucro estavam nas Índias, por isso quando os portugueses chegaram aqui e não encontraram o que tanto queriam (ouro, prata e pedras preciosas) sentiram-se um pouco frustrados. VOCÊ SABIA? A origem do escambo: De acordo com historiadores e arqueólogos, a prática de escambo surgiu na Pré-História, durante o período Neolítico (a cerca de 10 mil anos). Foi o surgimento da agricultura e da criação de gado, que favoreceu a troca de trabalho por produtos neste período. Para saber mais, acesse:https://www.suapesquisa.com/o_que_e/escambo.htm 12 Interessante, não é? Agora veja como aconteceu o início efetivo da colonização do Brasil, com a chegada dos Jesuítas. Sigamos! 1.2 Brasil Colonial SE LIGA! Antes de chegada da esquadra de Cabral em 1º de 1500, os portugueses já sabiam da existência desse território, inclusive a histografia contemporânea defende que outros povos europeus já tinham chegado aqui antes dos portugueses. Na verdade o que eles, os portugueses, fizeram em 1500 foi tomar posse de um território cuja existência já tinha conhecimento prévio. Após tomarem posse e de certa forma garantir a posse oficial seguiram viagem para a índia. Dessa forma, é totalmente equivocada a tese de que eles chegaram aqui enganados, pensando estar na Índia. Quer saber sobre isso? Então acessa o link abaixo: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/grande-segredo- portugues-brasil-descoberto-antes-de-1500.phtml VEJA O VÍDEO Seria interessante que antes de continuar lendo o e-book, assista o vídeo sobre “Os Indígenas – Raízes do Brasil. Disponível em:https://youtu.be/cQkA5PDow2s 13 Figura 3 - Brasil Colonial Fonte:https://escolaeducacao.com.br/brasil-colonia/ Audiodescrição da figura:quadro reproduzindo uma propriedade com a casa grande e trabalhadores escravizados trabalhando. Caro(a) estudante, você viu no item anterior que aCoroa Portuguesa, no início, não tinha a intenção de colonizar o Brasil. Contudo isso se tornou um problema, pois outros países como a França, a Inglaterra e a Holanda, não aceitavam o Tratado de Tordesilhas (1494) que, de acordo com Santana (2014, p. 71-72) estabelecida adivisão das terras a serem descobertas se daria apenas entre as coroas da Espanha e Portugal. Sendo assim, os portugueses se viram obrigados a efetivar a colonização, haja vista que estes países começaram a fazer incursões ao território brasileiro. O período Colonial foi muito extenso, compreendendo os anos de 1530 a 1815, onde o Brasil deixar de ser uma colônia e galga o status de Reino Unido a Portugal e Algarves. Culminando, após isso na sua “Independência” política em 1822. 14 Figura 4 - As capitanias do Brasil em uma ilustração feita por Luiz Teixeira, c. 1585-1590 -Adaptação do autor/revisor: Audiodescrição da figura:As capitanias do Brasil e o litoral da América do Sul entre a foz do Amazonas e a Terra do Fogo, incluído no Roteiro de todos os sinaes...que há na costa do Brasil...Luiz de Teixeira, c. 1585-1590. . ATENÇÃO! É importante lembrar, que a História do Brasil foi dividida não só em períodos: pré-colonial, colonial, imperial e republicano: mas, também, marcada pelos ciclos econômicos. Inicialmente, vimos o ciclo do pau–brasil e o próximo é o ciclo da cana de açúcar, que tem tudo a ver com a constituição das Capitanias Hereditárias. 15 Esse período deu muito lucro a Portugal, sendo introduzida a escravidão de negros oriundos da África no Brasil. Já foi mencionado que no ciclo do pau-brasil, era praticado o escambo, só que depois que os índios receberam as armas (a exemplo do machado), não queriam mais fazer o trabalho, pois em sua cultura só tiravam da natureza o suficiente para garantir a sua subsistência. Desta forma, não havia a ideia de produção de excedentes. Até mesmo por que as atividades de subsistência não objetivam o lucro material, tal como o invasor europeu concebia em sua própria cultura. Outro fator é que os nativos tinham um conhecimento profundo do território e isso facilitava a sua fuga para regiões distantes que ainda não tinham caído sob o domínio dos portugueses. Outro elemento importante é que a acelerada baixa no número de nativos acarretada, sobretudo, pelas doenças trazidas pelos europeus e as guerras de conquista ceifaram a vida de centenas de milhares nativos. Tornando, assim, o acesso a sua mão de obra cada vez mais difícil. (ABREU, 1988). Ainda de acordo com Santana (2014, p. 62-67), como os portugueses e, também os espanhóis, estavam fazendo fortuna na África através do tráfico negreiro, um comércio extremamente lucrativo que contava com o financiamento de bancos, investidores particulares, grandes comerciantes, armadores e companhias daquela época, a coroa portuguesa e os grandes mercadores resolveram viabilizar a comercialização de africanos na América portuguesa. Foi também uma forma encontrada para aumentar o lucro dos grupos que investigam neste infame comércio. Além de encontrar um meio de incentivar a produção de açúcar, gênero de luxo naquele período e também conhecido como o “ouro branco” e, por fim, garantir um fornecimento contínuo de mão de obra para o desenvolvimento das lavouras de cana e aumentar a produção de açúcar (FERLINI, 2002, p. 21-34). Viabilizando, assim, a efetiva colonização e exploração do território do meio do fomento da escravidão negra. Além da economia na mão de obra, foi estabelecido um rico comércio entre Portugal, Brasil e África: o chamado Pacto Colonial. SAIBA MAIS Você se lembra o que foram as Capitanias Hereditárias? Quer saber mais? Acesse: Acesse: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/capitanias- hereditarias.htm 16 Nesse período açucareiro, apesar do crescimento econômico, a colônia ou a América portuguesa, pois ainda naquele período não se poderia falar em Brasil, no sentido de país ou nação, tal como se concebe no tempo presente, passou por momentos muito conturbados. A União Ibérica (1580–1640) foi um momento em que, com o marte do Rei de Portugal sem deixar herdeiros, o rei espanhol, Felipe II, que estava na linha de sucessão ao trono português venceu as disputas pelo trono e acabou sendo coroado rei de Portugal. E com isso, Portugal e suas colônias no ultramar passaram a fazer parte do império espanhol. Um dos maiores império do mundo naquele período. Figura 5 - Mapa Mundi do Território sob domínio de Felipe II Fonte: https://br.pinterest.com/pin/559853797431747417/ Audiodescrição da figura: Mapa Mundi, mostrando o território que fazia parte da coroa portuguesa nos séculos XVI e XVII tendo o Centro a África. De acordo com Mello (1987), os holandeses, em sua segunda tentativa de invasão, obtiveram sucesso em 1630. Foi um importante acontecimento na história do Brasil, durante o ciclo da cana de açúcar. Esta invasão aconteceu no final da União Ibérica. O rei espanhol estava em guerra com a Holanda, uma vez que as províncias holandesas eram antigas possessões da coroa espanholae estavam lutando por sua independência frente a coroa espanhola. E como realização por esta insurreição, o rei da Espanha, ao assumir o trono de Portugal, proibiu o comércio entre Portugal e Holanda. Sendo assim a Holanda resolveu invadir as maiores zonas produtoras de açúcar da América portuguesa, uma vez que os investidores holandeses haviam investido muito capital no financiamento de instalação de fazendas de cana de açúcar, instalação de engenhos de açúcar e no 17 fornecimento de escravizados africanos aos produtores. Desta forma, não queriam perder os investimentos feitos, segundo o entendimento de Boxer (2004). Esta invasão nos trouxe malefícios, mas também alguns benefícios. Os holandeses trouxeram desenvolvimento econômico, concederam empréstimos para os senhores de engenho, o que acabou agradando a todos, contribuindo, ainda, para a urbanização e revitalização de Recife e Olinda, bem como a liberdade de culto, dentre outras providências. Esta expansão aconteceu de 1630 a 1637, chegando ao Sergipe e Paraíba. O declínio do ciclo açucareiro ocorreu por diversos fatores, dentre eles: • Em 1580, Portugal passou para o domínio da Espanha; • A Espanha estava em guerra com a Holanda; • No início do século XVII, os holandeses controlavam o comércio marítimo dos países europeus; • Portugal perdeu para a Holanda a melhor parte de sua colônia, que eram as terras já cultivadas e prósperas de Pernambuco; • A cobrança dos impostos por parte da companhia das Índias Orientais causou um mal-estar dentre as pessoas da elite do que hoje chamamos de Nordeste, fazendo com que se reunissem para expulsar os holandeses, deflagrando, então, as Batalhas dos Guararapes (abril de 1648 e fevereiro de 1649). Lembra-se de Jaboatão dos Guararapes, a cidade? Pois bem, foi travada a batalha decisiva lá no Monte com o mesmo nome. • O mercado de açúcar, para Portugal, desorganizou-se e a produção começou a cair. SAIBA MAIS Você sabia que o Maurício de Nassau um conde e militar germânico ficou conhecido por ter sido enviado pelos holandeses para administrar a região de Pernambuco? Quer saber mais? Acesse: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/mauricio-de- nassau.htm#:~:text=Maur%C3%ADcio%20de%20Nassau%20foi%20um,os%20h olandeses%20dominaram%20a%20regi%C3%A3o. 18 Figura 6 - Batalha dos Guararapes Fonte:https://brasilescola.uol.com.br/guerras/batalhas-dos-guararapes-1648- 1649.htm#:~:text=As%20Batalhas%20dos%20Guararapes%20foram,sa%C3%ADda%20dos%20flamengos%20em%20165 4. Audiodescrição da figura: quadro representando batalhas entre vários grupos sociais desse período, entre esses: índios, negros e portugueses. Passe, então, para o próximo ciclo econômico: o ouro. 1.2.1 O Ciclo do Ouro no século XVIII Figura 7 - Ciclo do Ouro Fonte: https://sites.google.com/site/ociclodoour/ Audiodescrição da figura: quadro reproduzindo o trabalho escravo na mineração de ouro. Caro, estudante, vale a pena salientar que a economia açucareira não se extinguiu com a crise. Simplesmente o açúcar não era mais o produto principal. Com a interiorização da colonização, veio a atividade mineradora e o desenvolvimento da atividade pecuária. 19 Este período é marcado por importantes mudanças em diversas áreas no Brasil, embora ainda continuássemos colônia de Portugal. A busca pelo ouro promoveu o surgimento de cidades que se localizavam aos arredores das minas, provocando um processo de urbanização. As Entradas e Bandeiras tiveram um papel importante para a interiorização e mudanças significativas sociais e econômicas. As Entradas, como você deve se lembrar das aulas de história, eram expedições oficiais organizadas pela coroa portuguesa que saiam do litoral em direção ao interior do Brasil. As Bandeiras eram expedições organizadas e financiadas por particulares, principalmente pelos paulistas. Elas, inicialmente, partiam de São Paulo e São Vicente principalmente, rumo às regiões centro-oeste e sul do Brasil. Eram dadas concessões aos colonos para explorarem as minas, trazendo um crescimento demográfico, inclusive com trabalho de pessoas escravizadas. O ouro extraído fortaleceria a o mercado externo de Portugal, mas contribuiria também para o fortalecimento do mercado interno. Houve, ainda, o surgimento da elite da sociedade brasileira formada pela população nativa formada, sobretudo por homens brancos, católicos e senhores de seres humanos reduzidos a condição de escravizados. Aliás, a riqueza na verdade era advinda da exploração desses grupos formados por negros e indígenas livres e, sobretudo escravizados. Eram eles que faziam todo o trabalho, no entanto, por serem consideradas propriedades de outro, ou mesmo pessoas sem valor algum, não tinha acesso riqueza que eles produziam. Portanto, a descoberta de grandes quantidades de ouro no Brasil, trouxe esperanças de enriquecimento e estabilidade econômica para os portugueses. VEJA O VÍDEO Para relembrar as Entradas, Bandeiras e Moções, sugiro que assista o vídeo disponível em:https://youtu.be/7A1-1WfJt6U 20 Veja, querido(a) estudante, tais esperanças dos portugueses de estabilidade econômica se deram em grande parte pela descoberta de grandes jazidas em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, onde foram divididas em lotes auríferos para exploração. Este ciclo teve seu auge no século XVIII, gerando um grande fluxo de pessoas e mercadorias nas regiões já mencionadas. Houve um desenvolvimento intelectual, através das ideias iluministas trazidas pela elite emergente, o fortalecimento econômico com a produção alimentar para subsistência e pequenas manufaturas. Embora tenha sido um período considerado próspero, o ciclo do ouro foi marcado por um abuso da dominação do Brasil, não só por Portugal, mas por alguns países europeus. Portugal cobrava altas taxas de imposto e tributos sobre o minério extraído. A desigualdade social se acentuou sobre maneira, trazendo grandes insatisfações à população, que geraram conflitos e revoltas. Um dos movimentos de revolta separatista, que acabou sendo um verdadeiro fiasco político, foi a Inconfidência Mineira (1789- 1792) lideradas por homens brancos, ricos e influentes daquela sociedade, mas que não queriam continuar a perder receita para a coroa portuguesa. Essas pessoas, não queriam mudanças na estrutura social, ou acabar com a escravidão e colocar fim às desigualdades, mas apenas gerir seus próprios negócios e aumentar a sua margem de lucro. Outros movimentos de constatação as ordens advindas de Portugal, também aconteceram neste período, como: Revolta de Beckman, Guerra dos Emboabas, Guerra dos Mascates, a Revolta de Filipe dos Santos e a Conjuração Baiana. E que tem em comum o fato de terem sido encabeçados pela elite local que disputavam com os portugueses aqui radicados e a própria coroa portuguesa a divisão dos lucros da exploração colonial. Diga-se de passagem, que não foram movimentos que se opunha a opressão social imposta aos menos favorecidos daquela sociedade ou que mereçam receber a alcunha de revolução, pois não tencionavam derrubar a ordem social estabelecida (ARENZ; CHAMBOULEYRON, 2014). Após este período, o Brasil permaneceu como simples exportador de produtos primários, absorvido em um verdadeiro ciclo vicioso e sem conseguir promover o seu desenvolvimento econômico. Bem, é neste cenário que a família real portuguesa chega ao Brasil, em 1808. É o que você verá a seguir. Vamos lá! 21 1.3 Brasil Imperial Figura 8 - Chegada da Família Real ao Brasil Fonte:https://www.institutoclaro.org.br/educacao/para-ensinar/planos-de-aula/periodo-joanino-a-vinda-da-familia- real-portuguesa-para-o-brasil/ Audiodescrição da figura: pintura mostrando a chegada da família real portuguesa ao Brasil no século XIX e uma multidão que a seguia. Caro (a)estudante, para que você compreenda como e porque a família real portuguesa desembarca no Brasil, é preciso que entenda o que estava acontecendo na Europa. Com a virada do século XVII para o século XVIII as relações diplomáticas entre Portugal e França ficaram bastante tensas, causando um rompimento entre estes países. A partir de 1789, com a Revolução Francesa e seus ideais iluministas, de liberdade colocaram em risco a monarquia absolutista não só na França, mas em toda Europa. Assim, alianças se formaram para tentar barrar o movimento revolucionário e restaurar o status quo. A revolução durou dez anos, surgindo um nome, que se tornaria bastante conhecido e importante na história, o General Napoleão Bonaparte, que através de um golpe militar, denominado Golpe de 18 de Brumário, assumiu o trono da França. 22 Figura 9 - Revolução Francesa Fonte:https://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/revolucao-francesa.htm Audiodescrição da figura:pintura de EugéneDelacroix de uma mulher destacando-se na multidão, com a bandeira com as cores da França (vermelho, branco e azul) em punho, simbolizando a liberdade guiando o povo. A ascensão de Bonaparte ao trono francês, não contribuiu para uma boa relação entre França e Inglaterra, fortalecendo a aliança dos ingleses e portugueses. Napoleão almejava expandir seu território de dominação pela Europa, isto não agradava aos ingleses. Os planos ambiciosos de Napoleão Bonaparte ocasionaram uma série de conflitos e guerras, contra as alianças das nações europeias. Em 1806, Napoleão adotou o Bloqueio Continental, que consistia em uma medida imposta pelos franceses que proibia todas as nações europeias de comercializar com os ingleses. Com esse decreto, o regente de Portugal, D. João VI, não se sentindo confortável com a situação e influenciado pelos ingleses e seus interesses, começou a cogitar a possibilidade de se mudar para o Brasil, haja vista que os portugueses tinham boas relações com os ingleses e não estavam dispostos a abrir mão disso, até mesmo por que o regente sabia que contraria os interesses da coroa Britânica então tão perigoso para Portugal quanto contraria os interesses da França. Os portugueses tentaram resistir o quanto puderam as investidas dos franceses, e a pressão inglesa, no entanto não tendo mais o que fazer resolveu-se no final de 1807, D. João VI a sua corte e todo o governo de Portugal seria transladado para sua principal colonial, ou seja, o Brasil (HERMAN, 2007, p. 24-25). 23 A comitiva portuguesa chegou ao Brasil no dia 22 de janeiro de 1808, desembarcando em Salvador, ficando alguns dias e partiu para o Rio de Janeiro, sendo o desembarque em 8 de março de 1808. A instalação da corte no Brasil trouxe muitas consequências, sendo uma delas a imediata abertura dos portos do Brasil para a Inglaterra, considerada uma nação “amiga”, pois Portugal, devido a invasão francesa, não podia manter a comercialização com a Inglaterra. Você se lembra do surgimento de uma elite nativa no Brasil? Pois bem, esta elite começou a pressionar o governo para que fosse feita uma reforma política e econômica, favorecendo-a e dando- lhe os mesmos privilégios desfrutados pelos grandes comerciantes e nobres portugueses. Portugal não queria perder a sua colônia tão produtiva. De acordo com Hernan (2007, p. 25), o Brasil foi elevado a Reino Unido de Portugal, em 1815, deixando oficialmente de ser uma colonial. Ascendendo aostatus de reino unido a Portugal e Algarves. Contudo, isto não diminuiu as tensões. Muitos conflitos e revoltas aconteceram. Em 1820 Portugal passa por uma revolução e os portugueses exigem a volta da corte, que acontece em 1821. Todos estes fatos levaram à Independência do Brasil em 1822, proclamada por D. Pedro I, que foi deixado pelo pai – D. João VI- para garantir o reino para Portugal. Começa, então, o Primeiro Reinado (1822 – 1831), que foi marcado por grande turbulência política. Portugal insistia, pressionando D. Pedro I a retornar. Assim, em 1831 o Imperador do Brasil abdica do trono a favor de seu filho D. Pedro II, com apenas 5 anos, e retorna para Portugal. Inicia-se o período Regencial (1831-1840), marcado por instabilidade política, sendo uma das principais características desse período a descentralização do poder. Faltava uma figura que pudesse unir todo o Brasil, favorecendo o Golpe da Maior Idade, quando houve a antecipação da maior idade de D. Pedro II, de 18 para 14 anos. No Segundo Reinado (1840 – 1889), continuou a instabilidade política, agravada por revoltas liberais e participação em Guerras. Contudo, houve um desenvolvimento econômico e estrutural, concretizado por D. Pedro II, que teve o maior governo da nossa história. Um ano após a assinatura da Lei Áurea (1888), deu-se o fim do Brasil Império, com o exílio de D. Pedro II e sua família para Portugal. Por um golpe militar é proclamada a República. É importante destacar que em todos esses movimentos, mesmo que contando com o apoio conveniente da massa da população, o povo foi alijado dos processos decisórios, pois não interessava 24 aos grupos dominantes que essas pessoas tomassem consciência da força que possuíam. Sendo assim, seja no processo que levou a proclamação da Independência em 1822, ao Golpe da maioridade em 1840, ou mesmo, ao Golpe de 1889 que instalou a Republica no Brasil, o grosso da população composta por negros, índios, mulheres, brancos pobres e a imensa massa de mestiços não tiveram os seus anseios políticos, econômicos e sociais levados em consideração (COSTA, 1999). Desta forma, o Brasil se caracterizou como um Estado-nação cujas estruturas herdadas do período colonial foram mantidas, algumas das quais se mantém até os dias de hoje, para beneficiar uma minoria de brancos cuja riqueza fora forjada através do genocídio dos povos nativos, da exploração desenfreada das suas riquezas e, sobretudo, graças a escravização de negros e índios cujo trabalho forçado construiu a riqueza deste imenso e desigual país. É o que você verá a seguir. Então, a videoaula colaborou para ratificar tudo o que você viu até agora aqui no e-book? Aconselho que faça um resumo ou um mapa conceitual, pois são técnicas de estudo que contribuem para associação de informações, fatos ou ideias principais do texto original. Experimente! Você verá como isto será valioso quando necessitar relembrar. Então vamos continuar nossa viagem pela história? Continuemos! VIDEOAULA Caro (a) estudante, o(a) convido para dar uma pausa em sua leitura e assistir a primeira parte da videoaula dessa competência. Vamos lá! 1ª PARTE DA VIDEOAULA - COMPETÊNCIA 1 25 1.4 Brasil República Figura 10 - Bandeira Provisória da República ( 1889) Fonte:https://www.hipercultura.com/evolucao-bandeira-do-brasil/ Audiodescrição da figura: Bandeira com listras verdes e amarelas e no canto esquerdo superior um quadro com fundo azul escuro e as estrelas representado os estados brasileiros. O Golpe Militar de 15 de novembro 1889, liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca derrubou a monarquia e obrigou D. Pedro II e sua família voltar para Portugal. Cabe ressaltar que Deodoro da Fonseca defendia a monarquia e declarava-se súdito fiel do Imperador. Poucos dias antes da Proclamação da República, influenciado pelas ideias de Benjamin Constant e Quintino Bocaiúva, mudou de lado. SAIBA MAIS Entenda o que levou à Proclamação da República em 15 de novembro de 1889. Acesse:https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/11/entenda-o-que-levou- a-proclamacao-da-republica-em-1889.shtml 26 Você percebeu como vários fatores contribuíram para o chamado “Golpe Republicano”? Então, havia uma insatisfação por parte dos militares, pois exigiam maior reconhecimento pelo Imperador após a vitória na Guerra do Paraguai, o que não aconteceu. A eliteemergente (empresários, comerciantes, profissionais liberais, dentre outros) não possuía uma representação política expressiva. A condução da abolição da escravatura não agradou grande parte dos envolvidos, o que causou um enfraquecimento da corte. Havia, ainda, a influência dos ideais positivistas, que valorizava a racionalidade no lugar da tradição. E a monarquia, nessa altura, era considerada o pilar da tradição. Figura 11 - Marechal Deodoro da Fonseca Fonte:https://memoria.ebc.com.br/infantil/verde-amarelo/2012/11/quem-foi-marechal-deodoro-da-fonseca Audiodescrição da figura: Retrato do Marechal Deodoro da Fonseca, com traje de gala, com várias condecorações. VOCÊ SABIA? Que os dizeres em nossa bandeira “Ordem e Progresso” possuem influência da corrente teórica denominada Positivismo? Quer saber mais sobre o Positivismo e como influenciou a política brasileira no período da Primeira República? Então acesse: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/positivismo.htm#:~:text=Positivism o%20no%20Brasil%20%2D%20%E2%80%9COrdem%20e,teoria%20formulada% 20por%20Auguste%20Comte 27 1.4.1 Primeira República A Primeira República ou República Velha, foi o período histórico que é compreendido entre a Proclamação da República em 1889 e a Revolução de 1930. Inicialmente ela foi caracterizada pela presidência de dois marechais do exército, o que lhe garantiu, também, o nome de República da Espada. Após esses dois mandatos, a elite rural paulista e mineira, que contou com o apoio das mais poderosas oligarquias do País como a de Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e a do Pará, passou a deter o poder, quando os presidentes da República se alternaram entre São Paulo e Minas Gerais. Este movimento ficou conhecido como a Política do Café com Leite. Isto garantia o poder da oligarquia agrária, esse período foi chamado, então, de República Oligárquica (VARES, 2012). Figura 12- Coronelismo e o Voto de Cabresto Fonte: https://pt.slideshare.net/PryssonNogueira/poltica-do-caf-com-leite Audiodescrição da figura: Acima da imagem escrita a palavra coronelismo. Abaixo, a esquerda imagem de um homem trajando casaca, puxando outro homem com a cabeça de burro. Do lado direito os seguintes dizeres: Eram em geral os grandes proprietários de terras; exerciam o poder local desde o período colonial; dominavam o eleitor por meio do voto de cabresto. Este período também foi marcado por várias revoltas urbanas e rurais oriundas das mudanças sociais e políticas no país. Podemos destacar dentre os conflitos da época a Guerra de Canudos, (1896-1897), e a Revolta da Vacina (1904). Apesar da turbulência do período o Brasil, mesmo que de forma ainda bastante incipiente, iniciou sua industrialização. A paisagem urbana de algumas cidades sofreu modificações, bem como se iniciou a formação de uma classe operária. 28 Tais mudanças resultaram em novas pressões políticas e sociais, que contando com o apoio de algumas dissidências das oligarquias tradicionais e com a ascendente classe média urbana, as quais as oligarquias paulistas e mineiras não conseguiriam mais controlar. O ápice desse processo resultou na Revolução de 1930, sendo seguido de um período denominado Era Vargas onde de fato se lançou as bases para a modernização da econômica, da sociedade e das instituições brasileiras (FILHO, 2013). 1.4.2 Era Vargas Figura 13 - Getúlio Vargas Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Get%C3%BAlio_Vargas Audiodescrição da figura: Retrato de Getúlio Vargas em 1930. A Revolução de 1930 conduziu Getúlio Vargas ao poder, permanecendo como presidente até 1945, retornando de 1951-1954, o que você verá posteriormente. Foi o mandato presidencial mais longo da história do Brasil. Um dos motivos que levaram a revolução foi quando Washington Luís que era o presidente e deveria indicar alguém de Minas Gerais, quebrou o acordo da política do café com leite e indicou um paulista, Júlio Prestes. Os mineiros insatisfeitos arquitetaram uma forma de chegar ao poder, criando a Aliança Liberal, em agosto de 1929. Este acordo foi selado entre os líderes políticos de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, tendo como objetivo apoiar a candidatura de Getúlio Vargas para presidente, tendo como seu vice João Pessoa, para as eleições de 1930, em oposição a Júlio Prestes, candidato do presidente em exercício, Washington Luís. 29 Assim, mesmo o candidato de Washington Luís ganhando as eleições, não conseguiu assumir, porque a aliança estabelecida evidenciava a insatisfação dos paulistas com a tomada do poder presidencial. E quem você imagina que tenha sido indicado para ser o novo Presidente da República? Acertou se respondeu, o gaúcho,advogado, militar e político Getúlio Vargas, que apoiava a Aliança Liberal. O vice de Vargas, como já foi dito, seria João Pessoa, um político influente da Paraíba e de uma família tradicional de grandes latifundiários e políticos. O João Pessoal, no entanto, foi assassinado, a mando de opositores políticos, no centro do Recife quando estava transitando pelas imediações da Sede do Diário de Pernambuco. Getúlio, um hábil político usou a morte do João Pessoal para garantir de vez o apoio das elites tradicionais do Norte do País. Além disso, fez vários acordos, dentre elescom a igreja católica, militares, trabalhadores. Você não pode esquecer que, na intenção de diminuir o poder político da elite, Vargas implantou o voto secreto, o sufrágiouniversal, quando a mulher pôde votar. Durante o Governo Provisório (1930-1934), Vargas conseguiu contornar os conflitos entre as elites nacionais, principalmente com a vitória sobre a oligarquia e burguesia industrial paulista durante a Revolução Constitucionalista de 1932. Com a promulgação da Constituição em 1934 e a abertura de um processo democrático, foi selado um acordo entre os vários setores da classe dominante nacional. Porém, não puderam conter a insatisfação dos setores populares. Nesse cenário surge o Partido Comunista Brasileiro tendo como objetivo derrubar o governo de Vargas, através do que ficou conhecido como Intentona Comunista de 1935, liderada por Luís Carlos Prestes. É claro que a tentativa de depô-lo serviu de pretexto para Vargas dar um golpe de Estado em 1937, dando fim ao período constitucional e inaugurando o Estado Novo. Mesmo contendo as forças do integralismo, o Estado Novo marcou mais um período de extremo autoritarismo do Estado Brasileiro. Uma nova Constituição, conhecida como “A Polaca” foi adotada e o Congresso foi fechado. Como forma de conter a insatisfação popular e conseguir aumentar o poder de consumo do mercado interno. Vargas promulgou uma série de leis que garantia alguns direitos à classe trabalhadora urbana, consolidando as Leis Trabalhistas, criou o departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e além de proporcionar um nível de renda que impulsionasse o esforço de industrialização. 30 Contudo, caro (a) estudante, não podemos esquecer que o mundo passava por um momento muito difícil e delicado, a 2ª Guerra Mundial. Getúlio Vargas, embora não tivesse um perfil democrata apoiou os EUA, país que representava uma política liberal e democrática. Ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, Vargas estava enfraquecido. Nessa ocasião uma parte expressiva da elite intelectual brasileira, junto com vários outros segmentos da sociedade, passou a pressionar o governo para que houvesse eleições.Diante desse contexto, a alta cúpula do exército brasileiro que contava com o apoio de grandes empresários, políticos influentes e do capital estrangeiro, leia-se norte americano, desferiu um golpe comandado pelo general Eurico Gaspar Dutra e o retirou do poder em 1945. Getúlio só voltou ao poder em 1951, por meio de eleições democráticas, mas supostamente cometeu suicídio em 1954, entrando para a história como o maior estadista emelhor presidente que o Brasil já teve. Agora você verá um período bastante peculiar de nossa história que fica entre dois períodos ditatoriais, o Estado Novo (1937–1945) e a Ditadura Militar (1964–1985).Você vai perceber, posteriormente, uma mudança radical no sistema educacional a fim de atender às orientações mercadológicas. Por isso esse período acabou sendo um divisor de águas para a Educação. Vamos em frente! 1.4.3 O Regime Liberal Populista Figura 14 - Juscelino Kubitschek Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Juscelino_Kubitschek Audiodescrição da figura: Retrato do Presidente Juscelino Kubitschek. 31 Caro (a) estudante, antes de termos momentos de uma relativa tranquilidade no cenário político brasileiro, passamos por momentos de grande agitação e tensão. Este período, não foi diferente, pois havia muita instabilidade política. A Constituição de 1946 garantiu as eleições diretas para presidente da República e para os governos dos estados. O Congresso Nacional voltou a funcionar, havendo alternância no poder. A elite conservadora não estava satisfeita com as mudanças sociais decorrentes da urbanização e da industrialização, que projetavam novas forças políticas que pretendiam aprofundar o processo de modernização da sociedade e do Estado brasileiro. Pode-se notar, que este período foi marcado por várias tentativas de golpe de Estado, levando inclusive ao suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, como já foi mencionado. Embora as turbulências e conturbações do período em questão, experimentamos uma reestruturação do regime democrático. O povo brasileiro voltou às urnas, houve uma mudança significativa na economia do país com o estabelecimento de uma elite industrial em detrimento da elite cafeeira do começo do século XX. Na política, além de uma pluralidade partidária e um discurso populista forte tendo como características o otimismo, gerando certo movimento de inclusão social. Tivemos vários presidentes nesse período, mas serão vistos os mais famosos. Primeiro Vargas de 1951–1954, que voltou ao poder com o voto popular. Contudo, para governar, tentou fazer aliança com as duas forças políticas da época: o nacionalismo, que defendia a economia brasileira, e os liberais que queriam uma maior presença do capital estrangeiro em nossa economia. Na contramão dos liberais, Vargas criou duas empresas estatais: uma foi a Petrobrás e a outra, a Eletrobrás. João Goulart, seu ministro do trabalho, deu 100% de reajuste salarial. Tais medidas ocasionaram uma pressão por parte da elite industrial e militares que viram essas medidas como uma aproximação com o comunismo.Vargas recusou–se a renunciar e cometeu suicídio. 32 Figura 15 - Foto do suicídio de Getúlio Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=l4qKTh8mLnM Audiodescrição da figura: Manchete do Jornal O Dia ( RJ) com os dizeres: “ Lamenta o País a morte do presidente Vargas”. O Presidente da República em seguida, foi Juscelino Kubitschek (1955–1960). Seu governo foi considerado próspero, tendo em vista que conseguiu acelerar o desenvolvimento industrial. Entretanto, por não ter tido força a política para emplacar um projeto contra a concentração de renda nas classes sociais historicamente favorecidas, não obteve êxito em resolveu o problema da exclusão social tanto na cidade quanto no campo. Desta forma, o êxodo rural e o inchaço dos grandes centros urbanos com a consequente multiplicação das favelas e habitações precárias continuou se agravando por décadas no Brasil. ATENÇÃO Um dos marcos do governo de JK foi a construção de Brasília. Além desse feito, ele também impulsionou a economia através da indústria, sobretudo a automobilística. Lançou imediatamente o seu Plano de Meta, que tinha como lema: 50 anos em 5. Ao contrário de Vargas, JK se utilizou do capital estrangeiro para bater suas metas, seu governo chegou ao fim com a inauguração de Brasília em 1960. 33 A seguir temos Jânio Quadros como Presidente da República. Seu governo foi meteórico, começando e terminando em 1961. Sendo muito polêmico, seu governo foi marcado por grandes contradições e autoritarismo, tendo como característica o conservadorismo. O auge da crise aconteceu quando Carlos Lacerda, jornalista e político, divulgou em rede nacional um suposto plano do presidente para um golpe de Estado. Jânio, então, escreveu uma carta ao Senado com sua renúncia, alegando que “forças terríveis” o levaram a isso. João Goulart assumiu a presidência em 8 de setembro de 1961, e Tancredo Neves foi indicado como primeiro-ministro. Foi a época de polarização mundial, e “Jango”, como era chamado, escolheu o lado liderado pela antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Em um plebiscito em 1963, a população votou contra o parlamentarismo, e Jango ganhou mais poderes. Entretanto, seu governo tomou um caminho oposto do desejo da população que sua maioria estava sob forte influencia do discurso anticomunista veiculado pelas instituições conservadores e reacionários, que financiadas ou simpatizantes com os interesses dos Estados Unidos, não viam com bons olhos os rumos sociais que o governo estava tomando. A população revoltada e temendo uma guerra civil, organizou, então, uma grande manifestação denominada Marcha da Família com Deus para a Liberdade, exigindo a saída do presidente. Assim, aconteceu a sua saída da presidência, apoiada pelo Congresso e por toda a opinião pública. ”Jango” se refugiou no Sul do país, e os militares assumiram a presidência em 31 de março de 1964. Era o fim do regime liberal populista e início do militar. Assim, caro estudante, note que as mudanças propostas por alguns desses lideres, como Getúlio Vargas, Juscelino e o João Goulart, indicavam que o Brasil caminhava para solução de demandas antigas, como a reforma agrária e a reforma universitária, por exemplo. No entanto, como sempre foi rotineiro em nossa história, as classes dominantes, sentindo ameaçados seus interesses econômicos e políticos, mais uma vez orquestraram um golpe de Estado, com a deposição pelo SAIBA MAIS Você conhece palavras de origem indígena que usamos? Acesse o site abaixo e saiba mais sobre a origem de algumas palavras:https://canaldoensino.com.br/blog/9-palavras-indigenas-que- constam-no-dicionario-portugues 34 exército de João Goulart, em 1964, que por sua vez contou com o apoio de setores da Igreja Católica, das Igrejas protestantes, de parte expressiva do empresariado, da mídia local, por exemplo, o Jornal o Globo e a TV Globo, do capital internacional que tencionava aprofundar a exploração de nossas riquezas e todo próprio governo norte americano que financiou política, financeira e militarmente o golpe de 1964 (BORGES, 2014). 1.4.4Ditadura Militar Figura 16 - Golpe Militar de 64 Fonte:https://blogdoenem.com.br/golpe-militar-de-1964-historia-enem/ Audiodescrição da figura: Fotografia de um canhão e alguns militares ao lado. Acima os dizeres: O Golpe Militar de 1964. Você, estudante, pode avaliar o quanto foram difíceis os anos que durou o Regime Militar no Brasil? Os militares assumiram o poder em meio a uma crise, como você já viu acima. Tal golpe se legitimou através do argumento falacioso de que os militares tinham por objetivo evitar a instalação de um regime socialista no Brasil. A história, no entanto, nos provou que na verdade o golpe tinha o único propósito de evitar a implantação de reformas na sociedade que pudessem vir a colocar em riscos os interesses e o status quo das elites tradicionais, bem como evitar que o Brasil saísse do raio de influencia dos Estados Unidos. Mantendo assim, o País numa permanente posição de subalternidade frente aos interesses do capital internacional. Durante a ditadura, período também conhecido como “os anos de chumbo”, a história nos relata que foi uma épocamarcada por extrema violência, com a qual eram combatidos os opositores do governo. Prisões arbitrárias, torturas, estupros e assassinatos foram realizados pelas forças militares e policiais no país. Desde o primeiro momento, direitos políticos foram cassados, 35 instaurando ainda uma rígida censura aos diversos meios de comunicação e à expressão literária e artística da população (BANDEIRA, 2021. p. 73-97). Passaram-se 21 anos e foi iniciada a reabertura política, tendo com o último Presidente militar João Batista Figueiredo (1979 – 1985). Mesmo de forma indireta um presidente foi eleito, o Tancredo Neves, que não chegou a tomar posse, pois ficou doente e acabou morrendo, assumindo em seu lugar o seu vice José Sarney um velho que, diga-se de passagem, foi um apoiador do golpe de 1964 e desde então se manteve aliado político dos militares durante toda a ditadura militar. Vamos ver como se deu o processo de redemocratização no próximo item. Sigamos, então! 1.4.5 Redemocratização Figura 17 - Diretas Já Fonte:https://www.politize.com.br/diretas-ja-2016/ Audiodescrição da figura: Fotografia da passeata das Diretas Já, com uma faixa, dizendo: Diretas Já! Artistas e Intelectuais. Você já ouviu uma música denominada: Apesar de você? A composição de Chico Buarque contra a ditadura militar, pois foi escrita nesse período. Trata- se de uma crítica indireta ao regime do General Médici. A música foi escrita no mesmo ano em que a seleção brasileira de futebol conquistou o tricampeonato mundial (1970), sendo censurada e regravada em 1978. Vale a pena dar uma olhada! Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=_tsbYtCQsJ0 36 Em dezembro de 1979, houve uma grande alteração na legislação partidária e eleitoral e foi restabelecido o pluripartidarismo. A antiga Arena se transformou no Partido Democrático Social (PDS), e o MDB acrescentou a palavra 'Partido', tornando-se o PMDB. Partidos criados, como o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT), de esquerda, o Partido Popular (PP) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), de centro-direita. Todavia, alguns partidos, como o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), permaneciam proibidos. A partir do governo Ernesto Geisel (1974 - 1979), a crise econômica do país e as dificuldades do regime militar se agravam muito. Com a alta do petróleo e das taxas de juros internacionais houve um desequilíbrio do balanço brasileiro de pagamentos, elevando a inflação. Apesar do alto custo dos empréstimos, feitos por financiamentos externos, e do crescimento acelerado da dívida externa, o governo continuou com o plano de expansão econômica iniciado nos anos 70, mantendo os programas oficiais e os incentivos aos projetos privados. Mesmo assim, o desenvolvimento industrial foi afetado e o desemprego aumentava. Nesse cenário o apoio da sociedade tornou-se indispensável. Para consegui-lo, presidente Geisel anuncia uma "distensão lenta, gradual e segura" do regime autoritário em direção à democracia. Entre 1980 e 1981, prisões de líderes sindicais da região do ABC paulista, entre eles Luís Inácio Lula da Silva presidente do recém-criado Partido dos Trabalhadores (PT), atentados terroristas na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e no Centro de Convenções do Rio, no Rio de Janeiro, revelam as grandes dificuldades da abertura. Ao mesmo tempo, começa a se formar um movimento suprapartidário em favor da aprovação da emenda constitucional, proposta pelo deputado federal de Mato Grosso Dante de Oliveira, que restabelece a eleição direta para a Presidência da República. A campanha das Diretas se espalhou pelo país em grandes comícios e passeatas. Em 25 de janeiro de 1984, na Praça da Sé em São Paulo, foi realizado o primeiro comício por eleições diretas para presidente. Participaram diversos partidos políticos de oposição, além de lideranças sindicais, civis e estudantis. O governo militar tentou impedir a repercussão do evento, porém a praça foi lotando, embora estivesse um dia chuvoso em São Paulo e, no final, cerca de 300 mil pessoas gritavam por "Diretas já!". 37 Em 15 de janeiro de 1985, o governador de Minas Gerais Tancredo Neves foi eleito Presidente da República pelo Colégio Eleitoral, tendo José Sarney como vice-presidente, como já foi mencionado. Tancredo, porém, foi internado em Brasília um dia antes da cerimônia de posse, falecendo em 21 de abril de 1985 em São Paulo, capital. Seu vice, José Sarney, assumiu a Presidência no dia 15 de março, encerrando, finalmente, 21 anos de ditadura militar no Brasil. Porém a redemocratização só se concretizou com a promulgação da Constituição de 1988, a chamada a Constituição Cidadã, cuja proclamação coube ao presidente do Congresso Nacional, o grande político e constitucionalista Ulisses Guimarães, ainda durante o governo do Presidente eleito indiretamente José Sarney (CHAUÍ; NOGUEIRA, 2007). Figura 18 - Constituição de 1988 Fonte:http://www.diariodecontagem.com.br/Materia/10576/16/artigo-a-constituicao-de-1988-comunismo-ou- fascismo-a-brasileira/ Audiodescrição da figura: Capa da Constituição de 1988. Caro (a) Estudante. Terminamos nossa Competência 1. E buscamos, como foi dito no começo, resumir ao máximo mais de 500 anos de história para que você pudesse ter um panorama de como se deu a construção e consolidação das instituições em nosso país. Reiteramos a importância dessa “viagem” ao passado para que possamos compreender, diante de tantas modificações sociais, política e econômicas, os processos de construção de nosso Sistema Educacional, pois ele esta profundamente relacionado com as diversas fases de nossa história. 38 Agora, sim, estamos prontos para que nas próximas competências possamos abordar assuntos mais específicos da Educação no Brasil. Na próxima competência abordaremos a importância dos principais fatos históricos do Brasil e suas consequências na Educação Brasileira. Até lá! Assista, antes de passar para próxima competência a segunda parte da nossa videoaula. 2ª Parte da Videoaula da Competência 1 39 2.Competência 02 | Reconhecer a importância dos principais fatos históricos do Brasil e suas consequências na Educação Brasileira Caro(a) estudante, Seja bem-vindo(a) a nossa segunda competência. Na competência passada, fizemos um breve relato da História do Brasil, com o objetivo de proporcionar uma visão geral do contexto histórico, seus momentos mais marcantes e as mudanças sociais, econômicas e políticas até os dias atuais. Nesta competência, a partir desta contextualização, iremos analisar cada período, tendo como foco o cenário educacional de cada um deles. Segundo Aranha (2006, p24) a educação não está isolada dos acontecimentos políticos: [...] estudar a educação e suas teorias no contexto histórico em que surgiram, para observar a concomitância entre suas crises e as do sistema social, não significa, porém, que essa sincronia deva ser entendida como simples paralelismo entre fatos da educação e fatos políticos e sociais. Na verdade, as questões de educação são engendradas nas reações que se estabelecem entre as pessoas nos diversos segmentos da comunidade. A educação não é, portanto, um fenômeno neutro, mas sofre efeitos do jogo do poder, por estar de fato envolvida na política [...] Portanto, vamos conhecer as situações históricas que influenciaram na construção do nosso sistema educacional. É interessante que reflitamos sobre a Educação em cada momento da história. Alguns questionamentos, então, podem surgir, como: A Educação sempre foi um direito para todos? Quando surgem as políticas educacionais? Será que os cidadãos sempre possuíram direito à Educação? Por que até hoje não conseguimos erradicar o analfabetismo em nosso país? Espero que estes e outros questionamentos possam serelucidados ao longo de nossos estudos. Vamos em frente! Antes de começar escute o Podcast desta competência e fique por dentro do que veremos. 40 2.1 PeríodoColonial: a chegada dos Jesuítas Figura 19 - Jesuítas e crianças indígenas Fonte:https://br.pinterest.com/pin/602075043904651262/ Audiodescrição da figura: Imagem de jesuítas ensinando crianças indígenas, sentados em bancos. Ao fundo uma casa com telhado se sapê. Bem, você se lembra que vimos na competência anterior que este período foi o mais longo de nossa história (1500-1822). Foram mais de três séculos de muitas mudanças políticas, econômicas e sociais. Você precisa compreender como os fatos se interligam e interferem direta ou indiretamente na concepção de Educação de cada época e como estes desdobramentos aconteceram até chegarmos aos dias atuais. Lembra-se que por muito tempo a proposta dos portugueses era apenas de exploração e não de colonização do Brasil? Pois é, quando foram praticamente obrigados a se posicionar, haja vista que outros países europeus estavam interessados em nossas terras, os portugueses iniciaram o movimento de colonização, mas continuando com a concepção de explorar ao máximo as riquezas naturais que este país oferecia. Somente em 1549, foram enviados padres que pertenciam a uma ordem que pregava a obediência total à igreja e a Coroa Portuguesa, denominada Companhia de Jesus. Aqueles religiosos, chegaram juntos com o primeiro governador-geral da colônia, Tomé de Sousa e eram liderados pelo Padre Manuel da Nóbrega. O objetivo dos jesuítas era “converter os selvagens”, impondo sua cultura, religião e valores ao povo nativo. Buscando com isso, desconstruir a cultura dos povos nativos por meio da demonização de sua cultural, dos seus deuses e da sua religiosidade. Favorecendo o processo de dominação e exploração da mão de obra daquelas pessoas. Para que conseguissem seu objetivo 41 precisavam, antes de tudo, ensinar o português para que pudessem catequizar. Para isto, promoveram a criação das missões, onde organizavam as populações indígenas em torno de um regime que combinava trabalho e religiosidade “cristã”. Toda esta imposição irá se refletir significativamente em nossa realidade educacional, cultural e social. Não é à toa que um país continental como o nosso fale o mesmo idioma, não é verdade? Muitos autores admitem que os jesuítas foram os precursores de uma educação sistemática no Brasil. Quando eles chegaram encontraram muitas dificuldades no convívio com os nativos. A alfabetização foi à saída para melhorar esta situação difícil. O Padre José de Anchieta se desponta entre os educadores jesuítas, pois fundou diversos colégios e era um defensor dos nativos e contra a escravidão imposta aos nativos pelos colonizadores. A igreja, inclusive, conseguia convencer os índios a trabalharem de graça em suas tarefas, os colonos costumavam usar a força e isso gerou uma batalha no sistema. No entanto, é os Jesuítas também tinha hábito alugar a mão de obra dos nativos aos colonos em troca de pagamento. Assim como, empregavam o trabalho “voluntário” desses nativos nas mais diversas atividades laborais como na lavoura, na criação de animais, na construção de templos, na marcenaria entre outros. Tornavam-se verdadeiros servos desses missionários ganhando em troca a “proteção” e a aprendizagem de algum ofício que pudessem ser úteis aos próprios religiosos. Segundo Souza (2007, p. 34). A ordem, então, era domesticar, catequizar e “civilizar” os índios. Um dos primeiros instrumentos considerados como eficazes para a obtenção desse objetivo, foi o projeto de catequese, discutido e elaborado pela Santa Sé durante o Concílio de Trento e adotado pela Companhia de Jesus e executado dentro do projeto colonial dos lusitanos. Assim, as relações que foram estabelecidas entre europeus e indígenas – quer no âmbito político ou religioso – foram baseadas nas relações de dominação – sujeição. Quer saber mais detalhes sobre a Educação Jesuítica? Assista esse vídeo com o resumo sobre o período, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=PVC4OM5m1zw 42 Ao instituírem as escolas, os jesuítas aplicaram o método conhecido como RatioStudiorum, que era uma espécie de coletânea de ações e materiais para o exercício da educação, que iam desde a organização escolar até a prática cotidiana, tudo muito fundamentado pela fé católica. Para que o método de ensino funcionasse, os jesuítas criaram uma organização rígida que era replicada em todas as escolas controladas por eles. Contudo, tiveram que fazer algumas adaptações para implementá-la no Brasil. O RatioStudiorum possuía etapas definidas: • Letras: estudos de gramática e retórica, além do estudo de história e poesia, que era chamado de “humanidades”; • Filosofia e Ciências: estudos de lógica, matemática, ética, moral, metafísica, física e ciências naturais; • Teologia e Ciências Sagradas: formação específica para sacerdotes; • Viagem à Europa. O Plano educacional elaborado pelo Padre Manuel da Nóbrega atendia às várias classes sociais, tendo suas especificidades conforme a classe. Consistia em: • Aprendizado da Língua Portuguesa; • Doutrinação Cristã; • Escola de Ler e Escrever; • Canto Orfeônico, Música instrumental; • Aprendizado Profissional e Agrícola ou Gramática Latina; • Viagem à Europa. Mestres como Manuel da Nóbrega, José de Anchieta e Antônio Vieira foram obrigados pelas circunstâncias a fazer concessões e a ceder em vários momentos de suas obras, além de defenderem perante seus superiores as vantagens que tais concessões poderiam trazer. Sabiam que deveriam ceder diante da ortodoxia. (BORTOLOTI et al, 2003, p.8) 43 Você, caro(a) estudante, percebeu que o plano de Manuel da Nóbrega é bem mais abrangente? E que existe uma diferenciação apenas no aprendizado profissionalizante, pois estaria relacionado ao trabalho manual? Já a Gramática Latina, por sua vez, direcionava-se ao trabalho intelectual, terminando seus estudos na Europa. Neste contexto, não se pode deixar de mencionar que não havia escolaridade formal para as meninas. Estas aprendiam boas maneiras e atividades domésticas em casa. Os jesuítas foram responsáveis pela educação no Brasil por mais de 200 anos. Contudo em 1759, acusados de comércio ilegal e de conspiração contra a Coroa, foram expulsos do Brasil. Assim começa a “Era Pombalina”. É o que veremos a seguir. Preparado (a)? Então, vamos! SAIBA MAIS Se você se Interessa em aprofundar um pouco o conhecimento sobre o Método RatioStudiorum, leia o artigo intitulado “Algumas Considerações sobre o RatioStudiorum e a Organização da Educação nos Colégios Jesuíticos”, disponível em: http://www.uel.br/grupo- estudo/processoscivilizadores/portugues/sitesanais/anais14/arquivos/textos/ Comunicacao_Oral/Trabalhos_Completos/Ana_Toyshima_e_Gilmar_Montagn oli_e_Celio_Costa.pdf 44 2.1.1 Reforma Pombalina Figura 20 - Marquês de Pombal Fonte:https://www.sohistoria.com.br/biografias/pombal/ Audiodescrição da figura: Retrato do Marquês de Pombal, com vestimenta escura, no peito a Cruz de Malta. Em 1759 os jesuítas são expulsos do Brasil pelo “superministro português” Sebastião José de Carvalho, o Marquês de Pombal, que foi responsável por várias reformas e modernização da sociedade colonial, inclusive no campo da educação, pois a colônia continuava vivendo dentro dos moldes econômicos medievais. De acordo com Carvalho (1978) o fato de que esse processo, denominado de “antijesuitismo”, representava uma atitude presente em muitos países europeus, não sendo exclusividade de Portugal. Os jesuítas representavam um obstáculo às tentativas de implantação da nova filosofia iluminista que se difundia rapidamente pela a Europa. Além do mais, eles acumularam muitos bens materiais nacolonial e isso atiçava a cobiça da coroa portuguesa que, buscando se reerguer financeiramente, resolveu confiscar os bens dessa ordem religiosa (SANTOS, 2008). Pombal estabeleceu um novo modelo e estrutura educacional que se diferenciava do RatioStudiorum, conhecido como “Aulas Régias”. Essas aulas eram isoladas e pretendiam continuar com os estudos presentes nos seminários, mas não alcançaram bons resultados. Um dos problemas consistia na formação dos professores. Em 1760 foram realizados os primeiros concursos para professores em Recife e no Rio de Janeiro. Entretanto mediante as dificuldades de efetivar as reformas, além da escassez de recursos, a primeira nomeação ocorreu apenas em 1765. 45 Em 1772 aconteceu a implementação do Ensino Público Oficial no Brasil, através do financiamento vindo de um novo imposto, chamado “subsídio literário”, que era cobrado nos principais produtos da época. Aos poucos, portanto, vai saindo de cena aquela ideia de vida medieval. Cabe ressaltar que a Reforma Pombalina, no que se refere à Educação, foi melhor em Portugal do que no Brasil.Tentou-se fazer uma mudança radical do sistema estabelecido pelos jesuítas por mais de 200 anos. Vários colégios jesuítas foram fechados, dificultando o acesso à educação formal na colônia em um contexto em que já eram raríssimas as instituições de ensino. E que mesmo quando havia, o acesso estava circunscrito apenas a certas castas sociais. Ou seja, a maior parte da população continuava sem acesso ao ensino. Prezado estudante, a partir do período que virá a seguir o Brasil viverá momentos de muita tensão e de mudanças políticas, econômicas e sociais, o que influenciarão a construção do sistema e das políticas educacionais. Vamos verificar! 2.2 Período Imperial Figura 21 - Chegada da Família Real ao Brasil Fonte: https://www.todamateria.com.br/a-vinda-da-familia-real-para-o-brasil/ Audiodescrição da figura: Retrato da chegada da Família Real ao Brasil. D. João VI ao centro, cercado de muitas pessoas. Ao fundo, no mar embarcações que os trouxeram. Na competência anterior você viu como aconteceu o início desse período, com a chegada da Família Real no Brasil em 1808 e todas as causas que levaram D. João VI tomar esta atitude. Pode-se, 46 então, verificar que este período foi pautado por grande turbulência e mudanças em todas as áreas. A Educação sofreu, também, mudanças bastante significativas. Primeiro porque passamos de uma política educacional exportada para políticas educacionais internas, voltadas para o desenvolvimento local, apoiadas pela elite emergente que defendia a liberdade econômica e política que favorecessem aos moradores da Colônia. Em 1824 a Educação é contemplada pela Constituição outorgada por D. Pedro I, que estabelece as bases da organização político-institucional do país recém independente. No que tange a Educação Primária, a referida Constituição estabelece sua gratuidade e o rompimento com o modelo jesuítico educacional. Mesmo sendo insuficiente, neste período imperial houve certo investimento nessa área, como: implantação de cursos de Engenharia da Academia Real da Marinha (1808) e da Academia Real Militar (1810), o Curso de Cirurgia da Bahia (1808), de Cirurgia e Anatomia de Rio de Janeiro (1808), de Medicina (1809), também no Rio de Janeiro, de Economia (1808), de Agricultura (1812), de Química (química industrial, geologia e mineralogia), em 1817, e o Curso de Desenho Técnico (1818) e da Faculdade de Direito de Olinda, instalada nas dependências do Mosteiro de São Bento em 1827, por meio de decreto do Imperador D. Pedro I. Portanto, os oriundos das classes sociais mais abastardas não iriam mais ter que sair do país para alcançar o Ensino Superior (ROMANELI, 2021). Você reparou que houve um investimento significativo neste nível de ensino em detrimento do ensino básico? Três anos após a Constituição, uma lei determinou as diretrizes para o Ensino Elementar. Essa lei é o resultado do projeto de Januário de Cunha Barbosa (1826), como podemos verificar em Ribeiro (2011, p.30) “[...] em que estavam presentes as ideias da Educação como dever do Estado, da distribuição racional por todo território nacional das escolas dos diferentes graus e da necessidade graduada do processo educativo[...]”. 47 Figura 22 – Ginásio Pernambucano fundado em 1825. Fonte: http://www.ipatrimonio.org/recife-ginasio-pernambucano/#!/map=38329&loc=-8.057902999999985,- 34.87932399999999,17 Descrição de imagem: Fachada do Ginásio Pernambucano, localizado na Rua da Aurora no centro da cidade do Recife – PE, é a mais antiga escola em funcionamento da América Látina. Em 1834, através de um Ato adicional à Constituição, fica estabelecido que a Educação ficaria sob responsabilidade das Províncias, causando um obstáculo, infelizmente ainda visto em nossos dias. Em 1840, aos 15 anos de idade, Dom Pedro II assume o trono. O novo imperador demonstra ser um entusiasta da Educação e das tecnologias, tido como um dos notáveis intelectuais da nossa história. Entretanto, a Educação ainda não passaria por bons momentos. VOCÊ SABIA? E que tal conhecer um pouco de uma dos mais gloriosos e importantes instituições do Brassil!? Fundado em 1º de set de 1825 e com quase 200 anos de existência, o Ginásio Pernambucano é o mais antigo colégio ainda em funcionamento na América Latina. Quer saber mais? Então Clica nos links abaixo e se inteira um pouco mais a respeito de sua história. Acesse: http://www.ipatrimonio.org/recife-ginasio- pernambucano/#!/map=38329&loc=-8.057902999999985,- 34.87932399999999,17 48 Com a ingerência do governo, verifica-se um avanço das instituições privadas, oferecendo vagas para aqueles que podiam pagar, iniciando a rede particular de ensino que temos instalada até hoje. Em 1845, os jesuítas voltam ao Brasil para se estabelecerem em uma rede de escolas particulares, o que ocorre também com outras ordens religiosas. Algumas destas escolas resistem até os dias atuais. Em 1859 o Imperador promove uma reforma no “ensino primário”, que passa a ser dividido em elementar e superior, tendo as seguintes características: • Elementar: instrução religiosa e moral, leitura e escrita, gramática, aritmética e pesos e medidas. • Superior: as mesmas disciplinas eram aprofundadas, passando de cinco para dez . Em 1879 há a tentativa de aprovação pelo Legislativo da Reforma Leôncio de Carvalho, que vislumbrava mudanças importantes na Educação, como: liberdade de ensino; o exercício do magistério e a liberdade de frequência, dentre outras. Contudo, a referida lei não foi aprovada. Veremos adiante um novo e importante período para Educação Nacional, trata-se do Período Republicano, que perdura até hoje. Agora, sim, após assistir a videoaula, continue seus estudos. Continuamos juntos nessa viagem histórica! VIDEOAULA Antes de prosseguir em sua jornada de conhecimento, convido, você, a assistir a primeira parte da videoaula dessa competência. videoaula – parte 1 – Competência 2 49 2.3 Período Republicano Figura 23 - Proclamação da República Fonte:http://www.rnnrenascenca.seed.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=317 Audiodescrição da figura: Ao centro mapa do Brasil, coberto com a bandeira nacional. Lado esquerdo dos dizeres “ 15 de novembro Proclamação da República”. Do lado direito a figura do Marechal Deodoro da Fonseca. A Proclamação da República trouxe grandes mudanças estruturais, como já vimos na competência passada. Na área educacional, principalmente na Educação Pública, reestruturando o sistema educacional brasileiro. Vamos analisar, então, como se deram na Primeira República, na Era Vargas, na Ditadura Militar e na Redemocratização. Vamos verificar, então! 2.3.1 Primeira República Figura 24 - Foto do grupo escolar
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