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Fundamentos e Metodologia da Educação Infantil
A História da Educação Infantil no 
Brasil
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de:
•	 conhecer um pouco sobre a história da educação infantil em nosso país;
•	 reconhecer as melhorias em relação à compreensão da infância e ao atendimento dessas crianças de 0 a 5 anos de 
idade;
•	 analisar os reais avanços e perceber a necessidade de melhorias em relação a primeira etapa da educação básica;
•	 compreender melhor as políticas implantadas no atendimento das crianças.
Caro(s) estudante(s), na aula 02 conhecemos a biografia e 
as contribuições de teóricos importantes para a construção do 
campo educacional, especialmente para a educação infantil. 
Atente-se para as próximas reflexões!
Na aula 03 dialogaremos a respeito da história da educação 
infantil no Brasil. Perceberemos que as mudanças decorrentes 
em nosso país acompanharam as transformações que ocorreram 
em diversas partes do mundo, porém, com características 
próprias.
Bons estudos!
3º Aula
23
1 - A História da Educação Infantil no Brasil
2 - O Brasil República
3 - Os Avanços da Educação Infantil
Essa aula é de grande relevância para os que fizeram a opção de 
trabalhar com a educação, especialmente a etapa educação infantil.
Compreender a história significa entender o porquê dos acontecimentos 
na atualidade e assim analisar as reais mudanças acerca da educação.
Vamos lá?
1 - A História da Educação Infantil no 
Brasil
A partir da segunda metade do século XIX, inicia-se 
um processo de modificações que se dá logo após o período 
abolicionista, quando se percebe um aumento na migração da 
zona rural para a zona urbana, surgindo condições para certo 
desenvolvimento cultural e tecnológico e para a proclamação 
da República como forma de governo. 
A abolição da escravatura no Brasil desencadeou novos 
problemas decorrentes do destino dos filhos dos escravos, que já 
não iriam assumir o papel de pais. Suscitou também no aumento 
de filhos abandonados, o que levou à busca de soluções para o 
problema da infância. Na tentativa de amenizar os problemas 
relacionados a essa nova realidade, criaram então, creches, asilos 
e internatos, instituições estas que na época eram destinadas a 
cuidar de crianças pobres, com o intuito de esconder o problema 
das crianças abandonadas. 
A procura por uma solução rápida fazia com que 
buscassem um culpado, e a família recebeu esse demérito. Por 
outro lado, a construção de uma sociedade moderna, presente 
no final do século XIX, visava à realização de projetos sociais, 
que reunissem condições para que fossem compreendidas 
pela elite do país, as normas educacionais do Movimento 
das Escolas Novas, que se deram na Europa e vinham sendo 
trazidos ao Brasil.
Inúmeros debates foram gerados a partir da ideia de 
“jardim de infância” entre os políticos da época. Muitos 
deles criticavam por acreditar que se tratava de simples 
depósitos de crianças. Outros defendiam por esperar que ao 
contrário, fosse um lugar que as crianças obtivessem um bom 
desenvolvimento infantil sob a influência das escolanovistas. 
A grande polêmica tinha como âmago o seguinte: se os jardins 
de infância possuíam objetivos como a caridade e destinavam-
se aos mais pobres, não deveriam ser mantidos pelo poder 
público.
Enquanto se discutia sobre as reais finalidades, eram 
criados no Rio de Janeiro os primeiros jardins de infância, nos 
anos de 1875 e, em São Paulo, em 1877, sob os cuidados de 
entidades particulares. Somente alguns anos depois, surgiram 
os primeiros jardins de infância públicos, que, contudo, 
dirigiam seu atendimento às crianças, filhos de pais com 
melhores condições financeiras.
Vejamos alguns dos primeiros jardins de infância 
públicos:
Seções de estudo
•	 1896 o da Escola Normal Caetano de Campos em 
São Paulo;
•	 1909 o de Campos Sales;
•	 1910 o de Marechal Hermes;
•	 1922 o de Bárbara Otoni, sendo esses três últimos 
no Rio de Janeiro.
Nesse período, a preocupação com as crianças pobres 
também era enfatizada em toda imprensa e nos debates 
legislativos. 
Rui Barbosa considerava o jardim de infância como 
sendo a primeira etapa do ensino primário. Em 1822 
apresentou um projeto de reformulação da instrução no país, 
diferenciando salas de asilo (nome dado a locais destinados à 
crianças), escolas infantis e jardim de infância. Ele observou 
o fortalecimento de um movimento de proteção à infância, 
que partia de um sentimento preconceituoso sobre a pobreza, 
defendendo um atendimento caracterizado como donativo 
aos menos favorecidos.
Para refletir
Vimos que no início a preocupação em relação ao atendimento das 
crianças se deu, pelo fato da necessidade de protegê-las. E atualmente, 
como funciona o atendimento as crianças? Estamos preparados para 
fazer da prática algo significativo? Que melhorias são almejadas pelos 
educadores?
2 - O Brasil República
Em 1889, com a proclamação da República, o cenário 
de renovação ideológica trouxe também modificações nas 
questões sociais.
O Instituto de Proteção e Assistência à Infância foi 
criado por particulares, no ano de 1899, e precedeu a criação 
do Departamento da Criança, em 1919, agora, por iniciativa 
governamental, que partiu da preocupação com a saúde 
pública e acabou por gerar a ideia de assistência científica 
à infância. Com esse propósito, surgem inúmeras escolas 
infantis e jardins de infância, alguns deles criados pelos 
europeus para atender seus filhos.
Em 1908, surgiu a primeira escola infantil, em Belo 
Horizonte e, em 1909, o primeiro jardim de infância municipal 
no Rio de Janeiro. Levantamentos realizados em 1921 e 1924 
mostraram um crescimento de 15 para 47 creches e de 15 para 
42 jardins de infância em todo o país (Kuhlmann Jr., 2000, 
p.5). Todavia, na época os investimentos estavam destinados 
aos primeiros anos do ensino primário que atendia parte da 
população em idade escolar.
Enquanto isso, a urbanização e a industrialização nos 
centros urbanos maiores, intensificadas no início do século 
XX, foram responsáveis por diversas mudanças, tanto na 
estrutura familiar, quanto na organização do mercado de 
trabalho. A atividade industrial exigiu muita mão de obra, 
levando as mulheres a se empregarem nas indústrias. Houve 
então a necessidade de se dispor de um lugar adequado para 
deixar os filhos enquanto trabalhavam. Porém, esse não era 
um problema que as indústrias estivessem preocupadas em 
solucionar, deixando para as próprias mulheres resolver de 
24Fundamentos e Metodologia da Educação Infantil
maneira emergencial, procurando em seu próprio núcleo 
familiar pessoas que pudessem cuidar das crianças em troca 
de dinheiro. Essas pessoas foram denominadas de “criadeiras” 
e estigmatizadas como “fazedoras de anjos” em consequência 
da alta mortalidade de crianças cuidadas por elas. As mortes 
eram em consequência das más condições de higiene e de 
materiais, segundo a justificativa dada na época. Hoje, porém, 
acrescentaríamos também como uma das causas os problemas 
psicológicos decorrentes da separação da criança de sua 
família. Entretanto, embora a necessidade de ajuda para cuidar 
dos filhos estivesse ligada à situação econômica, isso não era 
visto como uma responsabilidade social, mas ao contrário, era 
tido como um favor prestado e certas pessoas.
Inspirados nos manifestos ocorridos nos Estados 
Unidos e na Europa, os trabalhadores começaram a exigir 
melhores condições de trabalho e um local apropriado para 
as mulheres deixarem os filhos enquanto trabalhavam. Tal 
manifesto se deu na década de 20 e no início da década de 
30. As conquistas se deram graças a alguns empresários, que 
a fim de enfraquecer o manifesto resolveram conceder alguns 
benefícios sociais. Para isso, fundaram vilas operárias, clubes 
para filhos de operários em cidades do Rio de Janeiro, São 
Paulo e outras no interior de Minas Gerais e no norte do país, 
iniciativas que foram seguidas gradativamente por outros 
empresários.
As poucas conquistasocorreram em certas regiões 
através de conflitos. As reivindicações dos trabalhadores, 
iniciadas pelos empresários, foram dirigidas para o Estado 
que atuaram como força de pressão para a criação de creches, 
escolas maternais e parques infantis por parte de órgãos 
governamentais.
Em 1923, a primeira regulamentação do trabalho da 
mulher, defendia a criação de creches e salas de amamentação 
durante as jornadas de trabalho.
Em 1922, no Rio de Janeiro, ocorreu o Primeiro 
Congresso Brasileiro de Proteção à Infância, onde foram 
discutidos vários temas como, por exemplo: a educação 
moral e higiênica e o aprimoramento da raça, com ênfase no 
papel da mulher como cuidadora. Nesse contexto, surgiram 
as primeiras regulamentações do atendimento de crianças 
pequenas em escolas maternais e jardins de infância.
Diante de tais acontecimentos, alguns educadores se 
preocupavam com a qualidade do trabalho pedagógico, 
apoiavam movimentos de renovação pedagógica conhecida 
como “escolanovismo”. Os debates que estavam acontecendo 
no país, falavam no sentido da transformação radical das 
escolas brasileiras, trazendo a questão educacional para o 
centro das discussões políticas nacionais.
Em 1924, educadores interessados nos Movimentos das 
Escolas Novas criaram a Associação Brasileira de Educação. 
Lourenço Filho publicou no ano de 1929 o livro Introdução 
ao estudo da Escola Nova, mostrando novos conceitos entre 
os educadores brasileiros.
 Em 1932, surge um Manifesto dos Pioneiros da 
Educação Nova, documento que tinha como propósito 
defender pontos relevantes como: a educação como função 
pública, a existência de uma única escola, e a co-educação de 
meninos e meninas, necessidade de um ensino ativo nas salas 
de ensino gratuito e obrigatório. Partindo daquele movimento 
alguns educadores brasileiros como Mário de Andrade, em 
São Paulo, propunham a propagação de praças de jogos nas 
cidades, à semelhança dos jardins de infância de Froebel, 
tal como ocorria em vários locais da América Latina, como 
Havana, Buenos Aires, Montevidéu e Santiago. Essas praças 
originaram os parques infantis construídos em várias cidades 
do país.
Surgiram assim, novos jardins de infância e, ainda, 
cursos para a formação de professores, mas nenhum deles 
direcionado ao ensino de crianças das camadas populares.
Apesar de na década de 30, já terem sido criadas algumas 
instituições oficiais voltadas à proteção à infância, foi na 
década de 40 que prosperaram iniciativas governamentais na 
área de saúde, previdência e assistência.
Nesse quadro de tensões sociais presentes na década de 
30 e a procura por regulamentações das relações entre patrões 
e empregados, na busca de manter a ordem, o Estado fundou 
uma estratégia combinada de repressão e de concessões às 
reivindicações dos operários, dentro da legislação social. O 
governo Vargas (1930-1945), uniu a necessidade de se manter 
os interesses da pátria, como o de reconhecer alguns direitos 
políticos dos trabalhadores, como a Consolidação das Leis 
do Trabalho – CLT, de 1943, que contém algumas indicações 
sobre o atendimento dos filhos das mulheres trabalhadoras 
com o objetivo de facilitar a amamentação durante a jornada 
de trabalho.
Percebe a importância dos manifestos na busca de melhorias e 
conquistas acerca da educação de crianças? 
Continuemos a leitura!
Desde o início até a década de 50, poucas foram as 
creches que não faziam parte das indústrias e estas eram 
de responsabilidades filantrópicas, laicas e, principalmente 
religiosas, ou seja, o governo pouco fazia diante da necessidade 
de se criar instituições adequadas para o cuidado das crianças. 
Mesmo assim, os trabalhos com as crianças tinham assumido 
um caráter assistencialista, que se limitava à preocupação 
de se alimentar, cuidar da higiene e da segurança física, 
sendo pouco valorizado o trabalho pedagógico, visando ao 
desenvolvimento intelectual e afetivo das crianças.
Em 1953, o Departamento Nacional da Criança passou 
a integrar o Ministério da Saúde, sendo substituído em 1970 
pela Coordenação de Proteção Materno-Infantil.
Apesar de os textos oficiais da época defenderem que 
as creches e os jardins de infância necessitassem de material 
apropriado para a educação de crianças, o atendimento a elas 
não deixou de ser assistencialista. 
Durante a segunda metade do século XX, a característica 
do sistema econômico adotado no Brasil fez com que a 
maioria da população não tivesse uma condição de vida 
satisfatória. Ao mesmo tempo, o aumento da industrialização 
e da urbanização no país contribuiu para a ampliação da 
participação da mulher no mercado de trabalho. Assim, 
creches e parques infantis que ofereciam períodos integrais 
foram sendo cada vez mais procurados, agora, não apenas 
por mulheres de classes menos favorecidas, mas, também por 
trabalhadoras do comércio e funcionárias públicas.
No início desse período, uma mudança importante 
25
ocorreu com o surgimento da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional aprovada em 1961 (Lei 4024/61), que 
aprofundou a perspectiva apontada desde a criação dos jardins 
de infância: sua inclusão no sistema de ensino. Assim dispunha 
essa lei:
Art.23 – “A educação pré-primária destina-se aos menores de até 7 
anos e será ministrada em escolas maternais ou jardins-de-infância”.
Art.24 – “As empresas que tenham aos seus serviços mães de menores 
de sete anos serão estimuladas a organizar e manter, por iniciativa 
própria ou em cooperação com os poderes públicos, instituições de 
educação pré-primária”.
Toda essa situação era refletida pelo momento vivido na 
época em relação ao contexto sóciopolítico e econômico do 
início da década de 60, que seria modificado pelo governo 
militar a partir do ano de 1964, com importantes reflexos 
sobre a educação em geral e a educação das crianças pequenas 
em especial.
3 - Os Avanços da Educação Infantil
Historicamente percebemos grandes avanços na 
educação das crianças de 0 a 5 anos de idade no Brasil. Novos 
conceitos e condições estão se firmando e tudo isso devido à 
junção de alguns fatores como:
•	 grande aumento da demanda;
•	 esclarecimento sobre o papel da educação infantil;
•	 maior comprometimento de políticas públicas na 
área.
O primeiro se dá pela necessidade de atendimento 
às crianças de 0 a 6 anos que vem crescendo cada dia mais 
em nossa sociedade, resultantes de intensas transformações 
que englobam fatores sociais, econômicos e culturais. Dessa 
maneira, o atendimento a essa demanda, também contribui 
com tais mudanças.
Mudanças essas que repercutem na maneira de criar os 
filhos a partir do momento em que mulheres que têm crianças 
pequenas compreendem a necessidade de trabalhar fora, 
auxiliando no sustento da família e, muitas vezes, sendo o 
único meio de se adquirir alguma renda. Atualmente, muitas 
mulheres são responsáveis por esse sustento por serem 
divorciadas, situação muito comum nos nossos dias. Há 
também as que trabalham não apenas por necessidade, mas 
pelo desejo de realização pessoal e profissional.
Com essas mudanças surgem também inúmeros 
questionamentos que envolvem a composição e as relações 
de poder da família, nascendo então novas formas de 
organização familiar como, por exemplo: manutenção e 
tarefas de casa divididas entre marido e mulher, criação dos 
filhos somente pela mãe, na maioria das vezes, ou pela avó, 
a união de companheiros do mesmo sexo, são alguns deles.
Hoje, em todas as classes sociais, a preocupação dos pais 
ou responsáveis quanto ao desenvolvimento saudável inclui a 
procura por instituições que garantam não apenas a educação, 
mas também, o cuidado, dividindo com eles as tarefas.
O segundo fator se dá pelo melhor esclarecimento sobre 
qual o verdadeiro papel da educação infantil, que tem ocorrido 
diante de inúmeras pesquisas realizadas e também pela prática 
reconhecida dos educadores.
A psicologia até pouco tempo atrás defendia a ideia 
de que o ambiente ideal para crianças crescerem e se 
desenvolverem era o ambientefamiliar. Poucos estudiosos 
acreditavam, focalizavam a interação das crianças como forma 
de aprendizagem e aquisição de conhecimentos.
No entanto, vale ressaltar que a realidade é muito mais 
complexa. A criança vive em grandes comunidades, é cuidada 
por pessoas diferentes, sejam elas parte da família ou não e 
nem por isso tornam-se menos desenvolvidas ou saudáveis.
O ambiente da creche nos apresenta um novo desafio, 
o de compreender o desenvolvimento da criança em um 
contexto que não seja aquele já vivido anteriormente e os 
responsáveis por essas crianças são profissionais que não têm 
o mesmo envolvimento afetivo que a mãe, e os companheiros 
mais interessantes para a interação são as outras crianças da 
mesma idade. 
Cada vez mais, estudos mostram como criar um lugar 
adequado para o melhor desenvolvimento, cuidado e educação 
dessas crianças. Com isso, podemos citar alguns deles:
•	 ambiente adequado e organizado em instituições de 
educação em grupo;
•	 interação entre crianças e entre crianças e educadores;
•	 integração das crianças e famílias a essas instituições;
•	 inclusão de crianças portadoras de necessidades 
educacionais especiais;
•	 organização de rotinas e currículos apropriados;
•	 formação inicial e continuada dos educadores;
•	 promoção da qualidade do atendimento na educação 
infantil.
Em geral, pesquisas mostram que é possível um 
atendimento de qualidade às crianças mesmo nos seus primeiros 
anos de vida, mas, é extremamente importante que a família seja 
participativa e interaja com a instituição a fim de uma parceria 
com os mesmos objetivos.
Através de uma dedicação diária, tais instituições de 
educação infantil podem, certamente, tornarem-se um espaço 
agradável, estimulante e seguro para a criança, concedendo 
a ela a oportunidade de um desenvolvimento significativo e 
muito prazeroso.
O último fator, que engloba o maior comprometimento 
de políticas públicas, ou seja, a maneira como o Estado 
participa da organização e funcionamento de vários setores 
da sociedade. Elas oferecem a esses setores regras, metas e 
diretrizes que orientam o desenvolvimento dos mesmos.
A política pública nasce da capacidade de negociação entre 
o governo e a sociedade. Ao estado cabe a regulamentação e 
o gerenciamento da política pública fruto dessa negociação.
Apesar de diversos problemas apresentados pelas 
políticas públicas, não podemos negar os grandes avanços 
que ocorreram especialmente a partir da Constituição de 
1988, que oferece a possibilidade de fiscalização das ações do 
governo por parte de cidadãos comuns, dando oportunidade 
de uma participação mais ativa, ou pelo menos deveria assim 
26Fundamentos e Metodologia da Educação Infantil
ser, através de seus representantes do poder executivo e da 
sociedade.
No caso da educação infantil, observamos que em 
muitos municípios há um aumento no número de experiências 
inovadoras. Impulsionados pelas atuais concepções da 
infância e de atendimento em instituições e utilizando-se de 
organismos de participação do Estado e da sociedade, criam 
programas alternativos.
Para uma participação mais consciente visando à melhoria 
desse atendimento tão necessário nos dias atuas, implica 
em um movimento de corresponsabilidade, assumindo 
definitivamente o papel de cidadão, no qual, diretores, 
educadores, pais e governantes muito têm a aprender e 
colaborar nesse processo.
Tornar a instituição de educação infantil mais transparente 
pode ser o início de uma nova forma de estabelecer políticas 
públicas mais desafiadoras e construtivas, fazendo com que 
esses ambientes cumpram com sua função de educar com 
qualidade, educando-as para o exercício da cidadania.
Políticas de Cuidado e Educação da Criança 
pequena no Brasil
A “Roda dos Expostos”, uma instituição para educar 
crianças cujos pais não podiam fazê-lo, foi o primeiro tipo 
de atendimento oferecido às crianças pequenas no Brasil. Em 
função da alta taxa de mortalidade (cerca de 50%), houve 
um incentivo à criação de creches, no final do século XIX, 
para que os pais não abandonassem seus filhos na “Roda” 
(Montenegro, 2001). Apesar de terem ocorrido algumas 
iniciativas em anos anteriores, o ano de 1899 pode ser 
considerado como um primeiro marco no que diz respeito ao 
atendimento à criança pequena, pois nesse ano foi fundado 
o Instituto de Proteção e Assistência à Infância do Rio de 
Janeiro e a primeira creche para filhos de pais trabalhadores 
do país, nessa mesma cidade (Kuhlmann, 1998).
Os primeiros jardins de infância surgiram antes das 
creches, em 1883. Tratavam-se, porém, de instituições privadas 
e, como nos Estados Unidos da América, as crianças de 
famílias abastadas foram as que primeiro tiveram acesso a esse 
tipo de serviço. Com o intuito de diferenciá-los das creches 
– destinadas às crianças da classe trabalhadora – empregava-
se com frequência o termo “pedagógico” (Kuhlmann, 1998). 
Em outras palavras, os jardins de infância, para as crianças 
ricas, visavam à educação; as creches, para as crianças pobres, 
tinham por objetivo o “cuidado”.
Ao longo do século XX, ocorreram várias transformações 
nesse cenário. A partir da década de 1920, o processo de 
industrialização provocou mudanças estruturais na sociedade 
brasileira semelhantes àquelas ocorridas nos Estados Unidos 
da América. Todavia, durante vários anos o governo não 
se preocupou em regulamentar e fiscalizar os serviços de 
atendimento à criança pequena. Mesmo quando a legislação 
trabalhista do governo do Presidente Getúlio Vargas (1930-
1945) estabeleceu a obrigatoriedade da criação de creches para 
abrigar os filhos de mães trabalhadoras durante o período de 
amamentação, tal conquista legal não se tornou realidade.
Durante o regime militar (1964-1985), porém, o governo 
encarregou-se de construir algumas creches. Em consonância 
com as políticas americanas da época, o atendimento à criança 
pequena visava à promoção de uma educação compensatória. 
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (Lei 5.692), 
de 1971, a oferta de educação anterior à educação obrigatória 
(7 aos 14 anos) pretendia preparar as crianças oriundas das 
camadas sociais mais baixas para a alfabetização, a fim de 
diminuir os altos índices de fracasso escolar (Kramer, 1984). 
Essa mesma concepção estava presente em outros programas 
de atenção à primeira infância, os quais buscavam “compensar 
carências” (nutricionais, sanitárias, afetivas e sociais). Em 1977, 
a Legião Brasileira de Assistência (LBA) lançou o “Projeto 
Casulo” que visava à criação e à manutenção de creches 
comunitárias. Segundo Vasconcellos, Aquino e Lobo (2003), 
até nesse projeto havia o predomínio da função assistencialista 
nas creches. “Acreditava-se em rígidas e inflexíveis etapas 
do desenvolvimento e priorizavam-se as questões ligadas à 
saúde das crianças (alimentação, nutrição e medicação)” (p. 
244). Ainda segundo essas autoras, em 1981, o Ministério 
da Previdência e Assistência Social publicou um documento 
intitulado “Vamos Fazer uma Creche?”, no qual propôs 
que as creches e pré-escolas assumissem, além da “função 
guardiã”, a “função pedagógica”. Dito de outra maneira, pela 
primeira vez, apareceu a proposta de superação da dicotomia 
entre “cuidar” e “educar” presente também nas políticas de 
atendimento à criança pequena no Brasil.
Com o processo de redemocratização do país e, 
especialmente, após a promulgação da nova Constituição 
(Brasil, 1988), o atendimento às crianças a partir do 
nascimento foi estabelecido como um direito da própria 
criança e de sua família e reconhecido como um dever do 
Estado, pela primeira vez na história do país. Dois anos mais 
tarde, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA de 
1990 (Brasil, 1991) reiterou o direito de cidadania da criança, 
definindo seus direitos de proteção e educação. Finalmente, 
com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (Lei 
9.394), de 1996, a educação das crianças de zero a seis anos 
passou a integrar o sistema brasileiro de ensino. A LDB/96define a Educação Infantil – destinada à faixa etária de zero 
a seis anos – como a primeira etapa da Educação Básica e 
afirma que essa “tem como finalidade o desenvolvimento 
integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos 
físico, psíquico, intelectual e social” (art. 29). Neste mesmo 
artigo, fica estabelecido que os serviços de atendimento à 
criança pequena (creche e pré-escola) complementam a ação 
da família e da comunidade. Esta mesma lei também beneficia 
as crianças pequenas com necessidades especiais ao definir a 
educação especial como uma modalidade da educação escolar 
que permeia a todos os níveis de ensino. O artigo 58 prevê 
a existência de serviços especializados na escola regular e o 
atendimento educacional a partir da Educação Infantil. É 
também digno de nota que a resolução CNE/CNB Nº 2 
(Brasil, 2001) propõe a participação da família na tomada 
de decisões quanto à necessidade e ao tipo de atendimento 
especial mais adequado à criança (art. 1º e art. 9º).
No que diz respeito às políticas de saúde específicas para 
as crianças pequenas, também ocorreram alguns avanços. O 
acompanhamento e avaliação contínua do crescimento e 
desenvolvimento passaram a ser compreendidos como um 
direito da criança e um dever do Estado e foram definidos 
27
como uma das cinco ações básicas do programa de Assistência 
à Saúde da Criança. Crescimento e desenvolvimento 
passaram a ser compreendidos como indissociáveis, mas 
distintos: “enquanto o crescimento se define por mudança 
de tamanho, o desenvolvimento caracteriza-se por mudanças 
em complexidades e funções” (BIBLIOTECA VIRTUAL 
DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001, p.20). Nesse 
programa, compreende-se a saúde não apenas como ausência 
de doença, mas como a qualidade de vida oferecida à criança 
e considera-se importante levar em conta o contexto em que 
ela vive. O Ministério da Saúde criou o “Cartão da Criança” 
como um dos instrumentos necessários para implementar 
essas ações, além de promover cursos de capacitação para os 
profissionais. No entanto, 
o	 último	 inquérito	 nacional	 de	 demografia	 e	
saúde realizado no país (PNDS, 1996) mostrou 
que, embora a maioria das crianças tenha o seu 
cartão e as mães o levem quando vão à consulta 
nos serviços de saúde, menos de 10% têm o 
peso da criança anotado e menor percentagem 
ainda têm a curva de crescimento da criança 
anotado no cartão. Isto demonstra que os 
profissionais	de	saúde	têm	dado	pouco	valor	
ao crescimento da criança, pouco fazendo em 
favor do bom desenvolvimento da criança. 
(Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde, 
2001, p.8)
Em nosso país, como nos Estados Unidos da América, 
parece que os pediatras não dispõem de formação e 
instrumentos adequados para diagnosticar problemas de 
desenvolvimento.
Atenção!
O texto que lerá agora é parte de um artigo da revista HISTEBRB On-
line, Campinas, n.33, p.82. Publicado em março de 2009 com o título: A 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL: AVANÇOS, RETROCESSOS 
E DESAFIOS DESSA MODALIDADE EDUCACIONAL, escrito por Jaqueline 
Delgado Paschoal e Maria Cristina Gomes Machado.
A Educação das Crianças: A Particularidade 
Brasileira
Diferentemente dos países europeus, no Brasil, as 
primeiras tentativas de organização de creche, asilos e 
orfanatos surgiram com um caráter assistencialista, com o 
intuito de auxiliar as mulheres que trabalhavam fora de casa 
e as viúvas desamparadas. Outro elemento que contribuiu 
para o surgimento dessas instituições foram as iniciativas 
de acolhimento aos órfãos abandonados que, apesar do 
apoio da alta sociedade, tinham como finalidade esconder a 
vergonha da mãe solteira, já que as crianças “[...] eram sempre 
filhos de mulheres da corte, pois somente essas tinham 
do que se envergonhar e motivo para se descartar do filho 
indesejado”(RIZZO, 2003, p.37). Numa sociedade patriarcal, 
a ideia era criar uma solução para os problemas dos homens, 
ou seja, retirar dos mesmos a responsabilidade de assumir a 
paternidade. Considerando que, nessa época, não se tinha um 
conceito bem definido sobre as especificidades da criança, a 
mesma era “[...] concebida como um objeto descartável, sem 
valor intrínseco de ser humano” (RIZZO, 2003, p.37).
Fatores como o alto índice de mortalidade infantil, a 
desnutrição generalizada e o número significativo de acidentes 
domésticos, fizeram com que alguns setores da sociedade, 
dentre eles os religiosos, os empresários e educadores, 
começassem a pensar num espaço de cuidados da criança fora 
do âmbito familiar. De maneira que foi com essa preocupação, 
ou com esse “[...] problema, que a criança começou a ser vista 
pela sociedade e com um sentimento filantrópico, caricativo, 
assistencial é que começou a ser entendida fora da família” 
(DIDONET, 2001, p.13).
Enquanto para as famílias mais abastadas 
pagaram uma babá, as pobres se viam na 
contingência	de	deixar	os	filhos	 sozinhos	ou	
colocá-los numa instituição que deles cuidasse. 
Para	 os	 filhos	 das	mulheres	 trabalhadoras,	 a	
creche tinha que ser em tempo integral: para 
os	 filhos	 de	 operárias	 de	 baixa	 renda,	 tinha	
que ser gratuita ou cobrar muito pouco, ou 
para cuidar da criança enquanto a mãe estava 
trabalhando fora de casa, tinha que zelar pela 
saúde, ensinar hábitos de higiene e alimentar a 
criança. Essa origem determinou a associação 
creche, criança pobre e o caráter assistencial 
da creche (DIDONET, 2001, p.13).
É importante ressaltar que, ao longo das décadas, 
arranjos alternativos foram se constituindo no sentido de 
atender às crianças das classes menos favorecidas. Uma das 
instituições brasileiras mais duradouras de atendimento à 
infância, que teve seu início antes da criação de creches, foi a 
roda dos expostos ou roda dos excluídos. Esse nome provém 
do dispositivo onde se colocam os bebês abandonados e era 
composto por uma forma cilíndrica, dividida ao meio por 
uma divisória e fixado na janela da instituição ou das casas de 
misericórdia. Assim, a criança era colocada no tabuleiro pela 
mãe ou qualquer outra pessoa da família; essa, ao girar a roda, 
puxava uma corda para avisar a rodeira que um bebê acabava 
de ser abandonado, retirando-se do local e preservando sua 
identidade.
Por mais de um século a roda de expostos foi a única 
instituição de assistência à criança abandonada no Brasil e, 
apesar dos movimentos contrários a essa instituição por parte 
de um segmento da sociedade, foi somente no século XX, já 
em meados de 1950, que o Brasil efetivamente extinguiu-a, 
sendo o último país a acabar com o sistema da roda dos 
enjeitados (MARCÍLIO, 1997).
Ainda no final do século XIX, período de abolição da 
escravatura no país, quando se acentuou a migração para as 
grandes cidades e o início da República, houve iniciativas 
isoladas de proteção à infância, no sentido de combater os 
altos índices de mortalidade infantil. Mesmo com o trabalho 
desenvolvido nas casas de Misericórdia, por meio da roda dos 
expostos, um número significativo de creches foi criado não 
pelo poder público, mas exclusivamente por organizações 
filantrópicas. Se, por um lado, os programas de baixo custo, 
voltados para o atendimento às crianças pobres, surgiram no 
sentido de atender às mães trabalhadoras que não tinham 
28Fundamentos e Metodologia da Educação Infantil
onde deixar seus filhos, a criação de jardins de infância foi 
defendida, por alguns setores da sociedade, por acreditarem 
que os mesmos trariam vantagens para o desenvolvimento 
infantil, ao mesmo tempo foi criticado por identificá-los com 
instituições europeias.
As tendências que acompanharam a implantação de 
creches e jardins de infância, no final do século XIX e durante 
as primeiras décadas do século XX no Brasil, foram: a jurídico-
policial, que defendia a infância moralmente abandonada, 
a médico-higienista e a religiosa, ambas tinham a intenção 
de combater o alto índice de mortalidade infantil tanto no 
interior da família como nas instituições de atendimento à 
infância. Na realidade, cadainstituição “[...] apresentava as 
suas justificativas para a implantação de creches, asilos e jardins 
de infância onde seus agentes promoveram a constituição de 
associações assistenciais privadas”(KUHLMANN Jr., 1998, 
p.88).
Nesse período, foi criado o Instiuto de Proteção à Infância 
do Rio de Janeiro pelo médico Arthur Moncorvo Filho, que 
tinha como objetivos não só atender às mães grávidas pobres, 
mas dar assistência aos recém-nascidos, distribuição de leite, 
consulta de lactantes, vacinação e higiene dos bebês. Foi 
considerada uma das entidades mais importantes, mormente 
por ter expandido seus serviços por todo o território brasileiro. 
Outra instituição importante criada nesse ano foi o Instituto 
de Proteção e Assistência à Infância, este precedeu, em 1919, a 
criação do Departamento da Criança, que tinha como objetivo 
não só fiscalizar as instituições de atendimento à criança, mas 
combater o trabalho das mães voluntárias que cuidavam, de 
maneira precária, dos filhos das trabalhadoras (KUHLMANN 
Jr., 1998).
Devido a muitos fatores, como o processo de implantação 
da industrialização no país, a inserção da mão de obra 
feminina no mercado de trabalho e a chegada dos imigrantes 
europeus no Brasil, os movimentos operários ganharam 
força. Eles começaram a se organizar nos centros urbanos 
mais industrializados e reivindicaram melhores condições de 
trabalho; dentre estas, a criação de instituições de educação e 
cuidados para seus filhos:
os donos das fábricas, por seu lado, procurando 
diminuir a força dos movimentos operários, 
foram concedendo certos benefícios sociais 
e propondo novas formas de disciplinar seus 
trabalhadores. Eles buscavam o controle 
do comportamento dos operários, dentro e 
fora da fábrica. Para tanto, vão sendo criadas 
vilas operárias, clubes esportivos e também 
creches	 e	 escolas	 maternais	 para	 os	 filhos	
dos	operários.	O	fato	dos	filhos	das	operarias	
estarem sendo atendidos em creche, escolas 
maternais e jardins de infância, montadas 
pelas fábricas, passou a ser reconhecido por 
alguns empresários como vantajoso, pois 
mais satisfeitas, as mães operárias produziam 
melhor. (OLIVEIRA, 1992, p.18).
Ao longo das décadas, as poucas conquistas não se fizeram 
sem conflitos. Com o avanço da industrialização e o aumento 
das mulheres da classe média no mercado de trabalho, aumentou 
a demanda pelo serviço das instituições de atendimento à 
infância. Para Haddad (1993), os movimentos feministas que 
partiram dos Estados Unidos tiveram papel especial na revisão 
do significado das instituições de atendimento à criança, porque 
as feministas mudaram seu enfoque, defendendo a ideia de 
que tanto as creches como as pré-escolas deveriam atender 
a todas as mulheres, independentemente de sua necessidade 
de trabalho ou condição econômica. O resultado desse 
movimento culminou no aumento do número de instituições 
mantidas e geridas pelo poder público.
Essas instituições ganharam enfoque diferente, passando 
a ser reivindicadas como um direito de todas as mulheres 
trabalhadoras e era baseado no movimento da teoria da 
privação cultural. Essa teoria, defendida tanto nos Estados 
Unidos na década de sessenta como no Brasil em meados 
de 1970, considerava que o atendimento à criança pequena 
fora do lar possibilitaria a superação das precárias condições 
sociais a que ela estava sujeita. Era a defesa de uma educação 
compensatória.
Kramer (1995, p.24). ao discutir esse assunto, ressalta que 
o discurso do poder público, em defesa do atendimento das 
crianças das classes menos favorecidas, parte de determinada 
concepção de infância, já que o mesmo reconhece esse 
período de vida da criança de maneira padronizada e 
homogênea. A ideia é de que as crianças oriundas das classes 
sociais dominadas são consideradas “[...] carentes, deficientes 
e inferiores na medida em que não correspondem ao padrão 
estabelecido; faltariam a essas crianças privadas culturalmente, 
determinados atributos ou conteúdos que deveriam ser nelas 
incutidos”. Por esse motivo e a fim de superar as deficiências 
de saúde e nutrição, assim como as deficiências escolares, são 
oferecidas diferentes propostas no sentido de compensar 
tais carências. Nessa perspectiva, a pré-escola funcionaria, 
segundo a autora, como mola propulsora da mudança social, 
uma vez que possibilitaria a democratização das oportunidades 
educacionais.
Ambas	as	funções	podem	ser	desmistificadas.	
Ao nível da primeira função, considera-se 
a educação como promotora da melhoria 
social, o que é uma maneira de esconder os 
reais problemas da sociedade e de evitar a 
discussão dos aspectos políticos e econômicos 
mais complexos. A proposta que ressurge, 
de elaborar programas de educação pré-
escolar	 a	 fim	de	 transformar	 a	 sociedade	 no	
futuro, é uma forma de culpar o passado 
pela situação de hoje e de focalizar no futuro 
quaisquer possibilidades de mudança. Fica-
se, assim, isento de realizar no presente 
ações	 ou	 transformações	 significativas	 que	
visem a atender às necessidades sociais atuais 
(KRAMER, 1995, p.30).
Enquanto as instituições públicas atendiam às crianças 
das camadas mais populares, as propostas das particularidades, 
de cunho pedagógico, funcionavam em meio turno, dando 
ênfase à socialização e à preparação para o ensino regular. 
Nota-se que as crianças das diferentes classes sociais eram 
submetidas a contextos de desenvolvimento diferentes, já 
que, enquanto as crianças das classes menos favorecidas 
29
eram atendidas com propostas de trabalhos que partiam da 
ideia de carência e deficiência, as crianças das classes sociais 
mais abastadas recebiam uma educação que privilegiava a 
criatividade e a sociabilidade infantil (KRAMER, 1995).
Com a preocupação de atendimento a todas as crianças, 
independente de sua classe social, iniciou-se um processo de 
regulamentação desse trabalho no âmbito da legislação.
Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar 
esse tópico, vamos recordar:
Retomando a aula
1 – A História da Educação Infantil no Brasil
Abordamos sinteticamente a respeito da história da 
educação infantil no Brasil e percebemos que inicialmente as 
crianças de classes menos favorecidas eram tratadas diferentes 
das crianças de uma classe econômica superior.
2 – O Brasil República
Foram apresentados os primeiros jardins de infância e 
sua finalidade de caráter assistencialista.
3 – Os Avanços da Educação Infantil
Analisamos os avanços acerca da educação infantil no 
Brasil e retomamos, com base no artigo escrito por Paschoal 
e Machado (2009), questões sobre as especificidades das 
crianças brasileiras.
Vale a pena
Pro dia nascer feliz - João Jardim, 2005.
Vale a pena assistir
Forest Gump - O Contador de Histórias - Robert Zemeckis, 
1994.
Minhas anotações

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