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ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SERVIÇOS AULA 5 Profª Mary Silva 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, vamos estudar os componentes dos produtos e serviços. Veremos que, para produzir um bem ou serviço, a empresa, como um todo, trabalha de modo integrado, conjugado e contínuo, ou seja, é a soma de todos os esforços de todos os setores da empresa. Há muitos tipos diferentes de bens e serviços, conhecer algumas classificações ajudam a compreendê-los e compará-los. Também é importante considerar que produtos podem ser concretos ou abstratos. Componentes são os diversos aspectos que dão características físicas aos bens ou serviços, exceto os abstratos. Qualquer produto/serviço apresenta dois tipos de dimensões: intangíveis e tangíveis. Para a administração da produção, os componentes são aqueles representados pelas dimensões tangíveis do produto/serviços, que vão sendo incorporadas no decorrer do processo de produção, tais como: matéria-prima, embalagem, qualidade, custo, tempo. Em relação aos serviços, seus componentes são denominados elementos estocáveis e elementos não estocáveis. Em seguida, vamos estudar o ciclo de vida de bens e serviços, ou seja, não importa se é um serviço ou um bem, sempre terá um tempo estimado de permanência no mercado, semelhante à vida natural, vai nascer, crescer, amadurecer, envelhecer e morrer. Também veremos projeto e desenvolvimento da produção e serviços. Os projetos têm como objetivo satisfazer às necessidades dos consumidores. As atividades de um projeto são empregadas em produtos ou serviços e também em sistemas ou processos. Depois, vamos estudar sobre instalações e arranjo físico. Temos que dar especial atenção a muitos fatores ao fazer uma análise para planejar a melhor localização, tanto para empresas industriais quanto de prestação de serviços. Também é importante estudar o arranjo físico, pois a distribuição física dos equipamentos e máquinas pode otimizar ou prejudicar o fluxo dos processos. Ao final desta aula, vamos falar sobre produção, consumo e meio ambiente, ou seja, a importância de a empresa buscar sempre novas alternativas para preservação do meio ambiente e dos recursos naturais em geral, mesmo produzindo e sendo competitiva. 3 O principal objetivo desta aula é proporcionar aos alunos condições de planejar a produção e operações de serviço de acordo com as suas especificidades. Desse modo, tem como objetivos específicos orientar os estudantes da disciplina para que tenham condições de: distinguir entre os diferentes componentes de produtos e serviços; analisar o ciclo de vida de sua empresa/produto/serviços; participar de projetos e desenvolvimento de produtos e serviços; contribuir para o planejamento de localização e arranjo físico; desenvolver novas alternativas sustentáveis otimizando a produção. TEMA 1 – CLASSIFICAÇÃO E COMPONENTES DOS PRODUTOS E SERVIÇOS Chiavenato (2014, p. 35) argumenta que bens e serviços são produzidos o tempo todo e em todo o mundo com o objetivo de atender às mais diversas necessidades e desejos de consumidores por todo o planeta. Esse volume imenso de bens e serviços são oferecidos nos inúmeros mercados por inúmeras organizações que os “criam, projetam, produzem ou operam de maneira incessante e continuada”. É por isso que as empresas reúnem todo o seu know- how e competências para produzir com menor custo e melhor qualidade que suas concorrentes. É isso que denominamos competição. “Competição significa utilizar vantagens competitivas – como qualidade, preço, características, facilidade de manuseio, embalagem adequada, custos baixos – para conquistar a clientela”. É como se fosse uma maratona com objetivo de derrubar o adversário para conquistar o primeiro lugar entre as opções do cliente. O bem ou serviço produzido “é a principal arma dessa feroz e renhida luta que ocupa todos os espaços da empresa”. Para produzir um bem ou serviço, a empresa, como um todo, trabalha de modo integrado, conjugado e contínuo, ou seja, somam-se todos os esforços de todos os setores da empresa. Conforme explica Chiavenato (2014, p. 36), o bem ou o serviço “é a consequência final de um conjunto integrado e sistêmico de atividades recorrentes e cotidianas”. Os bens ou produtos representam o que “a empresa sabe fazer e produzir, se possível, melhor do que nenhuma outra empresa”. Seria a vocação da organização, e uma parcela da sua missão de servir à sociedade. 4 De acordo com Chiavenato (2014, p. 36), os bens ou serviços representam “todo o arsenal de conhecimentos e competências que a empresa consegue criar, reunir, integrar, desenvolver e transformar em resultado de suas operações”. Porém, é muito raro que a empresa produza um único serviço ou bem. Geralmente, o que ocorre é a produção de vários produtos ou serviços no segmento de atuação, visando “atender a uma gama enorme e diferenciada de necessidades do mercado e aproveitar totalmente as vantagens do esquema de produção e comercialização”. Por essa razão, as organizações podem “criar, desenvolver e produzir uma ampla matriz de produtos e serviços”. A finalidade de qualquer organização é: “oferecer algo de valor para o mercado, mas não qualquer coisa, o melhor possível. Qualidade hoje é uma obrigação, e não mais uma vantagem competitiva”. Cada bem ou serviço produzido apresenta características próprias: marca, tamanho, embalagem, qualidade, preço, custo, funcionalidade etc. A administração da produção precisa se adequar a tais características, proporcionando condições para a continuidade e a inovação dos produtos. Então, é importante conhecermos a classificação de bens e de serviços que estamos oferecendo ao mercado. 1.1 Classificação dos bens e serviços Há muitos tipos diferentes de bens e serviços. Por isso, algumas classificações ajudam a compreendê-los e compará-los. Vamos usar dois tipos de classificação apresentados por Chiavenato (2014, p. 38-43): “bens (produtos) ou serviços e produtos/serviços concretos ou abstratos”. A Figura 1 mostra a classificação de bens. 5 Figura 1 – Classificação de bens Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2014, p. 38-42. Agora, vamos classificar separando produtos concretos de produtos abstratos. 1. Produtos concretos: são aqueles tangíveis e visíveis, por exemplo utilidades domésticas, automóveis. São fáceis de serem mostrados e demonstrados por meio de sons e imagens, porque suas características são aparentes. Também conhecidos como artigos ou mercadorias, os produtos concretos podem ser comparados em relação a embalagem, qualidade, cor ou textura, acabamento, tamanho etc. (Chiavenato, 2014, p. 42-43). 2. Produto abstrato: são os serviços, como comunicação, educação, ou seja, quando não é possível de ser descrito de forma precisa, nem identificado ou especificado adequadamente. O produto/serviço abstrato é difícil de ser mostrado ou demonstrado, porque suas características não são visualizadas ou percebidas. Não possui forma, cor, características físicas ou tamanho (Chiavenato, 2014, p. 43). 1.2 Componentes dos bens e serviços Componentes são os diversos aspectos que dão características físicas aos bens ou serviços. De acordo com Chiavenato (2014, p. 44), com exceção Bens ou mercadorias (alimentos, eletroeletrônicos, móveis, máquinas etc.) Bens de consumo (alimentos, roupas, eletrodomésticos etc.) Duráveis (móveis, eletrodomésticos, automóveis etc.) Perecíveis (vida útil predeterminada) Semiduráveis (podem ficar por tempo prolongado sem se deteriorar, por exemplo, vestuário e calçados) Bens de produção (prensas hidráulicas, empilhadeiras, teares, caminhões, etc.) Serviços (serviços de propaganda, hospitais, bancos, consultorias, escolas, transportes, comunicações etc.) 6 dos abstratos, qualquer produto ou serviço,apresenta dois tipos de dimensões: intangíveis e tangíveis, conforme mostra o Quadro 1. Quadro 1 – Componentes dos bens e serviços Dimensões tangíveis Contém características físicas: textura, tamanho, cor, volume etc. Dimensões intangíveis Contém características que não podem ser comprovadas ou medidas: valor sentimental. Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2014, p. 44. Para a administração da produção, os componentes são aqueles representados pelas dimensões tangíveis dos produtos ou serviços, que vão sendo incorporadas no decorrer do processo de produção, tais como: matéria- prima, embalagem, qualidade, custo, tempo. Matéria-prima: é qualquer material incorporado ao produto ou serviço. Pode ser material químico, biológico, componente físico como chapas de metal ou peças. Durante o processo produtivo, a matéria-prima é reunida de modo a formar o produto acabado. Embalagem: componente que protege o produto. Apresenta três funções: técnicas (para proteger e guardar o produto de acordo com as necessidades específicas de cada um, atribuição da engenharia do produto); logísticas (para facilitar a movimentação, estocagem, manuseio de acordo com o peso e tamanho, atribuição da engenharia do produto) e de comunicação (envolve o visual, apresentação externa, busca causar boa impressão e diferenciar um produto de outro; é uma atribuição do marketing). Qualidade: se o produto ou serviço for abstrato e de difícil definição, fica mais difícil de definir ou comprovar a qualidade. Se o produto ou serviço for físico, concreto, a qualidade poder ser mais facilmente avaliada e medida. Por isso, é importante saber que a qualidade pode ser intrínseca (inerente ao produto ou serviço; verificável de modo concreto e objetivo; mensurável por meio de seus próprios padrões e especificações; depende da conformidade ou adequação com especificações e medidas definidas previamente) ou extrínseca (subjetiva, percebida ou imaginada; aspectos que o usuário ou consumidor acha que o produto ou serviço contém). 7 Custo: de acordo com Chiavenato (2014, p. 48), custo “é a soma dos encargos assumidos pela empresa para obter recursos (ou fatores de produção) utilizados na produção e na distribuição do produto/serviço”. Ou seja, a soma das despesas para produzir, como, máquinas, matéria- prima, tecnologia, transporte etc. Tempo: Chiavenato (2014, p. 49) explica que “as empresas que atendem às necessidades de seus consumidores antes que seus concorrentes tendem a crescer mais rapidamente e de maneira lucrativa”. Assim, seguindo “o princípio básico da competição baseado no tempo e na rapidez de resposta”, que é quando a empresa é mais rápida em colocar no mercado produtos ou serviços inovadores. Isso requer que tanto a empresa quanto seus processos sejam “mais flexíveis, adaptáveis, ágeis e rápidos, no sentido de mudar produtos e serviços para satisfazer prontamente o cliente, concorrer, crescer e revigorar sempre”. 1.3 Componentes dos serviços De acordo com Corrêa e Caon (2002, p. 79), quando uma operação de serviço concede ao cliente um “pacote” de valor, na verdade, está “entregando um conjunto de elementos, alguns mais e outros menos estocáveis”. Dependendo do tipo de serviço, há uma variação de porcentagem referente aos “bens estocáveis e a produtos não (ou menos) estocáveis”. Em serviços, podemos denominar estocáveis bens não físicos, por exemplo, softwares. Mas vamos verificar os dois componentes. Elementos estocáveis: também chamados de bens facilitadores. Exemplos: refeição servida pela companhia aérea, carro entregue pela locadora de veículos. Tem também as instalações de apoio, ou seja, “recursos que, em contato com o cliente, representam as instalações onde a experiência do serviço será percebida”, por exemplo, instalações dos hotéis, dos cinemas e teatros, cabines dos aviões (Corrêa; Caon, 2002, p. 79-80). Elementos não estocáveis: são aspectos essenciais do serviço, como “pontualidade, frequência de partidas e segurança numa linha aérea ou no metrô, a qualidade do diagnóstico e qualidade do relacionamento médico-paciente num atendimento médico, qualidade de ensino em uma 8 escola”. Além desses elementos essenciais, há muitos “elementos não estocáveis acessórios, não diretamente associados à missão primeira do serviço, mas que completam o pacote de valor”; estes podem até ser diferenciais competitivos da empresa. Muitas vezes, os “elementos não estocáveis essenciais são considerados pelo cliente como condições sine qua non” significa que, se não estiverem presentes, o prestador de serviços não está apto para o fornecimento. TEMA 2 – CICLO DE VIDA DOS BENS E SERVIÇOS Não importa se é um serviço ou um bem, sempre terá um tempo estimado de permanência no mercado, semelhante à vida natural, “nasce, cresce, amadurece, envelhece e morre”. Uns tem uma vida mais longa, outros mais curta. É o que se chama ciclo de vida de um bem ou serviço. O ciclo de vida refere-se ao tempo em que o bem ou serviço consegue manter-se ativo no mercado. Conforme Chiavenato (2014, p.50), o ciclo de vida de bens ou serviços é definido pelas fases: introdução, crescimento, maturidade e declínio. 1. Introdução: quando o bem ou serviço é criado e lançado no mercado. Geralmente, nessa fase, “a produção e as vendas são pequenas e crescem lentamente, pois o produto/serviço ainda é desconhecido”. A empresa investe muito em propaganda e promoção. Nessa fase, a administração da produção deve verificar se há falhas no projeto ou no processo, acertar possíveis problemas de qualidade, eliminar possíveis problemas com matérias-primas etc. Geralmente, nessa fase a empresa tem muitas despesas, “as quais são assumidas como um investimento inicial para impulsionar” o bem ou serviço no mercado (Chiavenato, 2014, p. 50). 2. Crescimento: na segunda fase do ciclo, o mercado já está familiarizado com o bem ou serviço e a administração da produção já aprendeu a produzi-lo melhor. Há um aumento na produção e nas vendas. A empresa começa a recuperar o investimento inicial feito na fase de introdução. Essa fase é também chamada de aceitação do bem ou serviço pelo mercado. 3. Maturidade: é quando o bem ou serviço “já penetrou suficientemente no mercado e atinge um patamar elevado de vendas e de produção que se 9 mantém inalterado”. O bem ou serviço, ao atingir a maturidade, passa a ter muita concorrência, o mercado fica saturado (Chiavenato, 2014, p. 51). 4. Declínio: nessa fase, a produção e as vendas decaem progressivamente. O declínio ocorre porque novos produtos são lançados, há inovações e o consumidor vai mudando. Com a queda nas vendas e nos lucros, as empresas deixam de produzir o bem ou o serviço. É a fase da obsolescência. A Figura 2 demonstra as fases do ciclo de vida de um bem ou serviço. Trata-se de uma curva que tem aplicação prática para a administração da produção. Figura 2 – Ciclo de vida Chiavenato (2014, p. 52) explica que, na fase da introdução, a administração da produção ainda tem incertezas, principalmente se o bem ou serviço não for bem conhecido, assim como o seu processo produtivo. Na fase de crescimento, há menos incertezas quanto à produção e busca-se aumentar a eficiência. Na fase de maturidade, a administração da produção atinge o melhor período, pois o bem ou serviço já é bem conhecido, explorado e chega- se ao auge da eficiência. Na fase de declínio, não é mais interessante investir em eficiência, mas sim em melhorias, desenvolvimento ou inovação de outros produtos para substituir o que está em declínio. Para Chiavenato (2014, p.52), na fase de introdução, o bem ou serviço, geralmente tem custo maior. Esse custo vai baixando na fase de crescimento até chegar ao seu nível mais baixo que acontece na fase de maturidade. Já na fase de declínio o custo pode ser mais elevadoem razão do menor volume de produção. Existem bens e serviços que têm ciclos de vida muito longos (automóveis, serviços bancários, eletrodomésticos etc.) e outros com ciclos de vida muito 10 curtos (moda feminina, produtos com tecnologia de ponta, os quais se tornam obsoletos rapidamente). Alguns bens e serviços podem ter seu ciclo de vida estendido por mais tempo quando a empresa tem um bom departamento de pesquisa e desenvolvimento (P&D) que atua fortemente na inovação. Chiavenato (2014, p. 53) explica que o conceito de ciclo de vida do produto pode ser também transferido para ciclo de vida da empresa. A vida de uma empresa também pode passar pelas mesmas fases do ciclo de vida do produto e, em muitos casos, o ciclo de vida da empresa e do seu produto seguem juntos. TEMA 3 – PROJETO E DESENVOLVIMENTO DA PRODUÇÃO E SERVIÇOS Em primeiro lugar, temos que entender o significado de projeto. Vamos começar pela definição do termo projeto que está no dicionário de administração. 1 parte de um programa, ou, eventualmente, de um plano, cuja responsabilidade pela execução é claramente atribuída a uma empresa, unidade organizacional ou grupos de unidades sob a liderança de determinado indivíduo. O projeto tem sempre um líder, responsável pelo que ocorre na execução do projeto e pelos seus resultados. 2 unidade organizacional, envolvendo recursos humanos e materiais, que, sob a coordenação de um gerente, chefe ou líder, desenvolve atividades visando a resultados definidos em prazos estabelecidos, dentro de determinadas restrições. Para o Projeto assim definido deve ser possível estimar custos e benefícios e, portanto, um retorno (Lacombe, 2004, p. 258). Com base nessa definição, observamos que o projeto sempre estará dentro de um plano ou programa, alguém e/ou um departamento será responsável por sua execução, necessitando, para isso, de um líder. Damos também o nome de projeto ao departamento de projetos da empresa. Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 118), comentam que os projetos têm como objetivo satisfazer às necessidades dos consumidores. As atividades de um projeto são empregadas em produtos ou serviços e também em sistemas ou processos. “A atividade de projeto é em si mesma um processo de transformação”. Os projetos iniciam com um conceito e terminam traduzindo tal conceito na especificação de um processo, produto ou serviço que pode se tornar realidade. 11 Um projeto, quando bem elaborado e bem executado, pode impactar nos objetivos de desempenho da administração, conforme podemos observar na Tabela 1. Tabela 1 – Impacto do projeto de produto ou serviço e processo nos objetivos de desempenho Objetivo de desempenho Influência de bom projeto de produto ou serviço Influência de bom projeto de processo Qualidade Pode eliminar tanto falhas potenciais como aspectos “propensos a erros” do produto ou serviço. Pode prover recursos adequados para produzir o produto ou serviço conforme suas especificações de projeto. Rapidez Pode especificar produtos que podem ser feitos rapidamente (por exemplo, usando princípios de projeto modular) ou serviços que evitam demoras desnecessárias. Pode movimentar materiais, informações ou clientes por meio de cada estágio do processo sem demoras. Confiabilidade Pode ajudar a tornar previsível cada estágio do processo ao exigir processos padronizados e previsíveis. Pode fornecer tecnologia e pessoal que são intrinsecamente confiáveis. Flexibilidade Pode permitir variações que proporcionam uma gama de produtos ou serviços oferecidos aos clientes. Pode prover recursos que podem ser modificados rapidamente de forma a criar uma gama de produtos ou serviços. Custo Pode reduzir custos de cada peça componente do produto ou serviço e também reduzir o custo de combiná- los. Pode assegurar alta utilização de recursos e, portanto, processos eficientes e de baixo custo. Fonte: Slack; Chambers; Johnston, 2002, p. 119. Conforme Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 120), temos a tendência de separar projetos de produtos e serviços de projetos de processos que os produzem, como se fossem duas atividades distintas. Não é verdade. Os dois são inter-relacionados porque, para que um projeto detalhado de um novo produto ou serviço se realize, há a necessidade de um projeto de adaptação do sistema produtivo. Além disso, um projeto de produto ou serviço pode ficar limitado às condições do projeto do processo de produção. Geralmente, os projetos são realizados, na organização, pela área de desenvolvimento de produtos ou serviços. De acordo com Chiavenato (2014, p. 58), essa área é responsável pelos “estudos e pesquisas sobre criação, adaptação melhorias e aprimoramento dos produtos/serviços produzidos pela empresa”. Com o empenho dessa área, “surgem as inovações: produtos e serviços novos, modificações parciais ou totais nos atuais produtos/serviços, 12 novas características, diferentes componentes etc.”. Novas necessidades de mercado exigem constantemente produtos e serviços diferenciados e adaptados à realidade do momento. Esta é razão de, a cada ano, surgirem novos modelos de automóveis, moda e vestuário, eletrodomésticos, novas lojas, novos serviços, entre outros. Dependendo do tipo de empresa ou do tipo de bem ou serviço produzido, o órgão responsável pelo desenvolvimento de produtos ou serviços pode ter denominações diferentes, por exemplo: P&D (Pesquisa e Desenvolvimento): comum em empresas do ramo primário, é o órgão responsável por “pesquisar e desenvolver novas matérias-primas, novas características de materiais, etc. Geralmente, utiliza um laboratório de pesquisas com pessoal familiarizado com a tecnologia utilizada” (Chiavenato, 2014, p. 59). Engenharia de produtos: comum em empresas do ramo secundário, preocupa-se mais com os aspectos técnicos dos produtos e sua produção, sendo subordinado à gestão da produção. Porém, quando está mais direcionado para “aspectos comerciais e mercadológicos do produto, recebe o nome de criação e desenvolvimento”, sendo subordinado à área de marketing. Independentemente do nome atribuído pela empresa ou a sua subordinação, é uma área encarregada da criação e desenvolvimento de novos produtos e inovação dos produtos atuais (Chiavenato, 2014, p. 59). Desenvolvimento de produtos, entre outros: há muitas denominações variadas nas empresas do ramo terciário por se tratar de desenvolvimento de serviços. Pode subordinar-se tanto à área mercadológica quanto à área de produção ou operações da empresa, isso vai depender da complexidade do produto/serviço ou das exigências do mercado (Chiavenato, 2014, p. 59). 3.1 Desenvolvimento de novos produtos Lelis (2014, p. 33) comenta que “a área de administração da produção e operações não é a única envolvida em um lançamento de produto ou serviço, mas dá sua contribuição e também se beneficia”. Sua contribuição vem quando proporciona as condições necessárias para a criação e produção dos novos bens ou serviços. É a administração da produção que define os equipamentos a serem 13 utilizados e também participa do processo de seleção e treinamento dos novos funcionários. Mas só isso não basta. Para que um novo produto seja um sucesso para a empresa, as áreas de produção e de marketing têm que estar alinhadas e em sintonia com o consumidor. Para Lelis (2014, p. 35), antes de lançar um produto no mercado, há um processo de desenvolvimento do projeto. “Antes de qualquer fabricação de produtos e de qualquer prestação de serviços, sempre há um projeto para sua estruturação e implantação”. Daí vem a importância da área de projetos, “pois ela está presente na origem de todas as atividades de produção de bens e serviços”. De acordo com Lelis (2014, p. 35), no desenvolvimento de um novo produto, são realizadas as seguintes fases: 1. Desenvolvimentodo conceito: é realizada a arquitetura do produto, projeto conceitual e análise de mercado. 2. Planejamento do produto: é realizada pesquisa de mercado, testes em pequena escala e investimentos financeiros. 3. Engenharia de produto/processo: é feito um projeto detalhado do produto e ferramental necessário, são construídos e testados os protótipos. 4. Produção piloto/crescimento: são realizados testes de produção em volumes maiores; em seguida inicia-se a produção na fábrica e o volume aumenta para níveis comerciais. Durante essas fases, há necessidade de muitas informações de diversas áreas, por isso que a administração de projetos é uma área multidisciplinar, pois, para fazer o planejamento e a execução de cada uma dessas fases, a equipe de projetos precisa do auxílio de outras áreas da empresa. O Quadro 2 mostra como as outras áreas estão envolvidas no desenvolvimento do produto. Quadro 2 – Áreas envolvidas no desenvolvimento do produto Funções Fases de desenvolvimento Desenvolvimento de produto Marketing e vendas Operação Desenvolvimento do conceito Propõe novas tecnologias Propõe novas ideias de produtos Traz informações do mercado Propõe e investiga conceitos de processo 14 Constrói modelos Executa simulações Propõe/investiga conceitos de produto Planejamento do produto Escolhe componentes Interage com fornecedores Constrói primeiros protótipos Define a arquitetura do produto Define parâmetros de mercados alvo Estimativas de vendas e margens Desenvolve estimativas de margem e interações preliminares com mercado de vendas e margens Estimativas de custo Define arquitetura de processo Simulação de processo Valida fornecedores Engenharia detalhada de produto e processo Fase I Projeto detalhado do produto Interage com o processo Constrói protótipos em escala Conduz testes de protótipos Testes de protótipos com clientes Participa da avaliação dos protótipos Projeto detalhado de processo Desenvolve meios de produção Participa do desenvolvimento dos protótipos em escala Fase II Refina detalhes do projeto do produto Refina os protótipos Refina testes de protótipos Define plano de marketing Define plano de distribuição Teste de meios de produção Protótipos em escala (processo) Instala meios de produção e procedimentos Produção piloto/ crescimento Avalia e testa unidades-piloto Resolve problemas Prepara plano de marketing Treina forças de vendas Treina pessoal de serviço Prepara processo de venda Constrói unidades protótipo em escala comercial Refina processo em escala Treina pessoal Verifica logística para canais Introdução no mercado Avalia experiência no campo com o produto Preenche canais de distribuição Vende e promove Interage com clientes Leva produção para níveis-alvo Atinge metas de desempenho Fonte: Lelis, 2014, p. 36-37. 3.2 Desenvolvimento de novos serviços Qualquer empresa pode prestar um serviço que não era prestado antes ou até mesmo modificar o processo de um serviço já prestado. Seja desenvolvimento de um novo serviço, seja modificação na prestação de serviço já existente, a empresa precisa levar em consideração a demanda para tal serviço e a sua capacidade produtiva. O primeiro passo consiste em elaborar um projeto, no qual deve constar uma análise de mercado referente ao serviço em questão, como: demanda, concorrência, preço, entre outros. É preciso também elaborar uma análise da 15 capacidade produtiva para a nova oferta, como tecnologias necessárias e se for o caso, estrutura física para a realização dos serviços. Conforme Fitzsimmons e Fitzsimmons (2005, p. 88), a inovação pode estar presente em algo novo, em um serviço diferenciado, ou até mesmo em um novo processo de prestação de serviços. No que tange a serviços, o resultado da inovação “não precisa ser um novo produto, mas, em vez disso, algum grau de modificação de um serviço existente”. A classificação de inovações em serviços pode ocorrer dentro de duas categorias: inovações radicais e inovações incrementais: Inovações radicais: ofertas de serviços que ainda não tinham sido disponibilizadas ou então novos sistemas de prestação de serviços já existentes. Inovações incrementais: são mudanças realizadas em serviços já existentes e que são tidas como melhorias. Existem muitas fontes para ideias de inovações em serviços, por exemplo, sugestões de clientes. Além disso, análises de necessidades de mercado podem apontar para novos serviços que ainda não estão sendo ofertados. No entanto, de acordo com Fitzsimmons e Fitzsimmons (2005, p. 89), “os avanços tecnológicos são muitas vezes a base para a inovação radical em serviços”. Empresas que aproveitam uma nova tecnologia antes das concorrentes para otimizar ou criar um novo serviço certamente ganham uma vantagem competitiva significativa. Substituir o esforço humano pela tecnologia traz ganhos de produtividade em diversas áreas, inclusive serviços. Para isso, é importante ressaltar que a tecnologia não precisa estar restrita ao hardware e às máquinas, mas também abranger sistemas inovadores, por exemplo, “transferência eletrônica de fundos ou testes de saúde multifásicos autorizados”. Fitzsimmons e Fitzsimmons (2005, p. 90) explicam que, em serviços, em virtude de o cliente participar da sua execução, “o sucesso das inovações tecnológicas, particularmente para a função de atendimento, depende da aceitação do cliente”. Em muitos casos, os clientes acabam tendo que desenvolver habilidades para poder usufruir de um determinado serviço, por exemplo, a habilidade de operar um aplicativo ou de operar um caixa eletrônico. 16 TEMA 4 – INSTALAÇÕES E ARRANJO FÍSICO Segundo Ritzman e Krajewski (2004, p. 185), “localização das instalações é o processo de determinar o local geográfico para as operações de uma empresa”. Temos que dar especial atenção a muitos fatores ao fazer uma análise para planejar a melhor localização, tanto para empresas industriais quanto de prestação de serviços. Entre tais fatores estão a “proximidade a clientes e fornecedores, custos de mão de obra e custos de transporte”. Ritzman e Krajewski (2004, p. 185), comentam que os fatores de localização podem ser classificados como principais ou secundários: Fatores principais: têm origem nas prioridades competitivas (qualidade, flexibilidade, custo e tempo) e impactam fortemente nas vendas ou nos custos. Exemplo: localização de call centers de acordo com condições tributárias municipais. Fatores secundários: são importantes, mas muitas vezes a administração dá pouca importância ou os despreza, quando outros fatores são mais importantes. Exemplo: se o fornecedor de peças para determinada indústria está localizado muito próximo ou até mesmo dentro do mesmo parque industrial, os custos com o transporte acabam sendo considerados secundários. De acordo com Ritzman e Krajewski (2004, p. 185), no caso de plantas industriais, seis fatores pesam sobre as decisões de localização, conforme ordem de importância: clima de trabalho favorável; proximidade dos mercados; qualidade de vida; proximidade de fornecedores e recursos; proximidade das instalações da matriz; e serviços públicos, impostos e custo dos imóveis. Vejamos como isso ocorre. Clima de trabalho favorável: para indústrias que necessitam de muita mão de obra, este pode ser o fator mais importante para decidir sobre a localização. Tem relação com a proximidade e necessidade de transporte de funcionários. “O clima de trabalho é uma função dos níveis salariais, necessidades de treinamento, atitudes em relação ao trabalho, produtividade do trabalhador e força do sindicato”. Há executivosque consideram como vantagem relevante sindicatos fracos ou baixa probabilidade de organização sindical (Ritzman; Krajewski, 2004, p. 186). 17 Proximidade dos mercados: é preciso saber onde está a demanda, tanto por bens quanto por serviços, e a localização tem de atender a essa demanda. “Localizar-se perto de mercados é particularmente importante quando os bens finais são volumosos ou pesados e as tarifas de transportes para outros locais são elevadas” (Ritzman; Krajewski, 2004, p. 186). Qualidade de vida: fatores que contribuem para qualidade de vida dos funcionários – escolas, áreas de lazer, locais para eventos culturais e esportivos – podem ser um diferencial nas decisões sobre localização. Proximidade de fornecedores e recursos: se a empresa depende, para seu funcionamento, “do fornecimento de insumos volumosos, perecíveis ou pesados”, é importante localizar-se próximo a esses fornecedores e recursos (Ritzman; Krajewski, 2004, p. 186). Proximidade das instalações da matriz: “muitas empresas fornecem peças a outras unidades ou apoiam-se em outras unidades para receber suporte gerencial e administrativo”. Nesse caso, pode haver maior dificuldade quanto maior a distância (Ritzman; Krajewski, 2004, p. 186). Serviços públicos, impostos e custo dos imóveis: incluem custos com energia elétrica, água, impostos estaduais e municipais, incentivos oferecidos pelas prefeituras ou estados e custos dos imóveis (locação ou compra). Outros fatores: também temos que considerar: custos de construção, espaço para expansão, acesso a meios de transporte, custo de seguro, custo de transporte de pessoas e materiais entre fábricas, concorrência, legislação local (exemplo: regulamentação sobre controle da poluição e ruídos), comportamento da comunidade, e outros. Para Ritzman e Krajewski (2004, p. 186), todos os fatores apresentados também podem ser considerados no caso de empresas prestadoras de serviços, acrescentando-se “o impacto que a localização pode exercer sobre as vendas e a satisfação do cliente”. Geralmente, os clientes preferem as instalações de serviços mais próximas de sua localização, principalmente se, para a efetivação dos serviços, ele precise estar presente no local. Vamos analisar alguns fatores. Custos de transporte e proximidade aos mercados: “Para as operações de armazenamento e distribuição, os custos de transporte e a 18 proximidade aos mercados são extremamente importantes”. Mantendo os estoques mais próximos aos clientes, pode-se reduzir o prazo de entrega e promover vendas (Ritzman; Krajewski, 2004, p. 187). Localização dos concorrentes: precisamos levar em consideração não somente a “localização atual dos concorrentes mas também tentar prever a reação que eles apresentam à nova localização da empresa”. Em alguns casos, devemos evitar áreas em que a concorrência já está bem estabelecida, mas, em outros, “como os showrooms para vendas de veículos novos e as redes de fast food, localizar-se perto de concorrentes e, na realidade, vantajoso”. Neste último caso, diversos concorrentes agrupados no mesmo local podem atrair “mais clientes do que o número total que compraria nas mesmas lojas em locais espalhados” (Ritzman; Krajewski, 2004, p. 187). Fatores específicos do local: varejistas precisam avaliar, entre outros aspectos, a densidade demográfica, o nível de atividade do varejo, a visibilidade do local e o fluxo de tráfego. “A atividade de varejo na área é importante, pois os compradores muitas vezes decidem por impulso fazer compras ou comer em um restaurante”. O fluxo de tráfego também é muito importante, principalmente se os clientes chegam em carros; precisamos analisar “possíveis congestionamentos, o volume de tráfego e o sentido durante o dia, sinais de trânsito, cruzamentos e a posição dos canteiros centrais nas ruas”. A boa visibilidade deve envolver “a distância da rua e o tamanho de prédios e cartazes vizinhos” (Ritzman; Krajewski, 2004, p. 187). 4.1 Arranjo físico De acordo com Paranhos (2012, p. 217), arranjo físico é “a maneira de alocar as máquinas e os equipamentos para otimizar o fluxo de produção em uma fábrica”. A distribuição física dos equipamentos e as máquinas podem otimizar ou prejudicar o fluxo dos processos. Em razão disso, é de suma importância que seja bem analisado, porque, se houver necessidade de alterações futuras, estas podem custar caro para a empresa ou até mesmo serem impraticáveis. Porém, não é só a indústria que precisa ter cuidado com o arranjo físico; as operações de serviço também. Fitzsimmons e Fitzsimmons (2005, p. 229), 19 explicam que “associado ao projeto das instalações, o leiaute, ou arranjo físico, do sistema de prestação de serviços é tão importante para a satisfação do cliente como para o prestador do serviço”. Temos quatro tipos básicos diferentes de arranjo físico. A escolha por um deles dependerá do tipo de fluxo de processos que está sendo necessário. De acordo com Ritzman e Krajewski (2004, p. 198), eles são: arranjo físico de processo; arranjo físico de produto; arranjo físico híbrido; arranjo físico de posição fixa. Ritzman e Krajewski (2004, p. 198) explicam que o arranjo físico de processo é aquele que agrupa departamentos ou estações de trabalho conforme a função. Nesse caso, é interessante para um processo produtivo de baixo volume e grande variedade, no qual é preciso organizar os recursos (equipamentos e funcionários) em torno do processo. Por exemplo, uma oficina mecânica, na qual as furadeiras ficam localizadas em uma área e as fresadeiras em outra, como vemos na Figura 3. É mais comum usar o arranjo físico de processo quando a mesma operação tem que produzir produtos muito diversificados ou atender a muitos clientes diferentes, ou seja, “os níveis de demanda são muito reduzidos ou imprevisíveis para os dirigentes separarem recursos humanos e de capital exclusivamente para uma linha de produtos ou tipo de cliente”. Figura 3 – Arranjo físico de uma oficina Fonte: Ritzman; Krajewski, 2004, p. 199. 20 O arranjo físico de produto, conforme Ritzman e Krajewski (2004, p. 198), é indicado para processos contínuos ou em linha, ideais para produção repetitiva, em que os recursos são direcionados para os produtos ou tarefas individuais. Conforme ilustra a Figura 4, os departamentos ou as estações de trabalho estão ordenados de forma linear. Por exemplo, um lava-carros automático, em que o carro se move em um fluxo contínuo e uniforme. Os arranjos físicos de produto podem ser em linha reta, em formato de círculo, de L ou de S. Em muitos casos, é denominado linha de montagem ou linha de produção. “A diferença entre as duas é que uma linha de montagem se limita a processos de montagem, ao passo que uma linha de produção pode ser empregada para executar outros processos, como usinagem”. Figura 4 – Arranjo físico de uma linha de produção Fonte: Ritzman; Krajewski, 2004, p. 199. O arranjo físico híbrido, conforme explicam Ritzman e Krajewski (2004, p. 199), “adota uma estratégia intermediária, pela qual algumas partes da unidade encontram-se dispostas em arranjo físico de processo e outras em um arranjo físico de produto”. O arranjo físico híbrido é empregado em operações de produção e montagem (como se os dois tipos de arranjos apresentados nas Figuras 3 e 4 ficassem no mesmo prédio). “As operações de fabricação, nas quais os componentes são feitos a partir de matérias-primas, possuem um fluxo desordenado, ao passo que as operações de montagem, nas quais os componentes são montados em produtos finais, possuem fluxo linear”. Arranjos físicos híbridos também são indicados para células e automação flexível. “Uma célula são duas ou mais estações de trabalho distintas localizadas próximas, por meio das quais um número limitado de peças oumodelos é processado utilizando fluxos lineares”. O arranjo físico de posição fixa é aquele em que o produto mantém-se fixo em um local; as pessoas, as ferramentas e os equipamentos, vão até o produto para trabalhar nele. É empregado quando o produto é de grande volume ou difícil de movimentar, por exemplo, construção de navios, construção de 21 vasos de pressão enormes, montagem de locomotivas, entre outros. “Um arranjo físico de posição fixa minimiza o número de vezes que o produto precisa ser movido e frequentemente é a única solução viável”. Nas operações de serviços que necessitam de área para atendimento ao cliente e de execução de serviços, o arranjo físico precisa ser analisado com todos os critérios envolvidos na agilidade da prestação de serviço, segurança na sua execução, conforto do cliente e qualidade do serviço prestado, além de critérios mais específicos de acordo com cada segmento específico da área de serviços. TEMA 5 – PRODUÇÃO, CONSUMO E MEIO AMBIENTE Estamos vivendo no terceiro milênio, que teve início no ano de 2001, assim como no início do século XXI. Nesta era, já temos conhecimento suficiente para entender que somos capazes de destruir o planeta ou de preservá-lo. No Brasil, hoje temos diversas leis de proteção ambiental e que regulamentam a emissão de poluentes pelas indústrias, dos serviços de transportes e outros serviços que de alguma forma, em sua realização, possam utilizar recursos naturais ou causar poluição ou degradação ambiental. A qualidade de vida na Terra depende em primeiro lugar do meio ambiente, pois é o meio ambiente que nos envolve e nos rodeia. Alencastro (2012, p. 17) cita a Lei Federal n. 6.938/81, que define meio ambiente como “conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Entendemos, então, que quando falamos em meio ambiente estamos indo além das questões naturais, estamos nos referindo à relação de integração entre o ser humano e a natureza. Nossa disciplina se chama Administração da Produção e Serviços. Esse nome indica que temos que administrar a produção de algo, sejam bens, sejam serviços. Para produzir, a empresa precisa fazer uso de recursos organizacionais, que é o conjunto de recursos humanos, recursos financeiros, recursos tecnológicos, recursos materiais e recursos naturais. No sentido de buscar e utilizar esses recursos organizacionais, a empresa estará buscando e retirando-os do meio ambiente. Vejamos cada um desses recursos. 22 Recursos humanos: pessoas para o planejamento e execução de tarefas. Por mais que uma empresa seja tecnologicamente avançada, com alto grau de automação, ainda necessitará de pessoas para mantê- la em funcionamento. Recursos financeiros: independentemente da empresa, se não conseguir lucrar, não terá condições de se manter no mercado. Para isso, tem que utilizar os demais recursos para obter mais recursos financeiros. Recursos tecnológicos: cada organização necessita de tecnologias específicas para seu segmento, tecnologias de informação e máquinas e equipamentos cada vez mais dependentes de tecnologia de ponta. Recursos materiais: composto por todo tipo de tangíveis necessários para a produção de bens ou serviços, tais como o ambiente físico, prédio, máquinas, mobília, equipamentos etc.; Recursos naturais: tudo o que precisa extrair da natureza para poder produzir seus bens ou serviços, como água, minérios, madeira etc. Alguns recursos naturais são renováveis, por exemplo a madeira, que pode ser reflorestada; mas alguns recursos naturais são não renováveis, por exemplo petróleo e minérios. O administrador do terceiro milênio deve ser consciente de que toda produção precisa ser ambientalmente sustentável, ou seja, deve otimizar o uso de todos os recursos organizacionais, mas não esgotá-los, pois a vida da organização depende deles. Quando falamos de natureza e de recursos naturais, a responsabilidade das empresas é ainda muito maior. Sobre esse assunto, temos um exemplo negativo horrível que aconteceu em 2015, no Brasil, quando a barragem da mineradora Samarco, no município de Mariana – MG, se rompeu, causando o maior desastre ambiental do país. O mar de lama que devorou casas, pessoas, animais, vegetação, propriedades diversas, destruiu o Rio Doce e conseguiu chegar até o Oceano Atlântico. O Rio Doce levará décadas para se recuperar. Vidas humanas e animais, vegetação, tudo destruído pela ânsia de produzir e lucrar desrespeitando o uso dos recursos naturais e menosprezando o meio ambiente. Empresas do terceiro milênio precisam voltar suas atenções ao meio ambiente para continuar produzindo e sendo competitivas, buscando sempre novas alternativas para a preservação e controle do meio ambiente saudável. Alencastro (2012, p. 53) afirma que “uma das consequências dos processos 23 industriais é a exposição da humanidade a inúmeros riscos e diversas modalidades de contaminação que representam ameaças para as pessoas e para o meio ambiente”. Há diversas formas de poluição. Essa é, atualmente, uma grande preocupação das pessoas e das organizações. Por isso, a necessidade de dedicar esforços à gestão ambiental. A maneira pela qual a empresa ou o Estado se mobilizam, interna ou externamente, na conquista da qualidade ambiental pelo uso de práticas que garantam a conservação e a preservação da biodiversidade, a reciclagem das matérias primas e a redução do impacto ambiental das atividades humanas sobre os recursos naturais é chamada gestão ambiental (Alencastro, 2012, p. 69). De acordo com Alencastro (2012, p. 69), nas empresas, chamamos de gestão ambiental empresarial as diversas atividades operacionais e administrativas voltadas à abordagem de problemas ambientais relacionados às suas operações ou no sentido de evitar ocorrências negativas no futuro. Assim, cabe à administração da produção e serviços planejar e executar alternativas de otimização de todos os recursos organizacionais preservando e protegendo a vida no seu entorno. É preciso buscar soluções criativas e inovadoras para produzir cada vez mais com qualidade, reaproveitando ao máximo seus resíduos e, principalmente, a água, instalando dispositivos de filtragem de resíduos líquidos e gasosos para que sejam minimizados seus efeitos nocivos ao meio ambiente. Além disso, tudo aquilo que não pode ser reaproveitado deve ser adequadamente descartado para não causar problemas futuros. Outro problema é o consumismo: quanto mais as pessoas consomem, mais lixo é produzido. O dilema é: nossa empresa depende da demanda para produzir mais, vender mais e lucrar mais. Precisamos que as pessoas consumam nossos produtos para nos manter no mercado. Então, só há um jeito: buscar alternativas, por exemplo, embalagens que se degradem mais rapidamente, logística reversa para materiais que levam muito tempo para se degradarem como vidros, plásticos e metais. As organizações que começarem a incluir em suas campanhas de marketing a educação ambiental, ensinando as pessoas a destinar adequadamente o lixo e objetos que não tem mais utilidade para elas, certamente terão sua imagem fortalecida e, consequentemente, atrairão mais consumidores. 24 FINALIZANDO Nesta aula, tivemos a oportunidade de estudar a classificação e componentes dos produtos e serviços, como bens ou mercadorias (que abrange os bens de consumo duráveis, perecíveis e semiduráveis) e os bens de produção, além dos serviços. Temos também a divisão entre produto concreto e produto abstrato. Qualquer produto ou serviço apresenta dois tipos de dimensões: intangíveis e tangíveis. Para a administração da produção, os componentes dos bens são aqueles representados pelas dimensões tangíveis dos produtos ou serviços, que vão sendo incorporadas nodecorrer do processo de produção, como: matéria-prima, embalagem, qualidade, custo, tempo. Os componentes dos serviços são os elementos estocáveis e os não estocáveis. Também falamos sobre o ciclo de vida dos bens e serviços, definido pelas fases: introdução, crescimento, maturidade e declínio. Estudamos sobre projeto e desenvolvimento da produção e serviços, que deve atender aos seguintes objetivos de desempenho: qualidade, rapidez, confiabilidade, flexibilidade e custo. O desenvolvimento de novos produtos passa pelas fases: desenvolvimento do conceito, planejamento do produto, engenharia de produto ou processo e produção piloto/crescimento. Para o desenvolvimento de novos serviços, é necessário elaborar um projeto, no qual deve constar uma análise de mercado referente ao serviço em questão e uma análise da capacidade produtiva para a nova oferta. Discorremos, ainda, sobre as instalações e arranjo físico, tanto para empresas industriais quanto de prestação de serviços. Os fatores de localização podem ser classificados como principais ou secundários. Em relação ao arranjo físico, este deve ser bem planejado no sentido de otimizar o fluxo dos processos, tanto para a indústria como para a prestação de serviços. Finalizando nossa aula, falamos sobre produção, consumo e meio ambiente, sobre a responsabilidade que as empresas têm no sentido de preservar e respeitar o meio ambiente e a vida de modo geral. 25 REFERÊNCIAS ALENCASTRO, M. S. C. Empresas, ambiente e sociedade: introdução à gestão socioambiental corporativa. Curitiba: InterSaberes, 2012. CHIAVENATO, I. Gestão da produção: uma abordagem introdutória. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. FITZSIMMONS, J. A.; FITZSIMMONS, M. J. Administração de serviços: operações, estratégia e tecnologia da informação. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. LELIS, E. C. (Org.). Gestão da produção. São Paulo: Pearson, 2014. PARANHOS, Moacyr. Gestão da produção industrial. Curitiba: InterSaberes, 2012. RITZMAN, L. P.; KRAJEWSKI, L. J. Administração da produção e operações. São Paulo: Prentice Hall, 2004. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
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