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TCC_RIO_ANTONIO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA 
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS 
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA 
COLEGIADO DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA 
 
 
 
 
 
 
MARIANA DIAS ALVES 
 
 
 
 
CARACTERIZAÇÃO SÓCIOAMBIENTAL DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO 
RIO DO ANTÔNIO, BAHIA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Salvador – Bahia 
2016 
 
 
1 
 
MARIANA DIAS ALVES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CARACTERIZAÇÃO SÓCIOAMBIENTAL DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO 
RIO DO ANTÔNIO, BAHIA. 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de 
Graduação em Geografia como requisito parcial para 
obtenção do Grau de Bacharel em Geografia pela 
Universidade Federal da Bahia. 
 
Orientadora: Profª Drª Gisele Mara Hadlich 
 
 
 
 
 
 
 
 
Salvador - Bahia 
2016 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
__________________________________________________________________ 
 
 Alves, Mariana Dias 
 
 Orientadora: Profa. Dra.: Gisele Mara Hadlich 
Caracterização Socioambiental da sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio, Bahia. / Mariana Dias 
Alves. – Salvador, 2016. 
 
1. Sub-bacia. 2. Uso da terra 3. Setores censitários. 4. rio do Antônio. I. Hadlich, Gisele Mara 
 
 ___________________________________________________________________________ 
Elaborada pela Biblioteca do Instituto de 
Geociências da Universidade Federal da Bahia 
 
3 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
 
 
MARIANA DIAS ALVES 
 
 
 
 
CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO 
DO ANTÔNIO, BAHIA. 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso 
de Graduação em Geografia como requisito parcial para 
obtenção do Grau de Bacharel em Geografia pela 
Universidade Federal da Bahia. 
 
 
APROVADO EM: 30 de maio de 2016. 
 
 
Banca Examinadora: 
 
Gisele Mara Hadlich, Orientadora______________________________________________ 
Profa Dra em Geografia, Universidade Federal de Santa Catarina 
 
Antônio Puentes Torres, Membro ______________________________________________ 
Prof Dr em Hidrologia Florestal - Universidad de Córdoba 
 
Dária Maria Cardoso Nascimento, Membro _________________________________________ 
Profa Dra em Geologia, Universidade Federal da Bahia 
 
 
 
 
 
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AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço а Deus, pela força, proteção е coragem durante toda esta longa caminhada e em 
todos os dias de minha vida. 
 
Agradeço aos meus pais, Geraldo e Maria Zélia pelo amor, dedicação, exemplo de humildade, 
bondade, por terem me dado as melhores referencias de caráter e que cоm muito carinho е 
apoio nãо mediram esforços para qυе еu chegasse аté esta etapa dе minha vida. 
 
Agradeço às minhas irmãs irmãs, Graça, Geze e Ana, pela preocupação e pelos conselhos que 
contribuíram para minha formação , além do carinho e torcida extendidos aos meus 
sobrinhos, Marissol, Willian, Antônio e Miguel. 
 
A todos os meus tios e tias, primos e primas, em especial a minha tia Marlene e meus primos 
Pedro e Heitor pela acolhida no início da minha caminhada aqui em Salvador. Não poderia 
deixar de agradecer e homenagear também ao meu tio Dandão (em memória) por seu exemplo 
de vida, dedicação a família e educação e que com toda certeza estaria vibrando neste 
momento comigo. 
 
Ao meu namorado João Gabriel e toda sua família pelo carinho de sempre, apoio e toda 
tranquilidade que me passaram nos momentos da execução desse trabalho. 
 
À minha orientadora, Professora Drª Gisele Mara, por me acompanhar boa parte da 
graduação, por todo conhecimento compartilhado desde o período em que fui monitora em 
geomorfologia até a orientação deste trabalho, com paciência, consideração e 
reconhecimento. 
 
Aos colegas da cartografia e geodésia do IBGE, unidade estadual da Bahia, assim como 
também aos colegas da coordenação de licenciamento ambiental da SUCOM, pela 
compreensão e palavras de apoio. 
 
 Enfim, a todos que contribuiram direta e indiretamente nessa trajetória, meu muito obrigada! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
RESUMO 
 
A sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio faz parte da bacia do rio de Contas e 
localiza-se no centro sul do estado da Bahia, entre as coordenadas geográficas 14º0’0’’ a 
14º56’0’’ S e 41º28’0’’ a 42º48’0’’ W, região fisiográfica do semiárido. Este trabalho tem 
como objetivo geral fazer uma caracterização socioambiental da sub-bacia do rio do Antônio, 
abordando seus aspectos físicos e socioeconômicos. Desta forma, foram realizadas as 
seguintes etapas: caracterização do meio físico da bacia hidrográfica no que se refere a 
aspectos hidrográficos, climáticos, geológicos, geomorfológicos e pedológicos; caracterização 
do uso e cobertura da terra na sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio; verificação de dados 
sobre os setores censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do censo 
demográfico de 2010, que se encontram dentro da sub-bacia hidrográfica e, a partir da seleção 
de variáveis socioeconômicas e de infraestrutura básica, fazer uma caracterização relacionada 
aos aspectos sociais, econômicos e ambientais. Para fazer a análise dos dados foram utilizadas 
ferramentas de geoprocessamento e conhecimento prévio de campo. No uso da terra 
obtiveram-se cinco classes: áreas urbanas não agrícolas, áreas com vegetação natural, cultivo 
- pastagem, água e outras áreas. Em relação aos dados socioeconômicos, foram analisados os 
setores censitários com variáveis acerca de infraestrutura básica e sociais. A precariedade 
socioambiental na sub-bacia vai além dos problemas enfrentados pelos sucessivos e longos 
períodos de seca, incluindo a carência por falta de acesso aos serviços de infraestrutura básica. 
Na relação das classes de relevo com o uso e cobertura da terra, notou-se que nos locais onde 
há a presença mais concentrada de vegetação natural são as áreas que apresentam maior 
declividade, logo são áreas de menos impactos gerados por uso antrópico, sendo que a 
ocupação do homem, tipicamente nas áreas urbanas, encontra-se nas áreas de classes de 
declividade mais baixa. Na caracterização dos aspectos físicos e socieconômicos não foi 
observada uma relação clara entre eles, porém foi observado que as áreas mais carentes em 
relação à infraestrutura básica são as áreas rurais. 
 
Palavra-chave: Sub bacia hidrográfica, uso da terra, setores censitários, rio do Antônio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
ABSTRACT 
 
 
The sub-basin of the Antonio River, is part of the basin of the Contas River and is 
located in the south center of Bahia state, between the geographical coordinates 14º0'0 '' to 
14º56'0 '' S and 41º28'0 '' the 42º48'0 '' W, physiographic region of semiarid region. This work 
has as main objective to make a social and environmental characterization of the sub-basin of 
the river Antonio, addressing their physical and socioeconomic aspects. Thus, the following 
steps were taken: characterization of the physical environment of the river basin in relation to 
hydrographic aspects, climatic, geological, geomorphological and pedological; 
characterization of land use and land cover in the watershed of the River Antonio; Data 
verification of the census sectors of the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) 
the census of 2010 are within the watershed and, from the selection of socioeconomic 
variables and basic infrastructure, do a related characterization social, economic and 
environmental aspects. To make the data analysis were used geoprocessing tools and prior 
knowledge of the field. Land use were obtained five classes: non-agricultural urban areas, 
areas with natural vegetation, crop - pasture, water and other areas. In relation to 
socioeconomicdata, census tracts with variable about basic and social infrastructure were 
analyzed. The environmental insecurity in the sub-basin goes beyond the problems faced by 
successive and long periods of drought, including the lack of lack of access to basic 
infrastructure services. In respect of the relevant classes with the use and land cover, it was 
noted that where there is the most concentrated presence of natural vegetation are the areas 
with the greatest slope, then are areas of least impact generated by anthropic use, and the 
occupation of man, typically in urban areas, is in the areas of lower slope classes. In the 
characterization of the physical and Socieconomic aspects it was observed a clear relationship 
between them, but it was observed that the most deprived areas compared to basic 
infrastructure are the rural areas. 
 
Key-words: Sub-basin, land use, census tracts, river of the Antônio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
SUMARIO 
 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9 
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 14 
2.1 Geral ................................................................................................................................... 14 
2.2 Específicos .......................................................................................................................... 14 
3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 15 
3.1 BACIAS HIDROGRÁFICAS ............................................................................................ 15 
3.1.1 Caracterização de bacias hidrográficas e rede de drenagem ........................................... 17 
3.2 ASPECTOS DO MEIO FÍSICO EM BACIAS HIDROGRÁFICAS ................................ 21 
3.2.1 Clima ............................................................................................................................... 21 
3.2.2 Geomorfologia ................................................................................................................. 21 
3.2.3 Geologia .......................................................................................................................... 23 
3.3 ESTUDOS AMBIENTAIS EM BACIAS HIDROGRÁFICAS: CONSIDERAÇÕES 
PARA A SUB-BACIA DO RIO DO ANTÔNIO ......................................................... 24 
3.3.1 Análise de dados socioeconômicos ................................................................................. 25 
3.3.2 Análise do uso da terra .................................................................................................... 26 
4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 28 
4.1 TRABALHO DE CAMPO ................................................................................................. 28 
4.3 USO DA TERRA ............................................................................................................... 28 
4.4 MAPA DE HIPSOMETRIA E DECLIVIDADE ............................................................... 30 
4.5 SETORES CENSITÁRIOS ................................................................................................ 30 
5 CARACTERIZAÇÃO DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO ANTÔNIO
 .................................................................................................................................................. 33 
5.1 CLIMA ............................................................................................................................... 33 
5.2 GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS ................................................................. 36 
 
8 
 
5.3 HISTÓRICO E OCUPAÇÃO DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO 
ANTÔNIO .................................................................................................................... 41 
6 USO E COBERTURA DA TERRA E CARACTERÍSTICAS SÓCIOECONÔMICAS
 .................................................................................................................................................. 46 
6.1. USO E COBERTURA DA TERRA .................................................................................. 46 
6.2 SETORES CENSITÁRIOS ................................................................................................ 52 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 69 
REFERENCIAS ..................................................................................................................... 71 
APÊNDICE 1 .......................................................................................................................... 75 
 
 
9 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A crescente demanda pelo uso dos recursos naturais foi acompanhada nas décadas 
recentes pela preocupação com a quantidade e a qualidade desses recursos para as futuras 
gerações. No Brasil, os estudos ambientais foram mais impulsionados durante a década de 80, 
quando o levantamento de características para este tipo de estudos foram importantes para dar 
suporte ao reconhecimento das atividades humanas causadoras de impactos (CUNHA, 2012). 
A partir da década de 1990 os estudos se intensificaram, tendo sido a Rio 92 
(Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento) um marco 
para o ambientalismo, pois reuniu muitos chefes de Estados em busca de soluções para o 
desenvolvimento sem degradação nas populações pobres em todo o mundo. As bases para a 
Rio 92 tiveram força desde a Conferência em Estocolmo, na Suécia, organizada pela 
Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972. A visibilidade e repercusão deste evento foi 
grande devido às discussões em torno das questões ambientais e encaminhamentos 
norteadores visando uma reflexão sobre um crescimen9to econômico e progresso das nações 
de forma mais sustentável. 
Assim, sobretudo a partir da segunda metade dos anos 1990, iniciou um período 
caracterizado pela grande produção de estudos ambientais, mais especificamente relacionadas 
ao uso da terra e aos recursos hídricos. A conscientização, cada vez maior por parte da 
sociedade em relação aos elementos essenciais para obter uma melhor qualidade de vida e 
causar menos impactos ao meio, estimulou o desenvolvimento de estudos ambientais e a 
busca gradativa de conhecimentos sobre os recursos disponíveis em suas respectivas áreas de 
estudo (CUNHA, 2012). 
Consequentemente, ascendeu de forma considerável a aplicação dos estudos 
ambientais em bacias hidrográficas e também a sua importância como unidade de 
planejamento e análise ambiental. A bacia hidrográfica é reconhecida como unidade espacial 
na Geografia desde o fim dos anos de 1960. Contudo, durante a década de 1990 a 2000 ela foi 
requisitada por profissionais além da Geografia, abrangendo a grande área das Geociências e 
Ciências Ambientais em trabalhos, pesquisas e projetos: 
Cresceu enormemente o valor da bacia hidrográfica como unidade de análise 
e planejamento ambientais. Nela é possível avaliar de forma integrada as 
ações humanas sobre o ambiente e seus desdobramentos sobre o equilíbrio 
hidrológico, presente no sistema pela bacia de drenagem. (BOTELHO; 
SILVA, 2012, p.155) 
 
 
10 
 
O conceito de bacia hidrográfica envolve, de uma forma geral e simples, o conjunto de 
terras drenadas superficialmente por um rio principal e seus afluentes (DELL PRETTE et al., 
2002, p. 17). Ainda pode ser chamada de bacia de drenagem ou bacia fluvial e também ser 
definida como uma área da superfície que drena água, sedimentos e materiais dissolvidos para 
uma saída comum, em um determinado ponto de um canal fluvial (TORRES; MARQUES 
NETTOet al., 2012, p. 170). Na mesma linha, a bacia hidrográfica é uma área de captação 
natural da água de precipitação que faz convergir o escoamento para um único ponto de saída 
e compõe-se de um conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de drenagem formada por 
cursos de água que confluem até resultar em um leito único no seu exutório (TUCCI 1997, 
citado por PORTO; PORTO, 2008, p. 48). 
A adoção da unidade espacial bacia hidrográfica, não somente para estudos 
ambientais, mas também como unidade de gestão, tornou-se mais evidente com a chamada 
Lei dos Recursos Hídricos, Lei 9.433 de 1997, que institui a Política Nacional de Recursos 
Hídricos (PNRH) e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos 
(SINGREH) (BRASIL, 1997). A Lei das Águas, como também é conhecida, surgiu em uma 
circunstância em que a água vinha se tornando cada vez mais escassa considerando seu uso 
para diversas finalidades, com a preocupação de que a sua distribuição fosse equitativa. 
Apesar do território brasileiro conter grande quantidade de água doce em relação a outros 
países, os seus recursos hídricos são mal distribuídos. A água não chega para todos na mesma 
quantidade e regularidade devido às diferenças geográficas de cada região e as mudanças de 
vazão dos rios causadas pelas variações climáticas ao longo do ano afetam a distribuição; há 
também o uso indiscriminado tanto dos mananciais superficiais quanto dos subterrâneos. 
Ainda de acordo com a Lei 9.433/1997, o Estado deve compartilhar com os diversos 
segmentos da sociedade uma participação ativa nas decisões. Cabe à União e aos Estados, 
cada um em suas respectivas esferas, implementar o SINGREH, legislar sobre as águas e 
organizar, a partir das bacias hidrográficas, um sistema de administração de recursos hídricos 
que atenda as necessidades regionais. 
Baseada na lei federal citada acima e ainda na lei estadual 11.612/09, o estado da 
Bahia está aperfeiçoando o processo de planejamento e gestão das águas no território baiano, 
tendo como unidade de planejamento a bacia hidrográfica, através de Regiões Planejamento e 
Gestão das Águas, RPGAs (BAHIA, 2005). 
Muitos fatores podem ser considerados em um estudo de bacias hidrográficas. A 
abordagem, a perspectiva e a aplicação a ser utilizada neste recorte espacial varia na medida 
 
11 
 
das características escolhidas para serem levantadas, o que se modifica de acordo com as 
diferentes análises feitas por profissionais e pesquisadores de diversas áreas. Portanto, apesar 
de uma abordagem de cunho hidrológico ser essencial para o entendimento das características 
da bacia em uma análise preliminar, necessita-se recorrer a outos fatores para compreender a 
sua dinâmica. 
Devido a essa dinâmica, à diversidade e à riqueza de informações que a bacia pode 
oferecer, é muito recorrente utilizar uma abordagem interdisciplinar para retratá-la. Neste 
sentido o enfoque amplia-se, ´´... envolvendo o conhecimento da estrutura biofísica da Bacia 
Hidrográfica, bem como das mudanças nos padrões de uso da terra e suas implicações 
ambientais...´´ (DELL PRETTE et al., 2002, p. 17). 
Posto isso, os estudos sobre bacias hidrográficas podem considerar fatores como 
vegetação, clima, geologia, solos, geomorfologia e as ações antrópicas que são 
imprescindíveis na definição de parâmetros para diagnóstico do meio físico, social e 
econômico. Esses fatores sofrem influências ao longo do tempo, modificando assim a 
morfologia e dinâmica dessas áreas. Levando em consideração a dinâmica do recorte espacial 
da bacia hidrográfica e o interesse de múltiplas áreas em tê-la como objeto de estudo 
interdisciplinar, coloca-se a bacia hidrográfica em um patamar de importante e interessante 
área de pesquisa, pois reúne elementos essenciais de um ecossistema, despertando o interesse 
e a necessidade de diagnosticar os impactos socioambientais nessas áreas, cada vez mais 
recorrentes à medida que os processos antrópicos se intensificam das mais variadas formas.·. 
Os estudos de caracterização socioambiental, por exemplo, permitem a amplitude de 
eleger elementos diferenciados, sejam eles físicos sociais e econômicos que podem ilustrar 
uma série de informações e facilitam a possibilidade de uma análise preliminar do perfil da 
bacia, além de viabilizar um conhecimento mais amplo sobre as características da área a ser 
pesquisada. 
Para este estudo foi eleita a sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio que está 
localizada entre as coordenadas geográficas 14º0’0’’ a 14º56’0’’ S e 41º28’0’’ a 42º48’0’’ W, 
na Macroregião do Nordeste brasileiro, Região Fisiográfica do Semi-Árido, Mesoregião do 
Centro-Sul do Estado da Bahia e, hidrologicamente, no Alto da Bacia do rio de Contas (figura 
1). 
A escolha da sub-bacia do rio do Antônio decorreu dos problemas enfrentados pela 
região, em função do clima semiárido que, por suas características, traz consequências 
negativas acarretando em sucessivos e longos períodos de estiagem, consequentemente de 
 
12 
 
falta de água e de conflitos pelo seu uso. Além disso, existem poucos registros de pesquisas e 
estudos desta bacia resultando na carência de informações de cunho científico para respaldar a 
caracterização da área, o que impede uma gestão organizada, podendo prejudicar a qualidade 
ambiental e de vida da população que nela vive. 
Por um lado mesmo a sub-bacia hidrográfica não constituindo em uma unidade 
politico administrativa do poder executivo e muitas vezes corresponder a áreas de 
superposição de jurisdição em diferentes níveis, o que gera uma dificuldade em compatibilizar 
a sua administração, por outro pode proporcionar uma maior integração das políticas públicas 
locais e/ou regionais. 
Figura 1 – Sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio localizada na bacia hidrográfica do rio de Contas, no 
Estado da Bahia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dessa forma busca-se apresentar ao longo dessa pesquisa elementos sócioambientais 
que visam caracterizar a área em questão. 
 
13 
 
Este trabalho de conclusão de curso apresenta inicialmente, após os “objetivos”, um 
capítulo de “revisão de literatura” onde são expostos conceitos, linhas e autores que 
subsidiaram teoricamente o desenvolvimento desta pesquisa. Segue um capítulo de 
“materiais e métodos” no qual são dispostos as ferramentas e os procedimentos para a 
execução do estudo, sendo dividida em seções que expõem as etapas, a execução e o método 
da pesquisa. Posteriormente é mostrado um capítulo de caracterização da área de estudo, com 
informações gerais da área, como hidrografia, clima, geologia, geomorfologia e solos. A partir 
disso, são expostas no capítulo “Uso da terra e características socioeconômicas’ as descrições 
do uso da terra e de dados censitários da área da bacia que compreendem, dessa forma, os 
resultados e discussões do presente estudo. Por fim, as considerações finais sobre os 
resultados apresentados. 
 
14 
 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 GERAL 
 
O objetivo geral deste estudo é apresentar uma caracterização socioambiental da sub-
bacia hidrográfica do rio do Antônio, localizada no Estado da Bahia, contemplando aspectos 
do meio físico e dados socioeconômicos. 
 
 
2.2 ESPECÍFICOS 
 
São objetivos específicos: 
 
- caracterizar o meio físico da BH no que e refere a aspectos hidrográficos, climáticos, 
geológicos, geomorfológicos e pedológicos; 
- caracterizar o uso da terra na sub-bacia hidrográfica; 
- verificar dados sobre os setores censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE) que se encontram dentro da sub-bacia hidrográfica e, a partir da seleção de variáveis 
socioeconômicas e de qualidade de vida, realizar uma caracterização relacionada a aspectos 
sociais e econômicos; 
 
 
 
15 
 
3 REVISÃO DE LITERATURA 
 
Como destacado no capítulo anterior, o objetivo principal desta pesquisa é levantar 
elementos quepossam vir a subsidiar um estudo de caracterização socioambiental na sub-
bacia hidrográfica do rio do Antônio, visando auxiliar no conhecimento das características 
desta área de estudo enfatizando a importância da escolha de fatores que podem viabilizar um 
diagnóstico para esse tipo de pesquisa. 
Os elementos serão analisados através da utilização de geotecnologias. Os 
procedimentos e processamento dos dados serão descritos no capítulo de materiais e métodos, 
porém, para a compreensão e interpretação desses elementos, são necessários conceitos 
apresentados nesta revisão de literatura. 
Para compreender as questões associadas à caracterização socioambiental da sub-bacia 
hidrográfica do rio do Antônio, esta pesquisa recorreu a estudos e teorias que visam discutir, 
fundamentar e explicar os elementos elegidos. Nesse contexto, esse capítulo apresentará além 
dos conceitos básicos necessários à pesquisa, elementos de discussão de modo a enriquecê-la. 
 
 
3.1 BACIAS HIDROGRÁFICAS 
 
O objeto de estudo e unidade de abrangência desta pesquisa é uma sub-bacia 
hidrográfica. Um estudo utilizando este recorte como enfoque poderá ter diversas 
interpretações e aplicações, dependendo da perspectiva, área de formação e interesse do 
pesquisador. 
Os primeiros questionamentos que envolvem as bacias hidrográficas, além das suas 
características ambientais, estão relacionados à classificação das suas divisões e subdivisões 
as quais geram dúvidas a respeito do emprego adequado dos termos bacia, sub-bacia e 
microbacia, uma vez que as bacias hidrográficas são unidades espaciais de dimensões 
variadas, surgindo as derivações da nomenclatura. 
 
A Bacia de drenagem pode desenvolver-se em diferentes tamanhos, que 
variam desde a bacia do rio Amazonas até bacias com poucos metros 
quadrados que drenam para a cabeça de um pequeno canal erosivo ou, 
simplesmente, para o eixo de um fundo de vale não canalizado. (COELHO 
NETTO, 1995, p. 98). 
 
 
16 
 
 
Na literatura técnico-científica, os critérios para diferenciação das divisões podem ser 
desde unidades de medida, aspectos hidrológicos e ou ecológicos. 
Em relação aos critérios relacionados à unidade de medidas, tem-se que as sub-bacias, 
para Faustino (1996), possuem áreas maiores que 100 km² e menores que 700 km²; já para 
Rocha (1997, citado por MARTINS et al., 2005) são áreas entre 20.000 ha a 30.000 ha (200 
km² a 300 km²). A microbacia, por sua vez, “possui toda sua área com drenagem direta ao 
curso principal de uma sub-bacia, várias microbacias formam uma sub-bacia, sendo a área de 
uma microbacia inferior a 100 km²” (FAUSTINO, 1996). Mas para Botelho e Silva (2002), a 
dimensão espacial da microbacia não está fixada e não há um consenso sobre a sua 
distribuição. 
Do ponto de vista dos aspectos hidrológicos, a classificação de bacias hidrográficas 
em grandes e pequenas considera, além da superfície total, os efeitos de alguns fatores 
dominantes na geração do escoamento superficial, tendo as microbacias como características 
distintas uma grande sensibilidade tanto às chuvas de alta intensidade (curta duração) como 
também ao fator uso do solo (cobertura vegetal), ou seja, qualquer alteração do uso da terra 
reflete rapidamente no rio local. Sendo assim, as alterações na quantidade e qualidade da água 
do escoamento superficial, em função de chuvas intensas e ou em função de mudanças no uso 
do solo, são detectadas com mais sensibilidade nas microbacias do que nas grandes bacias 
(LIMA; ZAKIA, 2000). 
Outro conceito importante atribuído a microbacias é o ecológico, que considera a 
menor unidade do ecossistema onde pode ser observada a delicada relação de 
interdependência entre os fatores bióticos e abióticos, sendo que perturbações podem 
comprometer a dinâmica de seu funcionamento. Esse conceito visa à identificação e ao 
monitoramento de forma orientada dos impactos ambientais (MOSCA, 2003; LEONARDO, 
2003) citado por (TEODORO, 2007; TEIXEIRA, 2007). Calijuri e Bubel (2006) adotam 
unidades hidrológicas e ecológicas para conceitualizar o termo microbacia hidrográfica. Para 
os autores, são áreas formadas por canais de 1ª e 2ª ordem hierárquica (segundo a 
hierarquização fluvial proposta por Strahler, 1952) e, em alguns casos, de 3ª ordem, definida 
como base na dinâmica dos processos hidrológicos, geomorfológicos e biológicos. As 
microbacias são áreas frágeis e frequentemente ameaçadas por perturbações, nas quais as 
escalas espacial, temporal e observacional são fundamentais (TEODORO, 2007; TEIXEIRA, 
2007). 
 
17 
 
Para este estudo foi considerado que todos estes termos são relacionados entre si, pois 
as bacias podem ser desmembradas em um número qualquer de sub-bacias, dependendo do 
ponto de saída considerado ao longo do seu eixo-tronco ou canal coletor. Cada bacia 
hidrográfica interliga-se com outra de ordem hierárquica superior, constituindo, em relação à 
última, uma sub-bacia. Portanto, os termos bacia e sub-bacias hidrográficas são relativos 
(SANTANA, 2004). 
 
As grandes bacias são compostas por várias sub-bacias, estas por outras 
tantas sub-bacias, e assim sucessivamente, até chegar às microbacias. Na 
realidade, todas são bacias hidrográficas (...) O que vai classificá-las como 
sub-bacias é o fato de estarem ou não inseridas em outra bacia com maior 
área de drenagem, ou ainda, se seu curso d’água principal for afluente 
(tributário) do rio principal da bacia maior. (ANA, 2011, p. 21) 
 
 
A bacia hidrográfica, portanto, pressupõe múltiplas dimensões e expressões espaciais 
(bacias de ordem zero, microbacias, sub-bacias) e que não necessariamente guardam entre si 
relações de hierarquia. A funcionalidade implícita na escolha de uma bacia hidrográfica para a 
realização de determinado estudo é o grande benefício advindo de uma seleção criteriosa 
(BOTELHO; SILVA, 2004). 
Para entender o meio físico da bacia hidrográfica é necessário recorrer à 
geomorfologia fluvial e à hidrografia e à hidrologia, que englobam o estudo dos cursos de 
água e das bacias hidrográficas, considerando as principais características que condicionam o 
regime hidrológico. Essas características ligam-se aos aspectos geológicos, às formas de 
relevo e aos processos pedológicos e geomorfológicos, às características hidrológicas e 
climáticas, à biota e à ocupação do solo (CUNHA, 2012). 
Na caracterização da sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio foi preciso buscar o 
conceito de alguns termos que envolvem a geomorfologia fluvial. 
 
3.1.1 Caracterização de bacias hidrográficas e rede de drenagem 
 
Na bacia hidrográfica, diversos parâmetros podem ser identificados. Considerando a 
estrutura hidrológica, é possível compreender que os processos hídricos são formados pela 
relação de vários elementos, expressos em diversas características morfométricas de uma 
bacia; deste modo, algumas características e definições morfométricas que irão ser utilizadas 
mais adiante são apresentadas a seguir. 
 
18 
 
A análise linear de uma bacia hidrográfica refere-se aos índices e relações ao longo do 
fluxo da rede de drenagem, como relação entre o comprimento médio dos canais de cada 
ordem, relação de bifurcação e comprimento do rio principal. Esses elementos compreendem 
a fisiografia fluvial, que pode ser entendida sob o ponto de vistas dos tipos de leito (que 
corresponde ao espaço ocupado pelo escoamento das águas), de canal e rede de drenagem. 
 A rede de drenagem por sua vez está relacionada com a conectividade dos canais entre 
si e que drenam a água da chuva, dependendo, além do regime das precipitações, das perdas 
por evapotranspiração e infiltração, podendo ser chamada também de rede hidrográfica. 
Segundo Cunha (2012b), o leito fluvial corresponde ao espaço ocupado pelo escoamento das 
águas. Já os padrões dos canais constituem a fisionomia que o rio exibe ao longo do seu perfil 
longitudinal e é descrita como retilínia, anostomosadae meândrica. 
A ordenação dos canais fluviais é o primeiro passo para a análise morfométrica das 
bacias hidrográficas. O grau de ramificação e bifurcação dentro de uma bacia é refletido 
através da classificação da ordem dos canais ou rios, dessa forma, entende-se por hierarquia 
fluvial o processo de se estabelecer a classificação de determinado curso d´água (ou da área 
drenada que lhe pertence) no conjunto total da bacia hidrográfica na qual se encontra 
(CRISTOFOLETTI, 1981). 
O sistema de hierarquia fluvial que é o mais utilizado e se destaca nos estudos de 
caracterização de bacias hidrográficas, foi introduzido por Arthur Strahler. Para ele, os 
menores canais, sem tributários, são considerados como de primeira ordem, estendendo-se 
desde a nascente até a primeira confluência com outro canal qualquer; os canais de segunda 
ordem surgem da confluência dos canais de primeira ordem, e só recebem afluentes de 
primeira ordem; os canais de terceira ordem surgem da confluência de dois canais de segunda 
ordem, podendo receber afluentes de segunda e primeiras ordens; os canais de quarta ordem 
surgem da confluência de dois canais de terceira ordem, podendo receber tributários das 
ordens inferiores, e assim sucessivamente (figura 2). Nessa ordenação, elimina-se o conceito 
de que o rio principal deva ter o mesmo número de ordem em toda a sua extensão 
(MACHADO; TORRES, 2012 citado por MENEZES; MARQUES NETTO, 2012, p. 165). 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
Figura 2 - Hierarquia fluvial representada pelo sistema de Sthraller 
 
Fonte: Adaptado pela própria autora a partir de Christofoletti (1981) 
 
De acordo com o escoamento fluvial, segundo Cunha (2012, p. 223), as bacias podem 
ser classificadas em: 
- exorréica: quando a drenagem se dirige para o mar; 
- endorréica: quando a drenagem se dirige para uma depressão ou dissipa-se nas areias 
do deserto ou se perde em depressões cársticas; 
Já a classificação dos padrões de drenagem é baseada na geometria dos canais e 
apresenta os seguintes tipos fundamentais (CUNHA, 2012, p.225): 
- dendrítica: é conhecida como arborescente pela sua semelhança com os galhos de 
uma árvore; esse padrão desenvolve-se sobre rochas de resistência uniforme ou em rochas 
estratificadas horizontais; 
- retangular: está adaptada às condições estruturais e tectônicas que originam 
confluências em ângulos quase retos; 
- paralela: os rios são poucos ramificados e mantêm espaçamento regular entre si, 
originado pelos controles estruturais; 
- radial: desenvolve-se em diferentes embasamentos e estruturas; 
 
20 
 
- radial centrífuga: quando os rios nascem próximos de um ponto comum e se irradiam 
para todas as direções; 
-radial centrípeta: quan/do a drenagem converge para um ponto comum, em posição 
baixa; 
-anelar: é típica de áreas dômicas profundamente entalhadas; 
-irregular: surge em áreas de recente sedimentação, erosão ou levantamento, onde a 
drenagem não teve tempo suficiente para se organizar. 
De acordo a exposição dos principais tipos de padrão de drenagem, anteriormente, 
pode-se identificar alguns desses padrões na figura 3 de acordo classificação adaptada por 
Bigarella e extraída de Cunha e Teixeira (2012). 
Figura 3 - Principais padrões de drenagem 
 
Fonte: Cunha e Teixeira (2012, p. 226). 
 
21 
 
Para Cunha e Guerra (1998), a bacia hidrográfica constitui-se num elemento formador 
de paisagens e relevos, resultados de mecanismos erosivo-deposicionais, resultantes da 
interação de diversos fatores bióticos (fauna e flora), abióticos (clima, rocha, solo e posição 
topográfica) e antrópicos que, na atualidade, é o fator mais proeminente modificador do meio 
ambiente, causando grandes impactos à paisagem e ao equilíbrio dos sistemas ambientais. 
Dessa forma, buscou-se neste estudo abordar fatores abióticos, bióticos e antrópicos 
para ilustrar o trabalho e compreender as suas funcionalidades diante deste recorte espacial. 
 
3.2 ASPECTOS DO MEIO FÍSICO EM BACIAS HIDROGRÁFICAS 
 
A bacia hidrográfica tem a sua funcionalidade determinada pelo ciclo da água sendo 
dinamizado por diversos fatores físicos, como o clima, a geomorfologia, geologia e solos. 
Neste capítulo será feita a descrição desses aspectos e a contribuição de cada um para a 
dinâmica da bacia. 
 
3.2.1 Clima 
 
Os processos atmosféricos se apresentam influentes em uma série de sucessões de 
estados ou de mudanças que ocorrem em outras partes do ambiente, principalmente na 
biosfera, hidrosfera e litosfera. Logo, os estudos climáticos são extremamente importantes em 
estudos de cunho ambiental, visto que os mesmos apresentam-se integrados à maioria dos 
fenômenos observados nos ecossistemas existentes e, particularmente, em bacias 
hidrográficas, já que essas bacias são definidas espacialmente pela hidrologia de superfície 
(escoamento das águas de precipitação) (LORANDI; CANÇADO, 2002). 
É de extrema importância, portanto, conhecer o clima da região que afeta uma bacia 
hidrográfica pois a precipitação define o escoamento superficial, definindo assim a unidade 
espacial bacia hidrográfica, e define também alimentação de lençóis que podem vir a 
alimentar os rios de uma bacia, o que pode ser verificado somente por estudos hidrológicos 
subterrâneos. 
 
3.2.2 Geomorfologia 
 
Por serem capazes de modificar grandes extensões da superfície e por sua relação com 
o aprofundamento de vales e reflexo no recuo de vertentes, os cursos d’água constituem-se no 
 
22 
 
processo morfogenético mais atuante na esculturação da paisagem terrestre. Destaca-se a 
abordagem apresentada por Casseti (1991) que, discutindo a apropriação do relevo pelo 
homem, explicita a evolução geomorfológica de cada vertente em relação ao seu nível local 
de base definido pelo rio (talvegue). 
Dentre a grande quantidade de variáveis geomorfológicas que podem ser analisadas, 
destaca-se a morfometria utilizada com o objetivo de encontrar ligações entre parâmetros 
tradicionalmente descritivos de uma bacia e seus possíveis condicionamentos. Usada por 
geólogos e pedólogos, em estudos de zoneamento geotécnico e classificação de solos, 
respectivamente, a caracterização morfométrica apresenta as seguintes variáveis, sintetizadas 
por Christofoletti (1999) quando se estuda: 
• uma bacia: área e perímetro, forma, amplitude altimétrica, comprimento, 
comprimento total dos canais, quantidade de rios, densidade de drenagem, densidade de rios, 
relação de bifurcação, índice de dissecação e índice de rugosidade; 
 • uma vertente: altura, comprimento, declividade, largura, área ocupada, 
granulometria, rugosidade, espessura, densidade de sulcos ou ravinamentos, áreas ocupadas 
por matas ou tipos de uso do solo, vegetação, proporcionalidade de recobrimento, conteúdo de 
umidade do solo ou do manto decomposto, porosidade do solo ou manto decomposto e 
conteúdo orgânico do solo. 
A questão da Geomorfologia vai alem da morfometria, a depender do tamanho e forma 
das vertentes e da organização da rede de drenagem que compõe a bacia, condicionadas por 
fatores climáticos, geológicos e geomorfo-pedológicos; o escoamento superficial vai ser 
diferenciado e consequentemente influenciará nas variações dos fluxos e comportamento dos 
rios na bacia. Quanto maior a área e a declividade, tanto maior deverá ser a vazão máxima de 
escoamento superficial que ocorrerá na sua seção de deságüe. Além disso, a declividade de 
um relevo pode expressar a vulnerabilidade de uma vertente e a velocidade do escoamento 
superficial e o quanto que determinado fluxo influencia na erosão, pois é um dos principais 
fatores que condiciona o transporte de sedimentos. 
Neste estudo, a declividade das vertentes da sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio 
será avaliada e classificada como fator importate para caracterizá-la. Nos estudos ambientais 
em bacias hidrográficas este é um importante fator para diagnóstico, principalmente coma 
facilidade das novas tecnologias aplicados aos modelos digitais de terreno (MDT) que 
permitem a avaliação da declividade, hipsometria, compartimentação geomorfológica, 
delimitação de divisores de águas de forma automatizada e prática. 
 
23 
 
Recentemente, a Embrapa Monitoramento por Satélite desenvolveu uma metodologia 
para gerar um novo produto de grande interesse para a sociedade brasileira. A base são os 
dados numéricos de relevo e da topografia do Brasil, obtidos pela nave espacial americana 
durante a missão conhecida como SRTM (Shuttle Radar Topography Mission). Para cada área 
de 90 metros por 90 metros do território nacional, dispõe-se de uma medida altimétrica 
precisa. Esse gigantesco arquivo de base foi recuperado e tratado matematicamente através de 
modelos que permitem reconstituir o relevo do Brasil, como nas cartas topográficas, só que de 
forma digital e homogênea. Neste trabalho serão utilizadas imagens SRTM para extração das 
classes de declividade e correção da delimitação da bacia. 
3.2.3 Geologia 
 
Os fatores geológicos que influenciam na dinâmica de uma bacia de drenagem são 
representados pelo tipo de substrato rochoso e por alguns dos processos exógenos e 
endógenos que se desenvolvem na crosta terrestre: 
- processos exógenos: relacionados à dinâmica superficial, os processos mais 
influentes no desenvolvimento de canais de drenagem são: erosão, transporte e deposição, 
influenciando na distribuição espacial de áreas em diferentes estágios de erosão, transporte e 
deposição (assoreamento) numa bacia hidrográfica; esses mecanismos estão diretamente 
relacionados ao intemperismo que é o conjunto de alterações físicas (desagregação) e 
químicas (decomposição) que as rochas sofrem quando ficam expostas na superfície da Terra. 
É um processo importante porque é o início de um processo maior que continua com a erosão 
e a deposição do material por ele formado, com a posterior diagênese, que leva à formação 
das rochas sedimentares. Segundo Branco (2009), os tipos de intemperismo podem ser físicos, 
químicos e/ou biológicos, sendo que a ação do intemperismo dá-se através de modificações 
nas propriedades físicas e químicas dos minerais e rochas. Quando predominam as primeiras, 
fala-se em intemperismo físico; se predominam as segundas, fala-se em intemperismo 
químico; quando há participação de seres vivos e de matéria orgânica, é classificado em 
físico-biológico ou químico-biológico; 
- processos endógenos: através da observação dos padrões de drenagem, pode-se 
identificar o controle estrutural (falhas, juntas ou lineamentos) nos traçados dos canais, que 
pode variar entre muito baixo (modelo dendrítico) a muito alto (modelo angular, treliça). 
 
 
24 
 
3.2.4 Solos 
O tipo de solo interfere diretamente na velocidade de infiltração da água no solo e na 
capacidade de retenção de água sobre sua superfície. 
As características do padrão de drenagem repercutem no comportamento hidrológico e 
litológico de cada unidade de solo. Em locais onde a infiltração é mais dificultada, ocorre 
maior escoamento superficial, sendo possível maior esculturação da rede hidrográfica, tendo 
como conseqüência uma densidade de drenagem mais alta. 
 
3.3 ESTUDOS AMBIENTAIS EM BACIAS HIDROGRÁFICAS: CONSIDERAÇÕES 
PARA A SUB-BACIA DO RIO DO ANTÔNIO 
 
Através da literatura já apresentada pode-se perceber que a importância da bacia 
hidrográfica como unidade de análise é inquestionável e o seu campo de observação e 
abordagem é bastante vasto: 
Entendida como célula básica de análise ambiental, a bacia hidrográfica 
permite conhecer e avaliar seus diversos componentes e os processos e 
interações que nela ocorrem. A visão sistêmica e integrada do ambiente está 
implícita na adoção desta unidade fundamental. (BOTELHO; SILVA, 2004, 
p. 153). 
Apesar de este ser um estudo descritivo, o fato de estar analisando uma bacia 
hidrográfica e a grandiosidade de recursos que as ela fornece, é necessário frisar a sua 
dinamicidade e o seu caráter sistêmico, considerando as trocas de energia deste ambiente que 
é considerado uma unidade ecológica. 
Segundo Tricart (citado por ROSS, 2006), o ambiente é analisado sob o prisma da 
Teoria dos Sistemas que pressupõe que na natureza as trocas de energia e matéria se 
processam por relações de equilíbrio dinâmico. Esse equilíbrio, entretanto, é frequentemente 
alterado pelas intervenções do homem nos diversos componentes da natureza, gerando um 
estado de desequilíbrio temporário ou permanente. Diante disso, Trticart (1977) definiu que 
os ambientes, quando estão em equilíbrio dinâmico, são estáveis: 
As unidades ecodinâmicas instáveis são aquelas em que as intervenções 
antrópicas modificaram intensamente os ambientes naturais por meio dos 
desmatamentos e das práticas de atividades, enquanto as unidades 
ecodinâmicas estáveis são as que estão em equilíbrio dinâmico e foram 
poupadas da ação humana, encontrando-se portanto, em seu estado natural, 
como, por exemplo, um bosque de vegetação natural. (ROSS, 2008, p. 150). 
 
25 
 
Neste estudo é considerada a importância desta análise sistêmica e a importância de 
reconhecer a dinâmica da bacia hidrográfica, porém para o estudo foi abordado o 
levantamento de características gerais da bacia para futuramente aprofundar a análise nesta 
forma de abordagem. 
As aplicações e os métodos para estudos ambientais em bacias hidrográficas são 
diversos, mas para este trabalho será utilizado o levantamento de uso da terra e a análise de 
setores censitários para o levantamento de características socioambientais e demográficas, 
procedimentos que serão detalhados no próximo capítulo, referente aos Materiais e Métodos. 
Em relação às características socioambientais e demográficas, foi necessário considerar dados 
dos setores censitários porque expressam informações mais precisas em relação a outras 
unidades que foram pesquisadas (municípios, microoregiões), pois a seleção de setores 
censitários apresentou melhor expressividade na bacia do que limites administrativos 
municipais. 
 
3.3.1 Análise de dados socioeconômicos 
 
Para análise dos setores foi necessário buscar alguns conceitos de termos baseados na 
base territorial de informações do IBGE (2011) para compreender melhor a interpretação dos 
dados: 
- setor censitário: unidade territorial de controle cadastral da coleta, constituída por 
áreas contíguas, respeitando-se os limites da divisão político-administrativa, do quadro urbano 
e rural legal e de outras estruturas territoriais de interesse, além dos parâmetros de dimensão 
mais adequados à operação de coleta; 
- domicílio: é o local estruturalmente separado e independente que se destina a servir 
de habitação a uma ou mais pessoas, ou que esteja sendo utilizado como tal; 
- domicílio particular permanente: domicílio construído para servir, exclusivamente, à 
habitação e, na data de referência, tinha a finalidade de servir de moradia a uma ou mais 
pessoas; 
- população residente: constituída pelos moradores em domicílios na data de referência 
da pesquisa; 
- situação do domicílio: segundo a sua área de localização, o domicílio foi classificado 
em situação urbana ou rural. Em situação urbana, consideraram-se as áreas, urbanizadas ou 
não, internas ao perímetro urbano das cidades (sedes municipais) ou vilas (sedes distritais) ou 
 
26 
 
as áreas urbanas isoladas, conforme definido por Lei Municipal vigente em 31 de julho de 
2010. Para a cidade ou vila em que não existia legislação que regulamentava essas áreas, foi 
estabelecido um perímetro urbano para fins de coleta censitária, cujos limites foram 
aprovados pelo prefeito local. A situação rural abrangeu todas as áreas situadas fora desses 
limites. Este critério também foi utilizado na classificação da população urbana e da rural; 
- banheiro: cômodo que dispunha de chuveiro (ou banheira) e vaso sanitário (ou 
privada) ede uso exclusivo dos moradores, inclusive os localizados no terreno ou na 
propriedade; 
- energia elétrica: existência, no domicílio particular permanente, de energia elétrica e, 
para o domicílio que possuía, investigou-se a sua origem: de companhia distribuidora ou de 
outra fonte (eólica, solar, gerador etc.); 
- pessoa responsável pelo domicílio: para a pessoa (homem ou mulher), de 10 anos ou 
mais de idade, reconhecida pelos moradores como responsável pela unidade domiciliar; 
- alfabetização: considerou-se alfabetizada a pessoa capaz de ler e escrever um bilhete 
simples no idioma que conhecesse. 
 
3.3.2 Análise do uso da terra 
 
Entre as metodologias voltadas ao estudo de bacias hidrográficas estão aquelas que 
empregam o uso das geotecnologias e seus elementos, destacando-se os Sistemas de 
Informações Geográficas (SIGs) e a análise de imagens orbitais para auxiliar na determinação 
do diagnóstico e apreciação da área a ser estudada. Os SIGs têm sido muito utilizados devido 
à sua flexibilidade e disponibilidade, consistindo de sistemas computadorizados que permitem 
sobrepor diversos informações espaciais da área estudada. O uso de métodos associados aos 
SIGs oferece ainda a possibilidade de executar modelagem para prever padrões espaciais de 
processos ecológicos, com relação a possíveis cenários decorrentes do tipo de ocupação/uso 
dos recursos naturais; possibilita também auxiliar os tomadores de decisão na definição de 
diretrizes a respeito de usos da terra em uma bacia hidrográfica: 
O geoprocessamento, por intermédio de suas ferramentas computacionais, 
apresenta-se como uma ótima técnica de análise espacial de dados 
geográficos, tal fato tem feito com que seja aplicado nas diversas esferas do 
conhecimento para a tomada de decisões. (COLATIVE; BARROS, 2006) 
Para este estudo, o uso de um SIG foi imprescindível, pois auxiliou na maioria das 
análises, tanto qualitativas, como no caso do uso da terra, como quantitativas, como no caso 
dos setores censitários ou quantificação (área ocupada) de diferentes usos da terra. Os 
 
27 
 
princípios de sensoriamento remoto (SR) e as imagens de satélite, que são elementos do 
geoprocessamento, são de grande relevância para este estudo. 
Para realizar o processamento do mapa de uso da terra foram utilizadas duas cenas de 
imagens de satélite, o Landsat 8, o mais moderno da família Landsat. 
O programa Landsat (Land Remote Sensing Satellite) foi desenvolvido pela NASA 
(National Aeronautics and Space Administration) no final da década de 60 com o objetivo de 
coletar dados sobre os recursos naturais renováveis e não renováveis da superfície terrestre. 
Após lançamento e aquisição e disponibilização de imagens dos satélites Landsat 1, 2, 3, 5 e 
7, foi lançado o Landsat 8 em fevereiro de 2013. 
O Landsat 8 apresenta órbita praticamente polar, posicionando-se de maneira 
heliossíncrona a uma altitude de aproximadamente 705 km. Existem dois sensores 
embarcados no satélite Landsat-8, o OLI (Operacional Land Imager) e o TIRS (Thermal 
Infrared Sensor). Os sensores a bordo do satélite em questão possuem faixa de imageamento 
de 170 km norte-sul por 185 km leste-oeste, resolução temporal de aproximadamente 16 dias, 
resolução espacial de 30 m para as bandas do visível, 15m para banda pancromática e 100 m 
para as bandas termais (TIRS). 
 
 
 
28 
 
4 MATERIAIS E MÉTODOS 
 
Para atingir os objetivos propostos, foram desenvolvidas diversas etapas de pesquisa. 
Inicialmente foi feita uma revisão de literatura que buscou conceitos básicos para o 
desenvolvimento do trabalho, apresentados no capítulo anterior. Para a caracterização da 
bacia hidrográfica do rio do Antônio, realizou-se revisão de literatura mais específica sobre a 
área, buscando informações sobre o meio físico já existentes (hidrografia, geologia, clima 
etc.) e sobre características antrópicas. Assim, a revisão foi feita através de obras, teses e 
artigos de conteúdo que envolveu caracterização de bacia e estudos ambientais. 
Seguem a descrição das outras etapas da pesquisa. 
 
4.1 TRABALHO DE CAMPO 
Foi realizada observação de campo da área de estudo no mês de fevereiro de 2014, 
quando foram feitos o reconhecimento da área e registros fotográficos através de máquina 
fotográfica e GPS (Sistema de Posicionaento Global) Garmin para coleta de coordenadas dos 
locais visitados. 
 
4.2 BASES CARTOGRÁFICAS 
Para representar a área de estudo nos mapas foram utilizados nas bases cartográficas 
os arquivos vetoriais na extensão shape file no sistema de referência geodésico SIRGAS 
2000: Hidrografia e Localidades 1:100.000, SEI, 2013; hidrografia 1:1.000.000.000, BAHIA, 
2005; limites municipais e limites dos setores censitários foi feito download da base territorial 
com todos os arquivos referentes ao censo demográfico do IBGE, 2010. 
No mapa de uso da terra foi utilizada a escala de abrangência do estudo de 1:250.000, 
mas sua representação foi feita na escala 1:320.000. Da mesma forma todos os cartogramas 
com as informações dos setores censitários, mapas de hidrografia e classes de declividade, 
este último elaborado através de imagens SRTM com articulação compatível com 1:250.000. 
 
4.3 USO DA TERRA 
Para elaborar o mapa de uso da terra adquiriu-se, por meio de download no banco de 
dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), duas imagens orbitais do satélite 
Landsat 8, com resolução espacial de 30 m (órbita 217, ponto 70, de set/2015 e órbita 218, ponto 
70, de out/ 2015) referentes a mesma estação anual e aos meses de menor precipitação. Este 
 
29 
 
satélite é equipado com dois sensores, Operational Land Imager (OLI) e Thermal Infrared Sensor 
(TIRS), sendo que os produtos OLI consistem de 9 bandas multiespectrais (bandas 1 a 7 e 9) com 
resolução espacial de 30 metros e a oitava banda, pancromática, com resolução de 15 m. As 
bandas do TIRS não foram utilizadas, pois fornecem dados para análise de temperatura da 
superfície. 
Após a obtenção das imagens, no software Spring (CAMARA et al., 1996) versão 5.2, um 
SIG, combinaram-se as bandas 6, 5 e 7 na ordem RGB para obter uma composição colorida que 
possibilitasse a interpretação dos alvos existentes na superfície terrestre, distinção dos tipos de 
cobertura vegetal e outras coberturas. 
No mesmo software manipulou-se o contraste, alterando-se o histograma, dos canais das 
cores primárias correspondentes às bandas ativadas no momento da execução 6R5G7B. 
 Na etapa de segmentação a imagem foi dividida em regiões referentes a um conjunto de 
pixels contíguos, uniformes e bidirecionais, viabilizando a extração de objetos relevantes para a 
pesquisa. Apenas as regiões adjacentes foram agrupadas por meio de um cálculo que utiliza 
determinado critério de similaridade, baseado em uma hipótese estatística que testa a média entre 
elas. Neste trabalho foi utlizada similiaridade de 20 e área mínima de 200 pixels. 
Em seguida a imagem foi classificada supervisionada por meio do classificador 
Bathacharya. Este método de classificação, partindo de uma imagem segmentada, envolve 
uma fase de aquisição e análise de amostras fornecidas, visando aperfeiçoar o mapeamento 
final. A rotina de classificação envolve o fornecimento de amostras de cada classe temática 
para posterior análise e classificação. Como existiu um conhecimento de campo preliminar, 
permitiu-se a identificação da classe temática de algumas regiões geradas pelo segmentador. 
Após isso, foi feito o mapeamento das classes, ajustando os temas gerados 
anteriormente. Através disso foi transformada a imagem classificada em um mapa temático 
raster e exportado em format tiff. 
O mapa em formato tiff foi importado para o software Arcgis 10.2, outro SIG, e após 
isso foi novamente ajustado finalizando o layout. 
A interpretação das classes além de ser feita através de conhecimento prévio de 
campo, também teve como base o manual técnicode uso da terra do IBGE (2007), baseada 
no nível I : 
O nível I (classes), que contém cinco (5) itens, indica as principais categorias 
da cobertura terrestre no planeta, que podem ser discriminadas a partir da 
interpretação direta dos dados dos sensores remotos. Atendem aos usuários 
interessados em informações nacionais ou inter-regionais. (IGBE, 2007, p. 
45). 
 
 
30 
 
4.4 MAPA DE HIPSOMETRIA E DECLIVIDADE 
 
Para o mapa de hipsometria foi utilizado o shape de altimetria fornecido pelo INEMA 
do Plano Estadual de Recusos Hídricos (PERH, 2013), com as curvas de nível variando de 
1000 a 400. Esse shape foi importado para o Arcgis 10.2, ajustando a simbologia e das cores 
finalizando o layout. 
Para analisar os aspectos de declividade, tomou-se como base para processamento o 
Modelo Numérico de Terreno (MNT) SRTM. A partir do endereço eletrônico <http: 
http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/download/ba/ba.htm> foi realizado o download de 
duas imagens cobrindo a área da bacia do Rio do Antônio, equivalentes às folhas SD23ZB e 
SD24YA. Estas imagens, no sistema de projeção UTM (WGS-84) e articulação compatível 
com a escala 1: 250.000, foram importadas para o programa ArcGis 10.2. 
A partir desse MNT, foram elaborados os mapa de declividade, utilizando a 
ferramenta do Arctoolbox Slope com definição das declividades em porcentagem. A função 
Slope calcula a taxa máxima de variação entre cada célula e seus vizinhos, ou ainda, a 
variação máxima da altitude que ocorre na distância dada entre aquela célula e seus oito 
vizinhos. Cada célula do raster de saída tem um valor de declividade (COSTA, FIDALGO, 
SCHULER, 2011). 
Para o mapa de declividade foram adotados os limites de classe apresentados por 
IBGE (2007), expressos no quadro 2. 
Quadro 1 - Limites de classe de declividade adotados por IBGE (2007) 
Declividade (%) Relevo 
0 < 3 Plano 
3 < 8 Suave ondulado 
8 < 20 Ondulado 
20< 45 Forte ondualdo 
45< 75 Montanhoso 
> 75 Escarpado 
 
 
4.5 SETORES CENSITÁRIOS 
 
Para caracterização socioeconômica e demográfica da sub-bacia hidrográfica do rio do 
Antônio, foram utilizadas as informações da base de dados territorial dos setores censitários 
do IBGE, publicação de 2011. Foram selecionados 252 setores compreendendo setores rurais 
e urbanos, envolvendo municípios, com ou sem a sede dentro da bacia (Apêndice 1). O 
 
31 
 
código do setor é composto pela numeração UFMMMMMDDSDSSSS, onde: UF – Unidade 
da Federação; MMMMM – Município; DD – Distrito; SD – Subdistrito; SSSS – Setor (IBGE, 
2011). 
As variáveis foram escolhidas buscando evidenciar algumas informações sobre a 
população, renda, alfabetização e infraestrutura, considerando que variáveis como “existência 
de banheiros” ou “destino do lixo” refletem condições ambientais. Assim, foram selecionados 
os dados de: 
 Planilha Domicilio01_UF: 
V002: Domicílios particulares permanentes. 
V038 Domicílios particulares permanentes com lixo queimado na propriedade 
V039 Domicílios particulares permanentes com lixo enterrado na propriedade 
V041 Domicílios particulares permanentes com lixo jogado em rio, lago ou mar. 
V046 Domicílios particulares permanentes sem energia elétrica. 
 Planilha Domicílio02_UF: 
V002 Moradores em domicílios particulares permanentes 
 Planilha Responsável02: 
V093 Pessoas Responsáveis alfabetizados. 
 Planilha Pessoa03_UF: 
V001 Pessoas Residentes 
 Planilha Domicíliorenda_uf: 
V005 Domicílios particulares com rendimento nominal mensal domiciliar per capita de 
até 1/8 salário mínimo. 
V008 Domicílios particulares com rendimento nominal mensal domiciliar per capita de 
mais de 1/2 a 1 salário mínimo. 
V012 Domicílios particulares com rendimento nominal mensal domiciliar per capita de 
mais de 5 a 10 salários mínimos. 
 Planilha Entorno 01_uf: 
V050 Domicílios particulares permanentes próprios – Existe esgoto a céu aberto. 
 
V052 Domicílios particulares permanentes alugados – Existe esgoto a céu aberto. 
 
V054 Domicílios particulares permanentes cedidos – Existe esgoto a céu aberto. 
 
 
32 
 
Após a seleção dos setores e variáveis a serem analisadas, foi organizado um banco de 
dados em tabela no programa Excel (Microsoft) que foi importado para o SIG Arcgis e 
relacionado com o gráfico dos setores na extensão shape file com Projeção UTM no Sistema 
de Referência Geodésico SIRGAS 2000. Depois os dados foram processados para a geração 
dos mapas. 
Vários dados absolutos foram convertidos para porcentagem, haja vista a grande 
disparidade no que se refere à área delimitada por cada setor. 
 
 
33 
 
5 CARACTERIZAÇÃO DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO ANTÔNIO 
 
A sub-bacia do rio do Antônio, com área de 6.540 km², faz parte da bacia hidrográfica 
rio de Contas, situada na região centro sul do Estado da Bahia. Os principais afluentes do rio 
do Antônio são os rios do Salto e do Paiol, que se encontram formando o rio do Antônio 
(Figura 4), mas ainda se destacam na sub-bacia os rios Cachoeirão, Batalhão, São Domingos, 
Barreiro e os riachos Fundo e Tamboril. 
O percurso do rio do Antônio (rio principal) se estende por cerca de 120 km e sua 
vazão é de 7 m³/s, banhando diversas localidades, entre as quais se encontram as sedes 
municipais de Licínio de Almeida, Caculé, Rio do Antônio, Guajerú, Malhada de Pedras e 
Brumado (BAHIA, 2002b) e ainda parte do território dos municípios de Condeúba, Jacaraci, 
Presidente Jânio Quadros, Ibiassucê e Pindaí. 
Trata-se de uma sub-bacia exorreica, com hierarquia fluvial na foz de 12 ordem 
(considerando a escala 1:100.000), O regime dos cursos dos rios é intermitente, e o padrão de 
drenagem predominantemente na sub-bacia é o dendrítico, mas com variações de densidade. 
Alongada de O-SO a NE, a maior densidade de drenagem é encontrada nas cabeceiras da sub-
bacia a oeste e na parte central, e a menor densidade encontra-se na área do centro à foz da 
sub-bacia, a NE. Em alguns locais encontram-se rios retilíneos, denunciando controle 
estrutural na área. 
 
5.1 CLIMA 
 
Segundo o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia, 
(INEMA, 2016), o clima predominante nesta área é o Semiárido, com precipitações médias 
anuais são inferiores a 700 mm. O Semiárido tem como traço principal as frequentes secas 
que podem ser caracterizadas pela ausência, escassez, alta variabilidade espacial e temporal 
das chuvas, sendo comum a sucessão de longos períodos seguidos de seca. Além disso, 
apresenta insolação média de 2.800 h/ano, temperaturas médias anuais 23º a 27º C e o 
domínio do ecossistema da Caatinga (SUDENE 2016). 
 
34 
 
Figura 4 – Hidrografia da sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio, Bahia 
 
Fonte: PERH, 2013; SEI, 2013. Elaboração: Mariana Dias Alves, 2016. 
 
35 
 
O balanço hídrico na estação meteorológica de Caetité, estação mais próxima da sub-
bacia com dados disponíveis no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), mostra que o 
período de maior precipitação, quando ocorre reposição de água no solo e excesso hídrico, vai 
de novembro a fevereiro, sendo que de março a outubro ocorre déficit hídrico, com 
armazenamento de água no solo abaixo do máximo (figura 5). 
 
Figura 5 – Balanço hídrico climatológico para a estação meteorológica de Caetité, Bahia 
 
Fonte: INMET (2016) 
 
A área da sub-bacia do rio do Antônio é considerada uma Unidade de Balanço (UB) 
dentre um total de 77 UB´s divididas através das 13 ou regiões hidrográficas do Estado da 
Bahia. Essas unidades são distinguidas por regiões com características relativamente 
 
36 
 
homogêneas, nas quais as disponibilidades e demandas hídricas são conhecidas e suficientes 
para efetuar o balanço hídrico (BAHIA,2005). 
Um dos problemas existentes na sub-bacia do rio do Antônio é a pouca 
disponibilidade de água para os diversos usos. O balanço hídrico feito para o ano de 2002, por 
exemplo, mostra que a vazão regularizadaútil nas cinco principais barragens era de 473 L/s e 
o total das demandas para abastecimento humano, animal, irrigação e industrial era de 509 
L/s. Somando-se às demandas as perdas por infiltração e evaporação, estimadas em 50 L/s, 
teve-se, naquele ano, um déficit de água potencialmente existente na sub-bacia da ordem de 
86 L/s (Quadro 2). 
Quadro 2 - Balanço hídrico preliminar para o ano de 2002, sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio, entre as 
barragens de Truvisco e de Brumado 
 Fonte: BAHIA (2002a). 
 
5.2 GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS 
 
As unidades geomorfológicas presentes na sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio 
são o Pediplano Sertanejo e Pedimentos funcionais ou retocados por drenagem incipientes, 
pertecentes a região geomorfológica das Depressões periféricas interplanálticas em grande 
parte, envolvidas pela unidade das Serras Marginais pertencente 
à região geomorfológica do Planalto Sul Baiano. As unidades Patamares Marginais e 
Pedimentos Cimeiro pertencem à região geomorfológica da Serra Geral do Espinhaço 
(MONTEIRO, 1980). 
A geologia da área da sub-bacia encontra-se em linhas gerais na província São 
Francisco, no domínio central da Bahia. Nas áreas de pediplanação, que ocupa a maior porção 
da sub-bacia, existe uma predominância de rochas muitos antigas e intemperizadas que datam 
 
37 
 
do Arqueano, migmáticas e intrusivas diversas, inclusive nos Pedimentos funcionais. Nas 
Serras Marginais, predominam rochas do Proterozóico Inferior, contemplando o Coplexo 
Ibitira-Brumado, com, no topo, coberturas arenosas e detríticas do Terciário-Quaternário. Na 
área da Serra Geral do Espinhaço, encontram rochas do Proterozóico médio e inferior, filitos, 
quartizitos, e rochas do Complexo Lícinio de Almeida (INDA, 1978). 
As altitudes na sub-bacia variam em 1250 metros, área mais elevada, até a 400 metros 
nas áreas menos elevadas, onde se localiza a foz do rio do Antônio. Portanto, tem-se uma 
amplitude altimétrica de 850 metros, conforme se pode observar no mapa de hipsometria 
(figura 5, próxima página). 
No oeste da sub-bacia estão as maiores concentrações das curvas com altitudes de 900 
a 1250 metros, com altimetria mais elevadas representadas pelas cores mais quentes, 
vermelho, laranja. Essas curvas também se expressam espalhadas pelas bordas ao longo de 
toda sub-bacia , indicando assim, os divisores de águas. Ao centro predominam as curvas 
entre 880 a 600 metros representadas pelos tons de amarelo, e do centro em direção a porção 
nordeste se encontram as curvas de 500 a 400 metros, com tons de verde, caracterizando ás 
altidudes mais baixas da área da sub-bacia, mais próxima da foz do rio do Antonio. 
Para se ter uma visão vertical foi inferido na área da sub-bacia um seguimento A-B , 
para analisar o perfil vertical topográfico e ilustrar as altitudes verificadas acima (figura 6). 
 Figura 6 - Perfil topográfico de seguimento A-B na sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio, Bahia 
 
Elaborado por: Mariana Dias Alves, 2016, a partir do Google Earht Pro. 
 
38 
 
Figura 5: Hipsometria da sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio 
 
Elaboração: Mariana Dias Alves, 2016. 
 
39 
 
O ponto inicial (A) representa uma altitude máxima do segmento com 1240 metros; a 
partir deste ponto até os primeiros 25 km da reta verifica-se uma variação maior na altitude, 
descrescendo até 750 metros. Entre 25 km e pouco mais de 75 km são observadas altitudes 
entre 700 e 500 metros. Um pouco depois do km 75 ao km 110 é observado uma 
homogeneidade em relação à altitude. Após 110 km ao final do segmento, ponto B, são 
apresentadas altitudes de 500 a 417 metros, representando a área mais baixa do perfil 
equivalente à proximidade da foz do rio do Antônio. 
A hipsometria, além de mostrar a variação de altitude do relevo, é um indicativo para 
diagnosticar as áreas mais declivosas ou planas de uma área, que no caso de uma sub-bacia 
hidrográfica, são informações diretamente ligadas à velocidade do escoamento superficial. 
Desta forma foi feito mapeamento das classes de declividade da sub-bacia hidrográfica 
do rio do Antônio (figura 7). Foram reconhecidas as seguintes classes de relevo na sub-bacia 
na área de estudo: 
 Plano - superfície de topografia lisa ou horizontal, onde os desnivelamentos são muito 
pequenos, com declividades inferiores a 3%. É classe que predomina na sub-bacia, na cor 
verde, sendo mais contíguas no terço final da sub-bacia, onde a densidade de drenagem é 
menor; são vastas áreas, o que diminui a velocidade do escoamento superficial. Essas áreas 
representam a unidade geomorfológica Pediplano Sertanejo, com solos Latossolos Vermelho-
Amarelo com características que apresentam cores vermelho-amareladas, elevada 
profundidade, boa drenagem e normalmente baixa fertilidade natural (IBGE, 2007); 
 Suave Ondulado - superfície de topografia ligeiramente movimentada, constituída por 
conjunto de pequenas colinas ou outeiros, ou sucessão de pequenos vales pouco encaixados 
(rasos), configurando pendentes ou encostas com declives entre 3 até 8%. É a segunda classe 
com maior incidência na sub-bacia, mas bastante moderada uma vez que a sub-bacia não 
apresenta uma brusca mudança de relevo, ainda com vestígios de incidência do Pediplano 
Sertanejo. São encontrados nesta faixa também uma maior incidência de Argissolos 
Vermelho-Amarelos Eutróficos, com uma profundidade variável, mas pouco expressiva; 
 Ondulado - superfície de topografia relativamente movimentada, constituída por 
conjunto de medianas colinas e outeiros, ou por interflúvios de pendentes curtas, formadas por 
vales encaixados, configurando em todos os casos pendentes ou encostas com declives 
maiores que 8% até 20%. As unidades geomorfológicas presentes nesta classe são as Serras 
Marginais que apresentam Cambissolos háplicos, que apresentam variação de profundidade e 
denagem variando de acentuada a imperfeita. 
 
40 
 
Figura 7 - Mapeamento das classes de declividade da sub-bacia hidrográfica do Rio do Antônio, Bahia 
 
 
 
41 
 
 Forte Ondulado - superfície de topografia movimentada, com desníveis fortes, 
formadas por conjunto de outeiros ou morros, ou por superfície entrecortada por vales 
profundos, configurando encostas ou pendentes com declives maiores que 20 até 45%. 
Essa classe apresenta-se com pouca expressividade na sub-bacia, mais localizada ao oeste 
da sub-bacia e nas extremidades. As unidades geomorfológicas que se apresentam nesta 
classe da sub-bacia são os Patamares Marginais da Serra Geral do Espinhaço, Pediplano 
Cimeiro da Chapada Diamantina nas áreas elevadas mais planas e Pedimentos Funcionais 
ou Retocados por Drenagem Incipiente nas áeas de sopé das vertentes. Os solos com 
predominância nesta área são os Neossolos litólicos, que são rasos. Embora sem constituir 
representatividade espacial expressiva, ocorrem de forma dispersa em ambientes 
específicos como relevos muito acidentados de morrarias e serras. 
 
 
5.3 HISTÓRICO E OCUPAÇÃO DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO 
ANTÔNIO 
 
Para entender a história e ocupação da sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio, é 
necessário buscar informações sobre os municípios que possuem sede urbana dentro da sub-
bacia, uma vez que a ocupação nas margens do rio principal desta sub-bacia foi muito comum 
para a origem de urbanização dessa área. No mapa de divisão da sub-bacia pode-se observar a 
sobreposição da malha de municípios que integram a área da sub-bacia (Figura 8). 
São 11 os municípios com áreas abrangidas pela sub-bacia: Brumado, Caculé, 
Condeúba, Guajeru, Licínio de Almeida, Ibiassucê, Malhada de Pedras, Pindaí, Presidente 
Jânio Quadros e Rio do Antônio. Porém apenas seis possuem sede municipal urbana dentro da 
área da sub-bacia (quadro 3). Estas sedes estão interligadas pelas rodovias estaduais BA 030, 
BA 026, BA 262, BA 263, BA 156 e BA 614. 
A maioria dos municípios com área nestasub-bacia possuem histórico de ocupação 
similar, desta forma foi levantada informações apenas dos municípios com sede dentro da 
sub-bacia para conhecer um pouco da história dessas localidades que fazem parte da sub-
bacia. 
Em Licínio de Almeida os primeiros desbravadores do território foram os bandeirantes 
portugueses a procura de ouro e pedras preciosas. No começo do século XIX, agricultores de 
outros municípios ali se fixaram e desenvoveram a agropecuária. 
 
42 
 
Figura 8 – Recorte da sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio sobre os municípios por ela abrangidos 
 
 
Quadro 3 - Municípios com área abrangida pela sub-bacia do Rio do Antônio, Bahia 
 
Município Parcial Total Sede 
Brumado X X 
Caculé X X 
Condeúba X 
Guajerú X X 
Ibiassucê 
Jacaraci 
X 
X 
 
X 
Licínio de Almeida X X 
Malhada de Pedras X X 
Pindaí X 
Presidente Jânio Quadros X 
Rio do Antônio X X 
Elaboração: Mariana Dias Alves, 2016. 
 
Originou-se do povoado formado em torno da fazenda Gado Bravo, da família Soares. 
Com a chegada dos trilhos da Rede Ferroviária Federal Leste Brasileiro na década de 40, 
formou-se o povoado Gado Bravo. Este povoado foi elevado a distrito em 1953 pela Lei 
 
43 
 
Estadual nº 628, já com o nome de Licínio de Almeida, engenheiro da Rede Ferroviária 
Federal que ali residira e falecera. Emancipou-se finalmente em 1962, pela Lei Estadual nº 
1.670, como território desmembrado dos municípios de Urandi e Jacaraci, (IBGE, 2016). 
Nas terras que hoje integram o município de Caculé existiu primeiro a Fazenda Jacaré, 
de propriedade de Dona Rosa Prates: estendiam-se elas de Jacaré, povoado do distrito de 
Ibiassucê, até os atuais limites do distrito de Caculé. Em 1860, a senhora Rosa doou um 
terreno para ser construída uma capela sob a invocação religiosa dos moradores do local, 
correspondente ao local onde atualmente se ergue a cidade. A tradição registra que um 
escravo da fazendeira Manoel Caculé, após a abolição da escravatura, passou a morar à 
margem de uma lagoa existente no local. Os viajantes que tomavam aquela direção, ao se 
cruzarem pelo caminho, perguntavam, uns aos outros, de onde vinham e para onde iam, e a 
resposta era sempre a mesma: lagoa do Caculé. Este nome passou assim a designar o acidente 
geográfico, depois o povoado e mais tarde estendeu-se a todo o município (IBGE, 2016). 
O município de Guajeru teve suas origens históricas no início do século XIX. Tudo 
indica que nessa época houve a exploração sertão no centro sul da Bahia. A seca fez do sertão 
um lugar difícil de se morar, os sertanejos acabaram se tornando nômades. É provável que na 
região onde se situa a cidade de Guajeru, um grupo de familias resolveram fixar moradia no 
local que hoje e chamada “Rua Velha", como o próprio nome justifica. Esse é o lugar onde 
foram edificadas as primeiras habitações da cidade atual. Durante muitos anos, várias famílias 
viveram neste lugar, trabalhavam na agricultura e na criação de animais, principalmente de 
gado, galinha e cabra. Relacionavam-se com os povoados vizinhos e viviam com costumes 
sertanejos, herdados dos índios. Nos povoados vizinhos, que hoje é a zona rural do munícipio, 
a maneira de viver era a mesma, mas ambos enfrentaram um grande problema: a seca. O 
povoado no lugar onde hoje é conhecido por " Rua Velha", deve ter durado cerca de 100 anos, 
mas na época das chuvas esse lugar ficava inundado as casas caíam e era preciso reconstruí-
las novamente; assim, as pessoas que moravam nesse povoado naquela época resolveram 
mudar suas casas para um lugar mais alto. Essa mudança deve ter ocorrido por volta de 1920. 
O chefe do povoado, Eugenio Bispo de Souza era contra a mudança. Quando ele mudou para 
Condeúba, Jesuino Pereira de Souza convidou o povo para mudar, o povo aceitou e a 
mudança foi feita. Em pouco tempo essas casas foram construídas ao redor da Igreja, que foi 
erguida quando o povoado era ainda "Rua Velha". Eram duas ruas de casas que formavam o 
povoado de Santa Rosa do Panasco, nome dado pelos moradores à cidade em homenagem a 
 
44 
 
padroeira. O nome Panasco figurou na denominação porque na região havia uma espécie de 
capim conhecido por Panasco, (IBGE, 2016). 
Malhada de Pedras vive da agricultura de subsistência e da pecuária. A área que 
integra o atual município pertencia, antes da sua emancipação, ao município de Brumado. A 
origem de seu nome, segundo antigos moradores, deu-se em razão de existir no local grande 
quantidade de pedras onde os gados eram reunidos em lotes para dormir. Até o ano de 1915, o 
território do município era coberto por vegetação tipicamente de caatingas e ainda 
inexploradas. Nessa época existiam no lugarejo somente três casas formando a comunidade, 
de propriedade dos senhores Benedito José Bernardes Santos, José Rodrigues e João Ferreira. 
Pouco tempo depois os primeiros moradores doaram suas terras a várias famílias que ali se 
fixaram concorrendo com seu trabalho para o progresso e conseqüentemente evolução da 
localidade. Aos poucos a povoação foi crescendo, surgindo pequenas casas. Em 1944 
surgiram os primeiros trilhos VFFLB, na extensão do trecho Malhada de Pedras a 
Umburanas. Somente em 11 de setembro de 1948 inaugurava-se a estação ferroviária com a 
comitiva chefiada pelo então Ministro da Viação Dr. Clóvis Pestana de Castilho, sendo 
nomeado o primeiro Agente de Estação o senhor Catarino dos Santos Pereira, data em que 
ligava o então Povoado a capital do Estado, acontecimento este que marcou época, trazendo 
consigo progresso para o desenvolvimento da localidade onde se efetuava o embarque de 
gado bovino, vindo de diversas partes com destino à capital. Em 1945, com ajuda material de 
grande número de moradores, iniciou-se a construção de uma capela, sob invocação religiosa, 
cuja obra foi concluída em 1950. Por força da Lei Estadual nº 1710, de 12 de julho de 1962, o 
povoado de Malhada de Pedras foi desmembrado do município de Brumado. O município foi 
formado com fração de terras dos distritos de Brumado e Ubiraçaba. Instalado em 7 de abril 
de 1963, compunha-se de único distrito do mesmo nome. Malhada de Pedras teve Benevides 
José Bernardes como primeiro morador, o qual construiu sua residência nas imediações da 
Praça Monsenhor Antônio Fagundes, atual praça da Matriz, sendo seu exemplo seguido por 
outros. Assim surgiu um povoado, Malhada de Pedras, cujo nome tem origem pela grande 
quantidade de pedras existente no local (IBGE, 2016). 
Rio do Antônio surgiu com seus primeiros habitantes no ano de 1874, na Fazenda do 
Senhor Bemardo José Dias, onde o mesmo, com seus filhos, construiu uma Capela em louvor 
à Nossa Senhora do Livramento, que atualmente é a Padroeira do Município. Formou-se um 
povoado e, como se situava próximo à Fazenda do nativo Antônio, e na referida fazenda 
passava um rio, denominou-se o Povoado de Rio do Antônio. Em ocasiões mais tarde passou-
 
45 
 
se a Vila de Rio do Antônio, com a administração pública e a jurisprudência, pertenceu ao 
município vizinho de Caculé. A sua emancipação política foi oficializada em 27 de julho de 
1962, publicado no Diário Oficial do estado da Bahia em 1 de agosto do mesmo ano, na Lei 
vigente n° 1759. A sua situação socioeconômica era relativamente baixa, com pequenos 
produtores/agricultores, com os seus principais produtos agrícolas para rendimentos e 
consumo próprio da mandioca, feijão, milho, algodão e cana-de-açúcar, também com 
pequenos rebanhos de aves, suínos, bovinos, eqüinos e caprinos, além do comércio diverso. 
Na extensão do leito do rio havia pequenas olarias no fabrico artesanato de tijolos e telhas e 
uma pequena cerâmica, também com pequenos alambiques no fabrico de aguardente (IBGE, 
2016). 
 Brumado era primitivamente habitada por indígenas. Em 1813 o capitão Francisco de 
Sousa Meira, seguido de turmas de aventureiros, procedente de Minas do Rio de Contas,

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